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ESP. JULIANA SPADOTO
Comunicação 
Empresarial
SUMÁRIO
aula 01
Introdução à Língua Portuguesa e à Comunicação 4
aula 02
Linguagem e Comunicação 15
aula 03
Tipos de linguagem e Variações Linguísticas 25
aula 04
Linguagem Corporal e Expressão Oral 36
aula 05
Texto e Contexto 45
aula 06
Tipologia Textual 52
aula 07
A Dissertação argumentativa 62
aula 08
Informação na Era Digital 70
aula 09
Coesão e Coerência 79
aula 10
Elementos Coesivos 88
aula 11
Vícios de Linguagem 97
aula 12
A Redação Técnica 103
aula 13
A Técnica do Resumo 113
aula 14
O Novo Acordo Ortográfico 122
aula 15
Inadequações entre fala e escrita 129
aula 16
Erros comuns da Língua Portuguesa 137
Conclusão 144
Referências 148
3
INTRODUÇÃO
Olá, estimado(a) aluno(a)! Vamos iniciar a disciplina de Comunicação 
Empresarial, e tenho certeza que você vai se surpreender com como 
é bom rever língua portuguesa, comunicação e gramática com outro 
olhar! 
Muitos graduandos se perguntam: “Por que tenho que estudar co-
municação ou língua portuguesa se não serei professor ou profissio-
nal de línguas ou pedagogia?” Ora, é preciso ter consciência, como 
indivíduos que necessitam afinar a comunicação para o sucesso tan-
to pessoal quanto acadêmico e profissional, que a comunicação é 
o nosso cartão de visitas! O tratamento dado à língua enfatiza seu 
conhecimento de mundo e suas diferentes formas de interagir. Já é 
sabido que as modalidades oral e escrita, ou formal e informal, são 
práticas inerentes à língua; elas se complementam, e não andam se-
paradas. O jeito que você as usa é que dá status a cada uma delas, 
conferindo-lhes poder de expressão e de convencimento em dada 
circunstância.
Espero que você faça bom uso deste material. Aproveite o momento 
para refletir sobre o jeito como você se comunica e para se conscien-
tizar da importância da leitura, além de sanar eventuais dúvidas acu-
muladas ao longo do tempo.
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra. Linguagem e reali-
dade se prendem dinamicamente” - Paulo Freire, educador, pedago-
go e filósofo brasileiro
Profª. Juliana Spadoto
juliana.spadoto@uca.edu.br
AULA 01 
INTRODUÇÃO À 
LÍNGUA PORTUGUESA 
E À COMUNICAÇÃO
5
“Na vida dos indivíduos e da sociedade, a linguagem é um fator 
de importância maior do que qualquer outro.” - Ferdinand de 
Saussure, linguista e filósofo suíço.
Olá, estimado(a)!
A partir de agora, daremos início à disciplina de Comunicação em Língua Portuguesa 
e, para tanto, vamos começar refletindo sobre duas questões das quais não poderemos 
esquecer ao longo do curso: 
 • Por que dar tanta importância ao uso correto da língua portuguesa, mesmo que 
eu não vá ser um profissional de línguas? 
 • Por que, mesmo com toda a tecnologia existente, quando tudo parece ser imedia-
to e descartável, há tanta preocupação em escrever bem?
Primeiro: imagine que você vai ao médico e ele te receba falando erros graves, gírias 
ou de maneira muito informal: “E aí, cara, qualé o pobrema?” – qual seria o seu grau 
de confiança nesse profissional?
Segundo: em vestibulares, concursos e testes de emprego, a redação pode ser usada 
como fator de eliminação. Por meio dela, as instituições têm um indicador mais concre-
to da formação do aluno, e em alguns casos o que se avalia não é nem tanto o conteúdo 
ou o número de acertos, mas quanto o candidato conhece do seu próprio idioma.
Dominar a arte do bom uso do idioma, no nosso caso a língua portuguesa, é um traba-
lho que exige dedicação. Não existem fórmulas mágicas: a prática contínua e a reflexão, 
aliada à leitura de bons autores, são indispensáveis para a boa comunicação nos vários 
meios pelos quais a gente transita.
6
BREVE HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
“Minha pátria é a língua portuguesa.” - Fernando Pessoa
Há quem diga que uma pessoa inteligente não é aquela que sabe tudo sobre um assun-
to, e sim aquela que sabe um pouco de cada assunto. Você concorda?
Seja qual for sua opinião, não podemos negar que um aluno ou profissional que se 
expressa bem – ou pelo menos não comete erros crassos na hora de falar e escrever – 
causa uma boa impressão, além de ser uma pessoa muito mais agradável e articulada 
nos meios sociais. E se expressar bem implicar saber ler, pensar e buscar informações 
variadas.
Por isso, que tal saber um pouco mais sobre a história da língua portuguesa, chama-
da pelo poeta Olavo Bilac (1865-1918) de “a última flor do Lácio, inculta e bela?”
ANOTE ISSO
Lácio é uma região na Itália onde 
se falava latim. Muitas línguas de-
rivaram do latim, como francês, 
espanhol e italiano. A última delas 
foi o português, por isso a língua 
portuguesa foi denominada pelo 
poeta brasileiro Olavo Bilac de “úl-
tima flor do Lácio”, ou seja, o últi-
mo idioma que nasceu do latim. E “inculta” porque é uma variação do latim 
vulgar - não clássico - falado na época.
Foto: http://caiohostilio.com/
O português é resultado da transformação do latim vulgar (uma das variantes da lín-
gua romana) e do galego (falado na província da Galícia - hoje em território espanhol). 
Essas línguas sofreram muitas transformações ao longo do tempo, e só no século XIII 
foi publicado o primeiro texto mais próximo do que hoje consideramos a língua por-
tuguesa. 
Na história da humanidade, os colonizadores geralmente utilizavam a própria lińgua 
como instrumento de dominação. Segundo Terciotti (2016), 
Os romanos, por exemplo, sempre que dominavam uma nova região, 
impunham sua lińgua — o latim vulgar, falado pelo povo e pelos solda-
dos — e, por meio das academias militares e escolas, procuravam fazer 
que o povo dominado adotasse o latim vulgar como lińgua oficial. No 
entanto, com esse contato, as duas lińguas sofriam modificações (...). 
Isso levou à formação de uma terceira lińgua que, com o fim do Im-
pério Romano, acabou por tornar-se autônoma e independente. 
Veja algumas palavras em diferentes idiomas que vieram do latim:
7
Latim Português Italiano Francês Romeno Castelhano
aquam água acqua eau apa aguá
legem lei legge loi lege ley
populum povo populo peuple popor pueblo
noctem noite notte nuit noopte noche
salem sal sale sel sare sal
Fonte: arquivo pessoal
Mas por que, apesar de derivarem do latim, as lińguas neolatinas (português, espanhol, 
galego, italiano, francês e romeno) são tão diferentes entre si? Isso se dá ao fato de o 
latim ter se modificado durante o periódo de dominação do Império Romano, fazendo 
que o latim vulgar imposto aos povos da primeira região colonizada fosse muito diferen-
te da lińgua imposta aos povos da última região colonizada e - e com o português não 
foi diferente. 
Ao longo dos séculos, o idioma falado no Brasil (após a colonização) sofreu ainda 
várias influências, como as dos povos indígenas que aqui estavam e dos africanos, trazi-
dos como escravos. Mas imagine que quando o Brasil foi descoberto pelos portugueses, 
havia mais de 1.000 línguas no país, faladas por índios de diversas etnias. Para estabe-
lecer uma comunicação com os nativos, os portugueses foram aprendendo os dialetos 
e idiomas indígenas. (TERSARIOL, 1970).
A partir da segunda metade do século XVIII o portu-
guês começa a predominar em relação à língua dos 
indígenas e dos africanos, e o crescente número de 
falantes do português começa a tornar o bilinguis-
mo das famílias portuguesas no país cada vez me-
nor. Em 17 de agosto de 1758, a língua portuguesa 
se torna idioma oficial do Brasil por meio de um 
decreto do Marquês de Pombal, e no ano seguinte, 
os jesuítas, que haviam catequizado os índios e pro-
duzido literatura em língua indígena, foram expul-
sos do país por Pombal. 
Diplomata Sebastião José de Carvalho e Melo, o 
Marquês de Pombal
A essa altura, o português já havia tido a evolução natural que sofre toda língua no de-
correr do tempo e apresentava peculiaridades em sua fala, como a generalização do uso 
da forma de tratamento que até hoje se mantém no Brasil, mas que em Portugal era 
empregadaapenas familiarmente: o “você”, redução de “vosmecê”, que por sua vez vem 
de “vossa mercê”. 
Sobre o multiculturalismo responsável pelas transformações no português, Câmara 
Jr. (1979) diz:
Após a independência do Brasil, o tráfico de escravos diminui até ces-
sar por volta de 1850. Novos imigrantes europeus tais como alemães e 
italianos chegaram ao país. O novo contato do português brasileiro 
com outras línguas foi um dos fatores que gerou as diversas varie-
dades regionais existentes hoje no Brasil. A discussão sobre as dis-
8
tinções entre a fala de Portugal e a do Brasil se mantêm até hoje. O 
brasileiro incorporou empréstimos de termos não só das línguas indí-
genas e africanas, mas do francês, do espanhol, do italiano e mais re-
centemente do inglês, devido ao avanço das tecnologias, computação 
e cultura. (grifo nosso).
A Língua Portuguesa no mundo hoje
Sabia que aqueles que falam a língua portuguesa são chamados de “lusófonos” (luso = 
de Portugal; “fono” = fala)? E que 250 milhões de pessoas falam o idioma português hoje 
no mundo? 
Na verdade, segundo dados do Governo do Brasil (2012), o português é a oitava lín-
gua mais falada no mundo e a terceira entre os países ocidentais, atrás apenas do inglês 
e do espanhol. Cerca de 250 milhões de pessoas se comunicam por meio deste idioma, 
adotado oficialmente em oito países:
Angola, Moçambique, 
Brasil, Portugal, 
Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e 
Guiné Bissau, Timor Leste - além de Macau. 
Além disso, o português é uma das línguas oficiais da União Europeia desde que Portu-
gal passou a integrar o grupo, em 1986.
ISTO ESTÁ NA REDE
Assista a uma videoaula sobre a influência da língua portuguesa 
sobre outros idiomas e sua importância no mundo:
https://www.youtube.com/watch?v=o9RotGIEvXk
Embora predominante, o português falado no Brasil varia conforme a região e a locali-
dade, e prova disso são os diferentes sotaques encontrados no nosso país. Outro aspecto 
relevante é que, embora a língua portuguesa seja a oficial, ela não é a úni-
ca: pesquisadores calculam que, além dela, ainda existam pelo menos 
180 línguas indígenas no Brasil. A elas se somam as línguas alócto-
nes (de descendentes de imigrantes), línguas crioulas, práticas 
linguísticas diferenciadas dos quilombos e a língua brasileira 
de sinais (Libras). Ou seja, vendo por essa perspectiva, o Brasil 
pode ser considerado um país multilíngue!
Nos últimos anos, ações no campo das políticas públicas 
procuraram resgatar e preservar essas línguas. Na educação, 
a implementação da educação escolar indígena bilíngue 
tem colaborado para a preservação de línguas indígenas. 
Outra iniciativa relevante foi a inclusão, no Censo Populacio-
nal, de uma pergunta para identificar a língua falada pelas pes-
soas que se autodeclaram indígenas. Tudo isso serve para que a 
população não perca suas raízes
Fonte: arq
uivo pess
oal
9
Uma medida visando à preservação e unificação do português que causou e ainda cau-
sa polêmica foi o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que prevê a padronização 
da escrita entre os oito países que têm a língua portuguesa como oficial e integram a 
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), com o objetivo de ampliar o inter-
câmbio cultural e científico. Você já a estudou? Está por dentro das novas regras? Pois 
adiante teremos uma aula explicando as mudanças na ortografia depois de firmado o 
acordo em 2009 e o fim do seu período de adaptação em 2014.
ISTO ESTÁ NA REDE
Todos os sotaques da língua portuguesa
Sabia que existe o Dia Internacional da Língua Portuguesa? É dia 5 de maio, 
comemorado anualmente entre os países lusófonos. A data celebra a im-
portância cultural e histórica da língua portuguesa para toda a Comunidade 
de Países de Língua Portuguesa, e em 2018, a fim de celebrar o dia, o diretor 
Miguel Gonçalves Mendes produziu o vídeo “Sotaques” a partir da leitura do 
livro infantil de Valter Hugo Mãe “O paraíso são os outros”. 
Nele, percebemos a beleza dos vários sotaques da língua portuguesa, lem-
brando que não existe um jeito certo de se falar o português mesmo dentro 
do Brasil. Confira:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/05/05/videos/1494013953_142270.html
BREVE HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO
A marca de uma mão humana de cerca de 30 mil anos atrás, 
na parede na caverna de Chauvet-Pont-d’Arc, no sul da França. 
Alguém tentou dizer “Estive aqui!”.
Fonte: Harari, 2018.
10
Comunicação, segundo Bordenave (1996), é basicamente o ato pelo qual as pessoas se 
relacionam e transformam a si e a realidade em que vivem, e é um dos fenômenos mais 
importantes da espécie humana. Para compreendê-lo, é preciso voltar no tempo, buscar 
as origens da fala e do desenvolvimento das linguagens, além de verificar como e por 
que ele se modificou ao longo da história.
Você consegue imaginar como era a comunicação nos tempos dos homens da ca-
verna, nos primórdios da existência do homo sapiens? 
Até hoje os estudiosos buscam chegar a uma conclusão definitiva sobre como os 
homens primitivos começaram a se comunicar entre si, se foi por gritos ou grunhidos, 
por gestos ou pela combinação de ambos. De qualquer forma, para Bordenave (1996), o 
homem chegou a misturar dos sons e gestos para descrever um objeto, uma situação, 
um lugar, etc.
À medida que o homem foi combinando um som e um gesto ou um desenho para 
designar alguma coisa, surgiu a necessidade de organizar essas combinações, pois se 
usados de forma desordenada, a comunicação se tornaria difícil - e foi essa situação que 
deu origem à linguagem. 
ANOTE ISSO
Um exemplo para explicar a organização linguística é a gramática: um con-
junto de regras que organiza e relaciona os signos (sons, palavras, significa-
dos, etc.) entre si. Se não existisse essa forma organizada de expressão e 
cada um ordenasse os signos da forma que bem entendesse, poderia acon-
tecer de uma pessoa dizer: “O menino beijou a menina”, enquanto outra po-
deria dizer “Beijou menino o menina a” para falar da mesma situação. Aqui, o 
significado já não depende somente das palavras, mas sim da estrutura e da 
sequência direcionada pelas regras gramaticais.
Com o passar do tempo, a comunicação foi ganhando traços mais evoluídos e ficando 
mais clara. Os sumérios foram os primeiros a usar a escrita, conhecida como sistema 
pictográfico, que data de 8.000 anos a.C. aproximadamente. 
Tábula de argila com escrita pictográfica, a mais antiga conhecida pela humanidade. 
Fonte: https://www.estudopratico.com.br/escrita-cuneiforme/
11
A princípio, o homem contava os acontecimentos na mesma ordem em que eles acon-
teciam: um caçador descrevia sua rotina na mesma sequencia dos fatos. Quando pega-
va um instrumento usado como arma, enfrentava um animal, matava-o e comia-o, ele 
desenhava os pictogramas nessa ordem. 
ISTO ESTÁ NA REDE
Disponibilizados na Plataforma do Letramento, dois minidocumentários do 
MEC abordam a construção da escrita ao longo da história, desde os sis-
temas de escrita pictográficos egípcio, sumério e cretense, passando pelos 
ideogramas chineses e japoneses, até o primeiro alfabeto, desenvolvido pe-
los gregos por volta de 800 a.C. Vale a pena assistir! Vá lá:
http://www.plataformadoletramento.org.br/acervo-para-aprofun-
dar/348/a-construcao-da-escrita.html
Da Pré-história à História
Certamente, ao longo de suas experiências escolares e pessoais, em algum momento foi 
preciso que você traçasse mentalmente uma linha cronológica do que foi a pré-história 
e o que veio depois dela até os dias atuais. Todas as datas conhecidas sobre a evolução 
da comunicação são datas presumidas, sem muita exatidão, mas é necessário afirmar 
que ela acompanhou a evolução biológica da humanidade.
Para ficar mais fácil a nossa compreensão, fez-se a divisão da evolução em Pré-História 
e História. Inclusive, pré-história é considerada toda forma de civilização anterior à 
invenção da escrita e data aproximadamente de 500.000 a.C. Segundo Harari (2018), foi 
nessa época que surgiram osneandertais, onde hoje seriam a Europa e o Oriente Médio.
A transição da Pré-história para a História acontece no final da Idade dos Metais, que foi 
por volta de 4.000 A.C e assim denominada porque foi quando o homem começou a utilizar 
cobre, ferro e bronze no seu dia a dia. Nessa época, os egípcios criaram a escrita hieróglifa.
12
ANOTE ISSO
A história da escrita sempre despertou o fascínio dos homens. Antes que a 
tecnologia ocidental de impressão surgisse para disseminar os textos, as có-
pias manuscritas circulavam entre os poucos que decifravam seus códigos. 
Briggs e Burke (2004) contam que, nas expedições que fazia, Alexandre, o 
Grande, carregava consigo a Ilíada de Homero, um dos dois principais poe-
mas épicos da Grécia Antiga, e uma biblioteca com cerca de meio milhão de 
manuscritos foi erguida na cidade que levou seu nome, Alexandria.
PERLES, J.B. Comunicação: conceitos, fundamentos e história. Disponível 
em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/perles-joao-comunicacao-conceitos-fun-
damentos-historia.pdf. Acesso em 01 fev. 2018.
Papiro egípcio 
Fonte: pixabay.
Paralelamente à evolução da linguagem, desenvolveram-se também os meios de co-
municação. Hoje, na História Moderna - também chamada de Era Atual -, temos ar-
quivos que registram os acontecimentos. Se o surgimento da escrita marca o início da 
história, a invenção da técnica de imprimir ilustrações, símbolos e a própria escrita foi a 
possibilidade de tornar a informação acessível a um número cada vez maior de pessoas, 
mudando assim o modo de viver e de pensar de uma sociedade.
13
Em 1455, temos na invenção da imprensa um dos maiores avanços e contribuições para 
a comunicação no mundo moderno. A tipografia permitiu que os textos, antes escritos 
à mão, fossem impressos a partir da elaboração de letras móveis produzidas em cobre e 
colocadas em uma base de chumbo onde recebiam a tinta e eram prensadas no papel.
Dessa maneira, a “imprensa”, como ficou conhecida a invenção do alemão Johannes 
Gutenberg, passou a influenciar a produção e divulgação de conhecimento e a contri-
buir para um maior desenvolvimento da produção literária e de informações em geral 
na Europa e no mundo.
Os tipos - letras - da prensa de Gutenberg
Depois da imprensa, acompanhe as principais invenções a favor da comunicação:
- JORNAL - 
O primeiro exem-
plar data de 59 a.C., 
em Roma, quando 
Julio César quis in-
formar o povo sobre 
os mais importantes 
acontecimentos 
sociais e políticos 
do seu império. Até 
hoje, tem pratica-
mente a mesma 
função.
- RÁDIO- 
Com sua primeira 
transmissão datada 
de 1900, foi um 
marco na história, 
pois ao contrário 
do jornal, as ondas 
do rádio tinham um 
alcance de pessoas 
e velocidade e 
informação muito 
superiores.
- TELEVISÃO - 
Em 1924, era a 
junção dos com-
ponentes gráficos 
(imagens e figuras) 
de um jornal com 
os componentes de 
áudio do rádio (a 
fala), o que tornou 
possível ver ima-
gens em movimen-
to juntamente com 
o áudio. 
- INTERNET -
Desenvolvida em 
1969 nos EUA para 
fins de comuni-
cação militar, e 
tinha o nome de 
ArpaNet. Com o fim 
da Guerra Fria, o 
sistema tornou-se 
praticamente 
desnecessário para 
fins militares e o 
Exército decidiu 
levá-lo a público.
Elaborado pela autora
14
Fazendo um resumo, vê-se um processo crescente em que o homem desenvolveu a 
linguagem, depois dos desenhos nas cavernas, com a escrita, o papel, as impressões 
manuais e as mecânicas, sendo assim possível a informação cruzar grandes distâncias 
geográficas, culturais e cronológicas. 
Passamos pelos meios de comunicação como jornais e revistas, rádio e televisão, e 
chegamos à nossa época, que podemos chamar de Era da Tecnologia e da Informação. 
Na era da tecnologia, o computador é o carro-chefe. Quando foi desenvolvido em 1943, 
era uma máquina gigantesca que ocupava uma sala inteira e só servia para fazer cálcu-
los, até 1971, quando surgiu nos EUA o primeiro microcomputador. 
Andando lado a lado com a evolução dos computadores, está a Internet, que nem 
sempre foi da maneira que a conhecemos: na verdade, ela foi desenvolvida para fins mi-
litares e não passava de um sistema de comunicação entre as bases militares dos EUA. 
Em 1971, a até então chamada ArpaNet passou a ser usada por acadêmicos e professores 
universitários, principalmente nos EUA, pela qual trocavam ideias e mensagens, e então 
recebeu o nome de Internet. A disseminação e a popularização da rede no Brasil aconte-
ceram no final da década de 1990, e aos poucos foi se tornando aquilo que conhecemos 
hoje: indispensável para a nossa vida, pois estar conectado à rede mundial é uma fonte 
de conhecimento, interatividade, diversão e, acima de tudo, de comunicação.
AULA 02 
LINGUAGEM E 
COMUNICAÇÃO
16
“Se você falar com um homem em uma linguagem que ele com-
preende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua 
própria linguagem, você atinge seu coração.” - Nelson Mandela
No mundo moderno e tecnológico, a palavra comunicação tornou-se chave na observa-
ção das relações humanas e no comportamento individual e coletivo.
De acordo com Martins e Zilberknop (2010), comunicar é buscar entendimento e 
compreensão; é manter contato. “É uma ligação, transmissão de sentimentos e de 
ideias.” Por isso, comunicar-se bem não significa apenas falar bonito, mas ser eficiente 
no momento de transmitir mensagens, isto é, fazer com que elas alcancem os objetivos 
propostos pelo emissor. Nesse sentido, comunicamos eficientemente quando o re-
ceptor compreende a mensagem segundo os objetivos daquele que a produz. 
E é por meio da linguagem que o homem se comunica, que transmite seus senti-
mentos e ideias para a sociedade. 
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Quando falamos em linguagem, não estamos falando apenas da linguagem 
escrita e do português padrão, correto e formal. A comunicação utiliza vá-
rios tipos de linguagens tais como a linguagem corporal, o tom de voz, os 
símbolos, as cores, etc. Além dos diferentes tipos de linguagens, devemos 
considerar a diversidade de contextos sociais e indivíduos culturais diferen-
tes entre si. O diálogo realizado entre amigos no final da tarde em um happy 
hour não é o mesmo diálogo realizado pelos colegas dentro da empresa 
ou em uma reunião com a diretoria. Todos os lugares possuem suas regras 
próprias, inclusive os locais considerados informais. Ninguém chega à casa 
de um amigo e vai entrando no quarto sem pedir licença. Assim, acontece 
com a linguagem.
17
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
Um dos primeiros estudiosos a considerar quais elementos são necessários para que 
uma comunicação eficaz aconteça foi Roman Jakobson (1986-1982). Para esse linguista 
russo, há basicamente seis funções determinadas de acordo com o elemento em que a 
ênfase da mensagem recai.
Veja o esquema:
Fonte: arquivo pessoal
Cada um desses elementos é responsável por tornar a comunicação eficaz. Se um deles 
não existe ou falha, acontece o chamado “ruído” na comunicação, ou seja, a mensagem 
não acontece totalmente.
Vamos a cada um deles:
• EMISSOR: é aquele que envia a mensagem. Pode ser uma pessoa, uma empresa, 
uma equipe, etc. Nem sempre é uma única pessoa a responsável pela transmissão 
de uma mensagem.
• MENSAGEM: é o conteúdo informativo enviado de um emissor para um receptor.
• RECEPTOR: é aquele que recebe a mensagem enviada pelo emissor.
• CANAL DA COMUNICAÇÃO: é qualquer meio pelo qual a mensagem é enviada. 
Pode ser a voz, celular, computador, livro, propaganda, gestos, outdoor, etc.
• CÓDIGO: é a língua em que a mensagem é escrita ou falada.
• CONTEXTO: é a situação em que ocorre o processo comunicativo: fatores sociais, 
políticos, emocionais, situações de relacionamento, fatores culturais, religiosos, etc. 
Falaremos mais sobre o contexto em outra aula deste material.
Para ilustrar onde entra cada um desses elementos, imagine uma situação comum do 
cotidiano:
Janaína quer lembrar o esposo, Roberto, de algo que ela disse a ele no café da 
manhã, antes de saírem para trabalhar:“Amor, não se esqueça de trazer um suco 
para o jantar, tá?” 
Ela, então, envia uma mensagem de texto pelo WhatsApp reforçando que ele pare 
em um supermercado depois do trabalho e compre o suco.
Roberto responde a mensagem e logo chega em casa com uma caixa de suco de-
baixo do braço. Mas tem algo errado: ele comprou suco de laranja, e Janaína queria 
suco de uva.
18
Nesse exemplo, temos o esquema:
Remetente: 
Janaína
Contexto: 
familiar/cotidiano
Canal de comunicação: 
celular/WhatsApp
Código: 
idioma/português
Mensagem: 
“Não se esqueça do suco!”
Continuando nossa historinha:
No supermercado, Roberto tira uma foto da caixa de suco, envia para Janaína e vai 
para casa. No entanto, por algum motivo, a mensagem com a foto não chegou e 
Janaína não viu que ele iria levar suco de laranja, e não de uva.
Será que rolou uma “DR” ou o jantar seguiu em paz? :D
Assim, o processo de comunicação não foi totalmente satisfatório nesse caso porque 
houve uma falha em um dos elementos - no canal, na hora de enviar a foto - e a mensa-
gem não foi recebida. A essa falha dá-se o nome de ruído.
Ruído: 
fotografia não 
enviada/não recebida
ANOTE ISSO
O QUE É RUÍDO NA COMUNICAÇÃO?
Uma comunicação só é efetivamente realizada quando há compreensão por 
parte do interlocutor. Sem que haja a recepção, uma mensagem emitida de 
nada serve. A isso se chama ruído na comunicação. Este ruído ocorre quando 
a mensagem não é decodificada corretamente pelo receptor.
São vários os fatores que podem atrapalhar na identificação dos elementos 
da comunicação. Desde a voz baixa do locutor até o barulho de um ambien-
te ou ainda um código de signos desconhecidos pelo receptor. 
Fonte: CEGALLA, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 
48. ed. São Paulo: Editora Nacional, 2008.
Em suma, comunicar-se bem é apresentar eficiência na transmissão das mensagens, 
isto é, fazer com que elas alcancem os objetivos propostos pelo emissor. Nesse sentido, 
comunicamos eficientemente quando o receptor compreende a mensagem segundo 
os objetivos daquele que a produz. 
Para tanto, é necessário ser o mais claro e objetivo dentro do processo comunicativo 
para que o receptor compreenda e responda aos objetivos do emissor de modo positivo.
19
LINGUAGEM E SOCIEDADE
“Quem não se comunica se trumbica” - Chacrinha, comunicador
Estimado aluno, pense nas seguintes questões: 
 • Por que o homem se comunica? 
 • O jeito que um grupo ou indivíduo se comunica tem a ver com o meio social em 
que vive? 
 • Comunicar-se é essencial para a vida ou é possível “existir” sem ter contato com a 
escrita, a fala e o contato social?
 • Você se lembra de como “se tornou gente”? 
Agora pense em sua casa, seu bairro, sua escola, sua turma. Esses certamente foram os 
primeiros meios sociais em que você viveu, e a comunicação foi o canal pelo qual sua 
cultura foi transmitida a você.
Foi usando a linguagem, falando e ouvindo, escrevendo e lendo, que você aprendeu 
a ser membro de sociedade (BORDENAVE apud INFANTE, 1998), que adotou seu modo 
de pensar e de agir, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Não foram os professo-
res na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com pais, irmãos 
e amigos, na rua, no ônibus, no jogo, no bar e na igreja que lhe transmitiu, ainda criança, 
as qualidades essenciais para viver em sociedade e ser cidadão.
Utilizar bem a linguagem e a interpretação vai muito além do que apenas falar ou 
escrever: é fazer parte de grupos sociais, ascender pessoal e profissionalmente, adquirir 
e compartilhar conhecimento. A comunicação confunde-se com nossa própria vida. 
Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos ou andamos. 
Somente percebemos sua importância quando, por um acidente ou doença, perdemos 
a capacidade de nos comunicar. Você sabia que pessoas que foram impedidas de se co-
municar durante longos períodos enlouqueceram ou ficaram perto da loucura?
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Bordenave (1986) traduz em exemplos do dia a dia a importância da linguagem e da 
comunicação em diferentes contextos:
“Alguém fez, uma vez, uma lista dos atos de comunicação que um ho-
mem qualquer realiza desde que se levanta pela manhã até a hora de 
deitar-se, no fim do dia. A quantidade de atos de comunicação é sim-
plesmente inacreditável, desde o ‘bom dia’ à sua mulher, acompanhado 
ou não por um beijo, passando pela leitura do jornal, a decodificação 
de número e cores do ônibus que o leva ao trabalho, o pagamento ao 
cobrador, a conversa com o companheiro de banco, os cumprimentos 
aos colegas no escritório, o trabalho com documentos, recibos, relató-
rios, as reuniões e entrevistas, a visita ao banco e as conversas com seu 
chefe, os inúmeros telefonemas, o papo durante o almoço, a escolha do 
prato do menu, a conversa com os filhos no jantar, o programinha de 
televisão, o diálogo amoroso com sua mulher antes de dormir, e o ato 
final de comunicação num dia cheio dela: ‘boa noite’.” (Bordenave, 1986)
Assim, vale ressaltar a importância de estar atento ao modo como nos comunicamos 
nos diferentes meios que convivemos. É fato que ninguém usa o mesmo linguajar, as 
mesmas palavras, postura e tom de voz quando conversa com os amigos em uma festa 
e quando trata com o patrão no ambiente de trabalho. São contextos díspares que exi-
gem uma percepção e uma fala para cada um deles. Misturá-los é perigoso, causa uma 
impressão errada e pode até lhe retirar de algum meio de convívio social.
ISTO ESTÁ NA REDE
No filme “O Náufrago”, de Robert Zemeckis, Chuck Noland (Tom Hanks) fica 
sozinho em uma ilha deserta depois de um desastre de avião. A certa altura 
da trama, ele “faz amizade” com uma bola de vôlei, à qual ele chama de Wil-
son - a marca da bola. À primeira impressão, o espectador pode achar que 
Chuck ficou louco por conversar e dedicar sentimentos a uma bola, mas o 
que se percebe é o contrário: ele sabe que ficará louco se não socializar com 
alguém na ilha. Logo, conversa com um objeto e a ele atribui características 
humanas para evitar ir à loucura enquanto está sozinho.
