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Gerente editorial Roger Conovalov Diagramação Juliana Blanco Revisão Elisabeth Guimarães Capa Lura Editorial Produção do eBook Schaffer Editorial Todos os direitos desta edição são reservados à Séfora Oliveira. Primeira Edição Lura Editorial – 2021 Rua Manoel Coelho, 500. Sala 710 São Caetano do Sul, SP – CEP 09510-111 Tel: (11) 4318-4605 Site: www.luraeditorial.com.br E-mail: contato@luraeditorial.com.br Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada, reproduzida ou armazenada em qualquer forma ou meio, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc., sem a permissão por escrito do autor. Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro (Fundação Biblioteca Nacional, Brasil) Corrêa, Eli Bento. Depressão, o mal do século 21 / Eli Bento Corrêa. Eli Corrêa Publicações – 1ª Edição – São Paulo, 2019. ISBN: 978-85-90734-27-7 1. Depressão 2. Desenvolvimento pessoal 3. Saúde mental I. Título. Índice para catálogo sistemático: .230 http://www.luraeditorial.com.br/ mailto:contato@luraeditorial.com.br bento.correa@uol.com.br Contato do autor: bento.correa@uol.com.br mailto:bento.correa@uol.com.br O autor orgulhosamente dedica esse livro a você, com gratidão eamor, e espera que a leitura seja de grande proveito para a sua vida pessoal. Que Deus abençoe ricamente sua vida. São Paulo, _____ de __________________ de 20_____ Pr. Eli Bento Corrêa Sumário Prefácio Apresentação PRIMEIRA PARTE Capítulo 1 – A história da depressão ao longo da história humana Capítulo 2 – As principais causas da depressão Capítulo 3 – Depressão tem cura? Qual é o tratamento e o que diz a ciência? Capítulo 4 – Procurando entender o que é: 4.1 - Medo 4.2 - Fobia 4.3 - Ansiedade 4.4 – O que é tristeza 4.5 - Estresse 4.6 – Depressão 4.7 – Melancolia Capítulo 5 – Estatísticas sobre a depressão Capítulo 6 – Depressão. Uma doença dispendiosa para o governo Capítulo 7 – A depressão nas faixas etárias 7.1 - A depressão infantil 7.2 - Depressão nos adolescentes e jovens 7.3 - A depressão nos idosos Capítulo 8 – Graus e tipos mais comuns de depressão 8.1 – Profunda 8.2 – Distimia 8.3 - Atípica 8.4 - Reativa 8.5 - Bipolar 8.6 - Pós-parto - causas, sintomas e tratamento 8.7 - Psicótica 8.8 – Situacional 8.9 - Sazonal 8.9.1 de verão 8.9.2 de inverno 8.9.3 - de Natal Capítulo 9 – Cuidado, a depressão age discretamente e pode levar à morte Capítulo 10 – O que não se deve falar para uma pessoa com depressão Capítulo 11 – Como ajudar quem está com depressão? Capítulo 12 – Recursos que ajudam no tratamento 1. Os alimentos 2. Caminhar na natureza 3. Exercícios físicos 4. Cultivar uma vida espiritual Capítulo 13 – O que pode levar um pastor à depressão e ao suicídio? Capítulo 14 – A depressão na vida do cristão e como ajudá-lo Capítulo 15 – A Geração Prozac: o mundo mergulhado em depressão Capítulo 16 – A visão e a discriminação da igreja evangélica e da sociedade sobre a doença SEGUNDA PARTE Capítulo 1 – Depoimentos de pessoas que passaram por depressão 1.1 - Depoimentos obtidos via internet 1.2 - Personagens da Bíblia 1.3. Depoimento de pessoas de meu relacionamento Conclusão Prefácio Falar do autor deste livro é falar um pouco de mim. Ele é o pastor Eli, chamado e conhecido por muitas pessoas desta forma, mas ele também é meu pai e querido avô da minha filha. Casado com minha mãe Maria Cristina, pai também do Rodrigo e do Léo. Ele é sogro do Artur, meu marido e sogro também da Luciana e da Adriana. Ele tem 6 netos com quem ama brincar: Aninha, Rafael, Isabela, Luma, Romeo e Lucas. Quero destacar aqui a pessoa que conheço por trás do “pastor”. Um homem muito acolhedor, amoroso, sempre presente na vida da nossa família e que nunca mediu esforços para nos agradar. No dia do meu nascimento, um domingo, ele estava pregando na hora que eu nasci, cumprindo sua missão de levar a palavra de Deus. Mas logo em seguida, foi me conhecer. Quero dizer com isto que é possível exercer o ministério pastoral e ao mesmo tempo cuidar e cultivar um bom ambiente familiar. Tenho grande orgulho de ser filha desse pastor que soube viver a vida de pai de maneira exemplar, sem deixar a desejar no seu ofício pastoral. Nestes últimos anos ele tem passado horas se dedicando a pesquisar e a escrever sobre diversos assuntos para que pessoas como eu e você, possamos receber informações que nos ajudem em nossa caminhada da vida. Com os seus 72 anos, após ter adquirido muita experiência e sabedoria, o pastor Eli, meu pai, tem como objetivo de vida ajudar outras vidas. Este livro, (Depressão, o mal do século XXI), é o 10.º livro que ele escreve. Nesta obra, você encontrará sua dedicação em pesquisas que falam do assunto. Sempre que eu o encontrava, ele dizia: “tenho certeza que este livro ajudará muitas pessoas”. E com esta premissa de ajudar, você leitor poderá encontrar importantes informações sobre o que é a depressão, suas causas, sintomas e principalmente formas que podem ajudar você ou pessoas que você conheça que necessitam de ajuda para enfrentar a depressão. Você saberá quais os tipos, como elas se apresentam e de que maneira ela pode progredir na vida de uma pessoa. Um tema bem importante abordado neste livro se refere a pastores que entram em depressão. Talvez seja um dos assuntos de maior incidência na atualidade. Este tema gera muitas dúvidas e questionamentos, pode um pastor ficar deprimido? Sim, é possível ser um homem de Deus e passar por isto. Encontrar caminhos para ter suporte e tratamento é um dos objetivos que o livro deseja ofertar. O livro termina com textos de vida, citações de personagens bíblicos que passaram por momentos depressivos mesmo sendo pessoas de fé! Encerro dizendo que sempre vi meu pai ajudando pessoas, talvez por isso eu tenha escolhido a Psicologia como um caminho de também poder ajudar. Que este livro te encoraje e revele os mistérios do seu coração! Boa leitura. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia. O Senhor dos Exércitos está conosco, o Deus de Jacó é o nosso refúgio”. Salmos 46: 1 e 11. Ludmilla A. R. Corrêa de Brito Psicóloga Apresentação É com muito prazer que volto a esta página para apresentar aos meus leitores mais um livro, desta feita voltado para uma reflexão na área da saúde mental do ser humano – a depressão. Ela é uma doença que ataca na surdina; é extremamente silenciosa, ataca aos poucos e atinge o nosso sistema psicológico, cognitivo e social. Ela vitimiza cerca de 350 milhões de pessoas no mundo, tornando desse modo, um fenômeno global caracterizado pelo estado integral de abatimento e tristeza, consegue abater sua vítima, levando-a a um estado de desespero, e produz um total desprovimento da felicidade. Segundo Shekhar Saxena, diretor de departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OMS (Organização Mundial da Saúde), 50 % das pessoas que sofre dessa doença não a reconhecem e, por isso, não procuram nenhuma ajuda ou tipo de tratamento psicossocial. É de caráter basilar ainda salientar que a depressão evidencia uma série de alterações químicas no organismo, como nos neurotransmissores, a serotonina e a dopamina, atuando como um regulador do humor, sono, apetite, metabolismo e ritmo cardíaco. Tendo em vista a perseguição dessa crescente patologia na sociedade, com bases nos dados da OMS, 20 milhões de pessoas tentam se suicidar a cada ano. O mal do século XXI é silencioso, rápido e fatal. Ele não escolhe região nem religião, etnia, classe social, idade ou sexo, sendo a mulher a mais suscetível à doença, principalmente, no período pós-parto, devido às inúmeras cargas de hormônios, durante todo o processo de gravidez. Cabe ressaltar que a depressão está diretamente correlacionada a uma neoplasia, por meio, da infecção e proliferação desse mal, ceifando vítimas em todos os âmbitos sociais como também por circunstâncias de estresse, desemprego, conflitos familiares, término de relacionamentos, bipolaridadee doenças cardiovasculares. O livro não tem como alvo o público acadêmico, mas, sim, aquelas pessoas que hoje estão sofrendo desse mal. Não é um livro científico; eu diria que é um livro muito simples sem ser simplista; é um livro de fácil acessibilidade e, se posso abrir o meu coração, digo que é um livro que visa as pessoas leigas, pessoas que sofrem com a doença sem contudo ter a quem recorrer para entendê-la. Diria ainda que é uma mão amiga que se estende para segurar aquelas que, desesperadamente, estão à busca de uma ajuda. Tive o cuidado de investir centenas de horas pesquisando, estudando, conversando com pessoas que estão passando por essa experiência dramática. Como pastor conselheiro, que cuida das suas ovelhas bem como daquelas outras que do seu aprisco não fazem parte, tenho visto o sofrimento estampado em suas faces, clamo pela ajuda do alto, estou certo de que Deus sempre vem ao nosso encontro, como foi o caso de inúmeras pessoas cujo testemunho de vida a Bíblia relata, pois nenhuma delas morreram em função dessa doença. Em nenhuma das páginas deste livro, você, leitor, vai encontrar uma receita, uma indicação de medicação. O livro não tem esse objetivo, antes, porém, a orientação constante e necessária que é a busca de um profissional da saúde, um psiquiatra, psicólogo ou o médico da família. Minha participação como escritor é apontar a ajuda que vem de Deus. Estou certo de que o livro vem preencher uma lacuna, qual seja: mostrar as causas que levam à depressão e os recursos que estão à disposição para quem dela deseja se livrar. Boa leitura! Capítulo 1 A história da depressão ao longo da história humana “Não há nada novo sob o sol, mas há muitas coisas velhas que não conhecemos” Essa citação modificada do Eclesiastes por Ambrose Bierce nos serve para salientar que, apesar da difundida ideia de que a depressão (assim como outros quadros psiquiátricos como os transtornos alimentares) seja um fenômeno da modernidade, o quadro clínico já aparece descrito na