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• • 
IT ., 
c n 
d 
rrn 
Conteúdos de aprofundamento, conceitos e aprendizagens 
estruturantes 
HLITlberto D .11100 d 11011 
JIf p.~id1!ncia;j~ P.pl1Jlie1l Fruló3lJo I' ~ r.odeHJTI"'Jlltn i\mállOO Tomá; "ü~ "'f'ÇÕl!s
NoltlJlJ 00 1.0111 oseül h f.illa · ~ l! 
(:l"l!Siooncl119491 11%31 (1!:6ll• •IRll'J~ ü çito do ~ CIO •lonnuçsodo t.lUU Colonial Pr.t U9J1 na ONU41045\ (If1.ill
(I!l5~) 
• 
• • • 
Linha conceptual 
ASegunda Guerra Mundial, que abalou o Mundo a sua ordem, não trouxe 
modificações de vulto ao nosso país. Pequeno e periférico, governado por um 
regime que nã o soube acompanhar a Hist ória. Portugal evoluiu lentamente acu-
mulando distâncias relativamente ao mundo ocidental. 
Enquanto outros países mergulhavam a fundo na dinâmic dos "trinta gloriosos", 
Portugal desligava-se com dificuldade dos valores da ruralidade que enformaram ° 
salazarismo. Opaís foi·se industrializa ndo mas continuou pobre e atrasa do, entregando 
os seus filhos à emigração. Nos anos 60, cerca de um milhão de portuqueses deixou a 
pátria, rumo às nações mais desenvolvidas. 
Entretanto, aditaduraconsegue sobreviver aos ventos democráticos do pós-guerra. Simulando uma abertura que, de 
facto, não existiu, o regime encena actos eleitorais que a nada conduzem. Sólido como uma I acha, Salazar resis e 
mesmo à mais dura dasprovas: ti Guerra Colonial. 
Em1968, uma doença grave afasta finalmen e o velho ditador do poder. Marcello Caetano, lue o substitui, tenta, om 
vão, viabilizar o regime. Em 25 de Abril de 1974, um golpe militar derruba-o qu se ser1 resist ncia e abre lima nova 
etapa naHistória do país. os dois anos que se seguiram, Portugal viveu oras difíceis de afrontamentos políticos e 
gravestensões sociais. Viveu, também, o drama de um' descolonização apressada e umultuosa. Mas soube res a-
belecerasliberdad es cívicas, consolidá-Ias e ocupar o lugar que lhe cabe entre as nações democráticas do Mu ido. 
Lp.i do -ÚEIl1f. (Jal~" luar ne 25da Allrll 
'I~~i!ll: sub~ H" ioo l'Wo1o' No..uCon5T ,IUlç30 da ílI)llÚIIlic~ iciod~ duscoliYllliY,iio
Ma rc ~ lI o Cnelro'l!l Primp.ilo G(J.~T"O eonsm Icional110m 119741119r,h) 0976') PI nsnar "ll;1ju 
• ":'},j literal" • • r.{U'L!~ 1 uClooalAONUrUI:r.<tlm( e J II1SIII lição do •IE,',s!leJl1blam 
indD[.I3l !1tênCIO da [;(11I3 ' IDdaA . uluçuo- • 11'Çãa 00COI!:solhoda 
Nac lr.n~1 
GIIIM BiSE03U lmun daffiE ria\'olu;áo
1 1~1 1197J) li9l5J 08112)• 
94 
~ Oatraso português
1 
Entre 16 país es d a Europa , 
somos o penúltimo, na ca pitação 
do consu mo da energia: depoi s de 
nÓH, HÓ a Turquia. Somos o an te-
penúltimo, na capita ção de aço; 
depois de nÓH, só a Grécia e a Tur-
quia . Somo s o penúltimo , n a s 
taxas de escolarização; depois de 
nós, só a Turquia. Somos o último, 
na proporção do número de alunos 
do ensino s u per ior para o con -
junto da população: depois de nós 
ninguém. Somos o penúltimo, na 
capita ção do con sumo de carne; 
d epois de nós , só a Turquia . 
Somos o ú ltimo na capita ção do 
consumo de lei t e , o último n a Di Me noi go tubercu loso. a n os 40.� 
capita ção diária de proteína s , o Pr opiciad a pe la rrus erra e má a lim en taçã o. a ltJber culose teve uma me dê nc ia a lta na população� 
por tugu e sa . Nos anos 50 e 60, a s cnancas da s e s colas eram mot ivadas ~ parti cipa r e m carrpa� 
penúltimo na ca pi ta ção diária de nhas de re co lha de fundos para combate à doe nça, ang arrando peq ue nos dcacôes de fa' l·,I,. res,� 
gord u s ; dep ois de nós , só a Tur- arnrqcs e me smo de estranhos qu e mterpetavarn na ru a� 
quia. Como nos posicionamos face aos restantes países da Europa? 
Ad êri to ledas NUIlCll (sociólogo p . Que elem entos da ima gem evidenc iam o atraso português? 
p ru fu ' ,:o I" u n ive rs it rir iu 1928· J!lfl H, 
Soe iolouiu l' l Ut'Q/f)gw do . Obser ve o qu adro inserido à margem. O qu e ind ica uma taxa de mor-
Dcsencohsimcnto, 100 tal idade infantil elevada? 
2.1.1 08 LlS opOLíTICO ECR SCI ENTO ECONÓ ICO 
in 
OPÓS-G ER AA 1974 eUI 
A posição de neutralidade que Portugal assum iu na Segunda Guerra Mundiéll 
permit iu a sobrevivência do regime salazarista. Apesar de alguns sobressal to) e 
do desenca dear de uma dura guerra nas colónias, a vida política do país man t 
uma feição autoritária, a que nem mesmo a doença e substituição do velho dita-
dor foi capaz de pôr termo. 
Taxa de mortalidade Desfasado politicamen te em relação à Europa democrática, o nosso pa ís oão
infantil comparada 
(1955-1959) soubeacompanhar o ritmo econômico das nações mais desenvolvidas [doc.l ). M u 
grado algumas rea lizações louváveis, o atraso português persistiu e, em certos 
Po ai 88%.� 
secto res, como o agrícola, agravou-se.� 
Espanha 52~
 
Cada dia mais velho e anacr ôn ico, o Estado Novo estava, no início dos an� 
Grécia 41%>� 
70, à beira do f im.� 
Itália� " , o 
Jugoslá\'ia 99%0 2.1 .1 . COORDENADAS ECO ÓMICAS EDE OGRÁFICAS 
NOruêlJ8 lm,. 
Suécia 17%0 ~:' A estagnação do mundo rural 
Dados colh "J05 em 11 Rei s [drr J, A visão idílica que fazia de Portugal (la mais formosa das herdades) f stava,
1'190 - Portugal COIJ/C' lTIfJO r .ineo, valo IV,� 
Pub Ali, de facto, bem longe da realidade, Apesar das campanhas de produção dos� 
95 
31 
Os bloqueios da agricultura 
2 
A - Os desequilíbrios da estrutura fu ndiá ria 
Dimensão média da. explorações (ha) 
50 -.--- - - - - --- - - - - ­
40 
30 
10 
Dimensão méd das explo rações ag rícolas, e m 1970 (por dis trítos !. 
o 
1- • Que bloq ueios podem advir do desequilíbrio da 
s, 
dimensão das propriedades agrícolas (doc. A )? 
B - A estagnação agr ico la 
Rendimento carcali fero em diversos paises europeus (kg/are) 
Trigo Cevada 
Pa ses 
1952- 56 1964-66 1952·56 1964·6 6 
Po U 01 8.1 7,6 5,6 .7 
Espa ha 9,5 10.8 ' 1.5 3 
Tu uia 10,0 11.1 12,1 12.5 
Fanç a 21) 30,8 2 ,9 29,1 
Holanda 37,7 44,0 33,7 38, 
Em C. Almeida e A. Barr eto. 1970 - Capitalismo e Ermqreçáo em Portv qe í, Pre lo Ed 
Produção do cer ais ( m m i lha res de tI 
Ano s Tr igo Milh o Centeio Cevada 
1950 574.6 5 6'- 170,0 1 0,/ 
Compare a produtividade da ag r ic u l tura portu­ 1965 612,3 458,6 21)9,1 72.0 
guesa com a dos restantes países considerados 
no quadro. 
1973 516.9 508.6 133.8 56.6 
r­ • Como evo luiu a nossa produ ção cerealHera entre Em J. MafIoso ldir.l. i 99l - Hlstón.; de PO/ " 19,,1• 
1953 e 1973? 
anos 30 e 40, o pais agrário con tinuava um mundo sobrepovoado e pobre, com 
índices de produtividade que, em gera l, não atingiam sequer a metade da méd ia 
europeia [doc. 2·BJ. 
Desde os anos 30 que os estudos sobre a situação da agricultura portuguesa
 
e apontavam comoessencia l o redimensionamento da propriedade, queapresentava
 
'e ma profun da assimetria Norte-Sul: no Norte predominava o minifúndio, que,
 
pela sua pequenez, não possibilitava a mecanização ; no Sul estendiam-se pro­
piedades imensas, que, de tão grandes, se encontravam suba proveitadas [doc. 2-AJ,
 
~ via também que rever a situação dos rendeiros, uma vez que mais de um
 
erço da área agrícola era cultivada em reg íme de arrendamento precário e, por 
is I so. pouco propicio ao investimento. 
Facea esta situação elaboraram-se planos de reforma consistentes e ousados,
 
S qJe amaram corno referência a exploração agrícola média, fortemente mecan i­
da, capaz de assegurar um rendimento confortável aos seus propríetários e,
 
