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Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 1 Icterícia Não Obstrutiva Formação das Bilirrubinas No Baço: Destrói hemácias senis que não executam com eficiência sua função de transportar O2 com o sistema fagocítico mononuclear (macrófagos e monócitos) Hemoglobina é liberada pelo rompimento da membrana das hemácias, então o baço a degrada em complexo Heme O complexo Heme é uma toxina, então ela vai ser transformada em bilirrubina não conjugada (indireta) [BI] pela enzima biliverdina redutase A veia esplênica, que conecta o baço com o fígado, leva a bilirrubina indireta (acoplada à albumina) ao fígado. Indireta – baixa diluição na água Direta – alta diluição na água ☆ Se temos uma hemólise aumentada, a BI irá aumentar ☆ No Fígado: A BI vai ser captada pelos hepatócitos, onde ela vai ser conjugada (direta) pela enzima glucuronil transferase A BD vai ser enviada para a vesícula biliar e secretada no intestino No intestino, a microbiota transfora a BD em urubilinogênio O urubilinogênio pode ser reabsorvido para o sangue e eliminado via renal ou pode permanecer no intestino e se transformar em estercobilinogênio ☆ Se temos uma impactação da bile, a BD irá aumentar ☆ O que icterícia Coloração amarelada dos tecidos, decorrente do depósito de bilirrubina, o que acontece apenas na presença de hiperbilirrubinemia sérica → doença hepática ou distúrbio hemolítico Bilirruna total > 3 mg/dL Abordagem para Icterícia Hiperbilirrubinemia pode resultar de: - Produção excessiva de bilirrubina - Deficiência na captação, conjugação ou excreção de bilirrubina - Ductos biliares comprometidos BI = produção excessiva por processo hemolítico ou de comprometimento da captação ou da conjugação da bilirrubina BD = redução da excreção para dentro dos pequenos ductos biliares ou por extravasamento retrógrado do pigmento Anamnese Uso ou exposição a qualquer substância química ou medicamento com prescrição ou sem Uso de medicina complementar ou alternativa Exposições parenterais (transfusões, drogas intravenosas e intranasais, tatuagens e atividade sexual) Viagens recentes Exposição a pessoas ictéricas Alimentos possivelmente contaminados Exposição ocupacional a hepatotoxinas Consumo de álcool Duração da icterícia Qualquer outro sinal e sintoma associado (artralgia, mialgia, exantema, anorexia, perda ponderal, dor abdominal, febre, alteração na urina e fezes) Exame Físico No paciente com suspeita de doença hepática, é crucial resistir à tentação de palpar o abdome imediatamente, podendo assim ignorar outras pistas diagnósticas potencialmente importantes. Inspeção → extensão da icterícia, estado nutricional, perda de massa muscular, alterações cutâneas, distensão abdominal e edema Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 2 Exame do abdome → avaliar o tamanho e consistência do fígado, verificar se o baço é palpável Exames de Avaliação Hepática ✓ Bilirrubina sérica total e frações → hepatopatias, quadro hemolíticos e doenças da vesícula biliar ✓ Aminotransferases (ALT e AST) ALT: citoplasma das células do fígado e indica dano agudo. Bastante específica para o estado hepático. AST: citoplasma e mitocôndrias das células do fígado, coração, músculos, rim e cérebro. Não é específica para o fígado. Não medem a extensão de dano e nem prognóstico, são marcadores de dano hepatocelular ✓ Fosfatase alcalina → enzima presente na membrana canalicular dos hepatócitos. Indica doenças de vesícula biliar. Como está presente também nos ossos, não é tão específica para fígado. Elevada sozinha – doença óssea / em associação ao GGT – doença biliar ✓ Albumina → proteína sintetizada no fígado. A diminuição dela indica alguma doença hepática, mas se a função hepática está normal e a albumina baixa, indica desnutrição. = processo agudo (hepatite viral ou coledocolitíase) = processo crônico (cirrose ou câncer) ✓ Gama-glutamil-transferase (GGT) → enzima associada às membranas, mas também está no citosol, especialmente nos epitélios dos dutos biliares e renais. Auxiliar da detecção de doença hepática e de obstrução biliar. ✓ Tempo de protrombina → mede a taxa de conversão de protrombina em trombina (coagulação). O fígado produz quase todos os fatores de coagulação, então se sua função estiver danificada, o tempo de protrombina estará aumentado. = deficiência de vitamina K por icterícia prolongada ou disfunção hepatocelular significativa *Pesquisar betacaroteno para ver se a cor amarela/alaranjada vem da alimentação Icterícia Neonatal Fisiológica Epidemiologia A grande maioria tem hiperbilirrubinemia indireta (≥ 1,3 – 1,5 mg/dL – se manifesta com > 5) BD > 1,5 mg/dL A hiperbilirrubinemia é comum e, na maioria dos casos, é um problema benigno dos recém-nascidos. Durante a 1ª semana de vida, observa-se icterícia em aproximadamente 60% dos RNs a termo e em 80% dos pré- termo A cor amarela geralmente resulta do acúmulo do pigmento bilirrubínico não conjugado na pele. Embora a bilirrubina possa ter um papel fisiológico como antioxidante, as elevações de bilirrubina não conjugada indireta são potencialmente neurotóxicas. Embora a forma conjugada não seja neurotóxica, a hiperbilirrubinemia direta indica doenças hepáticas potencialmente graves ou doença sistêmica. Etiofisiopatologia No período fetal, a BI do feto era eliminada pela placenta Ao nascer, o bebê tem que produzir BD e excretá-la Fatores que levam à maior suscetibilidade: O RN tem maior carga de BI para o hepatócito por causa: - Maior volume eritrocitário - Menor meia-vida das hemácias - Mais suscetível a doenças hemolíticas. O RN tem m redução do clearance hepático e entérico de bilirrubina porque: - Menor capacidade de captação (levar ao fígado) e conjugação (transformar em BD) hepática - Aumento da circulação entero-hepática Fatores de risco para hiperbilirrubinemia indireta significante: Quadro Clínico No RN a termo → sempre começa depois de 24h de vida, com pico da bilirrubina no 3º-4º dia de vida com máximo de 12 mg/dl, em geral se normaliza até 7 dias e volta abaixo de 5 mg/d Pré-termo → começa após 24 h de vida com pico mais tardio, do 4º ao 7º dia de vida que chega até 15 mg/dl e demora mais para se normalizar (10-30 dias), porque ele é mais imaturo 6%-7% dos RNs a termo apresentam níveis de bilirrubina indireta maiores que 13 mg/dL e menos de 3% têm níveis maiores que 15 mg/dL. Progressão cefalocaudal Diagnóstico Somente pode ser estabelecido quando as causas conhecidas de icterícia forem excluídas, com base na história, achados clínicos e exames laboratoriais. Procurar a causa se (sugerem causa não fisiológica): ✓ Icterícia nas primeiras 24-36h de vida ✓ Bilirrubina total se eleva em velocidade maior que 5 mg/dL/24h Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 3 ✓ Bilirrubina total é maior que 12 mg/dL em RN a termo ou 10-14 mg/dL nos pré-termos ✓ Icterícia persiste depois de 10-14 dias ✓ BD > 2 mg/dL em qualquer momento ✓ Antecedentes familiares de doença hemolítica, palidez, hepatomegalia, esplenomegalia, falta de resposta à fototerapia para baixar o nível de bilirrubina, vômitos, letargia, recusa alimentar, perda de peso excessiva, apneia, bradicardia, sinais vitais anormais, fezes com coloração clara, urina escura e sinais de kernicterus Fisiológica é autolimitada