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LINFONODOMEGALIAS CONCEITO • Aumento do linfonodo, podendo ser generalizado ou restrito a uma determinada cadeia. As causas de adenopatia são as mais variadas e serão descritas adiante. A maioria das linfadenopatias ocorre em reação a infecção (linfadenopatia reativa), ou seja, é benigna e não necessita de biópsia. ANATOMIA DO LINFONODO • O linfonodo possui uma estrutura macia, oval, relativamente pequena (menos de 3cm de diâmetro), com uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso, geralmente envolvida por tecido adiposo. • Superfície convexa – vasos linfáticos aferentes dotados de valvas. • Superfície côncava – hilo: artérias, veias, vasos linfáticos eferentes, com valvas que impedem o refluxo da linfa para o nodo. HISTOLOGIA DO LINFONODO • O linfonodo é dividido em: o Córtex: local onde se encontram os linfócitos B. o Paracórtex: local onde se encontram os linfócitos T. o Medula: local onde se encontra linfócitos, plasmócitos e macrófagos emaranhados em células reticulares. LINFONODOS IMPORTANTES • Linfadenopatia epitroclear (nódulos > 5m) é patológico e geralmente sugestivo de linfoma ou melanoma. • Linfonodos axilares aumentados, principalmente em mulheres, temos que pensar em CA de mamas. CAUSAS DE LINFADENOPATIAS • Cânceres (linfomas, leucemias, neoplasias não hematológicas). • Hipersensibilidade. • Infecção. • Colagenoses e outras doenças infecciosas. • Atyplical lymphoproliferative disorders (doenças linfoproliferativas atípicas). • Granulomatosus lesions (lesões granulomatosas). • Outras. COMO DESCREVER UM LINFONODO PALPÁVEL • Localização: cervical anterior, posterior, inguinal, etc. não esquecer o lado (direito ou esquerdo). • Tempo de evolução: aguda (dias), subaguda (semanas) e crônica (meses). • Tamanho: tente estimar o tamanho em cm. • Consistência: mole, firme, elástico, duro. • Mobilidade: móvel ou imóvel. • Dor: dor, indica crescimento rápido com distensão capsular. Normalmente causas infecciosas ou inflamatórias. • Presença de fístula cutânea: saída de material caseoso ou purulento e típica de Tuberculose, outro exemplo importante no nosso meio é paracoccidioidomicose. INVESTIGAÇÃO • Idade do paciente: o Crianças: cerca de metade das crianças saudáveis apresentam alguma cadeia palpável. Geralmente tem etiologia benigna ou infecciosa. o Adultos: atentar para a duração e excluir malignidade. • Duração da linfadenopatia: o Até 2 semanas ou > 12 meses sem mudança de tamanho sugerem baixa probabilidade de malignidade. • Exposições: o Ambiental, viagens, animais, uso crônico de medicações, estado de imunização, exposição a infecções, tabaco, história ocupacional (mineração), exposição sexual, história familiar. • Sintomas associados: o Revisão completa dos sistemas, artralgia e erupção cutânea sugerem uma etiologia autoimune, sintomas sistêmicos como febre, calafrios, fadiga, sugerindo etiologia infecciosa, perda de peso inexplicável, podendo sugerir neoplasia. CAUSAS NEOPLÁSICAS • Podem ser acometidos por 3 causas principais: o Neoplasias primárias de linfócitos (Linfomas). Tem origem no próprio linfonodo ou em outras estruturas do sistema linfoide, como o baço. o Deposição de células sanguíneas originadas na medula óssea, em paciente com LEUCEMIA. o Deposição de células provenientes de neoplasias não hematológicas, que chegam ao linfonodo através da circulação sanguínea ou linfática e se instalam. • OBS: na maioria dos casos, a adenopatia de causa neoplásica é indolor, não sendo percebida pelo paciente. • Linfomas: é uma linfoadenomegalia não dolorosa (cervical e supraclavicular). Os sintomas B incluem febre > 38°C, sudorese noturna, diminuição de > 10% do peso em 6 meses. INDICAÇÕES PARA BIÓPSIA DO LINFONODO • Tamanho: maior que 2cm (ou volume > 1,5 x 1,5cm). • Localização supraclavicular e escalênica. • Persistência por mais de 4 a 6 semanas. • Crescimento progressivo. • Aderência a planos