ssm co tribuir também para a elevação do consumo de produtos indusrriars '" 
Estas medidas foram claramente enunciadas no II Plano de Fomento (1959) e 
laoorararn -se mesmo alguns dos diplomas legais necessários à sua consecução. 
.Iia tai corno já tinha acontecido no passado, ergueu-se contra elas a cerrada 
a, ccosçãodos la ti fundiáriosdo Sul, que utilizaram a sua grande influência política 
S tara,em nome dos «sagrados dueitos» da propriedade, as invra bilizarem. 
vol 'I. Ed Circulo de t.e-tor es 
(1 ) U ma refor m a sem el li u n te 
{oi levada o. cabo em Itália, IIOS 
anos 50, pelo Governo democrata­
-cristão.__ 
96 
~I A grande debandada 
Ernigraçao Portugu. sa (%1 
E . rantas Im ll l ler ~1 
1926 - 1974 100 
200 ,..-- - - - - - - - -
190 -- -- ----- .- - - -'- -----~ 
: ~~ l Enuqra çáu legal f=--_._-=--=- _.. .0- .--= 
160 -1 Emiqtaçfin ctnnuesuna ,.-. - I - - 75 -
150 -~- .. - - - .- - - - - --t-.\---
140 -- -- .- - - - - - - - -- r� 
130 - -- ------- - - - - --,.-- -,-
120 ----- ..---- - --I� 
110 --- o - - --- --- . - -
50 I100 ----.--.--.--- - .-- -
90 ----- ------ - - - - --
HO - .- - - - - - - - - .- - - - - - -
70 -_.--- .._ -.- -.- - - - - .-f---- - - - I 
60 - .-- --.--.------ - - - - -
50 ..-- ... - -- - - - _ .-~ - - - - - 25 - I40 .- - - - - -"J.--:-~
 30 _ .. - - - - - - - - - - - - ----- -20 .- - -- - .- -. - - - . - - - - ------
10 - -- - -- -------
0 - - ---- , , 
I 1930 1940 1950 1960 1970 I� 
1926 1974� L ------ --
1. Emigração po rtug uesa (1926- 1974). 
Em Ihcton àno do [slado Novo. drr . de F. Rosas 
e.J . Brandào de Brito, art . « Enu çra çào. 
. Analis e a evo luçã o do número de em ig ra ntes. 
~ Compare a proporção de em ig ra ntes legais e clandes tinos . 
. Hierarquize os p rin cip ais destinos da emigração por tu guesa, no in icio e no fim dos anos 60. 
Assim, as alterações na est rutura fundiári a acabaram por nunca se fazer ea 
política agrária esgotou-se em subsidias e incentivos vários que pouco efeito tive- J d 
ram e beneficiaram, invariavelmente, os grandes proprietários do Sul e os grandes ;] no 
(1) A m anutenção dos produtos vinnateuos. A manutenção dos preços agrícolas em níveis muito baixos" des: )CC ,-
agricolas a baixos preços permitia tivou, também, o investimento econtribuiu para agravar as dificuldades do sector. 
eoitar a subida dos salários bene-
Na década de 60, quando o país enveredou decididamente pela via mC',j)!(Lali-ficiando as nossas ind ústrias que ,� 
a [alta de tecnologia e competitici- zadora, a agricultura viu-se relegada para segundo plano e foi olhada por mui <L� 
dade, tiravam partido da m ão-de -� como um «caso sem solução». A década saldou-se por um decréscimo brutal da 
-obra barata. 
taxa de crescimento do Produto Agrícola Nacional (de 5,5 0/o nos anos ~)O para 
Para reduzir 0$ efeitos negativos 
l OJa nosanos GO) e por um êxodo rural maciço, queesvaziou as aldeias do inte '0:. desta política nos iaufúndios do 
Sul do país, o Estado p a S$OU a Fruto desta situação, cresceu a disparidade entre a produção e o consumo 
su bsidiar algumas produções da alimentar!", o que elevou o défice agrícola de 1,2 milhões de contos, em 1967 
região, como o trigo. 
para 8 milhões, em 1973. Este último montante correspondia a mais de 1/4 co 
(2) Em vi rtude do crescimento eco- défice global do pais. 
nám ico Hloba! (alicerçado na 
indústria), o consum o alimentar 
cresceu à taxa de 1,7% ent re 1953 ::::' Aemigração 
e 1963; 3,7<;\ entre 1963 e 1968; e 
Fenómeno persistente da História portuguesa, a emigração reduziu-se dras:l-6,1% entre 1968 e 1973. 
camente nas décadas de 30 e 40, devido, primeiro, à Grande Depressão ' 
em sequrda, à Segunda Guerra Mundial. Ora, estas duas décadas correspondem 
(3 ) A p opulação portugu esa es- a um crescimento demográfico mtenso'" que, sem escoamento, sob repovoou 
tima-se em 6,5 mtlh ôes em 1930 e o pais, Originando um excesso de mão-de-obra que a economia não foi canal 
em 8,5 milhões em 1950. 
de absorver. 
Esta pressão demográfica resultou numa Imensa debandada doscampos,q 
em direcçã o às cidades do lito ral, quer, sobretudo, ao estrangeiro. Entre 946e 
97 
Ei-los que partem 
novos c ve lhos 
bu scando a sorte 
nout ras pa ragens 
noutras aragen s 
ent re outros povos 
oi-los que pa rtem 
velhos e novos 
Ei-los que pa rtem 
de olhos molhe dos 
coração triste 
c a snea às co. tas 
esperanç a m ri te 
sonhos dourados
Ilfa 
E i-los que P ar-tem 
oi-los que partem 
de olhos molhados 
Virão um dia 
ricos LI não 
con tando hi stó r ia s 
de lá de longe 
onde o suor 
se fez em pão 
virão um dia 
ou não 
Mnnu 1 Freire twu(o!' dr­
interve n ção, n. 194:l ). IN ra lia 
cuu çào E i-lm: 'lriC Partem , 1971 
. Identifique, na canção de M anuel Feire, o motivo de terminante Emigrant es por tugue ses mudam de comboio em Ir un 
l l ron tei ra fr anco-espanho la!. Fotog ra fi a dos anos 60. da emigração portuguesa. 
e a 1973 terão emigrado cerca de 2 milhões de portugueses, metade dos quais sa iu 
ve­ na década de 60, que se tornou o período de emigração mais intenso de toda 
des a nossa Históri a ldo c 31. 
~n - Nesta década, para além da at racção pe los altos salários do mundo industria­
lizado [d oe 51, há que ter em conta os efeitos da guerra colonial. A perspectiva do 
ali­ recrutamento compulsivo para a guerra de África fo i um dos motivos que tam­
tos bém pesou na fuga para o estrangeiro. 
da O contingente migratório portuquês era constituído rnaioritanarnente por 
ara .rabalhadores em actividade (pequenos agricultores, t rabalhadores familiares do 
sector primário, assalariados), com predominância do escalão etário entre os 15 e 
o os 19 anos. Provinha de todo O Portugal, com particular destaque para as reg iões 
67, do Norte e das ilhas. Rumou em direcção à Europa - só a Fra nça recebeu mais 
do 
de900 mil portugueses - e, em menor esca la, àsAméricasdo Norte e do SUl ldoc. 3J. 
OBrasil, que até aos anos 50 continua a ser o principal destino dos portugueses, 
perde gradua lmente o seu poder de atracção em favor das necessi dades de mão­
-de-ob ra do Velho Cont inente. 
sti­ Mais de metade desta emigração fez-se clandest inamente. A legislação 
• e, portug uesa subordinava o direito de emigrar «aos interesses económicos do pais 
em e àvalorização dos ternt ónos do Ultramar pelo aumento da população bra nca-'" 
lOU coloca -ido- lhe restrições várias, como a exigência de um certificado de habilita­
naz ções mínimas (exame da 3.' classe) a todos os que tivessem mais de 14 anos. 
Com o deflagrar da guerra colonial, j untou-se a estes requ isitos a exigência do 
er serviço mil itar cumprido, obrigação a que muitos se pretendiam eximir. Sair 
6 e (la sa tOI}, como então se dizia, tornou-se a opção de muitos port ugueses. 
(l)Decreto-Lei de 1947. 
4 
98 
m Ummundo emmudança 
::
 
Um propr ietário rural do dis trito de Castelo Branco ana­ Ind ústrias E
 
lisa os efeitos da emigração na vida do cam po. Produtos M etalürgica ~ 
Países Têxteis 
alimentares de base A população das al dei as vivia descu ida da e contente ,
 
EUA 750 O 570500 920$00
resign ada ao seu destino estreitamen te unido à terra e era 
s imples e modesta no se u tr ajar. De entã para ~ tudo tem trança 240$00 l20500 38DSDO 
mud ado verti gino samente. Partem os primeiros emigran te s 
Alemanha 400SOO 400S00 47DSOD
clandestinos para Fran e começam ti enviar a suas fam íl ias 
de três a cinco contos por m ê . A ambiçã o es tala nos co ra ções .spanha 120S00 120S00 160 
dos que ficaram e ei-los a partir em formi gueiro , a caminho Ponugal 6OS00 55S00 
do eldorado francês. AB aldeius des povoam-se de homen váli ­ t 
1. Salár ios diários em diver sos países, 1971 lem escu­
dos para o t ra alho. Ali veigas, os ales e o: poma res come­ dosl'". p. 
çam a parecer um espectáculo de olador, por nao haver que m 11 11 ~ lHO = 2~OS'182 
os cultive. f...L O dinheiro dos emigrantes passou a alimentar 
Anos Remessas Anos R m ssas o luxo e a vaidade das camponesas que recusam agora a ir 
se rvir, como criadas, ou a trabalhar no cam po por conta de i 958 152 2679 
outrem e, quando v ão às uns hortas faze r qualquer se rvi . 
1959 ' 913 \965 3378
V -lO com indu men tária florida , se é Verã o, ts pam a cara 
com o lenço para o ros to n -o Se crestar. O dinhe iro recebido 1960 868 966 ,111l1 
dos maridos chega ind . esposa" para mandarem os filhos 
1 61 189 1967 6267 
para o liceu e para as esco la técnicas . Estes nao V L o estuda r , 
1962 1704 1968 7902certamente, para mais tarde regressa rem à vida ca pes ina . 
Art ig publicado no Dia rio de Lisboa. 196 ), em " O ~ Anos e ·a lazal'. 1963 2371 1969 11812-ul, 21-, P lan e fi De g s ini. 200
 
2. Remessas dos emigr antes (em milhões de escudos]. 
Em C. Almeida e A. B.ir r to, Qb C'. 
• Que efei tos teve a emigração na vida das populações rurais? Com ent e o teor do texto. 
~ Analis e o qu adro 1. O que co nclui quant o ao desenvolvim en to da econom ia portuguesa? 
Não obstante esta política restritiva, o Estado procurou salvaguardar os 
interesses dos nossos emigrantes, ce lebrando, no início dos anos 60, aco dos * 
com os principa is pa ises de acolhime nto. Estes acordos perm itiram a ob te rção 
de rega lias sociais e a livre transferência, para Portugal, das rernuneraçõe 
amea lhadas. O pa is pa ssou, por esta via, a recebe r um montante muito consde­
rável de divisas: as remessas dos emigrantes [do c. 4) representava m 4% do PIS 
nos anos 60 e duplicaram na década seg uinte. 
Tal facto, que muito contribuiu para o equilíbrio da nossa balança de a a­
mentos e para o aumento do consumo interno, induziu o Governo a des enal iz r 
a emigração clandestina [com excepção dos que não cumpriam os deveres rni­
htares] e a suprimir alguns entraves, como o da exigência dos diplomas f col re 
Sinal de pobreza e de subdesenvolvimento, a emigração desfalcou o oas 
traba lhadores, contribuiu para o envelhecimento da população e privou do r1Q(­
ma l convívio com as famílias um grande número de portugueses. Para o Estao 
Novo, no entanto, ele foi um factor de pacificação social e de equilíbrio e ano­
mico, que permitiu ajustar o mercado de trabalho e fez entrar volumosa quan­
t ias. Mas não só. O contacto com outras gentes e outros mundos mudou tal 
bem as mentalidades e aba lou ser iamente as velhas estruturas rurais obre as 
quais repousava o imobilismo do reg ime [d oc. 4). 
99 
Adificil industrialização
LS. 
o regi me indu trial qu e vigorou no nosso pa ís Tem os por ou t r o lado que a agricult u ra 1... 1 
no últi mo qua rto de séc ulo nem permitiu qu e nos consti t ui a ga ra n tia por excelência da próp ria ida, 
apr oximás semo ' d. conj unto de países eu rope us e, devido à formação qu e imprime nas almas , ma­
economica mente ava nçados. diminuindo a di stân ­ nancia l inesgotável de forças de res is tência social. 
cia que de les nos se parava, nem melhorou a nossa Aqu eles que não se deixam obcecar pelr mi ragem 
posi ção em rela çí o a ou t ros , do enr ique ciment o indefinido ma s ns pira m acima 
\ .. . J	 de t udo a um a vida que, embo r a mod es ta , sej a 
A guer ra , es se monstro d que falava Vieira, sufic ien te, sã , presa à terra , não poderiam nu nca, 
tem sido minh a aliada nesta ca mpanha de mos ­ e m uito menos n a s prec ar íss im as con d ições da 
tr ar ao ' Por tu g u eses o ca m in ho da i n d úst.ri a , vida mundial, seg uir por caminhos em qu e a agr i­
pelas dificu ldad es que trouxe à vida na cional. [.. .1 cu lt u ra ced se a indústri a e em que o solo e a 
O que me a la r ma é qu e o fim da gu n u pa re e gen te não fossem e t imular los a produzir o má xim o 
próximo [' a lembrança das prova iões pa ' [Idas ' possível. O increm ento da indústria pelos motivos 
muito capaz de se apaga r Da memór ia dos Por t u­ aci ma refe ridos ter á de fa ze r- e e impulsion ar-se 
gueses qua nd o recomeça r a ser fácil manda r vir lo ..!. M s à par te cons iderar que a f, lt a de ca pit a is 
aquilo qu for preciso; te rá dos pa recido o es t í­ c, em cer tos casos, de t écni a nos nã o perm iti riam 
mulo act ua l c ha ver á que dese nvolver dobrado andar derna iado depressa , nós mtendemos que a 
esforço de onveucimen to para pas sa r do pou co indu t.r in li zn çào maciça do p a ís , a ser xeq uível, 
que j á se fez no muito que fa lta fa zer.	 não dever á ser prossegu ida em qu se vá pondo a 
Ferreira Dia	 .J ún ior ( u bsecrutário de Esta d o rla Ind ústri n agr icult ur a em con di ções de nos dar o má imo das 
entru 19-1 0 e 1 9·. ~ . mai tarde min is tro da Economin), ua possibilidades, 
Linlui di' RI/mo - lVr)I (I ~ d~ Erouom iu. Portug uesa , 194 5 
A. de Oliveir I Sal nzn r, () Plan o de Fomen to, 
Princip io» (1 Pl'e.'{SlIpD~'IJ," I ~)5 ' l 
~ Mostre: - a influência da guerra na opção in dustr ial izad ora;
 
- a renitência de Salazar em aceita r tal opção.
 
