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1 Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe- ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en- contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. multimídia Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. vivenciando Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê- -las com tranquilidade. áreas de conhecimento do Enem Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria- mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque- les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza- ção dos estudos e até a resolução dos exercícios. diagrama de ideias Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela- borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio- logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. conexão entre disciplinas Herlan Fellini De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. incidência do tema nas principais provas Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques- tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com- pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. teoria Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta- dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com- preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula. aplicação do conteúdo 2 © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020 Todos os direitos reservados. Autores Eduardo Antônio Dimas Tiago Rozante Diretor-geral Herlan Fellini Diretor editorial Pedro Tadeu Vader Batista Coordenador-geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Imagens Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) ISBN: 978-65-88825-09-9 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2020 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br 3 SUMÁRIO HISTÓRIA HISTÓRIA GERAL HISTÓRIA DO BRASIL Aulas 45 e 46: Nazismo e Guerra Civil Espanhola 6 Aulas 47 e 48: Segunda Guerra Mundial 17 Aulas 49 e 50: Guerra Fria: consolidação da ordem bipolar 30 Aulas 51 e 52: Guerra Fria: direitos civis e o fim da ordem bipolar 39 Aulas 45 e 46: Ditadura militar: governos Médici e Geisel 50 Aulas 47 e 48: Ditadura militar: governo Figueiredo e regimes militares sul-americanos 66 Aulas 49 e 50: Nova República: governos Sarney e Collor 82 Aulas 51 e 52: Nova República: governos Itamar, FHC, Lula e Dilma 94 4 Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, fa- vorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social. H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos. H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. 5 HISTÓRIA GERAL: Incidência do tema nas principais provas UFMG A análise das estruturas sociais, econômicas e culturais das temáticas estudadas neste livro costumam ser apresentadas em associação de fatos, conceitos históricos e imagens. Ademais, exige do candidato um domínio amplo de interpretação textual. No vestibular da instituição não são abordadas diretamente questões de História, mas há um grau de interdisciplinari- dade que permite o uso dos conhecimentos históricos para auxílio da resolução das questões e escrita da redação. As interações dos aspectos culturais, econômicos e sociopolíticos associados às temáticas estuda- das são abordadas com a utilização de textos longos e imagens. O caráter das questões é de âmbito reflexivo, trazendo temas históricos para o debate da atualidade. Na prova apresentada nos últimos vestibulares consta a presença das temáticas estudadas neste livro. A abordagem prioriza uma integração entre Medicina e História, principalmente voltada para temas como vacinas e disseminação de doenças. Os últimos vestibulares apresentam uma aborda- gem sobre as temáticas que levam em conside- ração os aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais, assim como as suas correlações durante o período estudado. Os últimos vestibulares abordam nazismo, Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, por meio de uma correlação entre os aspectos sociais, econômicos e políticos. Ademais, exige do candi- dato um domínio amplo de interpretação textual e imagética. Percebe-se que o vestibular não tem contemplado com frequência os temas abordados neste livro. Entretanto, o caráter da prova exige do candidato um domínio amplo de interpretação textual e estabelecimento de conexões entre diferentes áreas do conhecimento. As temáticas presentes neste livro são abordadas no Enem por meio de análises dos aspectos sociopolíticos, econômicos e culturais. Além disso, para responder às questões, o candidato necessita interpretar uma combinação de documentos e imagens. Questões sobre nazismo, Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria têm sido abordadas neste vestibular com enfoque nas estruturas sociais, econômicas e culturais. Utiliza variadas fontes para elaborar suas perguntas, entre as quais imagens, tabelas e documentos. O vestibular solicita análises de estruturas históricas em suas questões, que propõem aos candidatos uma reflexão sobre as temáticas elencadas, estabelecendo relações com o mundo contemporâneo. Utiliza documentos e imagens de forma mesclada em suas questões. Na prova, não há uma divisão clara entre História e Geografia, que são abordadas como Estudos Sociais, portanto, não existem definições específicas de tema, mas sim um grau elevado de interdisciplinaridade. Há uma tendência em abordar temas contemporâneos. A banca do vestibular elabora questões de múltipla escolha direcionadas aos candidatos que pretendem uma vaga nos cursos de Enfermagem, Biomedicina e Medicina. Há uma tendência em abordar temas contemporâneos. No vestibular não são contemplados diretamente temas de História, entretanto, há um grau de interdisciplinaridade que permite o uso dos conhe- cimentos históricos para auxílio da resolução dos exercícios, interpretação de tabelas/imagens e escrita da redação. A banca do vestibular privilegia que o candi- dato realize análises e interpretações sobre diferentes processos históricos e perceba suas continuidades e rupturas. Assim, utiliza textos in- trodutórios e imagens para elaborar as questões sobre as temáticas estudadas. Há um tema determinado pela própria organização do vestibular que percorre toda a prova e nele pode-se englobar as temáticas abordadas neste livro, por meio da associação entre os aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos. 6 Nazismo e Guerra Civil espaNholaAULAS 45 e 46 CompetênCias: 1, 2, 3, 4, 5 e 6 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 19, 20, 21, 22, 27 e 29 1. Nazismo “Vida longa à alemanha”, cartaz de propaganda nazista. 1.1. Introdução A Primeira Guerra Mundial gerou uma grande crise no sistema capitalista europeu, que foi se tornando crônica. Grandes Impérios, como o Austro-húngaro e o Turco-oto- mano, desapareceram e as economiaseuropeias ficaram totalmente arruinadas. A Alemanha, maior potência indus- trial antes da guerra, foi arrasada pelo Tratado de Versa- lhes. Não só os países perdedores estavam arruinados: a Europa inteira conhecia recessão, inflação e desemprego. Com o fermento produzido pela crise econômica, ganhou força o socialismo na Rússia e os partidos de esquerda cresceram na Europa, assustando os burgueses. Na Itália e na Alemanha, por exemplo, insurreições e agitações de tra- balhadores obrigaram as burguesias desses países a fazer certas concessões. A crise de 1929 – iniciada nos Estados Unidos e rapidamen- te espalhada na Europa – aprofundou a crise do capitalismo europeu. Nesse contexto veio o declínio das democracias parlamentares, permitindo o surgimento de Estados totalitá- rios, como a Alemanha nazista. 1.2. A Alemanha pós-guerra Nos últimos dias da Primeira Guerra Mundial, uma revolu- ção derrubou o Governo Imperial alemão e levou à criação de uma república democrática. O novo Governo, chefiado pelo chanceler Friedrich Ebert, um social-democrata, assi- nou em 11 de novembro de 1918 o armistício que pôs fim à guerra. Pouco depois, o humilhante Tratado de Versalhes impunha à Alemanha cláusulas que reduziram sua área territorial e arrasaram sua economia. 