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Aula 5 - Dos Crimes contra o Patrimônio - Parte II

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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL – 
PARTE ESPECIAL
Dos Crimes contra o 
Patrimônio – Parte II
Livro Eletrônico
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte II
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
Leonardo Castro
Sumário
Dos Crimes contra o Patrimônio - Parte II ................................................................................. 4
1. Atualização Legislativa – 2020/2021 ..................................................................................... 4
1.1. Lei n. 13.964/2019 ..................................................................................................................... 4
1.1. Lei n. 13.455/2021 ..................................................................................................................... 4
2. Legislação Comentada .............................................................................................................. 5
2.1. Apropriação Indébita ............................................................................................................... 5
2.2. Estelionato e Outras Fraudes ..............................................................................................13
2.3. Receptação ............................................................................................................................. 25
2.4. Disposições Gerais ................................................................................................................ 30
2.5. Crimes contra a Propriedade Material ...............................................................................31
3. Sinopse ........................................................................................................................................ 35
3.1. Apropriação Indébita (CP, Art. 168) ..................................................................................... 35
3.2. Apropriação Indébita Previdenciária (CP, Art. 168-A) .................................................... 36
3.3. Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito ou Força da Natureza (CP, 
Art. 169) ...........................................................................................................................................38
3.4. Estelionato (CP, Art. 171) ......................................................................................................40
3.5. Duplicata Simulada (CP, Art. 172) .......................................................................................44
3.6. Abuso de Incapazes (CP, Art. 173) .......................................................................................44
3.7. Induzimento à Especulação (CP, Art. 174) .........................................................................44
3.8. Fraude no Comércio (CP, Art. 175) ...................................................................................... 45
3.9. Outras Fraudes (CP, Art. 176) ............................................................................................... 45
3.10. Fraude e Abusos na Fundação ou Administração de Sociedade por Ações (CP, 
Art. 177) ........................................................................................................................................... 45
3.11. Emissão Irregular de Conhecimento de Depósito ou “Warrant” (CP, Art. 178) ........46
3.12. Fraude à Execução (CP, Art. 179) .......................................................................................46
3.13. Receptação (CP, Art. 180) ....................................................................................................46
3.14. Receptação de Animal (CP, Art. 180-A) ............................................................................ 52
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte II
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
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3.15. Disposições Gerais (CP, Arts. 181, 182 e 183) .................................................................. 53
3.16. Violação de Direito Autoral (CP, Arts. 184 E 186) ........................................................... 54
4. Súmulas e Informativos .......................................................................................................... 55
4.1. Apropriação Indébita ............................................................................................................. 55
4.2. Apropriação Indébita Previdenciária ................................................................................ 56
4.3. Estelionato .............................................................................................................................. 56
4.4. Violação de Direito Autoral ................................................................................................. 58
Exercícios ........................................................................................................................................ 59
Gabarito ...........................................................................................................................................84
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Dos Crimes contra o Patrimônio – Parte II
DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO - PARTE II
1. AtuAlizAção legislAtivA – 2020/2021
1.1. lei n. 13.964/2019
Estelionato
COMO ERA COMO FICOU
Sem 
correspondente.
Art. 171, § 5º. Somente se procede mediante representação, salvo se a 
vítima for:
I – a Administração Pública, direta ou indireta;
II – criança ou adolescente;
III – pessoa com deficiência mental; ou
IV – maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
A partir do Pacote Anticrime, o estelionato passou a ser, em regra, crime de ação penal 
pública condicionada à representação, exceto nas hipóteses previstas no § 5º do artigo 171 
do CP. Por se tratar de novatio legis in mellius, com potencial de provocar a extinção da puni-
bilidade por decadência, o legislador deveria ter tratado da nova lei no tempo, em relação à 
retroatividade, mas não o fez. Coube ao STJ decidir a questão:
JURISPRUDÊNCIA
Nos termos da Jurisprudência da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, a neces-
sidade de representação das Vítimas, no crime de estelionato, trazida ao mundo jurídico 
com a entrada em vigor da Lei n. 13.964/2019, não alcança os processos cuja denúncia 
foi apresentada antes da vigência do citado Diploma legal, tal como ocorre na hipótese 
dos autos. (STJ, AgRg no REsp 1.915.868/SP)
1.1. lei n. 13.455/2021
COMO ERA COMO FICOU
Art. 171, Estelionato 
contra idoso
§ 4º Aplica-se a pena 
em dobro se o crime for 
cometido contra idoso
Art. 171, Fraude eletrônica
§ 2º-A A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e 
multa, se a fraude é cometida com a utilização de informações 
fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por 
meio de redes sociais, contatos telefônicos ou envio de 
correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio 
fraudulento análogo.
§ 2º-B A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a 
relevância do resultado gravoso, aumenta-se de 1/3 (um terço) 
a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização 
de servidor mantido fora do território nacional.
Estelionato contra idoso ou vulnerável
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o 
crime é cometido contra idoso ou vulnerável, consideradaa 
relevância do resultado gravoso.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
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Estelionato
A Lei n. 14.155/21 tem por objetivo frear os crimes virtuais. Sofreram alterações os artigos 
154-A, que tipifica a invasão de dispositivo informático, o artigo 155, onde consta o furto, te-
mas vistos nos tomos anteriores, e o estelionato, que passou a ter uma nova qualificadora: a 
fraude eletrônica, no artigo 171, § 2º-A, do CP. Também foi adicionada nova causa de aumento, 
no § 2º-B, e modificada outra já existente, no § 4º.
A qualificadora deve ser reconhecida quando o agente obtém vantagem ilícita por meio de 
informações da vítima, por ela própria fornecidas ou por terceiros induzidos em erro. O grande 
diferencial em relação ao caput é que, na forma qualificada, a atuação do criminoso se deu 
por meio eletrônico, ou seja, a vítima ou o terceiro foram induzidos a erro por meio de: redes 
sociais (ex.: Facebook, Instagram), contatos telefônicos (o agente liga e se passa por outra 
pessoa), envio de correio eletrônico (ex.: e-mail com link falso, simulando comunicação de um 
banco, uma loja etc.), ou qualquer outro meio fraudulento análogo.
No § 2º-B, foi adicionada causa de aumento de pena aplicável apenas quando presente 
a qualificadora do § 2º-A. A pena é aumentada, de um a dois terços, se o crime for cometido 
mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. A punição mais gravosa 
encontra justificativa na maior dificuldade em identificar o autor do delito. Por fim, foi alterado 
o § 4º, que agora tem o vulnerável como pessoa que merece maior proteção quando vítima de 
estelionato. Em relação à fração de aumento, trata-se de novatio legis in mellius: antes, a pena 
era aplicada em dobro. A partir da nova lei, o aumento varia entre um terço e o dobro.
2. legislAção ComentAdA
2.1. ApropriAção indébitA
CAPÍTULO V
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
2.1.1. Apropriação Indébita
Apropriação indébita 1
Art. 168. Apropriar-se 2 de coisa alheia móvel 3, de que tem a posse ou a detenção 4-5-6-7:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa 8.
