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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CECEN/ CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA Felipe Martins Pereira UM OLHAR REFLEXIVO/ INTERPRETATIVO SOBRE OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO São Luís 2021 Felipe Martins Pereira UM OLHAR REFLEXIVO/ INTERPRETATIVO SOBRE OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão, para obtenção do grau de Licenciatura em História. Orientadora: Profª. Júlia Constança Pereira Camêlo. São Luís 2021 Pereira, Felipe Martins. Um olhar reflexivo/interpretativo sobre os caminhos e descaminhos da formação de professores no curso de História da Universidade Estadual do Maranhão / Felipe Martins Pereira. – São Luís, 2021. 77 f. Monografia (Graduação) – Curso de História. Universidade Estadual do Maranhão, 2020. Orientador: Profa. Dra. Julia Constança Pereira Camêlo. 1. Formação de professores. 2. Relatórios. 3. Reflexão. 4. Docentes. I. Título. CDU 37.02: 94(812.1) Felipe Martins Pereira UM OLHAR REFLEXIVO/ INTERPRETATIVO SOBRE OS CAMINHOS E DESCAMINHOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Graduação em História da Universidade Estadual do Maranhão, para obtenção do grau de Licenciatura em História. Orientadora: Profª. Júlia Constança Pereira Campos Aprovada em: ____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ (Orientadora: Profa. Doutora Júlia Constança Pereira Camêlo) _________________________________________________ Profa. Doutora Carine Dalmás ____________________________________ Profa. Doutora. Ana Livia Bomfim Vieira Dedico esse trabalho a Deus, a minha família e a todos aqueles que me apoiaram nessa jornada. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus primeiramente, pelo dom da vida e por caminhar comigo durante toda essa jornada. Certamente pude encontrar descanso e força quando precisei. A meu Pai, que me permitiu viver a trajetória universitária, sendo meu mantenedor e me respaldando com o seu cuidado e compreensão. Agradeço também a minha Mãe por apoiar e me dá força, se dedicando durante toda caminhada universitária para que o fardo da graduação se tornasse mais leve. Dedico um agradecimento especial a todos os professores da UEMA, pelo esforço e dedicação quanto ao ensino da história. Assim como, a todos os profissionais que fazem o curso de história funcionar da melhor forma possível, promovendo um ambiente acolhedor. Especificamente, dentre todos os professores, deixo aqui o meu muito obrigado a minha orientadora Júlia Constança Pereira Camêlo, que esteve comigo em três anos da minha graduação. Sem ela o presente trabalho não existiria. Muito obrigado por confiar, creditar e muitas vezes me animar! Agradeço por ter me proporcionado experiência na pesquisa cientifica. Agradeço a FAPEMA pelo serviço prestado e por investir na educação. Muito obrigado pelo incentivo a pesquisa, sem vocês essa pesquisa também não aconteceria. Agradeço a todos os meus companheiros de caminhada acadêmica, vocês deixaram tudo mais leve e alegre. Quando pensei em desistir vocês me apoiaram e em alguns momentos praticamente me carregaram nas costas. Por último, mas não menos importante, agradeço a minha namorada que desde o começo está comigo. Obrigado pela paciência, dedicação, compreensão e ajuda! RESUMO O presente trabalho se caracteriza por ser uma pesquisa qualitativa de cunho reflexivo interpretativo que busca pensar a formação de professores a partir das pistas encontradas nos relatórios de estágio supervisionado do ensino fundamental e médio do curso de história licenciatura. Sendo o trabalho em parte fruto de três anos de uma bolsa PIBIC FAPEMA, na área da educação. Os resultados apresentados correspondem em parte ao conteúdo de três projetos científicos produzidos durante a trajetória da graduação. A pesquisa tem como referência para a discussão, um recorte temporal dos anos de 2013, 2014, 2015, 2016 e 2018 dos relatórios do ensino fundamental e 2016, 2017, 2018 e 2019 do ensino médio. Buscando trazer uma reflexão sobre os caminhos e descaminhos da formação de professores, dividindo a análise em: compreender os desafios e problemas encontrados na escola, procurando pensar como preparar os futuros docentes para essa realidade; Entender como o estágio supervisionado é uma ferramenta que traz benefícios para a formação inicial, formação continuada, que se configura em auxílio para a escola; interpretar os pedidos feitos pela escola a universidade, a partir das respostas contidas nas fichas de desempenho; e sugerir um caminho a ser trilhado pelo curso de história da Universidade Estadual do Maranhão. Palavras chaves: Formação de professores. Relatórios. Reflexão. Docentes. ABSTRACT The present work is characterized by being a qualitative research with a reflective interpretative nature that seeks to think about teacher education based on the clues found in the supervised internship reports of the elementary and high school of the Licentiate History course. The work in part is the result of three years of a PIBIC FAPEMA scholarship, in the area of education. The results presented correspond in part to the content of three scientific projects produced during the course of graduation. The research has as reference for the discussion, a time frame of the years 2013, 2014, 2015, 2016 and 2018 of the elementary school and 2016, 2017, 2018 and 2019 high school reports. Seeking to bring a reflection on the paths and missteps of teacher education, dividing the analysis into: understanding the challenges and problems encountered in the school, trying to think about how to prepare future teachers for this reality; Understanding how the supervised internship is a tool that brings benefits to initial training, continuing education, which is configured as an aid to the school; interpret the requests made by the school to the university, based on the answers contained in the performance sheets; and suggest a path to be followed by the history course at the State University of Maranhão. Key words: Teacher training. Reports. Reflection. Teachers LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Produzido a partir dos relatórios de Estágio Supervisionado do curso de História licenciatura................................................................................................................................ 32 Gráfico 2 Produzido a partir dos relatórios de Estágio Supervisionado do curso de História licenciatura................................................................................................................................ 32 Gráfico 3 Quais os benefícios proporcionados pelo estágio: ................................................... 39 Gráfico 4 Quais os benefícios proporcionados pelo estágio: ...................................................41 Gráfico 5 Quais os benefícios proporcionados pelo estágio: ................................................... 43 Gráfico 6 Que sugestões recebemos? ....................................................................................... 47 Gráfico 7 Que sugestões recebemos? ....................................................................................... 48 Gráfico 8 Que sugestões recebemos? ....................................................................................... 49 Gráfico 9 Que sugestões recebemos? ....................................................................................... 49 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Dados sobre as estruturas das escolas (Fundamental) ............................................... 21 Tabela 2 Dados sobre as estruturas das escolas (Médio) .......................................................... 22 Tabela 3 Recursos disponíveis nas escolas (Fundamental) ...................................................... 25 Tabela 4 Recursos disponíveis nas escolas (Médio) ................................................................ 26 Tabela 5 Quadro: Planos de aula catalogados .......................................................................... 31 Tabela 6 Exemplificação dos espaços destinados as repostas dos supervisores ...................... 38 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13 1.REPENSANDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES .................................................. 19 1.1.Recursos e Estrutura .................................................................................................... 21 1.2.Formação de professores e as novas tecnologias........................................................ 28 1.3.Formação de professores: Relacionamento entre Estagiário, Supervisor e Aluno...34 2.AVANÇOS METODOLÓGICOS E OS BENEFÍCIOS DO ESTÁGIO ........................ 37 3.O QUE FAZEMOS? QUE SUGESTÕES RECEBEMOS? ............................................. 44 4.SUGESTÕES E REFLEXÕES SOBRE O CURSO DE HISTÓRIA LICENCIATURA DA UEMA ............................................................................................................................... 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 62 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 65 ANEXOS ................................................................................................................................. 