*Osurto industrial 
A política de autarcia empreendida pelo Estado Novo não atingiu os seus
 
objectivos. Portugal cont inuou dependente do fornecimento estrangeiro em
 
matérias-primas, energ ia, bens de eq uipamento e outros produtos industr iais,
 
adubos e alimentos. Quando os países que tradicrona lrnen te nos forneciam se
 
envolveram na guerra, os abastecimentos tornaram-se precários e grassou a
 
penúria e a carestia. Tal situação, que alertou para a crise agrária, deu também
 
f rça àq ueles que defendiam a via inoustnalizadora como uma componente
 
Imprescilldível ao desenvolvimento nacional.
 
Assim, logoem 1945, a Lei do Fomento e Reo rga nização Industr ial estabe lece 
as linhas-mestras da política industria!izadora dos anos seg uintes, considera ndo 
, 'eoseu objectivo final é a substituição das importações. Por outras pa lavras, 
!lortugal continuava, no pós-guerra, a seguir um idea l de autarcia que o colocava 
• margem da economia mundial. 
Entretanto, e numa aparen te contradição, o nosso país assinou, em Abril de
 
1 48, °pa cto fundador da ü ECE, integrando-se nas estruturas de cooperação
 
previstasno Pia no Marshall.
 
100 
m;n O 11 Plano de Fomento
 
16
 
Foi neste 11 Plano que se concluiu e inau gurou a Siderurgia Nacio­
nal c deu novo impulso às ind ústrias consideradas b ásicas , E "e projec­
um o estaleiro naval de Lisboa que depois havia de se trans formar no
 
grandioso es ta leiro da Lisnave, orgulho da técnica portuguesa e fonte
 
abundante de divis-as, E que se continuou a aproveitar a riq ueza das
 
bacias hidro gr áflcas, erguendo mai s um as tantas 6'1'<ndes bar ragens
 
para insta la '.ao de cen t ra is hidroel éctricas de modo a ucompanh: r o
 
acelerado crescimento do onsumo da electricida de que duplicava de
 
seis em neis anos, a o me smo tempo que se construjam cen trais t ér­
micas paro que o sis tema não ficasse unicamente dependente da ígua.
 
PI'OSS ~lI i ll - 'e na eiectr ifica ção das linhas férreas , /.. .J 
L n çou-se o l\'le t ropolit.ano de Lisbo a na hora oportuna , is to é,
 
antes de se agravarem dem asiadamente os problemas do t ráfego de
 
supe rfície e os custos ela obra.
 
Continuou-se a const ru ir, a ampliar, a equipar portos e aeroportos ,
 
E apesar de , na revisã o imposta pelo Ministério das Finanças, ter sido
 
Ina uguração da Sid e rurgia Naciona l, em 24 de 
suprimida fi verba para a construção da pon te obre (J Tejo - que com Agosto de 1961. 
justiça se denominou Ponte Sal azar - , te imosamen te n ma ntive no	 Frn ptr ru er r o p lano . o p '· f2 ~~ I: i0 ntt~· dd Rept'l!i l io 
Arnr.n co TOlT1lÍs . t e rid o h S ~cl c · . q u e" ~! d An1 0flll) 
Plano. [. ..1A ponte linha de ser levantada . [.. ,/ Cbarnpa hrn a ud I ,], :) c en t ro l. .i rn d o ~ m.uor es 
N Met rópo le, for am gas tos nes a exec u ção (de todo o Pla nol	 c rn p re s orro s do pai s, q u e I :CCl IJ ,i t re n ts d ~l 
ern p rcsa. Cl5Srç;1I'"<lndo 50:/ , dn Car il ,!! n~': e.~ I ~ r'G .27 milhões de contos , 
O Pr od u to N acion al Bruto a o cus t o dos fac t or cs pa s s ou de 
55 milh ões de contos em 1958 para 81 mi lhões em 1964, ou eja, um 
. ' Que e fei tos te m o 1/ P/ an o de 
a ume nto de 46,8'31". 
Fom e n to n a eco nomia portu­
i\ urceiln Cu cta no, A.s M in ha" Memorur» de Salasa r, Ed.Verbo (1." t'l1. H177 ) g uesa? 
Nnn a ll.1la di] ~~ I Ul~rn~i! " da II f'1~ro de fomento r.larcol \;, I)JEta11l oo59m~nh'lVa~ . funo;Ül"l 'le rmrusno ~a _," Pon d e re a habi li d a d e da fonte 
;' 1I' ~ l d én t"l do liO'.'Vrno tleOlt'/eim Sal,l al, wrrlo, en: ',1' arde 1I~1lP, sído '~5p:Jn.;I'. .I pe\a$ opçoos doPIam 
ap resentada. 
( L) A legando «[e l iev» con d iço.:» Embora pouco tenhamos beneficiado da ajuda financeira americana ". 3 par­
internu »- Por t. uua l prescind iu , ticipação na OECE reforçou a necessidade de um planeamento econórn íco, con­
inicialmente . da ajuda financeira 
duzindo à elaboração dos Planos de Fomento que, a part ir de 1953, ca racteri­
que, corno membro da OECE, 
poderia requerer. Porem, os [racos za m a política de desenvolvimento do Estado Novo. 
resultarios ['('un,;m I I 'US fizeram Ainda muito agarrado às orientações tradicionais . o I Plano de Fo m nto 
rever es ta pONi('r)", a cabando o (1953-1958)hão rejeita a nossa «vocaçào» de país agrícola [doe 5) , embora	 reco­
nosso pais por soliritru: unia verba 
nheça a importãncia da industrialização para a melhoria do nível de vida. avultada (625 m ilh àe« de dóla­
res), que nao lhe foi concedida. Ao O Plano prevê um conjunto de investimentos p úbhcos de cerca de 7,5 n ilhõesde
 
todo, a ajuda Morshall injectotc contos a distribuir por vários sectores, com prioridade para a criação de infra­
na economia portuguesa cerca de
 -:,est rut uras (electricidade, transportes e comunicações). 
58 milhões de dólares, en tre 194.9 
No II Plano (1959-1964J alarga-se o montante investido e, considera ndo que c 195.1 . 
as condições prévias para o arranque estavam Já estabelecidas, eleg e-se a indús­
tria t ransformadora de base como sector a privilegiar (~g e! u r gi a , refinaç ão de 
petróleos, adubos, quírn.cos, celulose, ...J. Pela primeira vez. a política industriali­
zadora é assumida sem ambiqurdades, subordinando-se-lhe a aqricu ltura. qUt:, 
teoricamente , sofreria os efeitos positivos da industrializa ção [doe 6] . 
Apesar das suas diferenças, os dOIS primeiros planos de fomento mar têm 
intocado o objectivo da substituição das importações e a Lei do Condicíor a­
menta Industrial, herdada dos anos 30. 
101 
10 
le 
J" 
ie 
u· 
te 
[ ­
n­
j-
o 
3. 
m Indústria c crescimento económico 
7
 
Taxa do cre scim e nto do PIS
 Te mos, e rapidamen te . quo mudar de via para nos indust rializar ­
(médias anuais. em %J
mos a funde \.. .! lim plementando «uma nova polít ica industrial que, 
7.5 rejeitando a nu ta r ia , procur e estimular o equilíbrio ela balança
 
come rcial 11(1 base do desenvolvimen to da exportação de produtos que 1953-58 .7
 
p08....amos produzi!' em condições de custo internacionalmente concor ­
 6,\
 
renciais e que Iavureç am, ao mesmo tem po, o rápido crescimento do
 
96567 5,3valor ac resce ntado pelos factores produ t ivos nacionais r. ..1. 
Iud ú urius qu e se ha t eiam em ri queza s oxcepciona i de su bsol • 1968·73 B.O 
ta is orno a s q uí mica s , qu ímico-meta lúr gi cas pes ada s . com as Em Nova j...i!5tÓn:, de Pcrtugal. cd 
extra t iv is cor responden tes , lnd ús t.ria s baseadas n s p rod uç ões 
ngro-silv íeolas . Ind ús t rias basead s na a bu ndância de um a m ão-do ­ \ 
-obra ad puivel 'l:, técni cas de traballi o nais mod orn r '" . em que o I 1958 
custo do transporte tenh a uma b ixa incidência no valor do produ to. I 1913 
Indús trias portuárias qu se baseiam na posiçã o tes ta de ponte tran ­ I::::r-----­
satlân tica. In d ú: tri as que possam o usion lm en te t ira r pa rtid ) do 
SOa0I
merendo ibérico . In d úst ria q ue fecham a mal ha e ntre O~ tipos an te ­
\ 4500 
riores ) que, através de um planearn en to integrado, u sufrua m de le­
4000· 
vadas economias externas , 
3500 
RO ~fjrill r.l:1rtins, ~CC l'{~Hi 'io d ~' Es l.nUo du Ind ús t.r ia 3000 
entre 19H9 e 972. Camiuh« de 11111 PaL' Il!o('Q. 1970 
2500 
1I7000 
. , Mo stre a integração do nosso país na dinâmica eco nám ica mundial. I ~O I 
. Avalie: 1000 !\ 
500 ­ ·1 - as taxas de cresc imen to di] economia portuguesa entre 1947 e 1973; OCO E ésç "I;";' Grn,i u POI tllgol JL ._ f" llrOPJ _ 
- o nivel de desenvolvimento português relativamente aos seus parcei­
t : , POll tJ9,ol { C(l n !(.' mp(; ra lt~ {), vol, r}. c:: 
ros europeus. 
Os anos 60 trouxeram, porém, alterações significat ivas à política econ órn rca 
oortuquesa. No decurso do 1I Plano, o nosso país vrria a integrar- se na econo­
mia européia e mundial: em Janeiro de 1960, Portuga l torna-se um dos países 
f.Jl'l oadores da EFTA(') - Associação Eu rope ia de Comércio Livre -, q,ue reúne 7 (1) Sigla inglesa.. A sigla POI Úi­
~1I ('sa - AEeL - é p ou co usada . paise<; oue, por razões diversas, não pretendiam aderir à CEE; ainda no mesmo 
Const ituíam a EFTA a Áu., tria, a 
a,'10, dois decretos-leis aprovam o acordo do BI RD e do FMI; em 1962, assina-se, 
l slàndia, a Noruega, Portussal, a 
emGenebra, o protocolo do GAn. Suécia e a Suíça - GOmo membros 
A adesão a estas organizações marca a inversão da política de autarcia do efecti cos - e a Fin l ãndui - como 
membro associado. Estado Novo. O Plano Intercalar de Fomento (1965- 1967) enfatiza já as exigên ­
ciasda concorrêncra externa inerente aos acordos assinados e a necessidade de
 
I ~ ',' _ ( o condicionamento industrial, que se considera desadequado às novas rea­
'idaoes. Oqrande ciclo salazansta aproximava -se do fim.
 
Em 1968, a nomeação de Marcello Caetano para o cargo de presidente do Con­. _ .' --~-
sehoinauqura, com 0.111 Plano de Fomento (1968-73), uma orientação completa­
ente nova [do e 7J, Entre outros aspectos, põe-se a tónica no norma l funciona­
1\ r·oda concorrência e do mercado, na concentração empresarial, numa política
 
g' SSiV3 de exporta çõ es e na captação de investimentos estrangeiros, sobretudo
 
'" portadores de novas tecnologias. Para além de tudo isto. apela-se ao dinamismo
 
d m resários, (iOS quais se pede que«pensem mais no futuro que no passado».
 
