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REGIMES DE 
TRIBUTAÇÃO
ETAPA 2
Autor
Fabiana Tramontin Bonho
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano Torres
Edição Gráfica e Revisão
UNIASSELVI
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
1 INTRODUÇÃO
 
O regime de tributação é um aspecto importante para o resultado da 
empresa. Essas decisões tributárias, quanto às opções, são: o lucro real, 
o presumido, o arbitrado e o simples nacional e devem ser realizadas e 
efetivadas anualmente pelos gestores. A escolha entre uma opção ou outra 
poderá interferir no resultado financeiro da empresa devido à incidência de 
diferentes tributos. 
 
A legislação não permite que sejam realizadas mudanças sistemáticas 
no decorrer do exercício, assim, a opção por uma das modalidades entre o 
lucro real, o presumido, o arbitrado e o simples nacional será definitiva. Caso 
for escolhida uma opção inadequada à realidade da empresa, esta sofrerá 
o efeito de sua escolha ao longo do ano. A escolha se define quando for 
realizado o primeiro pagamento do imposto, que costuma ser recolhido no 
mês de fevereiro de cada ano, caso a escolha for pelo Simples Nacional, se 
dará até o último dia útil do mês de janeiro.
Assim, esta etapa tratará sobre as modalidades de tributação da pessoa 
jurídica, as quais os gestores deverão analisar e optar, através das regras e 
das normas, em qual delas a sua empresa se enquadra, se é na apuração 
pelo lucro real, pelo lucro presumido, pelo lucro arbitrado ou pelo simples 
nacional.
2 REGIMES DE TRIBUTAÇÃO
A escolha do regime de tributação das empresas envolve algumas 
questões, como o faturamento, o ramo de atuação, as despesas, entre outros 
fatores. Deve ser levado em conta o quanto se pretende faturar, pois o tipo 
de regime afeta o cálculo dos seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS e Cofins, 
os outros tributos não são afetados pela escolha da tributação. 
 
REGIMES DE 
TRIBUTAÇÃO
ETAPA 2
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
A seguir, estudaremos os tipos de modalidades que as empresas poderão 
optar na escolha da tributação: lucro real, presumido, arbitrado e simples 
nacional.
2.1 LUCRO REAL
O lucro real acontece por meio da legislação fiscal e tributária, o qual 
prevê que o lucro líquido, ou prejuízo, do período de apuração, antes da 
provisão para o imposto de renda, seja ajustado pelas adições, exclusões ou 
as compensações. É necessário que o lucro apurado seja comprovado com 
lançamentos contábeis, transmitidos à RFB por meio do Sped Contábil e da 
Escrituração Contábil Fiscal (CREPALDI, 2019).
Shingari (2016, p. 268) comenta quais são as pessoas jurídicas sujeita à 
apuração do lucro real, segundo a Lei n° 9.718/1998:
I. Aquelas cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior ao 
limite de R$ 78 milhões, ou proporcional ao número de meses do período, 
quando inferior a 12 meses. 
II. Aquelas cujas atividades sejam de bancos comerciais, de investimentos, de 
desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento 
e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras 
de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores 
mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, 
empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência 
privada aberta. III. Aquelas que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de 
capital oriundos do exterior. 
IV. Aquelas que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios 
fiscais relativos à isenção ou redução do imposto. 
V. Aquelas que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento 
mensal pelo regime de estimativa. 
VI. Aquelas que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua 
de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, 
seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de 
direitos creditórios resultante de vendas mercantis a prazo ou de prestação 
de serviços (factoring). 
VII. Que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, 
financeiros e do agronegócio.
Ziese (2015, p.73) traz que a receita para fins de determinação do cálculo 
do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o 
Lucro Líquido é basicamente o faturamento obtido no período tributável, 
sendo considerado receita o valor obtido de:
• venda de mercadorias e produtos;
• prestação de serviços;
• venda de imóveis;
• ganho obtido em operações financeiras.
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Porém, nem todos os valores recebidos como receitas permanecem na 
pessoa jurídica que a recebeu, sendo que alguns desses valores necessitam 
ser excluídos da receita, pois caracterizam o desfazimento de vendas ou 
substituição da responsabilidade no recolhimento do tributo. Conforme Ziese 
(2015, p. 73), os valores que podem ser excluídos da receita recebida pela 
pessoa jurídica são:
• as vendas canceladas;
• as vendas devolvidas;
• os descontos incondicionais concedidos;
• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);
• ICMS Substituição Tributária.
