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1 Gabriela Rodrigues HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA CONCEITO: - A hipertensão arterial (HA) é uma doença crônica não transmissível (DCNT) definida por níveis pressóricos, em que os benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ ou medicamentoso) superam os riscos. Trata-se de uma condição multifatorial, que depende de fatores genéticos/ epigenéticos, ambientais e sociais, caracterizada por elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva. É aconselhável, quando possível, a validação de tais medidas por meio de avaliação da PA fora do consultório por meio da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), da Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) ou da Automedida da Pressão Arterial (AMPA). Por se tratar de condição frequentemente assintomática, a HA costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. Ela é o principal fator de risco modificável com associação independente, linear e contínua para doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e morte prematura. Associa-se a fatores de risco metabólicos para as doenças dos sistemas cardiocirculatório e renal, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose, e diabetes melito (DM). Dentre os fatores de risco para a HAS, esta a: genética, idade (PAS torna-se um problema mais significante, resultante do enrijecimento progressivo e da perda de complacência das grandes artérias, principalmente pessoas acima dos 60 anos), sexo, etnia, sobrepeso/obesidade, ingestão de sódio e potássio, sedentarismo, álcool, tabagismo... FISIOLOGIA: A magnitude da PA depende de duas variáveis hemodinâmicas fundamentais: o débito cardíaco e resistência periférica total. O débito cardíaco é influenciado pelo volume sanguíneo, que depende, em grande parte, do sódio corporal. Logo, a homeostasia do sódio é fundamental para a regulação de PA. A resistência periférica total é predominantemente determinada ao nível das arteríolas e depende do tamanho da luz, que por sua vez, depende da espessura da parede arteriolar e dos efeitos das influências neurais e humorais que contraem ou dilatem estes vasos. O tônus vascular normal depende da competição entre influências vasocostritoras - angiotensina II, catecolaminas, tromboxano, leucotrienos e endotelina - e vasodilatadoras - cininas, prostaglandinase óxido nítrico. Os rins desempenham importante papel na regulação da PA, e existem consideráveis evidências de que a disfunção renal é essencial para o desenvolvimento e manutenção da hipertensão tanto essencial quanto secundária. O rim influencia tanto a resistência periférica quanto a homeostasia do sódio, e o sistema de renina-angiotensina parece ser fundamental para estas influências. A renina, que é elaborada pelas células justaglomerulares do rim, transforma o angiotensinogênio plasmático em angiotensina I, sendo esta última convertida em angiotensina II pela enzima conversora de angiotensina (ECA). A angiotensina II altera a PA ao aumentar tanto a resistência periférica quanto o volume sanguíneo. O primeiro efeito é obtido, em grande parte, através de sua capacidade de causar vasoconstrição através de uma ação direta sobre o músculo liso vascular. O segundo efeito decorre quando da estimulação da secreção do aldosterona, que aumenta a reabsorção tubular distal de sódio e, portanto, de água. O rim produz uma variedade de substâncias vasodepressoras ou anti-hipertensivas, que presumivelmente se contrapõem aos efeitos vasopressores da angiotensina. Estas substâncias incluem as prostaglandinas, um sistema urinário de calicreína-cinina, fator de ativação do das plaquetas e do óxido nítrico. Quando ocorre a redução do volume sanguíneo, verifica-se um declínio da taxa de filtração glomerular. Este declínio, por sua vez, resulta em aumento de reabsorção de sódio pelos túbulos proximais numa tentativa de conservar o sódio e expandir a volemia. Os fatores natriuréticos TFG-independentes, incluindo o fator natriuréticos atrial, um peptídeo secretado pelos átrios cardíacos em resposta à expansão do volume, inibem a reabsorção de sódio nos túbulos distais e causam a vasodilatação. A ocorrência de anormalidade nestes mecanismos renais está implicada na patogenia da hipertensão secundária numa variedade de doenças renais, todavia, eles também desempenham importante papel na hipertensão essencial. Ocorre hipertensão arterial quando surgem alterações que modificam a relação entre o volume sanguíneo e a resistência periférica total. No caso de muitas das