102 
A urbanização 
(%1 Estrutura da população act iva 
100 
90 
70 
~O 
I~ 
60 . 
50 
40 1 
:]
O L-----: -:-:::----=----=~--__:= "......-
1940 1955 1960 1970 
Sector primário Sector terciauo 
Passageiro s espera m o comboio da Linha de 5intra [d écada de 601. Estrutura da popuLação activa. 
P rcentagem da popula çao habitando em núcleos com Centro s urbanos com mais de 20 000 ha bítantes'"
 
mais de 5000 h bitantes
 p. 
Número Percentagom do total 
194() 54,3 
ig·10 16 1.,.38 E 
.950 59,7 
1970 22 20.95 
1960 66.9 ldlContinente P.Ilha s Jd ;dcent (~ s 
1970 77.0 
A partir de Olclon ano do EsI JUONovo. ot. , art «Ur ban lzac âo» 
.... Relacione a evolução da estrutura da população activa com os dados forn ecidos pelos quadros. 
Esta política conduziu a consol idação dos grandes grupos economrco­
-financeiros e ao acelerar do crescimento nacional, que atingiu, então, o seu 
pico. No entanto, o pa íscontinuou a sentir, como um pesado fardo, asexigências 
da guerra colonial e o seu enorme atraso face aEuropa desenvolvida Idocl] . 
~~ A urbanização 
Nos anos 50 e 60, Portugal conheceu uma urbanização intensa que absorveu, 
em pa rte, o êxodo rural. Crescem,sobretudo, as cidades do litoral oeste, entre [3raga 
e Setúbal, onde se concentram as Indústrias e osserviços. Em 1970, as cidades aco­
lhem já mais de3/4 da população (doc. 8J. Em Lisboa e no Porto,de há muito as maio­
res cidades portuguesas, espraiam-se os subúrbios, onde se fixam os que ãc 
podem paga r o custo crescente das habitações no centro. Nestes arredores, au tê n ., 
cos «dormit ónos» das gra ndes Cidades, concentra-sea maior parte da sua população 
activa. As expressões "Grande Porto" e "G rande Lisboa" gan ham, então, signi a o. 
Esta expa nsão urbana não foi acompanhada da construção das infra-estrut ras 
necessárias ao acolhimento de uma população de poucos recursos. Fa ltam as habita 
ções sociais, as estruturas sanitárias, uma rede de transportes eficiente. Fru to dest 
desajustamentos, aumentam as construções clandestinas, proliferam os ba irros-ce­
-lata, degradam-se as condições de vida (incremento da criminalidade, da pros i ­
çã o...). As longas esperas pelos meios de transporte e a viagem em condiçó 5 de 
sobrelotação tornam-se a rotina quotidiana dequem vive nossu bú rbios [doe 8]. 
103 
m Novos cnmportan entos 
L~ 
Longo ' da: desordem; da 1." Repúbli ca , as novas gerações não viam qua lquer mé rito numpolítico que insi '­
tia em proibir bebidas gla morosas' !' e part idos políticos . [... 1 
Os ..france es - olha vam com desprezo os costu mes dos r ústicos que por cá tinham ficad o. As ca as te gra­
nito, o: 111 casa de ban ho ne m electric idade, foram sendo substi tuídas por cópias das moradias que eles t in ham 
admirado nas suas and in ças . Feias ou bonitas, materi ali zavam um novo estilo de vida . r. .. 1 
Em 19GB. noS ~-'()S do Maio parisiense chega ra m a Lisboa, ao mesmo tempo que o livro verm elh o de Mao l ~ o 
Reooluiion. dos Beat les : ..Todos qu eriam mudar o mundo, yea h, yeah, yea h». Nas praias ch iques, os cabos-de­
-mar já não t inham convicção para impor a inte rdição do biquin i. [... l 
INo in ício tios anos 7UI num país habitu ado -vi ver habitua lmente -, tinham acontecido dem as iadas coisas. 
Nas cidades , as cl•.~ses m éd ias afirmavam-se. O t urismo u rnen tara, com as previs íveis consoqu ôncias sobre 
as povoações que rec biam estrangeiros. í...j 
As ambições , as es peran ças , D. sonhos dos jovens cresciam . Em t dos o. gra us de ens ino, a juventu de a uto­
nomizava-se. A" raparigas usav im minissaias, os ra pazes calças : boca-de-.sino. Abandonan o a claus ura , os 
«meninos bem- tin ham acorrido, em massa, a um a aldeia do Alto Minho para p r ieipar n um Woodstock à 
portugue ·a.'J) Na televi são, o Zip-Zip ousava conve rsas picantes . 
Mal' is to não era t udo. ( Rádio lu be Po r tuguê s in cl uía , desde meados do: a no ' 60, o programa 
Em Ôrhitu , responsável pela introdução em Portr ga l da música pop . Foi L qu i que os joven s ouviram pela pri ­
meira vez s Beatles . os Rulling SWn s (' os Doors . O pr ogr ama trans formou-se num êxito sem prece rlent $ . 
Ma riu Fi lom ou !lIônica . 199fi - o.~ Cf) M/Jlll e~ em Port ug u], Caderno" do P blico 
11J~ f" l e ' ~e J c.., r:a·Cn/J. cuj. Dnll1ldü nn I 15 S~la la r I\·oi l~rL1 . 
i7i rl1, ãn,10 111111 irn ru~ I '" ~1 d~ Vilw d~ 1.1011" ,e., 1!f1 ' 1971. que r.unlo" (o," presm;<1 dooohO"lan e ,\o ~ Manlr " j Man E\IlU~ ouuos. 
. Enumere os factores responsáveis pe la m ud ençe dos comporta me n tos . 
No entanto, o crescimento urbano teve também efeitos positivos, contr i­
buindo para a expansão do sector dos serviços e para um maior acesso ao ensino 
eaos meios de comurucaçà o. Deste modo, formou-se um conjunto populacional 
numeroso e escolarizado, capaz de intervir social e politicamente. 
Ma:s conscientes da realidade portuguesa e do que se passava "lá fora". os 
portugueses foram-se abrindo aos ventos de mudança que marcaram os anos 60. 
Pouco a pouco, o conservadorismo que o regime tanto estimava foi cedendo 
lugar a uma mentalidade mais cosmopolita e arrojada que, dentro de certos limi­
ies, aproximou Portuga l dos pad rões de comportamento europeus (d oe 9). 
~,t Ofomento económico nas calúnias 
osegundo pós-guerra marcou também uma viragem na polit ica económica 
Mis s Te enager. 1970 . 
colonial Im po r ta d a de Lo ndres . a m ini s sa ia 
aca bo u po r se Im por e m P ortugal. n.i o 
Até aos anos 40, o Estado Novo desenvolvera um colonialismo típico, baseado sem r es is t ênci as , no fim da décad" de 
60 O mesmo acont eceu co m os ca be­
il produção de produtos primários e no desencorajamento do desenvolvimento los 1'5 0 5 e soltos . a contra star com os 
penteados cur tos , r. pa nos e íurt os queIr,dustrial. As décadas seguintes seriam marcadas por um reforço da colonização 
tinham ma rca do os a nos anteriores A 
branca,pela escalada dos investimentos públicos e privados e pela maior aber tura r evol uçã o da m oda Jove m pXl cg .:I'S .l 
( ,C OU. em pa r t e . a de ver- se :' 5 10.' 0 5 
30 capital estrangeíro. Angola e Moçambique, por serem os territórios mais exten- Porftr. os q ue . a parl ll ' de 1965 . l ' oux" · 
ram a LIsboa a ao Porto ,15 tendell Cla sas de maiores recu rsos natura is, recebera m uma atenção privilegiada (d oe .10J. 
ionor.n as e pat r c crnarn rn COi t LlrS0<; 
Os investimentos do Estado nas colônias, a part ir de 1953, foram incluídos nos c orn o o da Im a ge m . '9u al m e n le r e s­
ponsavei s pela dlftF.:.ào d.is «ousadras -. 
anosde Fomento, que destinaram aoUltramar verbas crescentes e significativas. mode rn as 
104 
~ Ofomento ultramarino 
10' 
As diatribos lançad as de a lt as tribunas por pes­
soas re sponsáveis contra a obra colonizadora portu­
g ue sa 1.. . 1 as se nta m segu rame nte no descon heci­
mento do qu e se jam Angola e Moçambique. 
Em con t rapa rt.ida , a s pessoas que a s visit a m 
se m pr econceitos admiram- se da flora ção e bel za 
das cidades e da s vilas, do progr sso das e. plora ções 
agrícolas, das realiza ções industr iai s , do ritmo da 
cons tru ção , dos ca l" ct crfs t icos aspec tos da vida 
socia l. 
Nilo vou ocupar-me do esta do ccon ómi o e social 
da s duas províncias: mas estou ti olhar para umas 
estatíst icas oficiais e. trangeiras, algumas da NU 
resp igo ao acaso a lgumas indica ões. 1•.•1 Vejo. por 
exemplo, o n úmero de edi fícios const ru ídos nalguns 
territ 'r ios de AfJ;CH: Angola en con tra-se largament 
à ab e ra dn antiga Ali'ica Ocident a l ra ncesa , do I 
Quênia , lo TL nga nhica , do Uga nda. O n úmero de 
metro ' quadrados de área cobe rta cons .ru ídu por 
mil habita ntes fui un Angola em 1959 de 76,!:l con­
tra 6 , ~ ou 51,:3 ou 14,2 ou 17,8 nas outr as regi ões 
cita das. 
t ' 
Em q i il órn ctr os de via -férrea por mil quil óme­ 3 
t ros qua dra dos de s uperfície, Moça mbique é igua l ao ' 
Gana e só é supla nt ado p ' Ia Ser ra Leoa , o 'fogo, o •
[
Daom é, todos de di min uí super fície. 1. ..1 
Rela t iva me n te l potênciainsta ladn Ú energia 
pro d uzida , por h abitante, em ora com representa­
cão honrosa . poi: que em 57 supera mos a Fedo raç ào 
da Nig éria , est amo" larga mente ult ra passndos pela 
F ed e r açã o d a s Rod és ia s, pelo . ungo ex-Be lga c 
pe los 'ama rõc:; ex-tra nce e:;; ma s .' de nota r que 
t a nt o em Angola C lm LJ em Moçnmhiq ue us cifrus 
duplie ru m , pelo menos, d 19fi7 para cá c depois da 
conclus ão de Cambombe' " o." nos sos nú meros serão 
muito mais Iavoraveis ainda , 
N a s costas oci denta l e or ienta l d e Áfr ica . em 
qualidade de in ua lações fixas e apet rcchnrue nto, Os 
grandes portos de Angola - uauda c Lobito - c de 
Mo çnrn bi q ue - Lou re nço Ma rques e Beira - om­
breia m com os melhores da qu le con tinen te . 
Antonio d Olivoíra 'a lawr, Dis ' lII 'b~J d~':W de .lunhu d« 1.%'1 
11) iiel DI UI1CI~ ,) l\'lrragenJ dr C<J lltJOI1l~(l construrda GIIlle 1958 . 1rfi2. Iflbo" I; ,. " 
K....anza, '! IT' ~I 1011 
(J( 
1. Ca r taz de propa gan da turística, fim da 2. Viste de Lou ren ço Marq ues, capital de Moca mbique . c . 1960. 
dé cad a de 50. 
De acordo co m Sa lazar, que áreas atestam o desen vo lv imento económ ico das colonies ? 
Coteje, neste aspecto, a fonte esc r ita e o quadro 3. 
'. Qu e at racções se o ferecem ao turist a, no cartaz de propagan da ? 
~ A ava liar pe la fo to , co mo descreveri a a cidade de Lourenço M arques ? 
105 
3. 4. 
APROVEITAMENTO DA AJUDA MARSHA L NAS PIB E PRODUÇÃO INDUSTRIAL EM ANGO� 
COLÓNIAS PORTUGUESAS (M ILHARES DE DÓ ARES)� 
Tluca de Produç ão Pereunt gem 
PIB [m il co n-
crescimen to industrial (mil d a pro d . ind o 
Sector s 1949 ·50 1950·5 1 tos)!" 
do PIS (%1 con tos )!" no PIS 
nlJrg ia 606 626 1961 12 665 9,12 2855 22,54 
Agricu ltur a 25 1963 148 0 11,79 3 858 26.03 
Transport es (aeró dromos) 1037 1965 19 200 2,29 4 841 25,2 1 
Máquinas e equ ipamentos div ersos 125 1967 24 633 11,07 205 25,1 
Bens de co nsumo (cerea is] 224 1969 33 676 19,00 11 245 33.39 
Total 855 1788 1971 42 07 8 5,00 16 670 37,24 
1973 58707 28,00 24317 4 1.42 
Ana lise o quadro 4 : o que co nclui quanto ao� 
des envo lvime nto de A ngo la, no período subse-�
(~uad]'o;; c lnb orndos 11 partir de 111,,161'1 a de j'(lI'Il/gClI . 
que nte ao discurso transcri to ? d i!'. d(' ,JOS(! ;\-lattos/), vol. í 
Numa política concertada com ametrópole, o Estado procedeu, primeiro. à 
criação de infra- estruturas : caminhos-de-ferro, estradas, pontes, ae roportos, 
portos, cent rais hidroeléctricas. Paralelamente, desenvolveram-se os sectores 
agrícola (sisal, açúca r e café, em Angola; oleaginosas, algodão e açúcar, em 
Moçambique) e extrac t ivo (diamantes. petróleo e minério de ferro, em Angola), 
virados para o mercado extern o. 
No que ao sector indust ri al se refere, as duas colónias conhecem, nos anos 
SO e 60, um acentuado crescimento, propiciado pela progressiva liberalização da 
iniciativa privada, pela expansão do mercado interno (devido ao afluxo de colo-
nos brancos) e pelo reforço dos investimentos nacionais e estranqeiros'" ( 1) Nos contrato» ('(1/11 o,' gra ndes 
Ao contrario do que seria de preve r, o fomento económico das colónias rece- grupos r,'trallgl' I, rOS. procura ca-se 
sempre salcouuordar a posição do beu um forte impulso após o início da guerra colonial. O deflagrar do cor.fll to 
po is, incluindo nas novas SOCieda-
(1 961 em Angola e 1964 em Moçambique) não só coincidiu com a época de de s a pa rt ici pocã o. a in da que 
maior dinamismo da economia portuguesa como veio reforçar a necessidade de m inoritária , de cap itais nacio -
lI (J i ;, . mu ita ,~ ~';: ", c :; do própriouma presença nacional mais forte, que legitimasse, aos olhos do Mundo, a posse 
E.,; todo. dos terri órios do Ultramar. 
A ide.a da coesão entre a metrópole e as colónias viu-se reforçada, em 1961,� 
com a criação do Espaço Econ órruco Português (EEPl. que previa, no espaço de� 
10anos, a constituição de uma área económica unificada, sem quaisquer entra-�
ves alfandegários. No entanto, a subordinação das economias ult ramarinas aos� 
interesses de Portugal, bem como os diferentes graus de desenvolvimento dos� 
territórios coloniais acabaram por inviabiuza: a efect ivação deste "mercado� 
único". 
Embora fracassado, o projecto do EEP, bem como o surto de desenvolvimento 
~ co l o n i a l , nos anos 60, representam uma parte importante do enorme esforço 
~ fe i to pelo Estado Novo para manter Intacto o secular Império Português. 
106 
~ As primeiras eleições pós-guerra 
11 1 
A - A oposição B - O Govern o 
Nus 0 .<; Dr.·fuocr:,l:ls .. • O~J==========I01 t 
SOM OS .;,;M:.:,.,.:..I....:..~ HO E DA RU estã 
t 
E 
M IS E ndo este ca t3Z. EDITA: c 
Se tivesse entrado na g uerra não _ 1_ _L MELHO RES 
e t ri , agora, tra nqüilamente,
 
