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Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis - Manifestação morfológica (mais sutil) e/ou funcional, ou seja, é observado alterações estruturais, microscópicas e macroscópicas. Dependendo de quais constituintes intracelulares foram afetados, pode haver mudança na função também. - Não necessariamente indica a morte da célula – reversível ou irreversível. - Reversível: retorno do estado normal caso o agente agressor seja retirado. - Irreversível: ainda sofre ação do agente causador e não conseguirá mais se sustentar e morre. Incapacidade de reverter função mitocondrial (sem energia) e profundos distúrbios na função da membrana (a membrana deixa de ser seletiva). - Uma lesão reversível pode se tornar irreversível. - Nem todas as células morrem (depende de cada sistema) ao mesmo tempo, pois as células possuem reserva energética. Uma situação de hipóxia ou anóxia somente que tem comprometimento do fornecimento de oxigênio (ex.: neurônios sobrevivem em média 5 minutos com ausência de oxigênio). LOCAL DA LESÃO - Membrana: afeta integridade, deixando de ser seletiva e compromete a membrana plasmática, membrana de lisossomos (promovendo extravasamento de enzimas, acarretando uma digestão celular) e a membrana mitocondrial. - Mitocôndria: afeta diretamente o processo de produção de ATP, respiração aeróbica e geração de energia (ATP). - RER: afeta a síntese de proteínas (ribossomos), essencial para o bom funcionamento do organismo e para manutenção da integridade da célula. As proteínas são responsáveis pelos canais que selecionam que entra e quem sai na célula. - DNA: afeta a integridade do genoma (modificações ultraestruturais). PRINCIPAL CAUSA DE LESÃO CELULAR - Relacionado ao fornecimento de oxigênio. - Hipóxia: redução de oxigênio naquela região. - Anóxia: ausência de fornecimento de oxigênio naquela região. IMPORTANTE!! ❖ Hipóxia/anóxia estagnante: diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo (isquemia). Ex.: trombo e massa tumoral. ❖ Hipóxia hipóxica: diminuição da troca gasosa. Redução de oxigênio devido a um problema onde há um fornecimento de oxigênio (pulmão). Está oferecendo pouco oxigênio para as células porque está chegando pouco oxigênio. Ex.: pneumonia e nódulos de tuberculose. ❖ Hipóxia anêmica: redução de oxigênio devido a anemia. Menos hemácias circulantes=menos oxigênio para os tecidos. - Independente da causa, tudo isso tem como consequência a redução na produção de ATP. - Três pontos cruciais pois caso sejam afetados a célula entra em completo desequilíbrio: ❖ Bloqueio no transporte ativo (precisa de energia) de íons potássio e sódio através da membrana. Assim, afeta a permeabilidade da membrana (pois com a entrada do sódio ele carrega com si outras substâncias para dentro, inclusive água). ❖ Indução da glicólise anaeróbica, tem-se como subproduto o ácido lático (reduz o PH na região que está sendo afetado, a acidose, e promove uma lesão direta na membrana). ❖ Destacamento de ribossomos, não havendo síntese de proteína, alterando toda a integridade da célula, pois para o ribossomo funcionar ele precisa estar colado com o RER e para isso precisa de ATP, com redução nessa energia tem como consequência a síntese de proteínas. LESÃO LESÕES REVERSÍVEIS Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis 1. DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA (TUMEFAÇÃO CELULAR) - Por acumulo de água. Lembrete!! Sempre se atentar ao diagnostico macro e microscopicamente, junto com o clínico. - Macro: aumento do peso, volume e palidez do órgão (não chegada do suprimento sanguíneo de forma adequada). Todos os vasos, capilares acabam sendo comprimidos pelo inchaço, tornando a região mais pálida. - Micro: células com aumento de volume e citoplasma com vacúolos (aspecto granuloso, dependendo do número de vacúolos- água). O citoplasma tem uma coloração mais rosada, quanto mais vacúolos de água, menos rosa o