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Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses DESCOBERTA DO PARASITO - Descrito pelo pesquisador Carlos Chagas. - Ele primeiramente descreve o parasito como Schizotrypanum cruzi, mas posteriormente ele descreveu um quadro clínico da doença e todos os aspectos relacionados a fisiopatogenia. - Por último, ele conseguiu identificar o inseto vetor que pertence ao grupo dos triatomíneos. - Ao longo dos estudos estende o parasito, a doença e compreender que o parasito precisa de outro hospedeiro além do hospedeiro humano. O PRIMEIRO CASO - Também chamada de Tripanossomíase Americana. - Endêmica em 21 países da América Latina. - De acordo com os dados da OMS: ❖ 8 milhões de indivíduos infectados; ❖ 80 milhões de pessoas estão sob risco de infecção (regiões endêmicas); ❖ 14 mil mortes por ano. Curiosidade!! Dia 14 de Abril é o Dia Mundial da Doença de Chagas. - Crescente em número de casos na região norte, sobretudo no estado do Pará. - Existe relatos de casos atuais praticamente em todos os estados do Brasil, despontando SP e MG em numero de casos gerais. - Essas casas que se tornaram conhecidas nesse contexto da doença são feitas de pau a pique, arcabouço de madeira de árvores locais e preenchido por barro batido que quando resseca forma as frestas onde os triatomíneos aproveitam para ficar alojados quando não estão fazendo o repasto sanguíneo. TRYPANOSSOMA CRUZI DOENÇA DE CHAGAS Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Os triatomíneos são importantes para que o parasito Trypanossoma cruzi complete o ciclo evolutivo. - Trypanossoma cruzi é um parasito heteroxeno, pois ele tem a necessidade de duas espécies diferentes de hospedeiro, o hospedeiro intermediário/vetor biológico (dentro deles acontecem alterações morfológicas do Trypanossoma cruzi, então os artrópodes são partícipes desse ciclo). - Os gêneros principais dos triatomíneos que são elencados como vetor do Trypanossoma cruzi são: 1. Panstrongilus sp 2. Rhodnius sp. 3. Triatoma infestans: se diferenciam pelo tamanho e coloração do exoesqueleto. Os três gêneros são hematófagos em todos os estágios evolutivos que potencializa a disseminação do Trypanossoma cruzi entre a população. - Hospedeiro definitivo são os mamíferos: homem ou um animal reservatório 1. Tatus; 2. Gambás: mais importantes no ponto de visto epidemiológico das américas; 3. Rato: bastante relevante pela capacidade de adaptação em ambientes próximos a habitação e locais onde o humano sobrevive. - O Trypanossoma cruzi vai apresentar 4 estágios evolutivos. - Um dos estágios é morfologicamente idêntico. - Epimastigota: encontrado tanto em triatomíneos quanto em meio de cultura. Apresenta o corpo celular alongado, núcleo posterior, próximo a ele é encontrado o cinetoplasto que vai albergar o DNA mitocondrial (justa nuclear) e na região anterior tem o flagelo, inicialmente preso ao corpo e posteriormente se torna livre na parte terminal. - Tripomastigota: forma sanguínea (oriundo de uma outra estrutura parasitaria chamada amastigota) e forma metacíclica (oriundo do epimastigota, é o que vai sair nas fezes e urina do triatomíneo, dando continuidade ao ciclo do Trypanossoma cruzi). Morfologicamente tem polo alongado, cinetoplasto alongado e posterior ao núcleo, flagelo surge na base do cinetoplasto e se torna livre só na região oposta do corpo, região anterior. - Amastigota: formato oval, intracelular obrigatório, está presente no hospedeiro definitivo, cinetoplasto em forma de bastão e flagelo interiorizado. EPIMASTIGOTAS - Núcleo, cinetoplasto em forma de bastão, flagelo anterior e extremidade posterior. TRIPOMASTIGOTAS Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - O corpo celular mostrando o flagelo preso e a extremidade do flagelo livre. O núcleo e o cinetoplasto ovalado para a extremidade posterior. AMASTIGOTAS - Intracelular obrigatória, está no interior dos diversos tipos celulares do hospedeiro definitivo. - Tropismo positivo pelo tecido