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DISTÚRBIOS DA PUBERDADE: ATRASO PUBERAL • É a ausência da característica puberal numa idade > +2 DP. Para meninas > 13 anos e para meninos > 14 anos. Além disso, quando a paciente entra na puberdade, mas sem menstruar com uma idade > 15 – 16 anos. • Classificação: o Hipogonadismo hipogonadotrófico: quando temos LH e FSH baixos. Problema central. o Hipogonadismo hipergonadotrófico: quando temos LH e FSH altos. Problema periférico. HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO • Etiologias adquiridas: o Tumores: craniofaringeoma. o Processos infiltrativos: histiocitose, granulomatose, sarcoidose, hemocromatose. o Lesões e infecções no SNC. o Neurocirurgia e radioterapia. o Endocrinopatias: prolactinoma, síndrome de Cushing, hipotireoidismo. o Doenças crônicas (funcional): celíaca, IRC, desnutrição (anorexia). • Etiologias congênitas: o Deficiência de GnRH: com hipo/anosmia (síndrome de Kallmann), sem anosmia (GnRH1, GnRHR, KiSS1, KiSS1R, TAC3, TACR3). o Deficiência isolada de LH ou FSH. o Deficiência de leptina. o Pan-hipopituitarismo: parcial ou completo. o Associado de síndromes: Prader-Willi, Laurence-Moon, Bardet-Bield. HIPOGONADISMO HIPERGONADOTRÓFICO • Etiologias: o Gônadas: doenças, cirurgias, traumas. o Alterações gênicas: mutações dos receptores LH, FSH, AR. o Alterações cromossômicas: sexo feminino (síndrome de Turner 45, X) e sexo masculino (síndrome de Klinefelter 47, XXY). DIAGNÓSTICO DO ATRASO PUBERAL • História médica completa: doenças crônicas, autoimunes, endócrinas, hipertensão intracraniana. • Estilo de vida: exercícios (o excesso pode causar), nutrição, desenvolvimento DNPM. • Dados de nascimento: icterícia, hipoglicemia. • Padrão de crescimento. • Antecedentes patológicos: SNC, TCE, RT, QT, cirurgias. • Antecedentes familiares: crescimento/puberdade, menarca, anosmia, infertilidade. • No exame físico devemos conferir o estadiamento puberal, se tem características fenotípicas (Síndrome de Turner/Síndrome de Klinefelter). Procurar por cicatriz cirúrgica. Checar o genital externo (criptorquidia, micropênis), ginecomastia, sinais de doenças adquiridas, anosmia e hiposmia. • Testes olfatórios: usa-se o da Universidade da Pensilvânia, identificação de figuras, memória olfativa, limiar olfatório. • Investigação do cariótipo para avaliar hipogonadismo hipergonadotrófico e quando tem presença de fenótipo dismórfico (Síndrome de Turner 45, X ou Síndrome de Klinefelter 47, XXY). CASOS CLÍNICOS PARA ESTUDO CASO CLÍNICO 1 • José da Silva, 16 anos, branco, estudante, procedente e residente de Araguari. Levado à consulta pelo pai devido à queixa de ginecomastia. • HMA: pai observou aumento das mamas, bilateralmente, há alguns anos. • José nasceu de parto cesárea e a termo. Foi realizada correção cirúrgica de criptorquidia à esquerda aos 3 anos de idade. Independente dos bons hábitos familiares com alimentação e atividade física, paciente relata que mantém vida sedentária e não tem interesse por atividades sociais comuns para a idade. Tem dislexia. Relata cefaleia leve quando joga Playstation ou quando está no computador durante muito tempo. Nega uso de drogas ilícitas, tabaco e álcool. Não há casos de obesidade na família. • BEG, LOTE, AAA, ausência de pelos faciais e torácicos, presença de ginecomastia bilateral e indolor (Tanner M4), tireoide normal, ACV normal, AR normal, AA normal. • Estatura atual: 189cm, alvo genético 167 cm, segmento inferior 115cm, envergadura 199cm, peso 90kg, PA 120/70mmHg, gônadas (testículos pequenos e endurecidos com volume de 2,5cm3), pênis estirado 5cm, pilificação (Tanner P4). • Exames complementares: o FSH: 35mUI/ml (VR: até 10). o LH: 21mUI/ml (VR: até 15). o Testosterona total: 86ng/ml (VR: de 220 a 827ng/ml). 1- Qual o provável diagnóstico? Por quê? • Atraso puberal permanente → hipogonadismo hipergonadotrófico permanente devido a Síndrome de Klinefelter. Sinais clínicos apresentados. 2- Qual exame poderia confirmar o diagnóstico? • Cariótipo. 3- Qual seria o resultado mais frequentemente observado no exame confirmatório? • 47, XXY. 4- Qual é o tratamento recomendado para essa doença? • Acompanhamento pelo resto da vida, induzir a puberdade com reposição de testosterona injetável. 5- Após o diagnóstico, quais sinais clínicos e/ou outras doenças poderiam estar associados? • Ginecomastia, pênis reduzido, testículos reduzidos, doenças autoimunes, valores de FSH e LH e testosterona. CASO CLÍNICO 2 • NFR, sexo feminino, 5 anos e 6 meses, leucoderma, mudança progressiva no canal de crescimento (até os 4 anos, estava no escore z 0,5). Apresentava, ainda, desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, com aparecimento de mama há 1 ano, menarca há seis meses (ciclos irregulares) e ausência de pubarca. Relatava também pele ressecada, constipação intestinal, dificuldade de concentração com queda no rendimento escolar. Alimentação adequada. • Exame físico: estatura 105cm, IMC escore z +1,9, estatura alvo +0,5, desenvolvimento puberal M4P1, galactorréia ausente, tireoide não palpável, exame neurológico (lentificação de reflexos patelar e aquileu, sem outras alterações). • Apresentação dos exames: o FSH (RIE): 7,1mUI/ml (VR: 8 – 22). o LH: 1,0mUI/ml (VR: 18,4 – 61,2). o S-DHEA: < 30mcg/dl (VR: 36 – 430). o 17a-hidroxiprogesterona: 35ng/dl (VR: pré-puberal < 200). o Prolactina: 84,5ng/ml (VR: 4 – 26). o Cortisol basal: 18,1mcg/dl (VR: 5 – 25). o TSH: 1376,9mcUI/ml (VR: 0,3 – 5,0). o T4 livre: 0,10ng/dl (VR: 0,75 – 1,80). o RX idade óssea: 5 anos (compatível com a cronológica). 1- Qual é a hipótese diagnóstica para o padrão de crescimento e de puberdade da criança? • Hipotireoidismo primário grave. Esse TSH ocupa receptor de LH e FSH. Puberdade precoce periférica. É a única exceção da puberdade precoce sem a tríade. 2- Qual é a denominação da síndrome que descreve o que está acontecendo com esta criança? • Síndrome é caracterizada pela presença da telarca precoce, menarca precoce, TSH alto. O tratamento é tratar o hipotireoidismo.
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