Por menor de um ca rt az do MUD, 1945.
 len do estas palavras , concordando
 
ou d iscordand o. Talvez nem esta
 
Nes ta hora indecisa de a urora pare de e xis tiss e ; ta lvez esta rua
 
Iôsse um mont ão de ruínas ; talvez
 a ngustiada entre a noite e o dia
 
e stive sse s c ho ra ndo a pe rd a de
 nnosso povo levan ta de novo 
algun. dos le us se re s mais queridos ; 
p.a bandeira da democracia ! talvez nem tu pr-ópr-io existisses!
 
Compa nheiros. uu idos l
 Não pen ses homem da rua, que 
deves ao acaso a lu< I licidade, a II 
.Iá no..s bas ta UIll viver que 'e rrasta 
tranqu idade d !.. ho r.d el 
d -ste rrado no pr óprio país li 
Como brav o..s. libertos esc ra vos q\snv 8QJU"
ixigimos a vida feliz. p a r .iI que _ m a.d d . d . do ) te u s Filhen nio I 
lóne ce H. da . ~.Segue em frente! e repar te conte nte 
pelo povo o teu coraçâo rem.
 
nurn cornbn tc qu e ven ra e que ma te SALAZAR,
 
C11 
s rvid âo, roa ção, esc urid ão! filho do 
I fino du Movimen to cll' 1 n id udc Dc mocr á ieu 1;\-I COl. versos
 
de Arquimedus ti I "ilvH Santos. m úsica de Fe rna ndo Lopes Gra ça. 1!;!4:) Sê gf lo, h om e m d a r ua ! Não d
 
ou . os ã Cillünia, ã in cja e à ambiç:"o'
 
c - O des en can to ota no t 
S LV DOR! 
Vo em S L .I\ ! 
,_ •••., n. • • >l.... M ....U. "' ...;... . ,.. I 
5 1 
do ROCHA ARTINS 
" ão B[B~BfB l~ aaVlllaaOS, in~icarc l s mBlllOrOS Ua assamNaia UB umvarliUo 
Cabe çaLho do jorna l Rep úciic«, de 13 de Novembro de 1945 . 
OI1:====== = = ==I(j 
o sr. dr . Oliveira Sa la za r fa lou do momento polit ico! E e- O Ca r ta z de pr opag anda do Governo para as Leqislau­
com a serenidade e li consciência de semp re, dand o as linh as vas de 1945 . 
gerais do pensamen to do chefe do -overno, I.-.1 
Continua a considerar p r igosa em Por tuga l aquela democra­
cia qu e toma a form: de um parlarnentari mo partid ário, demn­
g ógico e tumultu ário; diz que o ' oposicioni . ta se engana ram j ul ­ Interprete os dois primeiros versos oo 
gando q ue o convi te do Governo pa ra participa rem nus eleições, hino do MUD. 
se bem qu e significasse um neto de boa vontade. repres ntava A que fa z apelo o car taz de ptooe­
lima a bdicaç ão da razão de ser da uct ual situa çã e qu as ele i­ ganda salazarista? 
ções a reali zar são livr es, t ão livres como na própria Ingla terra. . Exp liqu e a frase en tre aspas do csbe­
pois se recenseou qu em quis e votará quem quiser. acu sand o o çelti o do jorna l. 
cen ..o seten ta por cento ma is de eleitores do qu e en 19')5. 1.. .1 . Com ente cr i t icamente o úl timo pet é. 
g rafo do tex to. 
Ar tigo d o Jornal de Noticias , de' J (j de Novnmhro rlt ' 19-m 
107 
rrm CI Odecano dos ditadore 11 
12 
islat i 
s do 
rop s-
cab e-
pará-
Depois de 20 anos de Salazar , o decano dos di tadores europeus, Por-
tugal era um pa ís melancólico d gente empobrecida , confusa e assus-
tada . Até Salazar . esse modelo de r -tidão, mos rava sinai de sucum- TM
bir a u ma lei pol ít ica en unciada por Lord Ar:.on' ": ..u poder tende a 
cor mper e o poder absoluto corro mpe ahsolutamente-. [. .. 
J.ancarne nto do M UD: t é que ponto o povo gosta de camisas de for-
ças? Poucos ditadores lguma vez o sa berão. als ror descobriu-o o 
Outo no pa s a do q u and o, s u b it um n t , procl mou li be rda de de 
impr n a e elei ções Iivr s pa ra uma nova J ssemb leia ac iona i. [.. .J 
Duas sem a nas de poi.. da procla mu çào I...] reali zou- e a prirneir re u-
nião do Movimento d nidade Democrá tica D , Pa ra es panto do 
próprio M D, os apoiantes choveram aos milha res. I...j. 
Quan do o Governo e compen etrou de qu poderia ser de rrotado na' 
urnas, t OIIl OU t r ês d cisões que travaram o MU\): 1) recusa de adia r as 
eleições o suf icie n te pa ra I) MUD organ iz r cam panh a: 2) recusa de L 
livre aC ' LlRO aos cadernos eleitorais 1.. . 1; e 31 av isos de que, qualquer 
que fosse o resu ltad o das urnas, a nova liberda de acaba ria no dia da 
Ca pa d a re~ l ~ a Time de 22 de J ul ho de 194 6. 
eleição. 1\1 0I) l"CCUSOU pa ctuar com estas regras; só os candi da to" de em que 5 111112 r C· , l p~ lIdajo de ..decano dos dil 
dOf(~o:;, l • . Salaza r se submete i 111 ti vota ção, /\ polícia política , t r ina da na Ale-�
manha, vasculh ou as sede ' dr opo ição, levou 05 rcca lci ra ntes pa ra a� 
cadeia, amordaçou novamente os jo rnais, Os oficiais do ex ército que tinham apoiado o 1\1 )) foram despromo-�
vidos; os estudante, "deslea is" fora m re provados, O medo substituiu a es perança fugaz. . medida qu > o pa ís� 
resvalava pura um amarga e ta citu rn a {Iquiescênc ia, com cucas probabílids de.' d qu • a lazar alguma vez� 
venha a fazer out ro gesto no sentido de man t r a SUL promess a de uma ditadura m rarnente "transit óriu".� 
Salazar , aos 57 ano " tornou -r c agora ditador vita lício, fi não HeI' que urna re volta o de. i ua ,� 
l lou: 8a(1 is tire Best, art igo da revista "Time", ~~ de J ulhu do l!J4ii 
'. lIemao hi8 lmla~0I hll l~lI"'" Jul... Emancl! Act,'" (IA34 19021 
, A avaliar pelo primeiro parág rafo do texto, qu e imagem p essoal projectava Salazar ? 
, Que retrato do regime tr aça este artigo? 
Interprete a simbologia da m aça na capa da Ti me. 
2.12 ARADICALIZAÇÃO DAS OPOSiÇÕES EOSOBRESSALTO 
POlÍTICODE 1958 ( 1) Até ent ão. os actos eleitora is 
para a Assem bleia Na ctonol eram 
Nos dias 7 e 8 de Maio de 1945, grandes manifestações de regozijo celebraram, feitos em reg im e de Lis tas nczcw -
nais ún ic as, is t o é, uma l is to ~a s ruas da ca pital, a derrota da Alemanha. As democracias, aliadas à UniãoSovi é-
representava todo o país. A reot-
Ira, tinham vencido a guerra e mostrado. assim, a sua superiondade face aos reqr-
são constitucionol reintrod uz iu o 
ri' r pressivosde direita. Salazar tirou, deste facto, as devidas ilações: o seu regime sis tem a de circulos ele üorais dts-
tritai s, a umentou o nlÍ me ro de eria(pelo menos na aparência) democratizar-se ou corria o risco de cair. 
depu tados e também os pod eres de 
Ieste contexto, o Governo toma a iniciativa de antecipar a revisão const itu-
fiscalização da A ssemb leta N u{'/()· 
ri ndllll , dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas, que na l. Por cada circulo podiam con-
Se " ar a meia «tão livres como na livre lnqlaterra».� correr vária s l is ta s, em bora os 
candida tos .W en rontrassem obre-Um clima de ontimismo instala-se entre os que, de uma forma ou de outra, 
gados a ,mão pro/ ,'ssarem ideia« 
-eem orn maus olhos o Estado Novo. Acredita-se na força da vaga democràtica contrárias à exis t ência d,' Portu 
p 'corre a Europa julgando-a capaz de, por si só, forçar a abertura do re- gal como Es tado independ ente " o 
gim tm 8 de Outubro, de uma entusi ástica reunião no Centro Republicano� discipluui social". 
108 
r;m As Presidenciais de 1949 
13 
A a present a ção de uma candida tura de oposição no actual es tado
 
das coisas, s ignifica a luta legal e pacífica pelos object lvos segu inte .:
 
1." - ' Restitui çãn aos cidad ãos por tu guese das liberdades fun da­
mentais , o qu e implica a adesão efect iva do ~st. ado Portugu ês a prin­
cípios internacionalmente defin idos e aceites que a os di rei tos do
 
Homem digam respeito . I...i
 
4." - Satisfacão imediata de a lgumas reivindicaç ões mais insta ntes
 
que I.. .1especia lme nte terem u sensi bilidade da opini ã demoerátic c
 
liberal, como sej am:
 