Aumento de pena
§ 1º A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: 9
I – em depósito necessário;
II – na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário 
judicial;
III – em razão de ofício, emprego ou profissão.
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1. Com frequência, as bancas exigem do candidato a distinção entre a apropriação 
indébita e o estelionato (CP, art. 171, caput). Para não os confundir, o primeiro ponto é 
ter em mente que, no estelionato, o criminoso emprega meio fraudulento. Na apropriação 
indébita, não. Ademais, o momento em que o agente decide se tornar dono da coisa difere 
entre os dois crimes.
(a) Apropriação indébita:
(b) Estelionato:
2. Nos crimes contra o patrimônio, a observância do verbo nuclear é de fundamental impor-
tância. No furto (CP, art. 155), o agente subtrai, toma a coisa da vítima, mas sem emprego de 
violência ou grave ameaça, hipótese em que o crime é o de roubo (CP, art. 157). No estelionato 
(CP, art. 171), o verbo é obter, receber a coisa, mediante emprego de fraude. Por fim, na apro-
priação indébita, o criminoso se apropria, apodera-se da coisa legitimamente obtida. Exemplo: 
pedir um objeto emprestado e, posteriormente, ao tê-lo, decide dele se tornar dono, em prejuízo 
do verdadeiro proprietário.
3. Não é possível a apropriação indébita de coisa imóvel. O conceito de móvel é o natural, ou 
seja, tudo aquilo que pode ser transferido de um lugar para outro - veja comentários feitos a respei-
to do crime de furto (CP, art. 155). A prestação de serviços não pode ser objeto material do delito.
4. Os conceitos de posse e de detenção podem ser extraídos do Código Civil, nos artigos 
1.196 e 1.198, respectivamente.
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum 
dos poderes inerentes à propriedade.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com 
outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
5. A principal característica da apropriação indébita é a forma como a coisa alheia móvel 
chegou às mãos do sujeito. No furto e no roubo, ela é tomada. No estelionato, obtida mediante 
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fraude. Portanto, nesses três crimes, a má-fé sempre esteve presente. Na apropriação indébita, 
a coisa é recebida de boa-fé, mas, ao tê-la (posse ou detenção), o agente decide, imbuído de 
má-fé, dela se tornar dono.
6. Para que fique caracterizado o delito, devem ser observados os seguintes requisitos:
(a) A entrega da coisa deve ser voluntária e livre de fraude. A vítima entrega a coisa ao 
criminoso porque quer, sem que exista falsa percepção da realidade capaz de tornar viciado o 
consentimento – situação em que o delito seria o de estelionato (CP, art. 171).
(b) A posse ou detenção deve ser desvigiada. Se a vítima mantém vigilância em relação 
ao bem, o sujeito deverá subtrai-la para tê-la, hipótese em que o crime seria o de furto (CP, 
art. 155).
(c) O agente deve estar de boa-fé ao receber a coisa. No momento em que a vítima entrega 
o bem, não existe, por parte do criminoso, a intenção de assenhoreamento, de não a devolver 
posteriormente. A mudança de comportamento surge quando passa a ter a coisa sob sua pos-
se ou detenção.
(d) Ao ter a posse ou detenção da coisa, o agente muda seu comportamento e passa a agir 
de má-fé. A intenção de se tornar dono do bem pode ser constatada por atos de disposição ou 
pela recusa a restituição.
7. O ânimo de assenhoreamento pode ser constatado em duas situações: (a) por atos de 
disposição da coisa que não poderiam ser praticados por pessoa diversa do proprietário (ex.: 
vender); (b) pela recusa em devolvê-la.
ATOS DE DISPOSIÇÃO RECUSA A RESTITUIÇÃO
Denominada apropriação indébita 
própria ou propriamente dita, ocorre 
quando o agente passa a agir como 
se fosse proprietário da coisa, nos 
termos do artigo 1.228 do Código 
Civil.
Art. 1.228. O proprietário tem a 
faculdade de usar, gozar e dispor da 
coisa, e o direito de reavê-la do poder 
de quem quer que injustamente a 
possua ou detenha.
Solicitada a devolução da coisa, o agente se 
recusa a devolvê-la (negativa de restituição). 
É atípica a conduta, no entanto, quando a lei 
assegura ao sujeito o direito de retenção da 
coisa, a exemplo do que acontece na situação 
descrita no artigo 681 do Código Civil.
Art. 681. O mandatário tem sobre a coisa de 
que tenha a posse em virtude do mandato, 
direito de retenção, até se reembolsar do que 
no desempenho do encargo despendeu.
Crime plurissubsistente, admite 
tentativa.
Crime omissivo próprio, cuja consumação 
ocorre a partir de inação, nãoadmite tentativa 
(crime unissubsistente).
8. Crime de médio potencial ofensivo, a pena mínima de um ano faz com que o delito seja 
compatível com a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).
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9. A pena do crime é aumentada de um terço quando o agente recebeu a coisa: (a) em 
depósito necessário; (b) na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, tes-
tamenteiro ou depositário judicial; (c) em razão de ofício, emprego ou profissão.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA – CAUSAS DE AUMENTO DE PENA
Coisa recebida em depósito necessário (inciso I).
O depósito necessário é tratado nos artigos 647 e 649 do CC. Divide-se em:
Depósito necessário legal (art. 647, I);
Deposito necessário miserável (art. 647, II);
Depósito necessário por equiparação (art. 649, caput).
A majorante do depósito necessário (inciso I) é aplicável somente em relação ao depósito 
necessário miserável. No depósito necessário por equiparação, a pena será aumentada, 
mas com fundamento no inciso III. Em relação ao depósito necessário legal, por ser o sujeito 
equiparado a funcionário público, deve responder pelo crime de peculato (CP, art. 312, 
primeira parte).
Coisa recebida na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, 
testamenteiro ou depositário judicial (inciso II).
A causa de aumento de pena não é aplicável quando a conduta for praticada por síndico 
de condomínio edilício. Nesse sentido, STJ: O fato de síndico de condomínio edilício ter 
se apropriado de valores pertencentes ao condomínio para efetuar pagamento de contas 
pessoais não implica o aumento de pena descrito no art. 168, § 1º, II, do CP (o qual incide em 
razão de o agente de apropriação indébita ter recebido a coisa na qualidade de “síndico”) 
(REsp 1.552.919/SP).
Coisa recebida em razão de ofício, emprego ou profissão (inciso III).
2.1.2. Apropriação Indébita Previdenciária
Apropriação indébita previdenciária
Art. 168-A. Deixar de repassar 1 à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes 
2, no prazo e forma legal ou convencional 3:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa 4.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem deixar de: 5
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que 
tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis 
ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido re-
embolsados à empresa pela previdência social.
§ 2º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento 
das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na 
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. 6
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§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for pri-
mário e de bons antecedentes, desde que: 7-8
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da 
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido 
pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas 
execuções fiscais.
§ 4º A faculdade prevista no § 3º deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contri-
buições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, 
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 9
1. Crime omissivo próprio, em que a conduta consiste em deixar de fazer algo. Portanto, 
não há meio-termo. A conduta não tem como ser fracionada (unissubsistente): no momento da 
omissão, o delito está consumado, o que torna o delito incompatível com a tentativa.