Hiperbilirrubinemia indireta que persiste por mais de 2 semanas sugere hemólise, deficiência hereditária de glicuronil transferase, icterícia por leite materno, hipotireoidismo ou obstrução intestinal. Zonas de Kramer: Icterícia zona 3, ou seja, 12 mg/dl → sinal de alerta, pois a fisiológica chega no máximo até 12 mg/dl de BI. Dosar bilirrubina A avaliação por meio das zonas de Kramer não permite predizer a gravidade da elevação dos níveis de bilirrubina,assim como a análise pode variar muito a depender do tom de pele do RN. Normograma de Buthani: Avalia os valores de bilirrubina para prever quais RN têm maior risco de desenvolver valores elevados na 1ª semana. Qualquer RN ictérico com idade gestacional (IG) ≥ 35 semanas é necessário determinar o risco (mínimo, intermediário ou maior) de desenvolver hiperbilirrubinemia significativa, ou seja, BT > 25mg/dL. Esta avaliação deve ser feita antes da alta na maternidade, bem como no período máximo de 72h após a mesma. Outros exames: Esses exames pesquisam a doença hemolítica do RN ✓ Hemograma → avaliar quantidade de hemoglobina (destruição de hemoglobina – anemia) ✓ Reticulócitos → avalia a resposta da medula à destruição das hemácias ✓ Tipagem sanguínea ABO e fator Rh (antígeno D) mãe e RN → mães Rh- podem criar anticorpos IgG anti-D contra as hemácias do RN Rh+. Mãe O desenvolve anticorpo anti-A e anti-B ✓ Eluato → verifica a presença de anticorpos anti-A e anti-B no neonato (positividade indica a presença de anticorpos, não a gravidade) ✓ Bilirrubina total e fraçoes ✓ Antígenos eritrocitários irregulares ✓ Coombs indireto → analisa se há anticorpos anti-D no plasma materno. Pedir se mãe Rh (D) negativo ✓ Coombs direto → avalia a presença ou não de anticorpos maternos anti-D nas hemácias do RN ✓ Dosagem de glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6- PD) ✓ Dosagem de T4 e TSH Avaliar o RN a cada 8-12h Tratamento Se icterícia antes de 24-36h → dosar BT, estratificar risco de hiperbilirrubinemia significante e considerar fototerapia Após 36h a, se a icterícia atingir nível de umbigo ou mais, determinar a BT para identificar o risco de hiperbilirrubinemia significante e: - Considerar fototerapia se BT > percentil 95 no Buthani - Continuar internação - Dosar BT a cada 12-24h - Alta hospitalar se nível de risco intermediário inferior ou mínimo (abaixo do percentil 75) e retorno ambulatorial em 48- 72 horas Após 48 horas de vida, se RN sem icterícia, ou icterícia somente em face, e em condições clínicas adequadas, agendar retorno ambulatorial para 72 horas após a alta hospitalar. Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 4 O pediatra deve realizar a 1ª consulta após a saída da maternidade, no máximo, até o 5º dia de vida, para avaliação das condições de amamentação, além da icterícia e outras possíveis intercorrências Alta = Icterícia em zona de risco intermediário baixo ou baixo, 48h sem icterícia ou apenas em zona 1 Em todos os casos precisamos agendar retorno após 48- 72h para avaliarmos a icterícia (lembrar da icterícia pelo aleitamento que tbm pode causar kernicterus) Fototerapia (aumentar oferta hídrica pelo aleitamento, verificar temperatura corporal a cada 3h e proteger os olhos) Exsanguíneotrasnfusão (doença hemolítica grave causada por incompatibilidade Rh) Síndrome de Gilbert Distúrbio genético do fígado, caracterizado por aumento nos níveis de bilirrubina indireta ou não conjugada, que pode causar sintomas como icterícia Epidemiologia Ocorre em 5% a 7% da população geral Mais frequentemente em homens Geralmente se manifesta durante a adolescência ou idade adulta (20 a 30 anos) Etiofisiopatologia Decorre