1.3. O Levante Espartaquista Em 1918, a economia alemã estava arruinada. Se comparado a 1913, a produção industrial diminuíra 57% e a agrícola, 50%. Tal situação propiciava a instauração do caos político e social. No final de 1918, o setor mais radical do Partido So- cial-Democrata, a Liga Espartaquista, rompeu com o setor moderado e fundou o Partido Comunista. Em janeiro de 1919 ocorreu o primeiro levante armado contra a recém-instaura- da República. Conhecido como o Levante Espartaquista, esse movimento revolucionário comunista, liderado por Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, eclodiu em Berlim e irradiou- -se para outros centros, como Hamburgo, Baviera, Bremen, Magdeburgo, Saxônia e Sarre. A repressão foi imediata e bru- tal. O Exército e setores voluntários monarquistas naciona- listas lideraram a repressão. Oficiais de direita assassinaram Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, deixando seus corpos nos esgotos da cidade. Os mesmos militares incumbiram-se de eliminar os focos comunistas em outras cidades da Ale- manha, inclusive na Baviera, onde Kurt Eisner foi assassinado. leVante espartaquista de 1919 7 1.4. A República de Weimar (1919–1933) Em fevereiro de 1919, a Assembleia Nacional recentemen- te eleita reuniu-se em Weimar para preparar a constitui- ção do novo Estado. Nascia assim a República de Weimar (1919–1933). Uma nova constituição – a Constituição de Weimar –, redigida por Hugo Preuss, foi aprovada pela Assembleia Nacional e assinada pelo presidente Ebert. A Constituição definia a República como federativa, parla- mentar e democrática. O presidente seria eleito pelo voto direto universal, pelo período de sete anos. Indicaria um chanceler, a quem caberia efetivamente o exercício do go- verno. Ele poderia aplicar as leis, submetê-las a uma apro- vação popular, dissolver o Parlamento e adotar medidas excepcionais em caso de crise. O Parlamento foi dividido em duas câmaras: o Reichstag, formado por deputados eleitos, e o Reichsrat, formado pe- los representantes dos estados federados. O presidente eleito Ebert organizou a nova República e governou com uma frágil composição partidária formada por social-democratas, representantes dos operários sindi- calizados das regiões protestantes, pelo Partido de Centro Católico – defensor dos pequenos proprietários do Sul e do Oeste da Alemanha – e pelo Partido Democrata, represen- tante da alta burguesia. 1.5. A crise econômica Terminada a Primeira Guerra Mundial, a economia alemã estava arruinada. Durante a guerra, sem poder aumentar os impostos sobre os ganhos de capital, as finanças foram equilibradas através da emissão monetária. O grande vo- lume de dinheiro em circulação provocou a desvalorização do marco (moeda alemã): em 1914, um dólar valia 4,2 marcos e, no início de 1922, 182 marcos. crianças brincam com o dinheiro alemão durante a hiperinflação. nota de 10 milhões de marcos, em 1923, na alemanha. Em 1923, a situação complicou-se. A ocupação pela França da região industrial do Ruhr, com a finalidade de garantir o pagamento das indenizações estipuladas pelo Tratado de Versalhes, elevou a crise a níveis insustentáveis. O número de desempregados chegou a cinco milhões de pessoas; a infla- ção desvalorizou ainda mais o marco a ponto de um dólar valer oito bilhões de marcos! A confusão instalou-se. Cida- des e empresas foram autorizadas a emitirem moedas auxi- liares. O salário variava no decurso do mesmo dia, enquanto os camponeses recusavam-se a ceder a produção em troca de papel-moeda, fazendo ressurgir o sistema de escambo. fonte: Youtube multimídia: vídeo O grande ditador Adenoid Hynkel (Charles Chaplin) assume o governo de Tomainia. Ele acredita em uma na- ção puramente ariana e passa a discriminar os judeus locais. Esta situação é desconhecida por um barbeiro judeu (Charles Chaplin), que está hospitalizado devido à participação em uma batalha na Primeira Guerra Mundial. Ele recebe alta, mesmo sofrendo de amnésia sobre o que aconteceu na guerra. Por ser judeu, passa a ser perseguido e precisa viver no gueto. 1.6. Hitler e as origens do Partido Nazista A derrota na guerra, a humilhação e as dificuldades im- postas pelo Tratado de Versalhes, a consequente crise eco- 8 nômico-financeira, o temor gerado pelas agitações sociais colocavam o governo social-democrata em uma incômoda situação, pressionado pelos mais variados segmentos da sociedade. Nessas condições, em 1919 foi fundado em uma cervejaria de Munique um partido semelhante ao fascista da Itália. Um ano depois, ele assumia o nome de Partido Nacional-Socialis- ta dos Trabalhadores Alemães ou Partido Nazista. Em setembro de 1919, o ex-cabo do Exército alemão, Adolf Hitler, aderiu ao então minúsculo Partido Nazista. Mostran- do uma fantástica energia e uma extraordinária capacida- de como orador demagógico, propagandista e organizador, tornou-se rapidamente o líder do partido. Líder, Hitler in- sistiu na autoridade absoluta e total fidelidade, exigência que coincidia com o anseio popular de um líder forte que consertasse a nação em ruínas. adolf hitler, o primeiro sentado à esquerda, durante a primeira guerra mundial. A filosofia fascista foi difundida na Alemanha por Hitler, que nasceu na Áustria e lutou na Primeira Guerra Mundial pelas tropas germânicas, sem aceitar que a derrota fora causada pela superioridade bélica dos inimigos (Entente), mas pelos traidores internos da pátria: judeus, socialistas e liberais. Hitler considerou o Tratado de Versalhes uma hu- milhação, que não deveria ser aceito pela liberal República de Weimar. Passou a apoiar o antigo militarismo mitológico dos bárbaros germânicos, o autoritarismo do Kaiser, a per- seguição contra socialistas, judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, eslavos, poloneses, homossexuais e deficientes físicos e mentais. Como Mussolini, Hitler levou atitudes e técnicas mili- tares para a política. Uniformes, saudações, emblemas, bandeiras e outros símbolos davam aos membros do partido uma sensação de solidariedade e camaradagem. Nos comícios de massa, Hitler era um orador fascinante, com desempenhos espantosos. Com os punhos cerrados, gestos agressivos, olhos hipnóticos e rosto conturbado pelo ódio, criticava repetida e furiosamente o Tratado de Versalhes, o marxismo, a República de Weimar e os judeus, inflamando e hipnotizando o público. Hitler percebia ins- tintivamente os sentimentos, ressentimentos e anseios mais íntimos da multidão. Em 1923, aproveitando-se do clima geral de insegurança e crise que dominava a República de Weimar, Hitler liderou uma tentativa de golpe na Baviera, o Putsch de Munique, apoiado por Ludendorff. O golpe fracassou, foi preso e con- denado acinco anos de prisão. Mas foi libertado oito meses depois. Na prisão, aproveitou o tempo para escrever a primei- ra parte de seu livro Mein Kampf (Minha luta), obra que con- tém os fundamentos da ideologia nazista: repúdio ao Tratado de Versalhes, antissemitismo, anticomunismo, nacionalismo exacerbado, Estado totalitário, unipartidarismo, superioridade da raça alemã (raça ariana), expansionismo (“espaço vital”) e militarismo. “as massas são despertadas pela palaVra falada, não pela escrita – por uma onda de paixão cálida proVeniente do orador que como golpes de aríete pode abrir os portões do coração do poVo” (adolf hitler, mein Kampf). 1.7. A ascensão de Hitler O período de 1924 a 1929 caracterizou-se pela recupera- ção econômica da Alemanha e pelo refluxo do movimento nazista. A recuperação contou com a ajuda do capital nor- te-americano, através do Plano Dawes1, que consistia em consideráveis empréstimos para auxiliar o ressurgimento industrial alemão. Após o Putsch de Munique, o prestígio dos nazistas estava bastante abalado. Nas eleições de 1924 obtiveram apenas 3% dos votos e 14 cadeiras no Parlamento. Já os comunis- tas contaram com uma votação maior, 9%, e o centro e os social-democratas dominavam o cenário político, com 26% dos votos. Com isso, os socialistas necessitavam do apoio conservador para se manter no poder. Mas em 1925, a direita apoiou a candidatura do marechal Hindenburg, que foi eleito presidente com uma pequena vantagem sobre o candidato socialista. Monarquista con- victo, o novo presidente sonhava em restaurar o Império e imprimiu ao seu governo um caráter ultraconservador. Entretanto, o ministério encontrava muita dificuldade para se manter no poder, dada a fragilidade das alianças entre moderados e direitistas conservadores. Enquanto isso, depois que Hitler saiu da prisão, o Partido 9 Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães reestrutu- rou-se. Organizaram-se grupos paramilitares, como as SA (seções de assalto), cuja incumbência era disseminar a vio- lência contra os opositores da ideologia nazista. Em 1929, no entanto, a Alemanha sofreu violentamente os reflexos da crise que havia começado em Nova Iorque. Os norte-americanos retiraram seus capitais e não renova- ram os empréstimos de curto prazo. O mercado mundial fechou-se e provocou o fechamento de fábricas alemãs e desemprego em massa. As exportações, que em 1929 atin- giram a cifra de 113,7 bilhões de dólares, baixaram para 98,7 bilhões, em 1933; a produção industrial caiu 39%; a fundição de aço, de 16,1 milhões toneladas em 1929, estava reduzida a 5,6 milhões em 1932. Nesse ano, o de- semprego atingiu sete milhões de trabalhadores. Ressurgiu a agitação social e com ela o temor de uma revolução so- cialista nos moldes do que ocorrera na Rússia. A incapacidade de o governo parlamentar solucionar a crise contribuiu para a polarização das forças políticas e para o fortalecimento dos partidos comunista e nazista – financiado por industriais e banqueiros, temerosos com o crescimento do comunismo. Nas eleições de 1930, os nazistas elegeram 107 deputados para o Reichstag (Parlamento), com 6,5 milhões de votos. Em 1932, conquistaram 280 cadeiras, com 13,5 milhões de votos, seguidos do Partido Social-Democrata, com oito milhões de votos. Assim fortalecido, o partido com um mi- lhão de membros passou a atacar o adversário com as SA (tropas de choque) e as SS, que somavam 400 mil homens e compunham um exército particular nazista. Hitler exigiu e recebeu o cargo de chanceler em 30 de janeiro de 1933. Consumava-se assim a ascensão do nazismo ao poder. 