69 13 INTRODUÇÃO O Estágio supervisionado é sempre uma experiência única na vida de todo futuro docente, pois é o período onde ele pode ter o seu primeiro contato com a sala de aula. Na escola os futuros professores são convidados, primeiramente, a observar o ambiente escolar em que os mesmos foram inseridos e depois tem a oportunidade de ministrar algumas aulas. Toda essa vivência é o que constitui o objeto de estudo dessa pesquisa. Dessa forma, a pesquisa tem como finalidade analisar as pistas contidas nos relatórios de estágio supervisionado do ensino fundamental e médio do curso de história licenciatura da UEMA. A partir do mapeamento dessas experiências temos a possibilidade de refletir sobre formação de professores. Entende-se que a formação de professores deve sempre ser pensada e discutida dentro dos cursos de licenciatura e na universidade em sua totalidade. O fato é que a universidade é o lugar certo para problematizar que tipo de professor está se formando, ou que educadores estão saindo da universidade e ingressando no sistema escolar, pois iniciando docentes a se qualificarem para sala de aula melhora-se também a escola como todo. O trabalho é em parte o resultado de um projeto PIBIC FAPEMA, intitulado, “FORMAÇÃO DE PROFESSORES: O que fazemos? Que sugestões recebemos? Análise dos relatórios supervisionados do curso de História Licenciatura da UEMA”, que foi feito durante 3 anos na graduação do curso de História licenciatura da UEMA. As discussões aqui apresentadas são frutos de uma reflexão crítica interpretativa dos relatórios de estágio. Foram analisados os relatórios correspondentes aos anos de 2013, 2014,2015, 2016 e 2018 do ensino fundamental e dos anos 2016, 2017, 2018 e 2019 do ensino médio. Sendo caracterizada por ser um trabalho artesanal, pois se trata de uma condição para o aprofundamento da análise, essa metodologia também potencializa a liberdade do intelectual. Por meio dela é possível flexibilidade na conduta do estudo, não havendo uma definição a priori das situações, estando mais atento ao processo, mesmo visando resultados. Ela nos permite entender que o contexto está ligado ao comportamento das pessoas na formação da experiência. Na perspectiva qualitativa temos que reconhecer que há uma influência da pesquisa sobre a situação, admitindo-se que o pesquisador também sofre influência da situação de pesquisa. Ela nos permite usar recursos gráficos, organização preliminar do material, separar o que será relevante para a análise (MARTINS, 2004). Primeiramente, é preciso pontuar que o insubstituível dentro de uma sala de aula não são as tecnologias disponíveis para os alunos, tampouco os livros didáticos e um ambiente adequado, mas o professor é a medida que faz uma aula ser transformadora ou não, ou seja, a 14 qualidade não necessariamente se faz pelos recursos, mas pelo potencial didático do educador. Mesmo que o professor precise se adequar às evoluções no mundo, entendendo que todas essas ferramentas são potenciadoras de uma aula mais dinâmica e interessante. Pensar, porém, sobre formação de professores é um exercício que tem como finalidade uma observação crítica que vai muito além de problematizar a docência, é preciso que se pense todo o sistema. Sendo assim, refletir sobre formação de professores requer pensar, “ultimamente nos vários aspectos que constituem esse processo: formação inicial (cursos de licenciatura), formação contínua (cursos, treinamentos em serviços, assessorias etc.), condições de trabalho (materiais, carga horária, salário) e regulamentação da carreira.” (FONSECA, 2008, p.73). Quando se fala sobre educação brasileira, temos que lembrar de uma série de mudanças que foram feitas e que começaram a entrar em vigor e a serem aplicadas. Mesmo que não se entre no mérito de discutir se essas diretrizes e mudanças na educação estão sendo colocadas em prática. Selma Garrido Pimenta (2005), descrevendo o papel do professor na reflexão, afirma: [...] que uma identidade profissional se constrói a partir da significação social da profissão, da revisão constante dos significados sociais da profissão, da revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas; práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Ainda, do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias. Se constrói, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente no seu cotidiano, a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida o ser professor. Assim como a partir de sua rede de relações com outros professores, nas escolas, nos sindicatos e em outros agrupamentos. (PIMENTA, 2005, p. 12) Visto isso, dentreas várias transformações e propostas que ocorreram no progresso da educação brasileira, podemos destacar a formação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para o Ministério da Educação, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi aprovada pois tem um caráter normativo, ou seja, a mesmo serve para nortear o que é ensinado nas escolas de todo Brasil e engloba todas as fases do ensino, desde o infantil até o médio. A BNCC é uma ferramenta que tem como função orientar a elaboração do currículo específico da escola, visando as especificidades metodológicas, sociais e regionais de cada instituição. O que deve-se ter bem claro é que a BNCC não representa um currículo, mas é uma ferramenta norteadora universal para que as escolas elaborem os seus currículos de acordo com suas características e especificidades. Para o ex-Ministro da educação Mendonça Filho, “os 15 currículos devem estar absolutamente sintonizados com a nova BNCC, cumprindo as diretrizes gerais que consagram as etapas de aprendizagem que devem ser seguidas por todas as escolas” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO) Sobre as competências gerais da BNCC, a Base prevê que os estudantes devem desenvolver competências cognitivas e socioemocionais para sua formação ao longo da educação básica. Ao todo, essas competências são subdividas em dez pontos gerais, que mostram qual o caráter e caminho oferecido para a educação brasileira. O fato é que toda escola deve cumprir mesmo que de forma mínima, com as competências apontadas na BNCC. A respeito da BNCC e sua influência para a formação de professores, o que precisa se destacar é o fato das diretrizes não se limitarem apenas às contribuições para o conteúdo em si, mas também exigir um novo professor dentro de sala de aula, ou seja, o professor tradicional, detentor do saber, parece não se encaixar nesse novo contexto, por conta disso o educador precisa ser um “mediador”, que problematiza o ensino e que conduz o aluno ao conhecimento. A BNCC exige do professor não só conhecimentos específicos sobre o conteúdo de sua disciplina, o que por muito tempo foi a base para a formação docente, mas exige que esse aprenda a usar novas ferramentas pedagógicas. O professor agora, mediador, precisa entender que conteúdos são passados didaticamente visando as especificidades de cada aluno. Nesse aspecto, destaca-se a reflexão, crítica, didática, etc. Isto posto, mesmo que a universidade seja apenas o instrumento de iniciação à docência, o incentivo pedagógico precisa provocar no graduando o pensar a formação, experenciando uma transformação a partir da reflexão teórica/prática. É preciso romper com a dicotomia entre teoria e prática, pesquisa e a didatica, professor pesquisador e o educador. A partir dos relatórios supervisonados do ensino fundamental e médio busca-se entender o cenário em que estamos inseridos e a partir dos diagnósticos, sugerir caminhos para o aprimoramento da formação de professores. Refletindo sobre quais práticas devem ser pensadas pela universidade para promover uma formação que se encaixa na realidade educacional brasileira, pois muitos educadores no Brasil têm apresentado uma formação deficiente quando se trata da sala de aula. Por conta disso, um dos grandes desafios das instituições de ensino superior é promover uma revolução na forma em que o docente enxerga seu papel, de maneira a instigar o aluno a desejar relacionar teoria com a prática. Sabe-se que a cada dia que passa a escola tem perdido espaço em meio à sociedade, se tornando cada vez menos interessante aos estudantes. “Penso que concordarão comigo se afirmar que a escola não tem conseguido acompanhar as profundas mudanças ocorridas na sociedade”. (ALARCÃO, 2001, p. 18). A grande problemática do ensino é: como fazer que o 16 conteúdo escolar seja algo atrativo às futuras gerações que têm ao seu redor inúmeras distrações que são muito mais prazerosas que certos conteúdos trabalhados em sala de aula? É preciso que se promova no meio educacional um ambiente de reflexão. “O que pode ser feito, creio, é incrementar os practicums reflexivos que já começaram a emergir e estimular a sua criação na formação inicial, nos espaços de supervisão e na formação contínua” (SCHÖN, 1995, p.8). Como afirma Schön, a prática de refletir sobre a docência vai para muito além de uma análise teórica, é preciso analisar os atos do profissional a partir do que ele faz em sala de aula, ou seja, a partir do ambiente escolar. Para isso, tanto a escola quanto a universidade precisam estar preparados para essa reflexão na ação. Practicums Reflexivos, significa de certa forma, um tipo de “aprender fazendo”. Parafraseando Schön (1995), “As tradições “desviantes” da formação artística, bem como do treino físico e da aprendizagem profissional, contêm, no seu melhor, as características de um practicum reflexivo.” (SCHÖN, 1995, p. 6). Sendo assim, para