profundos. CAUSAS NEOPLÁSICAS – LINFOMA DE HODGKIN • Caracterizado pelas células de Reed-Stemberg. • Linfonodos mais acometidos são os cervicais e supraclaviculares. • Doença segue um padrão de disseminação descendente (acometimento do mediastino também e frequente). • Baço está acometido em 36% dos casos. • Prurido é comum. • Subtipos clássicos: o Mais comum é o Esclerose Nodular (56%). o Mais comum no HIV é o Celularidade Mista. o Melhor prognóstico é o rico em linfócitos. o Pior prognóstico é o depleção linfocitária. • A doença é altamente curável, mesmo em estágio avançado. Feito normalmente com QT e RT. O transplante de medula óssea é reservado para as recidivas. • São células gigantes, multinucleadas, encontradas no linfoma de Hodgkin mergulhadas em um infiltrado inflamatório. O formato característico de seu núcleo bilobado confere à estas células a aparência de olhos de coruja. CAUSAS NEOPLÁSICAS – LINFOMA NÃO HODGKIN (LNH) • Grande maioria de linfócitos B. • 75% têm seu sítio primário no linfonodo. • O acometimento extranodal mais frequente é a medula óssea. São mais comuns. • População em geral: difuso de grandes células B e Folicular de células B. • Crianças: linfoblástico pré T e Burkitt. • HIV: imunoblástico e Burkitt. • Os LNH podem ser divididos em indolentes, agressivos e muito agressivos. O diagnóstico e a classificação são sempre dados pela biópsia. CAUSAS INFECCIOSAS – SÍNDROME MONONUCLEOSE OU SÍNDROME MONONUCLEOSE - LIKE • Linfadenopatia generalizada de caráter agudo ou subagudo com as seguintes alterações: o Febre/Cefaléia. o Mialgia/Exantema máculo-papular. o Faringite/amigdalite. o Hepatomegalia. o Esplenomegalia. o ALT aumentada. o Adenomegalia. o Linfocitose com atipias linfocitária. • A mononucleose pode-se desenvolver pela infecção pelo EBV, infecção pelo citomegalovírus, toxoplasmose, sífilis, infecção aguda pelo HIV ou forma aguda da Doença de Chagas. MONONUCLEOSE INFECCIOSA – “DOENÇA DO BEIJO” • Agente etiológico: Epstein-Barr vírus (Herpes vírus). Responsável por 90% dos casos de S. mononucleose ou “mono like”. A transmissão é pelo contato com saliva infectada – “doença do beijo”. O período de incubação é de 4 – 6 semanas. Comum em crianças, adolescentes e adultos jovens. • O quadro clínico é composto por febre (93%), adenopatia generalizada com predomínio cervical (95%), esplenomegalia a partir da 2ª semana, exantema é raro, porém se torna comum (90%) quando recebe amoxicilina, e faringite dolorosa. • Laboratório: o Hemograma: normalmente sem anemia, com leucócitos normal ou pouco aumentados com linfocitose relativa e presença de linfócitos atípicos. Plaquetas: trombocitopenia leve e transitória. o Função hepática: elevação das transaminases (ALT e AST) e canaliculares (GGT e FA). • O diagnóstico é feito através da pesquisa de anticorpos heterofilos. Na primoinfecção é comum a elevação de anticorpos IgG e IgM que são anticorpos heterofilos. Ou pesquisa de anticorpos específicos que é o Anti-VCA (anticapsídeo) e Anti-EBNA (antígeno nuclear). A cultura viral é demorada e pouco prática, não sendo realizada de rotina. • As complicações são: o Hematológicas: trombocitopenia autoimune (50%) e anemia hemolítica autoimune. o Cardíacas: ECG com alterações de repolarização (8%), costumam regredir em 3 meses. o Neurológicas: síndrome de Guillan-Barré. • O tratamento é prescrição sintomática, repouso e corticoides (em casos graves). Ressalta-se que antivirais não são indicados. MONONUCLEOSE INFECCIOSA - CITOMEGALOVÍRUS • Segundo agente mais comum da síndrome de mononucleose. A transmissão é pelo contato com leite materno, saliva, fezes e urina. • O quadro clínico é composto por infecções congênitas que podem ser ausentes ou graves. Crianças e adultos geralmente são assintomáticos, mas pode haver febre, mialgia. Adenopatia e faringite são menos frequentes.