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Michelle Lorrane XIII Doença do refluxo gastroesofágico Esôfago · Tem duas principais funções: transportar o alimento e impedir o retorno (refluxo) deste alimento; · É um órgão tubular e cumprido; · Possui 2 esfíncteres: · Esfíncter esofagiano superior (EES); · Esfíncter esofagiano inferior (EEI): localizado na junção do esôfago com o estômago. · alterações nesse esfíncter podem ocasionar retorno do fluxo do estomago para o esôfago. DRGE · Definição: é o refluxo patológico de parte do conteúdo gástrico para o esôfago e/ou órgãos adjacentes (podendo chegar até a boca); · O refluxo pode ser classificado em prolongado e casual: · REFLUXO PATOLÓGICO: Refluxo intenso, prolongado, recorrente, entre refeições, sintomas noturnos, agredindo a mucosa do esôfago; · REFLUXO CASUAL: ocorre durante as refeições e são de curta duração. É fisiológico. Causas · Ocorre por conta de alterações do no EEI; · Temos 3 causas: 1) Relaxamento transitório do EEI não relacionado a deglutição; a. Por algum motivo (idiopático, trauma) o esfíncter acaba relaxando transitoriamente permitindo o retorno do alimento gástrico para o esôfago. 2) Hipotonia (perda do tônus muscular) e menor pressão (<10mmHg) causando o refluxo; 3) Desestruturação anatômica (a mais comum é a hérnia de hiato). a. Hérnia de hiato acaba pré-dispondo a um quadro de doença de DRGE. Fatores de risco: · Obesidade (mudança na alimentação e perda de peso já ajudam no alívio dos sintomas); · Pcts obesos tente a ter uma maior pressão nos órgãos intra abdominais causando o retorno do conteúdo gástrico para o esôfago. · Prevalência aumenta com a idade; · Gestação (útero aumenta comprimindo estômago e causando aumento da pressão e maior retorno do conteúdo); · A partir do 2° trimestre começam a ter sintomatologia e no 3° o quadro agrava. · Lactentes. EPIDEMIOLOGIA: · É umas das principais patologias crônicas redicivantes mais frequentes no tubo digestivo; · 12,5% da população adulta apresenta pirose (queimação) semanal; · A incidência vem aumentando devido aos hábitos de vida (alimentos industrializados, estresse, ansiedade, cigarro, álcool). QUADRO CLÍNICO: · Os sintomas surgem logo no início do quadro; · Sintomas típicos (comuns): pirose, regurgitação; · Sintomas atípicos: dor torácica retroesternal, tosse (principalmente noturna), globus (sensação de bolo na garganta), disfagia, faringite, laringite, pigarro, rouquidão; · Sinais de alarme: disfagia, odinofagia, anemia, hemorragia digestiva, emagrecimento, história familiar de neoplasia gástrica. temos que realizar endoscopia!! · Realizar endoscopia independente da idade do paciente!! DIAGNÓSTICO: · Na maioria das vezes o pct vai ter sintomas típicos (pirose e regurgitação); · Clínico: pirose ou outro sintoma por pelo menos 1 vez por semana em um período mínimo de quatro a oito semana. · O diagnóstico pode ser apenas clínico sem a necessidade da endoscopia. · Prova terapêutica: introdução do IBP (inibidor de bomba de prótons omeprazol, pantoprazol, esometrazol...) se após 2 semanas de uso de IBP ocorrer melhora maior que 50% é confirmada a DRGE (continuar o esquema por no mínimo 30 e no máximo 60 dias [04 a 08 semanas]). · Introduzimos o IBP sem exames complementares e orientamos em relação a hábitos de vida e alimentares. · Se o paciente não entrar nos critérios para a EDA posso fazer a prova terapêutica sem exames complementares!! EXAMES COMPLEMENTARES: · EDA (endoscopia digestiva alta): identifica complicações (esofagite, estenose péptica, esôfago de Barret e adenocarcinoma). · É um exame invasivo e possui riscos! Por isso, não vamos sair pedindo endoscopia para todos. · Indicações: · Sinais de alarme (independentemente da idade um (01) sintoma já tem indicação); · Sintomas refratários ao tratamento fez a prova terapêutica e os sintomas persistem; · História prolongada de pirose (superior a 5 anos); · História familiar de neoplasia (principalmente gástrica ou de esôfago); · Todo paciente acima de 40 anos com sintomatologia. (Não fazemos o teste terapêutico) · Pacientes que entram nos critérios para EDA não fazer a prova terapêutica faço a EDA para depois medicar. · Paciente sintomático e com EDA normal NÃO EXCLUI DIAGNÓSTICO! · Para avaliação do grau de esofagite utiliza-se a classificação de Los Angeles. · Grau A erosões com menos de 5mm de extensão, são restritas ao fundo das dobras da mucosa · Grau B erosões maiores do que 5mm de extensão, são restritas ao fundo das dobras da mucosa. · Grau C erosões contínuas que acometem menos de 75% da circunferência do esôfago; · Grau D erosões