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Mononucleose infecciosa Introdução · Caracterizada por presença de: · Febre prolongada · Exantema maculopapular · Linfonodomegalia cervical · Hepatoesplenomegalia · Linfocitose importante + Atipias linfocitárias · Amigdalite purulenta (mais comum quando pelo Epstein barr) · Agente etiológico: · Cerca de 80% dos casos é causada pelo Epstein Barr, caracterizando a mononucleose infecciosa · Cerca de 20% dos casos é causada por CMV, toxoplasmose, HIV e medicamentos Histórico · Identificação de anticorpos heterofilos* pelo monotest identificação do vírus (Tavares: *A denominação “heterófilos” decorre da sua capacidade de reagir com antígenos inespecífcos (p. ex., hemácias de carneiro, cavalo e boi) que não guardam nenhuma relação com a infecção viral (hetero = outro, flo = afnidade). São geralmente anticorpos da classe IgM que não reagem contra antígenos do EBV) Características do Vírus Epstein Barr · Família: Herpesviridae Subfamília: Gammaherpesvirinae Gênero: Lymphocryptovirus · Vírus de DNA envelopado · (Não sobrevive por tempo suficiente para ser transmitido por fômites) · Estabelece infecção latente nos linfócitos B · Muito relacionado a doenças linfoproliferativas Ciclo de vida da mononucleose infecciosa Ciclo lítico A sintomatologia da doença depende do ciclo lítico · O EBV infecta as células epiteliais das tonsilas e posteriormente os linfócitos B, integra-se ao DNA e inicia processo de replicação · Os linfócitos T citotóxicos e os linfócitos natural killers são ativados, levando à lise das células infectadas e liberação de novos vírus · Os linfócitos B infectados produzem de forma excessiva citocinas, desencadeando os sintomas constitucionais do indivíduo (febre, astenia, dor no corpo) Latência · O vírus permanece em sua forma latente integrado às células na forma de um DNA circular, produzindo proteínas virais que inibem a lise celular · Ausência de sintomas clínicos · Eventualmente pode ocorrer reativação do ciclo lítico, com liberação de novos vírus pelos epitélios das tonsilas (mesmo na ausência de sintomas) Epidemiologia · Soroprevalência: · Maior parte da população já foi infectada até os 5 anos de idade · Incidência: · Comum ocorrer na fase pré-escolar, devido ao contato íntimo entre as crianças em creches e escolas · Primoinfecção em crianças < 10 anos manifestação clássica é rara · Primoinfecção em adolescentes e adultos manifestação clássica · Transmissão: contado direto com saliva · Compartilhamento de talheres · Beijo · Falar muito próximo · Como não é transmitido por perdigotos, o paciente não precisa ficar em isolamento, devem ser adotadas somente medidas de proteção padrão Manifestações clínicas Tempo de incubação: 6-8 semanas com a fonte transmissora · Sintomas constitucionais: fadiga, anorexia, febre, cefaleia, calafrios, dores musculares · Visuais: fotofobia · Amigdalas: amigdalite purulenta dolorosa, com muitas placas de pus · Só pelo o exame físico, sem a história, é difícil de diferenciar de uma faringoamigdalite estreptocócica · Cerca de 30% dos indivíduos têm coinfecção por Streptococcus na orofaringe muitas vezes deve-se associar o ATB · Atenção! A presença de petéquias no palato indica infecção viral · Pele: exantema maculopular · Quando usados antibióticos betalactâmicos (principalmente penicilinas e cefalosporinas de 1ª geração), surge o exantema por uma reação cruzada entre os anticorpos heterófilos com o anel betalactâmico · Linfonodos cervicais: aumentados, numerosos, pequenos, livres e dolorosos · Trato Respiratório: Tosse seca · Esplenomegalia e hepatomegalia · Trato gastrointestinal: náusea, desconforto abdominal (secundários às visceromegalias) História Natural da doença · Paciente com história de exposição de risco, inicia com quadro de febre e odinofagia, a febre continua alta e começa a surgir linfonodomegalia. Após cerca de 1 semana, surge a secreção purulenta na orofaringe. Paciente relata também adinamia, náusea e desconforto abdominal. O quadro clínico leva em geral de 15-30 dias para involuir. · Diagnóstico diferencial: Amigdalite purulenta bacteriana · Febre surge junto ao pus · Ausência de visceromegalias · Hemograma: leucocitose às custas de neutrófilos e não linfócitos Complicações Hematológicas · Linfocitose com atipias e neutropenia relativa · Eventualmente pode apresentar anemia hemolítica pelo próprio vírus (raro) · Plaquetopenia discreta, devido ao sequestro esplênico) · Não é comum ocorrer anemia Ruptura esplênica · Baço é infiltrado pelos linfócitos, com rápido crescimento e manutenção de sua consistência friável, de modo que ele se torna muito susceptível a ruptura em caso de traumas · É recomendado repouso relativo evitar esportes de alto impacto até a regressão do baço, que demora de 3 a 6 meses · Sintomas: dor no hipocôndrio esquerdo e lipotimia Neurológicas · Meningoencefalite Indivíduo com história de mononucleose + Evolução com desorientação, vômitos em jato, fotofobia, letargia, cefaleia e meningismo · Necessário fazer punção lombar: · Glicose normal · Proteína normal · Celularidade alta, mas abaixo de 500 células · Predomínio de linfócitos e monócitos Hepáticas · Elevação discreta das transaminases (não excede 5x o limite superior) · Eventualmente pode evoluir com hepatite grave pelo EBV · Definida como elevação significativa das aminotransferases, com náuseas e sintomas gastrointestinais, colúria e acolia fecal Renais · Complicações muito raras · Pode se apresentar como glomerulonefrite · Alteração das escórias nitrogenadas (comentário: isso foi o que a professora falou, mas Cardíacas · Miocardiopatia Alterações de contratilidade e do ECG · Pode evoluir com IC aguda de resolução espontânea · Manifestação: dispneia aos esforços, cianose, sopros Pulmonares · Pneumonite · Presença de tosse seca, que pode evoluir para dispneia Morte · Decorrente de infecções bacterianas secundárias ou por complicações de hepatite/miocardiopatia/anemia hemolítica Diagnóstico laboratorial Achados hematológicos · Linfocitose com neutropenia relativa · Presença de atipias linfocitárias mais maciça que em outros quadros virais · Outras causas de linfocitose com atipias: CMV, HHV6, toxoplasmose, HIV, hepatite viral aguda, rubéola, caxumba, reação a drogas (anticonvulsivantes – fenitoína, sulfa), dengue Imunológico · Monotest detecta a presença dos anticorpos heterofilos, caso seja positivo a síndrome foi provocada pelo EBV · Antígeno precoce (EA) liberado na corrente sanguínea quando o vírus está na fase de replicação lítica, logo está presente desde o início dos sintomas · Antígeno do capsídeo viral (Anti-VCA) Em caso de latência, apenas o IgG fica positivo · IgG positivo a vida inteira após adquirir a doença · IgM possui 2 tipos, um produzido por crianças < 4 anos (presente até 4 semanas) e outro em crianças com > 4 anos (presente até 3 meses) · EBNA é um marcador de latência, não aparece na fase aguda da doença · Se o paciente desenvolver uma doença linfoproliferativa secundária à mononucleose, os níveis de EBNA estarão bastante elevados · Atenção! Não coloque na prova que EBNA é usado para dar diagnóstico de mononucleose. Eles só são positivos em caso de latência e não em infecção ativa! Diagnóstico etiológico na Síndrome Mononucleosa Sinal ou sintoma Etiologia Febre Adenopatia Odinofagia Linfócitos atípicos Diferenças com o EBV EBV + + + + Adolescência e início da vida adulta CMV + ± ± + > 30 anos, febre com maior duração, amigdalite menos exuberante HIV _ + + ± História de exposição de risco, rash difuso, úlceras orais/genitais, meningite asséptica Toxoplasmose + + ± ± Menor esplenomegalia, exposição a gatos e carne crua, monotest negativo HHV-6 + + + + Indivíduos mais velhos (não tem teste específico) Faringite estreptocócica + + + - Ausência de esplenomegalia, menor astenia, leucocitose (PMN) com desvio a esquerda Hepatite viral + ± - ± Níveis de AST e ALT muito elevados, ausência de esplenomegalia Rubéola + + ± ± Rash maculopapular leve, febre baixa, pequenoslinfonodos, astenia discreta, ausência de esplenomegalia e de alterações hematológicas Linfoma + + + + Linfonodos grandes, endurecidos e fixos (às vezes com inflamação ao redor) Medicamentos (idantal, sulfa, carbamazepina) + + - ± Qualquer idade, investigar uso de medicações Tratamento Suporte: · Hidratação · Analgesia (dipirona, paracetamol e opioide, em vista a necessidade) · Repouso Agentes antivirais Aciclovir e ganciclovir (muito tóxico) · O aciclovir não ajuda a diminuir sintomas, nem tempo de doença · É usado quando o indivíduo apresenta quadro muito grave (astenia importante, febre que não melhora, amigdalite extensa, baço e fígado muito aumentados) e sozinho não consegue inibir a fase lítica (ex. meningoencefalite, imunossupressão prévia – corticoides, diabetes, HIV) ou desenvolveu alguma das complicações · Em pacientes com alguma imunodeficiência, o aciclovir ajuda a controlar a viremia Corticosteroides · Usado em: Aciclovir + Corticoide · Risco de obstrução de VAS (amigdalite) – diminui o edema da nasofarige ou · Anemia hemolítica Aciclovir + corticoide (diminui o edema da orofaringe) · Corticoide hidrocortisona com dose equivalente a 1 mg/kg de prednisona (paciente grave) EV, depois deve ser trocada por VO · Diminuir paulatinamente a dose até a suspensão com 10 dias Não tem indicação de usar em doenças linfoproliferativas! Antibióticos: · Quadro clínico leve apenas medicação sintomática · Usar antibióticos em pacientes com quadro geral debilitado, não consegue se alimentar bem, desidratado, astenia incapacitante, muitos vômitos Utilizar Macrolídeo (ação anti-inflamatória e imunomoduladora) ou Clindamicina (mais efeitos gastrointestinais)
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