citoplasma vai ser. Tem vários graus de evolução da degeneração hidrópica. - Imagem A: túbulos renais normais com células epiteliais viáveis. Limite do citoplasma perfeito. - Imagem B: lesão isquêmica inicial (reversível) mostrando, em células ocasionais, bolhas na superfície, eosinofilia aumentada do citoplasma e tumefação celular. Perde a definição do limite do citoplasma. - Imagem da esquerda: fígado normal. - Imagem da direita: fígado com degeneração hidrópica. CAUSAS DA DEGENERAÇÃO HIDRÓPICA - Agressão direta a membrana celular: agentes físicos, químicos e biológicos. - Interferência na produção de ATP: hipóxia e anóxia. Bloqueio da bomba de sódio e potássio, fundamental para a seletividade da membrana. - Agentes tóxicos que alteram integridade de membrana celular e reduzem síntese de proteínas: perda de controle do que entra e sai da célula. Todos os canais e receptores vão estar comprometidos. EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS - Controle ou fim da agressão: regressão da lesão reversível e retorno ao estado normal. Se os agentes forem eliminados, hipoxia/anoxia eliminadas. O tempo depende de fatores como órgão, caso, causas e do histórico do paciente de saúde. - Persistência da agressão: progressão para lesão irreversível e morte celular. Se houve uma lesão irreversível na membrana plasmática ou mitocôndria, é encaminhado para morte celular. 2. DEGENERAÇÃO GORDUROSA - Dividida em: lipidose e esteatose (muito comum na população). 1. Lipidose: deposição anormal de colesterol – local ou sistêmico (não triglicerídeos). ❖ Aterosclerose e xantomas (locais). ❖ Esfingolipidoses (sistêmico): doença genética rara com acúmulo de esfingolipídios em lisossomos (defeito na degradação dos lipídios, não contém Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis enzimas para essa degradação). Os esfingolipídios são muito encontrados em membrana de neurônios, então afeta muito o sistema nervoso pois há uma degeneração das habilidades físicas, sensoriais e mentais. 2. Esteatose: acúmulo anormal de gordura (triglicerídeos) no citoplasma de células parenquimatosas (não é no citoplasma de adipócitos, pois é normal ter gordura armazenada de triglicerídeos dentro dos adipócitos). Ex.: fígado, coração e rim. LIPIDOSES LOCAIS: ATEROSCLEROSE - Acúmulo de colesterol na parede das artérias na forma de placas ateroscleróticas (o colesterol se acumula junto as fibras de colágeno e um pouco de calcificação): ❖ Artérias menos elásticas – predispõe a uma lesão (obstrução parcial ou total): podem levar a um quadro de hipóxia ou anóxia; ❖ Pode haver rompimento da placa, estímulo da cascata de coagulação e obstrução total e súbita do vaso (isquemia). LIPIDOSES LOCAIS: XANTOMAS - Acúmulo de colesterol subcutâneo (nódulos ou placas). Muito comum na face (perto das pálpebras), mãos, mas podendo dar em qualquer parte do corpo. - Não é sempre, mas é comum estar relacionado a pessoas que tem alguma alteração no colesterol. - Constituintes: colesterol (parte mais clara na microscopia), colágeno (parte mais rosada da microscopia) e macrófagos (não observado na microscopia mostrada). - Micro: infiltrado inflamatório (macrófago), células epitelioides (semelhantes ao epitélio), feixes de fibrose e cristais de colesterol. - Normalmente não causa muitos prejuízos no paciente, é mais estético. ESTEATOSE (DEGENERAÇÃO GORDUROSA) - Várias pessoas podem apresentar em algum momento da vida, seja por: excesso de medicamento, álcool, vida não saudável, doença crônica, etc. - Acúmulo de triglicerídeos em células que normalmente não armazenam eles. - Quem armazena triglicerídeos? ADIPÓCITOS! - Principais causas: ❖ Lipólise excessiva (maior demanda de energia, quadros crônicos de hipoglicemia, diabetes mellitusnão controlada): por algum motivo está ocorrendo degradação do tecido gorduroso liberando para o paciente ácido graxo. Em diabéticos não controlados há quadros de hiperglicemia, e as células desse organismo vão entender que não tem energia porque a glicose não está entrando na célula para produção de energia, então as células vão enviar estímulos para o corpo por não ter energia; ❖ Dieta rica em gordura: aumento de fornecimento de gordura para as células, tendo maiores chances de não ser metabolizada. ❖ Hipóxia: diretamente ligada a síntese de ATP; ❖ Substâncias tóxicas (ingestão abusiva de álcool entre outros): diretamente ligada a síntese de ATP. Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis ESQUEMA: IMPORTANTE!! - Ácidos graxos livres e quilomícrons: forma como a gordura vai chegar ao hepatócito e ser metabolizado. - Os AGL estão vindo da lipólise e os quilomícrons vindo da dieta. - A gordura está dentro do hepatócito para ser metabolizada e utilizada (para renovação de membrana, constituinte de membrana plasmática, síntese de hormônios, ...). Ao entrar no hepatócito entra no REL e fica armazenada na forma de triglicerídeos (dentro das células parenquimatosas). Para a gordura ser utilizada ela precisa sair do hepatócito e poder ser utilizada para a glândula que precisa dela, mas para isso ela precisa estar ligada a uma proteína para ir via corrente sanguínea. - Então, o triglicerídeos precisa da ajuda do RER cheio de ribossomos, que vai sintetizar uma proteína (apoproteínas) que irá se ligar a esse triglicerídeo, conseguindo sair na forma de lipoproteína, ou seja, um lipídeo ligado a uma proteína. Para que haja síntese de proteínas, precisa que a mitocôndria receba oxigênio suficiente para produção de ATP. - Se tem lipólise excessiva, aumenta a quantidade de AGL fornecidos para a célula. Se há uma ingesta excessiva de gordura está aumentando a quantidade de quilomícrons que está chegando na célula. Aumentando o aporte de gordura, ela fica armazenada na célula na forma de triglicerídeos. Para o processo funcionar é necessária uma certa quantidade de gordura, se aumentar muito a quantidade de gordura, a célula não da conta de metabolizar tudo, e ai há um acúmulo de triglicerídeos na célula até ela conseguir finalizar o resto do processo (caracteriza a esteatose). - Na hipóxia ou com substâncias toxicas, afeta o funcionamento da mitocôndria. Na hipoxia ou anoxia não vão estar fornecendo oxigênio suficiente para mitocôndria, interferindo na síntese de ATP. O álcool ou outras substâncias tóxicas vai lesionar a mitocôndria, e a mesma não vai estar sintetizando ATP suficiente para fazer essa ligação do triglicerídeos as apoproteínas produzidas pelo RER, para poder realmente as apoproteínas se ligarem aos triglicerídeos e formando as lipoproteínas. - Macro: aumento de volume e peso, cor amarelada, consistência amolecida, mais friável e bordas arredondadas (“fígado amanteigado”). - Fígado infantil de desnutrição crônica. - Micro: - Imagem da esquerda: fígado normal. - Imagem da direita ❖ Esteatose microgoticular: pequenos vacúolos citoplasmáticos próximos ao núcleo. ❖ Esteatose macrogoticular: grandes vacúolos citoplasmáticos deslocando o núcleo p/ periferia. EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS - Controle ou fim da agressão: regressão da lesão reversível e retorno ao estado normal. - Persistência da agressão: progressão para lesão irreversível e morte celular. Ex.: cirrose hepática. Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis 3. DEGENERAÇÃO GLICOGÊNICA - Acúmulo de glicogênio (fígado e rins). - Causas (hiperglicemia): diabetes não controlada e aporte maior da alimentação. - Tanto o fígado quanto o rim não são insulinodependentes. ❖ Rim: hiperglicemia – glicosúria (saída de glicose na urina) – reabsorção tubular de glicose – aporte excessivo de glicose na célula – acumulo de glicogênio nas tubulares renais (está chegando muita glicose devido ao quadro de glicosuria). ❖ Fígado: aporte excessivo de glicose para aquele hepatócito – acúmulo de glicogênio. - Macro: sem aparente alteração. - Micro: citoplasma vacuolizado referente ao acúmulo de glicogênio. Se está se referindo