contínuas que acometem mais de 75% da circunferência do esôfago. · BIOPSIA: · Indicações de biopsia: · Suspeita de esofagite eosinofílica (quadro de esofagite decorrente de inflamação por moduladores imunológicos – ex: pacientes asmáticos fazem inflamações do esôfago com presença de eosinófilos) é menos comum, mas temos que lembrar! · Doenças imunológicas, quadros alérgicos graves, asmáticos · Lesões por citomegalovírus, herpéticas; · Presença de tumorações, úlceras e lesões; · Alteração histopatológica: ocorre aumento do espaço intracelular e conforme a agressão continua ocorre mudança do epitélio (metaplasia intestinal é a mudança do epitélio estratificado para o epitélio colunar) a mudança desse epitélio é o esôfago de Barret!! É uma lesão pré cancerígena podendo evoluir para câncer de esôfago. · pHmetria de 24hrs (padrão outro para confirmação diagnóstica): positivo quando queda do pH esofágico para menor que 4 ou aumento do índice de refluxo. · Indicação: · Pacientes portadores da forma erosiva da DRGE (tem refluxo, mas não tem alteração a EDA); · Candidatos ao tratamento cirúrgico; · O pH deve ser medido antes e após a cirurgia. A tendência é que após a cirurgia o pH dê uma balanceada e o índice de refluxo rebaixar. · Sintomas refratários ao tratamento clínico; · Diagnóstico duvidoso. · Sintomas típicos, sem alteração a EDA, sem melhora ao medicamento. · Paciente não satisfeito por não achar nada a EDA. · Manometria: é utilizado para diagnosticar distúrbios motores no esôfago e auxiliar no planejamento cirúrgico. · Não serve para fazer diagnóstico de refluxo. · É bom fazer para pacientes que vão passar por procedimentos cirúrgicos. · E bom fazer a Manometria com a pHmetria. · Esofagograma baritado: é usado para avaliar hérnias de hiato, estenoses e adenocarcinoma. · Muito utilizado na doença de chagas para o megaesôfago chagásico. (raio-x com contraste) COMPLICAÇÕES: · Esôfago de Barret (lesão pré-maligna); · Estenose péptica do esôfago (5%); · Asma relacionada a DRGE; · Adenocarcinoma. ESÔFAGO DE BARRET · O esôfago de Barret é basicamente a mudança do epitélio do esôfago. · O epitélio estratificado muda para o colunar com células caliciformes. Esse processo chamamos de metaplasia intestinal. · TRATAMENTO · O tratamento não farmacológico e farmacológico andam juntos! tratamento Não farmacológico · O tratamento não farmacológico nessa doença é essencial! · Medidas não farmacológicas: · Elevação da cabeceira de 15 a 20cm (travesseiros, pezinho na cabeceira); · Reduzir/evitar alimentos gordurosos, frituras, cítricos (laranja, limão e abacaxi), café (muito difícil tirar o café dos pcts, pois na sua retirada os pct relatam cefaleia pedir para limitar e reduzir a quantidade), bebidas alcoólicas (cerveja e vinhos) e gaseificadas (refrigerantes), alimentos condimentados, alimentos ácidos (tomate, extrato de tomate, pimenta), pão de queijo, milhos e derivados; · Se não conseguir retirar, tentar pelo menos limitar as quantidades. · Deitar em decúbito lateral esquerdo reduz a pressão no estômago; · Evitar deitar após refeições devemos esperar de 2-3hrs para deitar (principalmente em idosos com hérnia de hiato); · Evitar refeições pesadas! Fracionar a dieta aumentando a frequência e diminuindo a quantidade. Não jantar o mesmo do almoço, optar por refeições mais leves. · Cessar tabagismo; · Evitar líquidos após as refeições; · Perda de peso e dieta; · Orientar a fazer atividades físicas pois ajudama aliviar a ansiedade e estresse (fator de piora para DRGE) Tratamento farmacológico Inibidor de bomba de prótons: (curativo) · São os mais usados e eficazes em reduzir a produção de ácido; · Exemplos: omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, rabeprazol, esomeprazol, dexlansoprazol (pode ser tomado independentemente de estar em jejum ou não e é dose única diária, porém é cerca de 120,00 e é mais utilizado em consultório refratários); · Com as outras medicações fazem-se necessário o jejum e a ingesta de 1 a 2 (casos mais graves e refratários) vezes ao dia. Tem no SUS Dexlansoprazol (Dexilant) 30-60 mg 1x ao dia · O tratamento é feito de 4 a 8 semanas; · Em casos graves o tratamento pode chegar a até 6 meses.Sintomatológicos são indicados até passarem os sintomas (cerca de 1 mês) · O ideal dos pacientes com DRGE é que tratem com IDP!! · Não é comum associar IDP com inibidor de H2! ANTIÁCIDOS: (sintomatológico) · Os antiácidos são utilizados apenas para alívio de sintomas; · Tem efeito curto e por isso são ministrando umas 3x ao dia pode associar!!; · Exemplos: hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, bicarbonato, ENO, Gastrol