formas secundárias de hipertensão, estes fatores estão razoavelmente bem estabelecidos, como, por exemplo, na denominada hipertensão renovascular. Nesta condição, a estenose da artéria renal provoca uma redução do fluxo glomerular e da pressão na arteríola aferente do glomerular, induzindo a secreção da renina pelas células 2 Gabriela Rodrigues justaglomerulares. Este processo inicia a vasoconstrição, induzida pela angiotensina II, aumentando a resistência periférica e, através do mecanismo da aldosterona, aumentando a reabsorção de sódio e o volume sanguíneo. De forma semelhante, no feocromocitoma, um tumor da medula suprarrenal, as catecolaminas produzidas pelas células tumorais provocam vasoconstrição episódica, induzindo hipertensão. CLASSIFICAÇÃO: - Em 95% dos casos, a HAS é de causa desconhecida. Chamamos esta entidade de Hipertensão Primária ou Hipertensão Essencial. Os outros 5% constituem o grupo de hipertensos cuja causa da hipertensão arterial pode ser conhecida. Generalizamos este grupo como Hipertensão Secundária. As causas mais comuns de hipertensão secundária são a doença parenquimatosa renal e a estenose de artéria renal (hipertensão renovascular). Outras causas menos comuns: coartação da aorta, síndrome de Cushing, feocromocitoma, hiperaldosteronismo primário, hiperparatireoidismo primário, hipo e hipertireoidismo, acromegalia, policitemia vera, uso de drogas ilícitas (ex.: cocaína), ciclosporina etc. O uso de anticoncepcionais já foi causa importante de HAS secundária, porém, com os novos ACO, isso se tornou menos frequente. -> Hipertensão primaria ou essencial: . A hipertensão primária tende a ser familiar e propensa a ser consequência de uma interação entre fatores ambientais e genéticos. A prevalência da hipertensão primária aumenta com a idade e indivíduos com pressões arteriais relativamente altas, quando mais jovens, apresentam aumento do risco de desenvolvimento subsequente de hipertensão. É provável que a hipertensão primária represente um espectro de distúrbios com fisiopatologias subjacentes diferentes. . Retenção de Sódio e Água pelos Rins: Cerca de 50% dos hipertensos (em especial, os negros e idosos) são hipersensíveis à administração de sódio, ou seja, aumento da PA em mais de 10 mmHg após administração de quantidade moderada de NaCl. Enquanto nos indivíduos normotensos os rins respondem ao aumento da PA com uma maior natriurese (natriurese pressórica), nos hipertensos a natriurese só aumenta em níveis proporcionalmente maiores de PA. A retenção de sódio e água aumenta a volemia e, consequentemente, o DC. . Papel do Sistema Renina-Angiotensina: Uma substância bastante “incriminada” na etiopatogenia da HAS é a renina. A renina é produzida no aparelho justaglomerular das arteríolas aferentes renais. Sua função primordial é converter o angiotensinogênio em angiotensina I no plasma. A Enzima Conversora (ECA) está presente no plasma e em vários tecidos (incluindo a parede vascular), encarregando-sede converter a angiotensina I em angiotensina II. Esta última tem uma série de efeitos sobre a PA: vasoconstrição arterial e venosa, retenção de sódio e água. Além disso, sabe-se que a angiotensina II possui um efeito trófico vascular, contribuindo para o processo de remodelamento . Aspectos genéticos: Fatores raciais são muito importantes: a HAS primária é mais comum e mais grave em negros. Uma série de genes já foi identificada como relacionada à HAS primária, como o gene APOL1. Tal gene é mais comum em afrodescendentes pelo fato de ter sido naturalmente selecionado nesta população: ele confere proteção contra infecções tripanossômicas, tendo como efeito colateral uma maior predisposição à HAS e suas complicações. Considera-se a hipertensão primária uma consequência da relação entre mutações genéticas e diversos fatores ambientais, como ingestão salina, obesidade, estresse etc. ->Hipertensão secundaria: . A grande importância de conhecermos bem as entidades que cursam com hipertensão secundária e como diagnosticá-las está no fato de a maioria delas ser reversível com o tratamento específico, podendo levar à cura da hipertensão. . Achados da HAS secundaria: 3 Gabriela Rodrigues Podemos classificar a HAS secundária do seguinte modo: 1) Causas renais: • Estenose das artérias renais; • Insuficiência renal crônica; • Doenças renais primárias (por exemplo: GNDA). 2) Causas endócrinas: • Hipo e hipertiroidismo; • Hiperparatiroidismo primário; • Uso de anticoncepcionais orais (estrogênio); • Hiperaldosteronismo primário; • Síndrome de Cushing; • Acromegalia; • Feocromocitoma. 