1.8. O Terceiro Reich alemão hitler ao lado do presidente hindenburg, em agosto de 1933. Com a autorização do presidente Hindenburg, foram con- vocadas novas eleições após a dissolução do Parlamento. A campanha eleitoral foi um verdadeiro terror: reuniões in- vadidas, jornais depredados, assassinatos de líderes rivais. Em 27 de fevereiro de 1933, os nazistas incendiaram o Parlamento alemão e culparam os comunistas, que foram presos junto com os socialistas e os liberais hostis ao nazis- mo. Restabeleceu-se a pena de morte e foram suspensas as garantias individuais e civis. A pretensa conspiração comunista tinha a finalidade de levar os eleitores a votar no Partido Nazista. Os nazistas tiveram 44% dos votos e os comunistas eleitos (81 de- putados) foram excluídos do Parlamento, o que deu aos nazistas maioria absoluta. A 23 de março, Hitler conseguiu do Parlamento o voto que lhe dava plenos poderes. Começou a aplicar alguns pontos do programa nazista: to- dos os partidos políticos foram suspensos (exceto o nazis- ta), os sindicatos foram extintos, os privilégios dos Estados foram diminuídos em favor do poder central, o direito de greve foi cassado, os jornais da oposição foram fechados, a censura à imprensa foi estabelecida e as primeiras medidas antissemitas foram postas em prática. A principal oposição a Hitler surgiu dentro do pró- prio partido. Em 30 de junho de 1934, centenas de oponentes da SA foram massacrados, metralhados de surpresa em uma reunião. Foi a Noite dos Longos Punhais. Ao todo foram mortas três mil pessoas em toda a Alemanha sem contar os que foram juntar-se aos comunistas e judeus nos campos de concentração recentemente abertos. Com a morte do presidente Hindenburg, Hitler assumiu o título de Führer (guia), acumulando as funções de chan- celer e presidente. Nessas condições, anunciou ao mundo a fundação do Terceiro Reich (Terceiro Império) alemão. O membros do Partido Nazista ocuparam todos os cargos da administração pública e a política reduziu-se às mani- festações anuais do partido, os congressos realizados em Nuremberg. O Parlamento, cem por cento nazista, reunia- -se intermitentemente, dependendo da vontade de Hitler de convocá-lo. Os judeus foram duramente perseguidos e excluídos da administração, do ensino, do jornalismo, das ativi- dades artísticas e literárias. Pelas leis de Nuremberg, de 1935, passavam à condição de súditos e perdiam direitos civis, acesso a lugares públicos, casamento com “arianos”, punido como crime de profanação ra- cial. O antissemitismo nazista chegou ao auge durante a Segunda Guerra Mundial, com a solução final. Es- tima-se que aproximadamente seis milhões de judeus tenham sido mortos ao longo de todo Terceiro Reich (1933–1945) 10 soldados nazistas colam um cartaz na Vitrine de uma loja, em berlim, com os dizeres: “alemães! defendam-se! não comprem de judeus”. fonte: Youtube multimídia: vídeo A onda A escola onde o professor Rainer Wenger leciona começa a oferecer cursos voltados a temas po- líticos, e ele fica responsável por ministrar o de autocracia. Durante o mesmo, o professor perce- be que os alunos, parte da terceira geração após a Segunda Guerra Mundial, não acreditam que uma ditadura poderia surgir na Alemanha mo- derna, então ele começa um experimento para mostrar o quão fácil é manipular as massas. uma frente de patrões, em estilo corporativo, supervisio- nadas pelo Führer. As grandes empresas foram prote- gidas, impondo-se a formação de cartéis e acelerando a concentração industrial. Buscou-se o desenvolvimento econômico com base nos planos quadrienais. No primeiro plano, em 1933, foram realizados numerosos empreendimentos públicos para ab- sorver a mão de obra: aeroportos, autoestradas e ferrovias. O desemprego praticamente desapareceu em 1937, mas o grande trunfo foi o desenvolvimento da indústria bélica, que provocou a retomada industrial. Uma inflação disfar- çada e empréstimos forçados financiaram essas atividades. Foi determinada também a obrigatoriedade de pagamento das importações alemãs com produtos da indústria alemã, o que correspondia às necessidades dos países da Europa Central exportadores de produtos primários. O segundo plano quadrienal, 1936, já sob a direção do marechal Goering, tinha por finalidade libertar ao máximo a Alemanha das matérias-primas importadas. Retomou-sea exploração de minérios, avançou-se na pesquisa têxtil, na produção de borracha, de carburantes e de petróleo. Em 1939, a indústria alemã era a segunda mais poderosa do mundo. Faltavam, entretanto, minerais para desenvol- ver totalmente a indústria siderúrgica. A agricultura supria as necessidades do país em cerca de 75%. O fantástico desenvolvimento da indústria bélica exigia grande quan- tidade de matéria-prima o que, por sua vez, alimentava pretensões expansionistas. Todo o esforço de produção bélica tinha por alvo a expansão militarista sobre outros países, contribuindo diretamente para a eclosão da Segun- da Guerra Mundial. O Ministério do Esclarecimento Popular, dirigido por Joseph Goebbels, controlava a imprensa, a publicação de livros, o rádio, o teatro e o cinema. A propaganda nazista buscava condicionar a mente a reverenciar o Führer e a obedecer ao regime. Concentrando-se no mito da raça e na infalibilida- de do Führer, a propaganda nazista tentava desorientar a Outros adversários não foram poupados. Milhares de obras foram destruídas ou excluídas dos museus, consideradas arte degenerada: abstracionismo, impressionismo e cubismo. O Estado nazista realizava uma intervenção moderada na economia. Procurava controlar o mundo do trabalho e orientar a produção sem alterar basicamente a estrutura capitalista. Todas as atividades econômicas foram inte- gradas de modo a harmonizarem a produção. O Estado fixava a jornada de trabalho, os salários e os lucros dos empresários, bem como velava pela formação profissional e pelo lazer dos trabalhadores. No campo foi criado o Er- bhof, domínio familiar com menos de 25 acres, inaliená- vel, indivisível e transferível a um só herdeiro. Realizava-se uma frente de trabalhadores, operários e camponeses e 11 setores dominantes na sociedade espanhola levaram o país a um impasse. Surgiu nessa época um pequeno partido de características fascistas, denominado Falange. Para as eleições gerais de 1936, anarquistas, comunistas, socialistas radicais, socialistas moderados, empresários liberais e minorias nacionais da Catalunha e províncias bascas formaram a Frente Popular. Vitoriosos nas eleições, os partidos da Frente procuraram efetivar várias reformas sociais prometidas em campanha. O presidente eleito, Ma- nuel Azaña, anistiou 30 mil presos políticos, retomou a re- forma agrária, deu autonomia à Catalunha e implementou a reforma da educação. Em 18 de julho de 1936, o general Francisco Franco deu início a um levante contra o governo republicano. Recebeu a adesão da Falange, de latifundiários, dos ban- queiros, dos industriais, da maior parte da classe média e de amplos setores da Igreja, à exceção do clero catalão e basco. Ao lado do governo republicano legalista estavam operários, camponeses, catalães, bascos, pequenos indus- triais, enfim, todos que acreditavam na democracia. Como tentativa de se defender, em outubro de 1936 o governo republicano decretou a formação de um exército popular. Começava assim a Guerra Civil Espanhola. adolf hitler e francisco franco Essa guerra tornou-se rapidamente um foco de tensão in- ternacional. Os republicanos contavam com um pequeno apoio material dos soviéticos e com o auxílio das Brigadas Internacionais, batalhões formados por operários, estu- dantes, intelectuais e militantes de esquerda dos mais di- versos países. Alguns escritores famosos participaram des- sas brigadas, como Ernest Hemmingway e George Orwell. mente racional e dar ao indivíduo novos modelos nos quais acreditar e obedecer. A propaganda visava moldar toda a nação a pensar e responder de acordo com os comandos do Estado líder. “(...) Em maio de 1933, professores e alunos queimavam orgulhosamente livros considerados como uma ameaça à ideologia nazista. Muitos acadêmicos elogiavam Hitler e o novo regime. Cerca de 10% dos professores univer- sitários, principalmente judeus, social-democratas e libe- rais, foram demitidos, muitas vezes com a aprovação de seus colegas.” marVin perrY ciVilização ocidental: uma história concisa. são paulo: martins fontes, 1999, p. 582. (adaptado) Embora não retrate especificamente a ascen- são do nazismo, o livro consegue abordar uma série de elementos importantes a se observar sobre regimes totalitários e suas práticas. 