De acordo com Crepaldi (2019), o lucro real pode ser realizado de duas 
formas: o lucro real anual e o lucro real trimestral. O lucro real anual é o lucro 
contábil ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou 
autorizadas pela legislação fiscal. “A determinação dessa categoria de lucro 
será precedida da apuração do lucro líquido do exercício à soma algébrica 
do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações 
–, e deverá ocorrer com observância dos preceitos da lei societária (art. 
190 da Lei n° 6.404 de 15 de dezembro de 1976)” (CREPALDI, 2019, p. 85). 
Assim, no lucro real anual por estimativa, a empresa poderá recolher os 
tributos mensalmente calculados com base no faturamento, de acordo com 
percentuais sobre as atividades, aplicando-se a alíquota do IRPJ e da CSLL, 
de forma semelhante ao lucro presumido. 
A vantagem de escolha pelo lucro real por estimativa é a possibilidade de 
levantar balanços ou balancetes mensais, reduzindo ou suspendendo o valor 
do recolhimento, caso o lucro real apurado seja efetivamente menor que a 
base presumida. Nesse caso, no final do ano, a empresa levanta o balanço 
anual e apura o lucro real no exercício, ajustando o valor dos tributos ao seu 
resultado real.
Andrade, Lins e Borges (2015) corroboram trazendo que o regime de 
apuração anual tem o período base encerrado no dia 31 de dezembro de cada 
ano-calendário e a apuração trimestral tem seu período base que se encerrará 
nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro.
Quando a opção for o lucro real trimestral, o IRPJ e a CSLL são calculados 
com base no balanço apurado no final de cada trimestre civil. Assim, o lucro 
real do trimestre não é somado ao prejuízo fiscal de trimestre seguintes, por 
mais que seja dentro do mesmo ano-calendário. Crepaldi (2019) comenta 
que o prejuízo fiscal de um trimestre só poderá deduzir até o limite de 30% 
do lucro real dos trimestres seguintes. Porém, para as empresas com picos 
de faturamento durante o exercício, a opção pelo lucro real anual poderá 
ser mais vantajosa, porque poderá suspender ou reduzir o pagamento do 
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
IRPJ e da CSLL quando os balancetes apontarem lucro real menor que o 
estimado. Outra vantagem é que o prejuízo apurado no próprio ano pode 
ser compensado integralmente com lucros do exercício.
De acordo com Andrade, Lins e Borges (2015, p. 20), as adições e 
exclusões refletem diversos aspecto da interpretação fiscal das operações 
empresariais. Conforme estabelecido na legislação tributária, são adicionadas 
ao lucro líquido do período das despesas não dedutíveis de forma a apurar 
o lucro tributável:
I- os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer 
outros valores deduzidos na apuração do Lucro Líquido que, de acordo com 
o Regulamento, não sejam dedutíveis na determinação do Lucro Real;II- os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não 
incluídos na apuração do Lucro Líquido que, de acordo com o Regulamento, 
devam ser computados na determinação do Lucro Real.
Assim, como também existe na determinação do lucro real, que poderão 
ser excluídos do lucro líquido do período de apuração e, portanto, deduzidos 
da base de cálculo do tributo:
I - os valores cuja dedução seja autorizada pelo Regulamento e que não tenham 
sido computados na apuração do Lucro Líquido do período de apuração; 
II - os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos 
na apuração do Lucro Líquido que, de acordo com o Regulamento, não sejam 
computados no Lucro Real; 
III - o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitado a 
30% (trinta por cento) do Lucro Líquido ajustado pelas adições e exclusões 
previstas no Regulamento, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros 
e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo 
fiscal utilizado para compensação.
Segundo Ziese (2015, p. 75), o IRPJ incide sobre o lucro tributável e é 
calculado utilizando a alíquota de 15%. Incide ainda um adicional de 10% para 
os valores que ultrapassam R$ 20.000,00 no período de apuração. Porém, 
além desses percentuais de alíquotas, poderá ter a tributação exclusiva 
aplicável em alguns casos. Como exemplo o autor traz “prestação de serviços 
de natureza profissional prestados entre Pessoas Jurídicas, previstos no artigo 
647 do Regulamento do Imposto de Renda [...] deverá ser retido na fonte o 
Imposto de Renda a alíquota de 1,5%”.