3) Outras causas: • Síndrome da apnéia do sono; • Coartação da aorta; • Obesidade; • Abuso de álcool. OBS.: hipertensão lábil (ou fronteiriça) a situação clínica cujos níveis pressóricos flutuam ora em níveis hipertensivos, ora em normotensivos. MEDIÇÃO DA PA / DIAGNOSTICO . Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os adultos com PA ≤ 120/80 mmHg, e anualmente para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg. A PA deve ser medida no braço, devendo-se utilizar manguito adequado à sua circunferência. Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medição deverá ser realizada nos membros inferiores, utilizando-se manguitos apropriados. Hipotensão ortostática deve ser suspeitada em pacientes idosos, diabéticos, disautonômicos e naqueles em uso de medicação anti-hipertensiva. Assim, particularmente nessas condições, deve-se medir a PA com o paciente de pé, após 3 minutos, sendo a hipotensão ortostática definida como a redução da PAS > 20 mmHg ou da PAD > 10 mmHg. São considerados hipertensos os indivíduos com PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg. Quando utilizadas as medidas de consultório, o diagnóstico de HA deverá ser sempre validado por medições repetidas, em condições ideais, em duas ou mais visitas médicas em intervalo de dias ou semanas; ou de maneira mais assertiva, realizando-se o diagnóstico com medidas fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem LOA ou doença CV. . HA sistólica isolada: PAS ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg .HA diastólica isolada: PAS < 140 mmHg e PAD ≥ 90 mmHg ->Medições fora do consultório: 1) PA no consultório: média entre duas medidas da pressão arterial, em pelo menos duas consultas, com níveis maiores ou iguais a 140 x 90 mmHg. 2) Monitorização Residencial (MRPA): média de várias aferições da PA maiores ou iguais a 135 x 85 mmHg, feitas corretamente por um aparelho devidamente calibrado. 3) Monitorização Ambulatorial (MAPA): média das aferições automáticas. Durante o período de vigília, com valores maiores ou iguais a 135 x 85 mmHg; PA de 24 horas com valores maiores ou iguais a 130 x 80 mmHg e PA no sono com valores maiores ou iguais a 120 x 70 mmHg. A Medida Residencial da PA (MRPA) tem sido recomendada para todos os pacientes com condições de fazê-la, adquirindo um aparelho de pressão. O protocolo consiste de três medidas matinais antes do café da manhã e três à noite antes do jantar, por cinco dias consecutivos, ou então duas medidas antes do café e duas antes do jantar, por sete dias. Pelo menos duas consultas são necessárias, a não ser que a PA esteja em valores muito altos (> 180 x 110), os quais já inferem automaticamente o diagnóstico. Outra possibilidade de diagnóstico imediato é a presença de PA ≥ 140 x 90 mmHg na primeira consulta, em pacientes com risco cardiovascular alto. - Hipertensão do Avental Branco (HAB) e Hipertensão Mascarada (HM): Define-se a normotensão verdadeira (NV) como as medidas da PA no consultório e fora do consultório normais, a HA sustentada (HS) quando ambas são anormais, a HAB quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele, e HM quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele. É mais comum nos pacientes com HA estágio 1. 4 Gabriela Rodrigues - Efeito do Avental Branco (EAB) e Efeito de Mascaramento (EM): A diferença da PA entre as medidas obtidas no consultório e fora dele é denominada EAB ou EM, quando seus valores são, respectivamente, positivos ou negativos. Com base em estudos de MRPA, diferenças iguais ou superiores a 15 mmHg na PAS e/ou 9 mmHg na PAD indicam EAB significativa (algumas literaturas trazem 20mmHg na PAS e 10mmHg na PAD), enquanto diferenças iguais ou inferiores a -1 mmHg na PAS e/ou PAD indicam EM significativa. - Pré-Hipertensão: Define um estado de maior risco de hipertensão arterial no futuro. Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, são considerados “Pré- Hipertensos” (PH) aqueles que apresentam pressão arterial sistólica entre 121-139 mmHg e diastólica entre 81-89 mmHg. Os PH têm maior risco cardiovascular que os indivíduos normotensos. ->ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO: LESÃO DE ORGÃO ALVO A HAS afeta basicamente dois elementos: os vasos sanguíneos (especialmente as artérias e arteríolas) e o coração. O comprometimento vascular está por trás das principais complicações da hipertensão. Provavelmente, a lesão do endotélio é o evento inicial deste processo. Uma série de fatores tróficos pode ser liberada, uma vez perdida a integridade endotelial, pois o endotélio atua como um