1984 multimídia: livros 2. a Guerra Civil espaNhola (1936–1939) Um fato colaborou com as tensas relações que antecede- ram a Segunda Guerra Mundial: a guerra civil deflagrada entre fascistas e republicanos na Espanha. Como toda a Península Ibérica, esse país era atrasado e predominante- mente agrário até o início do século XX, quando teve início seu processo de industrialização. Nos primeiros anos da década de 1930, a Espanha já possuía nas cidades uma parcela de sua população vinculada ao desenvolvimento industrial, que exigia mudanças no antigo regime. Em 1931, o rei Afonso XIII, pressionado pelas camadas ur- banas que exigiam a República, abdicou. Estabeleceu-se então um governo comandado pela burguesia liberal. O crescimento das reivindicações populares, o anticlericalismo, o autonomismo das regiões economicamente mais adian- tadas (Catalunha e províncias bascas), a reação dos antigos 12 Os falangistas, por sua vez, comandados por Francisco Franco, contaram com amplo apoio da Alemanha e da Itá- lia. Fascistas e nazistas auxiliaram as forças nacionalistas – como ficaram conhecidos os comandados por Franco –, por meio de homens e de ajuda material e bélica. A partir de fevereiro de 1937, o avanço das tropas na- cionalistas, auxiliadas pelos nazistas e fascistas, foi mais violento. Tropas italianas tomaram Málaga. Em março de 1937, a aviação alemã, a famosa Legião Condor, bom- bardeou a pequena cidade de Guernica, na região basca. A intervenção da Itália e da Alemanha foi decisiva, alte- rando a correlação de forças da luta e transformando a Espanha em um campo de testes dos novos armamentos. A guerra civil terminou em 1939, quando os rebeldes con- quistaram Madri, restabeleceram a monarquia e impuseram um governo de tendências fascistas liderado por Franco. Em três anos de guerra civil, o saldo de morte chegou a um mi- lhão. Surgia assim mais um país totalitário na Europa. Como a Ditadura de Franco era extremamente centra- lizadora, catalães e bascos passaram a utilizar o esporte como trincheira nacionalista – clube do Atlético de Bil- bao, onde só jogam atletas bascos ou de ascendência basca; parte da torcida do Barcelona (Catalunha) con- sidera seu clube um símbolo do ideal da autonomia catalã. Durante a Segunda Guerra Mudial, o governo fascista de Franco não inseriu oficialmente a Espanha ao Eixo e à Alemanha, mas apenas como simpatizante, bem como durante a Guerra Fria, associou-se aos Es- tados Unidos na luta contra o socialismo soviético. Esse governo manteve-se no poder até a década de 1970. picasso, p. guernica. pintura-mural. disponíVel em: www.museoreinasofia.es disponíVel em: http://mrzine.monthlYreView.org. Quando estoura a Guerra Civil Espanhola, em julho de 1936, Pablo Picasso torna-se um ardente defensor da causa repub- licana (...). E como instrumento de guerra ele usou o pin- cel: em branco e preto e retratou todo o horror de homens, mulheres e crianças, mutilados, de forma magistralmente trágica. E criou Guernica. Conta-se que Abetz, embaixador de Hitler em Paris, ficou tão impressionado com a obra, que teria perguntado a Picasso, aparentando desinteresse: – É obra sua? – Não. Sua. – replicou o artista com frieza. carrasco, walcir. picasso. são paulo: abril, 1977, p. 20. coleção mestres da pintura. Uma reflexão sobre o que é memória e o que é história diante de um dos episódios mais sangrentos da história universal: a Guerra Civil Espanhola. É o que oferece o romance de Javier Cercas, ao revisitar a Guerra Civil Espanhola e um de seus mais importantes personagens, o líder da falange espanhola Ráfael Sanches Mazas. Soldados de Salamina – Javier Cercas multimídia: livrosfonte: Youtube multimídia: vídeo Terra e liberdade Após a morte de seu avô, uma adolescente decide vasculhar seus documentos e descobre que ele era um veterano da Guerra Civil Espanhola. Durante sua juventude, David se juntou ao Partido Comu- nista e logo se aliou ao POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista). Ele deixou a Inglaterra para lutar contra os fascistas na Espanha, em 1936, ven- do seus sonhos e ideologias serem postos à prova. 13 2.1. Portugal Salazar foi outro ditador fascista ibérico que no entreguer- ras, a partir de 1932, governou com o apoio de Hitler, mas na Segunda Guerra Mundial manteve neutralidade oficial, que o manteve no poder, mesmo após o conflito, porque soube se tornar aliado dos EUA na Guerra Fria. Vale sa- lientar que essa perpetuação de Salazar no poder manteve a repressão sobre as colônias portuguesas, notadamente na África, como Angola e Moçambique, que tiveram difi- culdade em promover a Independência com a descoloni- zação. Mesmo após a saída física de Salazar do poder, o Estado português manteve a Ditadura e a colonização. As Independências das colônias somente ocorreram em 1974, após a Revolução dos Cravos, que democratizou Portugal. 2.2. Japão O totalitarismo contemporâneo japonês teve início na se- gunda metade do século XIX, quando ocorreu uma centra- lização excessiva do poder político e ideológico em torno do Imperador, com o apoio do Exército. Essa centralização destruiu o Japão feudal do Shogunato. A Revolução Mei- ji modernizou o Japão nos aspectos industriais, uma vez que a elite ditatorial notou o atraso tecnológico japonês quando a esquadra norte-americana, liderada por Perry, mostrou-se, em 1854, infinitamente superior ao Japão dos samurais, cavaleiros dos Shoguns. A solução foi aniquilar a economia agrícola e descentralizada do Japão e inspirar-se na economia tecnológica do Ocidente, implantando uma divinização do Imperador, juntamente com excessiva mili- tarização. Esse processo foi notado quando, em 1905, o Ja- pão derrotou a Rússia czarista, bem como quando invadiu a Manchúria chinesa em busca de mercado consumidor e de matéria-prima para seu parque industrial. fonte: Youtube multimídia: vídeo A língua das mariposas Enquanto a Espanha se aproxima da guerra ci- vil, o garoto Moncho precisa se preparar para o maior desafio de sua vida, a apenas algumas horas de seu primeiro dia de aula. Ele tinha medo de ir à escola porque ficou sabendo que os professores batiam nas crianças. Mas quan- do seu novo professor começa a dar aulas ao garoto em sua casa, o menino tem uma oportu- nidade de conhecer melhor seu mestre, ficando fascinado por sua bondade e sabedoria, aspecto contrastante com a maioria dos professores rígi- dos e autoritários da época. fonte: Youtube multimídia: vídeo O labirinto do fauno Oficialmente, a Guerra Civil Espanhola já termi- nou, mas um grupo de rebeldes ainda luta nas montanhas ao Norte de Navarra. Ofelia, uma menina de 10 anos, muda-se para a região com sua mãe, Carmen. Lá, seu novo padrasto as espera, um oficial fascista que luta para exter- minar os guerrilheiros da localidade. Solitária, a menina logo descobre a amizade de Mercedes, jovem cozinheira da casa, que serve de contato secreto dos rebeldes. 14 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM 13 Habilidade A habilidade 13 contempla diversos aspectos relacionados ao caráter e ao papel que diversos movimentos sociais assumiram durante a história. Significa dizer que, para além da pauta reivindicatória de cada movimento, o estudante deve ater-se à composição social do mesmo. Cabe lembrarmos de que a existência moderna dos movimentos sociais ganhou força a partir da industrialização (séculos XVIII e XIX) e assumiu papel fundamental durante o século XX. Por vezes, também, esses movimentos se institucionalizam, ganhando contornos burocráticos e profissionais, transfor- mando-se em partidos políticos. Dessa forma, o candidato deve compreender o funcionamento, a composição social e os objetivos desses movimentos sociais durante cada período histórico, seja na história brasileira e na chamada história geral. Modelo (Enem) As Brigadas Internacionais foram unidades de combatentes formadas por voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mun- do – incluindo 40 brasileiros – tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras correntes político-ideológicas. souza, i.i. a guerra ciVil europeia. história ViVa, n. 70, 2009 (fragmento). A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930. A perspectiva política comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a): a) crítica ao stalinismo. c) rejeição ao federalismo. e) adesão ao anarquismo. b) combate ao fascismo. d) apoio ao corporativismo. George Orwell, escritor inglês conhecido pelos clássicos 1984 e A revolução dos bichos, participou da Guerra Civil Espanhola, batalhando ao lado dos republicanos. Seu livro Lutando na Espanha é tido como um dos melhores relatos de guerra já escritos. O autor relata as tramas políticas entre stalinistas e anarquistas durante o desenrolar do conflito, emitindo duras críticas ao governo soviético, que minava a atuação dos republicanos por meio de fraudes e boicotes aos demais grupos políticos. Apesar de ser escrito em linguagem simples, o livro contém inúmeras reflexões sociológicas e filosóficas, dialogando com a realidade histórica e sociológica do período, isto é, sobre a ascensão e manutenção de governos autoritários no Ocidente. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS 15 Análise expositiva - Habilidade 13: O movimento fascista – incorporado pela Itália e pela Alemanha, onde ficou conhecido como nazismo – ganhou corpo na Europa a partir da década de 1930. Sistematizado a partir de atitudes autoritárias (como o unipartidarismo, a censura e o racismo), o fascismo foi responsável por alguns episódios violentos no velho continente, o que fez surgir uma série de movimentos contrários a ele. Alternativa B B NAZISMO • DERROTA NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: TRATADO DE VERSALHES • LEVANTE ESPARTAQUISTA (1919): FORÇA DO MARXISMO/ LENINISMO • REPÚBLICA DE WEIMAR (1919-1933): REPÚBLICA FE- DERATIVA, PARLAMENTAR E DEMOCRÁTICA • CRISE ECONÔMICA E INFLAÇÃO • CRISE DE 1929 • FASCISMO • REPÚDIO AO TRATADO DE VERSALHES • ANTISSEMITISMO • ANTICOMUNISMO • NACIONALISMO EXACERBADO • ESTADO TOTALITÁRIO • UNIPARTIDARISMO • MILITARISMO • SUPERIORIDADE DA RAÇA ARIANA • EXPANSIONISMO (“ESPAÇO VITAL”) • GRUPOS PARAMILITARES (SA E SS) 1919 • CRIAÇÃO DO PARTIDO NA- CIONAL-SOCIALISTA DOS TRABALHADORES ALEMÃES OU PARTIDO NAZISTA • LÍDER: ADOLF HITLER 1923 • PUTSCH DE MU- NIQUE (GOLPE FRACASSADO) 1932 • ELEIÇÃO DE MAIORIA NAZISTA NO PARLAMENTO 1933 • HITLER SE TORNA CHANCELER (PRI- MEIRO-MINISTRO) 1934 • HITLER SE TORNA FÜHRER (GUIA) 1933 • INCÊNDIO DO PARLAMENTO • SOCIAIS-DEMOCRATAS EXPULSOS 1934 • SA ASSASSINA OPOSITORES • HITLER SE TORNA FÜHRER • CRIAÇÃO DO III REICH DIAGRAMA DE IDEIAS CONTEXTO IDEOLOGIA NAZISTA ASCENSÃO DO NAZISMO GOVERNO NAZISTA A B C D 1935 • PERSEGUIÇÃO AOS JUDEUS RETOMADA ECONÔMICA • DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL • ALIANÇA ENTRE ESTADO E CAPITAL PRIVADO • ESTÍMULO A OBRAS PÚBLICAS (FIM DO DESEMPREGO) • DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA BÉLICA 16 GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939) PORTUGAL JAPÃO • PAÍS AGRÍCOLA • BAIXA INDUSTRIALIZAÇÃO • FORÇA DO CATOLICISMO • CONCENTRAÇÃO DO PODER REAL • DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL ACELERADO (SÉC. XX) • NECESSIDADE DE MUDANÇAS POLÍTICAS • 1931 • ABDICAÇÃO DO REI • PROCLAMAÇÃO DE REPÚBLICA LIBERAL • FORÇA DAS REIVINDICAÇÕES POPULARES • LUTA POR AUTONOMIAS LOCAIS (EX.: CATALUNHA) • FORMAÇÃO DA FALANGE (PARTIDOFASCISTA)ELEIÇÃO DE 1936 • VITÓRIA DA FRENTE POPULAR (ANARQUISTAS, COMU- NISTAS, SOCIALISTAS, DEMOCRATAS E REPUBLICANOS LIBERAIS) • LEVANTE MILITAR (GENERAL FRANCO, FALANGE, BAN- QUEIROS E LATIFUNDIÁRIOS) SALAZARISMO • 1932 – GOLPE DE ANTONIO SALAZAR • GOVERNO DE INSPIRAÇÃO FASCISTA • NEUTRALIDADE NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL • APOIO AOS EUA NA GUERRA FRIA • MANUTENÇÃO DAS COLÔNIAS AFRICANAS • FIM DA DITADURA E INDEPENDÊNCIA COM A REVOLU- ÇÃO DOS CRAVOS (1974) REVOLUÇÃO MEIJI • MEADOS DO SÉCULO XIX • CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA NO IMPERADOR • MODERNIZAÇÃO DA INDÚSTRIA E DO EXÉRCITO • EXPANSIONISMO NO SÉCULO XX SETORES E APOIO INTERNACIONAL • REPUBLICANOS: APOIO DA URSS E BRIGADAS POPULARES • FRANQUISTAS: APOIO DA ITÁLIA E DA ALEMANHA FIM DA GUERRA CIVIL • VITÓRIA DOS FRANQUISTAS • GOVERNO DO GENERAL FRANCO ATÉ 1975 CONTEXTO ANTECEDENTES GUERRA CIVIL A B C 17 Segunda guerra MundialAULAS 47 e 48 CompetênCias: 1, 2, 3, 4, 5 e 6 Habilidades: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 14,15, 16, 19, 20, 21, 22, 27 e 29 SoldadoS alemãeS invadem a Polônia, em 1º de Setembro de 1939: começava a Segunda guerra mundial. 1. Introdução Entre os anos de 1939 e 1945, o mundo foi envolvido por um conflito de grandes proporções que ultrapassou as fronteiras da Europa, tendo como pano de fundo a concor- rência imperialista entre o capitalismo industrial monopo- lista inglês e francês em contraposição ao alemão, japonês e italiano, acrescido da óbvia divergência entre o capitalis- mo e o socialismo da recém-criada URSS. É possível afir- mar que a Segunda Guerra Mundial é uma continuação da Primeira, pois as disputas por mercado consumidor entre a burguesia da antiga Entente contra a burguesia do extin- to II Reich alemão não foram solucionadas com o término do conflito militar em 1918. Em 1939, os blocos milita- res eram os Aliados, formados pela Inglaterra e a França, acrescidos pelos Estados Unidos e pela União Soviética, em 1941; e o outro bloco bélico era o Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão. A Inglaterra e a França represen- tavam ideologicamente a democracia burguesa Ocidental, que valorizava a política pela via parlamentar e o exercício da cidadania, seja por intermédio da Monarquia Consti- tucional, no curso inglês, ou da República, no francês. O Eixo se orientava pelo fascismo de Estados totalitários, pois a Alemanha era comandada por Hitler com o III Reich, a Itália era dirigida por Benito Mussolini e o Japão pelo im- perador divinizado Hirohito. No início da guerra, o governo estadunidense adotou uma política de distanciamento dos problemas europeus. Apesar de ser próximo da Inglaterra, relutou até 1941 em participar diretamente do conflito; a União Soviética stalinista e socialista estava isolada da con- juntura internacional e inimiga dos capitalistas, tanto dos Aliados, como do Eixo, embora uma exceção desse “cor- dão sanitário” tenha ocorrido quando a diplomacia apro- ximou Berlim de Moscou para firmar um singular pacto de paz que vigorou até 1941. 2. Antecedentes Hitler se aproveitava das questões internacionais para ampliar seu sistema de alianças. Aproximou-se da Itá- lia em 1935, prestando-lhe ajuda econômica durante o embargo econômico aplicado pela Liga das Nações por causa da invasão da Etiópia. Juntamente com Mussolini, apoiou Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola, de 1936 a 1939, aproveitando para testar a eficiência de seus tanques e aviões. Assinou com o Japão o Pacto An- ti-Komintern, em novembro de 1936, destinado a conter a União Soviética e a ação da Internacional Comunista. A Itália, a Hungria e a Espanha aderiram ao pacto. Ao mesmo tempo, Hitler se aproximava da Itália e Mussolini proclamava o Eixo Roma–Berlim, uma manifestação de solidariedade, que o Duce lembraria durante a visita do Führer a Roma, em 1938. benito muSSolini e adolf Hitler, em 28 de Setembro de 1938. O III Reich germânico não aceitava as imposições do Tra- tado de Versalhes e passou a ambicionar um crescimento bélico e territorial, principalmente sobre o corredor polo- nês, embora o próprio Tratado de Versalhes proibisse o mi- litarismo alemão. 18 Foi nesse contexto que o parlamento britânico elaborou um plano diplomático chamado de Política de Apazigua- mento, que se caracterizava pela “permissão” de um re- lativo crescimento bélico alemão, que teria o intuito de barrar um possível avanço do socialismo soviético, ou seja, o Estado inglês queria que o nazismo defendesse a civiliza- ção Ocidental da “barbárie” comunista. Como resultado, Hitler conseguiu fortalecer-se e passou a buscar o controle territorial de parte da Europa central, que ele chamava de “espaço vital”, apoiado veladamente pela Inglaterra e pela França na formação do III Reich. Antes da Segunda Guerra Mundial começar, a Alemanha já tinha anexado a Áustria e a Tchecoslováquia, cuja invasão foi legalizada pela Confe- rência de Munique, em setembro de 1938. da eSquerda Para direita: cHamberlain (inglaterra), daladier (frança), Hitler (alemanHa), muSSolini (itália) e ciano (miniStro de aSSuntoS exterioreS da itália), quando da aSSinatura do acordo de munique. O potencial de guerra alemão cresceu enormemente com a integração da indústria tcheca. Mussolini aproveitou para invadir e conquistar a Albânia. A aproximação entre os dois Estados totalitários foi consagrada na aliança ofensiva entre Itália e Alemanha, o Pacto de Aço, firmado em maio de 1939. Para posterior desespero dos Aliados, Hitler e Stalin resol- veram criar o Pacto de não agressão germano-sovi- ético. Esse acordo permitiria que, no futuro, a Alemanha pudesse invadir seus inimigos europeus Ocidentais (a Oes- te) sem dividir seu exército, pois estaria em “harmonia” com sua inimiga URSS (a Leste). Também conhecido como Ribbentrop-Molotov, esse pacto ajudaria o governo de Stalin, pois a União Soviética não tinha estrutura militar que pudesse protegê-la de um ataque nazista. Com isso, a URSS ganharia tempo para implantar uma política arma- mentista. Havia, também, outros acordos firmados entre as duas potências, como o da invasão e divisão da Polônia por tropas alemãs e soviéticas. Além disso, os soviéticos receberam secretamente o controle sobre a Finlândia, a Le- tônia, a Estônia e a Bessarábia.1 Os alemães ficaram com a Lituânia. 