Leia um artigo sobre as teorias da comunicação do filme em https://www.
sosestudante.com/biblioteca/diversos/o-naufrago-e-as-terorias-da-comu-
nicacao.html
A linguagem e os grupos sociais
Considerando o grupo social do qual o sujeito faz parte, ele passa a dominar determina-
do tipo de vocabulário e expressões que não são compreendidos dentro de outro grupo 
social. É o caso dos diferentes jargões utilizados em discursos jurídicos, médicos, pre-
sidiários, cantores, jogadores de futebol, chefes de cozinha, etc. Cada grupo específico 
possui palavras que são frequentemente utilizadas em seu dia a dia, mas que dificil-
mente são compreendidas dentro de outro grupo social. 
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---- GÍRIA x JARGÃO ----
A gíria teve sua origem na maneira de falar de grupos marginalizados que não que-
riam ser entendidos por quem não pertencesse ao grupo. Hoje, entende-se a gíria 
como uma linguagem específica de grupos específicos, como os jovens. Já o jargão 
é o modo de falar específico de um grupo, geralmente ligado à profissão. Existe, por 
exemplo, o jargão dos médicos, o jargão dos especialistas em informática, etc. 
Fonte: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/giria-e-jargao-a-lingua-mudacon-
forme-situacao.htm
Conceitualizando, Araújo e Sousa (s/d) nos dizem que
(...) gíria é o tipo de linguagem que surge restrita a um determinado 
grupo, como um código, que com o passar dos tempos invade a socie-
dade sendo utilizada pelas pessoas até de forma inconsciente, inde-
pendentemente da idade ou nível social da qual fazem parte, tornando 
o seu uso muito frequente em qualquer situação de interação.
Na prática, sabemos que a gíria é uma fala informal, que varia conforme o grupo e a épo-
ca. Você se lembra das gírias que falava quando criança? São as mesmas que os jovens 
falam hoje? Certamente a resposta é não. Caso alguém leia este mesmo material em 
2030, por exemplo, as gírias atuais aqui expostas já seriamultrapassadas.
E quem cria as gírias? - Nós mesmos, os próprios falantes de uma língua, e elas po-
dem surgir nas mais diversas situações tais como contextos culturais, de entretenimen-
to, na internet, na rua, em um vídeo que viraliza...
Gírias atuais:
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Gírias da década de 1980:
Fonte: arquivo pessoal
Quanto ao jargão, é o modo de falar específico de um grupo, geralmente ligado à 
profissão. Existe, por exemplo, o jargão dos médicos, o jargão dos especialistas em 
informática, etc. 
Conceitualizando, para Dino Preti, professor titular de língua portuguesa da PUC-SP, jar-
gão é a “linguagem científica ou técnica banalizada”. Por definição, é uma forma de falar 
inadequada à situação. “A pessoa quer se promover, mostrar que fala uma linguagem 
que o outro desconhece, o que disfarça uma ignorância.”
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u468.shtml
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Na prática, imagine que você foi a um hospital e ouviu um médico conversando com outro. A 
certa altura, um deles disse: 
Em relação à dona Ana, o prognóstico é favorável no caso de pronta-suspensão 
do remédio.
É provável que você tenha levado algum tempo até entender o que o médico falou. Isso por-
que ele utilizou, com seu colega de trabalho, termos com os quais os dois estão acostumados. 
Com a paciente, o médico deveria falar de uma maneira mais simples. Assim: 
Bem, dona Ana, a senhora pode parar de tomar o remédio, sem problemas.
No livro “Línguas e Jargões” (Editora Unesp, 1996), o historiador Peter Burke explica como 
o conceito sofreu alterações desde a Idade Média. No início, a palavra descrevia o gorjeio 
das aves e também a fala incompreensível, um gargarejo: “jargon”, em francês, e “gar-
gle”, em inglês, saem da mesma raiz. Ao se espalhar de uma língua para outra, o termo 
ganhou o sentido de gíria de submundo e só passou a designar as linguagens técnicas 
a partir do século 19, com o surgimento de profissões, quando grupos de novos espe-
cialistas começaram a marcar seus territórios temáticos, criando jeitos próprios de falar.
Considerando todos os exemplos apresentados, é importante levar em conta o am-
biente e a situação em que estamos para saber utilizar a língua de modo adequado. 
Desta forma, é possível estabelecer uma comunicação eficaz, alcançando o objetivo por 
parte do emissor e, ao mesmo tempo, a compreensão por parte do receptor. 
Cada pessoa e grupo social possui uma maneira própria de falar, criando suas pró-
prias marcas linguísticas. Tais marcas produzem uma variedade não apenas no âmbito 
geográfico, mas também no âmbito profissional. Em suma, a língua varia de acordo 
com os elementos regionais, socioculturais e contextuais, conceitos que veremos mais 
adiante neste curso.
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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Você deve estar se perguntando: mas então eu nunca posso considerar a 
gíria como um termo usado em um ambiente não tão formal nem tão infor-
mal? Pode!
Apresento alguns de tantos exemplos de “gírias já dicionarizadas”, ou seja, 
verbetes registrados como linguagem informal no Dicionário Houaiss da 
Língua Portuguesa (2001), mas que, estando no dicionário, podem ser consi-
derados domínio não só de um grupo minorizado, mas da população falante 
de um idioma em geral, pois resistiram ao tempo e ao contexto no qual fo-
ram criados.
Abacaxi = trabalho complicado, difícil de ser feito; coisa intrincada; problema 
Amarelar = perder a coragem diante de uma situação difícil, perigosa, embaraçosa, etc. 
Bafafá = 1 conflito entre muitas pessoas; rolo 2 desordem barulhenta; confusão
Barbeiro = 11 motorista ou qualquer profissional descuidado, imperito ou incompetente 
na realização de seu trabalho 
Boiar = não perceber ou não entender (algo) <nessa eles boiaram>
Duro = sem dinheiro
Frouxo = que ou aquele que é covarde; medroso
Galho = emprego ou ocupação subsidiária; biscate 6 situação difícil; complicação <há 
um g. que teremos que enfrentar> 7 falta de entendimento; confusão, briga <aquele 
recado do vizinho provocou um g. danado> 8 relação extraconjugal <há anos tem um 
g. com a secretária>”. 
Gringo = infrm. pej. indivíduo estrangeiro
Lelé = que ou aquele que age insensatamente, apresentando sinais de loucura; doido)
Nanico = que ou aquele que tem a aparência, a estatura de um anão 3 pequeno, de 
pouca expressão <empresa n.>”. 
Natureba = diz-se de ou praticante ou defensor da alimentação natural 
Patavina = coisa alguma; nada <não aprendi p. do que você disse>”.
Porre = estado de bêbado; bebedeira, embriaguez p.ext. aquilo que é tedioso, chato
Quadrado = diz-se de ou pessoa antiquada, retrógrada, de mentalidade pouco evoluída
Sacoleiro = diz-se de ou pessoa que se dedica à venda domiciliar ou em locais de tra-
balho de mercadorias ger. populares, como roupas, bijuterias e produtos eletrônicos 
Trouxa = que ou quem é facilmente iludido ou ludibriado; tolo
Xilindró = cadeia
Fonte: Revista Eletrônica de Linguística 
(http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem) Volume 5, - n° 1 - 2011
Segundo a norma culta, não se 
deve usar “falar no telefone”e sim 
“FALAR AO TELEFONE.”
Fonte: adaptado de @linguaportuguesa_
AULA 03 
TIPOS DE 
LINGUAGEM 
E VARIAÇÕES 
LINGUÍSTICAS
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“Nenhuma língua humana fica parada no tempo. A mudança 
linguística é da própria natureza das línguas” - Carlos Alberto 
Faraco, linguista.
Nos espaços sociais em que vivemos, temos a oportunidade de encontrar diversas for-
mas de linguagem escolhidas dependendo da intenção do emissor. Vejamos algumas 
informações sobre as características e os aspectos mais relevantes que demarcam as 
formas de linguagem, sejam elas no plano verbal ou no plano não verbal.
No instante em que você põe os olhos em um texto, você o lê. Por que você o leu? 
Porque, a partir do momento que você se alfabetizou, torna-se um ato instintivo, auto-
mático. Placas, sinais, filmes, livros, bilhetes, posts, todas essas manifestações só existem 
porque existe a linguagem aprendida.
Já vimos nas aulas anteriores que a linguagem está diretamente relacionada à práti-
ca social. Ela é viva e dinâmica, e tanto modifica a sociedade quanto é por ela modifica-
da. Nos estudos sobre o assunto, a linguagem é abordada e entendida a partir de três 
vertentes, e a prática social é uma delas:
A linguagem é 
algo externo ao sujeito
A linguagem é uma capacidade 
inerente ao ser humano
A linguagem é uma 
prática social
É um conjunto de regras e formas 
aprendidas, e só existe comunica-
ção se o emissor e o receptor divi-
direm o mesmo código.
Ela se faz na vida do ser humano a 
partir em que seu cérebro e corpo 
começam a ficar suficientemente 
maduros para isso.
Ela surge da necessidade do ho-
mem de viver em grupos sociais 
e de realizar trocas com os inte-
grantes desses grupos.
Fonte: adaptado de Mendonça, 2012.
LINGUAGEM 
Linguagem verbal
Quando conversamos com alguém ou lemos um texto, estamos utilizando a palavra 
como código. Quando alguém escreve um e-mail ou uma mensagem no WhatsApp, 
por exemplo, está usando a linguagem verbal, ou seja, está transmitindo informações 
através das palavras. 
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Esse tipo de linguagem é conhecido como linguagem verbal, pois a palavra - escri-
ta ou falada - é a forma pela qual nos comunicamos. É certamente a linguagem mais 
comum no nosso dia a dia e deve ser trabalhada para que a usemos corretamente nas 
diferentes situações exigidas.
Linguagem não verbal
Ao contrário da linguagem verbal, a linguagem não verbal não utiliza palavras, pois o 
código utilizado é um símbolo. Nessa forma de comunicação, o objetivo não é de expor 
verbalmente o que se quer dizer ou o que se está pensando, mas de se utilizar de outros 
meios comunicativos tais como figuras, placas, gestos, objetos, cores - ou seja, os signos 
visuais.
Por exemplo: um jogo de futebol só acaba quando o juiz apita e um motorista só para 
no sinal quando ele está vermelho. Ninguém deu ordem para parar, mas, como se co-
nhece a simbologia utilizada, apenas o apito e o sinal da luz vermelha já são suficientes 
paracompreender a mensagem. Portanto, a linguagem não verbal é construída a partir 
de símbolos não verbais como imagens e cores.
Linguagem mista ou híbrida
Como o próprio nome diz, a linguagem mista (ou híbrida) é o uso simultâneo da lingua-
gem verbal e da linguagem não verbal por meio de palavras escritas e figuras ao mesmo 
tempo. As histórias em quadrinhos, as charges e os outdoors são um exemplo deste tipo 
de linguagem, já que integram simultaneamente imagens, símbolos e diálogos.
VERBAL NÃO VERBAL MISTA OU HIBRÍDA
É PROIBIDO
FUMAR NESTE
LOCAL
PROIBIDO FUMAR
Fonte das imagens: https://www.todamateria.com.br/linguagem-verbal-e-nao-verbal/
ISTO ESTÁ NA REDE
Sabia que a Libras, a Língua Brasileira de sinais, não é uma linguagem, mas 
uma língua; um idioma oficial do nosso país? 
Leia o decreto que regulamenta a Libras e sua inserção como disciplina cur-
ricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício 
do magistério: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm
Conheça a origem da Libras no Brasil:
http://blog.handtalk.me/historia-lingua-de-sinais/
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Linguagem Formal e Informal
Fonte: arquivo pessoal
A linguagem formal é baseada na norma culta, que é o modelo de padrões linguísticos 
que determinam seu uso correto. Em outras palavras, é aquela linguagem sem erros e 
gírias, utilizada em livros, revistas, documentos oficiais, etc. Como podemos ver, a lin-
guagem formal é voltada principalmente para a comunicação escrita e vai de acordo 
com a gramática vigente. 
Por outro lado, quando conversamos espontaneamente e fazemos o uso de gírias e 
formas reduzidas tais como “cê” (você), “tai” (está aí), “pra” (para), por exemplo, temos a 
linguagem informal. Neste caso, nos comunicamos principalmente por meio da fala e 
de maneira coloquial. Um famoso exemplo da diferença existente entre tais é o poema 
“Pronominais”, de Oswald de Andrade. Veja:
PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro 
Diz a gramática 
Do professor e do aluno 
E do mulato sabido 
Mas o bom negro e o bom branco 
Da Nação Brasileira 
Dizem todos os dias 
Deixa disso camarada 
Me dá um cigarro.
O primeiro verso foi escrito de acordo com a norma culta, logo, em uma linguagem for-
mal, pois o verbo (dar) vem antes do pronome (me). A gramática diz que o pronome (no 
caso “me”) nunca deve vir antes do verbo em começo de frase. No último verso, já ocorre 
o contrário: o pronome (me) vem antes do verbo (dar), representando assim a forma 
como falamos e também a linguagem informal. Mas não podemos dizer que se trata de 
uma forma errada: é somente inadequada em ocasiões e discursos formais.
Resumindo:
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LINGUAGEM FORMAL
 • Preserva as convenções gramaticais e sempre respeitando a norma culta da lín-
gua portuguesa. 
 • É utilizada para comunicação com autoridades e superiores em organizações, em 
conferências, palestras e seminários, documentos oficiais e discursos públicos. 
 • Envolve a comunicação entre pessoas que não se conhecem ou possuem pouca 
ou quase nenhuma afinidade. 
 • Também chamada de norma culta ou padrão.
LINGUAGEM INFORMAL
 • Preza pela descontração e pelo relaxamento quanto às regras gramaticais. 
 • Permite o uso de palavras mais simples, abreviadas e até gírias. 
 • É muito utilizada na comunicação entre amigos, colegas, familiares e pessoas 
com alto grau de envolvimento e relacionamento.
 • Também chamada de linguagem coloquial.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Existem diferentes situações de comunicação. Uma mesma pessoa pode 
escolher uma forma de linguagem mais conservadora numa situação for-
mal ou um linguajar mais informal, em situação mais descontraída. Quantas 
vezes isso não acontece conosco no cotidiano? Na família e com amigos fa-
lamos de uma forma, mas numa entrevista para procurar emprego é muito 
diferente.
O sucesso da comunicação não depende apenas de saber utilizar os ele-
mentos do processo comunicativo. É preciso que o emissor considere, antes 
de qualquer coisa, quem é o seu público-alvo. Após estar ciente de quem 
receberá sua mensagem, o emissor deverá, então, adequar sua mensagem 
utilizando uma linguagem que atinja seu receptor da melhor forma. Para 
isso, é imprescindível levar em conta o contexto de comunicação, ou seja, se 
é um ambiente formal ou informal. Além disso, é importante compreender 
as expressões, gírias ou jargões específicos do público-alvo para que a co-
municação flua da forma mais natural possível.
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS 
Além do português padrão, há outras variedades que são usadas em situações informais 
diversas e diferentes de acordo com o contexto e sujeitos do processo comunicativo. 
Fatores tais como escolaridade, nível social, idade, região, etc. são responsáveis por de-
terminado tipo de linguajar que pode ser discriminado inclusive dentro de situações 
informais. 
Infelizmente, a língua é vista como um status social e há muito preconceito em re-
lação às pessoas que não sabem utilizar a norma padrão e culta da língua portuguesa, 
mas conhecer as variações linguísticas é importante justamente para combater esse 
preconceito.
Leia o seguinte trecho:
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ANTIGAMENTE
Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimo-
sas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral 
dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. (...) Antigamente, 
acontecia o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o 
próprio chamar o doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas 
ou pílulas fedorentas. Antigamente, os homens portavam ceroulas, botinas e 
capa-de-goma, não havia fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não mor-
riam: descansavam. Mas tudo isso era antigamente, isto é, outrora.
Carlos Drummond de Andrade, in: Quadrante (1962), obra coletiva. Reproduzida em Ca-
minhos de João Brandão, José Olympio, 1970.
É perceptível que nele existem expressões que já não usamos mais, tais como mademoi-
selles, janotas, pé-de-alferes, balaio, botica, ceroulas, outrora. O texto de Drummond fala 
exatamente disso: de como se falava antigamente. Caso fôssemos adequá-las ao voca-
bulário atual, como ficaria? Os termos em destaque seriam substituídos por “mina”, “ga-
tinha”, “cantadas”, “da hora”, “os caras”, “a galera,” “farmácia”, “cuecas” e assim por diante.
Fonte: arquivo pessoal
Perceberam que a língua é dinâmica? Ela sofre transformações com o passar do 
tempo em virtude de vários fatores advindos da própria sociedade, que também 
é totalmente mutável.
Ou seja: todo mundo tem seu jeito de falar, seja por história pessoal ou coletiva. O 
que vale lembrar é que não existe um certo ou um errado quando a questão é sotaque, 
por exemplo, ou vocabulário diferente de uma geração ou região para outra. 
Errado é o que não está de acordo com a gramática vigente. As diferentes formas de 
falar a língua portuguesa são chamadas de variações linguísticas.
Segundo Moysés,
“[...] o português, como qualquer outra língua, não é estático e imutável. 
Assim sendo, podemos dizer que uma língua não é uma unidade homo-
gênea e uniforme. Ela poderia ser definida como um conjunto de varie-
dades. É esta diversidade que faz surgir os níveis de linguagem que va-
riam de acordo com o nível social, econômico, cultural e geográfico. No 
Brasil há uma grande variedade de pronúncia e vocabulário: há diferen-
tes sotaques: o sotaque mineiro, o gaúcho, o nordestino, etc. Também 
no vocabulário observam-se diferenças entre regiões e também na fala 
de quem mora na capital e de quem vive na zona rural” (MOYSÉS, 2014).
31
Assim, vamos separar essas variações em:
 • variação histórica - a língua sofre variações devido ao tempo 
 • variação regional - a língua sofre variações devido ao lugar em que o falante vive
 • variação regional - a língua sofre variações devido à condição e ao meio sociais 
do falante
Variação Histórica 
É aquela que sofre transformações ao longo do tempo.Por exemplo, a palavra “você”, que 
no tempo do Brasil colônia era “vossa mercê” e depois virou “vosmecê”. O mesmo aconte-
ce com as palavras escritas com PH, como era o caso de pharmácia, agora, farmácia.
Propaganda veiculada nos anos de 1920.
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Variação Regional
São os chamados dialetos: as variações ocorridas de acordo com a cultura de uma deter-
minada região como, por exemplo, a palavra mandioca, que em certas regiões é tratada 
por macaxeira e aipim; e abóbora, que é conhecida como jerimum. O sotaque também 
é uma variação regional, como em regiões que puxam o “r” ou ainda falam “tu” mesmo 
que não conjugue o verbo corretamente (tu é, tu vai, etc.).
Fonte: arquivo pessoal
33
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Ao contrário do que muitos pensam, a pronúncia errada de palavras não tem 
a ver somente com o pouco grau de instrução do falante, mas principalmen-
te com fatores relacionados à região e ao tipo de colonização que tal região 
sofreu. Por exemplo, o uso de “r” pelo “l” em final de sílaba (quando dizem 
“pranta, broco” ao invés de “planta, bloco”) tem influência dos imigrantes 
italianos, que não conseguiam pronunciar tais sílabas corretamente enquan-
to aprendiam a língua portuguesa. Outros exemplos:
• Alternância de “lh” e “i”: dizem muié, véio ao invés de mulher, velho. 
• Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: dizem “arve, 
figo” ao invés de “árvore, fígado”. 
• Redução dos ditongos: dizem “pexe, caxa” ao invés de “peixe, caixa”. 
• Simplificação da concordância: dizem “as menina” ao invés de “as meni-
nas”. 
• Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo: 
dizem “chegou duas moças” ao invés de “chegaram duas moças.”
• Uso de pronome pessoal tônico em função de objeto: dizem “Nós pega-
mos ele” ao invés de “Nós o pegamos”. 
• Assimilação do “ndo” em “no”: dizem “falano” ao invés de “falando”.
• Assimilação do “mb” em “m”: dizem “tamém” ao invés de “também”. 
• Redução do “o” e do “e” átonos: dizem ovu, bebi ao invés de ovo, bebe; 
• Redução do R do infinitivo ou de substantivos terminados em OR: dizem 
amá, amô ao invés de amar, amor. 
• Simplificação da conjugação verbal: dizem “nós ama, eles ama” ao invés 
de “nós amamos, eles amam”. 
O chamado “caipira” pode ser um cidadão instruído, com estudo e hábitos 
sociais que o fazem escrever corretamente, mas ao voltar para sua cidade ou 
ter contato com pessoas de sua terra, invariavelmente voltam a falar errado.
Fonte: NERY (2007).
Fonte: https://www.iturrusgarai.com/
Vejamos a seguir um exemplo típico de variação regional, nas palavras do poeta Oswald 
de Andrade:
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Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhado
Oswald de Andrade. In: Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971
Variação Sociocultural 
É aquela pertencente a um grupo específico de pessoas. Neste caso, podemos destacar 
as gírias, a linguagem coloquial usada no dia a dia das pessoas e a linguagem formal, 
que é aquela utilizada por pessoas com maior grau de instrução.
Também fazem parte deste grupo os jargões, dos quais já falamos na Aula 2, que 
pertencem a uma classe profissional mais específica, como é o caso dos médicos, pro-
fissionais da informática e policias, dentre outros.
Fonte: arquivo pessoal
Diante de tantas variantes linguísticas, é inevitável perguntar qual delas é a correta. Res-
posta: não existe uma opção correta em termos absolutos, mas sim, a mais adequada 
a cada contexto. Dessa maneira, falar bem significa se mostrar capaz de escolher a va-
riante adequada a cada situação e conseguir o máximo de eficiência dentro da variante 
escolhida.
Usar o português rígido, próprio da língua escrita formal, numa situação descontraí-
da da comunicação oral é falar de modo inadequado. Soa como pretensioso, pedante, 
artificial. Por outro lado, é inadequado em situação formal usar gírias, termos chulos, 
desrespeitosos, fugir afinal das normas típicas dessa situação.
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ISTO ESTÁ NA REDE
Você já ouviu falar em preconceito linguístico?
É aquele gerado pelas variações linguísticas existentes dentre de um mes-
mo idioma e praticado por pessoas desinformadas que não aceitam essas 
diferenças. O fenômeno passou a ser debatido com mais amplitude, e o seu 
maior estudioso é o professor, sociolinguista e filólogo Marcos Bagno. Se-
gundo ele, não existe uma forma “certa” ou “errada” dos usos da língua, e 
o preconceito linguístico, gerado pela ideia de que existe uma única língua 
correta (baseada na gramática normativa), colabora com a prática da exclu-
são social.
Assista a uma ótima entrevista com Bagno sobre preconceito linguístico:
https://www.youtube.com/watch?v=UbdSNWv9XDQ
Ao observar as variações linguísticas, percebemos que elas não acontecem ao acaso, 
como se cada indivíduo falasse à sua maneira. Há algumas ideias importantes acerca 
disso:
Nenhuma lín-
gua é imutáv-
el, toda língua 
se modifica 
com o passar 
do tempo
O que é 
considerado 
padrão numa 
época pode 
ser ultra-
passado em 
outra
A língua pode variar em função:
1. Da identidade social do emissor
2. Da identidade social do receptor;
3. Das condições sociais de produção 
discursiva
Fonte: adaptado de “A teoria bakhtiniana na concepção de linguagem atual”. Disponível em: 
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/a-teoria-bakhtiniana-na-concep-
cao-de-linguagem-atual/58360. Acessado em 10 de fev. 2019.
Dessa forma, o falante deve possuir alto grau de flexibilidade da língua para usá-la de 
acordo com o contexto, com seu interlocutor, com seu objetivo comunicativo, etc. Todos 
os falantes são capazes de adaptar seu estilo de fala à diversidade das circunstâncias 
sociais da interação verbal e de escolher quais formas são as mais apropriadas para o 
momento.
A escola, seja qual for a etapa, deve proporcionar reflexões acerca dos variados usos 
da língua, sem apresentar a norma padrão como a única aceita. É dessa singularidade, 
ou melhor, é desse ensino plural que os estudantes poderão desenvolver suas compe-
tências linguísticas para interagir em diferentes contextos de uso. O ensino da varieda-
de padrão continua a ser dever da escola e um direito do aluno, mas não precisa ser 
substitutivo e, por isso, não implica a erradicação das variedades não padrões.
AULA 04 
LINGUAGEM 
CORPORAL E 
EXPRESSÃO ORAL
37
“Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de 
toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.” - 
Machado de Assis
LINGUAGEM CORPORAL
Voltando à linguagem não verbal, devemos nos atentar para o fato de que assim como 
acontece com a linguagem verbal, a compreensão da linguagem corporal nos ajuda a 
entender melhor nosso semelhante e nos possibilita agir de maneira inteligente e res-
peitosa, além de desenvolver um melhor relacionamento com as pessoas, seja no âmbi-
to familiar, profissional ou social. Também, como na linguagem verbal, o corpo fornece 
pistas acerca da pessoa que você é - como pensa e vê o mundo.
No ambiente profissional, por exemplo, a linguagem corporal é fortemente valori-
zada, pois a importância dela para quem lida com um público reside no fato de muitas 
pessoas ficarem inseguranças ou relutarem em comunicar abertamente suas intenções. 
No entanto, é enfatizada também nesses contextos a necessidade de se levar em conta 
todo o contexto e o tipo de personalidade das pessoas e do público com quem você lida.
Tim Connor, presidente do Connor Resource Group, traçou regras básicas ampla-
mente aceitas de tipos comuns de comportamento humano no meio profissional e o 
que o cliente/paciente provavelmente está pensando ou sentindo:
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Abertura
 • Mãos abertas
 • Tirar o casaco ou blazer
 • Aproximar-se
 • Inclinar-se para a frente
 • Descruzar as pernas
 • Braços cruzados suavemente sobre as pernas
Entusiasmo
 • Pequenos sorrisos ou risadas
 • Corpo firme e ereto
 • Mãos abertas, braços estendidos, olhos alertas• Voz bem modulada e com energia
Defesa
 • Corpo rígido
 • Braços/pernas cruzados fortemente
 • Contato visual reduzido
 • Lábios contraídos
 • Cabeça baixa, com queixo sobre o peito
 • Punhos cerrados
 • Dedos entrelaçados sobre braços cruzados
 • Jogar-se para trás na cadeira
Alerta
 • Colocar as mãos sobre as coxas
 • Corpo relaxado, mas rosto alerta
 • Ficar em pé com mãos na cintura, pés levemente separados
Avaliação
 • Cabeça levemente inclinada para o lado
 • Sentar na ponta da cadeira e inclinar-se para a frente
 • Mão na parte da frente do queixo ou na bochecha
 • Coçar o queixo 
Nervosismo
 • Limpar a garganta
 • Morder (lábios, unha, dedo, etc.)
 • Cobrir a boca quando fala
 • Puxar o lóbulo da orelha
 • Abrir os olhos
 • Caretas
 • Contorcer mãos ou lábios
 • Boca entreaberta
 • Brincar com objetos
 • Ficar trocando o peso de uma perna para a outra (quando em pé)
 • Tamborilar os dedos
 • Ficar mexendo o pé
Rejeição ou dúvida
 • Coçar o nariz
 • Coçar os olhos
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 • Franzir o cenho
 • Pernas e braços cruzados
 • Corpo em posição de “fuga”
 • Limpar a garganta
 • Esfregar as mãos
 • Levantar as sobrancelhas
Suspeita
 • Pouco contato visual
 • Resistência a olhar “olho no olho”
 • Ficar olhando para os lados ou por sobre o ombro
 • Coçar o nariz
 • Ficar olhando por sobre os óculos
Confiança, autoridade
 • Jogar-se para trás na cadeira com as mãos atrás da cabeça
 • Postura orgulhosa
 • Cabeça alta, com queixo levantado
 • Contato visual firme, sem piscar
Precisando ser reconfortado
 • Ficar beliscando a mão
 • Esfregar gentilmente um objeto pessoal (anel, relógio, etc.)
 • Roer unhas
 • Examinar as cutículas
Frustração
 • Mãos apertadas firmemente
 • Balançar punhos fechados
 • Respiração curta, porém controlada
 • Olha ‘através’ de você
 • Passar as mãos no cabelo
 • Bater os pés no chão
Chateado, indiferente
 • Mãos ‘segurando’ a cabeça
 • Olhos sonolentos
 • Postura relaxada demais (largada)
 • Ficar mexendo com pés, mãos, dedos
 • Balançar as pernas
 • Olhar vazio
 • Pouco contato visual
 • Boca “mole”.
Fonte: adaptado de https://educandoatravesdalinguagem.blogspot.com/2012/08/o-corpo-fala-
-entenda-seu-vocabulario.html?m=1
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ANOTE ISSO
A linguagem corporal é só uma parte da história. Você deve considerar 
também seu comportamento em geral, sua natureza e seu jeito de ser para 
transmitir mensagens e lidar com um público. E da próxima vez que alguém 
disser que ouvir é a parte mais importante das profissões que lidam com 
pessoas, lembre-se que o corpo também fala.
Todo ser humano tem a capacidade de se comunicar, e saber ouvir é essencial. Mas por 
que existem tantas falhas e desencontros quando nos comunicamos?
O ato de se comunicar é um processo complexo - seja verbalmente, pela escrita ou 
por gestos. Intencional e conscientemente ou não, a comunicação acontece. Até quan-
do deixamos de falar, gesticular ou escrever, estamos nos comunicando; como dizem os 
vários provérbios: “Quem cala consente.”, “Poupa o teu tempo e também as tuas pala-
vras.”, “Bom é saber calar até ser tempo de falar.”, “De calar ninguém se arrepende e de 
falar, sempre.”,”Uma imagem vale por mil palavras”.
Prevenção de falhas ou ruídos
Toda situação de comunicação está sujeita a falhas devido à presença de ruído ou in-
terferência - todo e qualquer fator que interfira no processo de comunicação, como por 
exemplo, distrações físicas, erros gramaticais, diferenças culturais, etc. Cada um de nós 
processa informações de maneiras distintas. Assim, falhas na comunicação geram con-
flitos, improdutividade, prejuízos e ressentimentos. 
Os ruídos na comunicação interna das empresas são erros bastante comuns no dia 
a dia profissional, porém, muito prejudiciais para a produtividade e bem-estar no am-
biente corporativo. As falhas comunicacionais entre equipe, clientes e gestores, muitas 
vezes geradas por erros corriqueiros, podem resultar em retrabalho, atrasos em prazos 
e desentendimentos.
Cada um tem uma maneira própria de se comunicar, mas algumas práticas simples 
podem ser adotadas para reduzir ao máximo a possibilidade de ruídos:
1. Documente os acordos – registre sempre por e-mail decisões acordadas em re-
uniões presenciais, on-line ou por telefone. Não se esqueça de deixar claro quem 
ficou responsável por cada tarefa, datas de novas reuniões ou eventos e prazos 
estipulados.
