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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Introdução: O espaço que é preenchido pela polpa, precisa ser substituído quando a polpa morre, pois os microrganismos irão preencher aquele espaço. Então é necessário instrumentar o dente, aplicar medicação e depois obturar. Obejtivos: • Biopulpectomia (polpa viva): ▪ Impedir a contaminação do canal radicular da saliva; ▪ Controlar o processo inflamatório do tecido periapical com a medicação dentro do dente. • Necropulpectomia (polpa morta): ▪ Deixar medicação para impedir a proliferação de microrganismos do sistema de canais radiculares que sobreviveram ao preparo químico mecânico. (Lopes, 2010). 1. Eliminar microrganismos que sobreviveram ao PQM; 2. Atuar como barreira físico-química; 3. Reduzir a inflamação periapical; 4. Solubilizar a matéria orgânica; 5. Neutralizar produtos tóxicos; 6. Controlar o exsudato permanente; 7. Estimular o reparo. (Cohen, 2017). Biopulpectomia: Na biopulpectomia, os microrganismos começam a invadir a polpa (se localizam primeiro na polpa, depois se aderem as paredes e em algum momento vão querer ultrapassar o ápice). Necropulpectomia: Na necropulpectomia, a polpa já morreu, então o espaço da polpa é preenchido por microrganismos. Esses microrganismos entram nos túbulos dentinários (principal microrganismo: Enterococcus faecalis) e penetram em profundidade dentro desses túbulos, tornando a sua remoção mais difícil (é por isso que é necessário colocar a medicação em contato com o dente). Sanificação: O processo de sanificação consiste em eliminar os microrganismos que ficaram. A realização da sanificação irá depender: • Da morfologia dos canais; • Da resposta do hospedeiro; • E de qual microrganismo está causando a patologia da polpa – virulência. (Estrela, 2013). Além disso, essas soluções que são deixadas como medicação, precisam ter uma ação antimicrobiana (ter a capacidade de matar os microrganismos). Esses microrganismos são um fator decisivo na escolha da medicação. A medicação precisa ser colocada, se não, o microrganismo irá voltar a contaminar. Esses microrganismos são fundamentais para o desenvolvimento e manutenção da infecção. Eles podem ser microrganismos aeróbios (que sobrevivem com facilidade na presença de oxigênio), microaréfilos (são mais resistentes, são revestidos por uma camada externa e em algum momento ele irá reaparecer) e anaeróbios (sobrevivem em situações de baixa presença de oxigênio). Esses fatores irão determinar o sucesso ou o fracasso das inúmeras doenças que as patologias da polpa e do perápice estão relacionadas. A medicação intracanal é utilizada para (objetivos): • Manter o dente limpo (saneamento); • Controlar os microrganismos; intracanal Quando não dá para concluir o procedimento na mesma sessão, é preciso deixar medicação dentro do canal e depois continuar em uma outra sessão. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Controlar exsudatos permanentes (PUS); • Evitar e controlar a reabsorção; • Também irá ajudar a tratar as lesões. (Estrela, 2013). Quando usar medicação intracanal: • Irá depender da condição clínica: 1. Com a polpa vital: obturação imediata sempre que possível para aproveitar o reparo do organismo; 2. Com necrose pulpar: deve utilizar medicação intracanal, para diminuir a quantidade de microrganismos que estão presentes ali. Medicamentos utilizados: • Hidróxido de cálcio (Ca (OH2)2); • Paramonoclorofenol canforado (PMCC); • Otosporin; • Também pode utilizar outros medicamentos como: corticóides, antibióticos, Tricresol formalina, Clorexidina, Formocresol e associações. Seleção de medicação: • Se o dente foi instrumentado, independente de ser biopulpectomia ou necropulpectomia, utiliza-se o Hidróxido de cálcio; • Se o dente não foi instrumentado, utiliza-se o Otosporin para biopulpectomia e o PMCC para a necropulpectomia. Hidróxido de cálcio: • Possui propriedades de liberar íons (dissociação iônica); • É dissociado em Ca+ e OH- (hidroxilas), onde um deles vai atuar se ligando nas paredes das bactérias e outro irá destruí-la. (Lopes et al., 2010) O Hidróxido de cálcio possui: • pH alcalino, base forte (12,6) – irá elevar o pH a um patamar desfavorável ao crescimento das bactérias;; • Pouco solúvel em água 1,2 g/L; • Ação bactericida – mata as bactérias; • Ação hemostática – paralisa o sangramento ; • Induz a formação de tecido mineralizado; • Dilui-se nos tecidos periapicais; • Não é visível radiograficamente – dependendo da sua composição (o ultracal, por exemplo, possui radiopacificador, podendo ser visível na radiografia); • Age como uma barreira física dentro do dente. • O hidróxido de cálcio vai atuar