ao glicogênio, existem marcadores específicos para isso. 4. DEGENERAÇÃO HIALINA - Acúmulo intracelular de proteína de origem endógena ou exógena. - Macro: fluido aquoso (fica mais escorregadio o órgão, mas é bem sutil). - Micro: material homogêneo ou granulação fina, rosa claro brilhante (acidófilo). - Hepatócitos que possuem no seu interior além de vacúolos de água, tem-se um acúmulo de gordura e bem rosa a proteína acumulada. - Acúmulo de proteína em hepatócito: Corpúsculo hialino de Mallory. - Dependendo de onde a proteína está acumulada, existe nomenclaturas específicas: 1. Por coagulação das proteínas em processos tóxicos ou infecciosos: ❖ Corpúsculo hialino de Mallory, em hepatócitos: alcoolismo crônico e na hepatite virótica; ❖ Degeneração de Zenker, em músculos esqueléticos: na leptospirose; ❖ Corpúsculo de Russell, em plasmócitos (produção de anticorpos): nas inflamações; ❖ Corpúsculo de Negri: raiva. EVOLUÇÃO E CONSEQUÊNCIAS - Controle ou fim da agressão: regressão da lesão reversível e retorno ao estado normal. - Persistência da agressão: progressão para lesão irreversível e morte celular. - Substâncias providas de cor própria que se localizam nos tecidos. CLASSIFICAÇÃO 1. Exógenos ❖ Carvão (antracose); ❖ Diversos pigmentos (tatuagem); ❖ Caroteno, clorofila, ... 2. Endógenos ❖ Derivados da hemoglobina; ❖ Melanina; PIGMENTAÇÕES Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis ❖ Lipofuscina. PIGMENTAÇÕES EXÓGENAS: ANTRACOSE - Acúmulo de carvão (mineiros, fumantes crônicos, cidades poluídas). - Pulmão e linfonodos. - Imagem esquerda: pulmão adoecido. - Imagem direita: pulmão sadio. - O carvão no parênquima pulmonar indica que o paciente morava em um local poluído, está isolado sem trazer nenhum problema ao paciente. - Somente o carvão não é suficiente para o adoecimento do pulmão. PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS: MELANINA - Pigmento responsável por dar cor as estruturas e protege contra radiação UV. A quantidade de melanina que a pessoa produz é o que vai influenciar na tonalidade da pele. - Existe 3 tipos de pigmentações relacionadas a quantidade de melanina: 1. Hipopigmentações ❖ Albinismo (falta de enzima ou falta de ação da enzima para produção do pigmento, ou seja, existe melanócito, mas não há produção da melanina): congênita; ❖ Vitiligo (eliminação de melanócitos): associado a doenças autoimunes, estresse, redução da imunidade. 2. Hiperpigmentações ❖ Nevos: pintas, é necessário fazer um acompanhamento. ❖ Melanomas: neoplasia maligna, extremamente agressivo e se caracteriza por uma pinta com células neoplásicas. Importante!! Quem tem muitos nevos é necessário fazer um acompanhamento anual para acompanhamento de crescimento e diferenciação celular. Precisa saber se é arredondado, se está sangrando ao toque, crescimento muito rápido, mudança de coloração, e qualquer suspeita é necessário a retirada. 3. Pigmentação ectópica ❖ Melanose ectópica: melanina encontrada fora do local normal. Ex.: pode encontrar no encéfalo e parênquima dos órgãos. Não trará nenhuma disfunção para o órgão afetado, mas é ectópico, não deveria estar ali. Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS: LIPOFUSCINA - Pigmento do envelhecimento: degradação de fosfolipídios de membrana (lesão dos órgãos) – acúmulo de resíduos da digestão celular no interior de lisossomos (muitoevidente na musculatura cardíaca e no sistema nervoso). - Não traz nenhum problema, mas é um indicativo que teve lesão celular no local. - Cor alaranjada/amarronzada. PIGMENTAÇÕES ENDÓGENAS: DERIVADOS DA HEMOGLOBINA - Hemossiderina e bilirrubina. - Quando há hemólise (destruição das hemácias) é liberado a hemoglobina (um dos constituintes da hemácia). Esta vai liberar duas porções: a heme e a globina (proteína). - A porção globina é reaproveitada pelo organismo para síntese de novas proteínas (peptídeos). - A porção heme é degradada e da origem a dois outros pigmentos: ferro ferroso (que vai originar