2. Mantenha os envolvidos informados – certifique-se de que todos os envolvidos 
em determinado projeto ou processo estão inteirados sobre todas as informações 
necessárias, estando copiados nos e-mails e recebendo convites para as reuniões, 
por exemplo.
3. Seja didático – é melhor pecar pelo excesso do que pela falta de explicações. 
Quando for instruir alguém, repasse até as informações que lhe parecerem mais 
óbvias, pois para o interlocutor, podem não ser.
4. Estipule prioridades e esclareça prazos – sempre que designar tarefas, deixe cla-
ro qual é a prioridade de cada uma e estipule prazos exatos, ou seja, nunca utilize 
termos como “o quanto antes”, por exemplo. Dê data e, se necessário, horário em 
que você precisa receber o material desejado.
5. Envie lembretes – nas vésperas de entregas importantes, verifique se está tudo 
certo com o andamento das tarefas e se o prazo acordado está mantido, assim, 
você tem tempo hábil para partir para um plano B, se necessário. O mesmo vale 
41
para reuniões agendadas, a confirmação evita deslocamentos e janelas desneces-
sárias na agenda.
6. Tenha cuidado redobrado nos e-mails – quando for tratar de múltiplos assuntos 
em um mesmo e-mail, opte por escrever em tópicos, assim, evita que o recebedor 
deixe de ler ou responder alguma questão. Evite abordar um assunto importante 
em uma sequência de e-mails sobre outro tema, prefira escrever outro e-mail, dei-
xando claro no campo “assunto” do que se trata. 
Fonte: http://www.redatoria.com/6-atitudes-para-evitar-falhas-na-comunicacao-empresarial/
EXPRESSÃO ORAL
Segundo Vanoye (2017), existem dois tipos de comunicação oral:
a. situação de intercâmbio: a conversa acontece com a presença real do emissor e 
do receptor, e os papeis se invertem durante o diálogo. É o que acontece em uma 
conversa, aula com diálogo, entrevista, etc.
b. situação de não-intercâmbio: o receptor não tem a possibilidade imediata de 
responder e assumir o papel de emissor, independentemente de estar próximo 
ou não. Ela pode ser unicamente oral, em que a mensagem é transmitida apenas 
pela voz do interlocutor, ou pode ser mista, unindo o visual e o oral. Vemos essa 
modalidade em aulas expositivas, discursos, monólogos teatrais, sermões, etc.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
BRAINSTORMING
Você já deve ter ouvido o termo brainstorming que, em inglês, quer dizer 
“tempestade mental”. Trata-se de uma expressão oral do tipo situação de in-
tercâmbio, e é uma técnica bastante difundida que tem por objetivo a produ-
ção intensiva, por um pequeno grupo, de ideias novas e originais. Quando um 
grupo se vê diante de um problema, os participantes do grupo apresentam 
suas ideais para solucioná-lo, e há toda a liberdade criativa para que propo-
nham ideias extravagantes e até absurdas, mas devem se esforçar para listar 
o máximo número de sugestões no menos período de tempo. Ninguém do 
grupo está autorizado a criticar as ideias emitidas, e devem tentar associar 
essas ideias com as suas. O coordenador do grupo não manifesta reações 
visíveis e limita-se a reformular falas confusas e encorajar igualmente todos 
os participantes. Há também a figura do observador da atividade que, em 
silêncio, anota as ideias e faz uma lista a partir da qual serão selecionadas as 
mais originais, as mais viáveis e as mais eficazes. Gostou? Consegue pensar 
em alguma situação prática da sua vida para aplicá-la? Pode ser no seu tra-
balho, na faculdade, na família, na igreja...
42
Técnicas de apresentação oral
PREPARAÇÃO
A preparação é a fase mais importante para determinar o sucesso de uma apresentação 
oral. Para que ela seja bem elaborada, segue algunspassos: 
 • Definição do tema, assunto;
 • Objetivo da apresentação: Qual a intenção da sua fala? Emocionar? Persuadir? 
Informar? Instruir? Fazer rir? Fazer chorar? Vender? Expor? 
 • Público Alvo: Você vai falar para quem? Quantas pessoas? Homens? Mulheres? 
Jovens? Idosos? Crianças? Empresários? 
 • Esboço da apresentação e planejamento adequado do tempo e dos recursos. É 
importante organizar o roteiro de sua apresentação, definindo o início, meio e fim, 
para saber se o conteúdo será suficiente ou excessivo de acordo com o tempo que 
você tem para a apresentação. Conhecer os recursos que serão utilizados também 
faz diferença para organizar o tempo de sua apresentação. 
 • Estudo e atualização de conhecimentos. É muito importante estar atualizado em 
relação ao tema que será apresentado. Fazer leituras e conhecer vários autores 
cujas opiniões acerca do tema sejam diferentes cria uma visão ampla sobre o as-
sunto. Uma boa estratégia é fazer o que chamamos de antecipação das perguntas. 
Imaginar aquilo que poderá ser perguntado durante a apresentação e preparar as 
respostas mais adequadas é um bom exercício de atualização.
ROTEIRO
A parte oral de uma boa apresentação está relacionada com uma prévia elaboração e 
estruturação realizada por meio de organização das ideias. Geralmente, essa organiza-
ção é realizada por meio da escrita. Para tanto, apresentaremos alguns tópicos que de-
vem ser abordados no roteiro: 
 • Estrutura: introdução, corpo, resumo, conclusão; 
 • Identificação pessoal; 
43
 • Introdução do assunto; 
 • Síntese da estrutura da apresentação;
 • Especificação dos recursos técnicos;
 • Referência ao tempo da apresentação; 
 • Resumo e conclusão.
TÉCNICAS
Para vencer os aspectos negativos da apresentação oral, podemos recorrer a algumas 
técnicas, estratégias e recursos. O primeiro passo é: troque palavras negativas por positi-
vas, por exemplo, em vez de dizer “Isso não vai dar certo”, diga “Há outras possibilidades 
melhores”.
Existe também a técnica do “NÃO, MAS...”.
A palavra NÃO é negativa por natureza. Seu uso pode causar uma má impressão. Assu-
mir que não sabe algo é ético e preciso. Mentir pode trazer consequências desagradá-
veis e criar uma imagem ainda mais negativa. Sendo assim, a técnica do “Não, mas...” é 
uma saída para escapar de situações em que não temos o conhecimento necessário. 
Exemplo: 
 “-Você fala inglês?” 
 “-Não, mas estou iniciando um curso no início do mês.”
E se der branco, o que fazer? Repita a última frase. Dará impressão que você está en-
fatizando. Muitas vezes, a repetição faz lembrar o que tinha sido esquecido. Caso não se 
lembre, continue assim: “Assim, o que eu quero dizer é...” e explique a mesma frase dita 
anteriormente com outras palavras. Depois segue a conversa. 
EVITE!!
 • Pedir desculpas; 
 • Contar piadas; 
 • Fazer perguntas no início; 
 • Opinar sobre um assunto polêmico. Isso pode gerar discussões e situações cons-
trangedoras; 
 • Utilizar chavões ou frases vulgares; 
 • Repetição excessiva de vícios de linguagem (né, tipo, fala sério, etc.); 
 • Ficar falando sobre a vida pessoal; 
 • Apresentar exemplos que não estão relacionados diretamente com o tópico abor-
dado. Isso pode parecer que você está preenchendo o tempo por falta de conteú-
do e conhecimento; 
 • Apresentar vídeos muito longos; 
 • Expor alguém da plateia; 
 • Responder algo de forma insegura e sem a certeza da resposta. Caso não saiba, 
diga que vai pesquisar e tente relacionar alguma situação à questão perguntada; 
 • Apontar o dedo pode parecer um pouco hostil, é bom evitar.
44
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Toda pessoa é auditiva, visual ou sinestésica. Sendo assim, é importante 
considerar sua postura, sua voz, suas atitudes. Uma postura errada pode 
agredir o visual, uma voz ruim agride o auditivo, atitudes de insegurança, 
excesso de perfume, maquiagem, risos e vários tipos de posturas agridem 
pessoas que têm uma percepção sinestésica.
Desta forma, devemos trabalhar o visual (postura), o auditivo (voz) e os sen-
tidos (conhecimento sobre o assunto). A falta de conhecimento não significa 
uma falha, porém a falta de aprimoramento e busca por novos conhecimentos 
são falhas visíveis no processo comunicativo durante uma apresentação oral.
ISTO ESTÁ NA REDE
Você tem medo de falar em público? Isso geralmente acontece porque te-
mos receio de sofrer algum tipo de depreciação diante dos nossos colegas 
de trabalho ou faculdade, mas também pode ser falta de prática. Assita a 
algumas preciosas dicas de oratória do professor Marcello Pepe:
https://www.youtube.com/watch?v=RmSVHOqlS0I
AULA 05 
TEXTO E 
CONTEXTO
46
“A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os ou-
tros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra 
apoia-se sobre o meu interlocutor.” - Mikhail Bakhtin, pesquisa-
dor, pensador, filósofo e teórico russo.
Estimado(a) aluno(a), perceba que texto e contexto são duas palavras familiares a qual-
quer pessoa que participa ou participou de alguma prática escolar, mesmo que não 
tenha necessariamente feito um estudo linguístico específico. Não são estranhas ex-
pressões tais como “redija um texto”, “isso está fora de contexto”, “o texto está bem ela-
borado”, “no contexto histórico...“, “melhore seu texto”, etc., e justamente por conta dessa 
frequência na utilização dos termos, todo leitor tem uma noção sobre o que é um texto 
e contexto, e isso é importante principalmente quando falamos em comunicação. 
TEXTO
Comecemos pela consideração básica sobre texto: “texto não é um aglomerado de frases” 
(FIORIN & SAVIOLI, 2007). Ao contrário: ele é um bloco organizado que contém um sentido. 
Kobs (2012) explica que “texto é um conjunto de ideias acerca de um tema e deve 
desenvolver e aprofundar um assunto, a partir do encadeamento e da progressão de 
informações”. 
Tal bloco, partindo da estrutura maior para a menor, compõe-se de:
TEXTO
PARÁGRAFOS
PERÍODOS
Fonte: adaptado de Kobs, 2012.
47
Imagina abrir uma revista ou uma página de internet e se deparar com o seguinte:
VEM AÍ UM NOVO TITANIC, 110 ANOS APÓS NAUFRÁGIO
Mas, talvez, nada disso aconteça — de novo. Quem conhece bem o controverso 
político duvida que ele consiga recriar o lendário navio, embora seja um mi-
lionário. “A primeira réplica, anunciada em 2012, nem chegou a ser iniciada, 
depois mudou para 2016, para 2018 e, agora, para 2022”, criticam os céticos do 
gigantesco projeto, que não são poucos. “Se o Titanic era o navio ‘inafundável’, 
o Titanic II irá afundar antes mesmo de existir”, diz um deles.
Quando o mundo imaginava que a ideia de recriar o mais famoso transatlân-
tico da História (e que também gerou o mais lendário naufrágio de todos os 
tempos) havia igualmente naufragado, depois de ter sido apresentada com 
estardalhaço pelo político e milionário australiano Clive Palmer em 2012, com 
previsão de o navio ficar pronto em 2016, o que nunca aconteceu, eis que o pró-
prio Palmer retorna a cena, anunciando que o projeto, agora, será retomado. E 
que a réplica do mais icônico de todos os navios ficará pronta daqui a quatro 
anos, em 2020.
Adaptado de https://historiasdomar.blogosfera.uol.com.br/2018/10/30/vem-ai-um-novo-
-titanic-110-anos-apos-naufragio-sera-mesmo/. Acesso em 30 de outubro, 2018.
No exemplo, fica claro que algo está errado na composição do “texto” – no caso, a ordem 
dos parágrafos. O bloco acima tem palavras, orações, períodos e parágrafos, mas nem 
por isso podemos chamá-lo de texto. Isso se confirma logo no início, na primeira frase: 
no geral, um texto informativo ou jornalístico não pode começar com uma conjunção, 
principalmente adversativa (“mas”), exatamente porque o “mas” serve para ligar duas 
orações com sentidos adversos, contrários – e no exemplo acima não há nenhuma ora-
ção antes daquela iniciada com a conjunção. Palavras como as conjunções, essenciais 
para o entendimento de questões de provas e concursos, por exemplo, serão assunto de 
uma aula mais adiante.
Além disso, todo texto éproduzido com a finalidade de transmitir uma mensagem – 
que é nosso objeto quando nos propomos a interpretar ou compreender um texto. Sem 
mensagem, o entendimento textual não acontece.
ANOTE ISSO
A palavra “texto” vem de uma das formas do verbo em latim “texo”, que sig-
nifica “tecer”. Logo, o texto é um tecido, não um aglomerado desconexo de 
fios. O significado de uma frase do texto será compreendido dentro de uma 
totalidade. Assim, a mesma frase colocada em contextos diferentes pode 
apresentar sentidos diferentes.
48
E por falar em mensagem, considere o seguinte:
Podemos dizer que a imagem acima é um texto? Sim, podemos. Texto não são só pa-
lavras, frases e parágrafos, mas tudo aquilo que transmite mensagem. A imagem do 
exemplo não contém nenhuma palavra escrita, mas entendemos sua mensagem, logo, 
fizemos uma interpretação dela a partir dos símbolos apresentados (o sinal de wi-fi, a 
natureza ao redor, a inferência de que é preciso equilibrar conectividade liberdade, etc.).
Segundo Martins e Zilberknop (2010), mensagem é o que se deseja transmitir. Ela 
pode ser visual, auditiva ou audiovisual e deve ter conteúdo e objetivos. Assim, em um 
e-mail, a mensagem é o texto. Em um quadro, a mensagem é a imagem retratada, e em 
uma canção, a mensagem é a letra mais a melodia.
O texto é um objeto simbólico cuja função social depende da concretização de seu 
sentido, que ocorre pela interação do texto com o leitor. Em uma entrevista à Revista 
Letra Magna, o professor linguista José Luiz Fiorin (2007) diz que
[...] texto não é apenas manifestado verbalmente, isto é, por meio de 
uma língua natural, como o inglês, o francês, o árabe, o português. Na 
verdade, ele pode manifestar-se visualmente, como uma pintura, por 
meio da linguagem verbal, visual e musical, como o cinema, por meio 
da linguagem verbal e visual como nos quadrinhos. Assim, um roman-
ce é um texto; um trecho de um romance é um texto; uma poesia é um 
texto; uma escultura é um texto; uma ópera é um texto.
Logo, vale frisar que independentemente da sua forma, o texto é algo produzido por um 
emissor para explicitar alguma ideia e produzir interações sociais. Sendo assim, sua 
funcionalidade é bem diversa. O texto serve para:
49
 • informar 
 • desinformar
 • formar opiniões
 • emocionar
 • manipular
 • motivar
 • persuadir
 • refletir
 • esclarecer
 • criticar
O texto é o motor do conhecimento.
Se utilidade do texto depende do sentido que ele produz, ele então serve para pro-
duzir uma reação no seu receptor. Essa reação é o que chamamos de intencionalidade 
do texto. Por exemplo, uma palavra pode indicar um sinal de alerta, fazendo com que a 
utilidade do texto seja afastar a pessoa de determinado lugar com o objetivo de preser-
var sua vida. Logo, esse texto serviria para salvar vidas. 
É possível explicitar uma ideia por meio de uma única palavra? Depende da situação 
e do contexto. Uma palavra isolada pode não significar nada se não estiver relacionada 
a um contexto e, sendo assim, ela não serve para nada. 
Por exemplo, a palavra “ABERTO”, na porta de um estabelecimento comercial, serve 
para indicar que apesar da porta estar fechada, o estabelecimento está aberto. Entre-
tanto, a mesma palavra escrita em uma placa perdida no chão de uma calçada não tem 
função social nenhuma, simplesmente indica uma informação deslocada de seu con-
texto original. Podemos concluir, assim, que o texto é uma mensagem que consegue 
transmitir um sentido completo, ainda que este sentido seja compreendido por uma 
única palavra. 
Cabe aqui, então, estudar o que é contexto.
CONTEXTO
Quanto ao contexto, para o linguista russo Roman Jakobson (2005), a ideia de contexto 
está ligada ao ambiente em que a mensagem foi elaborada, à situação social em que 
ela ocorre e a experiência do autor e do leitor em relação a determinado assunto. 
Façamos um teste mental com as imagens a seguir: imagine quem são essas pes-
soas, onde elas estão, como seria o estilo de vida delas e o que estavam sentindo no 
momento em que as fotos foram tiradas.
Fotos: Cartier-Bresson & Delpire (apud Cartier-Bresson, 1986), p.39. 
Fonte: arquivo pessoal.
50
Agora, veja a fotografia original:
Foto: Cartier-Bresson & Delpire (apud Cartier-Bresson), 1986, p.39. 
Fonte: arquivo pessoal.
Isoladas, as duas fotografias podem parecer imagens comuns retratando um momento 
do cotidiano de algum vilarejo. Porém, elas fazem parte de uma única fotografia, e o 
contexto em que ela se insere é o período de intenso preconceito e segregação racial no 
sul dos Estados Unidos na década de 1940. De posse dessa informação, nossa interpre-
tação das imagens em separado é diferente. Ou seja: só apreendemos a real mensagem 
da imagem quando conhecemos seu contexto.
Para fins ilustrativos, vamos analisar a imagem a seguir:
Fonte: Koch e Elias, 2009.
Trata-se de um anúncio do CVV - o Centro de Valorização à Vida, serviço voluntário de 
apoio emocional gratuito e atua na preservação do suicídio. O anúncio é composto por 
um texto para ser lido como “Um dia horrível” e outro para ser lido como “Um dia mara-
vilhoso” dependendo do estado e do ânimo do leitor.
51
Perceba, aluno(a), que o texto em si é o mesmo para os dois títulos e, além do recurso 
de mudança de cor como contextualizador, se nós não lêssemos o título, a narrativa não 
ia fazer sentido. E o que nos transmitiu esse sentido para que entendêssemos a men-
sagem do anúncio da CVV? Justamente o contexto explicitado pelo título. Ou seja: o 
contexto de um texto é negativo, e o emissor da mensagem encara as atividades vividas 
no dia como algo ruim. No segundo texto, o contexto é positivo, pois o emissor vê o dia 
vivido como um dia muito bom.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
É comum, principalmente em discussões e comentários de redes sociais, 
alguém dizer que o outro está interpretando um texto ou mesmo uma fala 
“fora de contexto”. Isso acontece geralmente em campos políticos, religio-
sos e históricos. Dentre tantos outros, um exemplo que podemos usar como 
reflexão - e não como julgamento - é o caso do youtuber Júlio Cocielo que, 
em julho de 2018, fez uma piada considerada racista em relação ao jogador 
francês Mbappé. Depois da repercussão negativa, em sua defesa, Cocielo 
gravou um vídeo em que, entre outros argumentos, disse que “a frase havia 
sido interpretada fora do contexto”. A reflexão que fica é: será que o youtu-
ber sabia o que significa contexto? O contexto pode justificar uma fala pre-
conceituosa e ofensiva? 
Por isso, há que se ter cuidado, tanto como emissor quanto receptor de uma 
mensagem, ao usar a expressão “fora de contexto” em uma argumentação!
AULA 06 
TIPOLOGIA 
TEXTUAL
53
“A literatura é a expressão da sociedade, assim como a palavra 
é a expressão do homem” - Visconde de Bonald, filósofo francês
Leia:
Fonte: Silva, 2017.
Em apenas um período do dia, o personagem do trecho acima teve contato com vários 
gêneros textuais - cerca de dez. Assim, fica evidente a presença da tipologia textual na 
sociedade, visto que é por meio deles e da linguagem que a comunicação se realiza.
E o que é tipologia textual? São as diferentes formas que um texto pode apresentar 
dependendo de suas intenções comunicativas. Como já vimos, um texto (ou mensa-
gem) é construído conforme sua finalidade: contar, descrever, argumentar, informar, 
proibir, etc. No trecho acima, os gêneros textuais são aqueles que estão grafados em 
itálico: notícias, outdoors, instruções, etc.
54
Sabe-se que a mesma palavra ou mensagem pode possuir uma intenção comunica-
tiva diferente se produzida por sujeitos diferentes e em contextos diferentes. Tudo isso 
exige uma estruturação específica para que o texto seja compreendido segundo de-
terminadas regras: uma receita culinária possui uma estruturação, um layout diferente 
de um horóscopo. A formatação do texto e a organização visual de seus elementos nos 
fazem identificar se é uma receita, um manual técnico ou uma bula de remédio. É muito 
fácil reconheceruma manchete de jornal e uma capa de um livro, por exemplo.
A composição dos elementos de um texto pode se dar pelo uso de:
figuras, tabelas, determinados nomes, tipos e tamanhos de letras, localização de de-
terminadas palavras no texto, uso de negrito, itálico, caixa alta, símbolos e imagens
Tudo isso é fundamental para reconhecer o gênero textual e sua função social. Por exem-
plo, dentro de um contexto profissional utilizamos diferentes gêneros: cartas, relatórios, 
atas, ofícios, requerimentos, declarações, etc. Cada um desses textos possui uma forma 
específica de estruturação. 
Sendo assim, é importante tratar da eficácia comunicativa, o que exige reconhecer 
que alguns textos profissionais requerem mais formalidade que outros. Em alguns, é 
importante considerar o uso dos pronomes de tratamento, em outros é importante re-
conhecer a diferença de determinados termos técnicos, etc. 
Em resumo, dentro do âmbito profissional, é importante saber usar os elementos tex-
tuais adequados para a elaboração de um texto de acordo com o gênero textual exigido.
Os diversos tipos de texto podem ser divididos em dois grandes blocos: um que abrange 
textos de caráter informativo e outro que compreende textos de caráter literário.
Segundo Kobs (2012), podemos resumir as principais diferenças entre esses dois con-
juntos em:
TEXTOS INFORMATIVOS TEXTOS LITERÁRIOS
INTENÇÃO 
OU OBJETIVO
Sua evidente intenção é informar. 
Exemplos desse tipo de texto são 
os textos jornalísticos, os panfletos, 
as bulas de remédio, os manuais de 
instrução, etc. Textos informativos 
têm objetivos bastante variados: eles 
podem mencionar as consequências 
de uma forte chuva, a oferta de um 
serviço, dados de uma pesquisa e até 
mesmo o lançamento de um produto. 
A intenção do texto literário é dife-
rente porque envolve uma expres-
são artística. Obviamente, o texto 
literário pode, também, informar, 
mas essa não é a sua principal fun-
ção. Textos literários podem sim-
plesmente proporcionar entrete-
nimento, contar uma história ou, 
até mesmo, romper com o padrão 
artístico vigente a partir da apre-
sentação de uma nova proposta 
de literatura.
55
TEXTOS INFORMATIVOS TEXTOS LITERÁRIOS
PÚBLICO-ALVO Depois de estabelecida uma intenção, 
os textos têm definido seu público-
-alvo. Os leitores de um texto infor-
mativo são muitos, justamente pelo 
alcance desse texto. A diversidade de 
pessoas que formam esse público é 
tanta que é preciso fazer um nivela-
mento buscando equilibrar as coisas 
_ afinal, há pessoas de várias idades, 
de diferentes níveis socioeconômicos, 
crianças, homens e mulheres com in-
teresses e profissões diferentes, níveis 
de escolaridade também distintos e 
assim por diante.
Tem alcance mais restrito, pois de-
vido à especificidade desse conjun-
to (a literatura), as coisas mudam 
consideravelmente. É claro que 
isso se deve à maior dificuldade 
de acesso a esses textos: o esti-
lo do autor, a divulgação da obra 
e principalmente o preço do livro 
restringem o público.
TIPO DE 
LINGUAGEM
O texto informativo tende a facilitar a 
linguagem para atender à demanda 
do público: notícias, panfletos e infor-
mes são consumidos rapidamente e, 
por isso, devem investir na objetivi-
dade e concisão, sem artifícios que 
compliquem a apreensão do sentido 
do texto.
A restrição de que falamos tam-
bém é reflexo da linguagem que 
o texto literário usa ou pode usar. 
As figuras de linguagem _ que ve-
remos adiante neste material _ são 
amplamente utilizadas, bem como 
são permitidas algumas licenças 
poéticas _ assim chamadas porque 
vão contra o padrão gramatical.
COMPROMISSO 
COM A REALIDADE
O compromisso com a realidade é lei 
para os textos que objetivam informar 
o leitor. Considerando uma notícia de 
jornal, por exemplo, é sabido que os 
fatos devem ser priorizados, inclusive 
com a apresentação de diversas ver-
sões sobre o que aconteceu, de modo 
a levar até o leitor o maior número de 
informações apuradas, para evitar par-
cialidade. Um redator de textos publi-
cados em jornal, revista ou site, a rigor, 
não pode inventar notícias, pois a sua 
tarefa é registrar o fato da maneira 
mais neutra possível. 
Em um caminho totalmente inver-
so, o texto literário pode partir da 
realidade, mas uma vez que o fato 
foi transposto para o universo da 
ficção, admitem-se distorções, cor-
tes ou excessos. 
Há, inclusive, textos literários que 
se afastam bastante da realidade. 
É o caso das histórias de terror, de 
alguns contos de fada, da literatura 
fantástica ou da ficção científica. 
Outros textos literários, mais afei-
tos à realidade, apesar de perten-
cerem ao universo ficcional (que 
envolve o criado e o imaginado), 
investem na verossimilhança. Mas 
atenção: um texto verossímil traba-
lha para “parecer” real. Aliás, esse 
esforço de alguns textos dessa ca-
tegoria para parecerem reais já é 
a prova contundente de que eles 
não são reais e por isso apelam à 
verossimilhança, que tenta promo-
ver o convencimento do leitor para 
envolvê-lo com a história que ele 
está lendo.
Fonte: adaptado de Kobs, 2012
56
ANOTE ISSO
O que significa “verossimilhança”?
É a qualidade ou o caráter do que é verossímil ou verossimilhante, o que é 
semelhante à verdade, que tem a aparência de verdadeiro. O entendimen-
to do que seja verossimilhança é fundamental para o estudo da literatura 
e das artes em geral, e entende-se desde então por verossímil na ordem 
narrativa tudo o que está ligado ao campo das possibilidades relativas ao 
homem e à história.
Um exemplo: imagine uma história que se passa nos anos de 1960, e um 
personagem usa um telefone celular. Trata-se de algo inverossímil. Mas su-
pomos que o personagem fique preso em uma sala e não consiga se comu-
nicar com ninguém que possa ajudá-lo. Isso é verossímil, pois não existiam 
celulares naquela época.
Fonte: http://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/verossimilhanca/
TEXTOS INFORMATIVOS (OU NÃO LITERÁRIOS)
Os textos informativos (ou não literários) têm por objetivo transmitir conhecimento, da-
dos e conceitos sobre um determinado tema. É o que se encontra em reportagens de 
revistas e jornais, verbetes de dicionários e enciclopédias, artigos de científicos, livros 
didáticos, manuais técnicos, etc. A expectativa de quem lê um texto informativo é justa-
mente se instruir, aprender alguma coisa com a leitura.
Incluem-se neste tipo de textos todos os compreendidos no jornalismo: jornais, re-
vistas, folhetos, com suas diferentes variedades (notícias, reportagens, artigos diversos, 
anúncios, etc.). Pode-se também incluir a correspondência, embora algumas cartas ou 
e-mails se encaixariam melhor em um modelo literário. No entanto, a maior parte de cor-
respondência que recebemos e enviamos tem como finalidade informar algo concreto.
Caracteríticas do texto explicativo
 • É escrito em prosa – não em versos – e na 3.ª pessoa do discurso ou no imperativo.
 • Fornece informações verdadeiras e objetivas sobre um determinado tema.
 • Utiliza o sentido denotativo da linguagem para informar de forma clara e direta.
 • Não utiliza figuras de linguagem nem o sentido conotativo das palavras, de modo 
a evitar ambiguidade e diversidade de interpretações.
 • Não expressa opiniões pessoais nem reflete possíveis indagações do autor.
 • Tem caráter prático e utilitário.
 • Apresenta citações, fontes, dados e pesquisas, de forma a provar a sua credibilidade.
Vejamos alguns tipos de texto informativo:
Texto Injuntivo 
O texto injuntivo (ou prescritivos) possibilita uma liberdade de atuação ao leitor. São 
exemplos desse tipo de texto as receitas culinárias, os manuais de instruções e bulas 
de remédio. 
57
Por outro lado, os textos explicativos prescritivos exigem que o leitor proceda de uma 
determinada forma, exigindo que as determinações sejam seguidas. São exemplos de 
textos explicativos prescritivos as leis, as cláusulas contratuais e os editais de concursos 
públicos (NEVES e CABRAL, s/d).
Exemplos de textos explicativos injuntivos:
Fonte 1 file:///C:/Users/Uca/Downloads/49188-Texto%20do%20artigo-60265-1-10-20130105.pdfFonte 2: arquivo pessoal
Fonte 3 : https://fullworks.net.br/loja/placas-de-sinalizacao/placa-proibido-estacionar/
Exemplos de enunciados injuntivos:
 • Não é permitido fumar em sala de aula.
 • Vai fazer frio mais tarde, leve o agasalho quando sair.
 • Filho, vem almoçar, vem!
 • Tome o remédio de 6 em 6 horas.
Texto Descritivo 
O texto descritivo envolve a descrição de algo, seja de um objeto, pessoa, animal ou lu-
gar, e sua intenção é transmitir para o leitor as impressões e as qualidades desse objeto. 
Ou seja: texto descritivo capta as impressões, de forma a representar a elaboração de um 
retrato, como uma fotografia revelada por meio das palavras. Podem ser encontrados 
em relatos de viagem, folhetos turísticos, currículos, trechos de literatura, classificados 
de produtos, boletins policiais, etc.
Os textos descritivos não são, habitualmente, textos autônomos. O que acontece é 
a existência de passagens descritivas inseridas em textos narrativos, havendo uma 
pausa na narração para a descrição de um objeto, pessoa ou lugar. Alguns exemplos 
de texto descritivo são folhetos turísticos, cardápios de restaurantes e classificados (NE-
VES e CABRAL, s/d).
A descrição pode ser mais objetiva ou mais subjetiva, e pode focar apenas aspectos 
mais importantes ou também detalhes específicos.
Leia um exemplo de descrição objetiva: 
58
O Onix Joy é vendido nas cores preto, branco e vermelho, bem como cinza e 
prata.
O pacote de equipamentos é fechado e, entre os itens de série, há airbag duplo, 
freios ABS, monitoramento da pressão dos pneus, alarme antifurto, ar-condi-
cionado e direção com assistência elétrica progressiva.
O modelo oferece também encosto de cabeça e cinto de três pontos para os 
cinco ocupantes, Isofix com Top Tether, chave tipo canivete dobrável, travas 
elétricas, indicador de troca de marcha, preparação para som, banco traseiro 
rebatível, entre outros.
Fonte: https://www.noticiasautomotivas.com.br/onix/.
