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HISTÓRIA DO AMAPÁ PATRIMÔNIO IMATERIAL - ARTE KUSIWA – PINTURA CORPORAL E ARTE GRÁFICA WAJÃPI http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/54 http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/54 ARTE KUSIWA – PINTURA CORPORAL E ARTE GRÁFICA WAJÃPI A Arte Kusiwa é um sistema de representação gráfico próprio dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá, que sintetiza seu modo particular de conhecer, conceber e agir sobre o universo. Como patrimônio imaterial, a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão, em 2002. No ano seguinte, recebeu da Unesco o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A Terra Indígena Wajãpi - demarcada e homologada em 1996 - é uma área muito preservada, onde vivem cerca de 1,1 mil indígenas, em 48 aldeias. Essa arte está vinculada à organização social, com uso adequado da terra indígena e o conhecimento tradicional. Os indígenas usam composições de padrões Kusiwa nas costas, na face e nos braços. A pintura é para todos os dias e quando os adultos se pintam, os jovens aprendem a fazer composições de kusiwarã no corpo. ❖ Os Wajãpi do Amapá constituem um grupo remanescente de um povo outrora muito mais numeroso, subdividido em vários grupos independentes e cuja população total foi estimada em cerca de 6 mil pessoas no começo do século XIX. Esta etnia tem origem em um complexo cultural maior, de tradição e língua tupi-guarani, hoje representado por diversos povos, distribuídos entre vários estados do Brasil e países adjacentes. Até o século XVII, os Wajãpi viviam ao sul do rio Amazonas, numa região próxima da área até hoje ocupada pelos Asurini, Araweté e outros, todos falantes de variantes dessa mesma família linguística. ❖ Mantém-se uma conexão historicamente importante com os grupos Wajãpi e Emerillon (ou Teko), que vivem na Guiana Francesa, e com os Zo´é, do norte do Pará, com os quais os Wajãpi do Amapá compartilham algumas tradições. Entretanto, mesmo variantes de uma mesma família linguística, nem todas as línguas faladas por esses grupos são mutuamente compreensíveis, justamente por expressarem evoluções históricas particulares com evidentes reflexos na diferenciação de suas sociocosmologias. Salvaguarda - O Plano de Salvaguarda incluiu a implantação e estruturação do Centro de Formação e Documentação Wajãpi (Centro de Referência localizado na Terra Indígena Wajãpi. Ações de salvaguarda executadas por meio do Projeto Pontão de Cultura Arte e Vida dos Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará em parceria com o Instituto de Pesquisa e Educação Indígena (Iepé): capacitação e formação de documentaristas e pesquisadores indígenas; constituição de acervo para o Centro de Formação e Documentação Wajãpi; realização de inventários participativos, produção coletiva e realização da exposição A roça e o Kahbe: a produção de farinha de mandioca no Oiapoque, no Museu Kuahi dos Povos Indígenas do Oiapoque; produção e impressão de publicação de autoria dos pesquisadores Wajãpi, intitulada Ka'a rewarã, dentre várias outras publicações na língua Wajãpi. TRADIÇÕES DOS WAJÃPI DO AMAPÁ ❖ O modo de vida e as tradições dos Wajãpi do Amapá diferenciam-se significativamente daqueles dos índios da Guiana Francesa, tanto em função do padrão de adaptação ecológica à região de serras do noroeste do Amapá (e não às margens de rios, caso dos Wajãpi do Oiapoque) como na suas experiências de contato, tendo os do Amapá ficado mais isolados, até a década de 1970, da convivência com a população não-indígena. No que diz respeito aos conteúdos de sua mitologia e de sua iconografia, as diferenças são também muito evidentes. ❖ Assim, o repertório codificado de padrões kusiwa utilizado hoje pelos Wajãpi do Amapá não é reconhecido, nem compartilhado, pelos Wajãpi da Guiana Francesa, cujos sistemas iconográfico e cosmológico são produtos de outra história e resultantes de sua convivência maior com grupos de língua caribe – entre eles os Wayana. Para decorar corpos e objetos, os Wajãpi do Amapá fazem uso da tinta vermelha do urucum, do suco do jenipapo verde e de resinas perfumadas. CORPOS E OBJETOS DECORADOS COM URUCUM ❖ Para decorar corpos e objetos, os Wajãpi do Amapá fazem uso da tinta vermelha do urucum, do suco do jenipapo verde e de resinas perfumadas. Onças, sucuris, jibóias, peixes e borboletas são parte de um repertório codificado de padrões gráficos. É por meio de suas formas ou de sua ornamentação, tal como lá no início dos tempos foram percebidas pelos primeiros homens, que os Wajãpi expressam a diversidade de seres, humanos e não humanos que, com eles, compartilham o universo. ❖ O repertório se modifica de forma dinâmica, pela própria variação dos motivos e pela apropriação de outras formas de ornamentação, como a borduna dos inimigos, a lima de ferro, as letras do alfabeto e até marcas da indústria do vestuário. Do mesmo modo, os episódios da criação e da transformação do mundo – que, como dizem os Wajãpi, é uma transformação em constante movimento – são profundamente marcados pela performance da oralidade. ❖ Aquilo que um narrador nos contará um dia, jamais será o que outro narrador nos dirá. Os ditos dos anciãos são, dessa forma, constantemente atualizados e interpretados nos diferentes contextos que continuam a alimentar os saberes sobre as complexas relações existentes entre todos os seres que compartilham os mundos terrestre, celeste e aquático, no universo ameríndio, ou até dos brancos. ARTE KUSIWA É REVALIDADA COMO PATRIMÔNIO CULTURAL DO BRASIL ❖ A Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica dos índios Wajãpi, no Amapá, é o primeiro bem de natureza imaterial a ter o título de Patrimônio Cultural do Brasil revalidado. O ato inédito aconteceu na tarde desta quinta-feira 27 de abril, por decisão unânime do Conselho Consultivo que avaliou se a manifestação, após 10 anos de Registro, manteve-se viva como referência cultural para sua comunidade e consequentemente para o país. ❖ Os Índios Wajãpi comemoraram a revalidação. "É muito importante para os Wajãpi porque o Iphan e valoriza os conhecimentos e expressões graficas dos Wajãpi. O Iphan ajudou muito na formação dos pesquisadores que fizeram muitos livros sobre os conhecimentos do povo para fortalecer o jeito de ver e as práticas Wajãpi", disse o cacique Kasipirina. "A arte Kusiwa, não é apenas nossa. É do mundo, dos peixes, das casas e dos outros. O plano de salvaguarda é muito importante para fortalecer o conhecimento dos Wajãpi. E é através dele que o povo se organizou para fazer planos de trabalho para a gestão da terra e organização social", completou.
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