de um polimorfismo autossômico recessivo comum, uma inserção em região promotora. Apresentam deficiência da enzima do fígado, UDP- glucuronosil-transferase (transforma BI em BD) Possuem um defeito na captação da bilirrubina, assim como em sua conjugação. Quadro Clínico BI + testes bioquímicos hepáticos normais + histologia hepática normal Aumento de bilirrubina indireta, que em geral não ultrapassa 5mg/dl. Em geral, não apresenta sintomas, mas essa leve icterícia pode ocorrer em condições de esforço excessivo, estresse, insônia, cirurgias, jejum, desidratação, períodos menstruais, infecções ou após a ingestão de alguns medicamentos como o paracetamol, já que a concentração de bilirrubina no sangue aumenta nestas situações. Costuma se manifestar apenas em momentos de stress, de intensos exercícios físicos, durante o período menstrual nas mulheres, alguma doença febril ou jejum prolongado. Diagnóstico Dosagem de BT e frações antes e após jejum de 24h (esperado aumentar) Teste de função hepática para descartar doenças do fígado (tudo normal, com BT aumentada às custas de BI) Hemograma para descartar hemólise Pesquisa da mutação Tratamento É uma afecção benigna e de excelente prognóstico, sem nenhum impacto na sobrevida ou mesmo na qualidade de vida do portador da doença. Os episódios de icterícia resolvem-se espontaneamente e não necessitam de nenhum tratamento específico. O consumo de álcool deve ser moderado como em qualquer indivíduo. Hepatite A, B e C Hepatite A Hepatite B Hepatite C Epidemiologia Endêmico em países com higiene e saneamento básico abaixo dos padrões; A proteção do anticorpo contra a reinfecção é duradoura Incidência está diminuindo, principalmente em lactentes, por conta da vacina. Cerca de 90% dos lactentes e por via perinatal 50% das crianças se tornam portadores crônicos do vírus. 94% dos adultos hígidos curam-se 5% dos imunocompetentes cronificam A promiscuidade sexual e o uso abusivo de drogas são os principais fatores de risco É a mais assintomática de todas Alta taxa de mutação; Muitos indivíduos infectados com HCV estão também infectados com HBV ou HIV; Alta incidência de infecções assintomáticas crônicas promove a disseminação do vírus na população; A recuperação espontânea é mais frequente se a infecção é adquirida no nascimento (∼50%). Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 5 Transmissão Fecal-oral Consumo de água, frutos do mar e outros alimentos contaminados. Começa 14 dias antes dos sintomas Parenteral, sexual (IST), via de parto, amamentação Parenteral, sexual, via de parto Fisiopatologia Atinge o fígado pelo trato intestinal após a ingestão, replica-se em hepatócitos e é disseminado na bile e nas fezes. Quem causa o dano são as células T Histologicamente indistinguível do HBV Capsídeo formado pelo HBcAg2 e HBeAg3 e por um envelope com o HBsAg4 As HBsAg e HBeAg são liberadas no sangue dos infectados. HBeAg + sem anti-HBeAg = pior prognóstico dos pacientes crônicos HBV tem tropismo pelos hepatócitos, onde se multiplica. A determinação de qual tipo de doença ocorrerá é a resposta imune. A infecção fica longos períodos sem causar dano hepático ou sintomas. A imunidade mediada por células e a inflamação são responsáveis por sintomas e resolução efetiva. Fase de tolerância: ocorre na infância e adulto jovem. HBV se replica extensamente, mas sem muita reação imunológica (lesões hepáticas leves e aminotrasnf normais) Fase de clareamento: na 3ª década de vida. Ocorre perda da tolerância, quando o sist. Imune ataca o vírus e os sintomas aparecem; Classificação da crônica: Portador crônico HBsAg inativo: sem doença necroinflamatória Exacerbação