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Segurança do Paciente

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Fundamentos de Cirurgia João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
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SEGURANÇA DO PACIENTE 
 
Área de saúde é um sistema de alto risco: 
▪ Potencial de catástrofe 
▪ Complexa e acoplada 
Organização de alta confiabilidade: 
▪ Pessoas se apoiam e confiam 
▪ Relações amigáveis e francas 
▪ Ambiente alegre 
▪ Criatividade e objetivos 
Baixa taxa de erros 
Cultura de segurança 
▪ Identificar corretamente o paciente 
▪ Melhorar a comunicação entre profissionais de saúde 
▪ Melhor a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamentos 
▪ Assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos 
▪ Higienizar as mãos para evitar infecções 
▪ Reduzir o risco de quedas e úlceras por pressão (mudança de decúbito a cada 2h) 
Contagem de compressas, instrumentos e agulhas deve ser feita antes do final do procedimento, e não 
antes de sair da sala. 
Cateter para acesso venoso central: posicionamento de dispositivo apropriado de acesso vascular, cuja 
extremidade atinja a veia cava superior ou inferior. Importante em marca-passo, traumatizados, 
emergências cirúrgicas e doentes críticos que necessitam de cuidados intensivos de ressuscitação (aminas 
vasoativas). Para reduzir as complicações, é necessário: 
▪ Avaliar a indicação do acesso venoso profundo. 
▪ Inserção do cateter por profissional experiente ou supervisionado por um. 
▪ Utilizar posição adequada e técnica estéril. 
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▪ Realizar troca do cateter com indicação (quebra do cateter, infecção), e não como rotina. 
▪ Complicações 
o Pneumotórax: Principalmente por punção de subclávia. Prevenção pelo posicionamento 
(posição de Tredelemburg) e técnica (de Seldinger) corretos 
▪ Pacientes estáveis com pneumotórax pequeno (<15%): observação 
▪ Pacientes estáveis com pneumotórax moderado a volumoso ou pacientes instáveis: 
toracostomia com drenagem fechada em selo d’água. 
 