Schön, os alunos praticam na frente de um tutor, que dialoga com as atividades dos alunos. “O desempenho do aluno transmite informação muito mais fiável do que as suas próprias palavras. Do mesmo modo, um tutor pode demonstrar através do seu desempenho e convidar os alunos a imitá- lo.” (SCHÖN, 1995, p. 6) Para Schön, o processo de Practicums Reflexivos, serve também para que o docente examine suas práticas, podendo ocorrer em diferentes fases de sua formação. “Não é suficiente perguntar aos professores o que fazem, porque entre as acções e as palavras há por vezes grandes divergências. Temos de chegar ao que os professores fazem através da observação directa e registada que permita uma descrição detalhada do comportamento e uma reconstrução das intenções, estratégias e pressupostos”. (SCHÖN, 1995, p. 7). Para a universidade, um dos caminhos a serem trilhados podem ser os estágios como uma forma de permitir o contato dos futuros formandos com a sala de aula e a partir disso ser iniciado na reflexão sobre a profissão, por outro lado, a as propostas pedagogicas, como apoio as atividades teórico/ práticas que ocorrem dentro das instituções superiores, têm potencial de ser outra ferramenta de construção docente. Quanto mas as universidades se aprofundarem na prática reflexiva, mais será possível um avanço quanto a novos caminhos para formação de professores. Sendo assim, o practicums reflexivos serve tanto para a escola como para as instituições de cursos superiores. A universidade, então, se encontra em meio a dois desafios, o primeiro diz respeito à formação de professores, o segundo sobre a parceria com a escola colaborando com ela com projetos, ideias e etc. Por isso, é preciso também localizar o papel da universidade e sua 17 importância, quais os possiveis posicionamentos e caracteristicas ela deve apresentar, uma vez que a situação educacional brasileira apresenta um cénario ainda estremamente precário. O fato é que o descaso com a educção não é apenas o retrato das medidas educacionais atuais, mas fruto de um descaso que deixou feridas incuraveis até hoje. Para que se tenha noção do tamanho do problema que o sistema educacional tem vivido, podemos destacar que “O censo escolar de 2007(Inep/MEC) afirma que evasão escolar entre jovens é alarmante. O Brasil tem a terceira maior taxa de abandono escolar entre os 100 países com maior IDH e no PNUD e a menor média de anos de estudo entre os países da América do Sul.” ( FILHO e ARAUJO, 2017, p. 36). Dados que diz respeito ao ano de 2007, ou seja, informações que ajudam a explicar o porque ainda nos encontramos em uma situação alarmante no sistema escolar onde “O percentual de alunos não aprovados (aqueles que reprovaram ou abandonaram a escola) em um dado ano letivo impacta diretamente o atraso escolar [...]” (BRASIL, 2021, p. 7). A realidade é que a evasão escolar pode ser explicada por vários fatores, como: Fatores intrínsecos e extrínsecos à escola, como drogas,sucessivas reprovações, prostituição, falta de incentivo da família e da escola, necessidade de trabalhar, excesso de conteúdos escolar, alcoolismo, vandalismo, falta de formação de valores e preparo para o mundo do trabalho influenciam diretamente nas atitudes dos alunos que se afastam da escola. Esses obstáculos, considerados, na maioria das vezes, intransponíveis para milhares de jovens, engrossam o desemprego ou os contingentes de mão de obra barata. Em pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas/ FGV, Neri (2009) afirma que o mercado de trabalho é um ator importante na tomada de decisão desse jovem que teima em continuar seus estudos para que possa ser absorvido por ele, ou desiste e torna-se uma mão de obra desqualificada para garantir sua sobrevivência. (FILHO E ARAUJO,2017, p. 39) A verdade é que a citação acima é só um exemplo do estado degradativo da maioria das instituções de ensino do Brasil. Sendo assim, todo profissional da educação deve ter em mente a necessidade de constantemente refletir sobre a realidade escolar, procurando entender as entrelinhas do ensino e as carências da escola e comunidade. Assim também, ele deve abrir novos caminhos, descobrir métodos novos e abandonar certas práticas que não se encaixam na realidade escolar. Como afirma Lopes (2004), citando Schön: Nesse cenário, a proposta de Schön para a formação do professor reflexivo ganha repercussão e passa a constituir um movimento de compreensão do trabalho docente. Outras formulações seguem à elaborada por Schön, apontando possibilidades e limitações encerradas em suas proposições e acrescentando novas perspectivas a serem tomadas em consideração. A grande questão é: refletir sobre o quê? Para quê? Qual a finalidade última da reflexão? Subjacentes a esses questionamentos, temos concepções de educação, de professor, de aluno, de sociedade, de função da instituição escolar. A reflexão, assim como toda ação pedagógica ou educacional, é orientada por valores, interesses e fins, aspectos que merecem ser considerados. (LOPES, 2004, p. 141) 18 Feitosa e Bodião (2015) afirmam, relatando sobre a importância de se debater sobre a formação de professores, que: “[...] é relevante pensar na formação de professores de modo que potencialize reflexões a partir de saberes práticos que, a partir do cotidiano laboral docente, seja capaz de estimular modificações dos processos educativos que se desenrolam nas salas de aula”. (FEITOSA e BOTIÃO, 2015, p. 186) Porém, para que isso ocorra de forma eficaz, é preciso que a universidade esteja preparada para despertar no estudante a importância do professor reflexivo e nesse contexto somente o estágio não é suficiente. Assim, os projetos pedagógicos na escola se tornam uma ferramenta para a formação de professores reflexivos. Segundo o artigo, A Cultura de Projetos, Construída Via Parceria Escola Universidade, Contribuindo para a Qualidade da Formação Inicial e Continuada de Professores: No contexto da parceria universidade-escola, a postura crítica-reflexiva dos professores das duas instituições promove a aproximação das preocupações de ambos, auxiliando para que revejam sua bagagem teórica e as ações de sua prática, contemplando dessa forma o campo da pesquisa. Por outro lado e de forma simultânea, tal postura contempla também o campo da prática docente, quando o pesquisador solicita a colaboração dos docentes da escola para juntos tomarem decisões acerca do que devem investigar e do desenvolvimento da pesquisa. Esta dinâmica, segundo Ibiapina (2008), caracteriza a pesquisa colaborativa. (MACHADO; QUEIROZ, 2012, p. 98) Acrescentaria, a participação também dos futuros professores na colaboração universidade-escola. Por outro lado, não se pode perder de vista que todo projeto pedagógico precisa dialogar com a sociedade, com a comunidade, abrangendo vários olhares e sendo interdisciplinar, para a construção de um ser social e crítico. Para futuros docentes, possuindo uma bagagem crítica-reflexiva e social já iniciada, terão muito mais facilidade de adaptação no ensino e nisso a educação tem muito a ganhar. Antoczecen (2011), ao escrever sobre pedagogia de projetos afirma que, “A utilização de projetos contribuem para o desenvolvimento do trabalho em equipe e para a interação de toda a comunidade com a escola, proporcionando um melhor relacionamento entre professores e alunos e contribui para melhorar a autoestima dos alunos envolvidos.” (ANTOCZECEN, 2011, pag. 1). A realidade é que os projetos podem facilitar a diálogo entre professores e alunos, tornando o conteúdo mais dinâmico. Nesse aspecto, os relatórios de estágio comprovam que a escola está necessitada de projetos pedagógicos, porém, a universidade ainda atua pouco quando se trata de se envolver com a comunidade e a escola.. Segundo Franco e Gilberto 19 Estudos sobre o estágio nos cursos de formação inicial no Brasil têm apontado as dissonâncias entre uma formação que reproduz modelos e as propostas pedagógicas que buscam ressignificar a formação, inserindo-a no contexto mais amplo da sociedade contemporânea, cuja complexidade se reflete na escola e, consequentemente, na sala de aula. (FRANCO; GILBERTO, 2011, p. 212) Muito se fala de professores reflexivos, contudo, poucos graduandos se tornarão reflexivos se a universidade não for um ambiente que promova prática docente. É preciso aprender a lidar com a comunidade ao seu redor, preparando os futuros professores para que os mesmos busquem pensar o ambiente em que eles lecionarão. Porém, o que se nota é que a maioria dos professores, ainda seguem um modelo tradicional1, na qual vivenciaram e aprenderam. É nessa perspectiva que Antoczecen, preocupado com a realidade que vivenciará resolveu encontrar apoio na pedagogia de projetos, como o mesmo afirma: Preocupado com esta realidade, busquei apoio na Pedagogia de Projetos. Isso porque esta prática possibilita uma maior interação entre a disciplina e o aluno, contribui para o desenvolvimento do trabalho em equipe, permite a construção individual e coletiva do conhecimento priorizando sempre a interdisciplinaridade. Além disso, através da Pedagogia de Projetos é possível articular teoria e prática, permitindo que os alunos se utilizem de diversos mecanismos para o desenvolvimento de seu trabalho, dentre eles a tecnologia. (ANTOCZECEN, 2011, pag. 4) Quando se trata de formação de professores, é preciso que se reflita constantemente na vivência da prática docente, sendo assim que se obtém resultados satisfatórios, caso contrário, o ensino permanecerá estático e a universidade continuará falhando em alguns aspectos de sua formação. Quanto à escola, é preciso que se promova um ambiente adequado e lugar de reflexão, pois assim como a formação inicial é fundamental, em mesmo grau de importância, possibilitar a formação continuada também é imprescindível. 