Agora, um exemplo de descrição subjetiva do mesmo carro descrito acima:
O Onix agrada na maioria dos itens. Por ser um carro simples, o acabamento, 
design, motor e espaço interno são ok. O conjunto transmissão e embreagem 
excelentes, freia bem, boa estabilidade e altura em relação ao solo. Suspensão 
filtra bem as irregularidades. Consumo foi uma grata surpresa, com gasolina 
comum faço média de 12km/l em uso urbano e 16km/l em uso rodoviário, me-
didos na bomba. Carro valente pelo que custou, e nesta versão LT 1.4 apresenta 
alguns itens bem interessantes.
Tem alguns deslizes em certos itens (posição do puxador da porta, falta repe-
tidor de seta no retrovisor, falta um marcador de temperatura do motor). No 
modelo zero km algumas melhorias foram feitas.
Fonte: http://bestcars.uol.com.br/bc/participe/opinioes-proprietarios/teste-do-leitor-che-
vrolet/chevrolet-onix/
Vale frisar que o ponto principal da descrição é a adjetivação do objeto. Há adjetivos 
que não podem ser questionados, como a cor e a funcionalidade de algo, e por isso são 
objetivos. Já outras características são opinativas e podem ser questionadas, tais como 
aparência, beleza, conforto, etc.
TEXTOS LITERÁRIOS
Diferentemente dos textos informativos, os textos literários têm por principal objetivo 
entreter e estão ligados à arte. Por ser um texto artístico, não tem compromisso com a 
objetividade e com a transparência das ideias. Possui caráter estético, e a interpretação 
e a significação variam de acordo com a subjetividade do leitor.
É comum o uso de figuras de linguagem, e não precisa seguir fidedignamente a nor-
ma gramatical culta. Alguns exemplos textos literários são novelas, romances, contos, 
discursos, poemas e poesias. 
Texto Narrativo 
Nós contamos, ouvimos, lemos e escrevemos histórias todos os dias, reais ou fictícias, ao 
exercitarmos a troca comunicativa que caracteriza nossa vida em sociedade. Ao enca-
dear uma sequência de fatos (reais ou imaginários), em que os personagens agem em 
certo espaço à medida que o tempo passa, você está participando de uma narração.
59
Mesquita (1986) diz que: 
Contar e ouvir histórias são atividades das mais antigas do homem. 
Pessoas de todas as condições socioculturais têm prazer de ouvir e de 
contar histórias (...). No ritual de se pegar um livro para ler ou de se sen-
tar à volta ou diante de um narrador, uma tela de cinema ou de TV, para 
ler/ouvir contar-se uma história, desenrolar-se um enredo, tal como no 
exercício do jogo, há a busca de prazer, há tensão, competição, há a 
máscara, a simulação, pode haver até a vertigem.
Para ser caracterizado como uma narrativa, o texto deve ter:
Fato (acontecimento em si, tudo aquilo que será relatado)
Enredo (encadeamento das ações)
Personagens (autores das ações na narrativa, aqueles envolvidos na história)
Ambiente, espaço ou cenário (lugar onde decorrem os fatos)
Tempo (localização cronológica dos acontecimentos)
Exemplo de trecho predominantemente narrativo:
“Fazia um pouco mais de um mês que eu não passava por ali. Na manhã de 
um domingo a princípio comum, resolvi refazer aquele caminho que há tem-
pos eu não trilhava. Confesso que não havia tanta diferença assim desde a úl-
tima vez que passara por ali. Mas desta vez algo de diferente acontecera: um 
encontro com a única pessoa que seria capaz de me tirar a atenção naquele 
momento”.
Notem que o fragmento acima nada mais é que um relato de uma situação qualquer (fato), 
vivenciada por alguém (personagem). Acontece em determinado espaço (ambiente), 
num dado momento (tempo), sendo encadeado através de ações (enredo).
Prosa x Verso
De acordo com Kobs (2012), os textos em prosa são aqueles escritos de modo contínuo, de 
uma margem à outra da página, formando períodos que são reunidos nos parágrafos que compõem 
o texto. São vários os tipos de texto em prosa: romances, novelas, contos, crônicas, etc. De 
variados tipos e tamanhos, a prosa literária só difere da prosa informativa pelos quesitos 
já apresentados e analisados (intenção, público, linguagem e comprometimento com a 
realidade), mas o formato é exatamente o mesmo. 
Veja um exemplo de texto em prosa. Observe o formato:
60
Fonte:https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes?migalha=true&prova=58169
Já na escrita literária em versos, cada linha do texto constitui um verso e não é preciso 
que os versos sejam escritos de forma contínua, formando períodos, parágrafos e indo 
de um lado ao outro da página. Os versos privilegiam a sonoridade, preocupam-se mais 
com as rimas e são compostos de sílabas poéticas. 
Cada conjunto de versos é separado de outro por um espaço em branco, formando 
blocos. Um bloco equivale a uma estrofe e é o conjunto de estrofes que chamamos 
poema.
Exemplo de literatura em verso:
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/773985885929992517
61
ANOTE ISSO
Você já deve ter ouvido falar que fulano escreve crônicas literárias, mas que 
sicrano escreve crônicas policiais. E então, a qual tipologia a crônica pertence?
A crônica é um texto em prosa que fica entre o informativo e o literário. Essa 
duplicidade deve-se ao fato de a crônica poder se referir tanto a uma narra-
tiva fictícia quanto a um acontecimento real, como, aliás, parece o episódio 
que Paulo Coelho retrata em seu texto:
Tudo é uma coisa só
Reunião na casa de um pintor paulista que está vivendo em Nova York. 
Conversamos sobre anjos e sobre alquimia.
Em determinado momento, tento explicar a outros convidados a ideia alquí-
mica de que cada um de nós contém dentro de si, o Universo inteiro _ e é, 
portanto, responsável por ele; luto com as palavras, mas não consigo uma 
boa imagem que explique meu ponto de vista.
O pintor, que está escutando calado, pede para que todos olhem pela janela 
do seu estúdio.
“O que estão vendo?”, pergunta.
“Uma rua do Village”, responde alguém.
O pintor cola um papel no vidro, de modo que a rua não pode mais ser vista. 
Com um canivete, corta um pequeno quadrado no papel.
“E, se alguém olhar por aqui, o que verá?”
“A mesma rua”, é a resposta.O pintor faz vários quadrados no papel.
“Assim como cada buraquinho neste papel contém, dentro dele, a visão da 
mesma rua, cada um de nós contém, em sua alma, o reflexo do mesmo Uni-
verso”, diz ele.
E todos os presentes batem palmas pela bela imagem encontrada.
Fonte: COELHO, Paulo. Tudo é uma coisa só. G1 Globo.com, 25 mar. 2010, Seção 
Blogs e Colunas Paulo Coelho. Disponível em: <http://colunas.g1.com.br/paulocoe-
lho/>. Acesso em 14 fev. 2019.
AULA 07 
A DISSERTAÇÃO 
ARGUMENTATIVA
63
“Quem não pode atacar o argumento ataca o argumentador.” - 
Paul Valéry, filósofo, escritor e poeta francês
Segundo o dicionário Priberam online de língua portuguesa, dissertar e argumentar 
significam respectivamente:
dis·ser·tar 
verbo transitivo
1. Fazer dissertação.
2. Discursar.
3. Tratar desenvolvidamente de um ponto doutrinário.
4. Produzir razões em favor da própria opinião (refutando a contrária).
ar·gu·men·tar
verbo intransitivo
1. Aduzir argumentos; objetar.
verbo transitivo
2. Alegar.
3. Responder.
4. Opor.
In: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [online], 2008-2013, [consultado em 17-02-2019].
O que nos interessa, no momento, são as acepções número 4 dos dois verbos. 
A dissertação é um tipo de escrita que, a partir de um tema, procura convencer o 
leitor, por meio da exposição de ideias, raciocínio, argumentos e opiniões. Porém, evi-
dentemente que para atingir os objetivos, as opiniões devem ser claras e principalmente 
convincentes. Assim, toda dissertação envolve uma posição comprovada por meio de 
argumentos e fatos, e encerrada com a conclusão, que é a soma da introdução e do 
desenvolvimento. (CRUZ NETO, 2010).
Logo, o texto dissertativo-argumentativo, como é comumente chamado este gê-
nero, tem compromisso com a opinião, pois ele é a defesa de um ponto de vista - contra 
ou a favor de algum assunto. Em geral, o tema de um texto desse tipo é polêmico, carac-
64
terística que se evidencia no interesse demonstrado pelo autor em expressar um ponto 
de vista a respeito.
Complementando, segundo Cegalla (2005), textos dissertativo-argumentativos têm 
como principal intenção comunicativa convencer o leitor com relação às ideias que 
são apresentadas em seu conteúdo. 
O texto desse tipo pode abordar quaisquer opiniões, mas profissionalmente é bas-
tante usado na área do direito e jornalismo, por exemplo. Podem ser escritos com uma 
linguagem objetiva, em terceira pessoa do plural (“eles”) ou subjetiva, em primeira pes-
soa do singular (“eu”).
ANOTE ISSO
Quando um enunciado pede para que um texto seja escrito em primeira ou 
terceira pessoa, quem são essas “pessoas”?
São aquelas dispostas nos pronomes pessoais (sujeitos da oração):
Os pronomes pessoais recebem esse nome porque se referem à pessoa do 
discurso, ou seja, a pessoa de quem se fala. O discurso é o texto ou a fala 
de alguém; sendo assim, existem as falas do discurso: 1ª, 2ª e 3ª pessoa do 
singular e 1ª, 2ª e 3ª fala do plural. No discurso, a 1ª pessoa é a que fala; a 2ª 
pessoa é a com quem se fala; a 3ª fala é a de quem se fala.
Número Pessoa Sujeito
Singular
1ª Eu
2ª Tu
3ª Ele, Ela
Plural
1ª Nós
2ª Vós
3ª Eles, Elas
No caso do pronome “você”, usa-se em substituição ao pronome “tu” (2ª 
pessoa do singular), porém quando conjugado com o verbo representa a 3ª 
pessoa do singular na conjugação. Exemplo: Você gosta de estudar? = Tu 
gostas de estudar?
ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
O padrão da estrutura desse tipo de texto consiste basicamente em três partes:
Introdução Desenvolvimento Conclusão
 • A introdução consiste em mencionar o tema abordado para situar o leitor e iniciar 
a contextualização da linha de opinião que será adotada pelo autor. Uma introdu-
ção adequada não deve ser longa.
 • O desenvolvimento é a principal parte do texto, em que as opiniões sinalizadas 
na introdução são desenvolvidas e fundamentadas de maneira objetiva, deixando 
clara a opinião do autor. Essa parte do texto corresponde a cerca de 50% do texto.
65
 • E na conclusão deve-se apontar possíveis soluções ou sugestões à problemática 
abordada. Essa parte do texto, assim como a introdução, representa aproximada-
mente 25% do texto.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Ao ler as informações sobre a estrutura do texto dissertativo-argumentativo, 
você certamente se lembrou das aulas de Redação do ensino médio, quan-
do se aprende a escrever a dissertação para provas e concursos. Você está 
certo, mas não é só nessa situação em que a estrutura introdução - desen-
volvimento - conclusão é usada. Pode-se usar a dissertação em reportagens, 
artigos de opinião, cartas do leitor e para o leitor, editoriais, petições, mo-
nografias (os trabalhos de conclusão de curso - TCCs), teses de doutorado 
e - obviamente - nas dissertações de mestrado.
No atual mercado de trabalho, o texto dissertativo-argumentativo pode ser usado no 
processo seletivo de uma vaga. Vamos às principais recomendações quanto à escrita e 
forma da chamada “redação” sobre um tema: 
 • Use linguagem simples. Ninguém agüenta e nem tem tempo para ficar lendo e 
decifrando textos rebuscados;
 • Não use gírias. Palavras e expressões desse tipo fazem parte somente da língua 
falada, e ainda assim são regionais, não necessariamente conhecidas por todos;
 • Evite frases de uma palavra, ou de efeito. Palavras sozinhas não têm sentido numa 
redação, por isso não merecem virar frase. E frases de efeito, assim como clichês, 
refletem apenas a opinião de quem os criou;
 • Não abrevie. Os selecionadores não são obrigados a entender palavras abreviadas 
e você corre o risco de abreviar de forma errada;
 • Seja claro. Procure seguir a ordem direta das frases, sem inverter a seqüência dos fa-
tos ou das opiniões. Assim suas frases ficarão leves e curtas e os argumentos, claros;
 • Evite termos em inglês. Não “pega” bem americanizar seu texto, e você ainda corre 
o risco, novamente, de usar os termos de maneira errada;
 • Evite metáforas, analogias e outros recursos que num romance ou num poema 
podem ajudar muito, mas em textos objetivos só ocupam espaço;
 • Fale dos objetivos profissionais. Quando o tema for livre, prefira falar da sua carrei-
ra, profissão, área de atuação ou algo sobre a atualidade. Redações com temas do 
tipo “domingo no parque”, “minhas férias” ou “por que tenho 20 pares de sapato 
no armário” são abominadas;
 • Cuidado com a redundância. Muitas vezes, sem perceber, explicamos mais de 
uma vez a mesma coisa, assim como fazemos ao falar. Confira se o seu texto não 
está repetitivo;
 • Varie o vocabulário. Usar sempre a mesma palavra demonstra pobreza de vocabu-
lário, sem contar que o texto fica muito cansativo;
 • Evite frases longas. Elas são um prato cheio para que as idéias se percam. Ponto 
final é a melhor arma nesses casos;
 • Fique atento ao uso das letras maiúsculas e dos parágrafos. 
 • Simplesmente apresente sua opinião. Seja ela qual for, será bem aceita se for bem 
apresentada. Defenda-a, mas evite radicalismos e temas polêmicos;
 • Revise. Tem gente que acha que revisão é “mal” de jornalista e escritor. Qualquer 
texto, sobre qualquer assunto, com qualquer propósito que seja, pode causar uma 
grande confusão se contiver erros, frases incompletas etc.
Fonte: http:// www.empregos.com.br
66
Quanto à argumentação em si, vale lembrar que argumentar não é informar, mas con-
vencer o leitor por meio de pontos convincentes, baseados em fatos. A estratégia para 
desenvolver o argumento envolve:
 • Enumerar/listar os argumentos
 • Confrontar prós e contras
 • Dar exemplos amplamente conhecidos sobre a temática
 • Indicar as causas ou motivos da problemática apresentada
 • Indicar os efeitos ou consequências da problemática apresentada
 • No caso de dissertações argumentativas de provas, concursos, etc., propor solu-
ções para o problema
ANOTE ISSO
Um bom texto dissertativo-argumentativo remete a conceitos genéricos, 
abstratos, e por isso, exige grandes quantidades de substantivos abstratos 
e/ou que nomeiam ideias,tais como trabalho, empatia, deveres e direitos, 
capacidade, solidariedade, sororidade, bem comum, satisfação e respeito, 
entre outros.
É importante também se lembrar da ausência de temporalidade, ou seja, 
conceitos são atemporais, não há progressão de acontecimentos no tempo 
como em uma narrativa. Assim, na argumentação, predominam os verbos 
no presente do indicativo (“é, está, precisa, faz”, etc.) e eventualmente no 
presente do subjuntivo (“se lutarmos, caso seja feito, quando acontecer”, 
etc.) para propor soluções.
Vamos a um exemplo prático, estimados alunos?
Tomemos um assunto qualquer:
“A educação pública brasileira agoniza”
O primeiro passo é fazer a pergunta mágica dos questionamentos filosóficos de todos 
os tempos: POR QUÊ?
Perguntar-se o porquê de problemática - no caso, a precariedade da educação públi-
ca - é encontrar as causas do problema.
As respostas possíveis encontradas para tal questão podem ser as seguintes:
 • O baixo investimento do governo
 • As más administrações escolares
 • O alto índice de evasão
 • Os professores descomprometidos e desestimulados
 • As escolas sucateadas
 • A baixa remuneração dos profissionais da área e o não reconhecimento do profis-
sional da educação
 • Interesses políticos em manter a população desinformada, etc.
Os tópicos acima são apenas alguns dos motivos do tema proposto, pois quanto mais 
leitura de mundo você tem, mais você é capaz de argumentar.
 • Para propor uma solução - desde que seja minimamente viável e não utópica, im-
possível - é preciso pensar quais as consequências dos motivos listados.
67
 • Alunos desmotivados
 • Aumento do analfabetismo funcional e da baixa escolaridade populacional
 • Diminuição de profissionais técnicos e de nível superior capacitados
 • Diminuição da pesquisa acadêmica e desenvolvimento do país
 • Aumento exponencial da violência
 • Uma população acrítica e facilmente manipulável, etc.
ISTO ESTÁ NA REDE
Veja este curtíssimo, porém tocante vídeo sobre o poder das palavras na 
argumentação:
https://www.youtube.com/watch?v=qYbLv9u88fo
FATO E OPINIÃO 
Para fins do estudo desta aula, vamos falar um pouco sobre fato e opinião.
À primeira impressão, se nos perguntado sobre a diferença entre fato e opinião, 
com base na nossa leitura de mundo possivelmente conseguiremos pensar em uma 
resposta coerente, pois se trata de dois termos que não são exclusivos dos estudos lin-
guísticos, e sim comuns do dia a dia.
Todavia, pensando em como um texto dissertativo-argumentativo é construído, é 
preciso conceitualizar. 
O dicionário Priberam diz:
fato:
1. Coisa realizada. 
2. Acontecimento.
3. Sucesso.
4. Assunto (de que se trata).
opinião:
1. Modo de ver pessoal, ideia
2. Juízo sobre alguém ou de algo
3. Convicção, crença
4. Manifestação das ideias individuais.
Como podemos perceber, fato está relacionado a algo realizado, algum feito, um acon-
tecimento objetivo, que não se pode contestar porque é evidente que aconteceu. Já 
opinião é o modo pessoal e subjetivo de encarar um acontecimento.
68
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Quantas vezes você já falou ou ouviu alguém dizendo algo do tipo “Você 
está sendo muito subjetivo!” ou “Pare de enrola e seja mais objetivo”? Tal-
vez você nunca tenha pensado sobre o significado desses conceitos, e inde-
pendentemente da sua área de atuação profissional ou escolha acadêmica, 
chegou o momento de aprender ou relembrar o conceito de objetividade e 
subjetividade para agregar conhecimento à sua leitura de mundo:
https://www.significados.com.br/subjetividade/
https://www.significados.com.br/objetividade/
Neste momento, é importante pontuar que muitas pessoas pensam que estão inter-
pretando como fato aquilo que, na verdade, pode ter uma opinião ali embutida. São as 
famosas “pegadinhas” de questões de interpretação ou daquela pergunta capciosa na 
qual o aluno/candidato sempre empaca. Veja o seguinte enunciado:
PATRÍCIA FELIZMENTE PAROU DE TOMAR REFRIGERANTE.
Em um nível superficial de interpretação, identificamos um acontecimento: alguém 
antes tomava refrigerante e agora não toma mais = FATO.
Em um nível profundo de interpretação, voltando e fazendo uma leitura mais atenta, 
identificamos o advérbio “felizmente”. O que ele quer nos dizer? Que quem escreveu a 
frase considera refrigerante algo ruim, nocivo à saúde, e isso é um conceito subjetivo 
que corresponde a “ainda bem que ela parou de tomar refrigerante!” = OPINIÃO.
Observe a notícia a seguir:
Idosos terão recursos
(IDOSOS terão recursos,2010)
A prefeitura de Curitiba, através da Secretaria Municipal do esporte e Lazer, 
receberá R$ 100 mil para atender projetos voltados à terceira idade neste ano.
Os recursos são provenientes de emenda ao Orçamento da União, aprovada por 
solicitação da Câmara, junto aos deputados federais, no Congresso Nacional.
De acordo com o projeto, a verba será investida na implantação e modernização 
da infraestrutura de esporte recreativo de de lazer para idosos.
Fonte: Kobs, 2012
O texto acima se detém sobre o fato, sem interferências de opinião. Não há nenhum ad-
jetivo que julgue ou classifique as informações apresentadas. Pode-se dizer apenas, pelo 
conjunto, que o texto deixa transparecer o lado positivo da notícia, o que fica claro no títu-
lo (“Idosos terão recursos”). As palavras desse título são tanto um resumo da notícia quan-
to passam a ideia de que o fato de os idosos receberem recursos é algo benéfico, positivo.
69
Agora, outra nota:
Fim do sufoco
(FIM do sufoco, 2010)
Ponte que vai desafogar o trânsito da região Fazendinha e CIC será inaugurada 
em março. Obra é um reinvindicação antiga da comunidade, e já está em fase de 
acabamento.
Fonte: Kobs, 2012
Ao contrário da anterior, nesta notícia a opinião é mais evidenciada, o que se confirma 
lendo o título (“Fim do sufoco”). Com um tom meio apelativo, o título corresponde a algo 
como “até que enfim!”, e isso acontece porque o autor fez uma avaliação do fato de a 
comunidade passar sufoco com o trânsito e reivindicar há bastante tempo uma ponte. 
Ele não foi totalmente parcial e deixou transparecer sua opinião sobre o caso - ou seja, 
foi um meio de legitimar a reclamação da comunidade.
DICAS PARA INDENTIFICAR OPINIÃO E FATO
OPINIÃO: 
1. Uso de adjetivos.
2. Subjetividade.
3. Escolha de advérbios (felizmente, infelizmen-
te, bastante, pouco, demais)
4. Imparcialidade.
FATO:
1. Sem adjetivações.
2. Objetividade.
3. Não há o que contestar e questionar.
4. Parcialidade.
Fonte: adaptado de Kobs, 2012
AULA 08 
INFORMAÇÃO 
NA ERA DIGITAL
71
“Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte.” 
- Zygmunt Bauman
Em vários momentos ao longo desta disciplina, pontuou-se a questão da importância 
da leitura para adquirir conhecimento – científico e de mundo. Vamos retomar tal con-
ceitualização para refletir acerca de como recebemos, processamos e disseminamos in-
formação na atualidade, a Era Digital (ou Era da Informação). 
Era Digital ou Era da Informação são os termos utilizados para designar os avanços 
tecnológicos resultantes da Terceira Revolução Industrial e que acontecem em um cibe-
respaço instrumentalizado pela informática e pela internet.
ANOTE ISSO
A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Informa-
cional, teve início em meados do século XX, quando a eletrônica surgiu como 
meio de modernização da indústria. Isso se deu após a II Guerra Mundial 
(1939-1945) e abrange o período que vai de 1950 e até os dias atuais.
As principais características e consequências que marcam a Terceira Revolu-
ção Industrial são:
• o uso de tecnologia e do sistema de informação na produção industrial;
• o desenvolvimento da robótica, da engenharia genética e da biotecnologia;
• a aceleração da economia capitalista e geração de emprego;
• a utilização de várias fontes de energia, inclusive as menos poluentes, e a 
conscientização ambiental;
• o amento da consciência ambiental;
• a consolidação do capitalismo financeiro;
• a terceirização da economia e
• a expansãodas empresas multinacionais.
72
A obtenção ágil da informação – e principalmente da informação de qualidade – é o 
grande desafio destes nossos tempos. De um microcomputador doméstico, um note-
book ou um smartphone podemos ter acesso ao resultado de uma pesquisa eleitoral 
ou de mercado, acontecimentos registrados em forma impressa, áudio e vídeo, depoi-
mentos de celebridades e chefes de Estado, resultados esportivos, anúncios de acordos, 
fusões e novos produtos, entretenimento sem fim e relacionamentos pessoais por meio 
de uma simples conexão à Internet (adaptado de JAMIL E NEVES, 2000).
Assim, fica claro que a exposição a essa enxurrada de informações causa algum im-
pacto, positivo ou negativo, nas nossas relações, no modo como enxergamos o mundo e 
como interpretamos aquilo que lemos.
Mas será que apenas ler a informação que nos é apresentada na Internet é o sufi-
ciente para adquirir conhecimento? 
ISTO ESTÁ NA REDE
Tudo o que eu preciso saber está na Internet?
Será que eu ainda vou ter meu próprio site na Internet?
É possível gostar de música, matemática e Internet tudoaomesmotempoa-
gora?
Não há como esgotar um assunto tão como a sociedade da informação _ 
esta em que vivemos. Quer saber a resposta de essas e outras perguntas da 
Era da Informação? Leia o artigo da Revista Superinteressante:
https://super.abril.com.br/tecnologia/a-sociedade-da-informacao/
É fato que a Internet criou novos hábitos de comunicação entre as pessoas. Nós nos 
adaptamos às facilidades da nova tecnologia, e isso vale tanto para a leitura, em vista 
da enorme quantidade de textos veiculados na rede, quanto para a escrita, principal 
meio de expressão do internauta - bem, apesar de até as conversas “via áudio” já estão 
se tornando mais corriqueiras... logo, as gerações vindouras nem mais saberão como é 
sua caligrafia!
Podemos concluir então que cada vez mais o acesso às redes sociais é irrestrito, po-
rém, as pessoas não sabem separar as informações mais valiosas para a aquisição 
do conhecimento daquelas meramente de entretenimento, superficiais ou falsas.
Mas viver na Era Digital é tão ruim assim para a nossa formação como leitor? De jeito 
nenhum. Pelo contrário: deveríamos nos sentir privilegiados por, ao alcance de um cli-
que, no tempo que leva acessar um link, ter à disposição uma profusão de textos, vídeos 
e áudios sobre todos os assuntos, de todas as épocas, sob todos os pontos de vista - e 
ainda poder debater com gente do mundo todo por um custo mínimo. Nossa reflexão 
deve ser justamente acerca de como fazer do nosso notebook ou smartphone um filtro 
de tanta informação, que nos ajudará a ler mais e compreender melhor.
73
Alguns tópicos que merecem reflexão sobre leitura e interpretação na Era Digital:
Estamos vivendo a era da instantaneidade, em queo mais importante parece ser a 
velocidade da publicação e não mais a qualidade e a riqueza do conteúdo. 1
Virou tendência apenas copiar e replicar o que lemos, sem questionas se aquilo é 
de fato o que acreditamos ou discordamos. Nos habituamos ao ctrl+c e ctrl+v e nos 
esquecemos da nossa opinião.
2
Geramos informações, mas não geramos conteúdo. Geramos textos , mas não 
geramos conhecimento. Somos autores de blogs e redes sociais, mas como disse o 
jornalista André Petry: Qualquer escrita floresce no mundo digital, mas a leitura, a 
boa leitura murcha.
3
Saber ler e escrever há décadas não é mais um diferencial, porém, ler e escrever 
bem certamente é um diferencial e um seletor natural. É só pensar nos processos 
seletivos e provas que fazemos ao longo da vida, com suas redações e longos 
enunciados.
4
A leitura na internet é apenas uma extensão da leitura em qualquer outro meio 
(livro, jornal, revista, etc.) Se na internet as pessoas não leem, é possível que não 
leem também em outros meios, e se não sabem interpretar texto na internet, não 
saberão interpretar em lugar algum.
5
Fonte: adaptado de https://anapdealmeida.com/2012/12/24/ler-pensar-e-escrever-na-era-digital/ 
e https://www.luis.blog.br/leitura-na-internet-eles-nao-leem-ou-nao-sabem-interpretar-texto/. 
Acesso em 27 nov. 2018.
Observe este meme que viralizou nas redes:
Fonte: arquivo pessoal
74
O exemplo acima, na verdade, não traduz o analfabetismo funcional como conceituali-
zado, mas reflete um tipo de falta de interesse comum entre os usuários de redes sociais: 
a preguiça. Sim, preguiça de ler. Você certamente já deixou de ler um post ou comentá-
rio por considerá-lo “muito longo” - e já existe neologismo para isso: o “textão”.
Somam-se a isso a falta de leitura fora dos meios digitais (livro, jornal, revista, etc.) e 
o próprio caráter de leitura rápida (o “passar os olhos”) inerente às tecnologias e temos 
o resultado: a falta de prática em leitura longa e desinteresse do usuário em dispor de 
um tempo maior para ler um enunciado mesmo que consideravelmente curto. Quando 
ele se depara com textos e enunciados grandes em provas e testes, a primeira sensação 
é de estar perdido quanto ao que fazer e por onde começar a ler (dica: pelo começo! ).
Veja este post de uma página de negociações tipo “desapego” do Facebook:
Fonte: arquivo pessoal
75
Os comentaristas de internet são um capítulo à parte na análise da interpretação em redes 
sociais, não é mesmo? Trata-se de um fenômeno de desinteresse em apurar a informação, 
mas cujo problema tem raízes na falta de leitura em geral - a começar fora da Internet. 
Isto é complicado, pois na melhor das hipóteses, o leitor vai ficar sem entender o que está 
sendo proposto, e na pior das hipóteses, vai entender o que o texto não está dizendo.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
O dado a lado, em forma de meme, é do Anony-
mous Br4sil, e você deve ter ficado impressionado 
com o número - ou se lembrou de alguma ocasião 
em que brigou com alguém porque um não en-
tendeu o que o outro quis dizer em vias digitais. A 
escrita virtual não tem tom de voz, linguagem 
não-verbal corporal ou expressões faciais (embo-
ra tenhamos os emojis...) e isso pode causar uma 
falha de comunicação se a pessoa não souber do-
minar o uso de pontos de exclamação, interrogação ou vírgulas. Um “oi” 
pode soar mais seco que um ‘“oi!!<3”, mas como confirmar se o remetente 
do primeiro oi estava realmente bravo ou desinteressado em conversar? - Só 
pessoalmente, e até então, namoros já foram desfeitos e amizades foram 
parar na corda bamba.
Para nos preparar para o próximo tópico, vale ouvir o podcast do Jornal da USP sobre 
como o analfabetismo funcional é uma das causas da disseminação de notícias falsas, 
as fake news: https://jornal.usp.br/atualidades/analfabetismo-funcional-pavimenta-o-ca-
minho-para-as-fake-news/
MANIPULAÇÃO DE DADOS E FAKE NEWS
A grande acessibilidade aos meios de comunicação permite que qualquer pessoa pro-
duza conteúdo e o divulgue nas redes sociais. Assim, muito do que consumimos de in-
formação não corresponde totalmente à verdade - tanto é que jornalistas estão fazendo 
o impossível para conseguir apurar essas informações “duvidosas”. A situação é tão sé-
ria que surgiram agências especializadas em checar fatos – as chamadas fact-checking 
agencies.
Em tradução literal para o português, o termo significa “notícias falsas”. Segundo a 
editora inglesa Collins, fake news seriam: “informações falsas e eventualmente sensa-
cionalistas divulgadas sob o disfarce de notícias”. A expressão também foi escolhida 
como a “palavra do ano” em 2017, período em que as menções ao termo na mídia au-
mentaram em 365% (dados da BBC Brasil).
No ano anterior, 2016, o termo eleito pelo Dicionário Oxford como a palavra do ano 
foi pós-verdade, conceito da Sociologia que já abria caminho para o que viria a ser o 
fenômeno das fake news: “circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes 
na formação da opinião pública do que emoções e crenças pessoais” (ENGLISH OXFORD 
LIVING DICTIONARIES, 2016). A pós-verdade encaixa-se perfeitamente em um mundo 
em que mentiras e fofocas se espalham rapidamente em redes cujaspessoas acreditam 
mais uma nas outras do que em qualquer órgão tradicional da imprensa, nas institui-
ções de pesquisa e até mesmo na ciência. 