muscular (sobretudo a cardíaca). - Conjunto de amastigotas= ninhos. - Arranjo do ninho de amastigota no interior da célula hospedeira. CICLOS DE TRANSMISSÃO DO TRYPANOSSOMA CRUZI - Natural: quando ocorre no ambiente silvestre com ausência do hospedeiro humano, mas com outros mamíferos que equivalem o hospedeiro humano. - Para-domiciliar: próximo ao ambiente urbano. - Domiciliar: pode envolver o humano e animais domésticos. MECANISMOS DE TRANSMISSÃO - Habitual ❖ Vetorial: utiliza o artrópode vetor e representa a maior parte dos casos; ❖ Transfusional: mediante a transfusão sanguíneo; ❖ Congênito. Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Secundários: ❖ Ingestão de alimento contaminado podem conter fezes e urina desses triatomíneos (epimastigota), e assim se aproveitam de micro lesões na mucosa oral ou do trato gastrointestinal, internalizando e chegando a corrente sanguínea. ❖ Transplante de órgãos: recebe o órgão e tinha um ninho de amastigota, e assim há possibilidade de infecção a partir de uma recidiva. ❖ Acidental: em laboratórios de pesquisa ou de análises clínicas. - Mecanismos possíveis ou hipotéticos: ❖ Outros vetores; ❖ Vetorial por picada; ❖ Sexual; ❖ Estímulos: beijo, indução criminal, juras de amor por corte, ... - Começa quando o barbeiro, ao fazer o repasto sanguíneo defeca. Ele pica para fazer a hematofagia e defeca, o conteúdo fecal fica próxima a lesão. - A partir da picada, a pessoa desencadeia uma reação pruriginosa. Então, a pessoa coça levando para o local da picada o Tripomastigota metacíclica. Ele cai na corrente sanguínea e tem a possibilidade de chegar em diversos tecidos do hospedeiro. - Assim, nesses tecidos vai ser endocitado pelas células desse tecido, e no interior ele vai se diferenciar na estrutura parasitária, a amastigota. Elas vão se proliferar por reprodução assexuada, eventualmente dentro desta célula começa um processo de diferenciação Tripomastigota sanguíneo até que essa célula se rompa. - Quando a célula do hospedeiro se rompe, eventualmente na corrente sanguínea pode cair a amastigota (que ainda não se diferenciou em tripo) ou o Tripomastigota sanguíneo. Estes vão permanecer no sangue até durante uma nova hematofagia ser sugados junto ao sangue do hospedeiro pelo triatomíneo. - Quando são sugados, no triatomíneo eles reiniciam o ciclo. Ou seja, eles chegam como Tripomastigota sanguíneo, se diferencia em epimastigota no intestino do triatomíneo. Vão proliferar por reprodução sexuada e através da metaciclogênese vão se transformar em tripomastigota metaciclico, que vai permanecer no tubo intestinal do triatomíneo. Na nova hematofagia ele vai sair junto ao conteúdo fecal próximo a lesão, e o ciclo reinicia. MECANISMO DE INTERAÇÃO PARASITO- HOSPEDEIRO - O tripomastigota metaciclico vai ser endocitado pelas células do hospedeiro definitivo, pois eles reconhecem na superfície das células moléculas que vão intermediar esse mecanismo de endocitose e moléculas relacionadas na resposta imunologia do hospedeiro. - A partir do momento que o tripomastigota metaciclico reconhece a célula do hospedeiro, ele Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses vai estimular um processo de formaçãode vesícula e vai ser internalizado pela vesícula endocistica. - Para a célula do hospedeiro reconhecer essa vesícula contendo um organismo estranho, vai ter fusão de lisossomas para tentar fazer a digestão intracelular. Porém, o tripo tem um mecanismo de detoxificação dessas vesículas, então vai ser formado um ambiente favor lisossomal, que seria próprio para digestão intracelular, mas o parasito consegue neutralizar. - Então ele entra para célula por essa vesícula, mas num determinado momento ele causa lise dessa vesícula e fica livre no citoplasma da célula do hospedeiro. - Ao chegar no citoplasma do hospedeiro, esse tripo vai se diferenciar em amastigota, dentro do citoplasma. Vai proliferar fazendo ciclos sucessivos de reprodução assexuada e eventualmente ainda dentro da célula pode começar a se