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DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA - DESNUTRIÇÃO PROTEICO-ENERGÉTICA

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DISTÚRBIOS NUTRICIONAIS NA INFÂNCIA: DESNUTRIÇÃO PROTEICO-ENERGÉTICA 
INTRODUÇÃO 
• Conjunto de condições patológicas que resulta da deficiência concomitante de calorias e de proteínas. Esse 
fator provoca desequilíbrio entre suprimento e demanda de energia no organismo. A frequência é maior 
em lactentes e pré-escolares, geralmente associada a infecções repetidas e a outros déficits nutricionais. 
• A desnutrição é uma doença social, porque está associada às precárias condições socioeconômicas, 
sanitárias e ambientais. É determinada pelo modelo de desenvolvimento econômico, político, social e 
cultural de um país. Apesar da prevalência ter reduzido no Brasil, nas duas últimas décadas, continua 
sendo um sério problema de saúde pública em áreas rurais e regiões mais pobres. 
• Atualmente, o predomínio de formas leves e moderadas da doença, que, por se manifestarem apenas por 
déficit de peso e/ou altura, são menos diagnosticadas e valorizadas. 
• A diminuição do peso é uma das resposta iniciais à carência proteico-energética. Após isso, desencadeia-
se respostas adaptativas com alterações no metabolismo. Seguem-se a desaceleração do crescimento, as 
alterações hormonais, enzimáticas e da resposta imunológica. 
SITUAÇÕES DE RISCO PARA DESNUTRIÇÃO 
• Privação socioeconômica. 
• Desnutrição materna. 
• Desmame precoce. 
• Baixo peso ao nascer. 
• Gemelaridade. 
• Internações hospitalares repetidas. 
• Outros casos de desnutrição na família. 
• Irmão falecido antes de 5 anos de idade. 
• Fraco vínculo mãe-filho. 
• História de maus-tratos na família. 
• Episódios repetidos de diarreia nos primeiros 
meses de vida. 
• Ganho de peso inferior a 250g por mês no 
segundo trimestre. Ganho de peso inferior a 
500g por mês no primeiro trimestre. 
• Baixa escolaridade materna. 
IDENTIFICAÇÃO/CLASSIFICAÇÃO 
• Usamos os indicadores: peso para a idade (P/I), altura para a idade (A/I) e peso para altura (P/A). 
• Desnutrido atual/agudo: paciente com comprometimento do peso, porém com estatura normal. Esse dado 
indica a presença de deficiência nutricional recente, uma vez que não houve alteração na estatura da 
criança. 
• Desnutrido pregresso: paciente apresenta comprometimento da estatura, mas possui atualmente o peso 
adequado para a estatura. Esse dado indica que a criança foi desnutrida, mas recuperou sua estatura. Em 
saúde pública, essa classificação reflete a presença de desnutrição intrauterina ou presença de desnutrição 
crônica. 
• Desnutrido crônico ou evolutivo: paciente apresenta baixo peso e baixa estatura. Esses indicam que a 
criança apresenta características da desnutrição pregressa e crônica. 
 
ETIOPATOGENIA 
• Desnutrição primária: diminuição da oferta de alimentos. 
• Desnutrição secundária: situações em que a ingestão, absorção ou utilização de nutrientes ocorrem de 
maneira insatisfatória, apesar de haver disponibilidade e oferta de alimentos. Algumas causas são 
obstruções mecânicas do tubo digestivo, estados hipercatabólicos, parasitoses intestinais, déficits 
enzimáticos ou alterações psíquicas. 
• Mista: decorrente da ação concomitante dos dois processos, uma vez que a desnutrição primária acaba por 
desencadear uma série de alterações que impedem a ingestão e o aproveitamento do pouco alimento 
disponível, com o estabelecimento de um círculo vicioso e comprometimento progressivo da saúde do 
indivíduo. 
DESNUTRIÇÃO PRIMÁRIA - PROVA 
• É causada pela ingestão inadequada de nutrientes. Apresenta-se de duas formas clínicas: 
o Marasmo: paciente com restrição crônica e 
severa de calorias globais, apresenta perda 
de gordura e massa muscular, hipotrofia 
severa, face simiesca e deficiências de 
micronutrientes (vitamina A e D). 
Algumas complicações muito comuns são: 
diarreia, infecção respiratória, parasitoses, 
tuberculose, mais ansioso do que apático. 
o Kwashiorkor: paciente com acentuada 
limitação na ingestão de proteínas, com 
retardo no crescimento, edema depressível, 
“face de lua”, hepatomegalia, alterações 
mentais e do humor. Apresenta lesões de 
cabelo (despigmentações), lesões de pele 
(dermatoses descamativas), anorexia, 
diarreia, deficiências de micronutrientes. 
 
DIAGNÓSTICO 
• Anamnese deve ser bem coletada e o exame físico bem realizado. Devemos determinar a gravidade da 
desnutrição, usando o IMC, medidas de albumina sérica, contagem total de linfócitos, linfócitos CD4+ e 
transferrina sérica. 
• As classificações antropométricas mais utilizadas e que se mantem ao longo do tempo são: 
 
o Gomez: é usada em crianças menores de 2 
anos. Nessa faixa etária, o peso é o 
parâmetro que tem maior velocidade de 
crescimento, variando mais em função da 
idade do que do comprimento da criança, o 
que o torna mais sensível aos agravos 
nutricionais, sendo o primeiro a modificar-
se nestas circunstâncias. 
 
o Waterlow (1973): índices de estatura/idade (E/I) e peso/estatura (P/E). Usado em crianças de 2 a 10 
anos de idade que apresentem crescimento mais lento e constante. Agravos nutricionais serão melhor 
avaliados pela relação E/I, seguida de P/E. 
 
o Classificação da OMS: 
 
 
TRATAMENTO DA DESNUTRIÇÃO 
• Fase I: tratar ou prevenir a hipoglicemia e hipotermia (glicemia < 54mg/dl e temperatura axilar < 35°C); 
Tratar ou prevenir a desidratação/choque e restaurar o equilíbrio eletrolítico. Administra-se por via SRO 
– 1 pacote/2L de água + 50g sacarose. 
• Fase I e II: começar a alimentar a criança com restrição de proteínas, gordura e sódio, além de ricos em 
carboidratos, potássio e magnésio em pequenos volumes e frequentemente. As proteínas têm de ter alto 
valor biológico (1 a 2g/kg/dia) e as calorias devem girar em torno de 80 a 100 cal/kg/dia. Se necessário, a 
alimentação pode ser feita por SNG. Além disso, devemos tratar infecções, hipovitaminoses, anemia 
severa, ICC e possíveis dermatoses. 
• Fase II: aumentar a alimentação para recuperar o peso perdido (crescimento rápido), calorias devem passar 
para 150 a 200 cal/kg/dia, proteínas 3 a 4g/kg/dia e devemos estimular o desenvolvimento emocional e 
sensorial.

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