Quanto à CSLL, que é outro tributo que incide sobre o lucro tributável, 
é calculada utilizando a alíquota de 9%. Sendo que essa alíquota é única e 
aplicada sobre a base tributável, não havendo alíquota adicional.
Trazemos um exemplo conforme Andrade, Lins e Borges (2015, p. 20):
Em dez/X1, a Cia. ABC apresentou as seguintes receitas e despesas: 
– Receita de vendas: R$ 2.000.000 
– Receita de equivalência patrimonial: R$ 15.000 
– Despesa com salário de funcionários: R$ 500.000
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
– Despesa com aluguel do escritório: R$ 80.000 
– Multa de trânsito do diretor da Cia.: R$ 10.000
– Multa cobrada pelo IBAMA por danos ambientais: R$ 75.000
Dessa forma, a DRE resumida seria apresentada da seguinte forma:
Descrição R$
Receita de vendas
Receita de equivalência patrimonial
Despesa com salário de funcionários 
Despesa com aluguel do escritório 
Multa de trânsito do diretor da Cia.
Multa cobrada pelo IBAMA por danos ambientais 
Lucro Contábil
R$ 2.000.000,00 
R$ 15.000,00 
(R$ 500.000,00) 
(R$ 80.000,00) 
(R$ 10.000,00) 
(R$ 75.000,00) 
R$ 1.350.000,00
O Lucro Real seria apurado conforme demonstrado a seguir:
Descrição R$
Lucro Contábil
Exclusões (receitas não tributáveis): 
Receita de equivalência salarial 
Adições (despesas não dedutíveis): 
Multa de trânsito do diretor da Cia. 
Multa cobrada pelo IBAMA por danos ambientais 
Lucro Real
R$ 1.350.000,00
(R$ 15.000,00) 
R$ 10.000,00 
R$ 75.000,00 
R$ 1.420.000,00
Conforme o exemplo, pode-se perceber que o lucro real é maior que o 
lucro contábil em razão de não se aceitar como despesa dedutível as multas 
contabilizadas pela empresa. Por isso, a incidência do IRPJ e CSLL seria sobre 
o maior valor, ou seja, o Lucro Contábil ajustado pelas adições e exclusões 
previstas na legislação. “Quando optante pelo lucro real além do IRPJ e a 
CSLL, a empresa também deverá apurar do seu faturamento o PIS, Programa 
de Integração Social e a Cofins, Contribuição para Fins Sociais” (ANDRADE; 
LINS; BORGES 2015, p. 21).
Ziese (2015) comenta que o lucro real determina a não cumulatividade 
para o PIS e a Cofins e, assim, enquanto estiver enquadrada nesta modalidade 
de tributação, deverá permanecer com a apuração desses dois tributos pela 
não cumulatividade. Sendo que as alíquotas por esta modalidade serão de 
1,65% para o PIS e de 7,6% para a Cofins. 
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Para melhor entendimento vamos estudar a prática a partir de outro 
exemplo, lembrando que lucro real é pela não cumulatividade e neste exemplo 
foi considerando deduções do PIS e Cofins não cumulativos de 50% de uma 
empresa que possui faturamento trimestral. 
Empresa com faturamento trimestral: R$ 200.000,00 (100%)
Lucro Real Apurado: R$ 40.000,00 (20%) 
Tributo Valor
COFINS (7,6% X R$ 100.000,00) R$ 7.600,00
PIS (1,65% X R$ 100.000,00) R$ 1.650,00
IRPJ (15% X R$ 40.000,00) R$ 6.000,00
CSLL (9% X R$ 40.000,00) R$ 3.600,00
Totais R$ 18.850,00
FONTE: Adaptado de Contabilizei (2021)
2.2 LUCRO PRESUMIDO
O lucro presumido é uma modalidade prática para determinação da base 
de cálculo do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas não obrigadas à apuração 
do lucro real, sendo que estes tributos são apurados trimestralmente por nesta 
modalidade. Crepaldi (2019, p. 86) relata que “a alíquota de cada tributo (15% 
ou 25% de IRPJ e 9% da CSLL) incide sobre receitas com base em percentual 
de presunção variável (1,6% a 32% do faturamento, dependendo da atividade)”.
