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Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) Definição O Esfíncter Inferior permite o retorno de conteúdo gástrico, que reflui para a porção inferior do esôfago, ao longo do dia, de forma fisiológica. Contudo, quando esse retorno provoca sintomas esofágicos (como pirose) e/ou traz danos ao esôfago e órgãos adjacentes, tem-se a DRGE. ❀OBS: anatomia do Esôfago O esôfago é um tubo muscular de cerca de 25 cm posterior à traqueia. Inicia-se no extremo inferior da parte laríngea da faringe (na altura de C6) e termina na porção superior do estômago. Entre a faringe e o esôfago há o Esfíncter Esofágico Superior -EES. Logo acima do nível do diafragma, há o Esfíncter Esofágico Inferior -EEI- (que relaxa durante a deglutição). O diafragma influencia na pressão no EEI. Fatores de risco Em relação à alimentação e estilo de vida: Obesidade, dieta rica em gorduras, consumo de bebidas gasosas. O consumo de cafeína e álcool ligado a DRGE não é claro, já o tabagismo é claramente ligado quando associado ao álcool. Em relação ao uso de medicamentos: alguns podem afetar negativamente o tratamento e o controle da DRGE (a maioria não atua em seu surgimento), intensificando o refluxo ou lesões causadas por ele. A gravidez é um fator preponderante devido ao aumento da pressão intra abdominal e ao aumento da progesterona, que causa hipotonia (redução do tônus) do esfíncter esofagiano inferior. É também mais comum em crianças de até 4 anos (especialmente em RN; 80% é resolvido entre 1 e 2 anos). Pacientes com hérnia de hiato (subida da junção esôfago/estômago e de parte do estômago pelo diafragma) são mais susceptíveis. Isso porque o EEI está acima do suporte dado pela crura diafragmática, o que reduz a pressão no esfíncter. Pacientes diabéticos, com doenças cardiovasculares ou síndromes gastrointestinais (como a síndrome do intestino irritável) também são propensos. Sinais e Sintomas Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) ● Pirose- o mais comum. Queimação retroesternal irradiando a partir do estômago para a garganta e, às vezes, para o dorso. Geralmente pós-prandial, sobretudo, após grandes refeições ou ingestão de gordura/ pimenta/ chocolate/ álcool. Piora em decúbito dorsal. Associada à DRGE na frequência de 2 ou mais vezes por semana. A piora após as refeições é porque o estômago contrai para triturar e fluir o alimento para o resto do trato gastrointestinal,; quando isso ocorre, se o EEI estiver hipotônico, o ácido reflui para cima. ● Regurgitação ácida- 2º mais comum; sem esforço, após refeições; agravada por inclinação ou decúbito dorsal. ● Disfagia- aparece em 30% dos casos; dificuldade de deglutição de progressão lenta associada à pirose de longa data; sugere complicações (como adenocarcinoma) ● Sialorréia, arrotos, soluços, náuseas e vômitos são sintomas menos comuns. A DRGE também pode ser assintomática, principalmente em idosos, devido à redução da acidez ou à diminuição da percepção de dor. A DRGE pode causar sintomas e condições extraesofágicas (respiratório e otorrinolaringológico). ● Dor torácica:- do tipo compressão ou queimação subesternal. que irradia para o dorso, mandíbula ou membro superior. Piora após as refeições e durante estresse emocional. Geralmente associada à pirose. Pode durar minutos ou horas. ● Doenças pulmonares e asma: 34% a 89% dos asmáticos possuem DRGE (muitos pacientes com asma grave sofrem de microaspiração intermitente). Está está associada também à pneumonia por aspiração, bronquite crônica, fibrose pulmonar intersticial. ● Doenças do OuvidO, Nariz e Garganta: a laringite de refluxo é a mais comum. Muitos pacientes apresentam rouquidão, pigarro e dor de garganta frequente e tosse