(1) [, .. 1 abol ição el a paliei polit ica . Su press áo do regime pris iona
 
que admite a tor tu ra 0 1.1 qualquer tra tam n OO des umano dado a os
 
presos e, como ta l. cxti nçào de campos de concent ra ção ou de esta be­
lecimentos a tira. (Col ónia Pen 1de Cabo Terde};
 
b) a mnis tia tota l par os pre so!' políti cos e por que ões ditas 
sociais e consequente 1 gres o dos exilado ;
 
c, ab olição do regime de censura :
 
d l li rdarle de organizaç ão c uctuução pa ra os par tidos pol íticos:
 
lq pos sihiti da de de funda ção. so m e ntrav 5, de novo jo rnai s e
 
out ros meios cI pub licidade . L..t 
Cartaz da ca mpanha à presid ên cia do gener"l 
;3.0 - Adopção no ca mpo econúmico de medidas e ti mul de ras das Norton de Mat os. R ( ~ p ut;lJ C: i IIl O çn l.Vlc 1<t. Ne,rton Li o.:: 
Mat os ( l ô 6 'i - 'i9 5 ~í exer ce u Ci l r ;; O!i d (: destaq ue inicia tivas indi viduais , ( ~{)I1 1 abolição da ad minis t ra çào corpora tiva 
du r,::m te a P rirn eu i ] Re pú blica l " tor nou -s e uma das 
libert ação. con equente, das actividadas agrícola . indu t rial e comer­ fig ura s rn <: I ~ S p f"!.l ~, 1 i ~ I ~HJ a5 doi c po src ào .ro r eg me 
cial das peias que conduzem [ I es ta gn nçâo uu diminuição da produ ção s Zl l ' ) 1. ~~ l t a _ ao r ~ Pre s i rn u Mo v lm l:.'1l 1o dE' Un lll i!-d 
Nol C;()ndl Antlia,;cisic' - MUN I\ ~ lund <lo cla esu­
e à . CI;;; econ ômicas. Defesa econ ômica das las es médias e traba ­ nernen te em 19/151. c prune.r o mo...... rn~ " t o que o-­
cur ou U ..... rr os V~)! 105 sccrorcs opo :',If: ' On ~ 5 1 -1 5 . ~\ :;.ualhadoras. 1. ..) 
ca nd,datur;) cong reg rou la /y·he ......· o tlpO ,O de 'o da 1
8.° - Reforma pro funda do e nsino público. opos.cà o
 
9.° Adopçào de a mplas medidas rle ass i tôncia e seguranç su­
ei I com servi ços naciona lizados ],..1
 
10.° - Res clu ç áe dos problemas pr imo rdiui d alimen taç ão c
 
:s: Con tex tua/ize: "no actua l estado de 
habitaçao do povo pnrt U gu ês. I.. .j 
coisas» (l inhas 1-2). 
Lisboa, 8 de .Iu lho ele 19.m 
~ Caracterize o t ipo de m edidas pro­
Dn Manifesto de Norton de Matos, )948 po st as po r Norton de Matos. 
Almirante Re iS, nasce o MUD - Mov iment o de Unidade Democrática, ql c con 
grega as forçasaté aí clandestinas da oposição [doe 11). 
O impacto deste movimento, que dá inicio à chamada oposição dernocr á ica, 
ultrapassou todas as previsões. Em pouco tempo, reuniram-se 50 000 assinatu­
ras e as adesões alastraram por todo o país. üposição democrática - Termo 
que desi ) lQ, r.:m el',:emeulrl, a Pa ra garanti r a legitimi dade do acto eleitor al, o MUD form ula algumas exi­
oposi 'no 'egJI ou serruleq " ao gências, que considera fun damentais . Entre elas, o adiamento das eleições por 
Esta uu Novo, 11 partir de 1945 se is meses (a fim de se instit uírem partidos polít icos) , a reforrnulação dos cader 
Aproveitando iJ rotativa auertuTil nos eleitorais (que abrangiam apenas cerca de 150/0 da popu lação], alem da 
proporcionada rJe\a revisão cons­
imprescindível liberdade de opinião, de reunião e de informação. 
ntuuonal cesse mesmo ano, as 
As esperanças goraram-se [does 11 e 12J. Nenhuma das reivindicações do IOVI­Iorçns oposrcionlstas passam a 
ter molar visibll ,dade, sobretudo menta fOI sa tisfeita e este desistiu, à boca das urnas, por considerar queo acto eleito 
nas épocas eleitor.us. em que ral, em tais condições, não passaria de uma farsa. As listas de adesão ao MUD, que o 
lhes e permi tHJo que actuem Governo requereu a fim de «examinar a autenticidade dasassmaturas-, to:nerera 
legalmente, embora com in ú­
polícia politica as informações necessárias para uma repressão eficaz e cllúrgira 
moras res tnçoes. 
muitos aderentes ao MUD foram interrogados, presos ou despedidos do seu trabalho. 
I
109 
al 
de 
ue 
las 
ne 
d e 
; t l ­
Q ' 
sua 
a a 
ogeneral Humberto Delgado. durante a campanha eleitoral. 
Em baixo. um ca rta z de apoi o ao general. 
C~ i Ti1 urna n ot ávc ! fo! hn de SPrv lÇOS, Humber to Oel g ,:loO, o ma is 
novo dos g~ n c r u b portuqu cse s. canva o el ei tor ad o com a 5U';'~ 
de l­ -'sCtlo1lid d e ox tr cvcr f id n, t i-I a dif er ente d o sorurn bon co est il o 
das po li ~ ' cQ !i s.a l a l ! ) r i ~~ t cl S Por Ondtl que r Que passe , o genc ca t 
. _ nt.i.lcleld urn p n tu~.;i~l :> mo e urn a rnobl l lz a ~ ' o po pular sem prc 
0­ ~ ~t!: n le s. , 
Afirmações políticas feitas 
pelo general Humberto Delgado 
Realizou-se ontem , no sa lã o do restaurante do Café 
lhav« d , Ouro, em Lisboa , uma reun ião do ::;1'. genera l 
Hu m berto Delgado, candidato independente à Presid ên­
cia da República. com os jornalistas nacionais l' estrun ­
gei ros e d iver sos membros da s suas comiss ões de cund i­
da t ura . Lv. ] 
Ap ós ao; s uas co ns ide r a ções prévias , o sr. gen e ra l 
H u m ber t o Delga d o p ôs-se à di sposiç ào dos j orn ali stas 
n aciona is e es t rangeiros para r esponder às perguntas 
que quise sem formula r-lhe. 
I...J A primeir t pergun ta qu e s urgiu foi a seg u in te: 
- Se fosse ele ito pres iden te da Rep ública, o qu e faria 
do pres iden te do 'o nselh o? 
- Obv ia men te dem it ia -o: 
O me mo jo rna lista pergu n tou: 
- Q ua l n -u a 
Na ciona l'! 
O r. genera 
lh e i ri to r es s s v r 
opi n l o 'ob r e II cand ida to da Uni ào 
H um be r to De lgado acentuou que não 
p r un unc ia <s e 'obre o ca n did a to da 
I ni ão Na ciona l e comentou: 
- Qual quer qu e el o;cja. in i sempre defender ti Dit a ­
du ra! 
Ir romperam a pla us os en t re a as. is tê ncia . 
Artigo do Jornal d i' N"r[áas , Up 11 de ~ r ai o ele 19:, 8 
• Apresente argumentos qu e j us ti fiquem o ep íteto de " Gene­
ral sem Medo " atribuído a Humberto Delgado. 
Entretanto, o clima de guerra fria foi tomando conta da Europa e as preocu­
pacões das democracias ocidentais orientaram-se, prioritariamente, para a ccn­
tençáo do comunismo, objectivo que o sa lazarismo servia em pleno. Em 1949, o 
nosso pa is tornou-se membro fundador da NATO, o que equivalia a uma ace ita­
~ oclara do regime pelos pa rceiros desta organização, 
j­
Nesse mesmo ano, as forças oposicionistas voltam a ter nova oportunidadeiH 
emobi.izaçáo, desta vez em torno da candidatura de Norton de Matos às eiei­
• ~ presidenciais [doe 13J. Era a primeira vez que um candidato da oposição con­
corr'a à Presi dência da Repúo lica'" e a campanha voltou a entusiasmar o país 
l ­ as, face" uma severa repressão, Norton de Matos apresentou também a sua 
I­ ots I5~é n c i " , pouco antesdas eleições. 
O Nos anos que se seguiram, a oposição democrática dividiu-se e enfra ­
é	 queceiJ J, OGoverno pensou ter controlado a situação até que, em 1958 , a can­
dldatura de Humberto Delgado a novas eleições presidenciais desencadeou um 
au rer ico terra moto político (d oe 14) . 
( 1) Fora m presiden tes da Rep úhli ­
ca , durarue o Es ttulo :\'''1''' . 
Antonio Óscar Carmono : 1928­
-1951), Fr ancisco Cra veiro 1'"1)(''' 
0 951·1958J (' AII/árca c/, . Deu » 
Rodrigues Tomás (l 958·1.'}í '.f!. 
(2) O clima dc tuurro [riu 1'4.:i" 
extremar as po eiç ôes elo» com un is ­
tas e l ibe rtu s que, I/U.' d l'i\, 'le ,< 
legislati vas de 19,19, ((PI"I ' SCII {(/ ' 
ra m já listas separadas . Fi i rra m ­
-no também lias Prvvidcnvicn» ri,' 
1958, mas o ro ndidato (/1'" irIl10 
pelo PC?, A rlindo V in'I1/r'. (1( ''' /)01/ 
pi»:d" ,';!!;l ír em IC/I'or ri" Hm nb. -rt« 
Delgado. 
I
110 
r;m Os resultados 
1.15 l16 
Ex. Sr. Almirante América Tomás 
Nu m paí s civilizado e democr ático de eleições livres , cu 
A 
A 
panl 
teria enviado a v.aEx." um tel gra ma de parabéns pela vitória Igrej ""1.1 "'11I an. J u.l • I : . " ,", lli MJ. ·\t t , nas eleições t...]. Su cede, porém, que eu fui violentamente rou­ No l\ 
1:4H'; LI. lo;l Et* LI. , J,n(ol" u t , ~ .. , .;. ° \,I4W 1111 \Q1"'al ~. 
bado nas .le ições , além de persegu ido e vexado r... (Por isso] ria SI 
muito lamento que V.a Ex ." se decida a aceitar um cargo obtido no cc 
., (~ :n 'n1-L14l.' 11 t 1V 1' ria l , t.lJl!' ..... rt'U' lA iIo l..1.cJ -... por aquela form . ções, 
t~ "-' .. 'l 111 . ~ 314 . _& • s'uar 40 lo. K.llt ~iJ .. ~ ,. e ri ':~ 
Porque talvez v.a Ex." desconheça , transcrevo por tradução en sir CIJ"ral - iJlII''Io t 
h ültl • 11 ,. ~ Clt1 11*:.\11.II"8 ~ - um passo do Neu sYorl: Times de 10 do orrente: E 
1:63 t"ã:l 'W. li t'el r:J 1" d.a G-a r.,2 "o genera l Humberto Delgado, é cluro, perdeu por uma rios 
larga maior ia a favor do candidato escolhido por Antônio de sorte 
: ~ ~ 1lI ~ tlC11 0 L a ."] ., ~ 10 ­
Oliveira Sal azar, o ditador e primeiro-ministro. O nome do \'(:11­
1Q . ~·uL1 ~ ..... ~ "r h;.c ~'" ~":) \a O-O~ ..... J. H ·o r OI -.a.h. 'IOl!! C 
t aL! D 1 1II U . 011 1lI111 11 • coou!" é, por acas o, a lmirante Am ' rico Tom' , n as i 8 0 n ào tom volta~ &1 _ o r 2, . .w l;i.u. pf • • UD 
qualque r im portã n ia . Ele n ão terá qu alquer poder o o doutor pedir 
_o c_ ..u e r 'l f' US lal t.âc D:-lJrw. " QUaJ. _ Salazar pod ia da mesma forma ter e colhido o polícia de trân­ incon 
Co : ' 1. u ..d d r. tl lGlI1.J, "'&I :' o . h L ·'.u .... r') . ; . al ­
sito TIl, is : rnão,» 
IDo '" f 1!I'.l~ t' (l : 11 t'lr.C! "' Il db l .....11. tica . 
E te pass o dá ideia do que no cstrungeiro se pe nsa da farsa Est.a( 
das eleições e da funç, o que a V." Ex." a t ribuem corno presi­ garm 
dente da República 01 'i10 por aquela forma afron tosa da digni­ AI 
dade hu mana. de vis 
A bem da Nacào rei di: Relatório de um agente da PIDE sobre as eleições de 8 de 
Junho , em Joaqu im Vieira. ob. cito rap ào.a rtn d~ Ilu 1 h~ rto DeJ:,'<'Ido a Am êrieo1 om ás em Jo~ 6 Hcrm 1110 • '[lrail'<I 
(coorcl.t, 2(}()-t - Histori o de Portugal, vol, !j. ~ l a to inhcs, Quidno\"i exan~ 
, Com ente o relatór io do agente da PIDE. 
• Explique: «o doutor Salazar podia... ter esco lhido o policia de trâ ns ito m ais à m ão». 
Idé 
Oriundo das fileiras do próprio Estado Novo e apresentando-se como inde­ Er; 
pendente, o «Genera l Sem Medo» mostrou um carisma e uma determinação 51;; ­
pree ndentes, que galvanizaram o pa ís. O anúncio do seu propósito de não desis­
t ir das eleições e a forma destemida como anunciou a sua intenção de de ltir 
Sa lazar, caso viesse a ser eleito (d oc. 14 l, fizeram da sua campanha um aconteci­
mento ímpar no que respeita à mobilização popular. De tal forma que o 
Governo procurou, por todos os meios, limitar-l he os movimentos, acusa ndo o 
de provocar «aqi ta çào social, desordem e intranquilidade p úbhca». 
O resultado oficial das eleições deu a vitó ria por esmagadora maioria [a prox. o 
75% dos votos) ao candidato da Si tuação, o contra-almirante Américo Tomas 1 
Mas a cred ibilidade dos resul tados e, com ela, a do próprio regime sa íram seria ­
mente aba ladas desta prova [doc. 15] . Sa lazar se ntiu-o e, para evitar novo risco de 
um «golpe de Es tado consti tucional», anulou o sistema de sufrágio directo. pas­
o contra-almirante Americo Tomás sando o chefe de Estado a sereleito por um colégio eleitora l rest rito. 
(1894-19871. num ca rtaz de campa ­
nha eleitoral. Os anos de 1959-62 foram marcados por um forte recrudescimento da
 