o Arritmias: prevenção com monitorização com ECG durante o procedimento. Tratamento com 
retirada do fio guia do coração. 
o Punção arterial: tratamento por compressão direta, realização de radiografia de controle 
(hemotórax) 
o Fio guia perdido: tratamento por radiografia, observação rigorosa e retirada do cateter/guia 
por técnicas angiográficas 
o Ruptura da artéria pulmonar: tratamento por reinsuflação do balonete, IOT + ventilação 
mecânica e acompanhamento por radiografia. Caso não se resolva, avaliar toracotomia de 
urgência. 
o Embolia aérea: complicação dramática e fatal, deve-se suspeitar quando há hipoxemia súbita 
inexplicável ou colapso cardiocirculatório e som triturante à ausculta cardíaca. Tratamento 
por radiografia, posição de Tredelemburg e decúbito lateral esquerdo, aspiração do ar no 
coração por cateter. Caso não se resolva, apela-se para procedimento cirúrgico ou 
angiográfico. 
o Infecção relacionada ao cateter venoso central: tratamento por troca do cateter (punção em 
outro sítio) na presença de sinais de infecção e avaliação da antibioticoterapia. 
Cateter arterial: monitoramento da PAM em anestesia ou medicina interna, coleta de gasometria arterial 
▪ Complicações 
o Trombose 
o Hemorragia 
o Hematoma 
o Espasmo arterial 
o Infecção 
o Trombose ou embolização de áreas de extremidade 
o Trombose com isquemia é tratada com anticoagulante 
o Alguns pacientes necessitam refazer o fluxo cirurgicamente (by-pass) 
Endoscopia e broncoscopia 
▪ Complicações da endoscopia 
o Perfuração gastrointestinal: 
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▪ Realizar radiografia de rotina de abdome agudo (avaliar 
pneumoperitônio/pneumotórax) e indicar cirurgia aberta ou laparoscópica. 
▪ Pacientes com poucos sintomas e sem sinais de peritonite podem ser mantidos em 
monitorização rigorosa, jejum e antibiótico de amplo espectro. 
▪ Complicações da broncoscopia 
o Tamponamento brônquico: limpeza por broncoscopia 
o Hipoxemia 
o Pneumotórax: toracostomia com drenagem em selo d’água 
o Colapso lobar: limpeza por broncoscopia 
o Sangramento: resolução espontânea, mas pode-se fazer nova endoscopia para 
termocoagulação ou cola de fibrina. 
Traqueostomia: auxilia no desmame do ventilador, reduz tempo de UTI e melhora a limpeza pulmonar 
▪ Complicações 
o Fístula traqueoinominada: erosão da traqueia no tronco braquicefálico com sangramento 
maciço, podendo evoluir para choque hipovolêmico. 
Gastrostomia endoscópica percutânea: comunicação com o meio externo por endoscopia, para 
nutrição/medicação. 
▪ Complicações 
o Peritonite e sepse abdominal: gastrostomia desaba e orifício fica aberto. Tratamento 
cirúrgico, com fechamento, jejunostomia e antibioticoterapia. 
o Infecção da parede abdominal, podendo evoluir com fasciíte necrotizante: Tratamento com 
desbridamento agressivo e antibioticoterapia de amplo espectro. 
Drenagem pleural: drenagem torácica ou toracostomia com drenagem em selo d’água, realizados no 
pneumotórax, hemotórax, efusões pleurais ou empiemas. 
▪ Complicações 
o Analgesia e sedação inadequada 
o Penetração incompleta da pleura 
o Laceração pulmão ou diafragma 
o Deslizamento do dreno fora da posição 
o Problemas mecânicos relacionados com a drenagem 
o Prevenção (técnica correta), revisão diária do sistema de drenagem e radiografia de controle. 
Lavagem peritoneal diagnóstica: realizada em trauma, onde o paciente está instável com danos 
neurológicos e etiologia incerta para perda sanguínea, quando USG é incerta ou duvidosa. Pacientes estáveis 
são levados para a tomografia. 
▪ Complicações 
o Punção do estômago/bexiga 
o Punção dos intestinos e/ou vasos 
o Cuidados prévios: cateterismo nasogástrico (para esvaziar estômago) e vesical (esvaziamento 
da bexiga) 
o Tratamento por abordagem cirúrgica. 
Biópsias 
▪ Complicações 
o Sangramento 
o Infecção 
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o Extravasamento linfático: específica de biópsia de linfonodos, evoluindo para linforreia. 
o Seroma 
Sistema respiratório 
▪ Complicações 
o Atelectasia: tratamento por elevação da cabeceira (30 a 45°), retirada do leito e analgesia 
o Aspiração pulmonar: pode evoluir para pneumonite e pneumonia. Deve-se realizar suporte 
de oxigênio e ventilação com pressão positiva, broncoscopia com aspiração de conteúdo. 
o Pneumonia: tratamento com antibiótico de amplo espectro e avaliar escalonamento após 
cultura. Prevenção para pneumonia pós-operatória com analgesia epidural. 
o Pneumotórax/hemotórax 
o Lesão pulmonar aguda 
o Síndrome da dificuldade respiratória aguda (SRDA) 
o Embolia pulmonar 
Sistema cardíaco 
▪ Complicações 
o Arritmias 
▪ Fibrilação atrial: pré e pós-operatória. Controle com β bloqueador e/ou bloqueador 
dos canais de cálcio, cardioversão (caso haja instabilidade hemodinâmica) 
▪ Arritmias ventriculares e outras taquiarritmias. 
▪ IAM: ECG e enzimas cardíacas, terapêutica para IAM. 
▪ Hipertensão no pós-operatório imediato: consequente da dor ou de sobrecarga 
volêmica 
Sistema musculoesquelético 
▪ Complicações 
o Síndrome compartimental das extremidades: edema e ↓fluxo sanguíneo por obstrução, 
podendo evoluir para isquemia/necrose/perda do membro 
o Úlcera de decúbito: redução da vascularização, gerando isquemia e necrose 
Sistema hematológico 
▪ Complicações 
o Reações transfusionais: paciente sem compatibilidade ou com reação prévia (já tem 
anticorpo). Apresenta febre, prurido, calafrio, rigidez muscular e insuficiência renal por 
mioglobinúria secundária a hemólise 
o Complicações infecciosas na transfusão 
o Sangramento incontrolável em razão decoagulopatia intravascular disseminada 
Síndrome do compartimento abdominal: aumento da pressão intra-abdominal, gerando distensão 
progressiva, seguida de aumento do pico de pressões nas vias aéreas. Alteração do fluxo na cavidade 
abdominal gera oligúria/anúria e desenvolvimento insidioso de hipertensão intracraniana. 
▪ Mensuração da pressão intra-abdominal (PIA) por meio da intra vesical (PIV). 
o PIA > 20 mmHg: hipertensão intra-abdominal 
o PIA entre 25 e 30 mmHg + sintoma: síndrome do compartimento abdominal 
▪ Tratamento por laparotomia descompressiva com peritoniostomia (bolsa de Bogotá) 
 