crônica (o refluxo aumenta a sensibilidade do reflexo de tosse). ❀OBS: Esôfago de Barrett (lesão pré-maligna) é consequência da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) crônica, que danifica o epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado do esôfago e faz com que ele cicatrize por meio de um processo de Metaplasia intestinal em que suas células são substituídas por células epiteliais colunares simples danificadas Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) pelo refluxo. O esôfago de revestimento colunar não causa sintomas, mas a doença é um fator de risco para adenocarcinoma esofágico (50x mais chances de displasia que leva ao adenocarcinoma). Fisiopatologia ● Relaxamento transitório do EEI, não relacionado à deglutição. Neste caso, têm-se uma esofagite leve, pois o tempo que o EEI fica aberto é curto. ● Hipotonia verdadeira do EEI. Neste caso, têm-se uma esofagite grave, pois o EEI fica aberto por mais tempo. ● Hérnia de Hiato. Neste caso, têm-se, também, uma esofagite grave, já que o EEI está acima do suporte oferecido pela crura diafragmática. Diagnóstico ● Clínico (mais importante) ANAMNESE!!! A presença de azia e/ou regurgitação duas ou mais vezes por semana sugere DRGE. É preciso avaliar fatores precipitantes como refeições, dieta,, atividades (agachar) e posição decúbito; também os fatores que aliviam a sintomatologia (bicarbonato, antiácidos, leite, medicamentos de venda livre). ● Exames Complementares Teste terapêutico: nos pacientes com menos de 40 anos, com queixas típicas de DRGE e sem manifestações de alarme pode ser instituído o tratamento com inibidores de bomba de prótons em dose plena por quatro semanas, associado às medidas comportamentais (Tabela a seguir). O teste é considerado positivo quando os sintomas são Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) abolidos, sugerindo fortemente o diagnóstico de DRGE. Caso o teste seja negativo, com os sintomas persistindo, pode ser indicada uma EDA. Endoscopia digestiva alta: exame de escolha na avaliação de pacientes com sintomas da DRGE, tendo indicação naqueles com sintomas crônicos, com idade superior a 40 anos e com sintomas de alarme, tais como disfagia, odinofagia, perda de peso, hemorragia digestiva, náusea, vômitos e história familiar de câncer. A endoscopia digestiva alta objetiva diagnosticar complicações da DRGE. Este exame permite visualizar erosões (lesões de continuidade limitadas à mucosa, com pelo menos 3 mm de extensão, com depósito de fibrina e permeação neutrofílica do epitélio, caracterizando a esofagite), úlceras (soluções de continuidade que atingem pelo menos a camada muscular da mucosa), estenose (estreitamento de vaso sanguíneo) péptica de esôfago de Barrett . A classificação mais usada para a intensidade da esofagite de refluxo no Brasil é a de Los Angeles. Vale lembrar, entretanto, que o diagnóstico de esofagite é observado em apenas 40% dos pacientes com a DRGE e a gravidade da esofagite não mostra correlação com a intensidade dos sintomas. A complementação do exame endoscópico com biópsia não deve ser conduta de rotina, estando reservada para situações especiais, tais como estenose, úlcera e esôfago de Barrett. **na classificação de Los Angeles, quando ele fala em PREGA ESOFÁGICA= PREGAS NA MUCOSA. Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) Exame radiológico contraste do esôfago: exame que possui baixa sensibilidade e especificidade para o diagnóstico da DRGE, devendo ser solicitado quando o paciente refere disfagia e ou odinofagia, pois ele avalia a morfologia do esôfago, demonstrando a presença de estenose e condições que favorecem o refluxo gastroesofágico, tais como hérnia hiatal e ângulo esôfago gástrico anormal. é realizado Manometria esofágica computadorizada: não é diagnóstico; mas fornece informações muito úteis para pacientes pré-cirúrgicos, para antes da pHmetria (já que esse exame localiza o EEI, local onde é colocado um dos cateteres da phmetria) e para pacientes com suspeita de causa motora (músculos esfíncteres) do refluxo. Assim o diagnóstico de hipotonia acentuada do EIE (menor que 10 mm Hg; o normal é de 10 a 30 mm Hg) sinaliza para o tratamento clínico de manutenção ou mesmo indicação de fundoplicatura (cirurgia de estreitamento do anel hiatal que circunda o EEI). pHmetria esofágica de 24h: Padrão Ouro. Além de diagnosticar a presença e a intensidade do refluxogastroesofágico, este exame caracteriza o padrão do mesmo. O exame está indicado nas seguintes situações: pacientes pré- tratamento cirúrgico do refluxo; pós-cirúrgicos de DRGE em que o refluxo persiste; manifestações atípicas do refluxo gastroesofágico. Nessa situação é aconselhável que o exame seja realizado com cateter de no mínimo dois canais de registro, ficando um posicionado no esôfago distal e o segundo no esfíncter superior do esôfago ou acima dele, o que permite o diagnóstico de refluxos gastroesofágico e laringofaríngeo respectivamente. Nos pacientes com pHmetria normal, porém com resposta favorável aos inibidores de bomba de prótons, impõe-se o diagnóstico de doença do refluxo não erosiva. Se o paciente apresenta pHmetria normal, índice de sintomas negativo e falta de resposta aos inibidores de bomba de prótons, o diagnóstico é de pirose funcional. pHmetria esofágica prolongada sem fio (cápsula Bravo): registro do pH esofágico por tempo mais prolongado (até 96 horas). Objetiva evitar o deslocamento do cateter, que pode ocorrer na pHmetria convencional (exame mais confortável). A cápsula é fixada temporariamente por sucção na mucosa do esôfago distal de onde transmite, via telemetria, sinais para o receptor que é preso ao cinto do paciente e analisados por computador. A cápsula se desprende espontaneamente e é eliminada pelo tubo digestivo. A utilização deste método é muito restrita no Brasil, devido ao elevado custo da cápsula. Comparativo entre os dois métodos de pHmetria esofágica, convencional e sem fio: os dois têm capacidade semelhante. Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) Tratamento ● Clínico: Tem por objetivos aliviar os sintomas, cicatrizar as lesões da mucosa esofagiana e prevenir o desenvolvimento de complicações. Ele se baseia em medidas não farmacológicas e farmacológicas. Tratamento Não Farmacológico: medidas comportamentais (elevar a cabeceira da cama, cuidar da alimentação, reduzir o excesso de peso, não fumar, etc). Tratamento Farmacológico: ● IBP: inibidores de bomba de prótons, que inibem a produção de ácido pelas células parietais do estômago, reduzindo a agressão ao esôfago. Ex: Omeprazol. O IBP deve ser inicialmente administrado por período de 4 a 8 semanas, se os sintomas persistirem, a dose deve ser dobrada (antes do café da manhã e antes do jantar). ● Antagonistas dos receptores H2 da histamina e procinéticos: atuam bloqueando os receptores da histamina existentes nas células parietais, reduzindo a secreção de ácido. Os mais utilizados são a ranitidina, a famotidina, a cimetidina e a nizatidina. Os procinéticos aceleram o esvaziamento gástrico, mas não agem sobre o EEI; os mais usados são a Domperidona e a Metoclopramida. **A DRGE erosiva responde de maneira satisfatória ao tratamento clínico. Mas,, após a retirada da medicação, observa-se retorno dos sintomas. Isto acontece pelo fato de se tratar de doença crônica, necessitando portanto de administração crônica do IBP ● Cirúrgico: Indicado para pacientes que precisam usar a medicação ininterruptamente, para os intolerantes