Bíblia e nas histórias mitológicas da Antiguidade. A depressão já era descrita entre os gregos caracterizada por um medo intenso e depressão persistente. Nas palavras de Hipócrates estão presentes “a aversão à comida, falta de ânimo, insônia, irritabilidade e inquietação”. E finaliza: “Se o medo e a tristeza duram muito tempo, tal estado é próprio da melancolia”. A bílis negra, µελαιναχολη (melaina chole), um dos quatro humores fundamentais, seria o fator fundamental para o surgimento da melancolia afetando o cérebro. Embora essa fosse uma teoria bastante primitiva trazia a ideia revolucionária para o século V a.C. de que as doenças se deviam a causas naturais, isto é, orgânicas. Com o início da medicina científica, o sobrenatural começa a sair de cena, a doença passa a ser vista como algo somático, a medicina inicia sua separação da filosofia e o cérebro é definido como o centro das emoções humanas. Areteu da Capadócia, médico grego e filósofo do século II, genial observador clínico que, entre outros quadros, descreveu o diabetes e a enxaqueca, escreve no capítulo V de seu livro Sobre as Causas e Sintomas das Doenças Crônicas: “O melancólico se isola, teme ser perseguido e aprisionado, atormenta-se com ideias supersticiosas, odeia a vida (...) está sempre aterrorizado e mistura suas fantasias com a realidade (...) queixa-se de doenças imaginárias, amaldiçoa a vida e deseja a morte”. Além dessa minuciosa descrição, faz a primeira e fundamental diferenciação entre a melancolia doença do corpo e uma “reação depressiva” psicologicamente determinada por uma causa emocional. Muito se fala em depressão na sociedade atual, porém, muitas vezes, de forma errônea. Estima-se que cerca de 16% da população mundial já sofreu de depressão ao menos uma vez na vida. Os estudos sobre a doença se iniciaram em 1920 e, já na época, foi reportado que as mulheres possuem o dobro de chances do que os homens de se tornarem depressivas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2020, a depressão será a segunda causa de morte mundial por doença, ficando apenas atrás das doenças cardíacas. Os dados são assustadores e, nas atuais circunstâncias em que vivemos, precisamos falar sobre a depressão. É preciso entender que ela não é apenas uma tristeza passageira, mas, sim, uma doença. E como toda doença precisa ser diagnosticada, precocemente, e tratada da forma correta. Sentir-se triste em momentos específicos da vida é normal, como após a morte de um ente querido. Porém, algumas pessoas vivenciam esse sentimento de forma muito intensa e por períodos muito longos que podem não ser apenas dias, mas, sim, meses e até mesmo anos. O ponto chave da questão é: essas pessoas nem sempre tem um motivo aparente para se sentirem assim. Fisiologicamente, a depressão é um desequilíbrio no cérebro. Mas, ao contrário de outras doenças, ela não pode ser curada apenas com medicamentos, já que ela é uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Ou seja, sua qualidade de vida, seus relacionamentos e sua maneira de enfrentar o mundo podem ser os gatilhos para a depressão aparecer. Sentir-se triste é uma resposta comum a eventos da vida, como o sofrimento de uma perda ou um desapontamento. O transtorno afetivo que os especialistas chamam de depressão é algo muito mais grave e caracterizado pela falta de controle sobre o próprio estado emocional. A depressão maior é o transtorno do humor mais comum, afetando, anualmente, 5% da população mundial. É caracterizado por humor deprimido e diminuição do interesse/prazer em todas as atividades. Outros sintomas podem ocorrer: perda ou aumento de apetite, insônia ou hipersonia, sentimentos de inutilidade e culpa, e sentimentos recorrentes sobre morte. Outro tipo de depressão que afeta 2% da população adulta é chamada de distimia. Embora mais leve que a anterior, essa tem um curso crônico e arrastado, desaparecendo frequentemente de forma espontânea. Depressão não é tristeza Depressão é diferente de tristeza. Aspecto fundamental e infelizmente às vezes de difícil entendimento por parte do não especialista é a diferença entre o normal e o patológico, entre a tristeza, contingência de situações vivenciais e a depressão como doença. HIPÓCRATES: primeiro médico a descrever clinicamente a melancolia, no século V a.C. Embora na linguagem coloquial se utilize o termo depressão para designar coisas tão distintas quanto a nossa reação por perdas ou por desejos e projetos não concluídos satisfatoriamente, esse termo não deve ser confundido com o luto ou a tristeza, emoções humanas normais por mais desagradáveis e indesejadas que sejam. Na depressão, ao contrário da tristeza normal, o humor depressivo é autônomo e, embora possa ser desencadeado por evento externo, muda muito pouco com tentativas de distraimento ou mudanças de ambiente. Não se medica tristeza nem se transforma a vivência humana normal em objeto de tratamento. A própria pessoa que sofreu uma vez de um episódio depressivo identifica a qualidade diferente da experiência emocional, compara-a com uma perda pessoal ou familiar, e afirma que a sensação é completamente diferente não apenas em intensidade. O sintoma clínico fundamental da depressão não é a experiência da tristeza, mas uma sensação descrita pelos médicos como de anedonia (a: negação, hedonia: prazer), ou seja, uma sensação de perda de prazer ou sentimento por todas as coisas, como se a cor sumisse e tudo passasse a ser preto e branco. Fadiga incompatível com a atividade exercida, sensação de perda de energia, sentimentos de desvalorização pessoal, medo inexplicável e sem objeto, diminuição da capacidade de concentração, insônia e/ou sonolência diurna excessiva são alguns dos sintomas presentes associados. Em maior ou menor grau, nada menos que 340 milhões de pessoas têm momentos semelhantes a esse. É a estimativa do número de casos mundiais de depressão feita pelo grupo de saúde mental da Organização Mundial da Saúde. Ela também estima que uma em cada quatro pessoasdesenvolverá a doença ao longo da vida. Mas nem sempre foi assim: ao longo da história, a situação foi vista de forma bem diferente. Hoje em dia, basta um exame rápido para diagnosticar pessoas como depressivas. Mas, se estivéssemos na Grécia antiga, falaríamos de melancolia e, na Europa medieval, de acédia. Para entender esse processo até chegar à guerra declarada contra a depressão dos dias de hoje é melhor começar do começo. Homens de exceção No mundo ocidental, quem primeiro notou características depressivas e as sistematizou em torno de um nome foi Hipócrates considerado o pai da medicina no século IV a.C. Ele cunhou o nome melancolia a partir de duas outras palavras: mêlas = negro e kholê = bile. Melankholia significa, portanto, “bile negra”, segundo ele, um dos quatro humores que constituem o corpo humano – os outros seriam a bile amarela, o sangue e a fleuma. No texto intitulado Da Natureza do Homem, Hipócrates (ou seu genro Polibeu não se sabe ao certo) estabelece uma correspondência entre os quatro humores, as quatro estações do ano e as quatro características fundamentais da matéria (quente, fria, seca e úmida). A cada um dos humores ele relacionou um sintoma psicológico. Em seu estado normal, o homem teria os quatro bem equilibrados. O problema se daria em casos de excesso de um ou de outro. Bile amarela demais causaria um temperamento raivoso da mesma maneira que a bile negra em abundância provocaria a depressão. “Se a tristeza e a angústia não passam, o estado é melancólico”, disse Hipócrates em seus Aforismas. No mesmo século, o filósofo grego Aristóteles, em uma obra conhecida como Problema 30, reparou em uma estranha coincidência: “Por que razão todos os homens de exceção na filosofia, na política, na poesia ou nas artes são manifestamente melancólicos?” Não foi o único a perceber isso. A propaganda do Prozac, o mais popular dos antidepressivos, enumera uma lista de “homens de exceção” acometidos pela doença: os americanos Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt, o pintor holandês Vincent van Gogh, os escritores Mark Twain e Ernest Hemingway, o inglês Winston Churchill, a atriz Marilyn Monroe e o bailarino Vaslov Nijinsky são alguns deles. A diferença é que, enquanto a indústria farmacêutica busca encorajar os doentes a se tratar, Aristóteles via na melancolia um atributo essencial da genialidade. Para ele, era um estado ao mesmo tempo patológico e desejável. Podemos imaginar uma balança para medir como a humanidade encarou a melancolia em diferentes períodos e lugares. Na Grécia antiga, a balança estaria equilibrada – o peso do lado positivo é igual ao do lado negativo. Já na Idade Média, a balança pesaria de maneira extremada para o lado negativo. Não se falava em melancolia, mas em acédia. A palavra saiu de uso tanto no português como em outras línguas latinas, mas continua presente no dicionário. De acordo com o Houaiss, significa enfraquecimento da vontade, inércia, preguiça ou desordem mental caracterizada por apatia, melancolia e descuido. Pois não é que a acédia entrou para o temido rol dos sete pecados capitais? Isso mesmo. Junto com a gula, a avareza e o orgulho, por exemplo. A história é a seguinte: no início do século IV, centenas de monges estabeleceram alguns dos primeiros grandes monastérios católicos nos desertos da Síria e do Egito (nos dois retiros mais importantes, a sudoeste de Alexandria viviam 5.600 monges). Esses monges chamados de anacoretas pretendiam se isolar do mundo para, assim, fugir de toda e qualquer tentação. Só que, mesmo distante de tudo, restava ainda um demônio: a acédia. Evágrio Pôntico, antigo diácono de Constantinopla que se retirou no deserto em 383, descreveu assim a tentação também chamada de “demônio do meio-dia”: “Ele força o monge a manter os olhos fixos na janela, fora de sua célula, observando o sol para ver se ele está longe da nona hora. Ele inspira a aversão pelo lugar onde o monge