2. O crime é praticado pelo sujeito que tinha de repassar à previdência social, mas não o 
fez. Embora a lei estabeleça a quem cabe a transferência desses valores, o crime é classifica-
do como comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. A pessoa jurídica não pode ser 
sujeito ativo do delito.
3. Normal penal em branco, seu complemento é extraído da legislação previdenciária, que 
estabelece o prazo e a forma de repasse das contribuições recolhidas.
4. Crime de elevado potencial ofensivo, não é compatível com a suspensão condicional do 
processo (Lei n. 9.099/95, art. 89).
5. O § 1º prevê, em três incisos, as figuras equiparadas ao caput:
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA - FIGURAS EQUIPARADAS
I – Deixar de recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à 
previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, 
a terceiros ou arrecadada do público;
A conduta engloba outras importâncias destinadas à previdência social – no caput, é 
falado apenas em contribuições. O dispositivo criminaliza a conduta daquele que, ao 
pagar o segurado, deste desconta valor que deveria ser repassado à previdência social.
II – Deixar de recolher contribuições devidas à previdência social que tenham 
integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação 
de serviços;
No inciso II, não há ausência de repasse de quantias descontadas do pagamento de 
terceiros. O crime é praticado por quem inclui, no preço final do produto ou do serviço, 
valor relacionado a contribuição devida, mas não repassada à previdência social.
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já 
tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.
No inciso III, o agente deixa de pagar ao segurado o benefício, embora já tenha recebido 
os respectivos recursos da Previdência Social.
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6. O § 2º traz hipótese de extinção da punibilidade, aplicável quando o agente, espontanea-
mente, declara, confessa e efetua o pagamento da respectiva quantia, objeto material do delito, 
e presta as informações devidas à Previdência Social.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Requisitos para a extinção da punibilidade do § 2º:
A declaração e confissão da dívida;
A prestação de informações à Seguridade Social;
O pagamento integral da dívida antes do início da ação fiscal.
A causa extintiva da punibilidade não é aplicável ao estelionato previdenciário: não extingue 
a punibilidade do crime de estelionato previdenciário (art. 171, § 3º, do CP) a devolução à 
Previdência Social, antes do recebimento da denúncia, da vantagem percebida ilicitamente,podendo a iniciativa, eventualmente, caracterizar arrependimento posterior, previsto no art. 
16 do CP. O art. 9º da Lei 10.684/2003 prevê hipótese excepcional de extinção de punibilidade, 
“quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos 
débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios”, que somente 
abrange os crimes de sonegação fiscal, apropriação indébita previdenciária e sonegação 
de contribuição previdenciária, ontologicamente distintos do estelionato previdenciário, no 
qual há emprego de ardil para o recebimento indevido de benefícios (STJ, REsp 1.380.672/
SC).
Se o agente for beneficiado pela concessão do parcelamento do valor devido a título de 
contribuição social previdenciária, ou qualquer acessório, o pagamento integral do débito 
importa na extinção da punibilidade (Lei n. 9.430/96, art. 83, § 4º).
7. É possível o perdão judicial ou a aplicação isolada da pena de multa se o agente for primário 
e de bons antecedentes, desde que o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja 
igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o 
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. A hipótese do inciso I não é mais aplicável.
8. Os tribunais superiores têm admitido a extinção da punibilidade pelo pagamento integral do 
débito, consistente no valor das contribuições previdenciárias e acessórios, como juros, mesmo após 
o trânsito em julgado. Por outro lado, o parcelamento implica na suspensão da pretensão punitiva, 
sendo necessário que haja a consolidação do parcelamento pela Administração. Não basta o re-
querimento.
9. O perdão judicial ou a aplicação isolada de pena de multa (§ 3º) não é admitida nos 
casos de parcelamento de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, 
seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuiza-
mento de suas execuções fiscais – atualmente, vinte mil reais (Portaria MF n. 75/12, art. 2º).
2.1.3. Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito ou Força da 
Natureza
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza
Art. 169. Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da 
natureza: 1-2-3-4-5
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Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa. 6
Parágrafo único. Na mesma pena incorre:
1. Por falsa percepção da realidade, a vítima entrega a coisa móvel ao criminoso. A situa-
ção de erro não pode ter sido provocada por quem recebe o bem, hipótese em que o crime é 
o de estelionato (CP, art. 171). O erro pode ser em relação à coisa, como um todo (ex.: pagar 
dívida não devida), ou parte dela (ex.: errar o troco e dar dinheiro a mais do que deveria).
2. Para a consumação do delito, não basta a tradição da coisa móvel. O agente deve agir 
como se fosse seu dono, praticando ato incompatível com a intenção de restitui-lo ao titular 
(ex.: o sujeito vende o bem).
3. É imprescindível que, no momento do recebimento da coisa, o sujeito esteja de boa-fé. 
Caso contrário, poderá ficar caracterizado o crime de estelionato.
APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA – REQUISITOS
(1) A vítima deve estar em situação de erro não provocada pelo agente. Se ele a provocou, 
deve responder por estelionato (CP, art. 171);
(2) A vítima deve entregar espontaneamente a coisa móvel. Se influenciada, por ficar 
caracterizado o crime de estelionato;
(3) O agente, ao receber a coisa, deve estar de boa-fé, sem perceber o equívoco da vítima. 
A má-fé surge posteriormente, quando percebe o equívoco e, devendo restitui-la, age como 
se fosse seu dono, dela se apossando – por exemplo, vendendo-a. Se presente a má-fé 
antes da entrega, deve ocorrer a punição por estelionato;
4. Não é admitida a modalidade culposa. No entanto, é possível imaginar situação de erro 
de tipo essencial (CP, art. 20, caput), quando o agente, também em erro de percepção, desco-
nhece o fato de que a coisa é alheia e pratica ato inerente à propriedade.
5. Também pratica o crime quem se apropria da coisa havida por caso fortuito e força da na-
tureza (ou força maior). O caso fortuito decorre de conduta humana (ex.: um acidente de trânsito), 
enquanto a força maior resulta de eventos naturais (ex.: tempestade). Imagine que, durante um 
vendaval, um guarda-sol voa de uma casa para outra, e o morador desta última dele se apropria.
6. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal. É 
compatível com a composição civil dos danos, com a transação penal e com a suspensão 
condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
Apropriação de Tesouro
Apropriação de tesouro
I – quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem di-
reito o proprietário do prédio; 1-2-3
1. A definição de descoberta de tesouro pode ser extraída dos artigos 1.264 a 1.266 do CC.
Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será 
dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.
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Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em 
pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o 
enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.
2. O crime é praticado por quem acha tesouro, acidentalmente, em prédio alheio, e não en-
trega ao proprietário do prédio sua parte na descoberta, como determina o artigo 1.264 do CC.
3. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, com-
patível com todos os institutos de não aplicação de pena da Lei n. 9.099/95.