e Mylanta plus. INIBIDORES DE H2: (sintomatológico) · São utilizados em casos leves da doença e também para o alívio da fase aguda; · Também são a preferência para pacientes que tem contraindicação ao IDP (ex: gestantes); · Prescritos de 1 a 2x ao dia; · Exemplos: Ranitidina, nizatidina e cimetidina; · Não é comum associar IDP com inibidor de H2! Procinéticos: (sintomatológico) · São utilizados em pacientes com gastroparesia náuseas, saciedade precoce, plenitude pós-prandial (digestão mais lenta) · Exemplos: Domperidona e Bromoprida · Tomado 3x ao dia 20 minutos antes das refeições (1cp de 8/8hrs nas principais refeições) pode ser associado!! TRATAMENTO CIRÚRGICO FUNDOPLICATURA: · É pouco indicado e não é muito realizado na prática; · É indicado em pacientes com: · Sintomas refratários ao tratamento · Persistência da regurgitação · Hérnia de hiato associada · Impossibilidade de utilizar a IDP a longo prazo (ex: alérgicos) · Fundoplicatura reestabelece a competência do EEI e feita geralmente via laparoscópica. CASO CLÍNICO: · Paciente, 50 anos, procura atendimento queixando de “azia” percebida há dois meses. Refere episódios recorrentes, cerca de 3x na semana, sendo algumas vezes no período noturno. Relata melhora parcial com o uso de bicarbonato de sódio. Piora quando ingere alimentos mais gordurosos ou ácidos. Associadamente relata regurgitação, disfonia e tosse seca. Referiu ainda que neste período de dois meses precisou tratar uma otite média aguda. · HPP: Durante a infância teve catapora e parotidite. Negou doenças na adolescência ou doenças de bases. Nega cirurgias ou traumas, nega uso de medicações, nega alergias. Imunizações completas (SIC). · HV: não realiza atividade física, etilista social e tabagista 5 cig/dia desde os 22 anos de idade. Evacuação e diurese fisiológicos. Alimentação com excesso de carboidratos e alimentos gordurosos. · Ao exame físico: BEG, hipocorado +/4+ (anemia, hemorragia digestiva), hidratado, eupneico, afebril, anictérico, acianótico. P: 98 kg; Est: 1,78; IMC: 31,01; PA: 120x70 mmHg, FC 88bpm, FR 18 ipm, SatO2 97% aa · Tireoide normopalpável, oroscopia com halitose e grande quantidade de cáries, otoscopia sem alterações. MVF sem RA; RCR 2T sem sopros; Abd flácido, sem VCM, indolor. MMII sem edemas ou empastamento. Perguntas: · Qual a hipótese diagnóstica provável? · DRGE. · Qual ou quais as causas desencadeadoras dessa patologia? · Relaxamento do EEI e hipotonia. · Existe algum fator de risco que possa ser associado ao diagnóstico? · Obesidade, tabagismo, idade, má alimentação. · Que outros sintomas também poderiam ocorrer neste paciente? · Pigarro, dor retroesternal, tosse, rouquidão, faringite, laringite. · Como é feito o diagnóstico dessa patologia? · Clínico. · É necessário realizar algum exame complementar neste paciente? · É necessário realizar EDA. · Quais as indicações de realizar exames complementares nesta doença? · Maior de anos, hipocorado, sinais de alarme, sintomas prolongados · Quais exames podem ser solicitados? · pHmetria, manometria. · Quais as complicações possíveis em pacientes com este diagnóstico? · Esôfago de Barret, estenose, adenocarcinoma, asma. · Qual o tratamento não farmacológico? · Elevação da cabeceira de 15 a 20cm (travesseiros, pezinho na cabeceira); · Reduzir/evitar alimentos gordurosos, frituras, cítricos (laranja, limão e abacaxi), café (muito difícil tirar o café dos pcts, pois na sua retirada os pct relatam cefaleia pedir para limitar e reduzir a quantidade), bebidas alcoólicas (cerveja e vinhos) e gaseificadas (refrigerantes), alimentos condimentados, alimentos ácidos (tomate, extrato de tomate, pimenta), pão de queijo, milhos e derivados; · Se não conseguir retirar, tentar pelo menos limitar as quantidades. · Deitar em decúbito lateral esquerdo reduz a pressão no estômago; · Evitar deitar após refeições devemos esperar de 2-3hrs para deitar (principalmente em idosos com hérnia de hiato); · Evitar refeições pesadas! Fracionar a dieta aumentando a frequência e diminuindo a quantidade. Não jantar o mesmo do almoço, optar por refeições mais leves. · Cessar tabagismo; · Evitar líquidos após as refeições; · Perda de peso e dieta; · Orientar a fazer atividades físicas pois ajudam a aliviar a ansiedade e estresse (fator de piora para DRGE) · Descreva o tratamento farmacológico (opções terapêuticas com respectivas doses e tempo de tratamento). · IDP associado a antiácidos. · Quais as indicações cirúrgicas em pacientes que recebem este diagnóstico? · Sintomas refratários ao tratamento.
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