transformar em Tripomastigota sanguíneo (depende do tempo que a célula vai se romper). - As amastigotas que caírem na corrente sanguínea, podem ser endocitas por outras células, mantendo esse ciclo no hospedeiro definitivo. - O Tripomastigota sanguíneo vai seguir para o ciclo do triatomíneo a partir da ingestão do sangue, ou vai invadir outras células também dos tecidos daquele hospedeiro. Apesar do tropismo para as células musculares cardíacas, ele pode também invadir células musculares lisas (tubo digestivo) e do sistema nervoso. FORMAS CLÍNICAS DA DOENÇA DE CHAGAS - Dividida em 1. Forma indeterminada: 10-30 anos sem ter nenhuma manifestação clínica grave. ❖ Tem possibilidade de parasitemia; ❖ Tem lesão tecidual: durante um tempo o ciclo do parasito permanece ativo. 2. Forma crônica: mais grave, menor percentual de casos. Conhecida por cardiomegalia, megacólon e megaesôfago. ❖ Ausência de parasito no sangue, porém, tem o dano tecidual. ❖ O parasito em si não é mais o problema, e sim os diferentes danos do tecido desse hospedeiro causado pelo ciclo intracelular feito pelo parasito anteriormente, 3. Forma aguda: primeira etapa da manifestação clínica. Dura de 1 a 4 meses, dependendo da carga parasitaria. Existe um percentual de pessoas infectadas que continuam assintomáticas. É possível diagnostico via analise do sangue. ❖ Algumas pessoas já têm infiltrado inflamatório nos órgãos, pois quando elas se infectam pelo tripo metacíclica vai ser internalizado por uma célula de um tecido desse hospedeiro, então naquela célula vai fazer o ciclo intracelular e depois vai lisar. A consequência da lise celular é um dano tecidual. - Edema periorbital (1-2%): Sinal de Romaña. - Alta parasitemia. - Miocardites infecciosas. - Linfadenite (inflamação dos vasos linfáticos). - Início da produção de anticorpos específicos do Trypanossoma cruzi (2ª semana após a infecção). FASE AGUDA Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses SINAL DE ROMAÑA - Edema palpebral, unilateral. - O barbeiro faz a picada, desencadeia a formação desse edema e o prurido. - Eventualmente as pessoas desenvolvem conjuntivite, pois fazem seguidos atos de coçar por causa do prurido e carreiam para aquele local a sujeira. - Aumento do lacrimejamento. - Em geral aparece em 4-10 dias após a picada. - Quadro transitório, em media de 1-2 meses após a infecção. - Sinal da picada do barbeiro naquele local. - Existem outros sinais de picada chamado de: Chagoma de Inoculação. ❖ Ao contrario daquela lesão edemaciada, vão causar uma lesão com característica de tumoração cutânea, além disso há relatos de hiperemia e dor, varia de pessoa a pessoa. - Primeiro etapa da fase crônica. - Fase latente: 10-30anos, com ausência de sinais e sintomas. - O exame parasitológico sanguíneo tem possibilidade de dar positivo dependendo do tempo, pois o parasito pode ainda estar com o ciclo ativo no organismo do hospedeiro. - Mais grave e a que menos ocorre. - De 10-30% nos indivíduos infectados. - Baixa ou ausência de parasitemia. - Apresenta diferentes formas: cardíaca, digestiva ou cardio-digestiva (comprometimento de ambos os sistemas). ALTERAÇÃO CARDÍACA - Imagem A: a tripomastigota metacíclica se instala e é endocitado pela célula muscular cardíaca. Prolifera no interior da célula, forma um ninho de amastigotas e depois essa célula será lisada (aumento do volume citoplasmático). - As sucessivas lises celulares vão desencadear a substituição do tecido muscular por fibrose= consequência do processo inflamatório. FASE INDETERMINADA FASE CRÔNICA Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Imagem D: essa fibrose vai acarretar a diminuição da força contrátil do miocárdio= insuficiência cardíaca. DANOS ASSOCIADOS AO PROCESSO INFLAMATÓRIO - Além da insuficiência cardíaca ocasionada pelo infiltrado inflamatório, há também a insuficiência cardíaca congestiva. - Como há redução da contração muscular, há redução do bombeamento do sangue dentro das galerias cardíacas. - A insuficiência cardíaca