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Escalas de Avaliação Pediátric

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Medida de Eficiência: Resumo Sobre Escalas de Avaliação Pediátrica 
Disciplina: Fisioterapia na Saúde da Criança 
 
 
 
 
 
 Luana da Cruz Correa 
 
 
 
 
ARACAJU/ SE 
2021 
 
Sabe-se que antes de iniciar qualquer tratamento é necessário realizar uma 
avaliação prévia com o intuito de prescrever a melhor terapia. Seguindo essa linha, na 
fisioterapia não seria diferente, isto é, faz-se uma avaliação minuciosa, aplicando 
anamnese, teste físicos e escalas, para se obter o diagnóstico cinético-funcional e 
detectar as necessidades do paciente, possibilitando assim, traçar os objetivos e 
condutas para ele. 
Quando observamos esses métodos de análises na área de pediatria, a literatura 
expõe que existe duas maneiras para avaliar as crianças, sendo aplicado de acordo com 
o seu propósito. A primeira está relacionada as medidas descritivas, ou seja, modos que 
buscam estabelecer se há a presença de determinadas características ou funções. Já a 
segunda forma corresponde às medidas avaliativas, em outras palavras, aos meios 
utilizados para medir a magnitude das mudanças ocorridas no desenvolvimento motor 
(DURIGON et al, 2004). 
Nos estudos, é possível encontrar também, diversas escalas que analisam a 
motricidade, no entanto, ainda há poucos estudos acerca da avaliação do tônus muscular 
e das atividades funcionais de uma criança (IWABE e PIOVESANA, 2003; DURIGON 
et al.,2004). Foi devido essa escassez que Durigon e colaboradores criaram, em 2004, 
uma escala aplicada inicialmente em adultos com o objetivo de avaliar o grau de 
hipertonia e de funcionalidade muscular. Além disso, ela também foi capaz de 
identificar a ação neural que resulta na alteração do tônus através da inspeção do reflexo 
miotático. Para a criação dessa escala, os autores levaram em consideração os seguintes 
critérios: a capacidade de adaptação do fuso muscular ao movimento, a intensidade da 
reação ao alongamento e a variação da manifestação da hipertonia com a variação da 
velocidade do movimento (COSTA, 2010). 
A aplicabilidade dessa escala em crianças, segundo os criadores, favorece uma 
medida quantitativa e possibilita a avaliação da tonicidade nas crianças. Ademais, 
observa-se se há a modulação do tônus a medida que a criança vai evoluindo. Nesse 
protocolo foi utilizado, para avaliação do aumento de tônus muscular, técnicas 
dinâmicas e estáticas como mobilização passiva segmentar unilateral dividida em: 
mobilização súbita da articulação, primeiro movimento e o segundo movimento, a 
mobilização lenta. Já para análise da funcionalidade, foi realizado atividades estáticas 
como sedestação, quadrupedia, ajoelhado, semiajoelhado e bipedestação, utilizando 
parâmetros de adoção e manutenção do alinhamento postural, limitando se é capaz ou 
não de realizar. Nas aquisições dinâmicas realizou movimentos de marcha e o 
engatinhar, com critério quantitativo de capacidade de realização e qualitativo de 
normalidade ou anomarlidade (DURIGON et al, 2004). 
Por outro lado, temos as escalas que analisam a motricidade, que segundo os 
estudos, existe diversas delas, todavia, as mais indicadas para utilizar nas avaliações 
são: Alberta Infant Motor Scale (AIMS), Pediatric Evaluation of Disability Inventory 
(PEDI) e Gross Motor Function Measure (GMFM) (SAVEGNAGO et al, 2012). A 
escala AIMS, foi criada com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento motor de 
crianças pré-termo e a termo, baseando-se na evolução progressiva de suas habilidades 
motoras. De todas, ela é considera a mais útil e prática, sendo utilizada na atualidade 
para a triagem e identificação precoce de anormalidades. Esse reconhecimento 
antecipado possibilita o início da intervenção precoce e facilita o tratamento da criança 
(CÂMARA et al, 2016). 
Essa medida, é realizada de modo observacional, isto é, o fisioterapeuta analisa a 
performance motora infantil analisando os conceitos de: neuromaturação, avaliação da 
sequência do desenvolvimento motor, desenvolvimento progressivo, e por fim, a 
integração do controle da musculatura antigravitacional em pronação, supinação, 
sedestação e em posição bípede (SACCANI, 2009). Ela é composta por 58 partes, sendo 
eles 21 itens observados com a criança em prono; nove em supino; 12 em sentado e 16 
em pé. Posteriormente a análise, é realizado a somatória de cada um, podendo obter um 
score total de 0 a 60 pontos, que são é convertido em percentuais, variando de 5 a 90% 
(MANACERO e NUNES, 2008). 
A PEDI é uma escala norte-americana que foi traduzida por Mancini e adaptada 
para ser utilizada nas crianças brasileiras, utilizando as especificidades socioculturais do 
país (MÉLO, 2011; FERNANDES e CABRAL, 2013). Nesse protocolo, há a realização 
da entrevista estruturada com os pais, responsáveis ou cuidadores da criança com o 
objetivo de informar o desempenho da criança em atividades e tarefas típicas do dia a 
dia, visando reconhecer os aspectos funcionais na faixa etária entre seis meses de idade 
a 7 anos (MOURÃO e ARAÚJO, 2011). Essa abordagem possibilitou uma maior 
promoção de conhecimento acerca das habilitades funcionais de crianças portadora de 
paralicia cerebral (PC) (FERNANDES e CABRAL, 2013). 
Ela é composta por 197 itens, subdivididos em três atribuições: a primeira, 
relacionada a mobilidade, contendo 59 perguntas com relação a transferências dentro e 
fora do banho, usando ou não o sanitário, locomoção dentro e fora de casa, e, por 
último, subir escadas. O segundo domínio é sobre autocuidado, possuindo 73 tópicos 
envolvendo alimentação, vestimenta e higiene pessoal. Por fim, tem-se a terceira 
competência, que é direcionada a função social, englobando 65 pontos relacionados à 
comunicação com compreensão e expressão, resolução de problemas, brincadeiras com 
crianças e adultos e consciência de segurança. É importante salientar que esse 
instrumento de avaliação analisa também a assistência dada pelo cuidador ou 
responsável, com o intuito de saber o grau de independência da criança por meio de oito 
tarefas de autocuidado, sete tarefas de mobilidade e cinco tarefas de função social 
(CHAGAS et al, 2008; VASCONCELOS et al, 2009). 
Para finalizar, tem-se a escala GMFM, ela avalia a função motora grossa de 
crianças com PC, por meio da observação da capacidade funcional delas. Esse protocolo 
consiste em 66 itens em sub-escalados divididas em: Grupo A, correspondendo a 
posições deitado e/ou rolando; Grupo B, a criança sentada; Grupo C, ela engatinhando 
e/ou ajoelhada; Grupo D, adquirindo a posição em pé; e, por último, o Grupo E, 
analisando o indivíduo andando, correndo e pulando. Cada item, independente do 
grupo, são pontuados em uma escala de quatro pontos, cada um variando de zero a três. 
Vale ressaltar que essa citada acima, é a conhecida como GMFM-66, por ser a versão 
resumida e passível de utilização no Brasil em crianças com PC. A verdadeira e mais 
antiga escala, é chamada de GMFM-88, na qual o cálculo da estimativa do escore total é 
por meio do software Gross Motor Ability Estimator (GMAE) (CHAGAS et al, 2008). 
Diante do que foi exposto em todo o texto, conclui-se que todos esses protocolos 
são importantes para obter um resultado positivo no tratamento de atrasos motores e 
patologias que acometem as crianças, uma vez que com elas é possível traçar melhor os 
objetivos e as condutas. Além disso, nota-se que apesar de possuir muitas escalas de 
análise do desenvolvimento motor, a maior parte delas, até o momento, não podem ser 
aplicadas no Brasil, havendo assim, a necessidade de adaptação e tradução das mesmas 
ou criação de novas escalas respeitando as características socioculturais do Brasil. 
 