1 A Bessarábia é o nome de uma região histórica da Europa Oriental, cujo território se divide entre a Moldávia e a Ucrânia. cerimônia de aSSinatura do Pacto de não agreSSão germano-Soviético. molotov eStá aSSinando. atráS, ribbentroP (com oS olHoS fecHadoS) ao lado de Stalin. 3. FAtores dA guerrA A esperança de uma paz duradoura, após o fim da Primeira Guerra Mundial, foi mera ilusão. Vários fatores criaram as condições para que um novo conflito surgisse, envolvendo as nações europeias e a maior parte dos países do mundo, no período de 1939 a 1945. § O comportamento revanchista das nações perdedo- ras da Primeira Guerra Mundial, especialmente da Alemanha em relação à França, contou com vencidos desgastados pela guerra e sobrecarregados com seus compromissos financeiros para com os vencedores (indenizações e reparações). Cresciam seus problemas econômicos e sociais. Na Itália e na Alemanha, o des- contentamento da população deu oportunidade ao surgimento de partidos totalitários – fascista e nazista –, culminando com a implantação de Estados militaris- tas e expansionistas, com forte apelo nacionalista. § A crise de 1929 e suas graves consequências políticas e sociais em quase todos os países da Europa. Em razão de sua amplitude internacional, reduziu o mercado con- sumidor de todas as nações capitalistas. Os países atin- gidos pela Grande Depressão procuraram defender seus mercados internos da concorrência estrangeira através da elevação das tarifas alfandegárias. Esse nacionalismo econômico intensificou as lutas pelo domínio dos merca- dos entre as várias potências imperialistas. 19 § O surgimento de governos totalitários,militaristas e expansionistas. A partir de 1930, quando os efeitos da recessão econômica repercutiram em todo o mundo, iniciou-se o expansionismo de alguns países imperia- listas. A Itália ocupou a Etiópia, em 1935, situada no Nordeste da África. A Alemanha, desrespeitando o Tra- tado de Versalhes, remilitarizou a região da Renânia, em 1936, e anexou a Áustria e a Tchecoslováquia, em 1938. O Japão, no segundo semestre de 1931, partiu para a conquista da Manchúria – que pertencia à Chi- na –, começando, assim, a penetração naquele país dominado pelo governo de Chiang Kai-shek. § O fracasso da Liga das Nações. Ao longo da década de 1930, o mundo contava com a Liga das Nações, órgão internacional que tinha por objetivo manter a paz e a ordem entre os diversos países. No entanto, Inglaterra e França dominaram o organismo, direcionando as de- cisões de acordo com seus interesses. Quando algum país menos importante era agredido, as decisões da Liga das Nações eram quase sempre brandas em re- lação aos agressores. França e Inglaterra temiam ge- rar conflitos com as potências expansionistas. Dessa forma, em inúmeras vezes, as pequenas nações foram sacrificadas. 4. As FAses dA guerrA 4.1. Avanço do Eixo (1939–1941) Nesse contexto, o cenário da guerra já estava criado e, em 1º de setembro de 1939, as forças bélicas de Hitler invadi- ram o corredor polonês da cidade de Danzig, hoje Gdánsk. Em resposta, o governo inglês, mais bem preparado, decre- tou guerra à Alemanha; em 1940, com a blitzkrieg (guerra relâmpago), as tropas nazistas invadiram a Dinamarca, a Noruega, a Holanda, a Bélgica e a França. Diante dessa inusitada realidade, os exércitos francês e inglês foram obrigados à Retirada de Dunquerque e a fugirem para a Grã-Bretanha. troPaS naziStaS invadem PariS, durante a Segunda guerra mundial. A França foi dividida em duas áreas. O Sul continuou supos- tamente independente, nomeada de República de Vichy e liderada pelo general francês Pétain, que não demonstrou resistência à ascensão de Hitler, por isso mesmo foi con- siderado seu colaborador; já o Norte foi completamente ocupado pelas tropas nazistas, que passaram a adminis- trá-lo. Vale salientar que o acervo arquitetônico de Paris foi deliberadamente protegido por Hitler, pois ele queria, numa suposta vitória alemã, no pós-guerra, embelezar Ber- lim e superar a cidade das luzes. Parte considerável da po- pulação francesa humilhada, sem poder lutar abertamente contra o poderoso exército germânico, criou o Movimento da Resistência, que, mediante atos de sabotagem, espio- nagem e atentados, ajudou a minar a ocupação hitlerista. As tropas francesas fixadas em solo inglês foram lideradas pelo general Charles de Gaulle, que as manteve unidas e com a chama da esperança acesa de que era viável, num futuro não muito remoto, voltar para sua pátria e libertá- -la do jugo nazista. É importante salientar que de Gaulle também utilizava emissoras inglesas de rádio de ondas curtas para ser ouvido, reservadamente, por membros da Resistência e, com isso, articular ações contra o domínio germânico. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a popu- lação francesa elegeu de Gaulle presidente da República. general cHarleS de gaulle diScurSa na bbc, em londreS, em 30 de outubro de 1941. Após vencer a França, a Alemanha preparou-se para in- vadir a Inglaterra pelo canal da Mancha. Contudo, a força naval britânica mostrou-se eficiente e conseguiu afundar o encouraçado “Bismarck”, evitando, assim, ser invadida por mar. Em vista disso, Hitler fustigou a marinha de guerra e comercial britânica com seus submarinos, denominados “lobos do mar”, e lançou mão da tática de derrotar o reino britânico pelo ar, com gigantescos ataques aéreos da Luf- twaffe (Força Aérea Alemã), dando início, em setembro de 1940, à Batalha da Inglaterra. Essa tática alemã arruinou a economia britânica. Contudo, a Inglaterra não se rendeu 20 graças à valentia dos pilotos da RAF (Força Aérea Real), do apoio moral da coroa inglesa, na pessoa da Rainha-mãe, e à magnífica ajuda econômica dos EUA. A derrota da Ale- manha nessa batalha obrigou Hitler a adiar indefinidamen- te a Operação Leão do Mar, cujo objetivo era invadir a In- glaterra. Referindo-se ao heroico desempenho dos pilotos da RAF nessa batalha, o primeiro-ministro inglês Winston Churchill afirmou: “Nunca na história dos grandes conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos”. londreS, aPóS oito SemanaS de violentoS bombardeioS alemãeS, em 1940, quando foram deSPejadaS maiS de 20 mil toneladaS de bombaS Sobre a cidade. Em fevereiro de 1941, após o fracasso da ofensiva italiana no Norte da África, a Alemanha desembarcou na Líbia, com o Afrikakorps, comandado pelo general Rommel. Seu objetivo era conquistar o canal de Suez, cortando, assim, as rotas vitais da Inglaterra e isolando- -a de seu império colonial. Ao mesmo tempo, ocorreu a adesão da Hungria, da Romênia e da Bulgária às forças do Eixo. Em maio de 1941, a ocupação da Iugoslávia e da Grécia completou o isolamento da Inglaterra. Com o fracasso na Batalha da Inglaterra, a Alemanha co- locou-se diante da perspectiva de uma guerra de longa duração na Europa. Com a finalidade de assegurar su- primentos vitais à continuação da guerra, Hitler rasgou o Pacto de não agressão germano-soviético, ordenou a invasão da União Soviética e deu início à Operação Bar- barossa. A invasão estendeu-se por uma frente de quase três mil quilômetros com vistas às conquistas simultâneas de Leningrado, ao Norte, Moscou, ao centro, e Ucrânia e Cáucaso, ao Sul. Paralelamente, agravavam-se as tensões entre os Estados Unidos e o Japão, na Ásia e no Pacífico. Em 1941, prosseguia a Guerra Sino-Japonesa. Com a queda da França, o Japão promoveu a ocupação da Indochina Francesa. Em novembro, o go- verno estadunidense decretou o embargo comercial ao Japão e exigiu a imediata evacuação da China e da Indochina. Em 7 21 consideravam a suposta raça inferior dos eslavos. Em ra- zão disso, a invasão foi chamada de Operação Barbarossa (Barba Ruiva). Pretendia também destruir o comunismo re- presentado pelo governo de Stalin. Apesar de socialista, a URSS foi recebida de braços abertos pelas combalidas for- ças capitalistas inglesas