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Síndromes Ictéricas PARTE I: distúrbios do metabolismo da bilirrubina, hepatites virais e hepatopatias autoimunes Nem toda pele amarelada é ICTERÍCIA, algumas medicações, como por exemplo a RIFAMFICINA, tem como efeito colateral a pele adquirir um aspecto alaranjado, no entanto, isso não pode ser chamado de icterícia. CONCEITO: Bilirrubina > 2,5 ou 3 mg/dl Progressão: esclera (contem elastina, uma substância que tem afinidade com a bilirrubina) língua e mucosas pele (essa manifestação é vista apenas com BT > 5) ORIGEM DA BILIRRUBINA: mais de 90% vem das hemácias, que são destruídas no baço, voltando as suas partes originais HEME e GLOBINA. Globina é reciclada pelo nosso corpo Heme é um pigmento que não pode ser reutilizado e portando é excretado METABOLISMO DA HEMOGLOBINA: Etapas da atuação hepática: Captação da BI Conjugação da BI em BD pela glicoruniltransferase (GT) Excreção da BD na urina e nas fezes. CLASSIFICAÇÃO: Acúmulo de BI: Problemas na captação Problemas na conjugação (GT deficiente total ou parcialmente) Excesso BI (doenças HEMOLÍTICAS) Acúmulo de BD: Obstrução da via biliar (colestase) Hepatites REGRAS DE RESOLUÇÃO DE QUESTÃO: 1) Icterícia de BI, até que se prove o contrário, é HEMÓLISE! captação e conjugação são afetadas mais raramente. 2) Quando a BD estiver elevada ou é HEPATITE, ou é COLESTASE Distúrbios de BI Hemólise Icterícia + palidez (ANEMIA), ↑ LDH, ↑ reticulócitos, ↓ haptoglobina (está sendo consumida pela captação de globina em excesso) Metabolismo (Conjugação/Captação) SEM anemia Distúrbios de BD Em todos as etiologias teremos acolia fecal e colúria Hepatite AST e ALT > 10x o valor de referência (ALT geralmente vai estar mais elevada, porque é mais específica para o fígado). FA e GGT “tocadas”. Colestase Prurido, FAL e GGT > 4x o valor de referência, AST e ALT “tocadas” Metabolismo Enzimas (AST, ALT, FAL, GGT) normais. Heme Protoporfirina Biliverdina Bilirrubina Indireta (insolúvel) Bilirrubina Direta (solúvel) Transportada no Sangue pela ALBUMINA REGRAS DE RESOLUÇÃO DE QUESTÃO: Se AST e ALT > 1000: a etiologia é viral, isquêmica ou medicamentosa Se AST estiver mais elevado do que ALT: hepatite alcóolica alcóolatra é desnutrido e não tem B6 que é uma das matérias primas para a produção de ALT. DISTÚRBIO DO METABOLISMO DA BILIRRUBINA Bilirrubina Indireta GILBERT Paciente jovem (geralmente homem) previamente hígido que apresenta icterícia sem causa aparente. Desencadeado por estresse, jejum prolongado, álcool, exercício vigoroso, febre. Deficiência leve/parcial de GT. Bb < 4 Tratamento: dieta hipercalórica, orientações sobre fatores desencadeantes e se incomodar MUITO e não tiver como eliminar os fatores desencadeantes faz uso de fenobarbital. CRIGLER- NAJJAR Manifestações até o terceiro dia de vida GT MUITO deficiente Tipo I: Bb entre 18 – 45 “Kernicterus” TTO é TRANSPLANTE Tipo II: deficiência parcial, Bb entre 6 e 25 TTO é FENOBARBITAL Bilirrubina Direta Dubin Johnson Problemas de excreção benignos e raros. O diagnóstico nem sempre é investigado, porque não há conduta, tá tudo certo, vida que segue. Rotor DICAS DE PROVA: GilbertO é um nome mais comum que GilbetA, então é mais frequente em homens. Gilberto é um nome mais bonito que Crigler-Najjar (Deus proteja e abençoe a criança que foi batizada com esse nome), então Gilbert é mais comum. Afecções metabólicas de BI são muito mais comuns do que de BD. OBS: hiperbilirrubinemia parece ser fator protetor para doenças cardíacas e neoplasias. HEPATITES VIRAIS Aguda: < 6 meses Crônica: > 6 meses Fulminante (encefalopatia): < 8 semanas - Aguda e fulminante são mais comuns em pacientes com sistema imune bem vigoroso adultos (resposta imune imediata e eficiente contra os vírus) - Crônica é mais comum em sistema imunológico prejudicado ou imaturo crianças, idosos, imunodeficientes (resposta lenta, prolongada). Padrão histológico e laboratorial: Hepatite aguda viral: leucopenia + linfocitose. Biópsia com necrose periportal (nas periferias do hepatócito) ou em ponte (que progride da periferia ao centro) Hepatite aguda medicamentosa, por toxinas ou álcool: necrose central do hepatócito (art. Centro-lobular) Hepatite crônica: hipertensão porta, telangiectasia, ginecomastia. Curso da Doença DICAS DE PROVA: A parece um 4, 7 é um C ao contrário, 8 é um B deformado, D de Doze. Nem todos os pacientes apresentam as 2 fases, quando o fazem, chamamos de APRESENTAÇÃO TÍPICA. As complicações podem acontecer mesmo após melhora clínica total. Hepatite A (vírus RNA) Transmissão Incubação: - Pico VIREMIA Eliminação no sangue e nas fezes mesmo assintomático. Fase