se encontra, por seu próprio modo de vida e pelo trabalho manual. Além disso, provoca a ideia de que a caridade desapareceu e que ninguém poderá consolar-lhe. O demônio da acédia usa todas suas forças para que o monge abandone sua célula e fuja”. É assim, com essa roupagem de tentação que leva ao pecado, que a acédia chega à Idade Média. Em todo o ocidente medieval, a definição que impera é a do frade dominicano São Tomás de Aquino (١٢٢٧-١٢٧٤), grande filósofo do cristianismo. Para ele, trata-se de “uma tristeza devastadora, que produz no espírito do homem uma depressão tal que ele não tem mais vontade de fazer nada. A acédia é um desgosto pela ação”. Uma nova etimologia da palavra melancolia é forjada, o que contribui para aumentar a carga negativa: melan agora é ligada ao termo latino malus, que vale tanto para mal como para malsão ou doente. Diante de definições tão desprezíveis, o que poderia fazer o homem medieval ao se sentir melancólico? Ora, não haviam muitas opções. Ou escondia o pecado ou rezava para tentar banir o abominado sentimento de sua alma. A melancolia só daria a volta por cima no século XIX. Na Inglaterra dessa época, o prato mais pesado da balança é o da visão positiva: a moda elizabetana manda vestir preto e o spleen é um atributo essencial do romantismo. Órgão que se acreditava secretar a bile negra, o baço (ou spleen em inglês), virou sinônimo de angústia, mau humor e depressão. As mulheres inglesas que andavam de cara amarrada por volta dos anos 1.800, diziam ter sido atingidas pelos vapores do spleen. Nada mais glamouroso na época. Apesar de sofrido e devastador, o sentimento borocoxô é cultuadíssimo pelos românticos. Famoso poeta do período, o inglês George Gordon (1788-1824) mais conhecido como Lord Byron, influenciou escritores de diversos países. Os seguidores do chamado byronismo tinham em comum um sentimento de mal-estar, desajuste, solidão, desencanto e tédio, características resumidas na expressão mal du siècle (“o mal do século” em francês). O tuberculoso e taciturno Álvares de Azevedo (1830- 1852), autor de A Lira dos Vinte Anos, é o escritor brasileiro que melhor incorpora a linha. Na França, o poeta Charles Baudelaire (1821-1867) representa bem o espírito nos versos de “A Morte dos Pobres”: A Morte é que consola e nos faz viver; É o alvo desta vida e a única esperança Que, como um elixir, nos dá fé e confiança, E forças para andar até o anoitecer. Em meio à tempestade e à neve a se desfazer, É a luz que em nosso lívido horizonte avança É a pousada que um livro diz como se alcança, E onde se pode descansar e adormecer. É um Arcanjo que tem nos dedos imantados O sono eterno e o dom dos extasiados, E arruma o leito para os nus e os desvalidos; É dos Deuses a glória e o místico celeiro, É a sacola do pobre e o seu lar verdadeiro. Céus desconhecidos! Hoje em dia não se fala tanto de melancolia. A palavra ainda é usada para casos profundos de depressão, esse, sim, o termo médico em voga. Mas qual é a diferença entre tristeza, melancolia e depressão? Bem... as fronteiras não são bem claras. De uma maneira geral, pode-se dizer que o termo depressão herdou boa parte dos atributos da melancolia do passado. Diferente dos gregos, no entanto, o mundo de hoje vê a depressão como uma doença sem qualquer implicação positiva. “A tristeza é uma emoção universal e tem o seu valor: leva à introspecção, ajuda a elaborar a frustração e contribui para o amadurecimento”, diz o médico Teng Chei Tung do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Do ponto de vista clínico, a depressão é uma doença incapacitante e diferente da tristeza não pode ser controlada pelo paciente sozinho.” Ou seja, a balança agora está no lado negativo. Mal dos macambúzios Como foi que a melancolia se transformou em doença, entrou na seara da psiquiatria e passou a ser combatida com uma intensidade semelhante à da Idade Média? É verdade que os gregos já viam o lado patológico da melancolia. Mas nada comparado ao problema de saúde pública de nossos dias. A partir do século XVIII, os médicos começaram a se interessar pelasdoenças mentais. Eram os chamados alienistas, que consideravam a melancolia como um tipo de loucura ou como uma mania. O fundador da psiquiatria na França Philippe Pinel (1745-1826) – aquele que deu origem à expressão “ficar pinel” – e, mais tarde, seu aluno Jean-Etienne Esquirol (1772- 1840) estão entre os mais notáveis estudiosos da área. Em 1915, Freud comparou a melancolia ao luto. Segundo ele, “ambos provocam uma depressão profundamente dolorosa, uma suspensão do interesse pelo mundo exterior, a perda da capacidade de amar e a inibição de toda a atividade”. A diferença seria que, enquanto o luto é a dor pela perda de alguém ou algo, o melancólico se ressente da perda do “eu”, o que também traria uma diminuição da autoestima. Um grande avanço veio com a descoberta – por acaso – dos antidepressivos. Na década de 1950, percebeu-se que a isoniazida, enzima usada para tratar tuberculosos, produzia nos doentes uma inesperada sensação de ânimo e bem-estar. Uma reação similar foi notada com a inipramina, um antialérgico. Usadas para tratar depressivos, no entanto, essas substâncias provocavam muitos efeitos colaterais, já que não haviam sido criadas com esse fim específico. Os antidepressivos agem sobre algumas substâncias que regulam a transmissão de impulsos nervosos, os neurotransmissores – em especial sobre a serotonina, que, além de influenciar o temperamento, controla a liberação de hormônios que regulam estados como o sono e a fome. Deprimidos apresentam distúrbios na regulação de serotonina, mas comece a brincar com essa substância e você corre o risco de desregular o organismo inteiro. A primeira droga capaz de agir sobre a serotonina sem tantos efeitos colaterais foi o Prozac, que começou a ser vendido nos Estados Unidos, em 1988. Graças a ele, os antidepressivos se tornaram populares. “O remédio é tão seguro que dá a impressão de que qualquer médico pode tratar a depressão”, afirma Tung do Hospital das Clínicas. “Mas hoje em dia a medicação é acompanhada com mais cuidado. A associação dele com outros medicamentos pode gerar intoxicação. Estudos sugerem até que tratamentos com antidepressivos podem agravar a depressão ou levar ao suicídio.” Mesmo com remédios, as estatísticas atuais sobre a depressão são alarmantes. Além dos 340 milhões de pessoas com a doença, estima-se que em 2020 ela será a segunda principal causa de incapacidade no mundo, atrás apenas de doenças cardíacas (hoje, ela ocupa a quarta posição desse ranking). Não é à toa que, entre as medicações só comercializadas com receita médica, os antidepressivos são os campeões de venda. Por outro lado, nunca a depressão foi tão estudada quanto hoje, o que abre a perspectiva de melhores remédios. Mas será que estamos no caminho certo? “Não acredito que nós hoje compreendemos melhor a melancolia do que os gregos”, diz o historiador da arte Jean Clair, curador da exposição Melancolia, que estudou as abordagens artísticas da depressão por mais de dez anos. “Nossa época a nega. É preciso ser feliz, engraçado, divertido, positivo e, nesse contexto, a melancolia é proibida. Se você se sente melancólico, toma um Prozac. O ideal do homem, hoje em dia, é manter-se constante o tempo todo, sem alterações de humor, como as frutas e os legumes do supermercado, que têm sempre a mesma cor, o mesmo tamanho e o mesmo gosto.” A mostra reúne 250 obras, entre telas, desenhos, gravuras e esculturas, todas com o tema da melancolia. “O público se dá conta de que a melancolia faz parte da nossa cultura e não é apenas uma doença. Além do mais é reconfortante saber que o que sentimos se inscreve na história e foi responsável por algumas das mais importantes obras de arte”, diz Jean Clair. Na França, a mostra atraiu 330 mil pessoas em três meses. Na esteira do seu sucesso, foram lançados mais de dez livros sobre o tema. “O sofrimento da melancolia constitui o homem da mesma maneira que os peixes têm espinha”, diz o professor Jackie Pigeaud da Universidade de Nantes, França, conhecido por seus estudos sobre a história do pensamento médico. Pacientes com depressão clínica devem buscar ajuda com médicos especializados e procurar se tratar, mas ficar triste ou ter alterações de humor não deve ser motivo de vergonha. Como diz Pigeaud: “Anormal é não sofrer nunca e estar sempre contente”. _____________________________________ Fonte: (1) www.pt.wikipedia.org Capítulo 2 As principais causas da depressão Não se sabe ainda exatamente quais são as causas para a depressão ser desencadeada. Porém, diversos fatores podem estar envolvidos. Diferenças biológicas As pessoas que sofrem de depressão possuem mudanças físicas em seus cérebros. Mesmo não sabendo a significância exata que essas diferenças tenham, elas podem ser uma das causas do aparecimento da doença. Químicas do cérebro O cérebro possui uma forma de química natural causada pelos neurotransmissores. Pesquisas apontam que as alterações na função e efeito desses neurotransmissores bem como a forma que eles interagem com os diversos neurocircuitos que compõe o cérebro podem ter um papel significativo na depressão e no seu tratamento já que atuam diretamente na manutenção da estabilidade do humor do paciente. Hormônios Algumas mudanças no corpo podem desequilibrar certos hormônios produzidos e, isso, pode causar ou ser o gatilho para uma depressão. Essas mudanças nos hormônios acontecem, em grande parte, com a gravidez e durante as semanas que precedem o parto. Elas podem ocorrer também a partir de um problema da tireoide, menopausa, entre outros. Genética A depressão é mais comum de acontecer com uma pessoa que tenha parentes que também possuem a doença. Os pesquisadores estão estudando para encontrar os genes que estão envolvidos em sua causa. Fatores de risco A doença pode aparecer em qualquer pessoa, de qualquer idade e classe social. Porém, alguns