Apropriação de Coisa Achada
Apropriação de coisa achada
II – quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restitui-la ao dono 
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. 1-2-3-4
Art. 170. Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, § 2º. 5
1. Pratica o crime aquele que se apropria de coisa perdida. Quem se apropria de coisa 
esquecida, cujo dono pode ser imediatamente identificado e a coisa devolvida, responde pelo 
crime de furto (CP, art. 155). A coisa abandonada – res derelicta – não pode ser objeto material 
do delito, afinal, não é alheia.
2. Crime a prazo, o crime é praticado quando, no prazo de quinze dias, quem achou a coisa 
não a devolve ao dono ou legítimo possuidor ou não a entrega à autoridade competente. Por-
tanto, durante esse período, a conduta é atípica.
3. Quando não conhecido o titular da coisa perdida ou não sendo possível a restituição, o 
delito é classificado como de conduta mista, composta por uma comissão e por uma omissão.
APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA – CRIME DE CONDUTA MISTA
Primeira conduta (ação): o agente encontra a coisa e dela se apodera.
Segunda conduta (omissão): passados quinze dias, o agente não a devolve ou 
não a entrega à autoridade pública.
4.A pena é a mesma da figura do caput do artigo 169. Portanto, crime de menor potencial 
ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal. O processo corre pelo rito sumaríssi-
mo. É possível a composição civil dos danos, a transação penal e a suspensão condicional do 
processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
5. O artigo 155, § 2º, do CP trata do denominado furto privilegiado. A redação é a seguinte: 
se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de 
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. O 
artigo 170 amplia a incidência da causa de diminuição de pena a todas as figuras do artigo 169 
do CP: apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza (caput), apropria-
ção de tesouro (parágrafo único, I) e apropriação de coisa achada (parágrafo único, II).
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2.2. estelionAto e outrAs FrAudes
CAPÍTULO VI
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
2.2.1. Estelionato
Estelionato
Art. 171. Obter 1-2, para si ou para outrem, vantagem ilícita 3, em prejuízo alheio 4, induzindo ou 
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento 5-6:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. 7
§ 1º Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme 
o disposto no art. 155, § 2º. 8
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem:
1. O estelionato tem por núcleo obter, receber. Difere do furto, em que a coisa é subtraída, 
tomada da vítima. No estelionato, o bem é entregue ao criminoso, mas a vontade da vítima é 
viciada por falsa percepção da realidade. Ela dá a coisa ao estelionatário, mas assim age por 
viver uma fantasia, uma verdade distorcida em razão de fraude.
2. Em concursos, com frequência, as bancas exigem do candidato a distinção entre o estelio-
nato, a apropriação indébita (CP, art. 168) e o furto qualificado pelo emprego de fraude (CP, art. 155, 
§ 4º, II). Para não os confundir, é imprescindível conhecer o verbo nuclear de cada um dos delitos: 
(a) no furto, o agente subtrai; (b) na apropriação indébita, se apropria; (c) no estelionato, obtém.
FURTO QUALIFICADO 
PELO EMPREGO DE 
FRAUDE
APROPRIAÇÃO 
INDÉBITA ESTELIONATO
Para subtrair a coisa, o 
agente emprega fraude, 
fazendo com que a 
vítima deixe de vigiá-la.
Inicialmente, ao receber 
a coisa, o agente está 
de boa-fé. No entanto, 
ao tê-la, decide dela se 
apropriar.
No estelionato, a má-fé está 
presente desde o início, como no 
furto, mas não há subtração. Em 
vez disso, a vítima é induzida em 
erro para que, voluntariamente, a 
entregue ao criminoso.
Ex.: João aponta para o 
céu, fazendo com que 
a vítima se distraia e, 
enquanto isso, subtrai 
objetos do interior da 
sua bolsa.
Ex.: João pede o 
empréstimo de alguns 
livros. No entanto, ao tê-
los, decide não mais os 
devolver, embora a vítima 
os requeira de volta.
Ex.: fingindo ser o manobrista de um 
estacionamento, o estelionatário 
obtém, para si, o automóvel da 
vítima.
3. A vantagem deve ser ilícita. Ademais, deve possuir natureza econômica, afinal, o estelio-
nato é crime contra o patrimônio.
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4. O estelionato é classificado como crime de duplo resultado, cuja consumação depen-
de da presença de dois requisitos cumulativos: (1º) o agente deve obter a coisa ilícita; (2º) a 
conduta deve provocar prejuízo alheio. É imprescindível a produção de resultado naturalístico 
(crime material).
5. O estelionato tem por característica principal a distorção da realidade. O criminoso tira 
proveito de uma fantasia vivida pela vítima, que não entregaria a vantagem ao estelionatário 
se soubesse o que, de fato, está acontecendo. A situação de erro pode ser criada por meio de 
artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
ARTIFÍCIO ARDIL
É a fraude material, por meio de 
instrumentos ou objetos (ex.: o 
criminoso usa um crachá falso para 
se passar por funcionário público).
É a fraude moral, por meio de falácia. 
O agente induz a vítima em erro por 
meio de conversa.
6. O dispositivo adota, ao final, fórmula genérica: qualquer meio fraudulento. Ou seja, o es-
telionato pode ser praticado por qualquer meio capaz de manter a vítima em erro. Até mesmo 
o silêncio pode ser utilizado como meio fraudulento, quando o estelionatário percebe o erro 
da vítima e, em vez de alertá-la, nada faz, com o objetivo de obter vantagem indevida (ex.: tro-
co errado).
7. Crime de médio potencial ofensivo, o estelionato é compatível com a suspensão condi-
cional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89). Em regra, a ação penal é pública condicionada à 
representação, exceto nas hipóteses elencadas no artigo 171, § 5º, do CP.
8. O § 1º estende ao estelionato a incidência do artigo 155, § 2º, do CP (furto privilegiado). 
A redação é a seguinte: se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz 
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar 
somente a pena de multa. Em provas, a hipótese do artigo 171, § 1º, pode aparecer como este-
lionato privilegiado.
Disposição de Coisa Alheia como Própria
Disposição de coisa alheia como própria
I – vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; 1-2
1. Figura equiparada ao estelionato, punida com a mesma pena do caput, pratica o crime 
quem trata coisa alheia como se fosse sua. O inciso I descreve como deve se dar a execução 
do delito (forma vinculada).
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VENDE PERMUTA DÁ EM PAGAMENTO
DÁ EM 
LOCAÇÃO
DÁ EM 
GARANTIA
É a alienação, 
quando o 
domínio 
da coisa é 
transferido 
(CC, art. 481). 
O criminoso 
vende aquilo 
que não é seu.
É a troca, 
quando uma 
coisa é dada em 
contraprestação 
a outra (CC, art. 
533).
Para quitar uma 
obrigação, o 
estelionatário 
entrega ao 
credor coisa 
pertencente à 
vítima (CC, art. 
356).
O criminoso 
aluga coisa 
alheia, como 
se fosse sua, 
a alguém 
(CC, art. 
565).
O criminoso 
oferece coisa 
alheia em 
penhor, hipoteca 
ou anticrese 
(CC, arts. 1.431, 
1.473 e 1.506, 
respectivamente).