e francesas, cujos exércitos tinham sido divididos para penetrar o Leste europeu. Hitler acredi- tava que venceria a União Soviética em semanas ou meses, mas experientes generais alemães, como Rommel, sabiam que seu exército possivelmente seria derrotado. Hitler es- tava cometendo os mesmos erros de Napoleão Bonaparte. Foi o que realmente ocorreu, uma vez que, utilizando a táti- ca da terra arrasada e do extremo frio, o Exército Vermelho aniquilou as forças alemãs, em 1943, e passou a atacar a Alemanha. Por isso, considera-se a Batalha de Stalingrado “o começo do fim da Alemanha”. ataque do exército vermelHo em Stalingrado, em fevereiro de 1943, que deteve a ofenSiva alemã e obrigou o exército naziSta a Se render, Pondo fim ao mito da invencibilidade alemã. Quando o Japão atacou os EUA em Pearl Harbor, avaliou que não teria dificuldade em controlar definitivamente o Pacífico e o extremo Oriente. Contudo, o governo Roosevelt passou a fortalecer os Aliados e a economia estadunidense mostrou sua pujança. Em pouquíssimo tempo, construiu navios, aviões e fuzis, oxigenando os Aliados e, paulati- namente, enviando armamentos e tropas para a Europa Ocidental e para o Pacífico. Também paulatinamente, o Japão teve suas forças armadas, notadamente a marinha, arrasada em batalhas como a de Midway e Iwojima. Ape- sar de os ditadores Franco, na Espanha, e Salazar, em Por- tugal, pertencerem à área de influência de Hitler, eles não entraram diretamente na guerra, o que rendeu-lhes a não perseguição por parte dos Aliados. Hitler sofreu derrotas na Iugoslávia pelos guerrilheiros partisans, liderados por Tito. Mesmo com o socorro alemão às tropas de Mussolini, os partisans atacaram o belicismo nazista e serefugiaram eficazmente nas montanhas. No Norte da África, o Afrikakorps alemão, com seus tan- ques panzers, liderados pelo general Rommel, foi der- rotado fragorosamente pelas forças anglo-francesas do general britânico Montgomery e pelos blindados estadu- de dezembro de 1941, enquanto prosseguiam as negocia- ções diplomáticas entre os dois países, o Japão atacou sem prévia declaração de guerra a base naval estadunidense de Pearl Harbor, no Havaí. Logo depois, a Alemanha e a Itália declaravam guerra aos Estados Unidos. o encouraçado uSS WeSt virginia (bb-48) em cHamaS, atingido Por um bombardeio jaPonêS durante o ataque a Pearl Harbor. O bombardeio a Pearl Harbor foi seguido de uma ofensiva japonesa na Ásia meridional e no Pacífico. A Malásia Bri- tânica, o porto de Cingapura, a Birmânia, a Indonésia e as Filipinas sucumbiram aos ataques japoneses. No litoral da China, foi ocupado o porto de Hong Kong. No Pacífico, foram conquistadas ilhas pertencentes aos EUA e à Ingla- terra. A ocupação japonesa dessas áreas foi recheada de atitudes de genocídio, semelhantes às dos nazistas nos campos de concentração na Europa. área Sob domínio jaPonêS, durante a Segunda guerra mundial. 4.2. Ascensão dos Aliados (1941–1945) O ano de 1941 marcou a mudança do curso da guerra. O Eixo, até então imbatível, tomou duas decisões nefastas para a continuidade do seu domínio: invadir a União So- viética e atacar a base estadunidense de Pearl Harbor, no Pacífico, pelo Japão. Após o fracasso na Batalha da Inglaterra, a Alemanha re- solveu ocupar a URSS em busca de reservas de matéria-pri- ma e de petróleo, no Cáucaso, e aniquilar o que os nazistas 22 Após a Batalha de Stalingrado, a Alemanha foi perdendo grande contingente de tropas no Leste em razão do incisivo avanço soviético, que fez diminuir o poder germânico no ca- nal da Mancha. Como consequência, o alto comando aliado europeu Ocidental, nas mãos do general estadunidense Ei- senhower, reuniu tropas dos EUA, inglesas e francesas e pe- netrou no território europeu, libertando a França no episódio que se tornou conhecido como o Dia D, 6 de junho de 1944, quando as tropas aliadas desembarcaram na Normandia. deSembarque daS forçaS aliadaS na normandia, frança: o dia d. nidenses do general Patton, que aniquilou os alemães, em maio de 1943, e partiu para derrotar as tropas de Mussolini, na Itália. Em julho de 1943, as forças aliadas desembarcaram na Sicília. Logo depois, Mussolini foi destituído pelo rei Vitor Emanuel III. Foi nesse momento que o Brasil entrou na guerra ao lado dos Aliados e o governo ditatorial do Esta- do Novo de Vargas criou a Força Expedicionária Brasileira, FEB. Ao lado da Força Aérea Brasileira, FAB, os pracinhas brasileiros conseguiram grandes vitórias em Monte Castelo e Montese. Soldado braSileiro eStamPado no jornal cruzeiro do Sul. aPeSar da exPreSSão PoPular, “é maiS fácil uma cobra fumar do que o braSil entrar na guerra”, não foi bem o que ocorreu. Em setembro de 1943, o novo governo italiano firmou um armistício com os Aliados, retirando a Itália da guer- ra. Libertado por um comando nazista, Mussolini fundou, ao Norte do país, a efêmera República Social Italiana. Em outubro, a Itália uniu-se aos Aliados e declarou guerra à Alemanha e, em abril de 1945, ocorreu a capitulação das forças nazistas na Itália. Mussolini foi detido ao tentar fugir para a Suíça e, em seguida, foi fuzilado por um comando da Resistência Italiana Antifascista. 4.3. Derrota do Eixo Com a derrota da Itália, fechou-se o cerco à Alemanha. A Leste, a ofensiva soviética culminou, em 1944, com a libertação da Romênia, da Bulgária, da Tchecoslováquia e da Hungria pelo Exército Vermelho. fonte: Youtube multimídia: vídeo Roma, cidade aberta Um dos líderes da resistência, Giorgio Manfredi (Marcello Pagliero), é procurado pelos nazistas. Giorgio planeja entregar um milhão de liras para seus compatriotas. Ele se esconde no apartamento de Francesco (Francesco Grandjacquet) e pede ajuda à noiva de Francesco, Pina (Anna Magnani), que está grávida. Giorgio planeja deixar um padre católico, Don Pietro (Aldo Fabrizi), fazer a entrega do dinheiro. Enquanto isso, em janeiro de 1945, a Polônia fora libertada pelos russos, que logo depois realizaram a junção de suas tropas com as estadunidenses às margens do rio Elba. Com o suicídio de Hitler, a conquista de Berlim pelo Exército Ver- melho e a queda do III Reich, em maio de 1945, terminava a guerra na Europa. 23 o exército vermelHo conquiSta berlim. era o fim da Segunda guerra na euroPa. No Pacífico, apesar do inequívoco recuo, o Japão reluta- va em render-se, pois acreditava que a derrota seria um martírio religioso, já que o imperador Hirohito era consi- derado Deus. Em razão disso, muitos pilotos japoneses transformaram-se em kamikazes e praticaram o suicídio bélico, utilizando seus aviões como mísseis para melhor se chocar contra os navios dos EUA. Foi nesse contexto que o presidente estadunidense Harry Truman autori- zou o bombardeio atômico em Hiroshima (6 de agosto de 1945), cuja bomba foi intitulada de Little boy, e em Nagazaki (9 de agosto de 1945). É curioso notar que a bomba atômica chamada de Fat man, composta por plu- tônio-239, foi detonada em Nagazaki, mas tinha como principal alvo a antiga cidade de Kokura, que deixou de ser bombardeada porque a tripulação do bombardeiro B-29 não conseguiu localizar o centro dela e, por isso, rumou para Nagazaki. As bombas nucleares foram concebidas pelo dispendioso Projeto Manhattan, liderado pelo físico Oppenheimer, no deserto do Novo México. No seu início, esse projeto teve o apoio do físico pacifista Albert Einstein, que, apesar de não participar diretamente da confecção dos artefatos, acreditava que sua concepção teria o propósito de aniqui- lar a expansão do nazismo, ou seja, seria uma bomba da “cidadania”. Por isso, muitos cientistas, inclusive Einstein, criticaram o bombardeio sobre o Japão, pois tinham medo de que o uso de armas nucleares em guerras ficasse sem controle. Ressalte-se que o uso das bombas nucleares teve como pretexto oficial a aceleração da rendição japonesa; contudo, muitos historiadores acreditam que a real causa das detonações esteja relacionada à antecipação da Guer- ra Fria, já que os EUA queriam anular a ascensão das forças socialistas soviéticas. Com a rendição japonesa, em 2 de setembro de 1945, a Segunda Guerra Mundial terminava e, com ela, a he- gemonia europeia sobre o mundo, que assistiu ao sur- gimento de uma nova ordem mundial dominada pela Guerra Fria. deStruição de HiroSHima cauSada Pela bomba atômica, em 6 de agoSto de 1945. exPloSão nuclear em nagaSaki, imPério do jaPão, em 9 de agoSto de 1945. 4.4. As conferências Ao longo do conflito, as potências aliadas realizaram inú- meras conferências, cujas decisões diplomáticas refletiram- -se política e militarmente no mundo do pós-guerra. fonte: Youtube multimídia: vídeo A lista de Schindler O filme conta a história de Oskar Schindler, um empresário alemão que salvou a vida de mais de mil judeus durante o Holocausto ao empregá-los em sua fábrica. 