fatores podem influenciar diretamente no desencadeamento da depressão: Alguns traços da personalidade da pessoa, como baixa autoestima, autocrítica e pessimismo; Traumas ou estresses, como abuso sexual, morte, relacionamentos e situações difíceis; Trauma de infância; Ter parentes que já possuem um histórico de depressão, transtorno bipolar, alcoolismo ou suicídio; A questão de ter uma sexualidade que não é apoiada pelos parentes ou amigos; Histórico de outros distúrbios da saúde mental, como transtornos de ansiedade, alimentares ou estresse pós-traumático; Excesso de álcool ou drogas ilícitas; Doenças crônicas, como câncer, AVC ou doença cardíaca; Determinados medicamentos, como alguns de hipertensão ou comprimidos para dormir. Como eles aparecem: A partir desses sintomas gerais podemos dividi-los em outras quatro categorias, com base em como eles se apresentam nos diferentes grupos de pessoas: homens, mulheres, crianças/adolescentes e idosos. Homens Menor propensão em ter autoaversão e desesperança do que as mulheres; Aumento da fadiga, irritabilidade, problemas de sono e perda de interesse no trabalho/hobbie; São mais propensos a apresentar raiva, agressividade e abusar de substâncias químicas. Mulheres São mais propensas a apresentar sentimento de culpa, sono excessivo e ganho de peso; Uma em cada sete mulheres apresentam depressão pós-parto. Crianças/adolescentes A tristeza normalmente não aparece nesse grupo de pessoas, porém é fácil perceber que elas ficam mais facilmente irritadas e agitadas; Dores de cabeça, estômago ou outras dores físicas podem aparecer também. Idosos: As pessoas mais velhas reclamam mais sobre os sintomas físicos do que os emocionais, como a fadiga, dores e problemas de memória; Elas também podem não gostar de sua aparência física e parar de tomar medicamentos que são essenciais para a sua saúde. O diagnóstico Caso você tenha identificado alguns desses sintomas citados em você mesmo, o ideal é procurar um médico especialista o quanto antes, que pode ser um clínico geral ou um psiquiatra. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o tratamento médico ajuda – e muito – nos casos de depressão. O diagnósticopara a doença é realizado, basicamente, a partir de uma série de perguntas que o especialista irá fazer, tais como: Se os sintomas apresentados não estão tendo melhora; Se o seu humor está afetando o seu trabalho e seus relacionamentos; Se você tem pensamentos suicidas ou de automutilação. Não há exames físicos para a depressão, mas o médico pode solicitar eventuais exames de sangue e urina para ter a certeza de que você não possui outra doença que apresenta os mesmos sintomas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), Depressão é uma doença classificada como Transtorno do Humor e já é considerada como uma das doenças mais incapacitantes no mundo. De acordo com o IBGE, mais de 11 milhões de brasileiros têm diagnóstico de Depressão, cujos principais sintomas são: tristeza profunda sem causa aparente; falta de prazer/satisfação em situações ou ações anteriormente prazerosas; alterações de sono e/ou apetite para mais ou para menos; dificuldade de concentração; falta de motivação generalizada; agressividade/irritabilidade acentuadas para alguns homens o descontrole da agressividade; ansiedade acentuada; dores no corpo sem causa orgânica; crise de choro sem motivo aparente; falta de libido; autoestima baixa; sensação de incapacidade/impotência generalizada; sensação de desencaixe do mundo; mau humor/indisponibilidade; sensação de falta de sentido na vida; vontade de dormir e não acordar mais; abuso do álcool, entre outros. O que leva uma pessoa à Depressão? Diversos fatores podem levar a um processo depressivo e dependem de quão importante esses fatores são na vida de cada pessoa, sobretudo se ela se sentir impotente diante das dificuldades que tem a enfrentar. Entre os casos mais comuns estão: trabalho (excesso de trabalho, excesso de cobrança e pressão, metas elevadas, assédio moral, sentimento de incapacidade/fracasso); perdas significativas (como um ente querido, emprego, aposentadoria, status, casamento, namoro, dinheiro); sentimento de fracasso ou de inadequação; desilusão amorosa; envelhecimento; solidão; doenças crônicas; dor crônica; insatisfação com o corpo/aparência física; falta de reconhecimento; abuso de álcool ou drogas entre outros Geralmente as pessoas em depressão não têm vontade de fazer nada e sentem que qualquer movimento ou ação requerem um esforço muito grande, aumentando seu sentimento de tristeza. A culpa é outro sentimento bastante comum: culpa por achar que não conseguir reagir é falta de “força de vontade ou fraqueza”, o que aumenta ainda mais o sentimento de frustração e desprezo por si mesmo. A pessoa passa a sentir vergonha de si mesma. Prefere se isolar, sem conseguir sentir prazer na vida, a pessoa com Depressão tende a entrar num processo que se retroalimenta, como se estivesse caminhando em um túnel circular completamente escuro. Infelizmente, a Depressão ainda não é muito bem compreendida. O deprimido pode ser visto como preguiçoso, fraco, mal-humorado, antissocial e assim por diante. No entanto, a Depressão é uma doença! E assim deve ser tratada. Nesse caso um bom acompanhamento psicológico pode ser muito importante na recuperação dessa enfermidade. A Depressão pode ser tratada sem medicação? Sim, é possível tratar a Depressão sem o uso da medicação. No entanto, cada caso deve ser cuidadosamente avaliado pelo profissional, podendo haver situações em que o uso da medicação seja importante. Tudo isso é discutido com o próprio paciente. Se ainda assim não for da sua vontade, ele não será obrigado a aderir à terapia medicamentosa. Como a Psicoterapia pode ajudar no tratamento da Depressão? Em primeiro lugar, o espaço de análise é, sobretudo, um ambiente de acolhimento da dor e sofrimento do paciente. Às vezes, o próprio paciente não entende por que se sente tão triste e incapaz. Carrega um enorme sentimento de culpa e vergonha de si. Prefere se isolar, perde a esperança e com isso corre o risco de agravar ainda mais o processo depressivo. Geralmente, essas pessoas não conseguem pedir ajuda. A Psicoterapia pode ajudar de diversas formas, de início, ela ajuda o paciente a compreender que a Depressão é uma doença séria e incapacitante e assim deve ser tratada. Portanto, ele não precisa se sentir culpado ou envergonhado por sua atual condição. Ao longo desse processo, o paciente vai entrando em contato com sua própria história, seu modo de lidar com as dificuldades, com as pessoas, a maneira que faz suas escolhas, que imagem tem de si mesmo e dos outros, que imagem acredita que os outros têm dele, enfim, o modo como tem vivido suas experiências. A partir desses questionamentos e reflexões, o paciente pode compreender melhor como vem conduzindo sua vida, o que parece estar dando errado, como chegou nessa condição de Depressão. Assim, esse se vê mais capacitado a construir uma vida mais saudável e satisfatória para si mesmo. Isso nos coloca as seguintes questões: por que certos indivíduos apresentam uma chance aumentada de desenvolver um episódio de depressão, após situações pessoais desfavoráveis e eventos vitais traumáticos e outros não? Por que algumas pessoas e não todas desenvolvem um quadro depressivo e após fatores de risco como violência, dificuldades financeiras e sociais graves, rupturas, morte familiar, doenças pessoais ou familiares? Aqui se introduz o conceito de resiliência adotado da física, que se refere à capacidade individual de superação de estresse e adversidades. As últimas décadas têm destacado por meio de sofisticados estudos genéticos uma série de informações relacionadas a uma predisposição genética que levaria a uma vulnerabilidade maior para o desenvolvimento da depressão. O melhor conhecimento das alterações dos neurotransmissores essenciais para a pesquisa e o tratamento não afasta a necessidade de entendimento dos fatores sociais, de personalidade, familiares e vivenciais no desencadeamento do quadro. Por fim, de maneira sumaríssima, enumeramos algumas das necessidades clínicas prementes para o tratamento adequado dos quadros depressivos: combater o estigma de modo que a procura por assistência médica seja rápida e possibilite o diagnóstico de maneira precoce; implantar a modalidade de tratamento medicamentoso mais eficaz e com menos efeitos colaterais para o combate da fase aguda; estabelecer o melhor tratamento medicamentoso associado à psicoterapia para evitar futuras recaídas. Como prevenir da depressão Busque apoio social – A depressão é pouco frequente nos círculos em que há fortes laços de relacionamento, sejam familiares, de trabalho, conjugal ou de amizades. Portanto, é importante fazer parte de uma família feliz, estar rodeado de bons amigos, ter bom ambiente de trabalho, pois essas coisas são o Poder da Esperança, proteções contra a depressão. Porém, como alcançar isso tudo? É o que veremos ao longo deste livro. Mantenha uma vida ativa – É surpreendente como o estado de ânimo debilitado pode mudar, rapidamente, quando você se ocupa com alguma atividade. Para evitar a depressão, tome uma atitude e atue de alguma forma. Ocupe-se com tarefas que lhe tragam satisfação e que sejam produtivas e edificantes: coloque em ordem sua casa, conserte alguma coisa, converse ao telefone com alguém especial. Se puder, pratique esporte ou exercício físico aeróbico. A fadiga, nesse caso, é fonte de saúde e bom humor. Pense corretamente – Conforme as pessoas se centralizam no aspecto sombrio ou no lado positivo das coisas, têm maior ou menor propensão para a depressão. Pensar é um hábito como qualquer outro e deve ser cultivado para se evitar a análise negativa das situações. Olhe para o passado com prudência – O passado pode ser fonte de depressão ou de bem-estar emocional. Em vez de pensar nas dificuldades alegre-se com os tempos e acontecimentos