2. A consumação difere entre os núcleos: (a) vender: consuma-se com o recebimento do 
valor convencionado, ainda que não ocorra a tradição (coisa móvel) ou a transcrição (coisa 
imóvel); (b) permutar: quando o estelionatário recebe a coisa dada em troca; (c) dar em pa-
gamento: quando quitada a dívida; (d) dar em locação: quando o agente recebe o valor do pri-
meiro aluguel; (e) dar em garantia: quando obtida a contraprestação à garantia oferecida. São 
imprescindíveis o prejuízo alheio e a obtenção de vantagem indevida.
Alienação ou Oneração Fraudulentade Coisa Própria
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
II – vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou 
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silencian-
do sobre qualquer dessas circunstâncias; 1-2
1. Em primeira leitura, o inciso II parece tratar da mesma conduta do inciso I. No entanto, a 
diferença pode ser percebida quando analisado o objeto material: no inciso II, a coisa pertence 
ao criminoso, mas não poderia ser vendida, permutada, dada em pagamento ou em garantia. 
No inciso I, a coisa é alheia.
ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA – OBJETO 
MATERIAL
Coisa própria inalienável: pode ocorrer de o proprietário não poder vender (permutar 
etc.) coisa sua, seja por lei ou por convenção. Caso, mesmo assim, decida aliená-la, o 
agente deve ser responsabilizado pelo crime do inciso II.
Coisa própria gravada de ônus: o agente, embora titular da coisa, não pode dispor 
em razão de penhor, servidão, usufruto ou outro direito real.
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ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA – OBJETO 
MATERIAL
Coisa própria litigiosa: também não é possível dispor de coisa que é objeto de litígio 
judicial.
Imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações: 
a promessa de venda gera obrigação entre as partes, impedindo a livre disposição do 
imóvel, sob pena de responsabilidade pelo crime do inciso II.
2. A conduta não consiste apenas na disposição da coisa, em si, mas no fato de que o cri-
minoso silencia sobre as circunstâncias descritas no inciso. Lembre-se, estamos falando em 
figura equiparada ao estelionato. Portanto, a fraude deve se fazer presente.
Defraudação de Penhor
Defraudação de penhor
III – defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pigno-
ratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; 1-2
1. O inciso III trata da modalidade de penhor prevista no artigo 1.431, parágrafo único, do 
Código Civil, quando a coisa móvel permanece com o devedor.
PENHOR
Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela 
transferência efetiva da posse que, 
em garantia do débito ao credor ou a 
quem o represente, faz o devedor, ou 
alguém por ele, de uma coisa móvel, 
suscetível de alienação.
Art. 1.431. (...)
Parágrafo único. No penhor rural, 
industrial, mercantil e de veículos, 
as coisas empenhadas continuam 
em poder do devedor, que as deve 
guardar e conservar.
Enquanto não quitado o débito, o 
devedor não restitui o bem dado em 
penhor.
A coisa permanece com o devedor, 
ficando por ela responsável. No crime 
do inciso III, o devedor aliena a coisa 
sem o consentimento do credor. O 
dispositivo também tipifica a conduta 
de defraudar, de qualquer modo, o 
bem dado em garantia (ex.: ocultá-lo).
2. Não confunda o penhor, direito real de garantia, com o bem penhorado em razão de litígio 
judicial, hipótese em que pode ficar caracterizado o delito do inciso II.
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Fraude na Entrega de Coisa
Fraude na entrega de coisa
IV – defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; 1-2-3
1. O sujeito tem de entregar um determinado objeto à vítima, mas o modifica, em sua qua-
lidade ou quantidade, causando prejuízo de natureza patrimonial (ex.: entregar 900g, quando 
deveria entregar 1kg). A coisa imóvel pode ser objeto material do delito.
2. Crime próprio, que tem de ser cometido, necessariamente, por quem está obrigado a 
entregar a coisa.
3. A consumação ocorre instante em que a coisa é entregue, não sendo suficiente a defrau-
dação da substância.
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de Seguro
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro
V – destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou 
agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro; 
1-2-3-4
1. Incorre no delito o sujeito que destrói coisa própria ou provoca autolesão com o objetivo de re-
ceber indenização ou valor de seguro. Não há violação ao princípio da alteridade, pois a conduta atin-
ge bem jurídico de terceiro: o patrimônio de quem tem de pagar a indenização ou valore de seguro.
2. Tipo penal misto alternativo, há crime único, e não concursos de crimes, se praticada 
mais de uma conduta em um mesmo contexto fático (ex.: o agente lesa o próprio corpo e, em 
seguida, agrava as consequências da lesão).
FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO – 
CONDUTAS
Destruir, total ou parcialmente, coisa própria: é o exemplo do sujeito que, 
intencionalmente, provoca danos em seu automóvel.
Ocultar coisa própria: consiste na ocultação da coisa. Exemplo: ocultar uma motocicleta 
e registrar ocorrência por furto, com o objetivo de ser indenizado pela seguradora.
Lesar o próprio corpo ou a saúde: o sujeito amputa sua mão ou contrai intencionalmente 
uma doença.
Agravar as consequências da lesão ou doença: sabendo estar lesionado ou doente, 
o indivíduo agrava sua situação para assegurar o recebimento de indenização ou preço 
do seguro.
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3. Crime próprio, deve ser praticado pelo proprietário da coisa ou por quem pratica a 
autolesão.
4. Crime formal, a consumação do delito ocorre no instante em que o sujeito pratica um 
dos núcleos. É irrelevante o efetivo recebimento da vantagem indevida. A tentativa é possível.
Fraude no Pagamento por meio de Cheque
Fraude no pagamento por meio de cheque
VI – emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o paga-
mento. 1-2-3-4-5-6
1. A Lei n. 14.155/21 mudou a regra de competência para o processo e julgamento do deli-
to. Antes da nova lei, a competência era estabelecida com base no local de recusa do cheque. 
Ou seja: o lugar de origem da conta bancária. Exemplo: João emitiu cheque sem provisão de 
fundos em Cuiabá (MT), mas sua conta bancária é de Campo Grande (MS), onde se deu a re-
cusa do cheque. Para processá-lo pela prática da fraude no pagamento por meio de cheque, a 
ação penal tinha de ser oferecida em Campo Grande. O entendimento era sumulado – Súmula 
244 do STJ e 521 do STF. Desde a Lei n. 14.155/21, os dois enunciados estão superados. Ago-
ra, a competência é definida pelo local de domicílio da vítima (CPP, art. 70, § 4º).
A nova regra de competência não retroage para alcançar processos em curso. Deve prevalecer 
o princípio da perpetuatio jurisdictionis (perpetuação da jurisdição), previsto no artigo 43 do 
CPC, e que pode ser aplicado ao processo penal por força do artigo 3º do CPP.
2. O dispositivo traz dois verbos nucleares: emitir e frustrar. No primeiro, o sujeito emite o 
cheque, mas nãotem como honrá-lo. É importante destacar que a impossibilidade de cobrir o 
saque do cheque deve existir na época da emissão do título. Na modalidade frustrar, ele possui 
dinheiro suficiente em conta no momento da emissão do cheque, mas, posteriormente, de for-
ma dolosa, faz com que o título não possa ser descontado (ex.: saca o dinheiro da conta antes 
que o portador do cheque tente descontá-lo).