Ziese (2015, p. 90) traz que para poder-se definir a opção pela modalidade 
do lucro presumido, deve-se considerar dois fatores:
1°) identificar nas regras do Lucro real se a empresa está obrigada ao seu 
enquadramento nessa modalidade em decorrência da atividade explorada 
ou dos limites de receita;
2°) gerar uma provisão das receitas para o período e efetuar um cálculo 
comparativo com as demais modalidades de tributação do lucro.
Existem alguns tipos de receitas que entram direto no resultado 
tributável, como ganhos de capital. Porém, nem todas as empresas podem 
optar pelo lucro presumido, devido às restrições relativas ao objeto social e ao 
faturamento. Existe um limite da receita bruta para optar-se pela modalidade 
do lucro presumido que é de até R$ 48 milhões da receita bruta total, no ano-
calendário anterior. A escolha pelo lucro presumido poderá ser vantajosa para 
empresas com margem de lucratividade superior à presumida. Lembrando 
que empresas tributadas pelo lucro presumido não poderão aproveitar os 
créditos do PIS e da Cofins no sistema não cumulativo, apesar de pagarem 
o PIS e a Cofins nas alíquotas mais baixas (CREPALDI, 2019).
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Andrade, Lins e Borges (2015, p. 24) ressaltam que diferentes receitas 
devem ser agregadas e aplicados os percentuais de acordo com a natureza 
de cada uma, como é apresentado no Quadro 1:
QUADRO 1 – ATIVIDADES X PERCENTUAL LUCRO PRESUMIDO
Atividades geradoras da receita
Percentual 
aplicado
– Revenda para consumo de combustíveis (petróleo, álcool etí-
lico carburante e gás natural). 1,6%
– Venda de mercadoria ou produto (exceto revenda de combus-
tíveis). – Transporte de cargas.
– Serviços hospitalares. 
– Atividade rural.
– Industrialização com materiais fornecidos pelo contratante. 
– Construção por empreitada com emprego de materiais próprios. 
– Quaisquer outras atividades (exceto prestação de serviços) para 
a qual não haja percentual aplicado específico.
8%
– Serviços de transporte (exceto cargas). 
– Serviços (exceto hospitalares, de transporte e de sociedade 
civil de profissão regulamentada, cuja receita bruta anual não 
seja superior a R$ 120.000,00). 
– Instituições financeiras e as entidades a elas equiparadas.
16%
– Serviços em geral, para os quais não esteja previsto o percen-
tual específico, inclusive os prestados por sociedades civis de 
profissão regulamentada. 
– Intermediação de negócios. 
– Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e 
direito de qualquer natureza. 
– Factoring. 
– Construção por administração ou empreitada unicamente de 
mão de obra.
32%
FONTE: Andrade, Lins e Borges (2015, p. 25)
A seguir, vamos entender o cálculo de imposto de renda pela opção 
do lucro presumido apresentado por Andrade, Lins e Borges (2015, p. 25):
Uma empresa prestadora de serviços de projetos de engenharia obteve no 
primeiro trimestre do ano-calendário X1um faturamento de R$ 400.000. 
Assim, de acordo com a quadro acima, a base de cálculo seria apurada 
aplicando-se o percentual de 32%. Ter-se-ia: 
Faturamento: R$ 400.000 
Percentual aplicado: 32% 
Base de cálculo para incidência do IRPJ: R$ 128.000
Ressalta-se que o resultado contábil, isto é, o lucro ou prejuízo, não 
afeta a apuração do lucro presumido, pois este tem como base de cálculo 
a Receita Bruta.
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Conforme com o Pegâs (2017, p. 113), quando uma empresa muda a 
forma de tributação de um ano para outro, passando do lucro real para lucro 
presumido:
os valores diferidos (excluídos da base para tr ibutação posterior) no 
lucro real devem ser incluídos na primeira apuração do lucro presumido, 
independentemente do registro ou não destes valores no LALUR. Portanto, 
em resumo, o dispositivo alterado prevê a tributação dos saldos dos valores 
diferidos na hipótese de mudança de tributação do lucro real para o lucro 
presumido, independentemente da necessidade de controle no livro de que 
trata o inciso I do art. 8° do Decreto-Lei n° 1.598/77 (e-LALUR).