aguda (flare): intermitentes das aminotransferases maior q 10x o limite superior Reativação: reaparecimento da necroinflamação em portador crônico inativo Replica nos hepatócitos e previne a apoptose dessas células; A resposta imune é a causadora da doença hepática, mas é menos intensa, levando menos à hepatite fulminante; Evolui para cirrose e depois carcinoma hepatocelular HCV suprime a replicação do HBV, e a hepatite C se torna a doença dominante em casos de coinfecção Cronicidade / Portador ✓ - 5-10% ✓ - 85% Quadro Clínico Fase não citopática: pouca lesão do fígado Fase citopática: dano tecidual causada pelo sist. Imune, e se for excessiva pode levar à hepatite fulminante. Fase prodrômica: primeira semana – quadro gripal e hepatomegalia Fase ictérica: depois de 2 semanas pós infecção Fase de convalescência: cura ouhepatite fulminate Assintomática a leve nas crianças Inicia com febre, fadiga, náusea, anorexia e dor abdominal. Urina escura (bilirrubinúria), fezes claras e icterícia (mais em adulto). Duram menos de 2 meses Pode ser aguda ou crônica, sintomática ou assintomática (mais comum). Longo tempo de incubação e início insidioso – febre, mal-estar, anorexia, vômito e fígado doloroso à palpação Logo depois – icterícia, urina escura, fezes pálidas Pode ocorrer erupção cutânea, poliartrite, glomerulonefrite Crônica – (ativa) escarificação hepática, cirrose, insuficiência hepática ou carcinoma ou passiva A própria deposição da bilirrubina na pele causa icterícia. Crônica: ausência de resolução completa dos sintomas clínicos de anorexia, perda de peso, fadiga e persistência da hepatomegalia; presença de necrose hepática na biópsia hepática durante a hepatite viral aguda grave prolongada; ausência de normalização dos níveis séricos das aminotransferases, da bilirrubina e da globulina 6 a 12 meses após a doença aguda; e se a persistência do HBeAg for superior a 3 meses ou a do HBsAg for maior que 6 meses após hepatite aguda. Causa 3 doenças: 1 – hepatite aguda autolimitada 2 – infecção crônica persistente 3 – progressão rápida e intensa para cirrose Em sua forma aguda é semelhante àquela por HAV e HBV, mas a resposta inflamatória é menos intensa e os sintomas são normalmente mais leves. 70% a doença inicial é assintomática; O sintoma predominante é a fadiga crônica. Em 10/15 anos a crônica persistente se torna ativa e depois cirrose (20%) e insuficiência hepática (20%) após 20 anos Carcinoma após 30 anos em 5% dos pacientes Complicações e sequelas Hepatite recidivante semanas a meses após a recuperação → recidiva dos sintomas, elevações das aminotransferases, ocasionalmente icterícia e excreção fecal de HAV Carcinoma hepatocelular sem cirrose antes Pode induzir carcinoma ao promover reparo hepático e crescimento celular continuados em resposta à inflamação e ao dano aos tecidos ou por se integrar no cromossomo do hospedeiro e estimular diretamente o crescimento das células Carcinoma hepatocelular e cirrose Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 6 Outras doenças associadas Glomerulonefrite com a síndrome nefrótica; Crioglobulinemia mista essencial; Hepatite fulminante Crioglobulinemia mista essencial; Linfoma de célula B Distúrbios cutâneos (porfiria) Hepatite fulminante (raro) Diabetes melltus Tireoidite autoimune Síndrome de Sjogren Diagnóstico Pesquisa de anticorpos Aguda: IgM anti-HAV1 +, ALT/AST , eliminação fecal de HAV Cura: IgG anti-HAV + BT é mais importante para avaliar prognóstico HBsAg → precede as elevações da atividade das aminotransferases séricas e os sintomas clínicos Anti-HBs → sempre presente depois de curado (indica cura) HBcAg → não vai para