3. Crime doloso, o agente deve praticar a conduta com o intuito de não honrar a dívida con-
traída. Não pratica o delito quem, por não administrar de forma responsável sua vida financeira, 
emite cheque e contrai dívida que não pode adimplir por insuficiência de fundos. É atípica a 
modalidade culposa.
4. A fraude no pagamento por meio de cheque não se confunde com o cheque falsificado, 
quando o crime praticado é o do caput do artigo 171 do CP, o estelionato.
5. Crime material, a consumação ocorre no instante em que o banco (sacado) se recusa a 
pagar o cheque em razão de insuficiência de fundos. A tentativa é possível.
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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL
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6. De acordo com a Súmula 554 do STF, o pagamento de cheque emitido sem provisão de 
fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal. Portanto, 
a contrario sensu, é possível concluir que, se o pagamento for feito antes do recebimento, a 
denúncia não pode ser recebida.
Fraude Eletrônica
Fraude eletrônica
§ 2º-A A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a 
utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes 
sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio 
fraudulento análogo. 1-2
§ 2º-B A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumen-
ta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor 
mantido fora do território nacional. 3
1. A fraude eletrônica é forma qualificada do estelionato. A conduta consiste deve ser re-
conhecida quando o agente obtém a vantagem ilícita por meio de informações da vítima, por 
ela fornecidas ou obtidas de terceiro. O fornecimento dos dados decorre de falsa percepção 
da realidade, por meio de situação fraudulenta criada a partir de redes sociais (ex.: WhatsApp), 
contatos telefônicos (ex.: o criminoso liga e se passa por operadora de cartão de crédito), en-
vio de correio eletrônico (ex.: e-mail com link falso) ou qualquer outro meio fraudulento.
2. Crime de algo potencial ofensivo, não é compatível com institutos de não aplicação de 
pena (suspensão condicional do processo, ANPP etc.).
3. Causa de aumento de pena aplicável, exclusivamente, à fraude eletrônica, quando o deli-
to é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional. A punição 
mais gravosa se dá em virtude de maior dificuldade em identificar e localizar o criminoso.
Estelionato Circunstanciado
§ 3º A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito 
público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. 1
1. Causa de aumento de pena aplicável quando praticado o estelionato em prejuízo de en-
tidade de direito público ou instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. 
A majorante é aplicável tanto à figura do caput quanto às equiparadas.
Estelionato contra Idoso ou Vulnerável
Estelionato contra idoso ou vulnerável
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerá-
vel, considerada a relevância do resultado gravoso. 1-2
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1. Até a entrada em vigor da Lei n. 14.155/21, o § 4º mencionava apenas a vítima idosa 
(idade igual ou superior a sessenta anos), e o aumento era fixo: a pena era aplicada em dobro. 
Agora, além de a majorante também ser aplicável quando a vítima for pessoa vulnerável, o au-
mento é variável, de um terço ao dobro. Temos, portanto, novatio legis in mellius e novatio legis 
in pejus em um mesmo dispositivo.
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS NOVATIO LEGIS IN PEJUS
Na hipótese de crime praticado contra idoso, 
a nova redação é mais benéfica, devendo 
retroagir. Isso porque, antes da Lei n. 14.155/21, 
o aumento era fixo (dobro). Agora, é variável, de 
um terço ao dobro.
Na hipótese de crime praticado contra 
vulnerável, a inovação é gravosa, pois 
não existia a majorante antes da Lei n. 
14.155/21. Logo, não pode retroagir.
2. O conceito de vulnerável pode ser extraído do artigo 217-A do CP.
Ação Penal
§ 5º. Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: 1-2
I – a Administração Pública, direta ou indireta;
II – criança ou adolescente;
III – pessoa com deficiência mental; ou
IV – maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
1. Antes da Lei n. 13.964/19, o Pacote Anticrime, o estelionato era crime de ação penal 
pública incondicionada, exceto nas hipóteses previstas no artigo 182 do CP. A partir da nova 
lei, contudo, passou a ser crime de ação penal pública condicionada à representação, salvo 
quando tiver por vítima pessoa elencada no § 5º do artigo 171 do CP.
2. Sobre a retroatividade do § 5º a crimes praticados antes da vigência da Lei n. 13.964/19, a 
partir do dia 23 de janeiro de 2020, o STJ entende que a exigência de representação da vítima no 
crime de estelionato não retroage aos processos cuja denúncia já foi oferecida (HC 610.201/SP).
2.2.2. Duplicata Simulada
Duplicata simulada
Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em 
quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. 1-2
Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 3
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do 
Livro de Registro de Duplicatas. 4
1. Pratica o crime quem emite fatura, duplicata ou nota de venda em desconformidade com 
o produto vendido ou o serviço oferecido. Crime próprio, tem de ser praticado, necessariamen-
te, pelo comerciante ou prestador de serviço.
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2. Para a consumação, basta a emissão da fatura, duplicata ou nota de venda que não cor-
responda à mercadoria vendida ou ao serviço prestado.
3. Crime de elevado potencial ofensivo, não é compatível com a suspensão condicional do 
processo (Lei n. 9.099/95, art. 89). Todavia, nada impede, a princípio, o ANPP (CPP, art. 28-A).
4. O parágrafo único descreve figura equiparada, quando o sujeito falsifica ou altera a es-
crituração do Livro de Registro de Duplicatas – documento tratado no artigo 19, caput e § 1º, 
da Lei n. 5.474/68.
2.2.3. Abuso de Incapazes
Abuso de incapazes
Art. 173. Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixãoou inexperiência de menor, 
ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetí-
vel de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: 1-2
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa. 3
1. Comete o crime quem tira proveito de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, 
ou da alienação ou debilidade mental de outrem, para induzi-lo à prática de ato suscetível de 
produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiros.
2. O crime se consuma no momento em que a vítima pratica ato capaz de lesar se patrimô-
nio ou de terceiros, independentemente da produção de resultado naturalístico (crime formal).
3. Crime de elevado potencial ofensivo, incompatível com a suspensão condicional do pro-
cesso (Lei n. 9.099/95, art. 89).
2.2.4. Induzimento à Especulação
Induzimento à especulação
Art. 174. Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade 
mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou merca-
dorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: 1-2-3-4
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa. 5
1. Crime de forma vinculada, cuja forma de execução é estabelecida em lei, a conduta con-
siste em abusar de pessoa em razão de sua inexperiência, simplicidade ou inferioridade mental, 
induzindo-a à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos e mercadorias, sabendo 
ou devendo saber que a operação é ruinosa.
2. O jogo e a aposta não precisam ser ilícitos.
3. A expressão capacidade mental inferior deve ser compreendida como distúrbio ou de-
senvolvimento mental incompleto capaz de afete a capacidade cognitiva.
4. Na segunda modalidade do delito, o dolo pode ser direto ou eventual (devendo saber). É 
atípica a forma culposa.
5. Crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do proces-
so (Lei n. 9.099/95, art. 89).
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2.2.5. Fraude no Comércio
Fraude no comércio
Art. 175. Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: 1
I – vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II – entregando uma mercadoria por outra:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 2
§ 1º Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mes-
mo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; 
vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: 3-4
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. 5
1. O verbo nuclear é enganar, fazendo com que se conclua pelo emprego de meio frau-
dulento, capaz de induzir a vítima em erro. O sujeito ativo engana a vítima de duas maneiras: 
(a) vende, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou adulterada; (b) entrega uma 
mercadoria por outra.
2. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal. Admi-
te composição civil dos danos, transação penal e suspensão condicional do processo (Lei n. 
9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
3. Forma qualificada do delito, a pena é de reclusão, de um a cinco anos, e multa. A pena 
mínima viabiliza a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, art. 89). Destarte, cri-
me de médio potencial ofensivo.
4. Na forma qualificada, o sujeito ativo: (a) altera, em obra encomendada, a qualidade ou 
o peso do metal (ex.: substitui parte do ouro por metal de menor valor); (b) substitui, em obra 
encomendada, pedra verdadeira por falsa ou outra de menor valor (ex.: substitui diamante por 
pedra semelhante, mas de valor inferior); (c) vende pedra falsa como se verdadeira fosse; (d) 
vende como precioso metal de outra qualidade.
5. O artigo 175, § 2º, estende ao delito, tanto na forma simples quanto na qualificada, a 
incidência do artigo 155, § 2º, do CP (furto privilegiado), cuja redação é a seguinte: o criminoso 
é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de 
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
2.2.6. Outras Fraudes
Outras fraudes
Art. 176. Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem 
dispor de recursos para efetuar o pagamento: 1-2-3
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa 4
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circuns-
tâncias, deixar de aplicar a pena 5
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1. O artigo 176 do CP descreve hipóteses que perfeitamente se amoldam ao crime de 
estelionato (CP, art. 171, caput). O legislador quis, no entanto, puni-las com menor rigor, com 
penas mais brandas. O crime consiste em tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel 
ou fazer uso de meio de transporte (táxi, Uber etc.) sem que tenha recursos suficientes para o 
pagamento.
2. Crime doloso, o agente tem de saber, desde o início, que não tem como pagar o valor 
devido. É atípica a modalidade culposa.
3. O crime é compatível com alguns institutos. É fácil imaginar, por exemplo, a prática da 
conduta em estado de necessidade, quando o sujeito consome o alimento por estar em situa-
ção de extrema fome. Também não demanda muita criatividade exemplificar situação de erro 
de tipo essencial (CP, art. 20, caput), quando o sujeito percebe ter esquecido a carteira.
4. É a menor pena do Código Penal. Evidentemente, crime de menor potencial ofensivo, 
com todos os benefícios da Lei n. 9.099/95.
5. Crime de ação penal pública condicionada à representação. A depender das circunstân-
cias do caso concreto, deve ser extinta a pena em razão do perdão judicial.
2.2.7. Fraudes e Abusos NA Fundação ou Administração de Sociedade por 
Ações
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações
Art. 177. Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação 
ao público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando frau-
dulentamente fato a ela relativo: 1-2-3
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia 
popular 4
§ 1º Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular 5
I – o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, 
balanço ou comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação falsa sobre as condições eco-
nômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
II – o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou 
de outros títulos da sociedade;
III – o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembleia geral;
IV – o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, 
salvo quando a lei o permite;
V – o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução 
ações da própria sociedade;
VI – o diretor ou o gerente que,na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço 
falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
VII – o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, conse-
gue a aprovação de conta ou parecer;
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VIII – o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
IX – o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica 
os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
§ 2º Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter 
vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembleia geral 6
1. O crime consiste em promover, impulsionar a fundação de sociedade por ações, por 
meio de prospecto ou por comunicação ao público ou à assembleia, onde faz afirmação falsa 
sobre a constituição da sociedade. O delito também pode ser praticado pela ocultação fraudu-
lenta de fato a ela relativo.
2. Crime próprio, tem de ser praticado pela pessoa que promove a fundação da sociedade 
por ações.
3. Crime formal, a consumação independe da produção de resultado naturalístico. Basta 
que o sujeito faça a afirmação falsa ou oculte fatos relacionados à sociedade por ações.
4. Delito de médio potencial ofensivo, é compatível com a suspensão condicional do pro-
cesso (Lei n. 9.099/95, art. 89). De subsidiariedade expressa, fica caracterizado o crime quan-
do não prevista a conduta na Lei n. 1.521/51 (crimes contra a economia popular).
5. O § 1º descreve figuras equiparadas àquela do caput. Também são crimes próprios, que so-
mente podem ser cometidos pelo diretor, gerente ou diretor da sociedade por ações, ou pelo liqui-
dante ou pelo representante da sociedade anônima estrangeira autorizada a funcionar no Brasil.
6. O § 2º criminaliza a negociação ilícita de votos, crime de menor potencial ofensivo de 
competência do Juizado Especial Criminal, compatível com a transação penal e a suspensão 
condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
2.2.8. Emissão Irregular de Conhecimento de Depósito ou Warrant
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou “warrant”
Art. 178. Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal: 1-2
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa 3
1. É o crime praticado por quem coloca em circulação conhecimento de depósito ou war-
rant em desacordo com disposição legal (norma penal em branco).
CONHECIMENTO DE DEPÓSITO WARRANT
Título de crédito representativo 
de mercadorias armazenadas em 
armazém-geral. Serve como meio 
de comprovação de guarda e 
conservação em negociações.
Título de crédito em que a mercadoria 
é utilizada como garantia em operação 
financeira. No conhecimento 
de depósito, o proprietário da 
mercadoria a negocia por meio deste 
título.
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2. Crime formal, cuja consumação ocorre quando emitido o título de crédito sem observân-
cia do que estabelece a lei. Prescinde de efetivo prejuízo patrimonial.
3. Crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do proces-
so (Lei n. 9.099/95, art. 89).
2.2.9. Fraude à Execução
Fraude à execução
Art. 179. Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando 
dívidas: 1-2
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa 3
Parágrafo único. Somente se procede mediante queixa 4
1. Ciente de processo de execução em seu desfavor, o devedor passa a arruinar seu patri-
mônio para frustrar a execução. A fraude é cometida por meio de alienação, desvio, destruição 
ou dano aos bens ou por simulação de dívida.
2. Não pratica o crime o executado que se desfaz do seu patrimônio, mas se mantém sol-
vente para o pagamento da dívida.
3. Crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, com-
patível com a composição civil dos danos, a transação penal e a suspensão condicional do 
processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
4. É crime de ação penal privada.
2.3. reCeptAção
CAPÍTULO VII
DA RECEPTAÇÃO
2.3.1. Receptação
Receptação 1
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe 
ser produto de crime 2-3-4-5-6-7-8, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte 9:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 10
Receptação qualificada
§ 1º Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, 
vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de 
atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime: 11
Pena – reclusão, de três a oito anos, e multa.