Conforme Ziese (2015), a pessoa jurídica que ultrapassar o limite de 
receita de R$ 78.000.000,00 estabelecido para a opção pelo lucro presumido 
passará a ser tributada pelo Lucro Real no mês imediatamente seguinte ao 
desenquadramento. Ressaltando também que a pessoa jurídica optante pela 
modalidade do lucro presumido não poderá utilizar nenhum tipo de incentivo 
fiscal para fins de redução da base de cálculo do imposto. São permitidas 
somente as deduções de valores retidos na fonte, como por exemplo, aquelas 
efetuadas pelo tomador do serviço.
Ziese (2015) também traz que pela apuração pelo lucro presumido 
deverão ser tributados do seu faturamento o PIS e a Cofins. Porém, no caso 
desta modalidade, é determinada a cumulatividade para estes dois tributos, 
não sendo permitido o crédito fiscal de Pis e Cofins sob nenhuma hipótese. 
As alíquotas aplicáveis são 0,65% para o PIS e 3% para a Cofins. 
Para melhor entendimento da apuração desses tributos na modalidade 
do lucro presumido vamos a um exemplo apresentado no site da Contabilizei 
(2020):
Uma empresa prestadora de serviços de engenharia, enquadrada no 
lucro presumido, teve um faturamento de R$ 12.000,00 em janeiro. Sabendo 
que o ISSQN da cidade onde ela presta o serviço é de 5%, teremos, assim, 
os seguintes tributos sobre o faturamento:
• PIS (0,65%): R$ 78,00
• COFINS (3%): R$ 360,00
• ISS (5%): R$ 600,00
Para o cálculo do IR e da CSLL, é necessário aguardar o faturamento 
do trimestre; então, suponhamos que o faturamento de R$ 12.0000,00 se 
repita em fevereiro e março: teremos um total faturado no trimestre de R$ 
36.000,00.
A presunção para o serviço de engenharia é de 32%; então, aplicaremos 
32% sobre R$ 36.000,00. Assim, temos uma base de R$ 11.520,00 para o 
cálculo de IR e CSLL. O resultado final será:
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
• IRPJ (15%): R$ 1.728,00;
• CSLL (9%): R$ 1.036,80.
Dessa forma, mesmo que o lucro seja maior que o percentual prefixado, 
como no caso do exemplo – um lucro trimestral superior a R$ 11.520,00 –, 
o imposto incidirá apenas sobre aquela margem do faturamento.
2.3 LUCRO ARBITRADO
O lucro arbitrado é uma forma coercitiva de apuração do IRPJ e da CSLL 
em substituição ao lucro real e presumido, quando o contribuinte não possui 
escrituração contábil ou fiscal ou não mantém documentação que embase a 
escrituração. Crepaldi (2019, p. 87) traz quais são os artigos relacionados com 
esta modalidade: “artigos 529, 530 e 537 do RIR/1999 evidenciam as hipóteses 
de arbitramento e a forma de apuração dessa sistemática de cálculo”. 
Ziese (2015, p. 111) comenta que quando é verificada a possibilidade ou 
necessidade de arbitramento do Lucro, deve-se partir para a identificação da 
base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição 
Social sobre o Lucro Líquido. A base de cálculo terá tratamento diferenciado, 
dependendo de “conhecermos ou não a receita bruta, se a opção do 
arbitramento ser do próprio contribuinte e o tipo de atividade exercida pela 
Pessoa Jurídica”. Sendo que o valor de partida para a definição de cálculo 
do IRPJ e da CSLL deverá se utilizar do valor da receita bruta.
 
Andrade, Lins e Borges (2015) comentam que o lucro arbitrado, quando 
conhecida a Receita Bruta, será determinado pela aplicação dos percentuais 
do lucro presumido, acrescidos de 20%, sobre a receita auferida, como é 
demonstrado no Quadro 2, porém quando se tratar de pessoa jurídica com 
atividades diversificadas, serão adotados os percentuais específicos para 
cada uma das atividades econômicas, cujas receitas deverão ser apuradas 
separadamente.