76
Não há como abordar pós-verdade, Era Digital e fake news sem falar de Zygmunt Bau-
man, sociólogo polonês que desenvolveu o conceito de modernidade líquida. Sua frase 
mais famosa para resumir o conceito é: “Vivemos em tempos líquidos. Nada foi feito 
para durar”. Na modernidade líquida, os vínculos pessoais podem ser rompidos a qual-
quer momento e levar o indivíduo ao isolamento social, e isso enfraquece a solidarieda-
de e estimula a insensibilidade em relação ao sofrimento do outro (BAUMAN, 2001). 
Para o sociólogo, as redes sociais são uma nova forma de estabelecer contatos e 
formar vínculos, mas não proporcionam um diálogo real, pois é muito fácil se fechar em 
círculos de pessoas pensam igual a você e não entrar em contato com controvérsias. 
Esse afastamento, mais a fluidez das relações e a rapidez das informações, são o terreno 
propício para plantar a semente da desinformação e das fake news.
ISTO ESTÁ NA REDE
Assista a uma entrevista com Zygmunt Bauman sobre o conceito da 
modernidade líquida, em que não se valoriza o permanente, mas 
o temporário.
https://www.youtube.com/watch?v=GTu_bycoEEw
As fake news são uma ferramenta para a pós-verdade, pois divulgar uma informação 
falsa porque se sabe que um grupo de pessoas vai acreditar e se envolver com o assun-
to mesmo que não seja verdadeiro, é uma forma de manipulação - e é aí que mora o 
perigo, não é? E isso pode acontecer tanto no mundo dos esportes e das celebridades 
quanto em assuntos bem mais sérios, como política, religião e relações externas.
77
NOTÍCIAS REAIS SOBRE NOTÍCIAS FALSAS
A agência de fact-
-checking Aos Fa-
tos divulgou uma pes-
quisa que afirma que 
43_ dos entrevistados 
desconfia das infor-
mações que recebe 
em aplicativos de 
mensagem. Por outro 
lado, metade dos 
entrevistados afirmou 
que já tomou alguma 
decisão errada basea-
da em Fake News.
Segundo o laborató-
rio de segurança PSa-
fe, os brasileiros aces-
saram cerca de 2.9 
milhões de Fake 
News entre janeiro 
a março de 2018, e 
o principal meio de 
disseminação dessas 
informações é o apli-
cativo de Whatsapp.
No Brasil, o Senado 
tem se mobilizado em 
torno do assunto: em 
21 de março de 2018 
o Plenário foi trans-
formado em sessão 
temática para tratar 
de notícias falsas, por 
iniciativa de Telmário 
Mota (PTB-RR). O 
senador sugeriu a 
criação de delegacias 
especializadas para 
dar celeridade na 
investigação das no-
tícias falsas propaga-
das na internet tanto 
sobre o autor como 
sobre quem reproduz 
o conteúdo.
Por que as fake news 
viralizam? Porque 
segundo o conceito 
da pós-verdade, uma 
pessoa está condicio-
nada a acreditar em 
algo alinhado com as 
suas crenças. Quando 
recebemos o link de 
uma matéria sobre 
algo com a qual nos 
simpatizamos por 
questões ideológicas, 
políticas ou morais, 
temos mais chances 
de ignorar evidências 
de que essa notícia 
seja falsa - e aí acredi-
tamos cegamente.
Fonte: adaptado de https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/manipulacao-
-de-dados-e-noticias-falsas-poem-internet-em-xeque e https://www.significados.com.br/pos-verdade/.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Para ilustrar o conceito de pós-verdade, os exemplos geralmente utilizados 
são das eleições presidenciais americanas de 2016. Trata-se de um exemplo 
clássico por ter tido impacto global, mas o fenômeno da pós-verdade ocorre 
cotidianamente, em menor escala, nas nossas vidas.
Eleições americanas de 2016: o candidato Donald Trump disseminou infor-
mações e estatísticas não fundamentadas para fortalecer sua campanha e 
atingir seus adversários. Essas afirmações, relacionadas à segurança na-
cional e ao terrorismo, apelavam diretamente aos sentimentos de revolta 
e insegurança da população, que se sentiu representada pelo discurso sem 
se preocupar se os dados eram verdadeiros ou não. Entre as principais de-
clarações dele, estão que
Hillary Clinton criou o Estado Islâmico;
o desemprego nos EUA chegava a 42%;
Barack Obama é muçulmano;
o Papa Francisco apoiava sua campanha.
Grande parte da população americana, motivada por valores pessoais, acre-
ditou e ainda acredita nessas e outras afirmações de Trump, que foi eleito 
presidente
Existem fake news inofensivas, como as sátiras, as paródias e o sensacionalismo bi-
zarro ao estilo do famigerado bebê-diabo do jornal “Notícias Populares”, por exemplo. Há 
os clickbaits, que são manchetes propositalmente polêmicas usadas para se conseguir 
mais acesso e consequentemente adquirir lucros financeiros. Há ainda as fake news dis-
seminadas anonimamente pelas redes sociais, as “fake news do tiozão do WhatsApp”. 
78
O problema não são esses tipos de fake news, mas aquelas usadas por grupos diversos 
para manipular a opinião pública com interesses políticos ou, mais precisamente, sobre 
como essa manipulação acontece.
Outro perigo é a disseminação de notícias que incitam revolta em algum gru-
po. “O serralheiro carioca Carlos Luiz Batista, de 39 anos, viu sua vida virar de cabeça 
para baixo em poucos dias em razão de um boato compartilhado nas redes sociais. 
Uma mensagem, acompanhada de sua foto, dizia que o serralheiro era “estuprador 
e sequestrador de crianças”. (...) em 2014, uma mulher foi espancada até a morte no 
Guarujá, litoral paulista, depois de ser acusada, em boatos em redes sociais, de que 
estuprava e sequestrava crianças. No entanto, nem sequer existiam denúncias do 
tipo na região. Esses casos demonstram o que acontece a indivíduos, em casos ex-
tremos, quando o compartilhamento de informações mentirosas sai do controle.” 
Link para matéria completa: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/10/11/Como-
-identificar-a-veracidade-de-uma-informa%C3%A7%C3%A3o-e-n%C3%A3o-espalhar-
-boatos
Logo, conclui-se que fake news também é um problema de desinformação. Pode pa-
recer um paradoxo, mas informação falsa se combate com... informação! Quanto mais 
leitura o cidadão tem, mais senso crítico ele desenvolve para desconfiar da veracidade da-
quilo que ele recebe. Antes de compartilhar dados por emoção, reflita com base na razão. 
ANOTE ISSO
A educação virtual é uma arma importante para detectar informações falsas 
no noticiário, segundo especialistas. Para evitar que as fake news tumultuem 
o debate público, essa “alfabetização” deve contar com esforços de vários 
setores da sociedade, como prestar atenção a dicas para identificar fake 
news e conhecer as agências de fact-checking:
http://infograficos.estadao.com.br/focas/politico-em-construcao/materia/
senso-critico-e-arma-para-combater-fake-news
ISTO ESTÁ NA REDE
20.02.2019 | 19H09 | NO FACEBOOK
#Verificamos: É falso que revista japone-
sa tenha feito capa criticando tratamen-
to da imprensa brasileira a Bolsonaro.
21.02.2019 | 17H08 | NO FACEBOOK
#Verificamos: É falso que Dilma tenha 
proposto idade mpinima de 95 anos 
para aposentadoria
A primeira agência brasileira de fact-checking é a Agência Lupa. Conheça em 
https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/ e no Twitter: @agencialupa
AULA 09 
COESÃO E 
COERÊNCIA
80
“Sou todo incoerências. Vivo desolado, abatido, parado de ener-
gia, e admiro a vida, entanto como nunca ninguém a admirou!” 
- Mário de Sá-Carneiro, poeta e contista português
Coesão e coerência são elementos fundamentais para a construção de um bom texto. 
Para que um discurso tenha êxito, seja oral ou escrito, ele deve construir um significado, 
ou seja, precisa ter coerência. Para tanto, deve-se usar elementos que estabeleçam liga-
ção entre as partes, isto é, que confiram coesão ao discurso. 
Chamamos de coesão os elementos conectivos que criam as relações de sentido 
dentro do texto. O uso inadequado desses elementos pode causar a falta de coerência. 
Podemos dizer então que o elemento conectivo tem o poder de determinar a coerência 
textual. Vejamos o exemplo de duas informações transmitidas separadamente:
1. Ontem fez sol.2. Fui à praia.
Apesar de haver sentido entre as orações, não há nenhum elemento conectivo para 
estabelecer uma ligação entre elas. O ponto final faz uma separação entre as duas ora-
ções. Vamos acrescentar um elemento coesivo para que o texto fique articulado. Temos 
duas opções:
a. portanto b. entretanto
Qual é o conectivo correto?
Se a sua escolha foi a alternativa a), você acertou, pois o conectivo “portanto” indica 
uma conclusão. “Entretanto” é uma adversativa e quer dizer “mas, porém, todavia”.
1. Ontem fez sol, portanto fui à praia - há coerência.
2. Ontem fez sol, entretanto, fui à praia - não há coerência. 
E se eu quisesse usar o conectivo “entretanto”, faria sentido? Não. Para isso, eu teria que 
alterar a oração, assim:
Ontem choveu, entretanto, fui à praia - há coerência.
81
Podemos então resumir que coesão tem a ver com a estrutura da oração e coerência 
tem a ver com o sentido dela - e, claro, uma está ligada à outra.
OS ELEMENTOS CONECTIVOS
TEXTO 1: SEM CONECTIVOS TEXTO 2: COM CONECTIVOS
Fui à escola. Comprei um sanduíche na cantina. 
Sai da escola. Fui assaltado na esquina. Voltei 
para casa sem dinheiro.
Fui à escola e comprei um sanduíche na cantina, 
mas fui assaltado na esquina quando sai da es-
cola e, por isso, voltei para casa sem dinheiro.
Os conectivos são responsáveis por estabelecer relações de sentido entre segmentos de 
um texto (palavras, frases, parágrafos, etc.). Os principais conectivos são as conjunções 
e as locuções conjuntivas. Antunes (apud Silva, 2017), apresenta duas funções funda-
mentais para o estudo da coesão e dos conectivos: a) entender que os conectivos são 
elementos de ligação de partes do texto e b) esses elementos indicam uma relação de 
sentido e de orientação argumentativa.
Vamos estudar essas relações de sentido:
Relações de sentido (coesão)
 • Relação de causalidade
É aquela que expressa uma causa para o fato apresentado. As conjunções aqui 
utilizadas são: porque, pois, por isso, já que, visto que, uma vez que, etc.
NÃO VOU AO CINEMA PORQUE ESTOU SEM DINHEIRO.
CAUSA: ESTOU SEM DINHEIRO
CONSEQUÊNCIA (FATO APRESENTADO): NÃO VOU AO CINEMA.
 • Relação de condicionalidade
A relação se condicionalidade se dá quando um segmento expressa uma condi-
ção para que outra coisa aconteça. São orações com conjunções condicionais: se, 
caso, contanto que, a menos que, salvo se, desde que, etc. 
SE EU TIVESSE DINHEIRO, IRIA AO CINEMA.
CONDIÇÃO ANTECEDENTE: SE EU TIVESSE DINHEIRO
CONSEQUÊNCIA HIPOTÉTICA: EU IRIA AO CINEMA
 • Relação de temporalidade
Expressa uma relação de tempo por meio de conectivos tais como quando, assim 
que, logo que, enquanto, cada vez que, etc.
QUANDO EU TIVER DINHEIRO, EU IREI AO CINEMA.
CONDIÇÃO: TER DINHEIRO
CONSEQUÊNCIA: IR AO CINEMA
 • Relação de finalidade
A finalidade se estabelece quando há uma relação intenção x objetivo, finalidade, 
propósito. Os conectivos usados são os do grupo do “para”: para, para que, a fim 
de, a fim de que, etc.
82
QUERO TER DINHEIRO PARA IR AO CINEMA
OBJETIVO: TER DINHEIRO
FINALIDADE: IR AO CINEMA
 • Relação de oposição ou de adversidade
É quando um conteúdo expresso em um segmento se opõe ao conteúdo do outro 
segmento. A relação de oposição está em frase que contenham conjunções adver-
sativas e concessivas, tais como mas, porém, no entanto, embora, apesar de, etc.
QUERO IR AO CINEMA, PORÉM, NÃO TENHO DINHEIRO.
CONTEÚDO 1: DESEJO DE IR AO CINEMA
CONTEÚDO DE OPOSIÇÃO: NÃO TER DINHEIRO
 • Relação de adição
Na relação de adição, ocorre a inclusão de mais um elemento - um item ou argu-
mento. Contém conjunções aditivas, do grupo do “e”, que inclui o também, ainda, 
além de, além disso, nem, etc.
EU TENHO DINHEIRO E VOU AO CINEMA!
ELEMENTO 1: TENHO DINHEIRO
ELEMENTO 2: E TAMBÉM VOU AO CINEMA
 • Relação de conclusão
Como o nome deixa claro, essa relação de coesão tem a ver com a conclusão de 
um algo a partir das proposições presentes em um segmento anterior do texto. É 
o grupo do “portanto”: logo, sendo assim, dessa forma, então, etc.
EU TENHO DINHEIRO, PORTANTO, VOU AO CINEMA.
PROPOSIÇÃO: TENHO DINHEIRO
CONCLUSÃO: VOU AONDE EU QUISER
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
O estudo dos conectivos é cobrado em praticamente todos os concursos 
públicos. Nos editais, a matéria a ser estudada aparece com o nome de 
“Relações Lógico-Discursivas”, e também é o que deve ser estudo quando 
exigem o tópico “Coesão e Coerência”. Conectivos podem aparecer tanto 
em questões de gramática quanto serem cobrados na escrita das questões 
dissertativas - as temidas redações. Quer um exemplo? Nunca se deve co-
meçar o último parágrafo da redação com uma conjunção adversativa, por 
exemplo. Esse parágrafo é chamado de “Conclusão”, logo, deve ser inicia-
do com uma conjunção conclusiva. Do contrário, a argumentação perde a 
coerência por não ter um elemento de coesão correto e o candidato perde 
pontos na prova.
Veja abaixo uma tabela com os principais conectivos e suas respectivas relações. A maio-
ria já foi explicada neste presente tópico; os restantes, deixo com vocês, estimados!
83
Fonte: Silva, 2017
ISTO ESTÁ NA REDE
O link nos leva ao texto “Coerência textual: um estudo com jovens e adul-
tos”, um artigo que examinou se o estabelecimento da coerência textual 
está relacionado à aquisição da leitura e da escrita com jovens e adultos, em 
processo de alfabetização, em uma situação de produção de texto. 
http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16796.pdf
COERÊNCIA
Como já falamos, coerência é relação lógica entre as ideias de um texto. Vamos a uma 
breve definição dos linguistas Platão e Fiorin (2007):
A palavra coerência, da mesma família de aderência e aderente, pro-
vém do latim cohaerentia (formada pelo prefixo co = junto com, mais 
o verbo haerere = estar preso). Significa, pois, conexão, união estreita 
entre várias partes, relação entre ideias que se harmonizam, ausência 
de contradição. É a coerência que distingue um texto de um aglome-
rado de frases.
Ou seja: quando você transmite uma mensagem, certamente leva em consideração 
quem vai recebê-la. Provavelmente você também se lembra de que alguns cuidados 
devem ser tomados para que o receptor compreenda a mensagem. Nessa tentativa de 
se fazer compreendido, você deve estabelecer alguns padrões mentais que diferem o 
que é coerente daquilo que não faz o menor sentido, certo?
84
Intuitivamente, você está seguindo um princípio básico para uma boa escrita, cha-
mado de coerência textual. A coerência é uma conformidade entre fatos ou ideias, é 
aquilo que tem nexo, conexão, portanto, podemos associá-la ao processo de constru-
ção de sentidos do texto e à articulação das ideias. 
Tipos de coerência
Os principais tipos de coerência, principalmente nos textos não literários, são:
Coerência Sintática
“Frase assim escreve uma coerência sintática, mas ninguém ainda que conheça não”. 
Não entendeu nada, certo? Pois é, ninguém escreve uma oração assim... Esse é o princí-
pio básico da sintaxe: construir frases nas quais os elementos da oração estejam dispos-
tos na ordem correta. Além disso, a coerência sintática evita a ambiguidade e garante o 
uso adequado dos conectivos.
ANOTE ISSO
O que é sintaxe?
Sintaxe (pronuncia-se “sintásse”) é a parte da gramática que estuda a rela-
ção das palavras dentro das frases e das orações. Estuda, também, a oração 
dentro do período, permitindo que a frase tenha sentido e que as palavras 
estejam na ordem certa dentro da oração.
Fonte: arquivo pessoal
Coerência Semântica
A semântica se refere ao desenvolvimento lógico das ideias, ou seja, à construção de 
argumentos sem contradições. É a área da Linguística que estuda o significado das pa-
lavras e as relações entre elas.
85
Fonte: http://www.revistacamocim.com/2014/02/usando-camisinha-para-combater-dengue.html
Coerência Temática
É quando o texto discorrido - seja escrito ou falado - está de acordo com a proposta. Esse 
é o princípio da coerência temática, que privilegia apenas ideias que sejam relevantes 
para o bom desenvolvimentodo tema.
Lembra-se do candidato do Enem que, na redação cujo tema era “Imigração Legal”, 
escreveu uma receita de macarrão instantâneo do desenvolvimento? É um exemplo - 
mesmo que exagerado e sem noção da parte do “engraçadinho” - de falta de coerência 
temática.
https://super.abril.com.br/blog/contando-ninguem-acredita/estudante-escreve-receita-de-miojo-
-na-redacao-do-enem-e-recebe-nota-560/
Coerência Estilística
A coerência estilística diz respeito à variedade linguística adotada em um texto. Se o 
emissor escolhe uma linguagem formal, é coerente que ele a use no texto inteiro. Não 
faz o menor sentido começar uma redação utilizando uma linguagem culta e de repen-
te alterar o estilo e empregar a linguagem coloquial (ou informal).
Coerência Genérica
A palavra “genérica”, aqui, quer dizer “de gênero”; de gênero textual (estudado na Aula 
5). Tem a ver com a escolha adequada do gênero textual. Existe um gênero para cada ato 
86
de fala e escrita: por exemplo, se a intenção de quem escreve é anunciar algum produto 
para a venda, provavelmente ele optará pela linguagem informativa, e não um poema. 
Se a intenção é contar uma história, o conto ou a crônica são opções possíveis.
No exemplo abaixo, temos duas informações coerentes e uma incoerente com o gê-
nero informativo “placa de sinalização”. Fica óbvio qual está fora de contexto, não é?
Fonte: https://profruan.wordpress.com/2017/01/05/ha-textos-incoerentes/
Cabe aqui fazer uma observação: há casos em que o emissor da mensagem faz uso da 
falta de coerência propositalmente para causar algum efeito poético ou de humor. 
Leia o trecho abaixo:
Fonte: Antunes, 2005.
Neste texto anônimo, a desordem das palavras é proposital, pois o “sentido” do poema 
está justamente na desorganização da forma como as coisas foram ditas. A intenção do 
autor era transmitir que as pessoas perdem o sentido; perdem a lógica das coisas quan-
do se apaixonam e subvertem a ordem natural dos eventos. As pessoas ficam bobas, 
incoerentes de uma forma poética quando estão apaixonadas.
87
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
A falta de coerência pode se dar até em imagens! A placa abaixo foi registra-
da por mim, na porta de um elevador. Perguntei ao porteiro, ao síndico, aos 
universitários e ninguém soube o que ela quer dizer. Se algum dos estima-
dos alunos souber, por favor, explique-me!
Fonte: arquivo pessoal
AULA 10 
ELEMENTOS 
COESIVOS
89
“Sou responsável por aquilo que falo, não pelo que você entende.” 
- Desconhecido.
Olá a todos!
Hoje vamos estudar alguns mecanismos para evitar que seu texto fique repetitivo, 
sem sentido, com frases desconectas, o que pode causar falhas na comunicação.
Como vimos na aula passada, um texto com coesão é um texto conectado, interliga-
do. Além de uma sequência lógica (coerência), um texto precisa que suas ideias estejam 
encadeadas, e por isso estudamos as conjunções. Assim, uma frase iniciada por uma 
conjunção, por exemplo, precisa de um complemento, uma oração subordinada que dê 
sentido. Veja:
APESAR DE OS ESTUDOS NÃO MOSTRAREM RESULTADOS COMPLETOS.
A frase acima não está coerente, uma vez que o conectivo “apesar de” pede um com-
plemento: 
Apesar de os estudos não mostrarem resultados completos, os resultados par-
ciais são satisfatórios.
Veja o email abaixo:
Oi Juliana, tudo bem?
Todavia encontrei seu contato no seu blog.
Você faz legendagem também? Caso sim, eu tenho uma versão para inglês de 60 minu-
tos, você pode pegar para me entregar na segunda?
Atenciosamente,
Marly Trentini
Sonomex
São Paulo-SP
Tel. (11)3xx1-2xx2
90
A conjunção “todavia” no início da mensagem não faz sentido algum, certo? Certo. 
Todavia quer dizer “mas, porém, contudo” e pede uma situação anterior para esta-
belecer coerência.
ELEMENTOS COESIVOS
Podemos utilizar diversos elementos para estabelecer coesão em um texto, tais como 
conjunções, sinônimos, pronomes, numerais, advérbios e pronomes relativos. Observe o 
exemplo a seguir:
Na frase: “Senhor, o índice de violência cresceu tanto, que já não há mais espaço no 
gráfico para apontá-lo”, a presença de dois elementos coesivos: o pronome relativo 
“que” estabelece uma relação de consequência entre as orações (o índice de violência 
cresceu tanto e já não há mais espaço no gráfico para apontá-lo) e o verbo “apontar” 
junto ao pronome oblíquo “-lo”, substituindo a expressão “índice de violência”.
 • A coesão no período composto
Além de nos preocuparmos com os elementos coesivos, para que um texto tenha 
coesão, devemos estar atentos à construção de períodos compostos. Observe o 
exemplo a seguir:
A SOCIEDADE QUE AGUARDA UMA ATITUDE DO GOVERNO BRASILEIRO QUE 
NADA FAZ PARA AMENIZAR O DESEMPREGO E A CRIMINALIDADE NO PAÍS.
Temos as seguintes ideias:
1. A sociedade
2. que aguarda uma atitude do governo brasileiro
3. que nada faz
4. para amenizar o desemprego e a criminalidade no país.
Notem como a segunda ideia está subordinada à primeira, ou seja, depende dela. A ter-
ceira ideia também acompanha essa relação de subordinação, e a quarta tem o sentido 
de finalidade em relação à terceira. O grande problema está na primeira parte, que está 
incompleta. O autor começa falando da sociedade, coloco-a como sujeito da oração, 
mas houve uma sucessão de inserções e essa ideia inicial não foi desenvolvida. O que ele 
queria falar sobre a sociedade, de fato?
91
Reescrevendo-se o período, podemos retirar o primeiro “que” e ter a seguinte construção:
A SOCIEDADE AGUARDA UMA ATITUDE DO GOVERNO BRASILEIRO QUE 
NADA FAZ PARA AMENIZAR O DESEMPREGO E A CRIMINALIDADE NO PAÍS.
Repare como agora há um sentido e uma conexão entre as orações:
1. A sociedade aguarda uma atitude do governo brasileiro
2. que nada faz
3. para amenizar o desemprego e a criminalidade no país.
A segunda oração, introduzida pelo pronome relativo “que”, está subordinada à primei-
ra (que é a principal), e funciona como um adjetivo dela. Já a terceira acrescenta uma 
noção de finalidade à segunda oração. Há, no período, uma relação de subordinação, 
ou seja, de dependência. A segunda oração e a terceira indicam a presença de uma 
principal.
O pronome “que”, aliás, é um dos grandes vilões da coesão textual. Muitas pessoas 
usam-no de forma errada (como no exemplo acima), ou o substituem por outra expres-
são mais complicada, achando que está sendo mais formal. Observe:
As grades cujas as quais protegiam a janela eram bastante fortes. 
“Cujas as quais” é totalmente incoerente e simplesmente inexistente. 
Um simples “que” resolve: 
As grades que protegiam a janela eram bastante fortes. 
ISTO ESTÁ NA REDE
Assista a um bem humorado vídeo da galera do Porta dos Fundos sobre pro-
blemas de falhas na comunicação, inclusive com o uso incorreto dos conec-
tivos e a falta de coerência gerada na fala. Vá lá:
https://www.youtube.com/watch?v=jPSnhvG5fQ
Pronomes Relativos
 • QUE
Recebi o recado que você me mandou. - Faça sempre a pergunta ao verbo: quem 
envia, envia algo = direto, sem preposição.
 • CUJO(A, OS, AS) – Tem a função de posse; de quem, do qual
A mercadoria cuja fatura foi paga ainda não chegou. Que fatura? A da mercadoria.
Obs: não se usa artigo depois de “cujo”. 
A menina cujos os olhos são belos = errado / A menina cujos olhos são belos = correto
 • QUAL 
Recebi o recado do qual você me falou. - Quem fala, fala “DE” alguém ou alguma 
coisa, por isso é necessário usar DA QUAL, uma vez que DA = DE + A. É errado dizer 
“a qual”, neste caso, por que o verbo “falar” pede a preposição “de”.
92
 • QUEM 
Contratei uma assistente em quem confio muito.
- Quem confia, confia “EM” alguém, logo, neste caso, usa-se a preposição “EM” jun-
to com o pronome relativo “QUEM”.
Encontrei a pessoa certa a quem recorrer em caso de problemas.
- Quem recorre, recorre “A” alguém ou alguma coisa.
Conheci a professora de quem você tanto fala.
- Quem fala, fala “DE” alguém ou alguma coisa.
 • QUAL (QUAIS)
É preciso identificar qual o maior problema no setor financeiro.
– Pergunta direta: Qual o maior problema?Perguntas indiretas NÃO USAM PONTO DE INTERROGAÇÃO
Preciso saber quais alunos virão à aula? = errado / Preciso saber quais alunos virão 
à aula. = correto
 • COMO
Indica o modo, a maneira, o jeito e estado como algo acontece:
A maneira como ele me tratou foi estranha.
- É errado dizer “A maneira ‘a qual’ ele me tratou”.
Não entendi o modo como a greve foi conduzida.
- É errado dizer “O modo ‘o qual’ a negociação foi conduzida”.
Infelizmente, não temos como negar o mal entendido.
MAS PERCEBA QUE, nos dois primeiros casos, o pronome relativo “COMO” pode 
ser substituído por “QUE”: 
A maneira que ele me tratou foi estranha.
Não entendi o modo que a greve foi conduzida.
 • QUANDO 
Indica tempo, momento, período:
No momento quando o depósito foi feito, eu recebi o e-mail.
- É errado dizer: “no momento ‘o qual’ o depósito foi feito...”.
MAS PERCEBA QUE, neste caso, é aceito substituir “QUANDO” por “EM QUE” ou 
“NO(A) QUAL”:
No momento em que/ no qual o depósito foi feito, eu recebi o e-mail.
 • ONDE
Indica apenas espaço físico, local, lugar:
Você sabe onde fica a distribuidora de bebidas?
A empresa onde trabalho é bastante tranquila.
MAS PERCEBA QUE quando não se trata de pergunta, é aceito substituir “ONDE” 
por “EM QUE” ou “NO(A) QUAL”:
A empresa em que/ na qual trabalho é bastante tranquila.
CUIDADO: É errado dizer: “A situação ONDE me encontro é ruim”
Situação não é lugar! O correto é: “A situação em que/ na qual me encontro...”
93
ANOTE ISSO
E anote muito bem!!
AONDE significa “a que lugar, para onde”. É a junção da preposição “a” + 
onde. Dá a ideia de deslocação. Vem normalmente acompanhado de verbos 
que indicam movimento como ir, chegar, retornar, voltar, etc.
Exemplos:
Aonde você vai a essa hora?/ João ficou perdido, simplesmente não sabia 
aonde ir.
Não sei aonde você quer chegar com essas atitudes. / Há lugares aonde não 
se deve ir só.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
ERRO DE PORTUGUÊS X FALHA DE COMUNICAÇÃO
Há uma diferença entre erro de português _ palavras escritas de forma erra-
da, problema de acentuação, de pontuação, de gramática _ e erro de comu-
nicação. Este último é qualquer problema escrito/falado que não apresenta 
exatamente erros de português, mas foi uma mensagem transmitida de tal 
forma que fique confuso e causa dúvidas em quem está lendo/ouvindo. Ob-
serve a seguinte placa:
Há algum tipo de erro de grafia, acentuação ou concordância na mensagem?
Não. (Ok, terça-feira, assim como todos os dias úteis, tem hífen. Mas nada que 
comprometa o sentido geral). Trata-se de um problema de comunicação. 
Se o restaurante tem um descanso semanal, então não é aberto todos os 
dias. Vamos imaginar que você sempre passa na rodovia onde o restaurante 
se encontra. Na estrada, você consegue ler o “Aberto todos os dias”, mas 
não consegue ler a exceção. Um dia você se lembra do posto e resolve parar 
para um café durante a viagem _ e é justamente terça-feira.
Qual é a impressão que você vai ficar desse estabelecimento?
Façamos um pequeno teste: você está procurando um dentista e chega à 
frente de duas portas. Em uma delas há uma placa (com perdão do exagero 
no exemplo): “Cirurgião Dentístico” e na outra, “Consultório Odontológico”. 
Em qual das duas você entraria?
A primeira expressão não apresenta erro nenhum, mas simplesmente não 
é comum na nossa linguagem. O dentista não tem obrigação de escrever 
tudo sempre certo, mas na hora de comunicar seu serviço ao público, ele 
o deve fazer de forma coerente. Senão, criará uma imagem errada de sua 
competência profissional.
94
AMBIGUIDADE
Um dos grandes problemas causados pela má organização das ideias é a ambiguidade. 
Uma informação ambígua é aquela que pode ser interpretada de duas formas diferen-
tes. O problema é quando a forma entendida pelo emissor é diferente da entendida pelo 
receptor - problemas que podem ser evitados pelo conhecimento de recursos linguísti-
cos que deixam o texto mais claro. 
Contudo, um texto bem escrito não é garantia de que a comunicação será bem su-
cedida. Se o texto for escrito em uma linguagem muito culta, técnica ou formal não será 
compreendido por pessoas que não fazem parte daquele grupo social. Da mesma forma, 
uma mensagem escrita com palavras simples também pode causar problemas de com-
preensão por falta de coesão, coerência e ambiguidade. Vejamos o seguinte exemplo:
O COORDENADOR DISSE À EQUIPE QUE SEU RELATÓRIO CONTINHA ERROS.
A mensagem está escrita de tal forma que não possibilita saber se o relatório incorreto 
é do coordenador ou o da equipe. É importante reestruturar a mensagem para que não 
haja ambiguidade, pois é possível dizer a mesma coisa de diversas maneiras. O impor-
tante é saber organizar os elementos de um texto para que ele seja o mais claro possível 
para aquele que vai ler ou escutar. Vejamos as opções propostas:
O coordenador disse que o relatório da equipe continha erros. 
O coordenador disse conter erros o relatório que ele recebeu da equipe. 