24 4.4.1. Conferência do Cairo (novembro de 1943) Após o início da contraofensiva estadunidense na guerra do Pacífico e a capitulação da Itália, realizou-se no Cai- ro, capital do Egito, a primeira conferência dos Aliados. Dela participaram Roosevelt, Churchill e Chiang Kai-shek, presidente da China, com o objetivo de discutir o destino político da Ásia Oriental, após a derrota do Japão. Nela, os Aliados decidiram devolver à China todos os territórios tomados pelo Japão, durante a Guerra Sino-Japonesa. Foi decidido ainda o restabelecimento da Independência da Coreia e de todos os países conquistados pelo Japão. 4.4.2. Conferência de Teerã (dezembro de 1943) Os “três grandes” – Roosevelt, Churchill e Stalin – reuni- ram-se pela primeira vez em Teerã, capital do Irã. A ofensiva soviética no Leste europeu e a capitulação da Itáliahaviam alterado de forma irreversível o curso da guerra a favor dos Aliados e selado definitivamente o destino da Alemanha nazista. Nessa conferência decidiu-se a abertura de uma segunda frente de guerra na Europa Ocidental e foi es- colhida a costa francesa como local de desembarque das forças aliadas. Os Estados Unidos e a Inglaterra também reconheceram oficialmente a anexação pela União Sovié- tica dos países bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia – e o Leste da Polônia. 4.4.3. Conferência de Ialta (fevereiro de 1945) cHurcHill, rooSevelt e Stalin: oS “trêS grandeS” reunidoS em ialta, 1945. Quando já era iminente a derrota do III Reich, os “três gran- des” voltaram a se reunir em Ialta, na Crimeia, às margens do mar Negro. Nesse encontro, foi fixada oficialmente a Linha Curzon como fronteira entre a União Soviética e a Polônia, e foram cedidas aos soviéticos as regiões ocupadas quando da partilha, em 1939; em compensação, a Polônia receberia, a Leste, os territórios alemães até as margens do rio Oder. Decidiu-se também que os Estados Unidos, a União Soviética e a Inglaterra manteriam controle sobre os países libertados da Europa Oriental e que a Alemanha seria dividida em zonas de ocupação sob a direção de um Conselho Aliado. Outra decisão importante, com a anuência do presidente Roosevelt, foi transformar os países da Europa Oriental em área de influência da União Soviética. Finalmente, es- tabeleceu-se a intervenção da União Soviética na guerra contra o Japão em troca de Port Arthur, ao Sul de Sacali- na e das ilhas Kurilas. Pela relevância de suas decisões e pelas consequências que produziu no pós-guerra, a Con- ferência de Ialta foi considerada a mais importante da Segunda Guerra Mundial. 4.4.4. Conferência de Potsdam (julho de 1945) Após a derrota alemã, os Aliados se reuniram para uma nova conferência em Potsdam, subúrbio de Berlim. Dos “três gran- des”, apenas Stalin participou dessa conferência, uma vez que Churchill havia perdido as eleições na Inglaterra e fora substituído por Clement Attlee, e Roosevelt falecera pouco antes do fim da guerra e fora substituído por Harry Truman. Em Potsdam, foi fixado em 20 bilhões de dólares o montante que a Alemanha pagaria como reparações de guerra. Dessa importância, caberiam 50% à União Soviética, 14% à Ingla- terra, 12,5% aos Estados Unidos e 10% à França. Foi decidido ainda suprimir a indústria de guerra alemã, reduzir sua produção de aço, transferir a maior parte de suas fábricas para os países aliados e promover o julga- mento dos líderes do regime nazista. Esse julgamento foi realizado pelo Tribunal de Nuremberg, do qual resultou a condenação à morte de 12 líderes nazistas. Finalmente, a Conferência de Potsdam confirmou a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação dos países aliados – Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética. Foi escrito quando os horrores da Segunda Guerra Mundial angustiavam a humanidade e o exército nazista recuava, especialmente na então União Soviética. As mais importan- tes divisões alemãs haviam sido derrotadas no Leste europeu pelos russos, prenunciando a capitulação do III Reich. A rosa do povo – Carlos Drummond de Andrade multimídia: livros 25 5. consequêncIAs dA segundA guerrA MundIAl 5.1. Perdas humanas Os números relativos às perdas humanas são dificilmente calculáveis. No mínimo, chegaram a 50 milhões, dentre os quais 20 milhões de russos, que sacrificaram, em popula- ção e recursos materiais, mais do que os outros participan- tes. Morreram, proporcionalmente, muito mais civis que militares. A guerra mecanizada, de movimentos rápidos, fez mais mortos do que prisioneiros. Bombardeios aéreos dizimaram populações inteiras de civis. Em Berlim, fizeram 50 mil vítimas; em Dresden, 200 mil. 5.2. Genocídio Com a penetração de soldados aliados em territórios an- teriormente controlados pelas forças do Eixo, como a Po- lônia, constatou-se a nefasta política nazista de extermínio de minorias e de pessoas que se distanciassem do padrão de raça “pura” proposto pelos nazistas. As tropas aliadas encontraram campos de concentração, o mais conhecido deles foi o de Auschwitz. Judeus, ciganos, eslavos, homos- sexuais, germânicos com deficiências mentais sucumbiram numa dor atroz que ainda repercute entre os homens e as ideias de liberdade e tolerância. Os judeus chamaram-na de Holocausto; Hitler, de “solução final”. camPo de concentração de auScHWitz-birkenau, na Polônia. Para apressar a “solução final”, os campos de concentra- ção, que originalmente se destinavam a presos políticos, foram transformados em centros de execução, e novos campos foram construídos com esse objetivo. Judeus de toda Europa eram presos, amontoados em vagões fe- chados de transportar gado e enviados para Treblinka, Auschwitz, Dachau, Buchenwald e outros campos de exter- mínio. Utilizando a tecnologia e a burocracia de um Estado moderno, os nazistas mataram cerca de seis milhões de judeus, dois terços da população judaica da Europa. Cer- ca de 1,5 milhão dos assassinados eram crianças; quase 90% das crianças judias em terras ocupadas pelos nazis- tas morreram. Dezenas de milhares de famílias inteiras desapareceram sem deixar traço. Comunidades judaicas com centenas de anos desapareceram para jamais serem restabelecidas. Muitos dos criminosos de guerra alemães foram julgados pelo Tribunal de Nuremberg e alguns deles condenados à morte. Com o avanço da discussão sobre as garantias dos direitos humanos, o Tribunal de Nurem- berg tornou-se a semente para o surgimento do Tribunal Internacional de Haia, na Holanda, que tem a finalidade de julgar os atuais criminosos de guerra. oS lídereS naziStaS Hermann goering (de óculoS eScuroS) e rudolPH HeSS, no tribunal de nuremberg. a defeSa cláSSica de amboS foi que “Só eStavam Seguindo ordenS”. A guerra provocou uma enorme migração de povos sem paralelo na história humana. A União Soviética anexou o Leste da Prússia e as terras bálticas da Letônia, Lituâ- nia e Estônia, deportando pela força muitos habitantes para a Rússia central. A maior parte da Prússia Oriental foi ocupada pela Polônia. Milhões de alemães fugiram ou foram expulsos da Prússia, da Tchecoslováquia, da Romênia, da Iugoslávia e da Hungria, onde seus ancestrais fonte: Youtube multimídia: vídeo A vida é bela Durante a Segunda Guerra Mundial na Itália, o judeu Guido (Roberto Benigni) e seu filho Giosué são levados para um campo de concentração nazista. Afastado da mulher, ele tem que usar sua imaginação para fazer o menino acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam. 26 Publicado originalmente em 1947, tornou- -se um dos relatos mais impressionantes das atrocidades e horrores cometidos contra os judeus durante a Segunda Guerra Mundial. A força da narrativa desta adolescente – que mesmo com sua pouca experiência de vida foi capaz de escrever um testemunho de hu- manidade e tolerância – a tornaria uma das figuras mais conhecidas do século XX. O diário de Anne Frank – Otto H. Frank, Mirjam Pressler multimídia: livros haviam vivido durante séculos. Os custos materiais foram espantosos. Por toda parte, cidades estavam em ruínas: pontes, sistemas ferroviários, vias fluviais e portos destru- ídos; terras agrícolas devastadas, gado morto e minas de carvão desabadas. Pessoas sem lar e famintas vagavam pelas ruas e estradas. A Europa enfrentou uma gigantes- ca tarefa de reconstrução. A guerra provocou alterações nas estruturas de po- der. Os Estados Unidos e a União Soviética surgiram como os dois mais poderosos Estados do mundo. As grandes potências tradicionais – Inglaterra, França e Alemanha – foram obscurecidas por essas superpo- tências. Os Estados Unidos tinham a bomba atômica e um imenso poderio industrial; a União Soviética tinha o maior exército do mundo e estendia seu domínio à Europa Oriental, além de dominar também a tecnolo-
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