felizes. Se existe algum trauma do passado (abuso sexual, rompimentos, etc.), procure um psicólogo ou psiquiatra que possa ajudar você a elaborar uma forma de superação do ocorrido. Além de poder ser causada por uma vida tortuosa ou pela frustração alimentada por fantasias,a depressão pode ser também considerada “excesso de passado”. _____________________________________ Fonte: Revista Cult - Edição nº 140 Postado por Asclê Junior Capítulo 3 Depressão tem cura? Qual é o tratamento e o que diz a ciência? Em um esforço global para entender o peso genético da depressão, um consórcio de 200 cientistas, em 161 instituições do mundo inteiro, identificou 44 genes relacionados a formas severas da condição. Isso é particularmente importante porque a ciência já sabe que, em casos mais graves, a hereditariedade tem um peso importante na ocorrência da doença e é preciso conhecer os fatores que levam a isso. (1) Um outro ponto relevante é que apenas metade dos pacientes responde bem aos tratamentos existentes e novas terapias podem surgir, a partir desse mapeamento genético. A depressão mais grave afeta aproximadamente 14% da população global. O estudo foi publicado na “Nature Genetics” e integra o “Psychiatric Genomics Consortium”, um esforço global para mapear genes associados a disfunções psiquiátricas. A pesquisa teve a coordenação da Kings College London (Reino Unido) da Universidade da Carolina do Norte (EUA) e da Universidade de Queensland (Austrália). Dos 44 genes mapeados, 30 foram descritos pela primeira vez nessa iniciativa. Segundo os autores, o achado abre caminho para o surgimento de terapias mais específicas para a doença. Com o mapeamento genético, cientistas podem desenvolver medicamentos que tenham por alvo o bloqueio de substâncias produzidas a partir de informações desses genes. “A descoberta dessas novas variantes genéticas tem o potencial de revitalizar o tratamento da depressão, abrindo o caminho para descoberta de terapias novas e melhoradas”, diz Gerome Breen do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência da King’s College London, em nota. O mapeamento genético reforça achados de outras pesquisas que mostraram o peso da hereditariedade em casos mais graves. Estudos com gêmeos idênticos, por exemplo, demonstraram que, se um deles desenvolve uma forma mais grave da doença, o outro tem um risco tão elevado quanto de também manifestar os mesmos sintomas. Outras pesquisas também compararam filhos adotivos com filhos biológicos de pais com depressão. Esses estudos demonstraram que filhos biológicos têm risco bem maior de desenvolver a doença que os adotivos, reforçando o peso da genética. Apesar disso, no entanto, pesquisadores pontuam que não é toda pessoa com genes associados à depressão que vai desenvolver a condição. Por isso, um dos objetivos do esforço global é entender o porquê isso ocorre. Depressivos são eficazes para o tratamento, mas não para todo mundo. Mapeamento genético pode ajudar no desenvolvimento de novas descobertas. O estudo Pesquisadores mapearam dados de 135 mil pessoas com depressão maior (a mais incapacitante) e também de 344 mil pessoas saudáveis. Além dos 44 genes associados à depressão, pesquisadores encontraram outros 153 genes relacionados a outros transtornos mentais. Desses outros genes encontrados, os cientistas descobriram que seis deles contribuem tanto para o surgimento da depressão quanto para a maior ocorrência de esquizofrenia. Um outro ponto curioso do estudo é que alguns genes associados à depressão também foram relacionados à qualidade do sono, à insônia, ao cansaço e à tendência à obesidade. A genética não determina a depressão severa, mas influencia o seu desenvolvimento. Outros traumas, como abuso sexual, são fatores que podem deflagrar a condição. Dá para dizer que a depressão tem os genes como causa? Genes têm um peso na depressão, mas não a determinam, dizem os cientistas. Isso significa dizer o seguinte: se uma pessoa tem genes associados à doença, ela tem maior risco de desenvolvê-la, mas isso não quer dizer com certeza que esse indivíduo será depressivo. Em outras doenças, a genética é mais determinante. É o caso da doença de Huntington, que tem como primeiros sintomas alterações de humor, mas vai lentamente progredindo para demência, problemas de fala e coordenação motora. Trata-se de uma doença hereditária causada por uma mutação do cromossomo 4. Essa mutação mata gradualmente células cerebrais. No caso da depressão, o gene não é tão determinante, mas pesquisas dizem que, em casos realmente severos, a hereditariedade tem um peso de 40% a 50%. Outros estudos mostram que fatores como abuso sexual ou a perda do pai ou da mãe na infância também são “gatilhos” para que a condição se desenvolva. _____________________________________ (1) www.g1.globo.com Quais são as teorias mais confiáveis que podem explicar a depressão? Durante anos, pensou-se que a depressão fosse apenas um distúrbio psicológico. No entanto, com o passar do tempo, surgiram novos estudos que têm se aprofundado sobre as causas da depressão. Esses pesquisadores examinaram dentro do cérebro, em nosso código genético e até mesmo em nosso prato, para tentar desvendar todos os fatores que, escondidos na sombra, poderiam desencadear um quadro depressivo. 1. Processamento do cérebro com defeito. Em estudos nos quais o cérebro das pessoas que sofrem de depressão foi escaneado, descobriu- se que o lobo frontal, a área responsável pelo processamento cognitivo, pelo pensamento e pelo controle dos impulsos mostra níveis muito baixos de atividade. Por outro lado, também se vê um descompasso nas redes neurais ligadas ao processamento emocional que impede que pessoas deprimidas controlem suas emoções e suprimam aquelas que são negativas. Além disso, um nível anormalmente alto de atividade foi observado na amígdala, uma parte do cérebro ligada ao medo. Com esses resultados em mãos, os neurocientistas acreditam que a depressão envolve um problema no processamento do cérebro, como se as conexões neurais não funcionassem da mesma maneira que para o resto das pessoas, o que impede que modulem suas emoções e, como consequência, a depressão surge. 2. Atrofia cerebral. Pesquisas recentes também mostraram que algumas pessoas com depressão mostram uma perda de volume em algumas áreas do cérebro, entre elas o hipocampo, uma área envolvida no processamento de emoções e na consolidação de memórias. O mais surpreendente é que, quanto mais grave a depressão, maior a perda de volume cerebral. Essa atrofia afeta não apenas as áreas do sistema límbico, mas também o lobo frontal, especialmente o córtex pré-frontal, que regula a intensidade dos estados emocionais e como expressá-los. Também foi descoberto que a depressão inibe o desenvolvimento de novas células nervosas, afetando o processo de neurogênese (formação de tecido nervoso). Por essa razão, alguns neuropsicólogos (a neuropsicologia é uma interface ou aplicação da psicologia e da neurologia que estuda as relações entre o cérebro e o comportamento humano) estão convencidos de que a atrofia cerebral é uma das causas da depressão, embora alguns afirmem que essa perda de volume em algumas áreas do cérebro é uma consequência e, não, um fator desencadeante da patologia. 3. Desequilíbrio hormonal. Sabe-se que o sistema endócrino desempenha um papel muito importante nas causas da depressão. Diferentes estudos apontam para o eixo hipotalâmico-hipofisário- adrenal que controla as reações ao estresse. Na prática, esse sistema é responsável por liberar uma série de hormônios, incluindo o cortisol, que determinará nosso nível de alerta diante de diferentes situações no ambiente. Quando liberamos cortisol por muito tempo, o estresse muitas vezes dá lugar à depressão e é por isso que alguns pesquisadores estão convencidos de que muitos dos sintomas depressivos podem realmente ser explicados por esse mecanismo. De fato, pesquisadores da Universidade de Cambridge, recentemente, elaboraram um teste simples de saliva por meio do qual as chances de sofrer depressão podem ser previstas. Nesse teste, um único biomarcador é avaliado: cortisol. 4. Genética. Até o momento, o “gene da depressão” ainda não foi encontrado, mas os geneticistas estão otimistas, já que acham que esse gene pode estarligado ao mesmo gene que causa o transtorno bipolar. Os dados manipulados até agora indicam que pode haver uma base genética. Por exemplo, sabe-se que em parentes de primeiro grau a incidência de depressão é de 15% enquanto que, no resto das pessoas é de apenas 5,4%. Por outro lado, estudos com gêmeos mostraram que, se um deles sofre de depressão e o outro compartilha a maioria de seus genes, há uma chance de 46% do outro também desenvolver depressão. No momento, existem vários genes sob pesquisa. Um deles está ligado à síntese de dopamina e outros meios de transporte da serotonina, o que não é de se surpreender já que pessoas deprimidas têm um déficit de ambos os neurotransmissores. Mesmo assim, deve-se esclarecer que a depressão é parte do que é conhecido como “doenças geneticamente complexas”, o que significa que fatores genéticos e ambientais influenciam na sua manifestação. De fato, a predisposição genética não significa que a pessoa vá desenvolver um quadro depressivo apenas que é mais vulnerável. 