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O que é humor? Sentimento predominante, e mais constante, que pode influenciar a percepção de si mesmo e do mundo ao seu redor. O que é afeto? Experiência de emoção subjetiva e imediata, ligada a ideias ou representações mentais e que pode ser observada pelas suas manifestações objetivas. O afeto é mais flutuante. Quais são os transtornos de humor? Depressão maior; Transtorno afetivo bipolar; Transtorno depressivo persistente (distmia); Ciclotimia. Depressão maior: Não deve haver mania ou hipomania; Duração: 2 semanas; Se tem mania ou hipomania o que se tem é uma depressão bipolar (e não unipolar). Sintomas: Humor deprimido e/ou anedonia; Alterações no apetite e peso; Alterações no sono; Falta de energia; Sentimentos de culpa; Problemas para pensar e tomar decisões e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. Epidemiologia: Sexo: 2 mulheres x 1 homem; Prevalência: 5-17% ao longo da vida; Média de 40 anos; 50% iniciaram os sintomas do 20-50 anos; Estado civil: divorciados e separados. Comorbidades: Dependência química de álcool; Transtorno de pânico; TOC; TAS (transtorno de ansiedade social) Etiologia – Teoria das monoaminas: Noradrenalina: relacionada com energia e interesse; Serotonina: impulso; Dopamina: iniciativa; Noradrenalina e serotonina tem em comum ansiedade e irritabilidade; Dopamina, noradrenalina e serotonina tem em comum: emoção, humor e função cognitiva. Fatores genéticos: Familiar de primeiro grau – risco: 10-25%; Se dois familiares de primeiro grau o risco dobra 50%. Fatores psicossociais: Eventos de vida estressantes precedem os primeiros episódios de transtornos do humor; Para episódios posteriores eventos estressantes podem não apresentar correlação. Fatores de personalidade: T.P obsessivo-compulsiva; T.P histriônica; T.P borderline. Teoria cognitiva da depressão: 1. Visão sobre si próprio – uma autopercepção negativa; 2. Sobre o mundo – uma tendência a experimentar o mundo como hostil e exigente; 3. Sobre o futuro – a expectativa de sofrimento e fracasso. Diagnóstico DSM V: A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior. Pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda de interesse ou prazer; 1. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias; 2. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta, ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias; 3. Insônia ou hipersônia quase todos os dias; 4. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias; 5. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias; 6. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes); 7. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias; 8. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. Especificadores: Leve; Moderada; Grave; Com características psicóticas; Em remissão parcial; Não especificado. Classificação dos episódios depressivos: 2 ou 3 sintomas: depressão leve; 4 ou 5 sintomas: depressão moderada; 6 ou mais sintomas: depressão grave. Outros especificadores: Com sintomas ansiosos; Com características mistas; Com características; Com características atípicas; Com características psicóticas congruentes com o humor; Com características psicóticas incongruentes com o humor; Com catatonia; Com início no periparto; Com padrão sazonal. Tratamentos não medicamentosos: Mudança no estilo de vida e iniciar atividade física; Terapia corretiva comportamental; Psicodinâmica; Interpessoal. Tratamentos medicamentosos: 1. Ensaio clínico com antidepressivo de primeira escolha; 2. Aumento da dose; 3. Troca para um antidepressivo de outra classe; 4. Potencialização do antidepressivo ou combinações de antidepressivos; 5. Uso de inibidores da moniaminoxidase (iMAO); 6. Eletroconvulsoterapia (ECT). Escolha do medicamento: Individual para cada paciente; Idade; Uso prévio e doses atingidas; Efeitos colaterais; Tolerância; Custo; Gravidez e aleitamento. Classes: ISRS: fluoxetina, sertralina, citalopram, escitalopram, fluvoxamina e vortioxetina; Duais: venlafaxina, desvenlafaxina, mirtazapina e duloxetina; Atípicos: trazodona e bupropiona; Tricíclos e tetracíclicos: imipramina, nortriptilina, clomipramina e amitriptilina; iMAO: tranilcipromina (parnate). Transtorno afetivo bipolar: O que é mania? É um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável que dura pelo menos uma semana, ou menos se o paciente tiver de ser hospitalizado. O que é hipomania? Um episódio hipomaníaco dura pelo menos quatro dias e é muito semelhante a um episódio maníaco; Não é grave o suficiente para causar comprometimento no funcionamento social ou ocupacional; Ausência de sintomas psicóticos. Epidemiologia: Prevalência 1% da população; Idade de início: infância – 50 anos; Alto nível socioeconômico; Estado civil: solteiros e divorciados Comorbidades: Transtorno de uso de substâncias; Transtornos de ansiedade. Fatores genéticos: Familiar de primeiro grau risco de 10-25%; Se dois familiares de primeiro grau o risco dobra. Fatores psicossociais: Eventos de vida estressantes mais frequentemente precedem os primeiros episódios de transtornos de humor, e não os subsequentes; Essa associação tem sido relatada tanto em pacientes com transtorno depressivo maior como naqueles com transtorno bipolar I. Critérios DSM V TAB: Para diagnosticar transtorno bipolar tipo I (que tem mania), é necessário o preenchimento dos critérios a seguir para um episódio maníaco. O episódio maníaco pode ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores. Episódio maníaco: A. Um período distinto de humor anormal e pesistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária); B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade; 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono); 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando; 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados; 5. Distratibilidde (a atenção desviada muito facilmentepor estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado; 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (atividade sem propósito não dirigida a objetivos); 