Observe a seguinte imagem:
Fonte: arquivo pessoal
Trata-se de um exemplo de ambiguidade: quando uma mensagem está escrita de tal 
maneira que causa certa estranheza quanto ao significado, geralmente relacionado à 
ordem das palavras. Neste caso, a expressão “em pó” está no lugar errado na frase, cau-
sando a sensação imediata de que os atletas são em pó. Obviamente, sabemos que tal 
coisa não existe, mas demonstra um despreparo linguístico e leva a um problema de 
coesão e coerência. O adequado seria “suplemento energético em pó para atletas”.
Outros exemplos de ambiguidade textual:
 • O garoto está sentado perto do banco. (banco, aqui, é um assento ou uma agência 
bancária?) - Uma construção tal como “O garoto está sentado perto do banco da 
praça” não causaria ambiguidade. 
 • O sargento estava precisando do cabo. (este cabo é relativo à patente de um mili-
tar ou ao cabo de uma vassoura, por exemplo?) 
 • Tomei o isqueiro de João. (tomei o isqueiro que estava com João ou o isqueiro que 
95
pertencia a João?) 
 • Preciso da chave do armário que estava na cozinha. (quem estava na cozinha, a 
chave ou o armário?)
 • Pedro disse a Jorge que seus argumentos convenceriam seu pai. (os argumentos 
de quem convenceriam: de Pedro ou de Jorge?)
 • Crianças que comem doces frequentemente têm cáries. (crianças que frequente-
mente comem doces ou crianças têm cáries frequentemente?)
A ambiguidade também pode acontecer por uso incorreto dos pronomes possessivos. 
Hoje, estabeleceu-se na mídia (jornalismo, legendagem, etc.) que é melhor utilizar o os 
pronomes dele e dela no lugar de “seu” quando se refere a uma terceira pessoa. Veja:
Que feio, não é? 
1 O enunciado diz “seu cão”, ou seja, do dono do cão (ou tutor, como as associa-
ções de proteção a animais sugerem), o que está correto. Mas o erro foi usar 
“suas fezes” no lugar de “as fezes dele”, ou simplesmente “recolha as fezes” – ob-
viamente as fezes do cachorro.
 Outro caso: a escolha do vocabulário.
2 A família é muda ou está de mudança? (Fonte: arquivo pessoal)
3 Bom, se é para cumprir a lei, então ninguém mais anda no parque Trianon em 
São Paulo! (Fonte: arquivo pessoal)
4 E cadê a coerência nessa legenda?
1
2 3
4
96
ISTO ESTÁ NA REDE
Assista ao vídeo “Falsos cognatos; siglas e palavras inglesas; hífen”. Trata-se 
de um episódio do programa Nossa Língua Portuguesa, da TV Cultura, que 
borda os falsos cognatos e a utilização da conjunção “e”. Apresenta também 
entrevista com o jornalista econômico Luís Nassif, que debate os termos 
usados na economia e como simplificá-los para o público em geral.
Obs: é só clicar em “baixar” que a janela abre, sem fazer download
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?se-
lect_action=&co_obra=20730
Entretanto, há casos em que a ambiguidade é usada de forma proposital para causar 
situações principalmente de humor. Trata-se de um recurso comum em piadas e textos 
humorísticos. Veja:
Fonte: arquivo pessoal
AULA 11 
VÍCIOS DE 
LINGUAGEM
98
“Não nos libertamos de um vícioatirando-o pela janela; é preciso 
fazê-lo descer a escada, degrau a degrau.” - Mark Twain, escritor.
Algumas incorreções ocorrem com maior frequência na comunicação escrita; outras, 
mais na comunicação falada. O fato é que é necessário cuidado constante para evitar ví-
cios de linguagem em qualquer situação comunicativa, pois em algum momento você 
será testado. Um exemplo são as redações e respostas dissertativas que muitas entre-
vistas de emprego e processos seletivos exigem. Mais do que testar seu nível de conhe-
cimento, o que se analisa é a sua capacidade de se expressar na linguagem escrita com 
menor número possível de erros gramaticais e vícios de linguagem.
Assim, vamos abordar aqui os principais vícios de linguagem com o propósito de 
fornecer aporte para que você, aluno, identifique se possui algum desses hábitos ruins 
na fala ou na escrita. Vamos lá?
PLEONASMO OU REDUNDÂNCIA
Pleonasmo é uma figura de linguagem que significa usar as palavras de forma redun-
dante, por isso é também chamado de redundância (ou tautologia). Fugindo um pouco 
do “subir pra cima”, “descer pra baixo”, “sair pra fora” e “entrar pra dentro”, note que as 
pessoas falam coisas do tipo “encarar os fatos de frente” (tem como encarar de lado ou 
de costas?), “dar ré para trás” (tente dar ré para o lado!), ter “hemorragia de sangue” – 
sem comentário – e “repetir de novo” (seriam três vezes então?). Veja o quadro:
Fonte: http://pt-br.facebook.com/linguaportuguesa07
99
Não há regras para detectar quando a repetição é pleonástica. A avaliação é subjetiva, 
depende do contexto de uso e dos resultados que se quer alcançar. Em uma mala-direta 
ou postagem virtual de divulgação de uma empresa, com objetivo persuasivo, repetir o 
nome dela e seus mais fortes diferenciais será sempre uma necessidade de estilo. Po-
rém, em um texto informativo formal, repetir palavras é uma incorreção.
Fonte: http://www.tradutoradeespanhol.com.br/2013/07/pleonasmo-ou-redundancia.html
ISTO ESTÁ NA REDE
Para complementar a leitura, veja um vídeo clássico do Nós na Fita - a dupla 
Marcius Melhem e Leandro Hassum - abordando alguns pleonasmos com 
muito humor.
https://www.youtube.com/watch?v=Qbm2w_T4laY
Mas, e aí, devemos repetir ou usar sinônimos? Qual a saída? França (2013) nos diz que:
Nos discursos em que um conceito é citado diversas vezes, o emissor 
precisa escolher entre repetir sempre a mesma palavra para designá-la 
ou usar Sinônimos. No caso de repetir, corre o risco de cair no excesso. 
A solução oposta, por vezes, leva ao pedantismo, à estranheza, à inade-
quação contextual. A decisão é estética. Contudo, não se pode esque-
cer: não há sinônimos perfeitos na Lińgua Portuguesa. A substituição 
deverá implicar perdas semânticas ou, dependendo do tipo de lingua-
gem, gerar o recurso desejado, repetindo-se a mesma palavra, como é 
o caso da linguagem publicitária “Venha você mesmo conferir”.
Exemplos: “Em minha própria opinião pessoal.” “Cada individ́uo, isoladamente.” “Agru-
pados conjuntamente.” “Superpostos uns sobre os outros.” “Um após outro, sucessiva-
mente.” “Os lucros foram divididos em duas metades iguais.” Lembra-se de já ter falado, 
escrito ou ouvido alguns desses pleonasmos? Pois é, eles podem parecer formais, chi-
ques até, mas quem entende de comunicação e língua portuguesa sabe que é um vício 
de linguagem.
Redundâncias a serem evitadas
A seu critério pessoal, abertura inaugural, ambos os dois, anexo junto, certeza absolu-
ta, comparecer pessoalmente, conclusão final (a menos que tenham existido outras, 
parciais), continuar ainda, criação nova, dar ré pra trás, de sua livre escolha, deitado na 
horizontal, em plena totalidade, enfrentar de frente, erário público, escolha opcional, 
100
exceder em muito, fatos reais, hábitat natural, juntamente com, nunca jamais, multidão 
de gente, paiśes do mundo, pequenos detalhes, permanece ainda, prefeitura municipal, 
premiado com um prêmio, propriedade caracteriśtica, regra geral, relações bilaterais en-
tre os dois paiśes, repetir de novo (a menos que se repita pela segunda vez), sua autobio-
grafia, sintomas indicativos, todos foram unânimes, vereadores da Câmara Municipal, 
viúva do falecido, superávit positivo, um só exclusivamente, um único.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Já ouviu falar em circunlóquio? É um tipo de vício de linguagem que consiste 
em um conjunto de palavras que podem ser substituídas, com vantagem, 
por uma só palavra.
Em vista do fato de (substituir por porque), com a exceção de (= exceto), 
que se conhece pelo nome de (= chamado, denominado), neste preciso mo-
mento (=agora), durante o tempo em que (=enquanto). Por isso, se alguém 
lhe disser: “Pare de circunlóquios!”, seu interlocutor quer dizer que você está 
enrolando demais!
VALE LEMBRAR que a redundância não acontece apenas em nível de sentido, mas tam-
bém de estrutura. Veja:
- SE CASO você quiser, podemos marcar uma aula. 
- SE você quiser ou: CASO você queria, podemos marcar uma aula. 
- HÁ um ano ATRÁS, mudei-me para cá.
- HÁ um ano Ø, mudei-me para cá. Ou: Um ano ATRÁS, mudei-me pra cá! 
- Ela NEM SEQUER me deu tchau ao sair. 
- Ela NEM me deu tchau ao sair. Ou: Ela SEQUER me deu tchau ao sair.
ANOTE ISSO
Certamente você já deve ter visto a placa ao 
lado em algum elevador, certo? E por que ela 
está em um material sobre erros da língua 
portuguesa? Por causa do pronome “mes-
mo”. Há uma tendência equivocada principal-
mente na linguagem escrita de se utilizar esse 
termo para substituir um substantivo.
Por exemplo: “Consultei vários autores, e os 
mesmos indicaram a solução da questão” 
está errado. O correto é: “Consultei vários au-
tores, e eles indicaram a solução da questão.”
“Li a crônica e tirei conclusões da mesma” (Errado).
“Li a crônica e tirei conclusões dela” (Correto).
Assim, antes de escrever o termo “o mesmo” ou “a mesma”, pare e analise 
se há outro jeito de escrever a frase. No caso da placa do elevador, uma 
opção seria a frase “ANTES DE ENTRAR, VERIFIQUE SE O ELEVADOR EN-
CONTRA-SE PARADO NESTE ANDAR”.
Ah: e se você tem idade para lembrar do extinto Orkut, você talvez se lem-
bre de que lá havia uma comunidade chamada “Eu tenho medo do mesmo” 
satirizando esse aviso do elevador.
101
GERUNDISMO
Quando se fala em gerundismo - e se fala bastante! -, é comum as pessoas apresentarem 
muitas dúvidas sobre esse conceito gramatical. Há até quem pergunte se a forma verbal 
do gerúndio não é mais usada ou se é errado usá-la. Mas é muito importante salientar 
que gerúndio e gerundismo são coisas distintas! Então, antes que se comece a tomar 
o certo pelo duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos lembrar de algumas regras:
GERÚNDIO é o nome dado à forma verbal que termina em “-NDO”: estudando, escre-
vendo, sorrido, propondo, etc. Essa forma expressa uma ação em curso no presente ou 
no passado, e pode ser usado sozinho ou com outro verbo (composto):
a. Vi as crianças brincando na pracinha.
b. Os alunos estavam conversando enquanto a professora explicava a matéria.
c. Ela chegou alegrando o escritório. 
d. Este ano, estou estudando com afinco.
O problema, contudo, é que o gerúndio passou a ser utilizado para conferir ao verbo 
uma ideia de progressividade no futuro e, conforme a norma culta, isso caracteriza erro 
ou vício de linguagem:
a. Eu vou estar fazendo um bolo para o seu aniversário.
b. Eu estarei telefonando para a escola para conversar com a professora. 
c. Você pode estar depositando o valor amanhã.
d. Nós vamos estar resolvendo o problema assim que possível.
Fonte: http://www.blogconcurseiradedicada.com/2014/03/gerundismo-evite-esse-vicio-
-de-linguagem.html
102
O segredo é ter cuidado dobrado quando você usar verbos no gerúndio. 
Fonte: arquivo pessoal
AULA 12 
A REDAÇÃO 
TÉCNICA
104
“A linguagem existe para que nos sirvamos dela, não para que 
sirvamos a ela” - Fernando Pessoa, poeta.
Em alguns momentos da nossa vida, nos é exigido escrever um texto técnico. Pode ser a ata 
de uma reunião, um abaixo-assinado, um emailque ficará registrado como documento, um 
atestado, declaração, memorando, ofício, procuração, recibo, relatório, requerimento, etc.
Os princiṕios básicos da redação técnica, administrativa ou comercial, são os mes-
mos de qualquer tipo de redação: clareza, correção, coerência, objetividade e ordenação 
lógica), embora sua estrutura e seu estilo apresentem algumas caracteriśticas próprias.
Veja alguns gêneros técnicos e suas características:
105
Fonte: Borges, 2016.
Conforme Medeiros (apud França, 2013), Redação Técnica “é qualquer espécie de lingua-
gem escrita que trate de fatos ou assuntos técnicos ou cientif́icos”, cujo estilo “não deve 
ser diferente de outros tipos de composição”. Ressalte-se, entretanto, a relevância da cla-
reza, da lógica e da precisão, qualidades que não excluem outras qualidades. A Redação 
Técnica é necessariamente objetiva quanto ao ponto de vista, mas uma objetividade com-
106
pletamente sem criatividade leva a leitura a ser um trabalho penoso e cansativo pelo autor 
apresentar os fatos em linguagem sem a marca da sua personalidade. Opiniões pessoais, 
experiência pessoal, crenças, filosofia de vida e deduções são necessariamente subjetivas, 
mas constituem parte integrante de qualquer redação técnica de mérito.
Toda redação que deixe em segundo plano o feitio artiśtico da frase, preocupando-se 
de preferência com a objetividade, a eficácia e a exatidão da comuni- cação, pode ser con-
siderada como redação técnica. Nesse caso, a redação oficial, a correspondência adminis-
trativa, comercial e bancária, os papéis e documentos forenses constituem redação técnica.
REDAÇÃO TÉCNICA X REDAÇÃO CRIATIVA
As Redações Criativas são aquelas anteriormente estudadas e que em a ver com o tipo 
literário, tais como narração, a descrição e a dissertação, e que apresentam caracteriśti-
cas peculiares que as distinguem das Redações Técnicas. Observem:
REDAÇÃO CRIATIVA REDAÇÃO TÉCNICA
SUBJETIVA OBJETIVA
EMOCIONAL RACIONAL
LINGUAGEM DENOTATIVA E CONOTATIVA LINGUAGEM DENOTATIVA E LITERAL
IMAGINATIVA METODOLÓGICA
PESSOAL IMPESSOAL
Fonte: França, 2013
Vamos nos atentar agora a um ponto que importante dos estudos da linguagem: a de-
notação e a conotação.
Denotação e Conotação
Fonte: http://saladelinguaportuguesablog.blogspot.com/2017/04/linguagem-denotativa-e-cono-
tativa.html
107
Uma palavra é usada no sentido denotativo (também chamado de literal) quando 
apresenta seu significado original, independentemente do contexto em que aparece. É 
aquele significado mais objetivo e comum, geralmente associado ao primeiro significa-
do que aparece nos dicionários.
A denotação é usada para informar o receptor da mensagem de forma clara e 
objetiva, com um caráter prático e utilitário. É utilizada em textos informativos, como 
jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medicamentos, textos técnicos e 
científicos, entre outros.
Já o sentido conotativo (ou figurado) é a linguagem em que a palavra é utilizada em 
sentido subjetivo, que depende do contexto em que é empregado. É amplamente em-
pregada na literatura, tipologia em que muitas palavras têm forte carga de sentimentos. 
A finalidade da conotação é provocar sentimentos no receptor da mensagem. É 
utilizada principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também ocorre 
em conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios publicitários, entre outros, 
principalmente nas expressões idiomáticas. Por exemplo: quando dizemos que estamos 
com a pulga atrás da orelha para expressar que estamos desconfiados de algo, não quer 
dizer que há uma pulga colada atrás da nossa orelha, não é? Isso é o sentido figurado, 
conotativo da frase.
Veja as frases:
1. Há vários cartazes pregados no mural.
2. A moça ficou com os olhos pregados no belo rapaz.
Na frase 1, “pregado” está usado no sentido denotativo, literal, e na frase 2, o termo está 
no sentido conotativo, figurado. Confira o significado no dicionário: veja que o sentido 
denotativo é o primeiro, e o sentido conotativo ([fig] é de “figurado) aparece na entrada 4.
pre·gar 1 - Conjugar
verbo transitivo
1. Fixar ou segurar com prego.
2. Introduzir prego em. = CRAVAR
3. Unir, pegar (com alfinetes, com pontos de costura ou qualquer outro meio).
4. [fig] Fixar o olhar. = FITAR
5. [Informal] Dar com força ou intensidade (ex.: pregar um beijo; pregar um mur-
ro). = APLICAR, ASSENTAR, IMPINGIR, PESPEGAR
6. Fazer sentir o efeito de algo (ex.: pregar uma mentira; pregar uma partida; pre-
gar um raspanete; pregar um susto).
“pregado”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008 2013, ht-
tps://dicionario.priberam.org/pregado [consultado em 24-02-2019].
ASPECTOS DA COMUNICAÇÃO COMERCIAL
Os avanços tecnológicos deixaram a troca de mensagens mais veloz com a ajuda dos 
computadores e do espaço virtual – a web. Hoje, a comunicação entre empresas - ou 
pessoas jurídicas, profissionais autônomos, etc. - ou dentro da própria empresa aconte-
ce em segundos. 
Por meio dos recursos da Intranet, os veićulos online se ampliaram. Têm-se à dispo-
sição e-mails, o Messenger (troca imediata de mensagens, impressas, via vídeo ou voz), 
Skype (troca imediata de mensagem via voz, em tempo real), mensagens SMS (troca de 
mensagens instantâneas por meio de aparelhos celulares e computadores), WhatsApp, 
entre outros recursos que não cabe, neste momento, aprofundar.
108
Todavia, alguns cuidados necessitam ser tomados para que a comunicação ocorra 
sem ruid́os quando enviada por meio da web:
 • construir mensagens breves, com economia de palavras, mas com conteúdo;
 • escolher as palavras certas para expressar com precisão o que se deseja (usar mais 
substantivos e verbos do que advérbios, por exemplo);
 • ser claro, objetivo e conciso, sem repetições de palavra; 
 • não deixar de informar dados fundamentais na mensagem; 
 • adequar a fonte ao texto do e-mail: algumas fontes são mais infantis, outras é difí-
cil de ler em smartphones, etc.
 • colocar sempre no texto uma frase que sugira a confirmação do recebimento da 
mensagem.
 • NÃO ESCREVER A MENSAGEM EM CAIXA ALTA para não dar a impressão de que 
está bravo, pois na linguagem digital essa é a função de um texto escrito todo em 
letra maiúscula: dar uma bronca!
Nos meios virtuais, sempre que disponível, é recomendável a utilização do recurso de 
confirmação de leitura. Caso não seja viável, deve constar da mensagem confirmação 
de recebimento. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio 
eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceita como documento 
original, é necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na 
forma estabelecida em lei.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
COMO NÃO ESCREVER UM E-MAIL:
Nesse exemplo, fica impossível saber do que se trata e quem enviou. Assim, 
não use palavras indefinidas e demonstrativas sem referências: “no outro 
dia”, “aquilo”, “outro”, “seu colega de trabalho”. Outra Informação interes-
sante é sobre as saudações “Bom dia, Boa tarde e Boa noite”. Se o e-mail é 
uma correspondência digital, não se pode prever quando e em que horário o 
receptor irá ler. Por isso, prefira o horário em que você, emissor, está escre-
vendo, independentemente do período em que o receptor vai ler. O “Olá” é 
totalmente aceito nesse tipo de correspondência, bem como desfechos tais 
como “Abraços” e “Saudações”. Formalidades que vão além dessas formas 
(“Estimas de consideração”, “Meus votos de respeito e felicidades”, etc.) po-
dem parecer arrogante demais - ou no mínimo mostra que a pessoa ainda 
vive em uma variação histórica antiga” E é importante destacar que respon-
der mensagens muito tempo depois demonstra ineficiência.
Adaptado de França, 2013.
109
VÍCIOS NA COMUNICAÇÃO COMERCIAL
É denominado “chavão” (ou clichê) o vićio de estilo incorporado como linguagem do 
texto empresarial. Alguns chavões contêm erros gramaticais ou de significado, mas ou-
tros são apenas expressões que,de tanto uso, se tornaram muletas que convêm evitar, 
uma vez que não conferem ao texto a necessária autenticidade e atrapalham a eficácia 
do texto. Assim, os chavões assumem papel negativo não só de concepção do texto 
como antiquado, mas também de falha no poder de mobilização do leitor.
Veja o que nos diz o jornalista Renato Paiva:
“Por volta 1880, o poeta parnasiano Luiz Guimarães escreveu o verso ‘depois de um 
longo e tenebroso inverno‘ na poesia ‘Visita à Casa Paterna’. Os leitores acharam 
tão bonito que nunca mais deixaram de repeti-lo, mesmo não sabendo quem es-
creveu e em que contexto. Pela recorrência, o que era agradável ficou cansativo 
e chato. Assim nascem os chavões, clichês ou lugares-comuns, que são palavras 
e expressões tidas um dia por interessantes ou bonitas, mas que se desgastaram 
pela repetição. 
O leitor mais exigente torce o nariz (chavão proposital) quando lê expressões 
tais como ‘luz no fim do túnel‘, ‘fechar com chave de ouro‘, ‘lugar ao sol‘, ‘requintes 
de crueldade‘, ‘acreditar piamente‘, ‘comédia de erros‘, ‘do Oiapoque ao Chuí‘, ‘me-
recidas férias‘, ‘caixinha de surpresa‘ e outras centenas ou milhares que empobre-
cem artigos, reportagens e relatórios.
Modismos, que são os clichês usados em um determinado momento, estimu-
lados pelos meios de comunicação abundam nos jornais, principalmente colunas 
sociais: ‘No agito‘ dos ‘ricos e famosos‘ a fulana ‘causou’ (...) Estas coisas acontecem 
por preguiça de pensar, pois é mais fácil repetir o que já está pronto economizan-
do esforço.
Claro que a língua é dinâmica e que palavras entram e saem do uso conforme 
a vontade dos falantes. Mas os casos de repetições citados são estimulados pelos 
meios de comunicação, que deveriam cuidar melhor dela (a língua), pois é sua 
matéria prima.”
ISTO ESTÁ NA REDE
Você já deve ter ouvido e falado inúmeros chavões sem perceber. Quem 
nunca falou que o fulano “dispensa apresentações”? Ou teve uma atuação 
impecável, cometeu um erro gritante, teve uma calorosa recepção, algo ou 
alguém teve uma importância vital num acontecimento, o Beltrano é a bola 
da vez, tal coisa caiu como uma luva, o Cicrano entrou em rota de colisão 
com o Fulano, outro fugiu da raia, e tudo voltou à estaca zero, e depois de 
marcar um gol, a seleção só administrou o resultado? Pois leia mais sobre 
chavões e clichês no texto do jornalista Mouzar Benedito em: 
https://blogdaboitempo.com.br/2015/06/02/cultura-inutil-chavoes/
Chavões de Introduções
Vamos estudar alguns chavões a serem evitados na redação comercial e técnica:
“Viemos, através desta, solicitar”
Ora, ninguém, a não ser o super-homem, consegue ver “através” de algo. A palavra atra-
vés significa atravessar, fazer travessia. Portanto, pode-se ver através da vidraça, pode-se 
110
enriquecer através dos anos, mas não se pode, por exemplo, “aprovar o aumento atra-
vés de decreto-lei, pois o decreto-lei não é atravessado, para que o aumento aconteça; 
pode-se somente “aprovar o aumento por meio do decreto”. Portanto, não é correta e 
não deve ser usada a expressão “através desta carta”, mas sim por meio, mas não nesta 
situação frasal, pois não há outra carta por onde vir, a não ser só por meio da mesma.
“Venho, pela presente, solicitar a V. M.” 
Já que pela ausente não se solicita nada, a expressão pela presente torna-se, obviamen-
te dispensável. Só há uma carta: a presente, só se poderá vir por meio dela.
“Solicitamos a V. Sa. a inclusão de João Amaro”
O pronome de tratamento V. Sª. só será utilizado quando o destinatário exigir tal forma-
lidade, ou por ser de hierarquia superior dentro da empresa e houver tal orientação, ou 
por se tratar de destinatário externo, em que se deseja manter tal formalidade.
No caso de colegas do mesmo niv́el hierárquico, esse pronome pode ser suprimido, 
resultando em um texto com maior empatia e maior eficácia comunicativa.
“Acusamos o recebimento do email” 
Hoje em dia não se deve utiliza o verbo acusar nos textos empresariais, devido ao seu 
significado na atualidade. Diga apenas “Recebemos/Recebi seu email”.
“Em resposta ao contrato referenciado” 
A palavra “referenciado” nem existe! - e mesmo assim é tão usada por aí... Substitua-a 
por uma das formas: mencionado, referido ou citado.
Chavões de desfechos 
“Reiteramos os protestos de elevada estima e consideração”
Esse fecho, exemplo clássico de chavão, utilizado em ofićios e insistentemente usado 
por setores do judiciário, está fora de uso desde 1982, quando a Instrução Normativa nº 
133 do Departamento de Administração do Serviço Público recomendou a sua substitui-
ção por fechos mais simples. E como alguém ainda consegue usar isso na Era Digital?
Além disso, falta coerência de sentido ao chavão citado, pois não se podem fazer 
votos, isto é, desejos de estimar (sic) alguém; pode-se desejar prosperidade, saúde, feli-
cidades, mas a estima e a consideração se adquirem pela convivência e não por desejo, 
concorda?
“Sem mais para o momento”
Quando se analisa o significado dessa frase, percebe-se que ela indica que não há mais 
nada para acrescentar. Se o texto terminou, é lógico que é sem mais. Portanto, só deve 
ser usada em comunicações em que não se pretenda encerrar de forma polida, como 
em cartas de cobrança ou similares. O uso da expressão está condicionado à continui-
dade da comunicação, em relação à mensagem veiculada.
111
ANOTE ISSO
Os canais de comunicação que fazem uso da internet cresceram e se po-
pularizaram para acompanhar os rumos da modernidade. Contudo, não se 
deve abandonar a linguagem técnica ou formal só porque vamos enviar uma 
mensagem de WhatsApp, por exemplo. Tudo enviado dentro do âmbito pro-
fissional é válido como documento. É comum nas culturas empresariais per-
mitir que os colaboradores se tratem por apelidos, por exemplo, mas evite 
tal abordagem pessoal na hora de enviar mensagens para não causar ruídos 
na comunicação.
Orientações
“À nível de, menas, questã, concerteza”? Quem nunca passou nervoso ao ver textos com 
esses termos? Esses erros grosseiros e muitos outros são cometidos no cotidiano das 
empresas em sua comunicação com clientes e parceiros. Contudo, é preciso saber elimi-
ná-los e ter uma boa redação empresarial, o que reflete até mesmo nos resultados dos 
trabalhos.
Escrever corretamente e adequadamente é imprescindível para administradores e 
executivos, por exemplo. Você assinaria um contrato cheio de erros? Não dá para confiar, 
certo? Então, aprimore sua escrita.
E é necessário cuidado, pois, o cenário que observo no mercado é assustador. Já que 
escrever é um ato que a maioria dos profissionais exerce diariamente e, com a necessi-
dade de agilidade exigida pelo mercado, cada vez mais se observa erros de escritas nas 
mensagens, e-mail e até mesmo propostas e contratos. 
Seis orientações para uma boa redação empresarial:
1. É importante ter em mente que na redação empresarial a escrita é coletiva, ou 
seja, você está falando em nome da organização que trabalha. Assim, normalmen-
te pense em “nós” e não mais em primeira pessoa.
2. Se preocupe com o interlocutor da outra empresa, busque entender a forma que 
ele pensa e se há especificidades ou limitações, reflita a forma como ela vai reagir 
ao conteúdo do texto produzido por você e enviado por sua empresa.
3. Reforçando, no seu texto você está representando toda a empresa, a apresentação 
é primordial, cuidado com uma carta sem clareza, rasurada, mal formatada, sem 
correção, demonstrando uma imagem pouco confiável.
4. Dentre as orientações que posso passar para a produção textual está sempre apre-
sentar o foco da conversa logo no início, deixando tudo muito claro e facilitando o 
entendimento, para isso escreva o texto com frases curtas, elas são mais fáceis de 
processar.
5. Para que complicar? Assim, procure empregar palavras simples, elas são facilmen-
te compreendidas e também utilize uma diagramação arejada, ou seja, parágrafos 
curtos, o que faz com o que o texto não se torne cansativo.
6. Antesde escrever, se tiver dificuldade, pontue todos os temas que deseja abordar, 
se forem muito distintos estabeleça subtítulos. Por fim, leia tudo o que escreveu 
e revise, achando possíveis erros e expressões incorretas. Lembre-se: quanto mais 
escrever, mais se aprimorará.
Fonte: BARBOSA, R.M. 6 orientações para uma boa redação empresarial. Catho. 2018. Disponí-
vel em: https://www.catho.com.br/carreira-sucesso/carreira/dicas-emprego/6-orientacoes-para-u-
ma-boa-redacao-empresarial/. Acesso em 27 de fev. de 2019.
112
ISTO ESTÁ NA REDE
Escrever textos impecáveis é um termômetro que o mercado utiliza para me-
dir o conhecimento, o comprometimento e o profissionalismo de um profis-
sional, além da credibilidade de uma empresa. Confira uma matéria com 10 
dicas para escrever um bom texto:
http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/redacao-empresa-
rial-10-dicas-para-escrever-textos-impecaveis/120858/?desktop=true
AULA 13 
A TÉCNICA 
DO RESUMO
114
re·su·mir
verbo transitivo
1. Abreviar; sintetizar.
2. Recopilar.
3. Condensar.
4. Reduzir.
5. Restringir.
verbo pronominal
6. Reduzir-se a menores proporções.
7. Encerrar-se; limitar-se.
“resumir”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://diciona-
rio.priberam.org/resumir [consultado em 24-02-2019].
O assunto de hoje é resumo.
(pausa dramática)
Muitos me perguntam qual é a utilidade do resumo para fins didáticos, e eu o defendo 
– e muito!
Pense no seu dia a dia. Imagina se você não tivesse a capacidade de resumir, de sin-
tetizar, de enxugar as palavras antes de contar algo que aconteceu com você. Você daria 
todos os detalhes, contaria os pormenores e sua história teria quase o mesmo tempo de 
duração que o acontecido. 
É a mesma coisa com o texto: ao fazer um resumo, você deve reduzir o tamanho do 
texto sem modificar seu conteúdo.
Em todas as fases da vida do estudante, do nível fundamental a pós-graduação, o 
resumo (ou sumarização) é uma forma prática de leitura, anotação e estudo de textos, 
uma vez que favorece a retenção de informações básicas. Assim, o objetivo do resumo 
em sala de aula é basicamente:
 • em caso de textos didático-científicos, absorver o conteúdo por meio de leitura e/ou 
apresentar o resultado para a avaliação do professor;
 • em caso de outros gêneros textuais (narrativas, artigos de opinião, notícias e matérias, 
entrevistas, etc.), praticar o raciocínio de síntese e as habilidades de escrita do aluno.