1. REPENSANDO A FORMAÇÃO DE PROFESSORES Discutir sobre formação de professores, assim como, formação continuada na prática é sempre muito complicado, pois tudo na teoria se torna muito simples, porém, a realidade educacional se mostra dura e desgastante. É muito fácil apontar o que deve ser feito para que a educação brasileira se torne cada vez melhor. As coisas se complicam à medida que a vivência educacional nos mostra que pensar o ensino é muito mais complexo e não é garantia de que as 1 Baseado em Marc Bloch e seu conceito de história tradicional de uma visão analítica, factual, narrativa e sem problematizações. Nessa perspectiva que se entende o ensino tradicional que se resume a narração de fatos sem problematização, com base em decorar datas, eventos e nomes de heróis. 20 coisas mudarão para melhor. Sendo assim, não existe a pretensão de apontar soluções, ou afirmar caminhos, mas a pesquisatem como primazia suscitar perguntas, questionamentos e fazer sugestões que levem à problematização do sistema educacional a partir da vivência e convivência com a escola e a docência. Como afirma Alarcão: A mudança de que a escola precisa é uma mudança paradigmática. Porém, para mudá- la, é preciso mudar o pensamento sobre ela. É preciso refletir sobre a vida que lá se vive, em uma atitude de diálogo com os problemas e as frustrações, os sucessos e os fracassos, mas também em diálogo com o pensamento, o pensamento próprio e o dos outros. (ALARCÃO, p. 15) O fato é que algo precisa ser feito para mudar a realidade educacional brasileira, e as pesquisas sobre educação no Brasil tem apontado para uma necessidade urgente de se pensar o sistema escolar brasileiro. Ana Maria Monteiro (2013), em seu artigo, Formação de professores: entre demandas e projetos, procura pensar o porquê das grandes lacunas existentes no sistema educacional e em especial na formação profissional, uma vez que o ensino não acompanha o desenvolvimento do mundo, mantendo um modelo tradicional, metódico e ultrapassado de se fazer História. Dentre os problemas levantados por Monteiro (2013), pode-se destacar, a desvalorização profissional, uma vez que os professores recebem baixos salários e ensinam em escolas com situações precárias; a crise no sistema universitário, que forma professores de forma deficiente, uma vez que o ensino se limita apenas ao teórico e pouco a didática, ou seja, uma formação inicial que esteja ainda enraizada nos moldes tradicionais, forma professores em alguns aspectos arcaicos se comparados com os avanços sociais e globais no Brasil. O problema, porém, não se restringe apenas à formação inicial, mas o diagnóstico se direciona igualmente à formação continuada, uma vez que o professor precisa ter espaço e tempo para refletir sobre o ensino e qual seu papel dentro de sala de aula, entendendo que o processo contínuo da capacitação perpassa por uma aprendizagem e uma busca por adquirir conhecimentos teóricos e metodológicos. Nesse contexto, a didática se torna imprescindível para que o docente possa alcançar os alunos que estão na sala de aula. A bandeira que os teóricos têm levantado está direcionada a uma docência de melhor excelência, com maiores salários e mais favoráveis condições de trabalho. Essa peleja vem sendo travada desde que se começou a pensar sobre qualificação adequada do professorado. Porém, “A massificação da oferta de escolaridade pública foi acompanhada de crescente desvalorização do trabalho docente e responsabilização dos professores pelo fracasso do sistema educacional.” (MONTEIRO, 2013, p. 36). Posto isto, para que se possa enfrentar os 21 problemas educacionais é preciso reconhecer que o próprio sistema educacional não permite que o professor exerça o seu ofício da melhor forma, pois com os baixos salários, os docentes precisam lecionar em várias escolas, sendo limitados pelo tempo e pela carga horaria exaustiva. Quando se trata de recursos e estruturas, as coisas se complicam de uma forma muito mais profunda, trazendo frustrações e desânimo. 1.1. Recursos e Estrutura É preciso destacar, antes de qualquer problematização, que os recursos e estruturas que são apresentados nessa seção são referentes à descrição feita pelos estagiários em seus relatórios, onde alguns se encontram bem resumidos. Por conta disso, o fato de alguns recursos ou estruturas da escola se diferenciarem de um ano para o outro em algumas ocasiões, pode ser apenas pelo fato de os formandos não terem relatado em seus relatórios de Estágio. O que se mostra bem nítido em praticamente todas as observações é a precariedade das escolas públicas de São Luís, que apresentam uma estrutura defasada, com salas quentes e pequenas e que não comportam a grande demanda de alunos que estudam na escola e isso se mostra ser outro grande problema, a superlotação. Em geral, as turmas tem entre 30 a 40 alunos por sala, que muitas das vezes não tem uma ventilação adequada, contendo poucos ventiladores ou ar condicionado quebrado ou em mal funcionamento. O que é mais alarmante é que essa realidade continua a se apresentar em todos os anos analisados, ou seja, houve pouca melhora estrutural. As estruturas citadas pelos Estagiários são: Ensino Fundamental Tabela 1 Dados sobre as estruturas das escolas (Fundamental) 2013 2014 2015 2016 2018 Sala de vídeo Sala de informática Quadra esportiva Sala de professores Sala de vídeo Sala de informática Sala de professores Salas de aulas Banheiros Sala de vídeo Sala de informática Sala de professores Salas de aulas Banheiros Sala de informática Sala de professores salas de aulas banheiros Cantina Sala de vídeo Sala de informática Sala de professores salas de aulas banheiros 22 salas de aulas banheiros Quadra de esporte Cantina Biblioteca sala de recursos Secretaria Armários Filtros de água Bebedouros Ar condicionado Ventilador Área de vivência Carteiras Mesa Quadra de esporte Cantina Biblioteca Sala de recursos Secretaria Bebedouros Auditório Sala com quadro multimidia Ventilador Ar condicionado Sala de educação especial Deposito Carteiras Mesa Sala multimidia Almoxarifado Laboratório de biologia Área de vivência Quadra de esporte Cantina Biblioteca Secretaria Bebedouros Auditório Ventilador Ar condicionado Carteiras Sala multimidia Área de vivência Teatro Consultório odontológico Armário Geladeira Lanchonete Estacionamento Laboratório Biblioteca Quadra de esporte Secretaria Ventilador Ar condicionado Ônibus Escolar Auditório Sala de multimidia Mesa Almoxarifado Bancos Dispensa Sala de leitura Deposito Laboratório de ciências Brinquedoteca Cantina Biblioteca sala de recursos Quadra de esporte Secretaria Área de vivência Bebedouros Ventilador Ar condicionado Ônibus Escolar Teatro Auditório Lanchonete Carteiras Salas para pratica de outros esportes Restaurante Posto de saúde Sala de multimidia Fonte: O autor (2020) Ensino Médio Tabela 2 Dados sobre as estruturas das escolas (Médio) 2016 2017 2018 2019 Sala de vídeo Sala de informática Sala de informática Sala de vídeo 23 Sala de informática Laboratório de ciências Laboratório de química Sala de professores Salas de aulas Banheiros Quadra de esporte Cantina Biblioteca Sala de recursos Secretaria- Coordenação pedagógica Secretaria Bebedouros Auditório Sala multimidia Sala de teatro Ventilador Ar condicionado Sala de educação especial Sala de língua estrangeira Sala de educação física Carteiras Almoxarifado Laboratório de biologia Laboratório de física Sala de professores Sala de vídeo Salas de aulas Banheiros Quadra de esporte Cantina Refeitório Biblioteca Secretaria Bebedouro Auditório Ventilador Ar condicionado Carteiras Área de vivência Estacionamento Almoxarifado Sala de certificado e documentos Sala de xerox Sala de apoio Despensa Área de vivência Sala de professores salas de aulas banheiros Cantina Refeitório Biblioteca Quadra de esporte Secretaria Ventilador Ar condicionado Auditório Sala de multimidia Mesa Diretoria Secretaria Almoxarifado Bancos Dispensa Laboratório de ciências Sala de atendimento especiais Sala de dança Área de vivência Atendimento médico Laboratório de física Coordenação pedagógica Laboratório de química Atendimento odontológico Área de vivência Sala de informática Sala de professoressalas de aulas banheiros Cantina Biblioteca Laboratório Quadra de esporte Secretaria Diretoria Área de vivência- Bebedouros Ventilador Ar condicionado Auditório Biblioteca Coordenação pedagógica 24 Laboratório de matemática Área de vivência Atendimento odontológico Sala de atendimento especial Sala de arquivo morto Fonte: O autor (2020) A lista estrutural das escolas não varia muito, porém, é válido destacar que a maioria dos quesitos presentes nas listagens apresentam mal funcionamento. Nos relatórios do Ensino Fundamental, a maioria dos relatos mostram que as quadras poliesportivas estão caindo aos pedaços, que os bebedouros não promovem higiene para o aluno e mesmo que as escolas tenham cantinas, em algumas das descrições podemos perceber que o lanche não é servido. O fato é que o ambiente parece afetar o comportamento