M,n",tro da Marrnha desde 1'1 /,4. Amé ­
rica Tomas dC,Je rn pe nha u ca rgo c: om oposição, que passou a contar com elementos que, até então, lhe tinham Sido
 
rigo r e e spir lto de m.oa uva . w(!li ca ndo
 alheios. No resca ldo das eleições, o bispo do Porto, D. António Ferrei "3 Gomes, 
um plano con sn.tentc pura o dt's e " vo l­
vimen to da Marinh.: de Gue rra [corri O escreve uma dura carta a Salazar em que denuncia a miséria do povo e a fa'tade
 
apo io da NA10l e d ~ Man nh" Mer­
liberdades cívicas [doc. 16). A coragem do bispo custou- lhe 10 anos de exilio, mascan te. Em 19 58. S, d.;za r" con vida -o 01 
ap r esenta r a can drda tura i, Pr c s rd ên­ inspirou um grupo crescente de católicos que, entre vigílias e manifestos pubii ­
cia, na qua l se man te r á a te ao 25 dp.
 
Abril de 1974 cos, não pouparam críticas à política do Es tado Novo.
 
111 
.: 
r:m Aoposição católica
t!6 
A grande e trági ca realidad e, que já se conhecia mas que a cam­
panha eleitoral revelou de forma irrefrag ável e escandalosa, é que a
 
Igreja de Portuga l está perdendo a con fiança dos se us melhores. r. ..J
 
No Min ha, cora ção católico de Portugal. onde se pe n..uva que bas ta­
tia semp re o abade dar o ..l á-rui-r é.. e todos entravam imediatamente
 
no coro, nu Min ha Católico, mal as pad r s começavam a fa lar de elei­
ç õ s , o~ homem.. , se m se importarem com o sen tido que seri a dado ao
 
ensino, re tiravam-se afrontosamente da igreja. [, ..1
 
stá -s rdcndo a causa da Igreja na a lma do povo, dos operá ­
rios e da juventude : se esta se perde, que podemos esperar nós da
 
sorte da Nação?
 
orno meio ún ico ele aivaç ão, querem que cerremos fileiras em 
volta do Es tado Novo. r- ..] Te mo' obrigação de pedir , e rea lmente 
pedimos a Deu, que nos dê força e constância para ( fronta rmos a 
incompreensão e mesmo o martírio pela ca usa da Verdade e da J us ­
tiça. Ma s poderemos tr duzir es ta imedia ta men te em termos de o. An tón;o Fe r r e ir a Gomes , bispo do Porto 
Estado Novo'? r.. .1 ( u, em a titud aparente mente cont rá ria. abri- 1190ó-19891. 
gar rno-nos sombra da Pax Augus ta do Esta do Novo, haja o que houver com a Verdad e Q J ustiça?... [,..1 
Apes r do meu feit io sede ntário, u ão tenho nos últi mos anos recusado 3 S oportuni daces que se me oferecem 
de viaj ar p la Europa , o que tenho feito ao rés da te rra e da gente e com toda a posstvol atenção. I...l Não pode­
rei dizer quanto m aflige o já exclus ivo privil égio por tu gu ês do m ndigo, do pé descalço, do ma ltrapilho, do fa r­
rapão; ne m sequer o nosso triste a panágio das mais al tas médias de subalirnentados , de crianças nxovalhadas, 
exangue. e de rostos p álidos (da fome, do vício. 
Curta do bispo do Porto, D. A nt ániu Ferre ira Gomes. a Salarar, 13 dl! .lu lho de 19.58 
• tdentitioue os dois aspec tos da realidade portuquese denunciados no trecho transcrito. 
Enquanto a instab ilidade crescia ao ponto de se tentarem dois golpes de	 (1 ) A«Consp iraçào da S é» (M arço 
de 1959) e "Revolt a d e B eja » to rça para derrubar o reqirne '". a ditadura portuguesa mostrava bem o seu 
(Dezembro de 1961). 
carà cter repressivo ao fazer, em apenas 2 anos (1958- 60). mais 1200 presos poli ­
(2 ) Após a s eleições, H u m bert o 
ticos e ao reprimir, com mortos e feridos, as manifestações do 31 de Janeiro, do Delgado funda a Frente Nacional 
5de Outubroe do 1.° de Maio. Independente - FNI, ri cabeça da 
qual mantém uma cerrada oposi­
A má imagem que, deste modo, o regime projecta no estrangeiro reforça -se çào ao Governo. Alvo de um inqué­
rito e destituído das sua s [uncõe« 
com o exílio de Humberto Delqado'". Obrigado a procurar refúgio no Brasil, o m ilitares, o general acaba por se
 
genera l lioera, de longe, a luta contra o salazarismo. É neste papel que assume, refugiar no B rasil. Em 1963, ins­
tala-se na Arg él ia, onde assume.
 nomeio de grand e mediatismo, a responsabil idade política do apresamento do 
por algum tempo , a chefia d a 
flavio português "Santa Maria", tomado de assa lto, a 22 de Ja neiro de 1961, Frente Pat rcotica de Libertaçã o 
Nacional , formada por c árie» cor­r umcomando revo lucionário encabeçado por Henrique Galvào, em pleno mar 
rentes da oposição. Obje cto de IIIIl
das Caraibas. plano de «cerco e ani quilamento­
Mal-grado as acusações de pirataria que o nosso Governo se esforça por lan­ montado pela P/ DE , H um berto 
Delgado acabou por ser atraido a çar obre Galvão, O assa lto ao "Santa Maria" é reconhecido pelas potências 
Badej os onde, numa. cilnda , /i, i 
tstrangt':ras (a quem Portugal solicitara ajuda para encontrar o navio) como um assassinado por «lem cn los da poh­
cia p ol i t ica p ort ug nesn ( 1:1 d e ar o de protesto político. Perante a indignação de Salazar, os americanos, que 
Feoereiro de 196/5 I. Em l.CJ.CJ(), a 
int rceptaram o "Santa Maria", entregam os rebeldes, sãose sa lvos, ao exílio que título póstumo, o gen eral I;'; pro · 
oBrasil lhes oferece. movido a mo.r echal da Fo rça 
Aéreo. sen do os seus restos mortais 
Pouco depois, a eclosão da guerra colonial traz ao regime a sua maior e der­
t ra ns lad ad os po ro u Pu n teào 
'CId ira prova. Na cional . 
112 
A singularidade da colon izaçao portuguesa 
17 
A - Vista po r Gil berto Freire 
A singula r predisposição do Português para a colo­
nização h íbrida e escravocrata dos trópicos explica em 
grande parte o seu passado étn ico, ou, an tes , cultura l, 
de povo indefinido entre a Europa e a África. [. ..J 
Ao contrário da aparente incapacidade dos n órd icos , 
os portugueses têm revelado tão notável ap ti dão pa ra 
se aclimatarem em regiõ es tropica is . É certo que a 1(1­
v és de muito maior miscibilidad e que os ou t ro. eu ro­
peus: as sociedad s coloniais de forma ção portuguesa 
têm sido todas híbridas, um as mai s, out ra s menos . l...1 
r. ..1O certo é que us portugueses triunfara m onde 
ou tros eu rop ti f~ lharam: de Iorrna çào por tuguesa é a 
pr imeira sociedade moderna cons tí u ída no. t ró picos 
com características naciona is e qu ali dades de pe rma­
n ência . Qua lidade ' qu nu Bra il madrugaram, em vez 
d s rcta rd r em com o na s poss e õe t ro pica l d 
ing leses , franceses e hola ndeses . 
Gilb r tu Freire. Ca~a Gra nd e i S enzala, HJ~{ :~ 
18 
B - Vista por Salazar 
-
Oi> Portugu esa d vem provavelmente a sua = t O 
fa m a e ex celentes colon iz dor _ à sua rara 
facu ldade d a daptacã . Com efeito. têm um a = 
grande fac ilidad PLra e acl ima ta re m sob os ~ 
céus mais in óspit ,; e compree nder em rapida ­
mente a mentalidade, a vid a , os cos tu mes e as pu 
ac t ividades dos povo que lhe ­ ·:?t o es tr a nhos. pI 
uand o o P or t ug u ês ::. c la n ça I h expl or uç ào Pr 
aven .uross ou se ins In 110 comé rcio. n : o orga­ - 8 
niza a sua vida à par te . En tr a lia vida, mistura­ de 
-se nela tal como a encontra e ta l qua l ,la se lhe 1111 
oferece , sem con tudo aband on ur o seu pr óprio da 
cabeds I de conhec imento s, de h ábitos e de pr áti­ n a 
casoA S I a obra não é, segura me nte, a do torn em pll 
que pu s , olha e segue o seu ca minho . ne m LI do do 
xplorado r que pro lIT U fe br-il m en te riq uezas sa 
fa ce is e em iegu ida dobra li su a endn para "c fr~ 
afastar. <:01 
.. olaza r, entrevis a concedida II 'hri,;ti.uu 'an l i l 'I·. I !l:i l h<i 
t i 
Segundo Gilberto Freire, em qu e co nsiste a singularidade da colonização portuguesa? 
" Compare es id éies expressas nos textos A e B. 
Gilbe r to re ire 11900- 19871. escriter 
c .'.cua oqo bJ,)·,d ..lro . a lca ncou noto­
nedade com a ca ra «Ca sa ' rand t!' e 
S ~n 7 .i1 .r» 1'1131. tonnn posll." orml'nte 
cedicado v ános estudos as parucut " ­
rt.1 (JE.~ ~. {1. 1 co toru . 11 a n port unuos a . 
como O t\lfufldo qu!.' 9 PortlJ!jui: s Criou. 
publir.ado "li' ;'11,0 
2.1 .3. A QUESTÃO COLO IAL 
Apenas cinco anos decorrid os sobre a Exposição do Mundo POI ug €o , 
impacto da Segunda Guerra Mundial e a aprovação da Carta das Nações Unidos 
alteraram profu ndamente a conjun tura interna cional em que decorrera a p l­
rne ira década do Estado salazansta Embora com relutância, as potências CO lO 
niais europeras começaram a ace itar a ideia de abrir mão dos seus impérios ea 
nossa velha aliada britânica preparava-se para , dando o exem plo, enff . r a ~ a 
da negociação e da transferência pacífica de poderes 
Num tal contexto, o Estado Novo viu-se obrigado a rever a sua p lilica colo 
rual e a procurar soluções para o futuro do nosso Império. 
;, Soluções precon izadas 
A adaptação aos novos tempos processou-se, numa primeira fase, er 1 d as 
vertentes complementares, uma ideológica, outra ju rídica. 
Em termos Ideológicos, a «mística do impé no», que, na década de 30, ora IJ 
dos pilares do Estado Novo, é substituída pela idera da «singularidade da colo­
nização portu quesa», inspirada nas teorias de Gilberto Freire [d oe. 17·A[ . 
Segu ndo este sociólogo brasileiro, os Portugueses haviam demor st ado u la 
surpreendente capacidade de adaptação à vida nas regiões tropic ais. o I , O r 
ausênc ia de convicções racistas, se t inham entregue à rru sci en c50 e à tusao df 
culturas. Esta teoria, conhecida como lusotropicalisrno, serviu, nos anos 50, para 
tnr 
prati 
18 
113 
Portugal, «do Minho a Tirnor» 
Um na t ivo de Angola , ern hor 
com as lim ita çõ . da sua in cult ura , 
sa b q ue é po r-t u gu ês e a íir ma -o 
t ã o cu n c ie n t. e m en t e co m o u m 
letra d o de "oa saído de u ma uni­
ver. ida de ouro peia . O Port ugu ês , 
por exigên cia do seu mod o de ser , 
prev is ã o política o u de s ígn io da 
Provid ên cia , exper imen tou j untar­
-se. se não fu ndir -se. com O~ povos 
descoberto,.. l' Iormar u m eles ele­
mentes integrontcs da mes ma uni­
dade p át r-ia . As s im na s ce u u m a 
nação ..em dúvida estran ha, com ­
plexa e d is persa pelas sete pa rtidas 
do mu ndo: ma quando olh os que 
sabem ver perscr u ta m todas ss s 
Iracç os de nação , enc un t ru m n as 
consciência s , nas ins ti tu ições , no s 
hábit o' de v id a , n o s e n ti m ento 
com um, que a li é Port ugal , Tendo em co n ta 
Sal nzur, Discurso Minh a a Timot» . 
Capa do boletim de a cçà o ed uca ­. .. ... ~ , tiva Escola Portuguesa, edita do pe la 
':~. .-:~: .::;.~ ..:.,.:~ 
Dir ecçã o-Geral do Ens ino Primá­- ' . I ' lO' ..... . OI • • ... .... " 'lO ._ 
rio, Outubro de 1960. 
A Idela de rrnper to contrapoe-se a d.· 
um Po r luq a l rn \ ! . r r J;e i.J\ q t . e ~ .ê 
estende «do Mlnho ;) r ,m o r n No ett ­
tan to, c novo quec ro Jun'dlco. InsC:JU­
cada em 1951, p OLICO H~ rO LI o l'S a­
tuto das popul ações to __ 3 1-::,. A cond .ç âo 
lni c ' ar' de inrlí yen.1 foi ',up : Im id tt em 
S. f or é e (; r;nc lpe ~ (J Trrnor mas 
:'"": i1 nl~ve-se, ain da qUI:) ro rn «car acter 
P' ovi so r ic » , na Guu c, em An CJ o L~ e 
c -n Mocarn biqus. Pa a 'I"" <:0 nauvos 
d ros te .> t e rrn ó rio s 5 1.' e t c v a s s ern ;3 
ca ~ eg or;a de a ss trn l ilfJ O' ; , e~ lJ! p 3 1 ri;] 
8 d e c rü ad ao po rt uq u és , era..t h ef; 
re quw" do l er " l ;]I S de 13 a n a~-; , expri ­
m.r -se ccr re nte rncut e ern por tuqu ês, 
ox e rc c r U(l"la Pr' Of IS --;il 0 t' c um pri r o 
serv .co Il1llt: <H- Es.tas (lo xig ~ll ci a'. dei ­
xavarn for" rla (" 'd ~](L. l LI port uque-sa 
ce rca cc 9 9 ~ d os nat.v os das l olo ­
[lia s . Só o 1111 :':10 do fJ e rt cl colonlui e 
as r cpc tu ía t '-K U s,, ~: õ e :; dr d '. r; ·lI hn.] ­
::iJo U C~ que Portuqat 101 .i'vo n.i ONU 
con d uz.t a rn. e m l :N~l .•1 r e'Jo ~lil ;. ;1 0 
Ü(!st c r.~~ t d t . ; \O 
os documentos, exp li que a expressão «Pot tuqel, do 
fIe :10 Uí' Mui dp. 19fiG Apresente um indício da contestação de que en tão era alvo a colo niza­
ção p ort ug uesa. 
'nd iviouaí izar a colonização portuguesa, retirando-lhe o caracter opressivo que 
assumia no caso das outras nsções'" [d oc. 17-BJ. A estas característ icas acrescen­
tava-se o papel histórico de Portugal como nação evangelizadora, papel que 
cesemoenhara, e continuava a desempenhar, como nenhuma outra. 
No campo jurídico, opta-se por eliminar as expressões colónia e império co­
,'on,io!de todos os diplomas legais. Em 1951, revogou-se o Acto Colonial e in­
eriu-se o estatuto dos territórios por ele abrangidos na própria Constituição 
Por IJC)uesa. Por outras palavras, Portugal deixou, lega lmente, de ter colóruas. 
tas, doravante designadas por Prov íncias Ultramarinas, ganharam equivalên­
I~ jundic<J a oualquer província do continente: o país estendia-se, sem qualquer 
Quebra de unidade que não fosse a geográfica, «do Minho a Trrnor». O «Imp ério 
Portuquês» desaparecera, substituído pelo «Ultramar Português» [do c. 181. 
Com esta s alterações formais esperava o Estado Novo resistir à dinâmica hís­
ca C' man ter intacto o Ultramar português. 
ímbora externamente a manutenção do colonialismo português cedo fosse 
,osaem CClI.JSJ, a nível interno, a presen ça portuguesa em África não sof reu 
platicamente contestação até ao início da guerra colonial. 
Esta ~ \ ase unanimidade de opiniões veio a quebrar-se com o In iCIO da luta 
12\ 
~ rmada em Angola' " em 1961. Conf rontaram-se, então, duas teses divergen­
t s, aintegracionista e a federalista . 
p., primeira defendia a polit ica até aí seguida, pugnando por um Ultramar plena­
nte 1r1' C'grado no Estado português ; a segunda considerava não ser poss ível, face 
( 1) N o en ta nto , Gilberto Frei re 
p rocurou dem.arcar- re d a actuo ­
çào d os nos'sos gOl.lf '/TLOS, / 'lt LU P i UO 
o caracter sociológico (c nã o poli­
uco) do lusotrop icolismo. 
(2 ) Em Abril de 1961, n m in ist ro 
da Defesa, general Botelh o ;\I[, JlII Z. 
e outras altas patentv-. da s F()!'I:(I" 
A rm ad as exigiram ml'S!11 (} (111 pr«­
sidente A ménco T orna..: fi r/,~m i , 
sáo de S ola zar. O r..sultud« [ oi (I 
exol(.C?raç'(lo do." l )e t i( 'i () ll ci l'i( ),,-: , 
«e eu mi ndo o l;ellw d it a d or 1/ 
p asta da Dejl-.w,.. em slIh.,til ui('r;" 
de Botelho .1fo /l ie, 
114 
m Inicia -se o conflito armado à P 
19 via. 
A - As razõe s da guerra 
li2 
Durante os anos de 1950, 1953, 1954, 1955 e 1956 Verificaram-se na zona Ironteiri ça do Norte ~
 