verdadeiro “protetor” vascular. O remodelamento vascular, causa aumento progressivo e permanente da RVP, elevando mais ainda a pressão arterial, o que cria um ciclo vicioso (hipertensão arterial gera mais hipertensão arterial). O estágio da HAS pode, assim, progredir com o passar dos anos. Quanto maior o estágio, mais rápido será o processo de remodelamento vascular. (foquei só na aterosclerose) ->Aterosclerose: A aterosclerose é uma doença da parede arterial, acometendo geralmente artérias de grande calibre (aorta) ou médio calibre (coronárias, carótidas, mesentéricas, renais, femorais). Consiste na formação, na camada íntima das artérias, de placas contendo um cerne lipídico envolto por uma capa fibrosa – as chamadas placas de ateroma. No interior destas placas encontram-se células inflamatórias mononucleares (macrófagos e linfócitos), bem como células musculares lisas produtoras de colágeno. Estas placas podem obstruir parcialmente o lúmen arterial, determinando isquemia induzida pela maior demanda metabólica do órgão (ex.: angina estável, angina mesentérica, claudicação intermitente) ou evoluir para a formação de um trombo oclusivo, levando às síndromes isquêmicas agudas potencialmente fatais (AVE isquêmico, infarto agudo do miocárdio..) Obs.: Arteriosclerose: Arteriosclerose literalmente significa “endurecimento das artérias”; é um termo genérico que reflete espessamento da parede arterial e perda de sua elasticidade. Existem três padrões gerais: 1) Arteriolosclerose afeta pequenas artérias e arteríolas e pode causar lesão isquêmicadistal. As variantes anatômicas: hialina e hiperplásica. 2) A esclerose medial de 5 Gabriela Rodrigues Mönckeberg 3) A aterosclerose, é o padrão mais frequente e clinicamente mais importante. TRATAMENTO: ->Tratamento não medicamentoso: O TNM é um importante coadjuvante da terapia anti- hipertensiva, devendo ser indicado para TODOS os hipertensos. A literatura mostra que seus componentes são capazes de reduzir a PA de maneira independente, porém discreta. Dentre essas modificações, as que comprovadamente reduzem a pressão arterial são: redução do peso corporal, da ingestão do sal e do consumo de bebidas alcoólicas, prática de exercícios físicos com regularidade, e a não-utilização de drogas que elevam a pressão arterial. ->Tratamento medicamentoso: . Diuréticos: Os mecanismos de ação anti-hipertensiva dos DIU relacionam-se inicialmente aos seus efeitos natriuréticos, com diminuição do volume extracelular. Após quatro a seis semanas, o volume circulante praticamente se normaliza e ocorre redução da resistência vascular periférica (RVP). O efeito anti-hipertensivo não está diretamente relacionado às doses utilizadas, porém, os efeitos colaterais estão. Deve-se dar preferência aos DIU tiazídicos ou similares (clortalidona, hidroclorotiazida e indapamida) em doses baixas, pois são mais suaves e com maior tempo de ação, reservando-se os DIU de alça (furosemida e bumetanida) aos casos de insuficiência renal (creatinina > 2,0 mg/dl ou RFG calculado < 30 ml/min/1,73m2) e situações de edema (IC ou insuficiência renal). Os poupadores de potássio (espironolactona e amilorida) são habitualmente utilizados em associação com os tiazídicos ou DIU de alça. . Bloqueadores dos canais de cálcio: Os BCC agem primordialmente proporcionando redução da RVP como consequência da diminuição da quantidade de cálcio no interior das células musculares lisas das arteríolas, decorrente do bloqueio dos canais de cálcio na membrana dessas células. São classificados em 2 tipos básicos: os diidropiridínicos e os não di-idropiridínicos. Os BCC di- idropiridínicos (amlodipina, nifedipino, felodipino, nitrendipino, manidipino, lercanidipino, levanlodipino, lacidipino, isradipino, nisoldipino, nimodipino) exercem um efeito vasodilatador predominante, com mínima interferência na frequência e na função sistólica, sendo, por isso, mais frequentemente usados como anti-hipertensivos. Os não di-idropiridínicos, como as fenilalquilaminas (verapamil) e as benzotiazepinas (diltiazem), têm menor efeito vasodilatador, e podem ser bradicardizantes e antiarrítmicos, o que restringe seu uso a alguns casos específicos. Os BCC não di-idropiridínicos podem deprimir a função sistólica cardíaca, principalmente em pacientes que já apresentavam tal disfunção antes do início do seu uso, devendo ser evitados nessa condição. Deve-se dar preferência aos BCC de ação prolongada para que se evitem oscilações indesejáveis na FC e na PA. São anti- hipertensivos eficazes e reduzem a morbimortalidade CV. Estudo de desfecho reafirmou a eficácia, a tolerabilidade e a segurança do uso dessa classe de medicamentos no tratamento da HA de pacientes com DAC, constituindo-se uma alternativa aos BBs quando esses não puderem ser utilizados, ou mesmo, em associação, quando em angina refratária. . Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA): São medicamentos anti-hipertensivos eficazes que têm como ação principal a inibição da enzima conversora de angiotensina I, responsável a um só tempo pela transformação de angiotensina I em angiotensina II (vasoconstritora) e pela redução da degradação da bradicinina (vasodilatadora). São eficazes no tratamento da HA, reduzindo a morbidade e mortalidade CV. São medicações comprovadamente úteis em muitas outras afecções CV, como em IC com fração de ejeção reduzida, anti-remodelamento cardíaco pós-infarto, além de possíveis propriedades antiateroscleróticas. Também retardam o declínio da função renal em pacientes com nefropatia diabética ou de outras etiologias. . Bloqueadores dos Receptores AT1 da Angiotensina II (BRA): Os BRA antagonizam a ação da angiotensina II pelo bloqueio específico dos receptores AT1, responsáveis pelas ações próprias da angiotensina II (vasoconstrição, estímulo da proliferação celular e da liberação de aldosterona). No tratamento da HA, especialmente em populações de alto risco CV ou com comorbidades, proporcionam a redução da morbidade e da mortalidade CV e renal (doença renal do diabetes). Obs.: contraindicado na gravidez . Betabloqueadores: Promovem diminuição inicial do débito cardíaco e da secreção de renina, havendo readaptação dos 6 Gabriela Rodrigues barorreceptores e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Os fármacos de terceira geração (carvedilol, nebivolol) além das ações anteriores, têm efeito vasodilatador por mecanismos diferentes: o carvedilol, pelo seu efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adrenérgico; e o nebivolol, por aumentar a síntese e liberação de óxido nítrico no endotélio vascular. O propranolol mostra-se também útil em pacientes com tremor essencial, síndromes hipercinéticas, cefaleia de origem vascular e hipertensão portal. (Esses medicamentos citados são os de 1ª linha, os outros eu não citei aqui) CRISE HIPERTENSIVA: A condição em que os altos níveis de pressão arterial estão acarretando ou podem acarretar um prejuízo agudo ao organismo, necessitando de um controle pressórico mais rápido do que aquele feito no ambulatório. Os principais órgãos afetados agudamente são o cérebro, os rins e o coração. A Crise Hipertensiva é, didaticamente, dividida em Urgência e Emergência Hipertensiva. Na Urgência Hipertensiva, o aumento da pressão arterial (PA) não representa risco imediato de vida e nem dano agudo a órgãos-alvo, portanto, nessa situação, o controle da PA poderá ser feito, reduzindo-se a PA gradualmente, em 24h. Emergência Hipertensiva é a situação clínica, caracterizada por PA marcadamente elevada e sinais de lesões de órgãos-alvo (Encefalopatia, Infarto Agudo do Miocárdio, Angina Instável, Edema Agudo de Pulmão, Eclampsia, Acidente Vascular Encefálico, Dissecção de Aorta, Nefroesclerose hipertensiva), requerendo internação hospitalar e imediato uso de drogas anti-hipertensivas parenterais, visando à redução da PA, em unidade de tratamento intensivo. Pacientes que apresentam PA elevada, porém assintomáticos ou sem deterioração de órgãos-alvo, não se caracterizando Urgência ou Emergência Hipertensiva, devem ser submetidos a tratamento ambulatorial. . Fisiopatogenia: Tendo em vista que a PA sistêmica é resultante do produto do débito cardíaco (DC) pela resistência vascular periférica (RVP), elevações agudas da PA podem resultar de alterações nessas variáveis. Assim, aumento do volume intravascular, da RVP, produção reduzida de vasodilatadores endógenos e/ou ativação de sistemas vasoconstrictores podem precipitar maior vasorreatividade resultando em CH. . Diagnóstico: é feito, observando-se aumento da pressão arterial, associada a sinais ou sintomas de lesão de órgãos- alvo (Emergência Hipertensiva) e não associada a quadro clínico agudo, de lesão dos órgãos alvo (Urgência Hipertensiva). As condições clínicas do paciente precisam ser prontamente avaliadas, especialmente, os exames neurológicos, cardiológicos, pulmonares e vasculares. Devem ser realizados: eletrocardiograma, radiografia de tórax e fundoscopia, para identificar lesões em órgãos-alvo. Análises laboratoriais devem incluir: dosagem de creatinina e eletrólitos, assim com exame de urina do tipo I.
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