QUADRO 2 – ATIVIDADES X PERCENTUAIS DO LUCRO ARBITRADO
Atividades Percentuais
Atividades em geral (RIR/1999, art. 532) 9,6%
Revenda de combustíveis 1,92%
Serviços de transporte (exceto transporte de carga) 19,2%
Serviços de transporte de cargas 9,6%
Serviços em geral (exceto serviços hospitalares) 38,4%
Serviços hospitalares 9,6%
Intermediação de negócios; Administração, locação ou cessão de 
bens e direitos de qualquer natureza (inclusive imóveis) e Factoring 38,4%
Bancos, instituições financeiras e assemelhados 45%
FONTE: Andrade, Lins e Borges (2015, p. 26)
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
A seguir, conheceremos um exemplo trazido por Andrade, Lins e Borges 
(2015, p. 27) referente ao lucro arbitrado.
Uma empresa, cuja atividade é a prestação de serviços de consultoria, foi 
auditada pela Receita Federal do Brasil (RFB) em dezembro de X1 e teve seu 
lucro arbitrado. A receita anual da empresa era de R$ 1.200.000,00. Dessa 
forma, a base de cálculo apurada seria a seguinte: 
Receita: R$ 1.200.000,00 
Percentual aplicado: 38,4% 
Base de cálculo inicial apurada: R$ 460.800,00 (1.200.000 × 38,4%)
Quanto à forma de tributação do PIS e da Cofins sobre o faturamento, 
Ziese (2015) traz que o lucro arbitrado determina a cumulatividade destes dois 
tributos. Tendo as mesmas alíquotas definidas pelo lucro presumido. Porém, 
quando a empresa for extinta desta modalidade de apuração ou da situação 
que levou a empresa ao arbitramento do lucro, a forma de tributação da 
apuração irá retornar ao modelo que era realizado anterior ao arbitramento, 
assim, quando ocorrer a transição do lucro arbitrado para o presumido 
mantém as alíquotas de 0,65% e 3% e também a cumulatividade; e quando a 
transição for o lucro arbitrado para o lucro real, retoma as alíquotas de 1,65% 
e 7,6%, inclusive a não cumulatividade.
2.4 SIMPLES NACIONAL
Para poder escolher a modalidade do simples nacional, o contribuinte 
dever ser enquadrado como microempresa ou empresa de pequeno porte. 
Essa tributação é muito visada pelos gestores pelo fato de ser aparentemente 
mais simples e as suas alíquotas são relativamente mais baixas.
Fabretti, Fabretti e Fabretti (2019, p. 146) relatam que o artigo 3° da 
lei geral define, pelos parâmetros fiscais de receita bruta, que, na prática, 
geralmente é denominada de faturamento:
Art. 3° Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas 
ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, 
a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se 
refere o art. 966 da Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), 
devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro 
Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: (Redação dada pela 
Lei Complementar no 139, de 10 de novembro de 2011) (efeitos: a partir de 
01/01/2012).
I – no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta 
igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e (Redação 
dada pela Lei Complementar no 139, de 10 de novembro de 2011) (efeitos: 
a partir de 01/01/2012)
II – no caso de empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, 
receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e 
igual ouinferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). 
(Redação dada pela Lei Complementar no 155, de 2016)36
CURSO LIVRE – PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Sendo que a lei geral dispõe também que a Microempresa (ME), no 
ano-calendário, ultrapassará o limite de R$ 360.000,00 e passará no ano-
calendário seguinte à condição de Empresa de Pequeno Porte (EPP). E a 
EPP que não alcançar o limite de R$ 360.000,00 passará no ano-calendário 
seguinte à condição de ME (FABRETTI, FABRETTI; FABRETTI, 2019). 
Ziese (2015, p. 117) relata que é considerado receita bruta para fins de 
determinação do enquadramento no simples nacional:
Valor da Venda de Bens e Serviços;
(-) Vendas Canceladas;
(-) Descontos Incondicionais Concedidos;
(=) Receita Bruta
Existem diversas restrições legais para a escolha desta opção, que vai 
além do limite de receita bruta, que é de R$ 4,8 milhões no ano. É uma forma 
simplificada de tributação o qual estabelece um pagamento mensal unificado, 
neste valor corresponde a aplicação de um percentual sobre a receita bruta 
mensal, e nele também estão inclusos os seguintes tributos e contribuições: 
IRPJ, CSLL, Cofins, PIS, IPI, INSS, ICMS e o ISS (CREPALDI, 2019).