5. Inflamação do cérebro devido à dieta. Nos últimos anos, mais e mais pesquisadores estão considerando a dieta como causa da depressão. Segundo os nutricionistas, uma dieta inadequada pode ser a principal responsável pela inflamação no cérebro revelada pelos exames. Um dos principais fatores que promovem a inflamação são o açúcar e o glúten. O problema é que não somos capazes de perceber a inflamação do cérebro como em outras partes do corpo, de modo que ela segue inexoravelmente seu curso. De fato, foi constatado que 52% das pessoas que têm sensibilidade ao glúten também sofrem de depressão. Diferentes estudos realizados em todo o mundo demonstram que o consumo de junk food (comida pronta de baixo valor nutritivo) potencializa a depressão e quanto mais comermos esse tipo de alimento mais graves serão os sintomas. Além disso, hoje sabe-se que existem alguns alimentos que contribuem com a depressão, após seu aparecimento. O corpo humano tem 12 bilhões de neurônios. Os neurotransmissores são substâncias químicas sintetizadas liberadas pelos neurônios e responsáveis por sensações como prazer, conforto e bem-estar. Sabe-se que neurotransmissores cerebrais têm um papel relevante no processo da depressão. A serotonina é a substância que ajuda a controlar o humor e diversas outras funções vitais do organismo, como o sono. Já a noradrenalina ajuda a produzir o hormônio adrenalina com efeito estimulante e que cria o estado de alerta em situações de perigo. A depressão se traduz como uma desordem no cérebro, órgão que tem dificuldade de manter o equilíbrio dos níveis de serotonina e noradrenalina no corpo. Remédios antidepressivos não produzem essas substâncias, mas aumentam os níveis delas. Para controlar o equilíbrio dessas substâncias nas células, o corpo produz a enzima monoaminoxidase, que elimina o excesso de neurotransmissores. Pessoas deprimidas, geralmente, não têm níveis baixos de neurotransmissores, mas a enzima trabalha “demais”, atrapalhando o fluxo livre de liberação da serotonina e noradrenalina. Antidepressivos atuam na inibição da monoaminoxidase para que os níveis desses transmissores permaneçam altos. Especialistas classificam a depressão em bipolar (também conhecida como PMD - Psicose Maníaco Depressiva) ou unipolar. A PMD alterna momentos de euforia (quando provavelmente há excesso de neurotransmissores) e profunda depressão, quando provavelmente há falta. A do tipo unipolar é relacionada à melancolia sem fim. A OMS recomenda que casos de depressão moderada ou grave devem ser tratados com medicação capaz de aliviar seus sintomas com dosagens específicas para cada paciente. O ideal é que o tratamento conte com psicoterapeutas e psiquiatras que ajudem a trabalhar as questões emocionais da pessoa. Pesquisadores testam novas formas eficazes de tratamento da depressão com estudos que buscam identificar as áreas exatas no cérebro relacionadas a determinadas sensações. Se localizarem com sucesso, no futuro, será possível ter aparelhos para estimular ou inibir áreas de um cérebro deprimido. Atualmente, tratamentos com estimulação cerebral com eletrodos diminuem os sintomas, mas são recomendados muito raramente e para casos mais extremos. A carga elétrica parece aumentar o efeito da dopamina e afetar os outros neurotransmissores, além de estimular o metabolismo do córtex frontal. Um pouco menos invasiva é a técnica com ressonância magnética, que estimula o cérebro com ondas eletromagnéticas que aumentam o fluxo sanguíneo na área e, consequentemente, sua atividade cerebral. Terapias complementares e a adoção de hábitos saudáveis ajudam na recuperação e na prevenção da depressão. Ter uma alimentação nutritiva diária, evitar o uso de drogas e o consumo de álcool, praticar esportes (exercícios produzem endorfina) e atividades de relaxamento e meditação são importantes ferramentas para combater o estresse e enfrentar e superar problemas. A ciência também relaciona problemas hormonais e genéticos às causas da depressão. Nas mulheres, os níveis flutuantes dos hormônios estrogênio e progesterona influenciam o humor. Em relação aos genes, estudos apontam que a predisposição para a depressão pode ser hereditária. Se descobrirmos uma maneira de identificar a depressão por subtipos genéticos, poderemos encontrar tratamentos específicos. A depressão pode ter cura sim. Entretanto, como suas causas ainda não estão totalmente esclarecidas, não existe apenas um, mas vários tipos de tratamentos para a depressão. O mais indicado pelos especialistas é o uso de medicamentos em conjunto com a psicoterapia. Além desse, há ainda o tratamento realizado em hospitais, a terapia eletroconvulsiva, a estimulação magnética transcraniana e os tratamentos alternativos. Psicoterapia A psicoterapia é um tratamento baseado na conversa sobre a condição do paciente com um profissional da área da saúde mental. Dentre as inúmeras ajudas que a psicoterapia pode dar estão: Ajudar em uma crise ou outra dificuldade atual; Identificar os comportamentos negativos da pessoa e substituí-los por outros saudáveis e positivos; Explorar relacionamentos e experiências para que interações positivas com os outros sejam desenvolvidas; Encontrar maneiras melhores de lidar com os problemas; Identificar as questões que contribuem para sua depressão e comportamentos que piorem o estado; Recuperar a satisfação e o controle da própria vida; Ajudar a definir metas realistas para a sua vida; Desenvolver a capacidade de tolerar e aceitar o sofrimento utilizando-se de comportamentos mais saudáveis. Tratamento em hospitais e clínicas especializadas Em algumas pessoas a depressão é tão forte que o tratamento precisa ser realizado em hospitais, isso porque, muitas vezes, elas não conseguem cuidar de si mesmos por conta própria. Por acharem que a vida é muito difícil, podem recorrer a saídas como o suicídio ou a automutilação. Terapia eletroconvulsiva Realizada sob efeito de anestesia, a terapia eletroconvulsiva é feita por meio de correntes elétricas que passam pelo cérebro do paciente e têm a função de oferecer alívio imediato dos sintomas da depressão. Esse tipo de tratamento é utilizado em pessoas que não possuem melhora com os medicamentos. Estimulação magnética transcraniana Tipo de tratamento também realizado em pessoas que não obtiveram melhora com os medicamentos, a estimulação magnética transcraniana é realizada por meio de uma bobina de tratamento que é colocada contra o couro cabeludo do paciente. Essa bobina envia breves pulsos magnéticos para estimular as células nervosas do cérebro que trabalham na regulação do humor e depressão. Normalmente, esse tratamento tem duração de seis semanas com até cinco tratamentos por semana. Tratamentos alternativos Os tratamentos alternativos não substituem os realizados pelos especialistas, porém podem ser de extrema ajuda caso feitos em conjunto. Alguns exemplos desses tratamentos são os seguintes: Ômega 3; Acupuntura; Técnicas de relaxamento. Meditação; Massagem terapêutica;Terapia de música ou arte; Espiritualidade; Exercício aeróbico; Homeopatia. Remédios mais utilizados Em primeiro lugar, é preciso saber que nem sempre um medicamento terá o mesmo efeito em diferentes pessoas. Portanto, a ida ao médico é imprescindível, pois apenas ele poderá indicar qual é o melhor para o seu tipo de depressão. Os medicamentos utilizados no tratamento da depressão podem ser divididos nas seguintes categorias: Inibidores da recaptação da serotonina; Inibidores seletivos da recaptação da serotonina-noradrenalina; Inibidores da recaptação da norepinefrina-dopamina; Antidepressivos atípicos; Antidepressivos tricíclicos; Inibidores da monoamina oxidase; Outros medicamentos. Dentre esses medicamentos, estão os seguintes: Amitriptilina Amytril Alenthus Xr Anafranil Ansitec Assert Cinarizina Citalopram Clomipramina Clonazepam Clopam Cymbalta Daforin Donaren Escitalopram Exodus Efexor Xr Fluoxetina Lexapro Lorax Lorazepam Mirtazapina Pamelor Prozac Paroxetina Sertralina Risperidona Rivotril NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento, sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica. As complicações da Depressão Se não tratada o quanto antes e de maneira correta, a depressão pode ocasionar sérias complicações: Peso em excesso, o que pode levar a doenças cardíacas e diabetes; Dores e doenças físicas; Abuso de álcool ou drogas; Ansiedade, transtorno do pânico ou fobia social; Conflitos familiares, dificuldades em relacionamentos, problemas no trabalho ou na escola; Isolamento social; Pensamentos suicidas, tentativas de suicídios ou suicídio; Automutilação; Morte prematura por outras condições médicas. Depressão como superar Além do tratamento médico, é preciso que o paciente se ajude. Para isso, algumas dicas são bastante válidas para que a superação da doença possa acontecer: Simplifique sua vida; Não se isole; Aprenda maneiras de relaxar e controlar o seu estresse; Estruture seu tempo; Não tome decisões importantes, quando você estiver mal; Mantenha-se ativo; Tenha uma boa alimentação; Encontre maneiras para se envolver novamente com o mundo. Como prevenir Por mais que não haja maneiras certeiras de se prevenir a depressão, algumas estratégias podem ser aplicadas: Tome medidas para controlar o estresse; Peça ajuda de seus familiares e amigos, quando estiver enfrentando um período difícil; Procure ajuda profissional ao primeiro sinal de depressão; Considere começar um tratamento de longo prazo para ajudar na prevenção de recaídas futuras. Muitas pessoas não sabem que sofrem de depressão por não conseguirem enxergar em si mesmas os sintomas característicos da doença. Portanto, se você conhece alguma pessoa que está tendo comportamentos típicos de alguém depressivo, converse com ela e sugira a procura médica. Quanto antes a doença for diagnosticada melhor! (1) _____________________________________ Fonte: (1) rinconpsicologia (2) Artigo escrito pelo psiquiatra Pérsio Ribeiro Gomes de Deus www.minhavida.com.br (3) Tradução e adaptação por Marcela Jahjah da equipe Fãs da Psicanális. Os mecanismos pelos quais a depressão se instala ainda não são totalmente conhecidos. Mas a medicina descobriu que o estado de depressão gera determinadas modificações químicas no corpo. Capítulo 4 Procurando entender o que é: 4.1 - Medo O Medo é uma reação que aumenta a nossa capacidade de atenção, de resposta, bem como os níveis de adrenalina. Investigadores afirmam que o medo não deve ser eliminado nem combatido. É saudável e importante termos medo, visto que esse visa a autopreservação. Além da nossa razão, que tem capacidade de fazer escolhas entre o bem e o mal, o medo não toma decisões; é um sistema muito mais rápido que a razão que visa a proteção do organismo. 