115
ANOTE ISSO
Anote essa indicação de leitura paradidática: a série “Clássicos Para Apres-
sadinhos”. Trata-se de uma mistura de literatura e quadrinhos com uma pro-
posta no mínimo inusitada: resumir clássicos da literatura, do cinema e das 
séries de tevê em apenas três quadrinhos. O resultado é um show de bom 
humor e habilidade de absorver a ideia da coisa e resumi-la! 
Então, mãos à obra! Vamos a algumas técnicas úteis para a prática do resumo.
SUMARIZAÇÃO
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define resumo como “apresentação 
concisa dos pontos relevantes de um texto”, em que conciso significa “essencial” e rele-
vantes, “indispensáveis”. Assim, a leitura de um texto para fins de resumo deve sempre 
priorizar essas questões, e cabe ao aluno/leitor decidir quais estruturas manter no resu-
mo e qual eliminá-las. 
As regras comumente aplicadas na técnica do resumo são:
ASPECTOS A CONSIDERAR EM UM RESUMO
1. Manter apenas as ideias ou fatos principais do texto original.
2. Omitir ou substituir listas e enumerações por uma designação mais geral.
3. Eliminar expressões explicativas do tipo “isto é”, “como se sabe”, “por exemplo”, etc.
4. Respeitar a ordem das ideias do texto original.
5. Transformar o discurso direto em discurso indireto.
6. Excluir pormenores irrelevantes, exemplos, citações e pequenas histórias ilustrativas.
7. Evitar copiar ditados ou expressões do texto.
8. O texto resumido deve ter menos volume que texto original.
Fonte: Medeiros, 2000.
Para aplicá-las, vamos trabalhar com um dos processos mentais essenciais para a pro-
dução de resumos, o processo de sumarização, que sempre ocorre durante a leitura, 
mesmo quando não produzimos um resumo oral ou escrito. Esse processo não é aleató-
rio, mas guia-se por uma lógica, que buscaremos identificar nas atividades que seguem. 
Veja os exemplos: 
a. No supermercado, Paulo encontrou Margarida, que estava usando um lindo vesti-
do azul de bolinhas amarelas. 
Qual é a ideia principal que deve ser mantida? - Paulo encontrou Margarida. 
Quais informações devem ser excluídas do resumo? - circunstâncias que en-
volvem o fato (no supermercado), qualificações/descrições de personagens (que 
estava usando um lindo vestido de bolas amarelas.) 
b. Você deve fazer as atividades, pois, do contrário, não vai aprender e vai tirar nota baixa. 
Qual é a ideia principal que deve ser mantida? - Você deve fazer as atividades. 
Quais informações devem ser excluídas do resumo? - justificativas para uma 
afirmação (pois, do contrário, não vai aprender e vai tirar nota baixa) 
116
Vamos fazer um exercício de sumarização com as frases abaixo. Vamos apagar o conteú-
do que pode ficar fora de um resumo, e classificá-los no quadro abaixo:
(a) Apagamento de conteúdos fáceis de supor a partir de nosso conhecimento de 
mundo. 
(d) Apagamento de sequências de expressões que indicam sinonímia ou explicação. 
(b) Apagamento de exemplos. 
(c) Apagamento das justificativas de uma afirmação. 
(g) Apagamento de argumentos contra a posição do autor. 
(e) Reformulação das informações, utilizando termos mais genéricos. (ex.: homem, 
gato, cachorro = mamíferos) 
(f) Conservação de todas as informações, dado que elas não são resumíveis. 
A. Maria era uma pessoa muito boa. Gostava de ajudar as pessoas. 
Ideia a ser mantida: Maria era uma pessoa muito boa.
Trecho excluído: Gostava de ajudar as pessoas.
B. Discutiremos a construção de textos argumentativos, isto é, aqueles textos nos 
quais o autor defende determinado ponto de vista por meio do uso de argumen-
tos, procurando convencer o leitor de sua posição. 
Ideia a ser mantida: Discutiremos a construção de textos argumentativos.
Trecho excluído: isto é, aqueles textos nos quais o autor defende determinado 
ponto de vista por meio do uso de argumentos, procurando convencer o leitor de 
sua posição.
C. Não corra tanto com seu carro, pois, quando se corre muito, não é possível ver a 
paisagem e, além disso, o número de acidentes fatais aumenta com a velocidade. 
Ideia a ser mantida: Não corra tanto com seu carro,
Trecho excluído: pois, quando se corre muito, não é possível ver a paisagem e, 
além disso, o número de acidentes fatais aumenta com a velocidade. 
D. O principal suspeito do assassinato era o marido: era ciumento e não tinha um áli-
bi, dado que afirma ter ficado rondando a casa para ver se a mulher se encontrava 
com o amante. 
Ideia a ser mantida: O principal suspeito do assassinato era o marido: era ciumen-
to e não tinha um álibi,
Trecho excluído: dado que afirma ter ficado rondando a casa para ver se a mulher 
se encontrava com o amante. 
E. De manhã, lavou a louça, varreu a casa, tirou o pó e passou roupa. À tarde, foi ao 
banco pagar contas, retirar talão de cheques e extratos e, à noite, preparou aula, 
corrigiu os trabalhos e elaborou a prova. 
Ideia a ser mantida: De manhã, limpou a casa; à tarde, foi ao banco e à noite, tra-
balhou.
Trecho excluído: a repetição das atividades
117
F. O Iluminismo ataca as injustiças, a intolerância religiosa e os privilégios típicos do 
Antigo Regime. 
Ideia a ser mantida: todo o trecho. Não há como resumir.
G. A pena de morte tem muitos argumentos a seu favor, mas nada justifica tirar a 
vida de nosso semelhante.
Ideia a ser mantida: nada justifica tirar a vida de nosso semelhante.
Trecho excluído: A pena de morte tem muitos argumentos a seu favor,
Veja um exemplo de sumarização:
1. TEXTO ORIGINAL: Com a evolução política da humanidade, dois valores funda-
mentais consolidaram o idealdemocrático: a liberdade e a igualdade, valores que 
foram traduzidos como objetivos maiores dos seres humanos em todas as épocas. 
Mas os avanços e as conquistas populares em direção a esses objetivos nem sem-
pre se desenvolveram de forma pacífica. Guerras, destruições e enforcamentos de 
reis e monarcas, revoluções populares e golpes de estado marcaram a trajetória da 
humanidade em sua busca de liberdade e igualdade. (Clóvis Brigadão, 1988)
2. PROCESSO DE SUMARIZAÇÃO: Com a evolução política da humanidade, dois 
valores fundamentais consolidaram o ideal democrático: a liberdade e a igual-
dade, valores que foram traduzidos como objetivos maiores dos seres humanos 
em todas as épocas. Mas os avanços e as conquistas populares em direção a esses 
objetivos nem sempre se desenvolveram de forma pacífica. Guerras, destrui-
ções e enforcamentos de reis e monarcas, revoluções populares e golpes de esta-
do marcaram a trajetória da humanidade em sua busca de liberdade e igualdade. 
(Clóvis Brigadão, 1988)
3. RESUMO: Ao longo da evolução da humanidade, dois objetivos maiores do ho-
mem consolidaram o ideal democrático: a liberdade e a igualdade. No entanto, a 
perseguição desses valores não se desenvolveu de forma pacífica devido a guer-
ras, revoluções e golpes.
Nessa sumarização, apagamos:
 • As explicações: “valores que foram traduzidos como objetivos maiores dos seres 
humanos em todas as épocas”.
 • As inferências: se não houvesse avanço de forma pacífica, evidente houve guerras, 
revoluções, etc.
Para sumarizar, antes de qualquer coisa é necessário compreender o texto original. É 
preciso identificar a ideia principal e as secundárias. Podemos eliminar, sempre que 
possível, exemplos, sinônimos, explicações e justificativas e efetuar generalizações. Fre-
quentemente alguns conectivos (nexos) como “mas, isto é, porém, portanto, porque” 
auxiliam essa identificação e podem orientar os processos de sumarização.
No resumo de uma narração, podem-se suprimir as descrições de lugar, de tempo, 
de pessoas ou de objetos, se elas não são condições necessárias para a realização da 
ação. Por exemplo, descrever um homem como ciumento pode ser relevante e, portan-
to, essa descrição não poderá ser suprimida, se essa qualidade é que determinará que o 
homem assassine sua esposa. Já a sua descrição como alto e magro poderá nesse caso 
ser suprimida.
118
RESUMO
O resumo pode se apresentar de várias formas, conforme o objetivo a que se destina. No 
sentido estrito, padrão, deve reproduzir as opiniões do autor do texto original, a ordem 
como essas são apresentadas e as articulações lógicas do texto, sem emitir comentá-
rios ou juízos de valor. Trata-se de reduzir o texto a uma fração da extensão original, 
mantendo sua estrutura e seus pontos essenciais. 
Pode-se iniciar o resumo com uma frase do tipo: 
“No texto ....., de ......, publicado em......., o autor apresenta/ discute/ analisa/ critica/ 
questiona ....... tal tema, posicionando-se .....”. 
Em qualquer tipo de resumo, entretanto, dois cuidados são indispensáveis: buscar a es-
sência do texto e manter-se fiel às ideias do autor. Copiar partes do texto e fazer uma 
“colagem”, sob a alegação de buscar fidelidade às ideias do autor não é permitido, pois 
o resumo deve ser o resultado de um processo de “filtragem”, uma (re)elaboração de 
quem resume. Se for conveniente utilizar excertos do original (para reforçar algum pon-
to de vista, por exemplo), esses devem ser breves e estar identificados (autor e página). 
Uma sequência de passos eficiente para fazer um bom resumo é a seguinte: 
a. ler atentamente o texto a ser resumido, assinalando nele as palavras-chave e 
ideias que forem parecendo significativas à primeira leitura; 
b. identificar o gênero a que pertence o texto (uma narrativa, um texto opinativo, 
uma receita, um discurso político, um relato cômico, um diálogo, etc.); 
c. identificar a ideia principal; 
d. identificar a organização do texto (o modo como as ideias secundárias se ligam 
logicamente à principal); 
e. identificar as ideias secundárias e agrupá-las em subconjuntos (por exemplo: se-
gundo sua ligação com a principal, quando houver diferentes níveis de importân-
cia; segundo pontos em comum, quando se perceberem subtemas); 
f. identificar os principais recursos utilizados (exemplos, comparações e outras vo-
zes que ajudam a entender o texto, mas que não devem constar no resumo for-
mal, apenas no livre, quando necessário); 
g. esquematizar o resultado desse processamento; 
h. redigir o texto. 
Fonte: adaptado de machado et al., 2004
Evidentemente, alguns resumos são mais fáceis de fazer do que outros, dependendo 
especialmente da organização e da extensão do texto original. Assim, um texto não mui-
to longo e cuja estrutura seja perceptível à primeira leitura, apresentará poucas dificul-
dades a quem resume. De todo modo, quem domina a técnica - e esse domínio só se 
adquire na prática - não encontrará obstáculos na tarefa de resumir, qualquer que seja 
o tipo de texto. 
Resumos são ferramentas úteis ao estudo e à memorização de textos escritos. Além 
disso, textos falados também são passíveis de resumir. Anotações de ideias significativas 
ouvidas no decorrer de uma palestra, por exemplo, podem vir a constituir uma versão 
resumida de um texto oral. 
Atribuição de atos ao autor do Texto Resumido 
No resumo, o autor do texto original aparece como se estivesse realizando vários tipos 
de atos, que, frequentemente, não estão explicitados no texto original. Você é que tem 
de interpretar esses atos usando o verbo adequado. Observe esse fenômeno, fazendo as 
atividades que seguem. 
119
1) Relacione os verbos abaixo com os atos que indicam: 
a. Posicionamento do autor em relação à sua crença na verdade do que é dito 
b. Indicação do conteúdo geral 
c. Organização das ideias do texto 
d. Indicação de relevância de uma ideia do texto 
e. Ação do autor em relação ao leitor 
( ) define, classifica, enumera, argumenta. 
( ) incita, busca levar a 
( ) afirma, nega, acredita, duvida 
( ) aborda, trata de 
( ) enfatiza, ressalta 
RESPOSTA: C, E, A, B, D
No quadro abaixo, temos uma lista de verbos muito úteis para a elaboração de resumo 
e produção de textos científicos. Guarde-o com carinho!
Verbos utilizados para indicar diferentes atos do autor do texto resumido:
apontar – definir – descrever – elencar – enumerar – classificar – caracterizar 
– dar características – exemplificar – dar exemplos – contrapor – confrontar 
– comparar – opor – diferenciar – começar – iniciar – introduzir – desenvolver 
– finalizar – terminar – concluir – pensar – acreditar – julgar – afirmar – negar 
– questionar – criticar – descrever – narrar – relatar – explicar – expor – compro-
var – provar – defender a tese – argumentar – dar argumentos – justificar – dar 
justificativas – apresentar – mostrar – tratar de – abordar – discorrer – esclare-
cer – convidar – sugerir – incitar – levar a 
2) Leia o trecho e preencha os espaços do resumo correspondente com os verbos 
mais adequados. 
Um amigo me disse: 
- Não guarde nada para uma ocasião especial. Cada dia que se vive é uma ocasião 
especial. 
Ainda estou pensando nestas palavras... já mudaram minha vida. Agora estou lendo 
mais e limpando menos. Sento-me no terraço e admiro a vista sem preocupar-me com 
as pragas. Passo mais tempo com a minha família e menos tempo no trabalho. Com-
preendi que a vida deve ser uma fonte de experiências a desfrutar, não para sobreviver. 
Já não guardo nada. Use meus copos de cristal todos os dias. Coloco uma roupa nova 
para ir ao supermercado, se me dá vontade. Já não guardo meu melhor perfume para 
ocasiões especiais, uso-o quando tenho vontade. (Mensagem distribuída por e-mail) 
Resumo 
O autor a) __________________o que um amigo lhe disse e b) ______________ como as 
palavras desse amigo influenciaram sua vida, c) _______________ diversas ações de seu 
cotidiano que ele passou a ver de forma diferente.
RESPOSTA:a) NARRA ou RELATA ou DESCREVE
b) EXPLICA/EXPÕE
c) ENUMERANDO /LISTANDO/ELENCANDO
120
ESQUEMATIZAÇÃO DE PARÁGRAFOS
Veja o esquema de sublinhar parágrafos:
1. Sublinhar não é somente uma técnica de estudos: ela serve para ressaltar ideias 
importantes de um texto. Para isso é preciso compreender o assunto e identificar 
os pontos principais. As ideias secundárias podem ser omitidas no ato de subli-
nhar.
2. Podem-se sublinhar frases inteiras, palavras-chaves ou grupo de palavras. Primei-
ramente fazer uma leitura integral do texto. Segundo, buscar esclarecer as dúvidas 
de vocabulário, termos técnicos, etc. Num terceiro momento de leitura recomen-
da-se identificar as ideias principais e sublinhá-las.
3. Podem-se sublinhar as palavras-chaves em cada parágrafo. Estas palavras devem 
conter ideias nucleares mais importantes. 
4. Do lado do texto, na própria folha, assinalar com um ponto de interrogação os ca-
sos de discordâncias ou mais difíceis para o entendimento. 
5. A partir daí, reconstruir o texto de num esquema ou num resumo a partir tomando 
as palavras ou pequenas frases como base.
Elaboração de Esquemas
1. Compreende-se o esquema como uma radiografia do texto, é um tipo de “esque-
leto”.
2. O esquema serve como um trabalho prévio para a elaboração de resumos. 
3. Utilize, no esquema, linhas retas ou curvas, setas, colchetes etc.
4. Nele aparecem as palavras-chaves, ou seja, as ideias principais. Não se esqueça de 
manter a fidelidade ao texto original, as ideias do autor e não dar a usa opinião! 
Exemplo de parágrafo esquematizado:
“São quatro as atividades principais dos especialistas em comunicação: detecção prévia 
do meio ambiente, correlação das partes da sociedade na reação a esse meio, transmis-
são da herança social de uma geração para a seguinte e entretenimento. A detecção 
prévia consiste na coleta e distribuição de informações sobre acontecimentos do meio 
ambiente, tanto fora como dentro de qualquer sociedade particular. Até certo ponto, isso 
corresponde ao que é conhecido como manipulação de notícias. Os atos de correlação, 
aqui, incluem a interpretação das informações sobre o meio ambiente e orientação da 
conduta em reação a esses acontecimentos. Em geral, essa atividade é popularmente 
classificada como editorial, ou propaganda. A transmissão de cultura se faz através da 
comunicação das informações, dos valores e normas sociais de uma geração a outra ou 
de membros de um grupo a outros recém-chegados. Comumente, é identificado como 
atividade educacional. Por fim, o entretenimento compreende os atos comunicativos 
com intenção de distração, sem qualquer preocupação com os efeitos instrumentais 
que eles possam ter” (Wrigt, apud Soares & Campos, 1978, p 120).
Exemplo de como esquematizar o texto anterior:
As quatro atividades do especialista em comunicação:
1. Detecção prévia do meio ambiente: coleta e distribuição da informação, manipu-
lação da notícia.
2. Correlação das partes da sociedade na reação do meio: interpretação da informa-
ção, editorial ou propaganda.
3. Transmissão da herança social: transmissão da cultura, comunicação das informa-
ções: valores e normas sociais, educação)
4. Entretenimento: atos comunicativos com intenção de distração.
121
Texto final (Resumo):
“As atividades dos especialistas em comunicação são a detecção prévia do meio am-
biente, que consiste na coleta e distribuição das informações, ou manipulação de 
notícias. A correlação das partes da sociedade na reação ao meio, que inclui a in-
terpretação das informações, pelo editorial e propaganda. A transmissão da cultura, 
que se faz através da comunicação das informações, identificada como atividade 
educacional. O entretenimento, que se realiza pelos atos comunicativos, e que pro-
cura apenas a distração.”
AULA 14 
O NOVO ACORDO 
ORTOGRÁFICO
123
“Enfim consegui familiarizar-me com as letras quase todas. Aí me 
exibiram outras vinte e cinco, diferentes das primeiras e com os 
mesmos nomes delas. Atordoamento, preguiça, desespero, von-
tade de acabar-me. Veio terceiro alfabeto, veio quarto, e a confu-
são se estabeleceu, um horror de quiproquós.” - Graciliano Ramos.
Nossa aula de hoje trata de um tópico que tem causado polêmica e dor de cabeça em 
alunos e professores: o acordo ortográfico da Língua Portuguesa, ou simplesmente a 
nova ortografia. 
Polêmica porque muitos não veem sentido prático para as alterações e simplesmen-
te as ignoram, preferindo escrever ainda da forma como aprenderam tempos atrás; e 
dor de cabeça porque, no geral, a população reclama que em muitos casos nem sabia 
a forma correta de usar o hífen, por exemplo, e agora precisam estudar regras que as 
confundem ainda mais.
Você também pensa assim?
Fonte: http://www.orlandeli.com.br/
Mas não há motivo para preocupação! Basta ter a consciência de que o acordo tem 
caráter oficial e deve ser respeitado. Assim, não podemos ignorá-lo ou achar que são 
mudanças pequenas; que só um hífen ou um acento agudo não faz diferença na escri-
ta. Pois faz, e são essas diferenças que podem excluir ou aprovar um candidato em um 
processo seletivo ou concurso.
124
ANOTE ISSO
Em resumo, o Acordo Ortográfico está em vigor no Brasil desde 10 de janeiro 
de 2009, mas foi proposto inicialmente em 1990, quando assinado em Lis-
boa (Portugal) e só aprovado em 1995. A ratificação de Portugal ocorreu em 
2008 e no ano seguinte o acordo foi decretado no Brasil.
A princípio, havia sido determinado um prazo até 2013 para que as editoras 
e os brasileiros em geral absorvessem todas as mudanças que, enfim, tor-
nar-se-iam normas obrigatórias. Mas esse prazo foi estendido pelo governo 
brasileiro até 2016, o que não nos desobriga de estudá-lo e usá-lo.
O Portal da Língua Portuguesa traz uma explicação das questões diplomáticas 
do acordo, que envolve os sete países de língua oficial portuguesa (além do 
Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique 
e São Tomé e Príncipe). Traz também o link para que você conheça as refor-
mas que o português sofreu desde 1911. É puro conhecimento, aproveite!
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/acordo.php
ISTO ESTÁ NA REDE
Como preparatório para o material que aqui estudaremos, deixo um vídeo 
em que o Prof. Sérgio Nogueira faz um “resumão” e relembra as regras de 
acentuação (monossílabos, oxítonas, paroxítonas e proparoxítonas). Isso vai 
nos ajudar imensamente a entender a nova ortografia:
http://www.youtube.com/watch?v=4v0YnGCrruA
Para facilitar nossos estudos e principalmente para que você tenha um material de con-
sulta, vamos separar as mudanças quanto aos acentos e outros sinais (trema e hífen).
ACENTO AGUDO
O acento agudo deixa de existir em alguns poucos casos, vejamos:
Paroxítonas: CAI O ACENTO DE “EI” E “OI” E DE HIATOS COM “I” E “U”
1. Nas palavras paroxítonas, ou seja, naquelas cuja sílaba tônica recai na penúltima 
sílaba, os ditongos abertos ei e oi que eram acentuados, não são mais. 
Assim, alguns termos que hoje se escreve de um jeito, tomam novos formatos or-
tográficos, como: assembleia, ideia, jiboia, proteico, heroico, etc. Já outros, conti-
nuam como sempre foram: cadeia, cheia, apoio, baleia, dezoito, etc.
COMO ERA COMO FICA
alcalóide alcaloide
alcatéia alcateia
andróide androide
apóia (verbo apoiar)apoia
apóio (verbo apoiar)apoio
125
COMO ERA COMO FICA
asteróide asteroide
bóia boia
celulóide celuloide
clarabóia claraboia
colméia colmeia
Coréia Coreia
debilóide debiloide
epopéia epopeia
estóico estoico
estréia estreia
estréio (verbo estrear) estreio
geléia geleia
heróico heroico
idéia ideia
jibóia jiboia
jóia joia
odisséia odisseia
paranóia paranoia
paranóico paranoico
platéia plateia
tramóia tramoia
Porém, o acento agudo permanece nas oxítonas (palavras cuja sílaba tônica incide na 
última sílaba) e nos monossílabos tônicos com ditongos abertos -éi, -éu ou -ói, seguidos 
ou não de –s: papéis, herói, remói, anéis, ilhéus, chapéu, etc. = todos continuam igual
2. Nas palavrasparoxítonas com hiatos formados com i e u, sendo que a vogal an-
terior a estas faz parte de um ditongo, ou seja, quando são precedidas de ditongo. 
Dessa forma, feiúra passa a ser feiura, baiúca passa a ser baiuca.
ACENTO CIRCUNFLEXO
1. Não existe mais circunflexo nos pares dobrado de “e” e “o”. Assim, antes era: 
crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem e agora fica: creem, deem, leem, 
veem, releem, preveem.
2. De igual modo, o acento circunflexo deixa de existir na vogal tônica “o” de palavras 
paroxítonas, assim como: enjoo, voo, abençoo, perdoo.
126
COMO ERA COMO FICA
abençôo abençoo
crêem (verbo crer) creem
dêem (verbo dar) deem
dôo (verbo doar) doo
enjôo enjoo
lêem (verbo ler) leem
magôo (verbo magoar) magoo
perdôo (verbo perdoar) perdoo
povôo (verbo povoar) povoo
vêem (verbo ver) veem
vôos voos
zôo zoo
3. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára (verbo)/para (preposi-
ção), pêlo(s)(substantivo) /pelo(s)(preposição), pólo(s)/polo(s)
COMO ERA COMO FICA
Ele pára o carro. Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra. Comi uma pera.
Atenção: permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do pas-
sado do verbo poder. Pode é a forma do presente do indicativo. 
Veja : Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição. 
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, 
assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir 
etc.). Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
127
Ex: Vocês têm muito o que aprender!
Os pais sempre intervêm nas escolhas dos filhos.
Será que eles vêm de carro ou de ônibus?
As caixas contêm dez unidades cada.
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
O acento diferencial de número (plural) permanece na terceira pessoa do 
plural dos verbos TER e VIR e dos respectivos derivados. Nesse aspecto, 
não houve alteração, ou seja, a regra foi mantida:
TER - Ele tem / Eles têm
VIR - Ele vem / Eles vêm
TREMA
Sim, podemos dizer adeus ao trema (¨)!
Assim sendo, palavras que normalmente eram grafadas com o trema, como lingüiça, 
tranqüilo, lingüística, bilíngüe, freqüentar, cinqüenta, agüenta, etc., não possuem mais 
o trema. Essa nova regra justificou-se no fato de que há ditongos na língua que não 
precisam do trema para indicar a quem lê o fato do “u” ter que ser pronunciado ou não, 
como em: língua e quente. No primeiro caso, sabe-se que o “u” deve ser pronunciado e 
no segundo não. Este fato não tem a ver com grafia e sim com fonética, ou seja, com o 
modo de dizer e não com o de escrever, tornando o trema desnecessário.
HÍFEN
Usa-se hífen com substantivos compostos cujas palavras quando separadas continuam 
fazendo sentido isoladamente: guarda-chuva (guarda e chuva), boa-fé (boa e fé), segun-
da-feira (segunda e feira), mesa-redonda (mesa e redonda), porta-malas (porta e malas), 
etc. Esses substantivos continuam iguais, ou seja, não perderam o hífen.
Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elemen-
tos de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, 
glu-glu, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre. Esses 
substantivos também continuam iguais, ou seja, não perderam o hífen.
Não se usa o hífen – e nunca se usou – em compostos como pé de moleque, pé de 
vento, pai de todos, dia a dia, cara a cara, fim de semana, cor de vinho, ponto e vírgula, 
camisa de força, cara de pau, olho de sogra.
Fonte: arquivo pessoal
Erro no panfleto da Caixa Econômica Federal: palavras repetidas e com algum elemento 
no meio (no caso, “a”) não têm hífen – dia a dia, frente a frente, cara a cara, mês a mês, etc.
O acordo também se refere a palavras formadas por prefixos (anti, super, ultra, sub, 
etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, eletro, geo, 
hidro, macro, micro, mini, multi, neo, etc.). 
128
CASOS GERAIS
1. Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:
anti-higiênico / anti-histamínico / macro-história / mini-hotel / proto-história / sobre-
-humano / super-homem / ultra-humano.
2. Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra pa-
lavra. Exemplos:
micro-ondas / anti-inflamatório / sub-bibliotecário / micro-ônibus / inter-racial.
Fonte: @gramatica_na_veia
3. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia 
a outra palavra. Exemplos:
autoescola / antiaéreo / intermunicipal / supersônico / geopolítica / anticoncepcional 
autoestima / superinteressante / agroindustrial / aeroespacial / semicírculo.
Atenção: segundo a nova ortografia, se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra 
começar por r ou s, essas letras dobram:
minissaia / autorretrato / antirracismo / ultrassensível / ultrassom / antisséptico / semirreta
4. Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além aquém, recém, pós, pré, pró, vice. Exemplos:
além-mar / além-túmulo / aquém-mar / ex-aluno / ex-diretor / ex-presidente / pós-gra-
duação / pré-história / pré-vestibular / pró-europeu / recém-casado / recém-nascido / 
sem-terra / vice-reitor.
MUDANÇAS NO ALFABETO
O alfabeto passa a ter 26 letras, já que foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto 
completo passa a ser:
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da 
nossa língua, são usadas em várias situações, como:
 • na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), 
W (watt)
 • na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, play-
ground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
ISTO ESTÁ NA REDE
Para fechar o assunto com um ar mais descontraído, assista a uma paró-
dia que alunos da Universidade Presbiteriana Mackenzie fizeram da música 
“Rehab”, de Amy Winehouse, sobre a nova ortografia. A associação de ideias 
é uma ótima estratégia de memorização!
https://www.youtube.com/watch?v=a_1JBIVw10g
AULA 15 
INADEQUAÇÕES 
ENTRE FALA 
E ESCRITA
130
“Pense antes de falar. Leia antes de pensar.” - Anônimo
Existem várias ferramentas às quais podemos recorrer em caso de dúvida de português 
– dicionários, gramáticas ou uma simples busca no Google. Contudo, é sabido que a 
maioria dos estudantes e profissionais não consultam o dicionário, por exemplo, quando 
se deparam com uma palavra desconhecida, ou não buscam uma gramática para sanar 
dúvidas que, teoricamente, o indivíduo tido como alfabetizado não deveria cometer.
Assim, é muito comum o indivíduo aprender uma a palavra ou expressão e depois 
repeti-la, mas sem conferir como é a escrita, causando uma inadequação entre o que se 
ouve e o que se escreve.
Quer um exemplo? A expressão “por ora”, muito usada em correspondências e re-
dações técnicas, que significa “agora”, “no momento”. Não existe “h” no termo: “Por ora 
estou ocupado. Volte mais tarde.” Já “por hora” existe, mas quer dizer “por um período 
de 60 minutos”: “O estacionamento cobra por hora.”
Veja a seguinte placa de sinalização:
Fonte: acervo pessoal
Muitos podem achar que é exagero corrigir quem confunde “um simples ‘há’, ou ‘a’, ou 
ainda ‘à’... é tudo igual!”. Mas certamente deixam de achar besteira quando esse tipo de 
problema cai em concursos, processos seletivos ou avaliações das quais você depende 
para dar um passo importante na vida. Pense nisso!
131
Aliás,o correto da placa seria “HOMENS TRABALHANDO A 300m”. “A” indica avanço 
para frente no tempo ou no espaço. Por exemplo: “Moro a dois quarteirões daqui”, “Vamos 
nos ver daqui a dois dias”. O “há” refere-se ao passado: “Nos vimos HÁ duas semanas”
Vejamos algumas dessas confusões geralmente causadas porque são parecidas na 
fala ou na forma de escrever.
PALAVRAS E EXPRESSÕES PARÔNIMAS 
Parônimos são palavras quase idênticas que se diferenciam por algum traço de grafia 
(como “acender = ligar” e “ascender = subir”) ou que se pronuncia do mesmo jeito, mas 
com escrita diferente (como “agente = quem atua, pratica” e “a gente = nós, o grupo”).
Ao encontro de tem sentido positivo, significa 
“em busca de”, “em direção a”, “para junto de”: 
Ele foi ao encontro do sucesso.
De encontro a tem sentido negativo, significa 
“em oposição a”, “para chocar-se com”: O mo-
torista foi de encontro ao muro.
Absolver: inocentar, relevar da culpa imputada: 
O júri absolveu o réu.
Absorver: embeber em si, esgotar: O solo ab-
sorveu lentamente a água da chuva.
Acender: atear (fogo), inflamar. Ascender: subir, elevar-se.
Acento: sinal gráfico; inflexão vocal: Vocábulo 
sem acento.
Assento: banco, cadeira: Tomar assento num 
cargo.
Acerca de significa “sobre”, “a respeito de”: Falei 
acerca de política.
A cerca de: indica aproximação: Estava a cerca 
de 3 km daqui.
E ainda temos Há cerca de: indica tempo decor-
rido: Brigamos há cerca de um mês.
A princípio significa no começo, para começar: 
A princípio, pensei em desistir.