dos alunos, pois os mesmos ficam agitados por conta do calor, as vezes são liberados por conta da falta de água nos bebedouros, prejudicando o andamento das aulas e o lanche não servido acaba fazendo com que o aluno não tenha atenção, fique estressado e desinteressado pelas aulas. Nos relatórios do ensino médio, os problemas continuam a se apresentar de forma parecida, como é o exemplo das quadras poliesportivas. Muito se fala também que as escolas têm biblioteca e sala de informática, porém, as instituições não usam de forma adequada esses locais de aprendizagem e dinamismo no ensino. O que se encontra nos relatórios são salas de informáticas fechadas por falta de manutenção nos computadores, ou simplesmente permanecem inutilizadas porque não existe nem um projeto que vise utilizar de forma eficiente o local. A biblioteca também aparece nos relatos dos estagiários como um lugar muito mal utilizado pela escola, não exercendo nenhuma função no aprendizado dos alunos. Relatos esses, encontrados com muita frequência também nos relatórios de estágio do ensino fundamental. Diante da realidade apresentada acima, como preparar os futuros docentes para encarar tantas lacunas presentes no sistema escolar? Será que somente a prática do estágio é suficiente para que os formandos consigam ter vivência, mesmo que mínima, para encarar a escola quando se formarem? Essas perguntas precisam estar presente na realidade acadêmica dos cursos de 25 licenciatura, é preciso problematizar e, acima de tudo, nos inteirar se quisermos fazer a diferença. Outra pergunta que precisa nortear os debates, mesas-redondas, conversas e conferências é: como pode-se exigir de um professor que escola pública esteja preparado ou busque por uma formação continuada, se as escolas não têm estrutura mínima que vise promover um ambiente adequado para que o professor repense suas aulas? Os relatórios do ensino fundamental narram que se passa mais tempo tentando acalmar os alunos do que dando aula. E mesmo que isso não ocorra com tanta frequência no ensino médio, encontrasse ainda na maioria dos relatórios do ensino fundamental e médio, situações limitantes para o professor, causadas pelo excesso de calor em sala de aula, por mal funcionamento de ventiladores e ar condicionados. Podemos destacar outro ponto importante que está relacionado a escola não oferecer ferramentas que ajudem com que o professor adeque suas aulas para que elas sejam interessantes. Fala-se muito que os professores que lecionam na escola estão enraizados nos métodos tradicionais de dá aula, porém, como inovar sem os recursos adequados? Sobre os recursos oferecidos pela escola, os estagiários citam alguns deles, como pode-se ver nas tabelas abaixo: Ensino Fundamental Tabela 3 Recursos disponíveis nas escolas (Fundamental) 2013 2014 2015 2016 2018 Data show Retroprojetor Aparelho DVD Computador Quadro Notebook Televisão Microfone Globo terrestre Mimeografo Máquina de xerox Data show Home teather Aparelho DVD Computador Quadro Microfone Globo terrestre Mimeografo Máquina de xerox Impressoras Data show Livro didático Quadro Computador Aparelho DVD Televisão Wi-fi Caixa de som Microfone Telão Data show Aparelho DVD Televisão Microfone Filmadora Caixa de som Telão Pincel Giz Máquina fotográfica Data show Aparelho DVD Computador Quadro Televisão Caixa de som Impressora Livro didático Internet Telão 26 Impressoras Quadro de projeção Filmadora Caixa de som Mapas Livro didático Fardamento Pincel Quadro de projeção Filmadora Caixa de som Mapas Livro didático Apostilas Pincel Giz Apagador Wi-fi Jogos Mural Tablets Fonte: O autor (2020) Ensino Médio Tabela 4 Recursos disponíveis nas escolas (Médio) 2016 2017 2018 2019 Data show Retroprojetor Aparelho de som Mesa de som Aparelho DVD Televisão Notebook Máquina de xerox Filmadora Livro didático Data show Retroprojetor Câmera fotográfica Filmadora Impressora Livro didático Aparelho DVD Televisão Caixa de som Data show Livro didático Aparelho DVD Televisão Impressora Filmadora Aparelho de som Caixa de som Pincel Pagador Quadro branco Jogos educativos Apostilas com atividades Data show Retroprojetor Notebook Aparelho DVD Quadro Televisão Livro didático 27 Máquina fotográfica Computadores Notebook Fonte: O autor (2020) É preciso mais uma vez pontuar que muitos dos recursos listados acima apresentam mal funcionamento nas escolas e que por mais que a escola tenha recursos, eles não são suficientes quando se trata da demanda nas salas de aula. Por conta disso, os professores se veem limitados quanto ao uso de recursos, continuando a trabalhar somente com o livro didático e quadro, tornando as aulas por muitas das vezes monótonas. O Datashow, por exemplo, seria uma ferramenta de muita importância nas aulas, porém, por vezes esse tipo de equipamento se encontra quebrado, ou é preciso de agendamento, uma vez que existe só um equipamento para atender toda a escola. Os relatórios afirmam que salas de vídeo não são utilizadas pelos professores e estagiários por conta das grandes dificuldades apresentadas, seja por conta de burocracias para que ocorra uma aula fora das dependências da sala de aula, ou por conta de algum aparelho quebrado ou com mal funcionamento, pois como foi dito acima, por mais que a escola apresente uma gama de aparelhos no ambiente escolar, muitos deles sequer funcionam. Por outro lado, há alguns relatos que mencionam escolas que oferecem uma boa estrutura, porém, os professores preferem continuar dando aula a partir do modelo tradicional, seja por conta da cultura escolar brasileira, ou porque os professores foram formados dessa maneira nas universidades, o que é um problema. O que falta é uma educação continuada, incentivo aos professores cansados e sobrecarregados, um lugar onde eles possam pensar a educação e uma carga horaria menos exaustiva. De fato, a educação precisa acompanhar as evoluções que ocorrem no mundo, é preciso adequar a escola a este mundo tecnológico dos dias de hoje, porém, os mesmos problemas que são apresentados nos relatórios do ensino fundamental, continuam a fazer parte dos relatos dos estagiários nos relatórios do Ensino Médio. Para os estagiários que serão futuros docentes nas escolas do Brasil, é preciso que haja uma reflexão sobre formação de professores, para prepara-los na medida do possível para trilhar a jornada da docência. É preciso adequar a formação de professores à realidade escolar brasileira, pois se as escolas tem problemas estruturais e que não conseguem se adequar tecnologicamente, será preciso incentivar esse professor a aprender a lidar com uma realidade escolardefasada e por muitas vezes ultrapassada, que comporta uma geração extremamente 28 ligada aos avanços tecnológicos e que por conta disso partilham de um novo modo de adquirir conhecimento, por esse motivo, muitos alunos acham a escola e as aulas monótonas e desinteressantes. 1.2. Formação de professores e as novas tecnologias Antônio Carlos conceição Marques ([20--]) em seu artigo, As tecnologias no ensino de história: uma questão de formação de professores, busca discutir a partir de uma pesquisa com 3 professores sobre a importância do uso das tecnologias em sala de aula. Para Marques ([20-- ]) o uso de tecnologias em sala de aula, precisa perpassar o simples ato de incorporar inovações dentro do sistema escolar, precisando ser encarada como parte da estratégia da política educacional, para construção de saberes. Sabe-se que o papel do professor tem como objetivo principal, a formação de cidadãos críticos e reflexivos sobre a realidade em que vivem. Para isso o professor utiliza o conteúdo como base para discussão em classe, porém, o que ocorre muitas vezes na escola, é que as aulas ficam muito limitadas apenas aos textos e livros didáticos. Sendo assim, as tecnologias entram como uma alternativa para uma abordagem mais dinâmica sobre o conteúdo. O computador, por exemplo, pode incentivar os alunos a pesquisarem, a organizar informações, classificar gráficos e etc. Como afirma Marques ([20--]), o professor precisa se adequar a essa nova realidade que lhe é apresentada. Porém, “Orozco (2002) fala que só o tecnicismo não garante uma melhor educação. [...] é preciso refletir sobre o que significa ensinar no século XXI, o papel dos professores e das diferentes linguagens textual, virtual e individual no ensino e aprendizagem. (MARQUES, [20--], p.2). Por conta disso, Levando em consideração esses aspectos, é possível que um professor que se disponha a refletir sobre sua ação, planejando e elaborando uma proposta de trabalho comprometida com a qualidade de aprendizagem terá condições de utilizar os recursos tecnológicos que se apresentem para ele. Por isso, como bem aduz Perrenoud et al. (2001), formar profissionais capazes de organizar situações de aprendizagem deveria ser o objetivo principal dos programas de forma inicial de professores. (MARQUES, p. 7) O autor também pontua que um dos maiores desafios dos docentes no século XXI é pensar a incorporação das novas tecnologias no ensino de história. A fala de um dos professores entrevistados afirma que: “[...]durante período que esteve na Faculdade, não existiu menção à utilização de tecnologias no ensino de História. O que ela aprendeu foi fora da faculdade e pode aplicar na sua rotina diária.” (MARQUES, [20--], p. 9). 