circulação, mas gera anticorpos (IgM e IgG). É um marcador de contato com vírus HBeAg → presente na replicação aguda (alguns vírus mutantes não produzem, mas continua se multiplicando) Ativa = HBsAg e HBeAg detectáveis Sem anticorpo – crônica Com anticorpo – cura ou vacinação Carga viral ALT e AST Se o 1º teste rápido negativou, trocar a marca do 2º Teste rápido (anticorpos anti-HCV) Anti-HCV (só em crônicos, familiares, pessoas que receberam transfusão de sangue) e se vier positivo fazer carga viral [pode ser feita na fase aguda [técnica de PCR]. Crônica = anti-HCV reagente e carga viral (HCV-RNA) detectável por +6 meses Biópsia hepática para avaliar os danos hepáticos e verificar a presença de outras doenças Genotipagem viral Mortalidade <0,5% 1,2% 4% Tratamento Não há nenhum tratamento específico; A hospitalização está indicada apenas nos casos de insuficiência hepática aguda (BT, alteração de estado mental, sinais vitais alterados); Contraceptivos orais devem ser suspensos Não usar paracetamol e álcool Na fase aguda apenas tratamento de suporte e não precisa de repouso absoluto Nos crônicos: Interferon-α: tto curto, com muito efeito adverso, 50% de cura, carga viral cai com alta transaminase Inibidores da transcriptase reversa (lamivudina, tenofovir, entecavir): ñ curam, mas o sist. Imune do paciente pode conseguir eliminar o vírus, tto longo (tempo indefinido), menos efeitos colaterais, carga viral cai com transaminases normais Gamaglobulina hiperimune: para infecção acidental e RNs de mães HBsAg + Não beber álcool Não compartilhar lâminas em geral Usar preservativo em múltiplos parceiros, menos em monogâmicas estáveis Sem cuidados especiais em gestação e amamentação Vacinar hepatite A e B para diminuir o dano hepático Antivirais de ação direta (taxa de cura de 95%) por 8-12 semanas → monoterapia com interferon ou associado à ribavirina (não usa mais) Sintomáticos aguardar 12 semanas depois do início dos sintomas e assintomáticos iniciar imediatamente Cura ✓ Possível (90%) Cura não porque o vírus se insere no nosso DNA, mas obtemos uma resposta viral sustentada Prevenção Lavar as mãos após contato com infectados (HAV) e antes de comer Não compartilhar materiais que possam conter sangue contaminado (escova de dente, seringa, aparelho de barbear, alicate e espátula de unha de unha... Cuidar com os locais em que se vai fazer procedimento invasivo (tatuagem, piercing) Usar camisinha Vacinar-se Uso de EPIs Vacina Todas as pessoas a partir de 12 meses de vida. Aplicação rotineira aos 12 e 18 meses de idade, ou o mais cedo possível, quando a vacinação não ocorrer nestas idades recomendadas. Para pessoas de todas as faixas etárias. Deve ser aplicada, de preferência, nas primeiras 12-24 horas após o nascimento, para prevenir hepatite crônica – forma que acomete 90% dos bebês contaminados ao nascer. Especialmente indicada para gestantes não vacinadas. Após 10/15 anos algumas pessoas negativam de novo o anti-HBsAg 1 – anticorpos contra HAV | 2 – antígeno do core do vírus da hepatite B | 3 – antígeno e do HBV | 4 – antígeno de superfície do HBV Hepatite A: Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 7 Hepatite B: Sorologia no curso típico da HB aguda Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 8 Desenvolvimento do estado de portador crônico Hepatite C: Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 9 Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 10 Hepatite Alcoólica, Autoimune e Medicamentosa Hepatite Alcoólica Hepatite Autoimune Hepatite Medicamentosa Epidemiologia Consumo de álcool é uma das principais causas de doença hepática A mortalidade dos