Em princípio significa de maneira geral, sem 
entrar em detalhes, de forma geral: Em princípio, 
todos deveriam ter acesso à educação.
Assistir ao significa ver, olhar: Hoje vou assistir 
ao jogo/ à novela.
Assistir significa tomar conta, cuidar, dar assis-
tência: O médico assistiu a paciente/ o paciente.
Caçar: perseguir, procurar, apanhar (geralmente 
animais).
Cassar: tornar nulo ou sem efeito, suspender, 
invalidar.
Censo: alistamento, recenseamento, contagem. Senso: entendimento, juízo, tino.
Cerrar: fechar, encerrar, unir, juntar. Serrar: cortar com serra, separar, dividir.
Cessão: ato de ceder; A cessão do local pelo 
município tornou possível a realização da obra.
Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição, 
divisão: Em qual seção do ministério ele trabalha?
E ainda temos Sessão: espaço de tempo que 
dura uma reunião, um congresso; reunião; es-
paço de tempo durante o qual se realiza uma 
tarefa: A próxima sessão legislativa será iniciada 
em 10 de agosto.
Cheque: ordem de pagamento à vista. Xeque: perigo, como na expressão “pôr em xe-
que”.
dirigente árabe; lance de xadrez; (fig.) 
Conjectura: suspeita, hipótese, opinião Conjuntura: acontecimento, situação, ocasião, 
circunstância
132
Despercebido: que não se percebeu, não ob-
servado, não notado. Meu aniversário passou 
despercebido, que triste.
Eminente: alto, elevado, excelente, superior, fa-
moso: Aquele senhor é um dos mais eminentes 
estudiosos da área.
Desapercebido: desprevenido, que não está 
preparado, sem provisões: Quando viu que ela 
estava desapercebida, ele lhe roubou a bolsa
Iminente: que está a ponto de acontecer; pró-
ximo, imediato: A crise na indústria é iminente: 
é melhor me precaver!
Inflação: ato ou efeito de inflar; emissão exage-
rada de moeda, aumento persistente de preços.
Infração: ato ou efeito de infringir ou violar uma 
norma.
Ratificar: validar, confirmar, comprovar: Ratifi-
camos seu pedido do histórico.
Retificar: corrigir, emendar, alterar: A gráfica 
retificou o texto com passagens ambíguas
Tachar: censurar, qualificar, tachar alguém (ta-
chá-lo) negativamente.
Taxar: fixar taxa; regular, regrar: taxar merca-
dorias.
Traz: do verbo “trazer”. Todo dia ele traz um livro 
novo para casa.
Trás: atrás, na parte posterior, detrás. Falar por 
trás das costas é fácil. Tente cara a cara!
Tráfego _ circulação, fluxo de carros, pessoas, 
mercadorias, etc. O tráfego de pessoas no centro 
da cidade é intenso.
Tráfico _ negócio ilegal, clandestino, ilícito. 
Alguns países que acabaram com o tráfico de 
drogas.
Fonte: adaptado de “Parônimos” em Só Português. Virtuous Tecnologia da Informação, 2007-2019. 
Consultado em 26/02/2019. Disponível em https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman7.php
E aqui entram três pares de parônimos que eu gostaria de chamar atenção: MAU/MAL, 
PERDA/PERCA E TAMPOUCO/TÃO POUCO
MAU é um adjetivo, o oposto de bom: 
Estou de bom humor./ Estou de mau humor.
Logo, temos: mau hálito, mau caráter, mau caminho, lobo mau, que podem ser to-
dos substituídos por “bom” para fazer o antônimo.
MAL é um advérbio, o oposto de bem:
Todos falaram mal do filme. / Todos falaram bem do filme.
Logo, temos: mal estar, passar mal, mal amado, mal visto, que podem ser todos 
substituídos por “bem” para fazer o antônimo.
PERDA é um substantivo: a perda, as perdas, uma perda, sua perda, minha perda...
Falar desse assunto é perda de tempo.
Sinto muito pela sua perda. 
PERCA é verbo no imperativo (o modo do mando, do pedido) ou no subjuntivo:
Não perca a promoção de sábado!
Mesmo que eu perca, não vou desistir!
TAMPOUCO significa “nem”, “também não”
Ele fez o jantar, tampouco varreu a casa!
Você não trabalha, tampouco estuda. (ATENÇÃO: “nem tampouco” é redundância).
TÃO POUCO quer dizer muito pouco, pouquíssimo:
Havia tão pouco entusiasmo naquele grupo que eu me desanimei.
Eu como tão pouco e mesmo assim não perco peso!
133
ISTO ESTÁ NA REDE
A internet também pode ser uma grande aliada quando o assunto é sanar 
erros comuns de português. Os chamados “quiz”, aqueles jogos de pergun-
tas que você clica e confere sua pontuação, é um jeito bacana de aprender. 
Desafio você a fazer um teste de português antes e depois de ler o material 
destas duas aulas. Você vai notar a diferença.
https://noticias.bol.uol.com.br/quiz/2014/09/25/voce-e-bom-de-lingua-
-portuguesa.htm ou baixe no App Store:
https://play.google.com/store/apps/details?id=br.estacio.ead.QuizPortLI-
TE&hl=pt_BR
FALA X ESCRITA
COMO É FALADO O CORRETO É...
Ele vive às custas do irmão. Ele vive à custa do irmão.
É a melhor escola a nível estadual. É a melhor escola em nível estadual.
Joana estava ao par de tudo. Joana estava a par de tudo.
Faça uma rúbrica no contrato. Faça uma rubrica no contato 
(sem acento, sílaba tônica “bri”)
A instituição atua em todo país. A instituição atua em todo o país.
*A frase quer dizer que a instituição atua no país inteiro. Assim, o artigo depois de todo, toda (Ele comeu toda 
a comida), todos (Preciso de todos os relatórios), todas (Todas as alunas estão convidadas) é obrigatório. Sem 
o artigo, todo passa a ser sinônimo de “qualquer”, como na frase “todo homem é igual perante à Lei.”
Vou consigo até a cidade. Vou com você até a cidade.
Ela foi uma das que menos falou hoje. Ela foi uma das que menos falaram hoje.
*Inverta a forma para conferir: de todas as que menos falaram, ela foi uma.
Fiz o pagamento junto ao banco. Fiz o pagamento no banco.
Lâmpadas florescentes. Lâmpadas fluorescentes.
Eu estou quites com você. Eu estou quite com você.
*QUITE é adjetivo e, portanto, deve concordar com a palavra a que se refere: 
Ele está quite com o irmão. Eles estão quites.
Ela corria risco de vida. Ela corria risco de morte.
Vende-se duas casas na praia. Vendem-se duas casas na praia.
134
O professor interviu na briga. O professor interveio na briga.
Casa germinada. Casa geminada.
*A casa não germina como planta. “Geminado” vem de gêmeas, unidas, iguais.
Diga não à descriminição! Diga não à discriminação!
Gosto de pizza calabreza e portugueza Gosto de pizza de calabresa e portuguesa
Pare com essa hipocresia. Pare com essa hipocrisia.
Faremos um bazar beneficiente. Faremos um bazar beneficente.
ANOTE ISSO
Aonde x Onde 
“Aonde” é usado quando a frase tem algum verbo de deslocamento, como 
é o caso de “ir” e outros que pedem a preposição “a”: ir a, dirigir-se a, enca-
minhar-se a, etc. Corresponde a “para onde você foi?”. Com outros verbos, 
é apenas“onde”, no sentido de “em que lugar”. Assim, o correto é “Onde 
você colocou as chaves?” e não “Aonde você colocou as chaves?”, “Onde 
você trabalha?” e não “Aonde você trabalha?”. Mas é correto “Eu sei aonde 
ele foi.”,por exemplo.
AS FORMAS DE PORQUÊ
Já que estamos analisando palavras e expressões fáceis de confundir, vamos fechar o 
conteúdo de hoje com as quatro formas de porquê.
Na língua portuguesa, existem quatro formas de usar o porquê. Disso todos sabem, 
mas parece que o descaso é maior que a preocupação em aprender ou relembrar. 
1. PORQUE (junto e sem acento): É uma conjunção explicativa. Usamos, por exemplo, para 
responder perguntas e explicar qualquer assunto mesmo quando não foi feita pergunta 
nenhuma (o famoso “no meio da frase”). Essa forma pode ser substituída por “POIS.”
Eu sempre faço exercícios porque me sinto muito bem!
Não vou sair porque não quero. Simples assim.
2.PORQUÊ (junto e com acento): É um substantivo que pode ser substituído pela 
palavra “motivo”. Vem junto de artigo (O/UM PORQUÊ = O/UM MOTIVO), de um pro-
nome possessivo (MEU PORQUÊ = MEU MOTIVO) e tem plural (OS PORQUÊS).
Você só arruma desculpa para não sair, é um porquê atrás do outro!
A infância é a fase dos porquês.
3. POR QUE (separado e sem acento): Usa-se quando for “o motivo pelo qual” (geral-
mente usado junto dos verbos do tipo “saber, entender, desconfiar, imaginar, supor”) 
e no começo ou meio de perguntas.
135
Agora eu sei por que você sempre vai embora mais cedo.
Por que a gente nunca vai jantar no restaurante japonês?
Não entendo por que ele saiu e nem deu tchau.
4. POR QUÊ (separado e com acento no “que”): Quando o “que” estiver em final de 
sentença ou interrogação, ou seja, ao lado da pontuação (seja ponto final ou vírgula), 
precisa sempre ter o acento, em todos os casos.
Ele está triste por quê? Por quê?
Ninguém me explicou por quê, mas não vamos receber aumento.
Fonte: arquivo pessoal
 O livro ao lado era uma famosa enciclopédia de perguntas 
e respostas dos anos de 1960 e 70; uma espécie de mini-
google da era pré-internet. Mas talvez não fosse bom fazer 
a esse oráculo perguntas sobre gramática ou uso dos por-
quês – a própria capa estampa o uso errado. Qual seria a 
grafia certa?
“Por quê?” separado por se tratar de uma interrogativa iso-
lada, sozinha e sem complemento.
Fonte: arquivo pessoal
Fonte: https://designportugal.net/porque-e-o-logotipo-da-mcdonalds-tao-bem-sucedido/
O logotipo é bem-sucedido, mas uso da forma de porquê deixou a desejar! 
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Fonte: https://pt.dopl3r.com/memes/engra%C3%A7ado/se-tudo-na-vida-passa-porque-voce-nao-
-me-passa-seu-whatsapp/264645
A cantada pode até ser boa (será?), mas o “por que” deveria ser separado: mesmo estan-
do no meio da frase, trata-se de uma interrogativa.
AULA 16 
ERROS COMUNS 
DA LÍNGUA 
PORTUGUESA
138
“Um bom professor de português quer formar bons usuários da 
língua escrita e falada, e não prováveis candidatos ao Prêmio 
Nobel de literatura!” - Marcos Bagno, professor, sociolinguista e 
filólogo brasileiro
Não é novidade nenhuma que o nosso idioma é complexo por natureza, e que é exata-
mente a essa complexidade que devemos prestar atenção e começar a nos corrigir, a 
nos acostumar com o correto. É o que chamamos de “pegadinhas” nas avaliações, mas 
que na verdade é um ponto que os avaliadores têm para medir o grau de contato do 
candidato com o idioma. 
Ninguém, nem mesmo profissionais da área de Letras, é obrigado a saber de tudo – 
para isso existe o auxílio de livros, dicionários e gramáticas. Mas o que se espera é que o 
aluno, em algum momento da sua vida, estude português em um nível tal que seja capaz 
de se destacar de outros que nunca buscaram saber como falar e escrever corretamente. 
Uma pequena informação a mais que o vizinho e você já está um passo à frente dele.
139
Assim, a intenção é oferecer um panorama dos problemas mais comuns observados na 
população média e tentar saná-las. Preparado?
ISTO ESTÁ NA REDE
Antes de iniciarmos esta discussão, assista a uma reportagem que revela um 
número surpreendente: em cada dez pessoas que passam por uma entrevis-
ta de emprego, sete são reprovadas porque falam e escrevem errado. Vá lá:
https://www.youtube.com/watch?v=ygNTfjFScjg
ERROS GERAIS
A tabela abaixo é uma coletânea de erros comumente encontrados em escritos de dife-
rentes gêneros: profissionais, acadêmicos, empresariais e pessoais. Confira e corrija-se!
ERRADO CORRETO
Fazem 12 anos que não viajo ao exterior. Faz 12 anos que não viajo ao exterior.
Aquele foi o tempo onde mais fomos felizes. Aquele foi o tempo em que/quando mais fomos felizes.
Assisti um filme onde o cachorro morre no final. Assisti a um filme em que o cachorro morre no final.
Acusamos o recebimento do email. Confirmamos o recebimento do email.
Este livro é para mim ler, não é? Este livro é para eu ler, não é?
Ela devia ter chego antes, mais está atrasada... Ela devia ter chegado antes, mas está atrasada...
Diga que volto daqui há pouco. Diga que volto daqui a pouco.
Ele comprou trezentas gramas de mussarela. Ele comprou trezentos gramas de muçarela.
Quando nós vamos se ver denovo? Quando nós vamos nos ver de novo?
Houveram vários acidentes ontem.
Haviam dez alunos na sala.
Houve vários acidentes ontem.
Havia dez alunos na sala.
Ela mesmo arrumou a sala. Ela mesma arrumou a sala.
Agente não vamos faltar amanhã. A gente não vai faltar amanhã.
Ela estava meia cansada e não veio. Ela estava meio cansada e não veio.
Entre eu e ele não há conversa nem acordo. Entre mim e ele não há conversa nem acordo.
Se você propor um bom salário, voltamos a conversar. Se você propuser um bom salário, voltamos a conversar.
A energia falhou derrepente, porisso perdemos o 
trabalho digitado.
A energia falhou de repente, por isso perdemos o tra-
balho digitado.
Fiquei fora de si com aquela situação. Fiquei fora de mim com aquela situação
Aquela loja vende tudo apartir de R$1,99. Aquela loja vende tudo a partir de R$1,99.
As crianças falarão a verdade ontem. As crianças falaram a verdade ontem.
Quando eu falei que era um previlégio trabalhar com 
ele, ele disse: “Nada haver...”
Quando eu falei que era um privilégio trabalhar com 
ele, ele e disse: “Nada a ver...”
140
O ladrão concerteza é de menor. O ladrão com certeza é menor.
Essa foi uma grande perca para todos. Essa foi uma grande perda para todos.
Fazemos entrega a domicílio. Para maiores informa-
ções, ligue xxxx-xxxx
Fazemos entrega em domicílio. Para mais informações, 
ligue xxx-xxxx
Você quer que eu compro pra você? Você quer que eu compre pra você?
Se você quizer viajar, eu estou afim. Se você quiser viajar, eu estou a fim.
A moça disse ao Sr. Tavares: “Obrigado!” A moça disse ao Sr. Tavares: “Obrigada!”
Quando você ver ela, mande meus comprimentos. Quando você a vir, mande meus cumprimentos.
Fonte: elaborado pela autora
ANOTE ISSO
MENAS E MEIA
É o seguinte: “menas” NÃO EXISTE. Nunca. Em contexto nenhum. O advér-
bio é sempre masculino, logo, “Hoje eu tenho MENOS MATÉRIA para estu-
dar”, ou “Ela está MENOS CANSADA que ontem.”
Quanto à palavra “meia”, o termo não tem feminino quando dá uma quan-
tidade; um nível para o adjetivo que o acompanha: “A bebê está MEIO SO-
NOLENTA.”
Porém, tem feminino quando quer dizer metade: “Comi apenas MEIA MAÇÔ, 
“Agora são meio dia e MEIA (hora)”.
Outro caso é quando “meia” se refere ao substantivo “pedaço de pano cos-
turado que se põe nos pés para aquecê-los”.
VERBOS PROBLEMÁTICOS: TER, PÔR, VIR E VER (E DERIVADOS)
A maior dificuldade em relação aos verbos ter, pôr, vir e ver é a conjugação deles em 
certos tempos e modos. O certo é “quando eu pôr” ou “quando eu puser”? “Se eu vir ao 
colégio” ou “Se eu vier ao colégio?”
ANOTE ISSO
Lembra-se do modo subjuntivo?
O tempo verbal denominado pretérito do subjuntivo indica hipótese e condi-
ção, e é iniciado pela conjunção “se” ou pela conjunção “caso”. São aqueles que 
terminam na desinência “-sse”: “Se eu estudasse”, “Caso estudássemos mais”.O tempo verbal denominado futuro do subjuntivo indica possibilidade futu-
ra. É iniciado pela conjunção “quando” ou pela conjunção “se” e caracterizado 
pela desinência “ar”, “er” ou “ir” e geralmente acompanhado de outro verbo 
no futuro do presente do indicativo: “Se eu estudar mais, conseguirei melho-
res notas”; “Quando estudarmos mais, conseguiremos melhores notas”.
Agora analisemos os verbos apresentados como problemáticos - ter, pôr, vir e ver e de-
rivados: 
141
ter – deter, reter, conter, entreter
pôr – propor, supor, depor, opor, expor, compor, antepor, 
contrapor, recompor, transpor
vir – intervir, sobrevir, convir, desavir
ver – prever, antever, rever, prover
ERRADO CERTO
Se mantermos contato, será muito legal. Se mantivermos contato...
Eu esperava que você se oponhasse ao cargo. ...que você se opusesse ao cargo.
Se a empresa o mantesse, seria um desastre. Se a empresa o mantivesse...
Quando pormos dinheiro na conta, nós avisamos. Quando pusermos dinheiro....
Se o IR reter minha declaração, terei que refazê-la. Se o IR retiver minha declaração...
Se você ver a professora, mande um abraço. Se você vir a professora...
Ela iria embora se suposse o que aconteceria. ... se supusesse o que aconteceria.
Embora eu prevesse minha nota, foi pior ainda! Embora eu previsse...
Se a banda composse algo bom, eu escutaria. Se a banda compusesse algo bom...
Vou devolver a caixa se ela conter nove unidades ...se ela contiver nove unidades.
Quando ela vir, peça que traga um casaco. Quando ela vier...
ISTO ESTÁ NA REDE
Sim, eu sei que estudar verbos é um exercício chato... por isso, minha indica-
ção é um quiz on-line sobre os 100 verbos mais comuns da língua portugue-
sa. Teste seus conhecimentos e compartilhe sua pontuação no nosso fórum!
http://rachacuca.com.br/trivia/9/verbos-mais-usados-do-portugues/
O PARTICÍPIO
O particípio, juntamente com o infinitivo e o gerúndio, é uma das chamadas formas no-
minais do verbo. É chamado assim por não apresentar modo e tempo ou número e pes-
soa, assemelhando-se mais com um adjetivo do que com uma forma verbal. 
Nas suas formas regulares, o particípio termina em -ADO ou –IDO, e é usado junto com 
os verbos TER e HAVER em qualquer tempo, modo ou pessoa, formando uma locução:
FALAR – FALADO. O senador não deveria ter falado besteira no discurso.
CAMINHAR – CAMINHADO. Nós já tínhamos caminhado pela manhã.
MORRER – MORRIDO. A mãe dele havia morrido fazia três meses.
COMER – COMIDO. O rapaz queria ter comido tudo que podia.
A principal função do particípio é expressar uma ação concluída, terminada. Porém, 
há muitos casos em que ele faz a função de adjetivo:
O rapaz chegou em casa todo molhado.
Os sapatos estavam jogados no canto da sala.
Aquelas mulheres não eram amadas, mas maltratadas pelos maridos.
142
Particípio Irregular – Verbo Abundante
Verbos abundantes são aqueles que apresentam mais de uma forma para expressar a 
mesma flexão. Há muitos verbos que possuem duas formas de particípio: a REGULAR, 
terminada em -ADO ou -IDO, e a IRREGULAR, que é uma forma reduzida. Veja:
INFINITIVO REGULAR IRREGULAR
Aceitar aceitado aceito
Entregar entregado entregue
Expressar expressado expresso
Expulsar expulsado expulso
Matar matado morto
Salvar salvado salvo
Soltar soltado solto
Acender acendido aceso
Benzer benzido bento
Eleger elegido eleito
Morrer morrido morto
Prender prendido preso
Suspender suspendido suspenso
Emergir emergido emerso
Exprimir exprimido expresso
Extinguir extinguido extinto
Frigir frigido frito
Imergir imergido imerso
Imprimir imprimido impresso
Tingir tingido tinto
Verbos de um único Particípio Irregular
 • Abrir – aberto
 • Cobrir – coberto
 • Dizer – dito
 • Escrever – escrito
 • Fazer – feito
 • Pôr – posto
 • Ver – visto
 • Vir – vindo
Voltando à regra, com os verbos TER e HAVER usa-se os regulares (primeira coluna), e 
com os verbos SER e ESTAR, os irregulares (segunda coluna).
143
A professora HAVIA IMPRIMIDO as provas. As provas ESTÃO IMPRESSAS.
Você deveria TER SALVADO os arquivos. Nenhum FOI SALVO.
Assim sendo, estão erradas frases do tipo: 
A professora havia chego fazia muito tempo.
O 13º foi empregue na reforma da casa.
Ela podia ter trago o bolo. 
Você podia ter impresso a matéria antes!
O correto é:
A professora havia chegado fazia muito tempo.
O 13º foi empregado na reforma da casa.
Ela podia ter trazido o bolo. 
Você podia ter imprimido a matéria antes!
TER ou HAVER SER ou ESTAR
pagado pago
entregado entregue
gastado gasto
aceitado aceito
salvado salvo
prendido preso
morrido morto
matado morto
Fonte: arquivo pessoal
ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
Há uma grande discussão sobre algumas formas, principalmente GANHA-
DO/GANHO, PAGADO/PAGO e PEGAR/PEGO com ter e haver. Já se nota 
nas ruas, na tevê e na imprensa em geral o uso de estruturas tais como: “Ela 
devia ter pego o ônibus” e “Eu tinha ganho um dinheiro”, o que pode vir, no 
futuro, a se tornar regra. Porém, algumas referências consagradas como o 
Manual de Redação e Estilo do Estado de São Paulo e obras de gramáticos 
influentes garantem que na norma culta, aquela que nos é exigida em pro-
vas e concursos, ainda vale as formas “ter pagado”, “ter pegado”, “chego” 
não existe como particípio! O correto é “tinha chegado” etc.
144
CONCLUSÃO
Chegamos ao final da disciplina, e espero que você tenha aproveitado o máximo. 
Ao longo desta disciplina, estudamos assuntos que ampliaram o seu conheci-
mento e sua formação no terceiro grau, e certamente lhe serão úteis em várias 
etapas do seu crescimento pessoal e profissional. Todo conhecimento é válido; 
nada que se aprende é em vão. 
Mais do que corrigir erros de português e saber as regras do novo acordo orto-
gráfico, é preciso ter consciência de que se comunicar de forma simples e dire-
ta, tanto na escrita quanto na fala, garante seu sucesso no caminho que você 
pretende percorrer. Uma comunicação mal apresentada significa muito mais do 
que a falha em si. Ela pode ser um fator que altera a percepção do cliente sobre 
sua empresa, o cuidado que você toma ao divulgar informações, a sua atenção 
aos detalhes... Escrever um email mal redigido ou falar um erro grosseiro de por-
tuguês, por exemplo pode levantar todas essas questões na mente de quem vai 
receber sua mensagem. 
Assim, fica aqui meu desejo de contínuo estudo e crescimento pessoal- e suces-
so sempre!
Profª Ju Spadoto
juliana.spadoto@uca.edu.br
145
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
Preconceito Linguístico
Autor: Marcos Bagno
Editora: Parábola
Sinopse: o preconceito, seja ele de que natureza for, é uma crença pes-
soal, uma postura individual diante do outro. Qualquer pessoa pode 
achar que um modo de falar é mais bonito, mais feio, mais elegante, 
mais rude do que outro. No entanto, quando essa postura se transfor-
ma em atitude, ela se torna discriminação e esta tem de ser alvo de 
denúncia e de combate. No caso da língua, é imprescindível que toda 
cidadã e todo cidadão que frequenta a escola (pública ou privada) 
receba uma educação linguística crítica e bem informada, na qual se 
mostre que todos os seres humanos são dotados das mesmíssimas 
capacidades cognitivas e que todas as línguas e variedades linguísti-
cas são instrumentos perfeitos para dar conta de expressar e construir 
a experiência humana neste mundo. Este livro já é um clássico brasi-
leiro sobre esse assunto tão delicado de se abordar. Vale a pena ler.
LIVRO
Gramática da Língua Portuguesa para Leigos
Autor: Magda Bahia Schlee
Editora: Alta Books
Sinopse: é muito comum ouvirmos dizer por aí que o português é 
uma língua difícil. Curioso é que muitas das pessoas que dizem isso 
usam o português no seu dia a dia para interagirem umas com as 
outras sem maiores problemas. Mas então que português é esse tão 
difícil assim? Na verdade, a grande dificuldade que muitos falantes 
têm em relação à língua portuguesa se concentra em uma de suas 
variedades, a chamada variedade padrão. 
Este livro aqui trata justamente dessa variedade, quecostuma nos dar 
uma certa dor de cabeça. Isso ocorre porque esse é o padrão de lin-
guagem usado em situações formais, mais distantes do uso coloquial 
que fazemos da nossa língua. Essa variedade se deduz fundamen-
talmente dos usos da língua em textos escritos e dos usos de grupos 
sociais com alto grau de escolarização, e também das situações de 
interação em que há maior formalidade entre os interlocutores.
Em linguagem acessível, este manual apresenta os mecanismos bási-
cos que constituem a língua portuguesa.
146
FILME
Língua: Vidas em Português
Ano: 2002
Sinopse: Todos os dias, mais de duzentos milhões de pessoas levam 
suas vidas em português. Fazem negócios e escrevem poemas. Bri-
gam no trânsito, contam piadas e declaram amor. Todo dia a língua 
portuguesa renasce em bocas brasileiras, moçambicanas, goesas, 
angolanas, japonesas, cabo-verdianas, portuguesas, guineenses. No-
vas línguas mestiças, temperadas por melodias de todos os continen-
tes, habitadas por deuses muito mais antigos e que ela acolhe como 
filhos. Língua da qual povos colonizados se apropriaram e que devol-
vem agora, reinventada. Língua que novos e velhos imigrantes levam 
consigo para dizer certas coisas que nas outras não cabe.
Comentário: As filmagens ocorreram no ano de 2001 em seis países: 
Brasil, Moçambique, Índia, Portugal, Japão e França. O longa conta 
a respeito da língua portuguesa pelo mundo e na sua permanência 
entre culturas variadas, falada por mais de 240 milhões de pessoas 
(2013), das quais 211 milhões são brasileiros. Participação dos escrito-
res José Saramago e João Ubaldo Ribeiro, entre outros.
FILME
Sentidos do Amor
Ano: 2011
Sinopse: O filme conta a história de Susan (Eva Green), uma epidemio-
logista que acaba de sair de um péssimo relacionamento, enquanto 
Michael (Ewan McGregor) é um chefe de cozinha que não liga muito 
para o que as outras pessoas querem. Ambos se conhecem em um 
momento conturbado para a humanidade, pois por causa de uma 
doença que se espalha pelo planeta, as pessoas vão gradativamente 
perdendo os cinco sentidos (olfato, paladar, audição, visão e tato).
Comentário: Apesar da tradução melosa do título em português 
(Sentidos do Amor), não se trata exatamente de uma história de 
amor, mas sim, da forma que vemos o mundo e como nos comunica-
mos. Você imagina como seria suas relações pessoais se um dia você 
perdesse o olfato, depois a audição, no outro o paladar, no outro o 
tato, e assim sucessivamente?
FILME
A Chegada
Ano: 2016
Sinopse: em A Chegada, Amy Adams interpreta Louise Banks, uma lin-
guista brilhante convocada pelo governo americano para se comunicar 
com os alienígenas que estacionaram suas naves em diversos pontos 
do mundo. A Dra. Banks lidera a equipe que tenta desvendar o que eles 
querem. “Seria maravilhoso ter uma língua universal. Mas estamos bem 
longe disso”, diz Adams. “O que temos em comum são as emoções e 
nossa experiência humana. Somos todos iguais. Todos temos medos, 
compaixão, amor, raiva. Mas não sabemos nos comunicar.”
147
WEB
Guia de Estudantes
Você gosta de filmes e séries? Veja aqui 14 filmes que o Guia de Estu-
dantes listou para quem gosta ou quer entender um pouco mais dos 
mecanismos de comunicação nas áreas sociais, políticas, empresa-
riais, virtuais e jornalísticas.
https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/14-fil-
mes-e-series-para-quem-gosta-da-area-de-comunicacao/ 
Dicionários gratuitos
Indispensável para quem escreve em uma base diária, o dicionário da 
língua portuguesa também serve como gramática e conjugador ver-
bal. Veja na página do link abaixo 5 dicionários online gratuito, entre 
eles o Michaellis, o Aurélio e o Priberam:
http://portuguesonline.net/5-dicionarios-de-portugues-online-gratis/
148
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. São 
Paulo: Atlas, 2005.
______.; HENRIQUES, A . A Língua Portuguesa: noções básicas para cursos superiores. 
São Paulo: Atlas, 1992.
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torial, 2005.
ARAÚJO, G.S. e SOUSA, M.R.A. Gírias, códigos linguísticos como afirmação e identida-
de de um grupo: uma análise e reflexão da possibilidade de uso no ensino e apren-
dizagem da língua portuguesa. s/d. Disponível em: https://semanaacademica.org.br/
system/files/artigos/girias_codigos_linguisticos_submissao.pdf. Acesso em 01 de fev. de 
2019.
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CEGALLA, Domingo Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 46. ed. São 
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CHARTIER, Roger. Do códice ao monitor: a trajetória do escrito. Estud. av.[online]. 1994, 
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CRUZ NETO, Antonio et al. Novo Curso de Redação e Gramática. São Paulo: Ícone, 2010.
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FRANÇA, Ana Shirley. Comunicação Escrita nas Empresas: teorias e práticas. São Pau-
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GOVERNO DO BRASIL. O Português é um dos idiomas mais falados no mundo. 2012. 
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HARARI, Yuval Noah. Sapiens: Uma breve história da humanidade. L&PM. Porto Alegre, 
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São Paulo: Contexto, 2009.
MACHADO, Ana Rachel; LOUSADA, Eliane; ABREU-TARDELLI, Lília Santos. Resumo. São 
Paulo: Parábola, 2004. 
MARTINS, Dileta Silveira, ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português Instrumental – de
Acordo Com As Normas da ABNT- 29ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamento, resumo e rese-
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NICOLA, José de. Língua, Literatura e Redação. 6ª ed. Editora Scipione, 1994.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. 45ª 
ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
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SILVA, Luciana Pereira da. Prática Textual em Língua Portuguesa. 2.ed. Curitiba: IESDE, 
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TERCIOTTI, Sandra Helena. Português na prática: para cursos de graduação e concur-
sos públicos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
TERSARIOL, Alpheu. Biblioteca da língua portuguesa. 14ª ed., Editorial Irradiação S.A. 
São Paulo, 1970
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escri-
ta. Martins Fontes: São Paulo, 2017.

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