tent amos convencer o Governo portugu ês de que era de Angola alguns incidente a que deve atribuir­
'eVI
necessário alterar a situação. Nessa altu ra nem sequer -l:>e gr avidade por demons r ' rem a veracidade de 
pen sávamos em independência [...1. um plano destinado a p mover netos de terro­ r o 
Qu eríamos nessa a ltura, qu ando começ ' mos a exigir r ismo que assegu rem, a pa íses bem conhecidos, ca 
os nossos direitos, pa ssar da situação de port ugu eses de um pret ,xl.o pa ra conti nuarem fi atacar Portu­ tisn 
segu nda classe a portugueses como os portugu eses t...], gal perante a opinit o pú blica in te rn acional L..\. ~ . a~ 
Não qucnarnos, de forma alg-uma, recorr er à violên ­ Ch egaram a Lua nda a lguns fsridos qu e foram 10m 
cia, mas apercebemo-nos de que dominação coloniu ­ carinhosa mente recebidos , toda a popu lar; o
 
lista por tugues a era unia situação de viol ênc iu perma ­ de Angola demonstra a mais clara deter minação
 
nente. Respondi. IH sist maticamante contra as noss as em colabo rar com as a uto ridades I...1.
 
aspiraç ôes com violência . com crimes, e nesse momento A situa ção enco n tra-se in teiramen te sob o
 
decidimos prepa ra rmo-nos para lutar. domínio das autoridades ,
 r r le 
Nesse momer to como sa heis , a África começo u a tor ­ Do comunicado nficiu l, q U f ! uiiu nos jornais 
'l OS em Anguln , a 17 d e Ma rç n de H)G Inar-se inde pendente. O «v nto da mudança .. es tava a
 
sopra r sobre a Áfri ca . As outras potências coloniali tas
 
decidi ram descoloniza r. Por tugal assinou a Ca r ts elas
 
Na\ÕCs Unidas ' mais t arde votou favor da resolu ção do
 
direito II independência d todos os povos.
 o
Ma s Portuga l lHlI1Ca a ceito u a p licar est a decisão
 
in te rnaciona l. Por tu ga l in is t iu , o Governo por tuguês
 
insis iu que nos éramos províncias portuguesas L..I.
 
Vimos a África começa r a ter estados independentes
 
e decidimo fa zer todos os esfor ços para conseguir mos
 
também o nosso direito à autodetermina ção e à indepen ­
dência .
 
Amilcar Cabra l. secru tririo-garal do PAIG " 1tI7 l, 
em A, Brag un ça e I. Wnllers tein. (/ rw!n ,: () /r imi'.gn( Massacres n o N or t e d e Angola, em Jorna l O Sécu lo de 15 de c 
Abril d e 1961. 
B - Os líderes independenti stas 
Amí l ca r Ca b r a l 11924 -19731. líde r d o Ag ostinno Ne t o (1922 -19 791. líder d o Eduardo Mond lane (1920-1969 1. lí der do
 
PA1GC. DepOIS de te r co nc lu id o o cur so no M PLA Nascido próx imo de Luanda. Agost i ­ FRELlM O Cr iundo do meio rw,d rooçJn ­
lnstuu to Super ior de Agronom l~. em L" boil . nho Neto veio em 1947 para Por t ugal. onde Ci 1l10 , Ecuarc o Me ~; d l a "e cornolotou os seu 
Arnilcar Cahrn! ruqrer.souà GUine como fun­ cu r sou Med lClnd. na Un ivers idade de COim­ estudes em L sco o. (I de- contoctcu com:'1 ­
cron úric do Estud o. cargo que deiXOU pouco bra . ao me smo temp o que part ic.nava act r­ C& Cabral e Agosti nho Neto. Em 1%7,..c e~DU 
ri epois paI " ,',., ern psnha r na lula pelo auiod e ­ vamc nte na opos .cão ao salazansrno Preso o co nvrtc da ONU p." ., t rabalhar corno Ir~.' h 
terr nma çào f un dad or do PAIGC, em 1956. vánus vezes , consequiu evadi r -se de Caxias qador para o denartarnc- rc nos tcm l lll"lO~ so/l 
VIU'O r cconhec rdo pela ONU t om o o único e j un tar - t.e ao MPLA, rnovrrnento que aju­ tutele . É ne d curs o d esl trabatho qUE 
representante legít im o do povo oa Guine e de dara a fundar. em 1956. Dep OIS de procla ­ abrac a a causa da Ind l, \/l!o dénCI;\ " lund 
Cabo Verde [19721. Terá Sido esta vito ria que mada a mdepend êncra de Angola . assumiu O FRlL:MO. em 1962. A 3 de ' vereir J ~ 196 
pror.ipitou o sou assesslruo pela PIDE-OGS em cargo de pr esvdent e 03 Repúbli ca [19761 e ass as.sinado pe lo de fl 19 r ar de urna efl ~. 
comuto com dissrdcntes do PAIGC. Am ilc ar Para além de activ.st a poutico , Ago stinho menda arrna dll dda A sua () ~ ra à ' rel te ai 
Cabral deixou publicada um a vasta obra e for Net o for também um poeta de mérito. FRELlMO 101 conl inua-Ga por SaI11l>fa M.;.;: 
ilg r<J ci ild o. duran te a vida e a titu lo póstumo. que Viria a tornar -se o pr ime ir o p r e~íde1l t~ ;:\.l 
com !numerel'..) dis un çôes . Repuc.rca POi)ula r de MDçamblqul' 
• Num texto de cerca de 20 l inhas, compare e contextua lize as duas posições doc umentadas. 
115 
à pressão internacional e aos custos de uma guerra em África, persisti r na mesma 
via. Advogava, por isso, a progressiva autonomia das colónias e a constituição de 
uma federação de estadosque salvaguardasse os interesses portugueses. 
A aposta no federalismo, que foi partilhada por muitos elementos da oposição, 
teve também defensores nas altas esferas do Governo e das Forças Armadas que, 
no entanto, não conseguiram demover Salazar do seu propósito de manter into­
cado o velho Império Português. Face aos primeiros

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