ao tratamento clínico prolongado e para as formas complicadas da doença (Barret, esofagite de grau 3 ou 4). Existem três tipos principais de operação para o tratamento da DRGE: a fundoplicatura total (Nissen), na qual há envolvimento total do esôfago (360o), a parcial (Toupet) e a mista. As fundoplicaturas parciais visam associar uma prevenção eficaz do refluxo com uma resistência mínima ao fluxo esofágico Fundoplicatura Total (de Nissen): Restaura a barreira mecânica através de pressão suficiente sobre o esófago distal e recria um bom ângulo na transição esofagogástrica, aliviando os sintomas típicos (pirose, regurgitação) em 90% a 95% dos doentes. Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) REFERÊNCIAS: https://www.mcw.edu/departments/surger y/divisions/general-surgery/patient-care/g erd-and-gastrointestinal-surgery-program/ gastroesophageal-reflux-disease-gerd/lap aroscopic-nissen-fundoplication-gerd-surg ery http://rmmg.org/artigo/detalhes/1357 https://journals.lww.com/ajg/Fulltext/2013/03 000/Guidelines_for_the_Diagnosis_and_ Management_of.6.aspx https://www.worldgastroenterology.org/Use rFiles/file/guidelines/gastroesophageal-refl ux-disease-portuguese-2015.pdf https://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/ seminario_20.pdf https://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n3/pt_0 102-6720-abcd-27-03-00210.pdf file:///C:/Users/hp/Downloads/Tratado_Ga strointestinal_e_Doen%C3%A7as_%20(1). pdf https://www.mcw.edu/departments/surgery/divisions/general-surgery/patient-care/gerd-and-gastrointestinal-surgery-program/gastroesophageal-reflux-disease-gerd/laparoscopic-nissen-fundoplication-gerd-surgery https://www.mcw.edu/departments/surgery/divisions/general-surgery/patient-care/gerd-and-gastrointestinal-surgery-program/gastroesophageal-reflux-disease-gerd/laparoscopic-nissen-fundoplication-gerd-surgery https://www.mcw.edu/departments/surgery/divisions/general-surgery/patient-care/gerd-and-gastrointestinal-surgery-program/gastroesophageal-reflux-disease-gerd/laparoscopic-nissen-fundoplication-gerd-surgery https://www.mcw.edu/departments/surgery/divisions/general-surgery/patient-care/gerd-and-gastrointestinal-surgery-program/gastroesophageal-reflux-disease-gerd/laparoscopic-nissen-fundoplication-gerd-surgery https://www.mcw.edu/departments/surgery/divisions/general-surgery/patient-care/gerd-and-gastrointestinal-surgery-program/gastroesophageal-reflux-disease-gerd/laparoscopic-nissen-fundoplication-gerd-surgery https://www.mcw.edu/departments/surgery/divisions/general-surgery/patient-care/gerd-and-gastrointestinal-surgery-program/gastroesophageal-reflux-disease-gerd/laparoscopic-nissen-fundoplication-gerd-surgery http://rmmg.org/artigo/detalhes/1357 https://journals.lww.com/ajg/Fulltext/2013/03000/Guidelines_for_the_Diagnosis_and_Management_of.6.aspx https://journals.lww.com/ajg/Fulltext/2013/03000/Guidelines_for_the_Diagnosis_and_Management_of.6.aspx https://journals.lww.com/ajg/Fulltext/2013/03000/Guidelines_for_the_Diagnosis_and_Management_of.6.aspx https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/gastroesophageal-reflux-disease-portuguese-2015.pdf https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/gastroesophageal-reflux-disease-portuguese-2015.pdf https://www.worldgastroenterology.org/UserFiles/file/guidelines/gastroesophageal-reflux-disease-portuguese-2015.pdf https://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/seminario_20.pdf https://forl.org.br/Content/pdf/seminarios/seminario_20.pdf https://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n3/pt_0102-6720-abcd-27-03-00210.pdf https://www.scielo.br/pdf/abcd/v27n3/pt_0102-6720-abcd-27-03-00210.pdf
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