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Leishmaniose Daniel Vinícius Pereira – 3º período Objetivos de estudo: Debater a incidência da leishmaniose nas regiões endêmicas; Descrever o ciclo de transmissão da leishmaniose tegumentar americana; Relacionar a fisiopatologia da leishmaniose tegumentar americana com as suas manifestações clínicas (lesões ulceradas com bordas elevadas); Discutir o diagnóstico da leishmaniose tegumentar americana e seus diagnósticos diferenciais. EPIDEMIOLOGIA Infecção estabelecida após a picada no hospedeiro mamífero do mosquito fêmea; o Espécies de Phlebotomus na Europa, Ásia e África; o Espécies de Lutzomyia nas Américas; Maioria das espécies que causam leishmaniose cutânea (LC) tem um ciclo de transmissão zoonótica (adquirida a partir de um animal vertebrado), com exceção de Leishmania tropica que é por vezes antroponótica (transmitida a partir de um ser humano); Leishmaniose visceral (LV) é ou antroponótica (no caso de Leishmania donovani) ou zoonótica (no caso de Leishmania infantum); Mamíferos reservatórios estão associados a diferentes espécies de Leishmania em ecossistemas diversos; Após a inoculação por mosquito-pólvora, promastigotas do vetor são fagocitadas por macrófagos hospedeiros; dentro dessas células se transformam em amastigotas. Os parasitas podem permanecer localizados na pele ou se disseminarem para a mucosa da nasofaringe ou para medula óssea, baço, fígado e, algumas vezes, para outros órgãos, resultando nas 3 principais apresentações clínicas da leishmaniose: o Cutânea; o Mucocutânea; o Visceral; A leishmaniose cutânea também é conhecida como úlcera oriental ou tropical, furúnculo de Delhi ou Aleppo e, no Brasil, por calazar ou úlcera de Bauru. Os agentes etiológicos são: o L. major e L. tropica no sul da Europa, Ásia e Áfricas o L. mexicana e espécies relacionadas no México e nas Américas Central e do Sul o L. braziliensis e espécies relacionadas nas Américas Central e do Sul. OBS: raramente, a L. braziliensis espalham-se de maneira ampla na pele causando leishmaniose cutânea disseminada. Leishmaniose mucocutânea (espúndia) é causada principalmente por L. braziliensis. Considera-se que parasitas se disseminam da lesão inicial na pele através dos vasos linfáticos e do sangue para os tecidos nasofaríngeos. Os sinais e sintomas da leishmaniose na mucosa tipicamente desenvolvem-se meses a anos depois do aparecimento da lesão cutânea. Leishmaniose visceral (calazar; febre Dum Dum) é tipicamente causada por L. donovani ou L. infantum (anteriormente chamada L. chagasi na América Latina) e ocorrem na Índia, África (em particular no Sudão), Ásia Central, bacia do Mediterrâneo, Américas do Sul e Central e, algumas vezes, na China. A maioria dos casos ocorre no nordeste da Índia. Os parasitas se disseminam do local da picada na pele para linfonodos, baço, fígado e medula óssea, causando sintomas. Infecções subclínicas são comuns; somente uma minoria de pessoas infectadas desenvolve doença visceral progressiva. A infecção sintomática por L. infantum é mais comum nas crianças do que nos adultos. A leishmaniose visceral é uma infecção oportunista em pacientes com AIDS ou outros com comprometimento imunitário. FISIOPATOLOGIA Infecção é inicialmente estabelecida na pele após a inoculação de promastigotas metacíclicos infectantes pelos flebótomos; Peptídios na saliva de flebotomíneos (p. ex., maxadilana) causam vasodilatação e eritema e ajudam a estabelecer a infecção na camada dérmica da pele; Respostas iniciais à infecção envolvem a infiltração de neutrófilos e invasão de macrófagos residentes; Progresso da doença depende das espécies de parasitas e respostas imunológicas do hospedeiro; Macrófagos de células hospedeiras ficam em um estado desativado, mas a cura segue quando os macrófagos são ativados e matam os parasitas; Resolução da doença após a ativação de macrófagos é mediada pela resposta da célula T- helper T1 após a interação entre as células apresentadoras de antígenos (p. ex., células dendríticas) com células T CD4+ e CD8+ e secreção subsequente de citocinas pró- inflamatórias [p. ex., a interleucina-1 (IL-12), o interferon-γ, fator-α de necrose tumoral]; No entanto, em formas clínicas, tais como LV ativa ou LC difusa, uma resposta da célula T2 2 predomina na qual a redução da atividade de macrófagos acompanha a produção de citocinas, tais como IL-4, IL-10, IL-13, e fator-β de crescimento transformador; Em pacientes com LV, a ausência de uma resposta de células-T-imune específica para antígenos de Leishmania está associada à progressão da infecção não controlada. Isso está relacionado com os elevados níveis de IL-10 e a diminuição da produção de interferon-γ. A suscetibilidade genética para L. donovani no Sudão tem sido associada a uma família de transportador de soluto (anteriormente NRAMP1) que regula a ativação de macrófagos e um polimorfismo no gene IL-4. Na LC simples localizada, os pacientes mostram uma resposta tipo T1 e uma resposta de hipersensibilidade retardada (DTH). DTH é frequentemente medida pelo teste de pele de Montenegro; Infecções crônicas mostram uma resposta do tipo T2, mais predominantemente em doentes com LC difusa, na qual há a energia completa para o antígeno de Leishmania e nenhuma resposta DTH. Pacientes com leishmaniose mucosa (LM) têm repostas das células T1 e T2 e uma sólida resposta de DTH. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Leishmaniose cutânea; o Produz uma lesão de pele bem demarcada no local da picada do inseto após várias semanas a meses; o Lesões múltiplas podem ocorrer após picadas múltiplas infectadas ou disseminação metastática. o Sua aparência varia consideravelmente. o A lesão inicial na maioria das vezes é uma pápula que aumenta lentamente, ulcera-se no centro e desenvolve uma borda eritematosa elevada, na qual parasitas intracelulares estão concentrados. Úlceras são tipicamente indolores e não provocam qualquer sintoma sistêmico, a menos que estejam infectadas secundariamente. o Em geral, lesões de leishmaniose cicatrizam de forma espontânea após meses, mas podem persistir durante anos. Deixam uma cicatriz deprimida, semelhante a uma queimadura. A evolução depende das espécies de Leishmania spp e do estado imune do hospedeiro. Leishmaniose cutânea difusa; o Síndrome rara que resulta em lesões cutâneas nodulares disseminadas semelhantes à hanseníase lepromatosa; o É o resultado de anergia mediada por células ao microrganismo; Leishmaniose mucocutânea o Inicia-se com uma úlcera cutânea primária. o Essa lesão cicatriza espontaneamente; as lesões progressivas da mucosa podem não ser aparentes durante meses ou anos. o Tipicamente, pacientes têm congestão nasal, secreção e dor. Ao longo do tempo, a infecção pode evoluir, resultando em mutilação importante de nariz, palato ou face. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/micobact%C3%A9rias/hansen%C3%ADase Leishmaniose visceral, o As manifestações clínicas geralmente se desenvolvem de forma gradual, semanas a meses após a inoculação do parasita, mas podem ser agudas. o Ocorrem febre irregular, hepatosplenomegalia, pancitopenia e hipergamaglobulinemia policlonal com uma razão albumina:globulina invertida. o Em alguns pacientes, há picos de temperatura 2 vezes ao dia. o Raramente ocorrem lesões cutâneas. o Emagrecimento e morte ocorrem dentro de meses a anos em pacientes com infecções progressivas. o Pacientes com infecções assintomáticas, autolimitadas e que sobrevivem (após sucesso terapêutico) são resistentes a ataques adicionais, a menos que a imunidade celular esteja comprometida (p. ex., pela aids). o Podem ocorrer recidiva anos depois da infecçãoinicial. Leishmaniose cutânea pós-calazar (LCPC) o Pode ocorrer depois do tratamento da leishmaniose visceral em pacientes no Sudão e na Índia. o É caracterizada por lesões cutâneas achatadas ou nodulares que contêm muitos parasitas. o Em pacientes no Sudão, essas lesões aparecem ao término final ou com 6 meses de tratamento e persistem durante alguns meses a um ano após o tratamento. o Nos pacientes na Índia e países adjacentes, as lesões aparecem 1 a 2 anos após o término do tratamento e podem durar vários anos. o Acredita-se que as lesões por LCPC sejam um reservatório para a propagação da infecção nessas regiões. DIAGNÓSTICO PARASITOLOGIA A raspagem, aspiração por agulha fina ou biópsia das lesões fornece amostras adequadas em que amastigotas podem ser identificadas; A raspagem deve ser realizada no centro e bordas da lesão com uma lâmina curva de bisturi. Material obtido por qualquer um destes métodos pode ser utilizado para exame microscópico, cultura e PCR. Exame microscópico do material por coloração de Giemsa é o método mais amplamente disponível. Cultura do parasita em meios específicos (como o soro fetal bovino, suplementado Schneider ou meio Novy-Nicolle McNeal) permite a identificação, caracterização e armazenamento da amostra isolada. A detecção de ácidos nucleicos parasitários por diagnóstico molecular (principalmente PCR) aumenta a sensibilidade e permite a identificação de espécies de Leishmania. Isto é particularmente útil em regiões (p. ex., Novo Mundo) onde coexistem várias espécies de Leishmania com vários resultados clínicos e respostas ao tratamento. SOROLOGIA Diagnóstico sorológico é de uso limitado para LC por causa da baixa sensibilidade e especificidade variável. O teste de Leishmania (ou Montenegro) (LST) avalia a resposta mediada por células contra Leishmania spp. O LST requer cultura e fixação de preferencialmente espécies locais de Leishmania e, portanto, falta padronização. A produção de formulações comerciais do LST não tem sustentabilidade. Como os testes sorológicos, o LST não distingue entre infecções passadas e presentes. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
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