§ 2º Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comér-
cio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. 12
§ 3º Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou 
pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: 13
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Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas.
§ 4º A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que 
proveio a coisa. 14
§ 5º Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circuns-
tâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. 15
§ 6º Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de 
autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessio-
nária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. 16
1. O artigo 180 do CP contempla várias formas de se praticar o crime de receptação.
RECEPTAÇÃO DOLOSA
• Própria: adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou 
alheio, coisa que sabe ser produto de crime (CP, art. 180, caput).
• Imprópria: influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte (CP, art. 180, 
caput, parte final).
• Qualificada pelo exercício de atividade comercial ou industrial: adquirir, receber, 
transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, 
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício 
de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime (CP, art. 
180, § 1º).
• Privilegiada: se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa, o juiz pode substituir 
a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a 
pena de multa (CP, art. 180, § 5º,parte final).
• Qualificada pela natureza do objeto material: em verdade, causa de aumento de 
pena. A majorante é aplicável quando praticada a receptação contra bens do patrimônio 
da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, 
empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços 
públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput (CP, art. 180, § 6º).
• Receptação culposa: adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela 
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-
se obtida por meio criminoso (CP, art. 180, § 3º).
2. A primeira parte do caput do artigo 180 tipifica a denominada receptação própria. 
Comete o crime quem adquire, recebe, transporta, conduz ou oculta, em proveito próprio 
ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime. Tipo penal misto alternativo, se praticado 
mais de um núcleo, mas em um mesmo contexto fático, não há concurso de delitos, mas 
crime único.
3. A receptação é classificada como crime parasitário, acessório ou de fusão. Sig-
nifica dizer que sua existência depende da prática de um crime anterior (ex.: furto). No 
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entanto, é prescindível sentença condenatória pelo delito anterior, conclusão que pode ser 
extraída a partir da leitura do § 4º do artigo 180, que assegura autonomia à receptação - a 
receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que 
proveio a coisa.
4. Na receptação própria, não é admitido o dolo eventual. O sujeito deve saber que a coisa 
é produto de crime.
5. A expressão crime deve ser interpretada em sentido estrito, sem ampliação às contraven-
ções penais. Portanto, não há receptação de coisa advinda de contravenção penal antecedente.
6. Para que fique caracterizada a receptação, não pode existir prévio ajuste, anterior ao 
crime antecedente. Exemplo: Se Pedro encomenda a João o furto de um automóvel, ambos 
devem ser responsabilizados pela subtração, pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas 
(CP, art. 155, § 4º, IV).
7. A receptação não se confunde com o crime de favorecimento real (CP, art. 349), quando 
o sujeito presta a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio destinado a 
tornar seguro o proveito do delito (ex.: ocultando a coisa).
8. Crime material, consuma-se quando o sujeito adquire, recebe, transporta, conduz ou 
oculta o produto de crime. Nos verbos transportar, conduzir ou ocultar, o crime é permanente, 
a consumação se prolonga no tempo.
9. Conhecida por receptação imprópria, a conduta consiste em influir para que terceiro, de 
boa-fé, a adquira, receba ou oculte. Crime formal, consuma-se no instante em que o agente 
pratica ato capaz de influenciar a pessoa de boa-fé, ainda que não ocorra a aquisição, o rece-
bimento ou a ocultação.
10. Crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do pro-
cesso (Lei n. 9.099/95, art. 89).
11. Forma qualificada do delito, com pena de três a oito anos, e multa – crime de elevado 
potencial ofensivo. É punido com maior rigor o sujeito que pratica a receptação no exercício de 
atividade comercial ou industrial. Embora exista divergência, o STF entende que, ao dizer deve 
saber, o § 1º abrange tanto o dolo direto quanto o eventual (HC 97.334/SP).
12. Norma penal explicativa, o § 2º equipara à atividade comercial, para que seja reconhe-
cida a receptação qualificada (§ 1º), qualquer forma de comércio, irregular ou clandestino, 
inclusive o exercício em residência.
13. O § 3º tipifica a receptação culposa. Ocorre quando o agente adquire ou recebe coisa 
que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem 
a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. Crime de menor potencial ofensivo, é 
de competência do Juizado Especial Criminal, compatível com a composição civil dos danos, a 
transação penal e a suspensão condicional do processo (Lei n. 9.099/95, arts. 61, 74, 76 e 89).
14. Embora seja crime parasitário, a receptação mantém autonomia em relação ao crime 
antecedente. Ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime antecedente, é pos-
sível a condenação por receptação.
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AUTONOMIA DA RECEPTAÇÃO – PONTOS RELEVANTES
1. Se absolvido o autor do crime antecedente, permanece possível a 
responsabilidade pela receptação?
Depende do motivo da absolvição. O artigo 386 do CPP possui sete incisos. Em alguns 
deles, a materialidade do crime anterior é afastada ou fica demonstrado que ele não 
existiu, hipóteses em que a receptação será afetada.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que 
reconheça:
I – estar provada a inexistência do fato;
II – não haver prova da existência do fato;
III – não constituir o fato infração penal;
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 
21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada 
dúvida sobre sua existência;
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Nos incisos IV e V, a absolvição afasta a autoria do delito, mas o crime, em si, continua 
a existir. No inciso VI, há circunstâncias que excluem o crime ou isentam o réu de pena. 
Quando excluído o crime (ex.: legítima defesa), a receptação é atingida. No entanto, se 
isento de pena o acusado, o crime anterior continua a existir. Ademais, no inciso VII, a 
absolvição se dá com base no brocardo in dubio pro reo. Portanto, não se afirma que o 
crime não existiu, mas apenas que não há prova para a condenação.
Outros incisos, no entanto, atingem diretamente a receptação. Nos incisos I e II, a absolvição 
tem por fundamento a inexistência do fato. Ou seja, os fatos relacionados ao crime 
antecedente não existiram. No inciso III, o crime anterior não existiu, e, em consequência, 
não há produto de crime, elementar da receptação. Por fim, no inciso VI, as circunstâncias 
que excluem o delito também têm impacto na receptação.
Alguns exemplos:
(1) João está sendo acusado por receptação. O motivo: teria adquirido um relógio 
subtraído por Carlos, acusado pela prática de furto. Processado pelo furto, ficou 
demonstrado que Carlos agiu em erro de tipo essencial inevitável (CPP, art. 386, VI), 
hipótese em que o crime é excluído por ausência de conduta. Após a sentença absolutória, 
João poderá ser condenado pela receptação? Não, afinal, o crime antecedente não existiu.
João está sendo acusado por receptação. O motivo: teria adquirido um relógio subtraído 
por Carlos, acusado pela prática de furto. Processado pelo furto, ficou comprovado que 
Carlos não foi o autor do crime, embora não exista dúvida em relação à materialidade. Ou 
seja, ocorreu um furto, mas não se sabe quem o cometeu. Após a sentença absolutória, 
João poderá ser condenado pela receptação? Sim, pois o crime anterior continua a existir, 
embora desconhecida a autoria.
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