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamentos, outro tratamento) ou a outra condição médica. Hipomania: A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade ou energia, com duração mínima de quatro dias consecutivos e presente na mior parte do dia, quase todos os dias. B. Durante o período de perturbação do humor e aumento de energia e atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) persistem, representam uma mudança notável em relação ao comportamento habitual e estão presente em grau significativo: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade; 2. Redução da necessidade de sono; 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando; 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados; 5. Distratibilidade; 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos ou agitação psicomotora; 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequência dolorosas. C. O episódio está associado a uma mudança clara no funcionamento que não é característica do indivíduo quando assintomático; D. A perturbação do humor e a mudança no funcionamento são observáveis por outras pessoas; E. O episódio não suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. Existindo características psicóticas, por definição, o episódio é maníaco; F. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento). Outros marcadores: TAB tipo 1: mania + depressão maior; TAB tipo 2: hipomania + depressão maior. Terapias não farmacológicas: Afetivograma: Linha típica de um paciente bipolar; Se o paciente não adere ao tratamento terá um declínio cognitivo abrupto. Distmia: Definição: Dois anos de humor deprimido não grave o suficiente para receber o diagnóstico de episódio depressivo maior. Critérios DSM IV: Este transtorno representa uma consolidação do transtorno depressivo maior crônico e do transtorno distímico definidos no DSM-IV. A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas, pelo período mínimo de dois anos. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano. B. Presença, enquanto deprimido, de duas (ou mais) das seguintes características: 1. Apetite diminuído ou alimentação em excesso; 2. Insônia ou hipersonia; 3. Baixa energia ou fadiga; 4. Baixa autoestima; 5. Concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões; 6. Sentimentos de desesperança. C. Durante o período de dois anos (um ano para crianças ou adolescentes) de perturbação, o indivíduo jamais esteve com os sintomas dos critérios A e B por mais de dois meses; D. Os critérios para um transtorno depressivo maior podem estar continuamente presentes por dois anos; E. Jamais houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco e jamais foram satisfeitos os critérios para transtorno ciclotímico; F. A perturbação não é mais bem explicada por um transtorno esquizoafetivo persistente, esquizofrenia, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado; G. Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamentos) ou a outra condição médica (p. ex., hipotireoidismo). Diagnóstico diferencial: Transtorno depressivo menor; Os pacientes com transtorno depressivo menor tem um estado de humor eutímico, enquanto aqueles com distmia quase não tem períodos eutímicos. Depressão dupla: 40% dos pacientes com transtorno depressivo maior também satisfaçam os critérios para distmia, uma combinação muitas vezes referida como depressão dupla; Prognóstico: pior do que aqueles com somente transtorno depressivo maior; O tratamento deve ser direcionado para ambas as condições. Tratamento: Terapia congnitiva. É a técnica na qual os pacientes aprendem novas formas de pensar e de se comportar para substituir atitudes negativas defeituosas em relação a si próprios, ao mundo e ao futuro; É um programa de terapia de curto prazo orientada aos problemas atuais e sua resolução; Terapia comportamental: a depressão é causada pela perda de reforços positivos como resultado de separação, morte ou mudanças súbitas no ambiente; Os métodos de tratamento focalizam objetivos para aumentar a atividade, proporcionar experiências agradáveis e ensinar os pacientes a relaxar; Alterar o comportamento pessoal em indivíduos deprimidos parece ser a maneira mais eficiente de mudas os pensamentos e sentimentos depressivos associados. Tratamento medicamentoso: Ciclotmia: Definição: Presença de pelo menos dois anos de ocorrência frequente de sintomas hipomaníacos que não podem ser diagnosticados como um episódio maníaco e de sintomas depressivos que não podem ser diagnosticados como um episódio depressivo maior. DSM IV: A. Pelo menos dois anos (um ano em crianças e adolescentes), presença de vários períodos com sintomas hipomaníacos que não satisfazem os critérios para episódio hipomaníaco e vários períodos com sintomas depressivos que não satisfazem os critérios para episódio depressivo maior; B. Durante o período antes citado de dois anos (um ano em crianças e adolescentes), os períodos hipomaníaco e depressivo estiveram presentes por pelo menos metade do tempo, e o indivíduo não permaneceu sem os sintomas por mais que dois meses consecutivos; C. Os critérios para um episódio depressivo maior, maníaco ou hipomaníaco nunca foram satisfeitos; D. Os sintomas do critério A não são mais bem explicados por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno fisiológico não especificado; E. Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamentos) ou a outra condição médica (p. ex., hipotireoidismo); F. Os sintomas causam sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Diagnóstico diferencial: Transtorno do uso de substâncias – cocaína, anfetamina e esteroides; Transtornos da personalidade – borderline, antissocial, histriônica e narcisista. Tratamento medicamentoso: Os estabilizadores do humor e medicamentos antimaníacos são a primeira linha de tratamento; Lítio, outros agentes antimaníacos – carbamazepina e valproato; O tratamento com antidepressivos para pacientes deprimidos com transtorno ciclotímico deve ser feito com cautela, porque estes tem mais suscetibilidadea episódios hipomaníacos ou maníacos induzidos por antidepressivos.
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