alterando o pH dentro do dente (as bactérias deixam o pH ácido e o hidróxido de cálcio irá deixar o pH básico); • Inibe as enzimas do metabolismo bacteriano e ativa enzimas teciduais; • Realiza transporte químico, gruda na bactéria e leva-os quando se coloca soro fisiológico; • Hidroliza o lipopolissacarídeo (gorduras presentes nas bactérias); • Pode ser encontrado: Dente Instrumentado: Hidróxido de Cálcio Biopulpectomia Necropulpectomia Otosporin PMCC Biopulpectomia Necropulpectomia Dente não Instrumentado: – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto ▪ Em veículo aquoso: soro fisiológico, solução anestésica, matilcelulose; ▪ Em veículo viscoso: glicerina e polietilenoglicol. • Realizar secagem do canal; • Colocar a medicação com instrumentos, que podem ser: ▪ Manual: limas tipo K; ▪ Lima memória; • Levar ao comprimento de trabalho e inserir: ▪ Inserção: rotação no sentido horário; ▪ Remoção: rotação no sentido anti-horário. • Também pode ser levado com uma Lêntulo (tipo de broca que coloca na baixa rotação); ▪ Diâmetro menor que o da lima memória; ▪ 3 mm aquém do CT; ▪ Micromotor, giro à direita por 10 segundos; ▪ Retirar o motor em rotação. • A pasta Calen também pode ser levada por meio de seringas – usar seringa insersora do fabricante (com a seringa carpule terá que fazer mais força). ▪ Primeiro coloca um bastão de glicerina para lubrificar a seringa e depois substitui pelo Callen. ▪ A seringa insersora deve ser introduzida até o cursor tocar o ponto de referência, rosquear a seringa. (Lopes et al., 2010) Protocolo clínico: • Canal úmido; • Fazer secagem: aspiração + papel absorvente; • Realizar preenchimento do canal; • Proteção da embocadura dos canais com a hidróxido de cálcio; • Restauração temporária. Paramonoclorofenol canforado (PMCC): • Possui ação bactericida; • Age por baixa tensão superficial; • Possui elevada penetrabilidade; • Age à distância; • É um agente citotóxico – se for colocado em contato direto com a polpa viva; • Foi descoberto em 1891 (Walkhoff); • Possui cânfora em sua composição – ação irritante e atividade antimicrobiana; • Age à distância – possui baixa tensão superficial; • Indicação: necrose pulpar, canais atrésicos ou não instrumentados. Vantagens do veículo aquoso: ▪ Libera íons mais rápido; ▪ Possui maior difusão iônica; ▪ Porém, se dissolve de forma mais rápida. Veículo viscoso: ▪ A dissociação iônica é mais lenta, irá matar microrganismos por maior intervalo de tempo. (Lopes et al., 2010) Produtos a base de formol, causam amonificação dentro do dente e matam os microrganismos. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Técnica de uso: • É levado para dentro do dente por meio do cone de papel compatível com o canal; ▪ Deve-se umedecer o cone e levá-lo com o PMCC na cavidade pulpar; ▪ Usar bolinha de algodão estéril na câmara; ▪ Realizar restauraçãoprovisória. ▪ Então o canal está úmido -> realiza secagem > aspiração + papel absorvente -> colocar bolinha de algodão com PMCC -> Proteger com guta percha -.> realizar a restauração provisória. Otosporin: • Possui ação corticóide (anti-inflamatório) + antibiótico (antimicrobiano); • Deve-se preservar a integridade do coto periodontal e tecidos periapicais; • Permite a neoformação do coto periodontal (sobreinstrumentação); • Possui poder de penetração; • É de fácil aplicação e fácil remoção; • Indicações: ▪ Polpa viva; ▪ Trauma físico (sobreinstrumentação). • Efeitos colaterais: ▪ Retardo da reparação tecidual; ▪ Permanência por períodos curtos. Sequência clínica: • Secar o canal: aspiração + papel absorvente; • Fazer irrigação com otosporin; • Colocar bolinha de algodão estéril com otosporin; • Proteger com o bastão de guta-percha; • Restauração temporária. Quando o paciente retorna na próxima seção: • Deve-se começar a remoção da restauração temporária sem isolamento absoluto; • Quando chegar próximo do bastão de guta percha, é necessário realizar o isolamento – para evitar que a bolinha de algodão toque na broca e faça um barulho que assusta o paciente. Após remover o curativo, passa o instrumento memória e obtura na próxima seção. Referências: Cohen, 2017 Lopes et al., 2010 Lopes, 2010 Estrela, 2013 Aula teórica de Clínica de Endodontia. Faculdade Maurício de Nassau, Professor Reinaldo Dias da Silva Neto, Odontologia, 2021. A pasta Callen possui em sua composição o PMCC e o hidróxido de cálcio. Pode ser utilizado para as duas indicações. Se as sessões do paciente forem demorar mais tempo, é melhor utilizar o formocresol. Se for sessão curta de uma semana para a outra, pode utilizar o otosporin. Destacar o bastão de guta percha com a colher de dentina.
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