pacientes com hepatite alcoólica concomitante com cirrose aproxima-se de 60% após 4 anos. Os pacientes gravemente enfermos com hepatite alcoólica apresentam taxas de mortalidade a curto prazo (30 dias) >50%. Só 10 a 20% dos etilistas desenvolvem hepatite; Fatores de risco: - Mulheres são mais susceptíveis à lesão hepática; - Grande quantideda ingerida cronicamente - Hepatite B concomitante diminui a sobrevida - Genética para cirrose - Obesidade e esteatose hepática Distúrbio crônico caracterizado por necrose hepatocelular contínua e inflamação, habitualmente com fibrose, que pode progredir para cirrose e insuficiência hepática. Mulheres entre 10-30 anos e na menopausa (acomete qlqr idade); Se não tratado, pode apresentar mortalidade em 6 meses de até 40%; A sobrevida em 10 anos é de 80 a 98% para os casos tratados e 67% para os pacientes não tratados; Tem boa resposta terapêutica; Pode ocorrer após hepatites A, B, C, D Maioria é aguda e não progride para cronicidade; Pode induzir doença hepática crônica, como cirrose por uso prolongado da droga; Na maioria dos casos, é difícil provar que um episódio de lesão hepáticafoi causado por um fármaco. Fisiopatologia 3 lesões principais: esteatose, hepatite e cirrose Apenas os etilistas pesados evoluem para hepatite, precursora da cirrose; O tempo para desenvolvimento é diretamente proporcional à quantidade de álcool consumida; A ingestão de álcool inicia uma cascata inflamatória por sua metabolização em acetaldeído, resultando em uma variedade de respostas metabólicas. Síndrome que apresenta hepatite periportal, hipergamaglobulinemia e autoanticorpos tissulares; Etiologia desconhecida (genética, infecção); HCV tem sido citado como possível agente causador; Os autoanticorpos fazem reação de citotoxicidade, levando ao dano hepático. Dano direto ao hepatócito por radical livre ou metabólito que produz peroxidação dos lipídeos da membrana; Pode ativar o sist. Imune inato ou adaptativo, estimular vias de apoptose ou iniciar o dano às vias excretoras da bile; Podem bloquear as vias de metabolização dos lipídeos, inibir a síntese proteica ou prejudicar a oxidação mitocondrial de ácidos graxos; Podem sensibilizar os hepatócitos a citocinas tóxicas. Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 11 Classificação Tipo 1 ou clássico: anticorpos encontrados são ANA, SMA, anti-SLA – hipergamaglobulinemia e manifestações extra-hepáticas Tipo 2: anticorpos encontrados são Anti- LKM1, anti-LC1 e anti-SLA Direto/Intrínseca: atinge diretamente o hepatócito. Ocorre com previsível regularidade nos indivíduos expostos ao agente agressor e depende da dose. O período entre exposição e lesão é curto (horas). Costumam ser venenos sistêmicos ou são convertidos no fígado em metabólitos tóxicos Paracetamol, tetracloreto de carbono e alcaloides Idiossincrástico: drogas ligam-se a proteínas, lipídios e DNA – estresse oxidativo, peroxidação e depleção de glutationa. Hepatite é rara e imprevisível; a resposta não é tão dependente da dose, e a lesão hepática pode ocorrer em qualquer momento durante ou logo após a exposição ao fármaco. Um agente pode causar vários tipos de lesões. Quadro Clínico Pode ser assintomática ou até simular um abdome agudo, com febre, nervos aracniformes, icterícia e dor abdominal; Hipertensão periportal, varizes esofágicas, sangramento de TGI eascite Varia desde assintomática até a fulminante; Inicialmente se aparenta com um quadro típico de hepatite aguda viral, com emagrecimento e fadiga; Dor abdominal + hepatomegalia Icterícia flutuante (80% estão ictéricos na primeira consulta) Exame físico pode ser normal ou ter hepatomegalia acompanhada