o pigmento hemossiderina) e porfirinas (vai originar o pigmento bilirrubina). BILIRRUBINA: METABOLISMO NORMAL - A bilirrubina no sangue sempre está ligada a albumina. Ela no sangue após hemólise é uma bilirrubina não-conjugada, e só vai ser quando chegar no fígado pelo via sanguínea. Chegando no fígado ela vai se conjugar em ácido glicurônico e depois vai virar bilirrubina conjugada. - Com ela conjugada, vai para o intestino delgado via vesícula biliar. Sofre ação de bactérias e dá origem ao urobilinogênio. Este é reabsorvido e parte vai formar o pigmento que dá origem a coloração das fezes (estercobilina) e a outra parte vai ser reabsorvida e vai dar origem ao pigmento que dá a coloração da urina (urobilina). ICTERÍCIA - Coloração amarelada dos tecidos causada por excesso de bilirrubina na circulação sanguínea (hiperbilirrubinemia). - Tipos de icterícia: 1. Icterícia pré-hepática (hemolítica): antes de chegar ao fígado, há excesso de bilirrubina. Teve muita lise das hemácias, muita hemólise = excesso de bilirrubina pré-hepática. 2. Icterícia hepática: o paciente desenvolve problema no próprio fígado. Dificulta a conjugação e assim acumula a bilirrubina no sangue. Ex.: hepatite, neoplasia, cirrose, ... 3. Icterícia pós-hepática (obstrutiva): algo obstrui o canal e não deixa a bilirrubina ser eliminada para o intestino delgado. Ex.: massa neoplásica, cálculos na vesícula, alguns parasitos (não comum nesta região), ... FERRO: METABOLISMO NORMAL - Teve lise de hemácias e liberou o ferro ferroso. O ferro é carregado no sangue pela transferrina que vai para a medula óssea e fígado. Ele se liga a Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis apoferritina e fica acumulado na forma de ferritina, dando origem as hemácias jovens. HEMOSSIDERINA - Agregado de ferritina normal. Pigmento amarelo dourado (marrom) formado por ferritina (armazenamento de ferro). - Não causa danos. - Hemossiderose: acúmulo de hemossiderina. ❖ Causas: excesso de ferro (dieta ou destruição excessiva de hemácias no local ou de forma sistêmica). ❖ Muito comum encontrar em massas neoplásicas malignas onde tem hemorragias extensas. ❖ Indicativo de problema. - Calcificação patológica (mineralização) - Deposição anormal de cálcio nos tecidos (junto com outros sais). 1. Distrófica: tecidos lesados ou me processo de necrose – lesão irreversível (independe dos níveis de Ca no sangue, ou seja, não é ocasionado pela falta ou excesso de cálcio). O cálcio está em mitocôndrias e citoplasma, se há lesão/morte celular o cálcio dentro das células passa a se depositar naquela região. 2. Metastática: tecidos normais, hipercalcemia severa. Não é muito comum. Ex.: pulmão e coração. - Macro: grânulos esbranquiçados, duros, ranger da faca. - Micro: grânulos ou massa homogênea basofílica. - Morte celular: Apoptose X Necrose - Diferem quanto a sua morfologia, mecanismos e papeis que desempenham nas doenças e na fisiologia, ou seja, pode ser que encontre apoptose e necrose na mesma lesão (apoptose pode ser induzida por estímulos patológicos), mas se comportam de jeitos diferentes. ❖ Apoptose: programadas para morrer – garantia da homeostase. ❖ Necrose: morte resultante de agressões que causam danos incompatíveis com sua sobrevivência. - Precisa haver a persistência da lesão!! 1. APOPTOSE - Apo= afastar-se e Ptose= cair. - Suicídio regulado: a célula entender que ela não é boa para o organismo e se reprograma para morrer. Células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam DNA e proteínas, assim perdendo sua estrutura. - Os fragmentos se separam. Membrana externa intacta, mas alterada (alvo de fagócitos!) e alguns receptores começam a ser expressos ali porque ela precisa ser conhecida pelos fagócitos. - Ocorre em processos fisiológicos e patológicos. QUANDO OCORRE APOPTOSE? - Destruição programada na embriogênese. - Ductos de Miller: trompas, útero, cérvix e vagina - Ductos de Wolff: epidídimo, ducto deferente e vesículas seminais. - Nos