sintomática: - Isolamento por 7 dias (FDA) ou por 14 dias (MS) após o início da Icterícia. Tratamento p/ casos agudos: - Suporte não se usa antiviral. Profilaxia: Pré-exposição (viajantes e calendário PNI) Pós-exposição: até 2 semanas após contato > 1 ano: vacina 12 e 18 meses (recomendação SPB) ou vacina 15 meses (recomendação MS) < 1 ano ou imunodeprimido: Imunoglobulina. - Se entre 6 meses a 1 ano, em situação de pré-exposição FAÇA a vacina (considerando dose 0) e NÃO a IG (existe interação entre a vacina tríplice viral e a IG) Anti HAV IgM: é detectável no início do pródromo. Anti HAV IgG: NÃO faz DX, uma vez que apenas informa que você já teve contato. A maioria dos pacientes é assintomático ou oligossintomáticos. Idosos e hepatopatas tem maior chance de manifestações graves. Hepatite E (vírus RNA): Comum na Índia, China e Rússia. Transmissão fecal-oral. Gestante: 20% fazem a forma fulminante. Hepatite B (único que é DNA) Antígenos Anti-corpos HbsAg: assinatura da superfície do vírus (é a partícula que colocam na vacina). Anti Hbs: significa que o indivíduo está protegido contra o vírus. HbcAg: fica no núcleo, não tem como “medir”. Anti HBC: indica contato com o vírus selvagem (não tem HbcAg na vacina) HbeAg: produzido durante a replicação. Anti Hbe: produzido quando NÃO há mais replicação. Contato (Transmissão) •A e E: fecal oral; •A também pode ser transmitida por sexo anal. •B, C e D: parenteral e sexual Incubação •Fecal oral: •A: 4 semanas •E: 5 a 6 semanas •Parenteral: •C: 7 semanas •B: 8 semanas •D: 12 semanas Fase Sintomática •Fase Prodrômica: dias a semanas de sintomas gripais •Fase ictérica •Fase de covalescência Complicações • Colestase: Hepatite A --> melhora TGO/TGP e piora GGT/FAL. • Fulminante: Hepatite B • Recorrente • Cronificação: B e C • Autoimune: B e C Transmissão Sexual Incubação: - 8 semanas - HbsAg já é detectável Fase sintomática: AntiHbc IgM detectável Covalescência: AntiHbs detectável Tratamento p/ casos agudos: - Suporte não se usa antiviral. Profilaxia: Pré-exposição – vacina 03 doses (0/1/6 meses), se for imunodeprimido ou renal crônico faço 0/1/2/6 meses com dose DOBRADA. Solicita AntiHbs após as 3 doses, se negativo < 2 meses da última dose faço novo esquema, se negativo > 2 meses depois da última dose faço 1 dose. Faço no máximo, 2 esquemas completos, depois disso, vida que segue, mesmo se persistir negativo. Pós-exposição (só para os suscetíveis, ou seja, não vacinados ou imunodeprimidos independente do estado vacinal) – Vacina + IG padrão até 14 dias após exposição (aplicar em sítios diferentes p/ não dar interação) - Se infecção perinatal: dar vacina + IG ao RN < 12 h após o parto - Se mãe infectada: NÃO há indicação de cesárea eletiva e NÃO há contraindicação ao aleitamento materno. Fulminante: < 1 % dos casos Crônica: adultos 1 a 5 %, crianças 20 a30%, RN 90% o Apenas 20 a 50% dos casos crônicos evoluem para cirrose e dos cirróticos apenas 10% evoluem para carcinoma hepatocelular. HbeAg Não faz diagnóstico, mas influencia no tratamento. Manifestações extra-hepáticas: GN membranosa, Síndrome de Gianotti-Crosti (erupção papular acral, simétrica e não pruriginosa), poliarterite nodosa. Hepatite D (RNA): Comum em mediterrâneo/Amazônia Só existe em concomitância com o vírus B COINFECÇÃO é quando pega os dois vírus ao mesmo tempo e SUPERINFECÇÃO é quando pega B e depois pega o D (tem pior prognóstico, mais risco de hepatite fulminante e cirrose) Hepatite C (RNA) – “C de cronificação”: Grande causa de cirrose Anti HCV não confirma DX, precisa fazer pesquisa de HCV RNA Manifestações Extra-hepáticas: crioglobulinemia, GN mesangiocapilar, líquen plano, porfiria e anti-LKMI positivo. HEPATOPATIAS AUTOIMUNES Hepatite Autoimune Sorologia negativa, sem história de uso de álcool ou medicações Aumento de IgG na eletroforese de proteínas Vitiligo, DM1 e tireoidites Tipo I: mulher jovem, lesões extra-hepáticas, FAN +, anticorpo antimúsculo liso (AML) diagnóstico diferencial com LES Tipo II: meninas e homens, AML e ac. Anticitosol hepático 1. TTO: corticoide +/- azatioprina (não trata assintomáticos e formas leves) Colangite biliar primária Agressão aos ductos biliares Mulheres de 30 a 60 anos acometidas por doenças autoimunes, principalmente Sd. De Sjogren e Hashimoto Sintomas colestáticos: prurido, icterícia, Hiperpigmentação, xantelasma (principalmente de pálpebra) Sintomas disabsortivos: esteatorreia, ↓ vitaminas lipossolúveis (KEDA sangramentos e osteoporose) Não se vê alterações em exames de imagem das vias biliares (dilatação), porque a lesão é nos ductos próximos aos vasos portais. Ac. Antimitocôndria positivo TTO: UDCA e transplante