 
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Feridas, drenos e infecção 
▪ Infecção da ferida (sítio cirúrgico): avaliação de antibiótico, cuidados com a ferida (limpeza etc.), 
diferenciação entre ferida contaminada e infectada. Diagnóstico por cultura e sinais clínicos. 
Tratamento por drenagem, analgesia, calor local e avaliação de antibioticoterapia. 
▪ Controle por drenagem cirúrgica: 
o Indicações para drenagem cirúrgica: 
▪ Colapso do espaço morto em áreas de tecido redundante 
▪ Fornecer drenagem concentrada de um abscesso ou sítio cirúrgico totalmente 
infectado 
▪ Fornecer aviso de alerta de vazamento de conteúdo da cavidade (pode atrapalhar) 
▪ Controlar fístula estabelecida 
o Drenos abertos: possui interação com o meio, ou seja, precisa de entrada de ar para o bom 
funcionamento. Funciona por capilaridade (o que deve ser drenado passa por cima e não por 
dentro) e não está ligado a coletor. Mais comum em hematomas de infecções de sítio 
cirúrgico, abscesso perianal, hidradenite etc. 
 
o Drenos fechados: não requer elementos externos adicionais para seu perfeito 
funcionamento. Utiliza-se sistema vedado, estéril, conectado à extremidade (frasco ou bolsa). 
 
o Drenagem guiada por exame de imagem: 
 
 
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Cateter urinário: comum na rotina hospitalar, com indicações diagnósticas e terapêuticas 
▪ Complicações 
o Formação de falso trajeto 
o Sangramentos uretrais 
o Infecção urinária 
o Bacteremia 
o Edema e hematoma peniano e escrotal 
o Opções para auxiliar e evitar complicações: 
 
Infecção urinária: ITU complicada ou não complicada, podendo evoluir para sepse. 
▪ Diagnóstico por EAS e urinocultura, associados à história clínica 
▪ Tratamento por antibioticoterapia 
Empiema: surgem a partir de pneumonia, hemotórax retido, perfuração esofágica, tuberculose 
▪ Diagnóstico por radiografia ou tomografia 
▪ Empiema não septado: tratamento com toracostomia com drenagem fechada em selo d’água, 
toracoscopia videolaparoscópica 
Abscessos intra-abdominais: pós-cirúrgicos ou primários. Apresentam dor abdominal intermitente, febre, 
leucocitose, alteração dos hábitos intestinais. 
▪ Diagnóstico por sinais e sintomas, avaliar necessidade de TC 
▪ Tratamento com antibiótico, drenagem percutânea ou cirurgia. 
Fasceíte necrotizante: infecção pós-operatória do sítio cirúrgico profundo, evoluindo para isquemia e 
necrose. Geralmente pacientes mais propensos. 
▪ Tratamento com antibioticoterapia e desbridamento cirúrgico agressivo.

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