homens, os ductos de Miller são eliminados. Nas mulheres, os ductos de Wolff são eliminados. Como? As células recebem sinais e entendem que para manter a homeostasia precisam ser eliminadas. CALCIFICAÇÕES LESÕES IRREVERSÍVEIS Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis - Separação dos dígitos (sindactilia): quando o individuo permanece com a membrana interdigital, tanto nas mãos quanto nos pés. Não causa problemas. - Involução dos tecidos hormônio-dependente sob privação de hormônio: ❖ Redução das mamas pós-lactação; ❖ Redução do útero pós gestação; ❖ Desprendimento de célula endometrial durante ciclo menstrual. - Manutenção da população celular em epitélios que proliferam continuamente (células lábeis). - Morte de células que cumpriram seu papel: morte de neutrófilos e linfócitos = privação de fatores de crescimento. - Células infectadas por vírus, lesão DNA celular (radiação, drogas citotóxicas anticâncer). Obs.: gene P53 “guardião do genoma” = dano ao DNA, fase interrompida antes de duplicação – reparo. Sem reparo P53, induz a apoptose. - Atrofia quantitativa em órgãos. Diminuição das células dos órgãos, ocasionada por falta de nutrientes, oxigênio, ... MECANISMOS DA APOPTOSE - Estímulo inicial 1. Via extrínseca (fora): morte iniciada por receptor. 2. Via intrínseca (dentro): mitocondrial. - Fase efetora: ativação de caspases (clivagem de proteínas do citoesqueleto e da matriz nuclear – rompem citoesqueleto e levam a destruição do núcleo). Responsáveis pelo inicio da degradação celular. - Remoção de células mortas: para serem removidas, há uma expressão de fosfolipídio ou de glicoproteínas adesivas reconhecidos por macrófagos/secreção de fatores solúveis. - Via mitocondrial. - Via extrínseca e intrínseca. - NÃO HÁ ROMPIMENTO DA MEMBRANA CELULAR. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS - Célula encolhe e se deforma (degradação de citoesqueleto); - Cromatina nuclear se condensa na periferia (núcleo se fragmenta pela relação das endonucleases); - Organelas na periferia: lisossomos, REL, RER, mitocôndria, ... - Membrana celular forma projeções laterais (invaginações); - Célula se fragmenta: corpos apoptóticos; - Fagocitose. - NÃO HÁ RESPOSTA INFLAMATÓRIA NUNCA, POIS NÃO HÁ ROMPIMENTO DE MEMBRANA E NEM COMPONENTES INTRACELULARES NO Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis MEIO EXTRACELULAR QUE FAZ COM QUE ESTIMULE UMA RESPOSTA INFLAMATÓRIA. 2. NECROSE - Tipo de morte celular associado a perda da integridade da membrana e extravasamento de conteúdos celulares. - TEM RESPOSTA INFLAMATÓRIA!! - As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos recrutados (inflamação - neutrófilos, eosinófilos, ... depende qual é o processo inflamatório). ❖ Autólise: as enzimas da própria célula digerem ela mesma. ❖ Heterólise: digestão da célula por enzimas diferentes. MORFOLOGIA MACROSCÓPICA - Palidez/aspecto hemorrágico(depende da causa): rompimento ou obstrução vascular. - Perda de resistência: se há perda de células, não tem mais a mesma resistência naquele tecido/órgão, e as conexões não existem mais; - Zona de demarcação (halo de hiperemia): um dos sinais cardinais do processo inflamatório é a hiperemia. A zona marca o limite entre o tecido necrosado e o tecido sadio, que vai trazendo células inflamatórias para poder eliminar o foco de necrose. MORFOLOGIA MICROSCÓPICA (NÚCLEO) - Picnose: condensação nuclear. - Cariorrexe: fragmentação nuclear. - Cariólise: lise do núcleo, “nuvem nuclear”. - Alterações citoplasmáticas que podem ser observadas: eosinofilia (acidofilia) e tumefação (perda da integridade até o rompimento). “TIPOS DE NECROSE” - Classifica de acordo com os padrões morfológicos. 1. Digestão enzimática das células autólise/heterólise; 2. Grau de desnaturação de proteínas; 3. Outros fatores: ❖ Reação inflamatória; ❖ Características bioquímicas das células: é em qual local? ❖ Contaminação bacteriana/fúndica secundária ... NECROSE DE COAGULAÇÃO - Mais comum e importante!! Exceto SNC, vai ser de liquefação (pois vai estar relacionada a própria característica do tecido). - Por isquemia. - Proteínas coaguladas (desnaturadas), mas contorno celular e tecidual preservado por um tempo. Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis ❖ Hipóxia/anóxia reduz muito o PH, então há redução de oxigênio também. Acredita-se que a redução do PH é tanta que inativa as enzimas dos próprios lisossomos daquela célula. As enzimas passam a não funcionar e não digere a célula. Até a chegada do leucócito via sangue (contorno celular e tecidual preservado até então) e perceber que precisa enviar enzimas para digerir, ao chegar lá ocorre a digestão. - Macro: área necrosada bem delimitada, consistente e pálida/hemorrágica. - Micro: alterações nucleares características (ANUCLEAR); Citoplasma gelificado; Opaco, acidófilo; Arcabouço celular preservado (início). - Imagem A: rim com necrose pálido, entre a necrose e o tecido sadio há a zona de demarcação. - Imagem B: túbulos renais em necrose, anucleado, tecido preservado, infiltrado inflamatório (os núcleos visíveis são os núcleos de leucócitos). - Área de infarto. - As bolinhas roxas observadas entre as fibras são células inflamatórias. NECROSE DE LIQUEFAÇÃO (COLIQUATIVA) - Semelhante a um leite condensado. - SNC (pelas características bioquímicas do tecido) e das infecções por microrganismos piogênicos (responsáveis pela produção de pus= bactérias e fungos). Ex.: tecido cardíaco, pele, ... - Área necrótica de consistência mole (pus)/abcesso (pus encapsulado). ❖ Pus: resto celular com presença de leucócitos. - Macro: área necrosa tem consistência mole, semifluida ou liquefeita. - Micro: dissolução total do tecido, leucócitos PMN degenerados (neutrófilos). - Endocardite bacteriana. Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis NECROSE CASEOSA - Caseoso= caseus (queijo). - Muito comum em processo infeccioso por tuberculose ou fungos. - Macro: tecido pastoso, friável, levemente granular, de cor esbranquiçada ou amarelada. - Micro: massa eosinofílica com muitos restos celulares fragmentados, perdas dos contornos celulares. NECROSE GORDUROSA (ESTEATONECROSE) - Indica lesão em tecido adiposo. - Comum no tecido adiposo da cavidade abdominal. Nas mulheres é comum também na mama. - Processo normal: gordura nos AGL que são armazenados nos adipócitos na cavidade abdominal, digerido pelas lipases (produzida pelo pâncreas). Os órgãos na cavidade abdominal deslizam entre eles, então tem um liquido entre eles, essa umidade vem de constituintes do próprio plasma (Ca, K, Na, ...). - Na esteatonecrose: ❖ Lesão no tecido adiposo. Ex.: houve uma batida de carro e teve lesão em tecido adiposo no abdômen e rompeu adipócitos pelo trauma. Assim, libera AG da cavidade abdominal. A cavidade é constituída por íons que dará umidade no plasma. Se juntar os íons com gordura forma sabão (saponificação). ❖ Pancreatite. Ex.: lipases saem do pâncreas para a cavidade abdominal, passam a agir em cima da gordura abdominal e digerem os adipócitos, liberam ácidos graxos que vão se ligar aos íons presentes na cavidade abdominal, ocorrendo assim a saponificação. - Macro: área necrosada esbranquiçada com manchas em “pingo de vela”. Normalmente não causa nenhum problema. - Micro: dissolução do tecido (contorno impreciso de adipócito) e deposito de material basofilico. NECROSE GRANGENOSA (GANGRENA) - COMPLICAÇÃO DA NECROSE!! - Morte do tecido por interrupção do fluxo sanguíneo e/ou invasão do tecido morto por bactéria (saprófita). - Já teve morte celular e teve invasão bacteriana. - Gangrena seca (comum nas extremidades). - Gangrena úmida (predispõe a infecções secundárias. Patologia Camilla Marcelino Lesões reversíveis e irreversíveis CONSEQUÊNCIAS DA NECROSE - Eliminação do foco; - Resolução (reparo): regeneração ou cicatrização; - Morte do paciente/morte tecido: insuficiências; - Gangrena.
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