 
Aquelas empresas que estão enquadradas neste regime f icam 
dispensadas, também, do pagamento das demais contribuições instituídas 
pela União, inclusive as contribuições para entidades privadas de serviço 
social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical (Sesc, Sesi, 
Senac, Sebrae e o salário-educação). Neste último caso, a economia pode 
representar cerca de 5,8% sobre a folha de pagamento. As demais receitas 
que não integram a receita bruta e o ganho de capital, como juros cobrados 
dos clientes e os descontos obtidos, não estarão sujeitas à tributação nesse 
regime. Entretanto, o ganho de capital na venda de bens do ativo permanente, 
tributado à alíquota de 15% a título de IRPJ, e o rendimento de aplicações 
financeiras de renda fixa ou o ganho líquido em operações de renda variável 
sofrerão tributação em definitivo, sendo que esses últimos rendimentos 
sujeitos às alíquotas aplicáveis conforme o prazo da aplicação (CREPLADI, 
2019).
Andrade, Lins e Borges (2015) comentam sobre a exclusão do simples 
nacional, essa exclusão será feita de ofício ou mediante comunicação da 
própria ME ou EPP que, espontaneamente, deixa de ser optante por esta 
modalidade. 
A Receita Federal (2021) traz as principais características do regime do 
Simples Nacional:
• ser facultativo;
• ser irretratável para todo o ano-calendário;
• abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS 
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e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social 
a cargo da pessoa jurídica (CPP);
• recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de 
arrecadação - DAS;
• disponibilização às ME/EPP de sistema eletrônico para a realização do 
cálculo do valor mensal devido, geração do DAS e, a partir de janeiro de 
2012, para constituição do crédito tributário;
• apresentação de declaração única e s impl i f icada de informações 
socioeconômicas e fiscais;
• prazo para recolhimento do DAS até o dia 20 do mês subsequente àquele 
em que houver sido auferida a receita bruta;
• possibilidade de os Estados adotarem sublimites para EPP em função da 
respectiva participação no PIB. Os estabelecimentos localizados nesses 
Estados cuja receita bruta total extrapolar o respectivo sublimite deverão 
recolher o ICMS e o ISS diretamente ao Estado ou ao Município.
Shingari (2016, p. 255) traz como relevante que as empresas aderentes 
ao Simples Nacional ficam dispensadas de contribuir com as entidades 
privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema 
sindical, assim como as demais entidades de serviço social autônomo. E que 
o pagamento da contribuição para seguridade social não estará incluído nas 
seguintes atividades de prestação de serviço: 
(i) construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a 
forma de subempreitada, execução de projetos e serviços de paisagismo, 
bem como decoração de interiores; 
(ii) serviços de vigilância, limpeza e conservação. Nesses casos, a contribuição 
deve ser recolhida de acordo com a legislação prevista para os demais 
contribuintes.
Assim como a contribuição para seguridade social também não está 
incluída na prestação de serviços de transporte intermunicipais e interestaduais. 
Essas atividades serão tributadas na forma da tabela a seguir, acrescido das 
alíquotas correspondentes ao ICMS previsto na tabela referente à partilha do 
comércio de acordo Shingari (2016, p. 256):
1. Será apurada a relação (r): folha de salários incluídos encargos (em 12 
meses); e receita bruta (em 12 meses). 
2. Na hipótese em que (r) seja maior ou igual a 0,40 as alíquotas do 
Simples nacional relativas ao IRPJ, PIS/Pasep, CSLL e Cofins, conforme Lei 
complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006.
3. Na hipótese em que (r) seja maior ou igual a 0,35 e menor que 0,40, a 
alíquota do Simples nacional relativa ao IRPJ, PIS/Pasep, CSLL e Cofins, para 
todas as faixas de receita bruta, será igual a 14%. 4. Na hipótese em que (r) 
seja maior ou igual a 0,30 e menor que 0,35, a alíquota do Simples nacional 
relativa ao IRPJ, PIS/Pasep, CSLL e Cofins, para todas as faixas de receita 
bruta, será igual a 14,5%.