29 Sendo assim, é preciso entender que a tecnologia é uma saída bastante interessante para fazer do ensino algo mais prazeroso2, mas ela precisa ser incorporada de forma correta para que traga benefícios e não malefícios. Porém, é preciso que se saia da zona de conforto para que se possa pensar, refletir e aprender qual a melhor maneira de se incorporar as tecnologias no ensino de história. Podemos observar como exemplo, o artigo, O USO DAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES, escrito por Busignanil e Fagundes (2013), que aponta para a implementação de tecnologias em sala de aula, por meio do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE da rede pública de Paraná. Segundo o estudo, percebeu- se um grande desinteresse em grande parte dos alunos quanto a escola, pois os atrativos que podiam ser encontrados fora dela eram muito mais prazerosos e interessantes. Como afirma Busignani1 e Fagundes, “O mundo das imagens, sons e cores presentes na televisão, celulares, computadores e outros aparelhos tecnológicos chamam a atenção de adolescentes e jovens e, no ambiente escolar, a desmotivação pelas aulas expositivas e sem recursos tecnológicos leva o professor a enfrentar problemas de indisciplina e desmotivação por parte dos alunos. Sabe-se que as tecnologias não resolvem todos os problemas do professor, mas podem auxiliá-lo em seu trabalho pedagógico, pois são recursos que despertam o interesse em grande parte dos alunos.” (BUSIGNANI1; FAGUNDES, 2013, p. 2-3) Sendo assim, é preciso transportar o mundo tecnológico para a realidade escolar como todo, readequando e estruturando o ambiente e preparando os professores para a comunicação com uma geração que cresceu e se moldou estando rodeada pelo mundo da tecnologia. Busignanil e Fagundes (2013), também buscaram implementar as tecnologias dentro do ensino da disciplina de História, com o objetivo de tirar proveito da facilidade ao acesso as informações que os meios de comunicação proporcionam e em contrapartida, conseguiram ensinar história de forma mais dinâmica e interessante. Porém, para que haja mais propostas de implementação tecnológica na educação estudantil, como descrito acima, é preciso entender que a escola lida com uma geração que não apenas gosta de estar conectada tecnologicamente, mas as TICs (tecnologia da informação e comunicação) fazem parte do modo de vida dessa geração. Como afirma Albino (2015), “Os alunos que se encontram em sala de aula nos dias atuais, pensam e processam as informações de forma diferente das gerações anteriores, devido às possibilidades disponíveis de interatividade com as tecnologias.” (ALBINO, 2015, p. 17). Se para Albino (2015), os jovens 2 Não Busca-se aqui afirmar que uma aula só se faz prazerosa por meio de tecnologias, mas pretende-se destacar que essas ferramentas são um meio extremamente poderoso no dinamismo das aulas. 30 daquela época poderiam ser considerados como uma geração de nativos digitais, quanto mais hoje, que a tecnologia já se tornou rotina, se tornando um modo de vida. Segundo Busignani1 e Fagundes (2013, p. 10), “O educador não consegue mais viver à margem das tecnologias, aos poucos é necessário conhecer as possibilidades que as mesmas representam para o ensino de História e superar as dificuldades que, quase sempre, está impossibilitando o sucesso do professor junto a elas.”. Busignani1 e Fagundes (2013), citando Moran (1999), afirma que: Considerando as oportunidades de acesso à informação que as Tecnologias de Informação representam no trabalho efetivo com o aluno, Moran (1999) afirma que a aquisição da informação e de dados depende cada vez menos do professor, pois os recursos tecnológicos fornecem dados, conceitos, imagens de modo rápido e atualizados constantemente. Nesse mundo atrativo, a função do professor é de levar os alunos a interpretarem as informações acessadas, relacionando-as e contextualizando-as. (BUSIGNANI1; FAGUNDES, 2013, p. 11) A verdade é que o livro didático e documentos de apoio como xerox, mapas e escritos no quadro, não precisam ser a única fonte de pesquisa do aluno. O professor precisa entender que as TICs (tecnologia da informação e comunicação) podem ser usadas dentro de sala de aula de forma benéfica para o ensino-aprendizagem. Sabe-se que é um grande desafio, se pensarmos no atual cenário educacional brasileiro, porém, é preciso que na medida do possível os professores e futuros docentes se adequem para que a comunicação professor e aluno seja cada vez mais harmoniosa. Albino (2015) afirma que toda tecnologia inserida na escola só irá funcionar à medida que os professores souberem como implantar da melhor forma as TICs em suas aulas, dinamizando assim seus ensinamentos e tornando-os mais atrativos, contudo, sem tirar o foco do conteúdo a ser transmitido. Porém, segundo Albino (2015) essas tecnologias só podem se fazer presente na escola se os profissionais que nela atuam estejam convencidos de que as TICs contribuem significativamente para o desenvolvimento dos alunos no ambiente escolar. Oque nos leva refletir sobre a Universidade e seu papel quanto a formar professores conscientes quanto aos benefícios tecnológicos dentro da sala de aula. Os alunos por sua vez, precisam aprender a se portar diante das TICs, o computador, por exemplo, não pode se tornar o centro das aulas, mas deve ser uma ferramenta de aprendizagem, desenvolvendo habilidades intelectuais e cognitivas e também um meio pelo qual os alunos se tornam cidadãos críticos e reflexivos no que diz respeito às informações disponíveis no mundo tecnológico. 31 Para refletir sobre a formação de professores, é necessário pensar a formação continuada e de futuros docentes, entendendo ser necessário adequar professores para pensar o ensino, tendo como ponto de partida a certeza de que todos os dias essa nova geração de alunos é bombardeada de informações de fácil acesso, sendo assim, a implementação de tecnologia dentro da sala de aula pode ser uma ponte para ensinar os alunos a como se portarem diante do mundo tecnológico. Por outro lado, não se pode pensar que a implantação das novas tecnologias no universo escolar dos estudantes é a solução para os dilemas em sala de aula. O uso de tecnologias não é garantia de que não haverá problemas de indisciplina, falta de interesse, desatenção, evasão do ambiente de sala de aula, problemas de identificação com os conteúdos apresentados, etc. A realidade é que nenhum aparato tecnológico substitui o papel que o professor tem de fazer com que os conteúdos cheguem até seus alunos da forma mais didática possível. Por isso, mas uma vez é preciso frisar que as novas tecnologias não são a solução, mas o instrumento pelo qual o professor possa se aproximar da realidade de uma geração extremamente ligada ao mundo tecnológico que a cerca. O fato é que esse é um dos problemas mais descritos nos relatórios. O desejo dos alunos de usar a sala de informática, porém, os computadores não funcionam, assim como o desejo do professor e do estagiário de usar as tecnologias em suas aulas, contudo, por vezes esbarram na falta de equipamentos como: Televisão, DVD, Datashow, computador, etc. Como pode-se perceber, essa é uma situação comum, que limita muito as aulas. Esse problema pode ser percebido nas aulas ministradas pelos Estagiários. É preciso destacar que o gráfico gerado abaixo é fruto da análise dos planos de aula dos estagiários do ensino fundamental e Médio do Curso de História licenciatura da UEMA. O número de relatórios analisados foram: Tabela 5 Quadro: Planos de aula catalogados Número de planos de aulas analisadas (Fundamental) Número de planos de aulas analisadas (Médio) ANO 2013 79 ANO 2016 56 ANO 2014 100 ANO 2017 55 ANO 2015 102 ANO 2018 44 ANO 2016 77 ANO 2019 56 ANO 2018 57 Fonte: O autor (2020) 32 A partir dos planos de aula foi possível ter uma noção de como as aulas aconteceram, sendo observado especificamente se os estagiários fizeram ou não uso das tecnologias como ferramenta didática ao trabalharem o conteúdo. Os gráficos abaixo apontam para o uso ou não de tecnologias nas aulas ministradas pelos estagiários do ensino fundamental e médio do curso de história licenciatura. Sobre as tecnologias, foi levado em consideração o uso de: Data show, computador, Televisão, notebook, DVD, aparelho celular. Gráfico 1 Produzido a partir dos relatórios de Estágio Supervisionado do curso de História licenciatura. Fonte: O autor (2020) Gráfico 2 Produzido a partir dos relatórios de Estágio Supervisionado do curso de História licenciatura Fonte: O autor (2020) 0 20 40 60 80 100 120 ANO DE 2013 ANO DE 2014 ANO DE 2015 ANO DE 2016 ANO DE 2018 66 72 86 62 48 13 28 16 15 9 ANO DE 2013 ANO DE 2014 ANO DE 2015 ANO DE 2016 ANO DE 2018 NÃO USOU 66 72 86 62 48 USOU 13 28 16 15 9 GRÁFICO DO USO DE TECNOLOGIA NAS AULAS (FUNDAMENTAL) NÃO USOU USOU 0 10 20 30 40 50 60 ANO DE 2016 ANO DE 2017 ANO DE 2018 ANO DE 2019 51 44 36 41 5 11 8 15 ANO DE 2016 ANO DE 2017 ANO DE 2018 ANO DE 2019 Não usou 51 44 36 41 Usou 5 11 8 15 GRÁFICO DO USO DE TECNOLOGIAS NAS AULAS (MÉDIO) Não usou Usou 33 Sobre os gráficos apresentados, percebe-se que a maioria dos Estagiários não usaram tecnologias em suas aulas, mas optaram por um estilo mais tradicional. Pode-se dizer que talvez isso tenha ocorrido porque ainda falta incentivo na universidade para que o formando aprenda a adequar o ensino de história às tecnologias disponíveis no mundo. Por outro lado, a falta de tecnologia pode ter ocorrido pelas dificuldades encontradas na escola, sendo