4.2 - Fobia É entendida como um medo irracional, compreendido pelo próprio sujeito como desproporcional, possuindo uma reação exagerada, mas que não consegue reagir de forma a contrariá-lo. As pessoas com fobia descrevem-na como “sendo mais forte que elas”, inevitável e incontrolável. A fobia entra no campo da psicopatologia, a maioria dos objetos, lugares ou situações são subjetivos, isto é, o indivíduo interpreta como perigoso e ameaçador, muitas vezes, algo normal e inofensivo para outros indivíduos. Perante o objeto ou situação fóbica, o sujeito tem um pico de ansiedade associada, reconhecendo, muitas vezes, a inexistência do perigo, mas não consegue agir de forma diferente. Essa é considerada patológica, principalmente, quando áreas da vida do indivíduo começam a ser prejudicadas. As fobias estão divididas, segundo o DSM-IV em cinco grandes grupos: Animais (gatos, cães, aranhas, etc); Aspetos do ambiente natural (maremotos, relâmpagos, chuva, etc); Situações (falar em público, andar de avião, estar em espaços fechados, etc); Sangue (injeções, feridas, agulhas, operações, etc); Outros (medo de ter medo, medo das dores, medo de vomitar, etc). Existem fobias extremamente bizarras tais como: coulrofobia (medo de palhaços); globofobia (medo de borbulhas); algodãofobia (medo de bolas de algodão); ablutofobia (medo de tomar banho); androfobia (medo de homens); ergofobia (medo de trabalhar). Existe uma imensa lista de fobias: umas quase consideradas saudáveis outras extremamente patológicas. Portanto, o medo e a fobia são conceitos embora semelhantes em algumas dimensões podem ser considerados opostos noutras. Isto é, existem objetos ou situações específicas em que a diferença entre o medo e a fobia resume-se unicamente à forma e à intensidade da reação, como, por exemplo, a fobia a cobras ou outro perigo real. Podem ser considerado opostos, na medida que enquanto o medo preserva e protege a vida humana a fobia isola as pessoas, prejudicando o próprio bem-estar, como também o bem-estar das pessoas à sua volta. Por exemplo, toda as pessoas têm medo de algo, é uma reação inevitável. Porém, imagine se que toda as pessoas tivessem ergofobia (medo do trabalho) como seria a vida? Ou se todo o mundo tivesse androfobia (medo de homens), como a humanidade teria chegado até a atualidade sem reprodução? Visto isso, torna-se claro que o medo é algo benéfico e a fobia algo negativo tanto para o ser humano como para a humanidade em geral. (1) Porém, é importante referir que alguns investigadores distinguem medo de fobia pela objetividade do medo e a subjetividade da fobia. Não concordo inteiramente com essa distinção, visto que, em primeiro lugar, a realidade é sempre vivida de forma subjetiva, independente da objetividade exterior. Em segundo lugar, são raros os medos transversais a todas as épocas, povos e culturas. O que para nós é “objetivamente” perigoso e por isso evitado (como as cobras), para outros povos, pode ser inofensivo e procurado (alimentando-se de cobras). E você, qual o seu maior medo ou fobia? _______________________________________ (1) www.psicologiafree.com.br Psicólogo: Jorge Elias formado em psicologia da Educação. 4.3 - Ansiedade Ansiedade é um estado psíquico de apreensão ou medo provocado pela antecipação de uma situação desagradável ou perigosa. A palavra “ansiedade” tem origem no latim anxietas que significa “angústia”, “ansiedade”, de anxius = “perturbado”, “pouco à vontade”, de anguere = “apertar”, “sufocar”. O quadro de ansiedade vem acompanhado por sintomas de tensão, em que o foco de perigo antecipado pode ser interno ou externo. Considerada, até certo ponto, uma reação natural do ser humano e útil para se adaptar e reagir perante situações de medo ou expectativa, a ansiedade torna-se patológica, quando atinge um valor extremo, com carácter sistemáticoe generalizado, em que começa a interferir com o funcionamento saudável da vida do indivíduo. As causas mais comuns de ansiedade patológica são: Hipertireoidismo; Ansiedade generalizada; Crises de pânico; Fobias; Perturbação obsessivo-compulsiva; Síndrome de pós stress traumático; Depressão; Psicoses; Perturbação maníaco-depressiva. Trata-se de uma resposta emocional a um ou a vários estímulos, que podem estar tanto dentro quanto fora do paciente. Isso quer dizer que a ansiedade pode surgir a partir de pensamentos, sentimentos ou acontecimentos da vida em geral. Engloba aspectos corporais, grande ativação do sistema periférico e motor, e implica mudanças de comportamento. A ansiedade está relacionada com a sobrevivência, assim como o medo, a ira, a felicidade e a tristeza. Foi comprovado que, para preservar a integridade física frente a um ataque ou ameaça, as pessoas colocam em funcionamento respostas rápidas, adaptativas e eficazes. Estima-se que hoje em dia mais de 20% da população padece de transtorno de ansiedade e muitas pessoas sequer sabem disso. A explicação médica para esse problema é que, diante de uma situação de alerta, o organismo coloca o sistema adrenérgico em funcionamento, liberando sinais para o sistema nervoso central. Os sintomas da ansiedade são: a hiperatividade, a taquicardia, a sensação de afogo, a perda do controle e do raciocínio, tremores nas extremidades, transpiração excessiva, náuseas, insônia, debilitação ou rigidez muscular, inquietude motora, pensamentos negativos, obsessão ou problemas em comunicar-se com os demais. Por sua vez, ela também pode causar hipoglicemia ou arritmia cardíaca e transformar-se no transtorno de pânico. Nesse caso, o paciente pensa na própria morte ou que algo de mau vai acontecer com ele. A tensão arterial é enorreia nas mulheres e securelevada, há palpitações, rubor ou palidez no rosto, pressão no peito, aerofagia, perda de peso ou ansiedade por comidas. 4.4 – O que é tristeza Etimologicamente, esse termo se originou a partir do latim tristitia, palavra que designava o “estado de desânimo” ou “aspecto infeliz”. Tristeza é um sentimento e condição típica dos seres humanos caracterizado pela falta de alegria, ânimo, disposição e outras emoções de insatisfação. Todos os seres humanos ficam ou já ficaram tristes em algum momento de suas vidas. Essa é uma condição natural de todos os indivíduos. A tristeza pode se apresentar em diferentes graus de intensidade, variando desde a tristeza passageira, que normalmente dura alguns minutos ou horas, à tristeza profunda, que pode persistir por vários dias ou semanas, além de ser um sinal de problemas mais complexos como a depressão. Vários podem ser os motivos que desencadeiam sentimento de tristeza como uma desilusão amorosa, a perda de um emprego, a morte de um amigo ou familiar e outras situações que sejam encaradas de modo negativo pela pessoa, fazendo com que seja afetada psicologicamente. Entre os principais sintomas da tristeza está o desânimo, a falta de vontade de desempenhar tarefas rotineiras e de conviver socialmente. De acordo com psicólogo norte-americano, Paul Ekman, a tristeza é uma das “seis emoções básicas” do ser humano, assim como a felicidade, a raiva, a surpresa, o medo e o nojo. Tristeza profunda e depressão Muitas pessoas confundem o significado de depressão com o de tristeza profunda, embora ambas tenham algumas características semelhantes. A depressão é uma doença psicológica de caráter neuroquímico, ou seja, o indivíduo depressivo não precisa de nenhum motivo específico que lhe cause o sentimento de tristeza. Já a tristeza profunda tem a sua causa relacionada com algum acontecimento ou uma série deles que afetam intensamente o indivíduo. Resumidamente, a depressão é uma condição mais profunda e complexa, enquanto a tristeza profunda, mesmo durando algum tempo, tende a passar. 4.5 - Estresse O estresse é uma palavra que hoje em dia está na boca de todos. Pode aparecer após qualquer situação ou pensamento e nos fazer sentir ansiosos, furiosos ou frustrados. Por isso, os médicos dizem que ter estresse em níveis baixos é bom. No entanto, a situação é inversa quando ele aumenta. Estresse em excesso nos predispõe a sofrer todo o tipo de doenças, tanto físicas como psicológicas. Por exemplo, o estresse pode levar a um baixo nível de açúcar no sangue, à hiperatividade das tireoides, ao ataque cardíaco, ao aumento da secreção da bílis ou do colesterol nas artérias. Alguns dos sintomas habituais são as dores abdominais ou de cabeça, dificuldades para tragar ou digerir alimentos, enjoos, respiração agitada, insônia, frequência cardíaca irregular, sudorese excessiva, transtornos do sono, cansaço, fadiga, falta de concentração, problemas no rendimento sexual e pesadelos. Em alguns casos, o estresse se manifesta em forma de fobias ou transtornos psicológicos. Pesquisas afirmam que uma dieta deficiente em vitamina B12 também pode levar ao estresse. O mesmo acontece com o consumo excessivo de substâncias como o álcool, a nicotina ou medicamentos para a tireoide. 