5. Na hipótese em que (r) seja menor que 0,30, a alíquota do Simples nacional 
relativa ao IRPJ, PIS/Pasep, CSLL e Cofins, para todas as faixas de receita 
bruta, será igual a 15%. 6. Somar-se-á à alíquota do Simples nacional relativa 
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ao IRPJ, PIS/Pasep, CSLL e Cofins, apurada na forma anterior, a parcela 
correspondente ao ISS, prevista no Anexo IV desta lei complementar. 7. A 
partilha das receitas relativas ao IRPJ, PIS/Pasep, CSLL e Cofins arrecadadas 
na forma da Lei complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006.
Conforme Shingari (2016, p. 259), a Lei Complementar n° 147/2014, 
adicionou a Anexo VI à Lei do Simples nacional, que prevê alíquotas entre 
16,93% e 22,45% para a receita decorrente de alguns tipos de prestações de 
serviços (aqueles relacionados no § 5°-I, artigo 18 da Lei complementar n° 123, 
de 2003). Esses tipos de prestações de serviços serão tributados conforme 
o disposto no Anexo VI:
1. Será apurada a relação (r) conforme a seguir:
(r) = Folha de salários incluídos encargos (em 12 meses)
Receita bruta (em 12 meses)
2. A partilha das receitas relativas ao IRPJ, PIS/Pasep, CSLL, Cofins e CPP 
arrecadadas na forma deste Anexo será realizada com base nos parâmetros 
definidos na Tabela V-B do Anexo V desta lei complementar. 
 
3. Independentemente do resultado da relação (r), as alíquotas do 
Simples nacional corresponderão conforme Lei complementar n° 123, de 14 
de dezembro de 2006.
Outro fato importante que deve ser ressaltado, trazido por Ziese (2015, 
p. 118), é que no momento em que a empresa solicita a sua inscrição na 
modalidade simples nacional, deverá estar ciente de sua projeção de receita 
para o período, pois isso nem sempre é possível, podendo ocorrer excesso 
de receita, e quando isso acontecer no ano-calendário em que foi realizada 
a opção a empresa deverá atendar para:
• A ME, que exceder a receita bruta no ano em exercício, será enquadrada 
como EPP no ano seguinte.
• A EPP, que exceder a receita bruta em 20% no ano em exercício, será 
desenquadrada no mês seguinte.
• A EPP, que exceder a receita bruta em menos de 20% no ano em exercício, 
será desenquadrada a partir do ano seguinte.
• A EPP, que exceder a receita bruta em 20% no ano de início das atividades, 
serádesenquadrada retroativamente ao início das atividades.
Devido às restrições, os diferenciais de valores das receitas, o melhor 
que os gestores têm a fazer é comparar as opções do lucro real e do lucro 
presumido antes de optar pelo Simples Nacional, a qual é chamada de 
exclusão por opção. Esta será feita por comunicaçãoquando a ME ou EPP 
tiver ultrapassado o limite proporcional.
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REFERÊNCIAS 
ANDRADE, E. S. M. de; LINS, L. dos S.; BORGES, V. L. Contabilidade 
tributária: um enfoque prático nas áreas federal, estadual e municipal. 2. 
ed. São Paulo: Atlas, 2015.
CONTABILIZEI. Regime de tributação. 2020. Disponível em: https://www.
contabilizei.com.br/contabilidade-online/. Acesso em: 31 mar. 2021.
CREPALDI, S. Planejamento tributário: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: 
Saraiva Educação, 2019.
FABRETTI, L. C.; FABRETTTI, D.; FABRETTI, D. R. As micro e pequenas 
empresas e o Simples Nacional: tratamentos tributário, fiscal e comercial. 
São Paulo: Atlas, 2019.
PÊGAS, P. H. Manual de contabilidade tributária. 9. ed. São Paulo: Atlas, 
2017.
RECEITA FEDERAL. Simples nacional. Disponível em: http://www8.receita.
fazenda.gov.br/SimplesNacional/Servicos/Grupo.aspx?grp=11. Acesso em: 
30 mar. 2021.
SHINGARI, M. Gestão de impostos: para pessoas físicas. 9. ed. São Paulo: 
Saint Paul Editora, 2016.
ZIESE, I. Contabilidade e planejamento tributário. Indaial: UNIASSELVI, 
2015.

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