obrigados a dar uma aula no formato tradicional uma vez que a instituição não dispunha de aparatos tecnológicos disponíveis para uso. Mesmo quando os recursos tecnológicos estavam em bom funcionamento, era preciso que os estagiários e professores marcassem um dia especifico e horário, pois os recursos eram limitados e a demanda para usa-los era muito grande. Os relatórios do fundamental mostram que os alunos em contato com métodos muito tradicionais se mostram extremamente desinteressados e agitados, dificultando consideravelmente o trabalho do professor. Já os relatórios do ensino médio apontam para um maior controle de sala pelo professor, mesmo quando a aula se apresenta por muitas das vezes monótona. Contudo, o que fica bem claro nos relatos dos estagiários é a mudança de interesse dos alunos quando as aulas se tornam mais dinâmicas por romper de certa forma com o formato de aula trabalhada com livro didático e quadro branco. Segundo França (2013), O problema consiste em que muitas escolas implantaram o Laboratório de Informática pela iniciativa do governo e o computador passou a fazer parte do ambiente escolar sem que houvesse uma metodologia definida e objetiva da prática pedagógica a partir do uso dessa ferramenta. O que se vê é a larga utilização nas secretarias das escolas, bibliotecas, ou seja, para fins burocráticos. (FRANÇA, 2013, p. 10130) Esta, é uma realidade muito comum nas escolas públicas. Equipamentos sucateados pela falta de uso e manutenção; laboratórios de informática fechados e os computadores sendo incorporados apenas para fins burocráticos. Para França (2013), o computador precisa ser incorporado a sala de aula como um recurso mais dinâmico, atrativo e que traz consigo um espaço para diferentes situações de aprendizagem que envolvem desde procedimentos de problematização, observação, registro, documentação e até formulação de hipóteses. O computador abre então um leque de possiblidades para o aprendizado dos alunos de forma dinâmica e alternativa. França (2013) ressalta que não é suficiente apenas implantar laboratórios de informática que estejam disponíveis na escola, mas é preciso preparar os educadores para que eles entendam a importância de integrarem as maquinas em suas aulas, por conta disso, é preciso que os professores aprendam metodologias definidas e estratégias pedagógicas a partir do uso dessa 34 ferramenta, para que assim os computadores sejam incorporados de forma adequada. Porém, “Um dos problemas apresentados na formação do conhecimento a partir dessa ferramenta é que este passa a ser formado da mistura entre sons, imagens e oralidade, deixando a escrita em segundo plano.” (FRANÇA, 2013, p. 10131). Assim também, é preciso estar atento às informações que são vistas a partir do computador, para que não se forme uma geração alienada. Sendo assim, é preciso ter uma leitura crítica e problematizadora desses meios de comunicação, para que de forma didática se possa formar cidadãos. Para isso, o professor precisa entender que ele é um mediador entre o aluno e as informações na tela do computador, procurando problematizar o que está sendo lido. É preciso que se entenda que o computador não é uma ferramenta de ensino, mas serve como um meio para favorecera aprendizagem, mas para que isso ocorra, é preciso que se explore todas as potencialidades do computador e de outras tecnologias disponíveis. O computador aqui é apenas um exemplo em meio a tantas tecnologias que uma vez disponíveis, precisam ser aproveitadas pelos professores. 1.3. Formação de professores: Relacionamento entre Estagiário, Supervisor e Aluno É extremamente importante pensar na capacitação dos estagiários a partir de sua inclusão no ambiente escolar, contudo, é preciso que nos perguntemos: será que a experiencia do estágio supervisionado está sendo aproveitada em todas as suas potencialidades? Não está na hora da Universidade repensar o estágio? E quanto à parceria Escola/Universidade? A verdade é que, para além de refletir sobre a formação de professores diante da realidade escolar brasileira, como foi feito acima, é preciso também problematizar o que hoje é a única disciplina prática dentro dos cursos de licenciatura. O período de observação e regência possibilita para o formando uma série de experiências que o estudante levará para toda vida. Sendo assim, para que o estagiário aproveite a sua experiencia de forma intensa e completa é preciso que ele tenha apoio da escola a qual ele irá praticar a regência. Por conta disso, a importância da relação entre universidade e escola é essencial, pois as duas partes necessitam trabalhar em conjunto para a formação profissional de professores, o que algumas vezes acaba por não acontecer. Como afirma Corte e Lenke (2015): O que percebemos, muitas vezes, é uma burocratização dos processos que envolvem o estágio supervisionado, em que acadêmicos e professores-formadores focam sua atenção em elementos organizacionais e se esquecem de refletir e analisar criticamente a respeito da atuação e do processo de formação. Entende-se que a formação inicial deve ser pautada pela investigação da realidade, mediante processos 35 de reflexão sobre essa realidade, a fim de avaliarem, professores-formadores e futuros professores, seu papel e sua atuação nesse processo: (CORTE; LENKE, 2015, p. 31002-31003) É preciso entender que o estágio supervisionado é muito mais que toda a burocracia de preenchimento de documentos, relatório e planos de aula, como um modelo a ser seguido. Por outro lado, o professor supervisor tem que entender o seu papel nesse processo, assim como, aceitar que o estágio é uma via de mão dupla, ou seja, é benéfico para as duas partes. Porém, alguns Estagiários em seus relatórios de estágio do ensino fundamental descrevem experiências desagradáveis no relacionamento com os professores supervisores, o que acaba atrapalhando a troca de experiencia. “A perspectiva do estágio como imitação de modelos, sem investigação e sem reflexão, não pode mais fazer parte do processo formativo docente atual.” (CORTE; LENKE, 2015, p. 31003). Acredito que um dos benefícios do estágio é exatamente essa troca de conhecimento, pois é o momento em que o aluno poderá ter um contato próximo com a prática de um docente já iniciado no ambiente de sala de aula e que por isso pode ensinar e aconselhar os futuros docentes de acordo com sua vivência, assim como, é benéfico para o supervisor também, uma vez que ele tem contato com novas abordagens, sendo inspirado a muitas das vezes pensar sua prática como professor. Porém, quando isso não ocorre as coisas se tornam muito mais difíceis para os estagiários. O fato é que em alguns dos relatórios do ensino fundamental pude perceber que os supervisores não compareciam na sala de aula, deixando os estagiários sozinhos com os alunos, outros não preparavam a sala para receber os estagiários, e por conta disso, os alunos fizeram pouco caso dos formandos. Certo que toda experiencia é válida, mas é preciso que a universidade e escola estejam em harmonia, pois o estágio é importantíssimo para formação de professores. Por ser um momento de prática, é preciso que haja apoio, reflexão, problematização e nisso o professor supervisor pode ajudar. Por outro lado, encontra-se também relatos sobre a boa recepção da escola e do professor supervisor, muito mais presentes nos relatórios de estágio do ensino médio do que nos do fundamental, onde houve troca de experiências, conselhos e até mesmo uma grande disponibilidade do supervisor em ceder materiais que ajudassem o estagiário em suas aulas. O professor também procurou tratar sobre o perfil dos alunos, como forma de preparar o estagiário para lidar com a turma. Como afirmam Scalabrin e Molinar: Nesse contexto o professor regente deve ter consciência da importância do trabalho coletivo, de trocar experiências, de auxiliar o estagiário na sua formação, pois um aprende com o outro num sistema de cooperação. Deve se ter como ponto de partida 36 a discussão coletiva de um trabalho que comece com a realidade do aluno e desta forma o estagiário percebe que a coletividade implica partilha, reflexão, comprometimento, interatividade, formação permanente, colegialidade, realidade social, inclusão e ascensão social, tudo o que buscamos nessa sociedade da qual fazemos parte. Assim, o estagiário poderá perceber que o professor não dever ser técnico, mas dinâmico, deve ser dotado de conhecimentos, habilidades e atitudes para crescer a cada dia de forma reflexiva e investigadora, superando dificuldades. (SCALABRIN; MOLINAR, p. 3-4) O que pôde-se perceber foi que os estudantes que foram recebidos pela escola de forma mais adequada e que tiveram apoio do seu supervisor, relataram uma experiência muito menos traumática, conseguindo desenvolver boas aulas e tiveram menos trabalho com a turma. Não é difícil perceber que estes alunos passaram pela prática com muito mais carga de conhecimento, pois tiveram a oportunidade de conviver e ouvir sobre as experiências de um professor, assim como as frustrações e descontentamentos e conselhos, podendo refletir com muito mais profundidade sobre o que é ser professor. Sobre a relação entre Estagiário e Aluno, o que se pode notar é que as escolas onde as aulas foram melhores ministradas, foram aquelas com melhor estrutura e com melhores recursos didáticos e tecnológicos. O que só reforça a importância de investir em educação, dando assim