 
Referências: 
DURIGON, O. F. S. et al. Validação de um protocolo de avaliação do tono 
muscular e atividades funcionais para crianças com paralisia cerebral. Revista 
Neurociências, 12(2), 87–93, 2004. 
IWABE, C.; PIOVESANA, A. M. S. G. Estudo comparativo do tonomuscular na 
paralisia cerebral tetraparética em crianças com lesões predominantemente corticais ou 
subcorticais na tomografia computadorizada de crânio. Arq. Neuropsiquiatr. 61 (3-A), 
2003. 
COSTA, A. C. S. M. Avaliação da função motora de crianças com hidrocefalia. 
Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Pró-reitoria de Pós-graduação e 
Pesquisa, Núcleo de Pós-Graduação em Medicina, Universidade Federal de Sergipe. 
Aracaju, p. 69, 2010. 
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CÂMARA, A. M. S. et al. Aplicabilidade da escala motora infantil alberta: 
experiência com crianças prematuras no NUTEP. Extensão em Ação. v.3, n.12, 
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SACCANI, R. Validação da Alberta Infant Motor Scale para Aplicação no Brasil: 
Análise do Desenvolvimento Motor e Fatores de Risco para Atraso em Crianças de 0 a 
18 meses. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Escola 
Superior de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 
2009. 
MANACERO, S.; NUNES, M. L. Avaliação do desempenho motor de prematuros 
nos primeiros meses de vida na Escala Motora Infantil de Alberta (AIMS). J. Pediatr. 
84(1):53-59, 2008. 
MÉLO, T. R. Escalas de Avaliação do desenvolvimento e habilidades motoras: 
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FERNANDES, D. S.; CABRAL, A. de B. Aplicação do Inventário de Avaliação 
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MOURÃO, L. M. da C.; ARAÚJO, A. Capacity of children self-care with brainy 
paralysis attended in a reference center. R. Enferm. Cent. O. Min. 1(3):368-376, 2011. 
VASCONCELOS, R. L. M. et al. Functional performance assessment of children 
with cerebral palsy according to motor impairment levels. Rev Bras Fisioter. 13(5):390-
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CHAGAS, P. S. C. et al. Classification of motor function and functional 
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