4.6 – Depressão Esse problema pode ser descrito como o fato de se estar triste, infeliz, melancólico, desolado ou descontente. Às vezes, existem motivos para tal, às vezes, não. A maioria das pessoas sente depressão ao menos uma vez na vida, quase sempre em períodos curtos. A depressão clínica é um transtorno que se mantém ao longo do tempo e que modifica o estado de ânimo. A pessoa afetada sente ira ou frustração por qualquer coisa e tem vontade de chorar a qualquer momento. A depressão é classificada em termos de gravidade: leve, moderada ou severa. Um médico psiquiatra pode determinar esse nível com uma ou várias sessões e recomendar o tratamento correto. Os sintomas mais comuns da depressão são: dificuldades para dormir, excesso de sono, mudanças no apetite (desde a ansiedade para comer tudo até períodos nos quais não se pode ingerir nada), aumento ou perda de peso, falta de energia, fadiga, ódio de si, sentimentos de inutilidade, culpa inapropriada, agitação, irritabilidade, inquietude, dificuldade para se concentrar, retração das atividades usuais, inatividade, abandono, desesperança, pensamentos de morte ou suicídio. A baixa autoestima é um dos sintomas mais comuns da depressão. Outro sintoma é a falta de prazer em atividades que usualmente nos faziam felizes, como passar algum tempo com a família ou ter relações sexuais. Para que o que sentimos possa ser diagnosticado como depressão, devemos apresentar cinco ou mais desses sintomas durante duas semanas consecutivas. A má notícia é que um terço dos pacientes que busca ajuda profissional padecem do transtorno. Podemos também encontrar a distimia, um tipo de depressão leve que dura anos. Agora, conheça alguns fatos que provocam a depressão: o parto (muitas mulheres sofrem da chamada depressão pós-parto), o ciclo menstrual (uma semana antes do período; os sintomas desaparecem durante a menstruação) e o estacional (ocorre em meses frios de inverno ou outono, mas acaba quando chegam a primavera e o verão; deve-se à falta de luz solar). 4.7 – Melancolia Melancolia é uma palavra de origem grega (μελαγχολία – melagcholía) que derivou do latim (melancholĭa), cujo significado é “bílis negra”. Desse modo, trata-se de uma tristeza profunda e apatia, quando a pessoa acometida se sente abatida, com o olhar direcionado ao infinito, às vezes, perdido e começa a emagrecer. Nem sempre a pessoa melancólica possui um motivo aparente que a deixa submersa nesse estado emocional que pode durar alguns dias ou até semanas. Não é de hoje que a melancolia é considerada uma doença. Por volta do século V a.C., o médico grego Hipócrates (460 a.C. - 377 a.C.) a descreveu como uma patologia em sua célebre teoria dos quatro humores corporais, que são: fleuma ou pituíta, sangue, bílis negra e bílis amarela. A saúde é o equilíbrio entre eles, (veja o capítulo 1, onde aparece a história da depressão ao longo da história). O desequilíbrio, a dor ou enfermidade ea influência de Saturno provocava a secreção da bílis negra no baço, e isso ocasionava a alteração do humor com o seu escurecimento que o levava para o estado de melancolia. Na medicina moderna, a melancolia só é considerada patológica, quando a mesma provoca a alteração normal do pensamento do paciente, bem como a dificuldade que o mesmo tem em realizar suas atividades ou interagir com as demais pessoas nos meios sociais. Nesse caso, ele deverá procurar um terapeuta ou psicólogo que possa orientá-lo. _____________________________________ (1) www.psicologiafree.com.br Psicólogo: Jorge Elias formado em Psicologia da Educação. Fonte indicada: Resiliência Humana www.psicologiadobrasil.com.br http://www.psicologiadobrasil.com.br/ Capítulo 5 Estatísticas sobre a depressão Disponível em http://www.appp.com.br/blog/depressao-mentes-cada-vez-mais-doentes/1173/ (Acesso em: 24 jul. 2015) Depressão cresce no mundo, segundo OMS; Brasil tem maior prevalência da América Latina (1) http://www.appp.com.br/blog/depressao-mentes-cada-vez-mais-doentes/1173/ Doença afeta 4,4% da população mundial e 5,8% dos brasileiros, segundo dados da OMS. O Brasil é o país com maior prevalência de ansiedade no mundo: 9,3%. A depressão é uma doença que atinge mais pessoas ao redor do mundo a cada ano. A depressão afeta 322 milhões de pessoas no mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (23) referentes a 2015. Em dez anos, de 2005 a 2015, esse número cresceu 18,4%. A prevalência do transtorno na população mundial é de 4,4%. Já no Brasil 5,8% da população sofre com esse problema, que afeta um total de 11,5 milhões de brasileiros. Segundo os dados da OMS, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo com maior prevalência nas Américas, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que têm 5,9% de depressivos. O país com menor prevalência de depressão nas Américas é a Guatemala, onde 3,7% da população tem o transtorno. Já o país com menor prevalência de depressão no mundo, segundo o relatório, são as Ilhas Salomão, na Oceania, onde a depressão atinge 2,9% da população. Além dos Estados Unidos, os países que têm prevalência de depressão maior do que o Brasil são Austrália (5,9%), Estônia (5,9%) e Ucrânia (6,3%). Brasil é recordista em ansiedade Ainda segundo a OMS, o número de pessoas com transtornos de ansiedade era de 264 milhões em 2015, com um aumento de 14,9% em relação a 2005. A prevalência na população é de 3,6%. É importante observar que muitas pessoas têm tanto depressão quanto transtornos de ansiedade. O Brasil é recordista mundial em prevalência de transtornos de ansiedade: 9,3% da população sofre com o problema. Ao todo são 18,6 milhões de pessoas. Segundo a OMS, o número de pessoas com transtornos mentais comuns, como a depressão e o transtorno de ansiedade, está crescendo, especialmente, em países de baixa renda, pois a população está crescendo e mais pessoas chegam às idades em que depressão e ansiedade são mais frequentes. Suicídio Em 2015, 788 mil pessoas morreram por suicídio. Isso representou quase 1,5% de todas as mortes no mundo, figurando entre as 20 maiores causas de morte em 2015. Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio foi a segunda maior causa de morte em 2015. É importante dizer que a depressão e a ansiedade são problemas de origens biológicas, psicológicas e sociais, fatores esses que podem causar mudanças na função cerebral como a não produção de neutransmissores que são os responsáveis pela sensação de bem-estar, além de alterar a atividade de circuitos neuronais do cérebro. “O individualismo e a carência das relações pessoais – onde há trocas afetivas – são fatores que contribuem para o aumento de depressão e da ansiedade na população”, diz psicanalista Claudia Livingston Ades, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e integrante do quadro do Zenklub. (2) Segundo a OMS, a depressão é a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano. Além da depressão, a entidade indica que, ao redor do mundo, 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade, uma média de 3,6%. “A ansiedade é um importante sinal de alerta diante do perigo; porém, quando crônica, torna-se preocupante”, reforça a psicanalista. “No Brasil, especificamente, estamos passando por mudanças em diversas esferas, o brasileiro desenvolveu um estado de alerta porque vive constantemente com medo. Medo da violência, do desemprego, das incertezas e outros fatores.” A ansiedade é uma resposta do corpo vinda do sistema nervoso autônomo, quando estamos diante de situações que nos trazem medo e estresse, mas o transtorno de ansiedade se torna um grave problema de saúde que pode gerar outras doenças como a síndrome de pânico. Depressão e ansiedade são problemas de saúde e precisam de orientação médica. “Fazer terapia é essencial para a pessoa entrar em contato com o que ela está sentindo. O profissional dá um feedback, consegue nomear o que ela está sentindo e, assim, estimular a pessoa a prestar mais atenção em si mesma e em suas reações físicas e causas. Quando ela tiver um incômodo externo, reagirá de forma adequada e não ignorará, evitando que o quadro piore” continua. “Você não pode ignorar suas emoções, é preciso ter consciência do que você está sentindo”. Depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas e é doença que mais incapacita pacientes, diz OMS Mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana em que a ONU lembra o Dia Mundial da Saúde (7). A agência da Organização das Nações Unidas - ONU decidiu marcar a data internacional com a campanha ‘Depressão: vamos conversar’. Segundo o organismo da ONU, a patologia já é considerada a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo, gerando perdas anuais de um trilhão de dólares. Depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na semana em que a ONU lembra o Dia Mundial da Saúde (7). O número de casos da doença estimado em 2015 representa um aumento de 18% desde 2005. Segundo o organismo das Nações Unidas, a patologia já é considerada a principal causa de problemas de saúde e incapacidade em todo o mundo, gerando perdas anuais de 1 trilhão de dólares. Para mobilizar mais esforços pela transformação desse cenário, a agência decidiu marcar a data internacional com a campanha “Depressão: vamos conversar”. Além de garantir que todos os pacientes recebam atendimento, a iniciativa quer estimular pessoas que vivem com o transtorno a buscar ajuda livres de qualquer estigma. Em países de alta renda, quase 50% dos indivíduos com depressão não recebem tratamento. “Estes novos números são um sinal de alerta para que todos os países repensem suas abordagens de saúde mental e tratem-na com a urgência que merece”, enfatizou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. Com a campanha, o organismo também chama atenção para a falta de investimentos no combate à doença. Em média, apenas 3% dos orçamentos de saúde dos governos são investidos em saúde mental, variando de menos de 1% em países de baixa renda a 5% em nações desenvolvidas. Nas Américas, cerca de 50 milhões de pessoas viviam com depressão em 2015 — o equivalente a quase 5% da população. Quase sete em cada dez habitantes da região que têm a doença não recebem o tratamento de que precisam. Segundo a agência da ONU, cada dólar investido na ampliação do tratamento para depressão e ansiedade leva a um retorno de quatro dólares devido a melhorias de saúde e da capacidade de trabalho. “A depressão afeta a todos nós. Não discrimina por idade, raça ou história pessoal. Isso pode prejudicar os relacionamentos, interferir na capacidade das pessoas de ganhar a vida e diminuir seu senso de autoestima”, disse a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, em pronunciamento para o Dia Mundial. A
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