uma melhor condição para que o professor faça seu trabalho. Porém, não podemos esperar que essa realidade mude de forma abrupta, o que se pode fazer ao meu ver é pensar quais os meios de investir em uma formação de professores que os prepare para a realidade escolar brasileira. Por outro lado, como afirma Scalabrin e Molinar: [...] se torna necessário é que, já nas universidades, se inicie o debate sobre as dificuldades encaradas pelo professor em início de carreira, encorajando-os, além de incorporar os cursos de formação inicial, também os de formação continuada de professores, para que as dificuldades que possam surgir no cotidiano escolar sejam atravessadas com certa segurança e que situações conflituosas não sejam barreiras ao processo de ensino e aprendizagem e, principalmente, que o mesmo possa se ver como professor (SCALABRIN; MOLINAR, p. 10) Precisamos refletir, problematizar e discutir sobre formação de professores e nessa realidade encontra - se a ferramenta do Estágio que talvez pudesse ser melhor pensada, de forma a envolver estagiário e supervisor, escola e universidade em uma troca de experiências. Ocorrendo de forma distinta; para o Estagiário os benefícios se materializariam na vivência da prática e na formação profissional de uma forma mais profunda e reflexiva; para o supervisor e escola, a vantagem seria a formação continuada. O Estágio seria um momento de aprendizado para os dois lados e por isso deveria existir muito mais participação da universidade como forma de promover um diálogo com os professores da escola, assim como uma participação maior da escola no esforço de fazer com o37 estagiário tenha um encontro com a prática de forma rica onde momentos de convívio profissional pudessem ser promovidos, possibilitando a reflexão sobre a educação. Porém, para que isso possa ocorrer, é preciso promover uma maior proximidade e relacionamento entre universidade e escola, proporcionando um espaço de comunicação e reflexão da prática da docência entre os professores e os graduandos. 2. AVANÇOS METODOLÓGICOS E OS BENEFÍCIOS DO ESTÁGIO O ato de lecionar é sempre um desafio, os professores entram em contato com a sala de aula tendo que lidar com os alunos e suas especificidades. Quando se trata de turmas do ensino fundamental, as coisas se complicam muito mais, uma vez que há o desafio de construir uma educação atraente, visto que o cenário atual é bem desanimador quanto a vontade dos alunos de estarem na escola. Como essa nova geração de professores tem se portado dentro de sala de aula? Que benefícios inovadores eles têm a acrescentar? Será que estamos conseguindo romper com o tradicionalismo das aulas ministradas? Creio que podemos em certa medida responder algumas dessas questões pela ferramenta do estágio, uma vez que os estagiários são na verdade futuros docentes em formação. O objetivo deste capítulo é investigar os avanços e permanências no ato de lecionar dos novos professores e entender que o estágio é uma ferramenta extremamente poderosa não só em benefício da universidade, mas no auxílio e incentivo na escola. A partir do mapeamento das experiências temos a possibilidade de refletir sobre os benefícios do estágio supervisionado, mostrando que seu valor ultrapassa os muros da universidade, com a formação inicial, possuindo também grande importância para a escola, alunos e comunidade, principalmente pela via da reflexão. Benefícios esses que podem ser observados de forma imediata e de forma muito melhor no futuro. Para que se possa entender os avanços metodológicos e benefícios do estágio supervisionado, foram analisados os relatórios do curso de história licenciatura, observando apenas as fichas de desempenho (ANEXO 2) que podem ser encontradas nos anexos dos trabalhos. Essas fichas são preenchidas pelo supervisor professor da escola em que o graduando fez seu estágio, sendo assinada pela coordenação escolar. Sobre os relatórios do ensino fundamental, foi feito um recorte dos anos 2014, 2015, 2016 e 2018, especificamente 10 relatórios de cada ano, somando 40 no total. Sobre as fichas de desempenho analisadas, os supervisores tem o papel de responderem à pergunta, “Quais benefícios proporcionados pelo estágio: para os estudantes; para a instituição 38 do campo de estágio e para a comunidade”. O professor é levado a discorrer sobre cada um dos quesitos apresentado anteriormente de forma separada. Sendo poucas a linhas que o supervisor tem para discorrer sobre as questões, precisando ser bem resumido quanto às suas colocações. O que por vezes se torna bem desinteressante, no que diz respeito a entender o que realmente o professor queria expressar. Como é destacado abaixo: Tabela 6 Exemplificação dos espaços destinados as repostas dos supervisores PARA OS ESTUDANTES PARA A INSTITUIÇÃO PARA A COMUNIDADE Fonte: O autor (2021) Se mais análises sobre as fichas de desempenho forem feitas no curso de história da UEMA, então talvez seja hora de pensar em uma mudança no formato das questões, promovendo mais espaço para reflexão, com perguntas que levem o supervisor as especificar de forma profunda sobre os benefícios do estágio para escola. Por outro lado, alguns documentos apresentam respostas incompletas no que se refere ao preencher corretamente os três quesitos que a ficha propõe que sejam preenchidos. Porém, a maioria apresenta respostas satisfatórias e coerentes, na qual a pesquisa toma como base para construção da análise. Sobre as fichas levantadas, pôde-se perceber um grande acolhimento do supervisor na perspectiva do estágio ser uma atividade benéfica para a escola, como colaboração no conhecimento em sala de aula e muitas vezes com apoio ao professor na aplicação dos conteúdos. Assim também, muitos professores poderiam se apresentar resistentes quanto ao 39 conteúdo da ficha, contudo, aparentemente os professores entendem a importância da ferramenta e reconhece que o estágio é benéfico para escola. Em busca de responder à pergunta, “Quais os benefícios proporcionados pelo estágio:” as respostas que os supervisores destacam com maior frequência são: Gráfico 3 Quais os benefícios proporcionados pelo estágio: Fonte: Autor, 2021. Como se pode perceber, quatro pontos se fazem relevantes quando se trata dos benefícios dos estágios para os alunos presentes na escola. É essencial identificar que os futuros docentes têm apresentado novas metodologias dentro de sala de aula, pois essa é uma batalha que está sendo travada a bastante tempo buscando romper com as amarras da educação tradicional que a muito se mostrou falida quando se trata de transformação e perspectivas que vão para além da prática conteudista sem problematização. Como afirma Gemingnani (2012), em sua pesquisa sobre “Formação de professores e Metodologias Ativas de Ensino- Aprendizagem: Ensinar para a compreensão”, O grande desafio deste início do século é a crescente busca por metodologias inovadoras que possibilitem uma práxis pedagógica capaz de ultrapassar os limites do treinamento puramente técnico e tradicional, para efetivamente alcançar a formação do sujeito como um ser ético, histórico, crítico, reflexivo, transformador e humanizado. (GEMIGNANI, 2012, p. 1) PARA OS ESTUDANTES Novas Metodologias Referencia, Motivação e Incentivo Aulas Dinâmicas Novas experiências 40 É preciso que se entenda o quanto é importante para educação prosseguir no caminho de desconstrução de um ensino que em tese se resume ao domínio do conhecimento, se propondo a entender que existe a necessidade de formar professores pensantes no que diz respeito a relacionar teoria e prática, se adequando as necessidades da sociedade e escola. E quando as respostas apontam para novas metodologias, é necessário em alguma instância concluir que a formação de professores está sim evoluindo, mesmo que as vezes a passos lentos. Contudo, somente o fato de entender que os futuros professores estão buscando romper com um formato tradicional que a muito há tempo ditou o formato das aulas já é uma vitória. Para Siqueira e Quirino (2012), Quando falamos do Ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos referimos a algo que deveria ser prazeroso, mas que muitas vezes se torna entediante por conta das metodologias utilizadas pelos professores, pois na maioria das vezes teimam em reproduzir os conteúdos como se fossem prontos e acabados, esquecendo- se que a História é algo que é construído ao longo do tempo e que para a compreensão da mesma é necessário a contextualização dos fatos históricos pelo professor [...]. (SIQUEIRA e QUIRINO, 2012, p. 3) O fato é que tanto Gemignani (2012), em seu relato sobre as metodologias ativas, como Siqueira e Quirino (2012), em sua pesquisa sobre as séries iniciais do ensino fundamental, são taxativos quanto ao fato da importância de romper com metodologias que se mostram modelos não funcionais para uma formação escolar adequada. Gemignani (2012), por exemplo, ao descrever a metodologia “Ensinar para a compreensão”, consagrada pela escola de Harvard, o mesmo ressalta que “o “Ensinar para a Compreensão” acompanha o movimento de transformações das tendências pedagógicas no modo de ensinar e compreender o processo de aprendizagem, para tornar significativa a aprendizagem interdisciplinar.” (GEMIGNANI, 2012, p. 12). Siqueira e Quirino (2012), por sua vez, apontam para o fato de que “[...] o professor de História das series
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