ou não de esplenomegalia, aranhas vasculares são encontradas na face, pescoço e braços e sinais de descompensação de cirrose hepática, como ascite, encefalopatia e varizes esofagianas; Amenorreia 8x mais comum em celíacos Aumento das aminotransferases, icterícia Diagnóstico AST e ALT costumam estar duas a sete vezes acima do valor normal (raramente > 400 UI e AST 2x maior que ALT) Hemograma Fosfatase alcalina Hipoalbuminemia e coagulopatia Biópsia Grave → coagulopatia (tempo de protrombina aumentado >5s), anemia, albumina < 2,5 mg/dL, ascite e insuficiência renal BT > 10 mostra mau prognóstico (mortalidade acima de 50%) Dosagem de autoanticorpos (ANA/FAN, SMA, LKM1, anti-LC1) → total ausência não impede diagnóstico; Biópsia; Hepatograma (aminotransferases alterada e fosfatase alcalina normal) Imunoglobulinas séricas (IgG > 1,5x o normal) Marcadores virais (HAV, HBV, HCV) Quase sempre presuntivo Biópsia não oferece especificidade no diagnóstico e classificação da lesão → histologia mimetiza qualquer doença hepática aguda e crônica. Usada para descartar outras doenças Tratamento Abstinência completa do álcool; Glicocorticoides (prednisona 40 mg/dia) Inibidor de TNF (pentoxifilina) *anticorpos monoclonais não devem ser usados por causam morte secundária à infecção e insuficiência renal Imunossupressão quando há permanente de aminotransferases e gamaglobulinas, ou necrose em ponte ou sintomas incapacitantes; Prednisona ou prednisona associada a azatioprina → Depois de 1 ano de remissão, pode ser mantida apenas a azatioprina *Acompanhar aminotransferases, bilirrubinas e albumina no desmame do corticoide Depois de 3 anos de remissão, pode-se tirar os medicamentos, mas pode ocorrer descompensação Transplante hepático em casos agudos graves, com necrose multilobular e Suspensão do fármaco suspeito Consiste essencialmente em medidas de apoio, exceto na hepatotoxicidade do paracetamol; Nos casos de hepatite fulminante → transplante de fígado Paracetamol → lavagem gástrica, carvão vegetal ativado, N- acetilcisteína Maria Paula M. Mattei | Tutorial 4 UC 14 12 hiperbilirrubinemia que não melhoram após 2 semanas de tratamento. ANA = anticorpo antinúcleo FAN = fator antinuclear | SMA = anticorpo antimúsculo liso | LKM = anticorpo antimicrossoma de fígado e rim | Anti-LC1 = anticorpo anticitosol hepático Referências: KLIEGMAN, Robert M. et al. Nelson Tratado de Pediatria. 19. ed. Elsevier, 2014. MURRAY, Patrick R.. Microbiologia Médica. 7. ed. Elsevier, 2014. KASPER, Dennis L. et al. Medicina Interna de Harrison. 19. ed. Artmed, 2017. GOLDMAN, Lee; I. SCHAFER, Andrew. Goldman‑Cecil Medicina. 25. ed. Elsevier, 2018. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo Clínico E Diretrizes Terapêuticas Para Hepatite C E Coinfecções. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/June/29/pcdt-hepatite-c.pdf. Acesso em: 03 maio 2021. LOWE, Dhruv. Alkaline Phosphatase. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459201/. Acesso em: 02 maio 2021. LALA, Vasimahmed. Liver Function Tests. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK482489/. Acesso em: 02 maio 2021. Departamento De Neonatologia. Icterícia No Recém-Nascido Com Idade Gestacional > 35 Semanas. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2012. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/02/Ictericia_sem-DeptoNeoSBP-11nov12.pdf. Acesso em: 01 maio 2021. DEPARTAMENTO CIENTÍFICO DE HEPATOLOGIA. Sociedade Brasileira de Pediatria. Síndrome de Gilbert. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/sindrome-de-gilbert/. Acesso em: 01 maio 2021.
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