• Imunocomprometidos podem apresentar febre, mialgia. Podem evoluírem com infecção grave, retinite, pneumonite, úlcera em trato digestivo, encefalite. Na retinite, a fundoscopia clássica do queijo-com-ketchup. • O tratamento é realizado em casos graves em imunodeprimidos com Ganciclovir 5mg/kg de 12/12 horas por 21 dias. MONONUCLEOSE INFECCIOSA - TOXOPLASMOSE • Terceiro agente mais comum das síndromes mono-like. A contaminação é feita pela ingesta de vegetais contaminados com oocistos do parasita, que são eliminados nas fezes dos felinos (gatos) contaminados, ingestão de carne de animais infectados, contendo pseudocistos; hemotransfusão, transplante de órgãos e congênita (rara). • O parasita invade diversos tecidos, sendo contido pelo sistema imune. Em indivíduos com algum tipo de imunodepressão, os parasitas voltam a se multiplicar rapidamente. • O quadro clínico: 2/3 dos pacientes apresentam-se assintomáticos. As formas mais sintomáticas costuma durar entre 2 e 4 semanas com febre, faringite dolorosa, adenopatia generalizada com predomínio cervical, hepatoesplenomegalia, exantema é visto em 10 a 20% dos casos. Pode ter apresentação atípica (pneumonia, encefalite e coriorretinite). • O diagnóstico é feito através dos anticorpos: o IgM + e IgG + → infecção recente ou aguda. o IgM + e IgG - → infecção aguda. o IgM- e IgG - → paciente susceptível. o IgM – e IgG + → infecção crônica/ imunidade. • O tratamento é feito com Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido folínico durante 4 e 8 semanas. Esse tratamento é reservado para algumas situações clínicas como pacientes com quadro grave ou persistente, acometimento de órgãos nobres (coriorretinite, encefalite), imunodeprimidos e na gestação. O esquema de tratamento na gestação segue o quadro abaixo. MONONUCLEOSE INFECCIOSA – SÍFILIS • É uma doença infecciosa sistêmica, com evolução crônica. O agente etiológico é o Treponema pallidum que é uma bactéria Gram negativa espiroqueta. É um agente com alta patogenicidade e exclusiva do ser humano. Existe tratamento para cura. • A sífilis é classificada em: o Recente: menos de um ano de evolução. ▪ Primária; ▪ Secundária; ▪ Latente precoce; o Tardia: mais de um ano de evolução. ▪ Latente tardia. ▪ Terciária. • O diagnóstico é feito através de exames sorológicos que são divididos em dois tipos: o Testes treponêmicos (específicos): TPHA – Treponema Pallidum Hemaglutination; e ELISA – Enzyme Linked Immunosorbent Assay. o Testes não treponêmicos: VDRL – Veneral Diseases Research Laboratory. • O tratamento é realizado de acordo com o estágio da doença. o Sífilis primária, secundária e latente recente: Penicilina G Benzatina 2.400.000UI – IM, DU, (1.200.000UI em cada glúteo). Paciente alérgico a penicilina faz Doxiciclina 100mg, VO, 12/12 horas por 15 dias. o Sífilis latente tardia (mais de 1 ano) e terciária: .Penicilina G Benzatina 7.200.000UI – IM profundo, sendo 1.200.000UI em cada glúteo, a cada 7 dias (3 semanas). Pacientes alérgicos, faz Doxiciclina 100mg, VO, 12/12 horas por 30 dias. • Como na sífilis latente não há sinais/sintomas, se não for possível identificar se a infecção tem menos ou mais de 1 ano devemos tratar como latente tardia, isto é 7.200.000UI. • Na gestação, tratamento não penicilínicos são inadequados e só devem ser considerados como opção nas contraindicações absolutas ao uso de penicilina. Para as gestantes comprovadamente alérgicas à penicilina, recomenda-se a dessensibilização, em serviço terciário, de acordo com protocolos existentes. O tratamento para gestante é considerado adequado quando instituído até 30 dias antes do parto, com tratamento do parceiro e realização da dessensibilização em casos alérgicos. E considerado inadequado quando o tratamento é realizado com qualquer medicamento que não seja a penicilina; ou tratamento incompleto, mesmo tendo sido feito com penicilina; ou tratamento inadequado para a fase clínica da doença; ou instituição de tratamento dentro dos 30 dias que antecedem o parto;
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