congestiva também vai acarrear um aumento do volume cardíaco, caracterizando um quadro de cardiomegalia. - Devido a redução do fluxo sanguíneo, há possibilidade da pessoa desenvolver a estase sanguínea, ou seja, há uma perda de fluido para região de flacidez muscular, desencadeando a formação dos aneurismas apicais. ALTERAÇÃO DIGESTIVA - Destruição do plexo mioentérico pelo infiltrado inflamatório: responsável por desencadear o movimento peristáltico. - O tripomastigota metaciclico eventualmente pode invadir outros tecidos musculares, também causando um processo de necrose. - Grande parte dos adoecidos, tem dificuldade para engolir água e alimentos, redução no numero de evacuações, dependerá do local de comprometimento da musculatura. - Estase do conteúdo digestivo. - Megacólon. - Mostra a dilatação da alça intestinal. - Disfagia, refluxo gastro-esofágico e constipação intestinal. - Não existe obrigatoriedade da pessoa ter todas as sintomatologias. - Os 3 comprometimentos na forma crônica. Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Existe alguns casos que relacionam a infecção do parasito a uma suposta forma nervosa, com pessoas infectadas que tem desenvolvido alterações psicológicas, mas ainda muito incipiente o número de casos. ❖ Muito questionada! FREQUÊNCIA DAS FORMAS CLÍNICAS NO BRASIL - Fase aguda: ❖ Assintomática: 90-98%; ❖ Sintomática: 2-10% - Fase crônica: ❖ Forma indeterminada: 50-69% ❖ Forma cardíaca: 13% ❖ Forma digestiva: 10% ❖ Forma mista: 8% DIAGNÓSTICO - Clínico: sinais de porta de entrada (Sinal de Romaña e Chagoma de Inoculação), febre, adenopatia, edema, hepatoesplenomegalia, taquicardia e alterações no eletrocardiograma (principal). - Fase aguda: padrão-ouro é o exame parasitológico de sangue, pois é possível visualizar o parasito no tecido sanguíneo do hospedeiro, e em alguns casos é necessário a concentração do volume sanguíneo analisado para confirmar. ❖ Parasitológico: exame de sangue a fresco, gota espessa, corado ou não. ❖ Cultura. ❖ Métodos de concentração. ❖ Xenodiagnóstico. ❖ Hemocultura (resultados demorados). GOTA ESPESSA/ESFREGAÇO XENODIAGNÓSTICO - O exame sanguíneo não permitiu o diagnóstico, mas possui os sintomas. - São colocados triatomíneos sem infecção no alimentador artificial, são deixados sem se alimentar e quando colocado em contato com a pele do hospedeiro supostamente infectado, realizará hematofagia. - O tubo digestivo dele é retirado em condição de laboratório e esse conteúdo é colocadoem meio de cultura pois caso de tiver tripomastigota sanguínea ele faça a diferenciação em metaciclico, e naquela condição de cultura, ele tem uma quantidade suficiente para chegar ou diagnostico. RAIO X (TÓRAX) - Manifestação clínica cardíaca. FASE CRÔNICA (DIAGNÓSTICO) Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Na fase crônica, as pessoas não costumam ter parasitemia. - A partir da análise de soro/plasma é realizado o diagnostico imunológico. - É necessário que se faça dois métodos de diagnóstico. Se ambos forem reagentes, é positivo. Se um for reagente e outro não reagente é necessário fazer o PCR. Se ambos foram não reagentes, é negativo. TRATAMENTO - Medicamentoso: é parcialmente ineficaz, sem cura definitiva, sendo necessário monitorar por 5 anos. - Critério de cura: negativação parasitológica (xeno, hemocultura e PCR), negativação da sorologia convencional. - O sucesso do tratamento medicamentoso está muito relacionado atualmente as diferentes cepas que circulam no nosso país e nos países da América Latina endêmicos da Trypanossoma cruzi. QUIMIOTERAPIA - O tratamento medicamentoso preconizado é com Lampit e Rochagan. - O mecanismo de ação desses medicamentos é gerar radicais livres de oxigênio e produção de moléculas reativas de oxigênio que vão causar uma toxicidade para o parasito. Também, tem a capacidade de inibir a atuação de enzimas do parasito, porém, ele não são 100% eficazes, mas no momento é o que tem sido utilizado no tratamento. - Tem sido relatado efeito teratogênico, mutagênico e carcinogênico. - Ainda é um grave problema de saúde pública. - É possível encontrar pacientes que permanecem assintomáticos até aquelas que evoluem a óbito. TAXONOMIA DO GÊNERO LEISHMANIA - Cerca de 20 espécies responsáveis por desencadear algum espectro clínico da leishmaniose. ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS DA LEISHMANIOSE 1. Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) - Dividida em: Cutânea; Cutâneo-Mucosa; Cutâneo Difusa: mais comum em pessoas que não aderem ao tratamento. 2. Leishmaniose Visceral ou Calazar (LV) ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DAS LEISHMANIOSES LEISHMANIA SPP - LEISHMANIOSE Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Acontece em 98 países. - 310-350 milhões de pessoas em risco. - 33 dos 98 países é mandatório o registro do diagnostico: subestimativa do número real de pessoas infectadas. - 12 milhões de pessoas no mundo estejam infectadas. - 1,3 milhão de novos casos estimados por ano/mundo. - 20-40 mil pessoas que morrem ao ano devido a complicações dessa forma visceral. - 95% dos casos da forma visceral são diagnosticados na Índia, Nepal, Etiópia, Brasil, ... - A maioria dos casos registrados da forma cutânea se concentra principalmente no Peru, Brasil, Síria, ... BRASIL - A leishmaniose visceral é uma notificação obrigatória, com publicação de uma nota técnica em conjunto das secretarias e departamentos que compõem o Ministério da Saúde. - O cão é o principal reservatório urbano de leishmaniose visceral, então é preciso a notificação do cão também para pensar em estratégias de combate e controle no humano e nos outros animais. RELAÇÃO LEISHMANIA SP E MANIFESTÇÕES CLÍNICAS MORFOLOGIA - Apresenta 2 estágios evolutivos: Promastigota: encontrados em invertebrados e meio de cultura. Possui corpo alongado como característica para o diagnóstico, no qual o cinetoplasto em forma de bastão bem próximo onde emerge o flagelo livre anteriormente. Amastigota: apresenta formato ovoide. Flagelo interiorizado e cinetoplasto em forma de bastão. Intracelular obrigatória de células do invertebrado. - A leishmania é um parasito que requer um ciclo de vida heteroxeno= precisa de duas espécies distintas para completar o ciclo. - Hospedeiro definitivo= humano ou outro mamífero. - Hospedeiro intermediário= espécies do gênero Phlebotomus e Lutzomia (dípteros invertebrados). Fazem a hematofagia e funciona como vetor de infecção. - A amastigota sendo intracelular, parasitam células do sistema fagocítico monocitário. Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Quando o paciente desenvolve a forma tegumentar, a amastigota está parasitando macrófagos e monócitos na pele e mucosas. - Quando o paciente desenvolve a forma visceral, a amastigota vai estar infectando outros macrófagos relacionados aos órgãos viscerais. Então tem possibilidade de infecção: células de Kupffer no fígado, baço e medula óssea, entre outros. VETOR - Dípteros. - Família: Psycodidae. - Subfamília: Phlebotominae. - Gênero: Phlebotomus – VM: transmissão vetorial de espécies de leishmania no Velho Mundo. Lutzomya – NM: transmissão vetorial das espécies de leishmania das Américas (Novo Mundo). - Inicia no momento que a fêmea do Phlebotomus vai realizar o repasto sanguíneo. - Ao fazer hematofagia, transfere a promastigota que está nas peças bucais da fêmea. Elas caem na corrente sanguínea, são fagocitas pelos macrófagos de pele. - Inicia o ciclo a partir dos macrófagos de pele. No interior deles elas vão se diferenciar em amastigotas, pois elas são internalizadas em um vesícula endocítica e vai se diferenciar no interior dessa vesícula. - As amastigotas vão se proliferar por reprodução assexuada, até que elas vão promover a lise da célula hospedeira, por conta do aumento do volume. - Quando a célula hospedeira se rompe, se ocorrer no interior de uma célula que está em um órgão/corrente sanguínea, as amastigotas podem ser endocitadas por novas células. - Se o macrófago infectado foi ingerido pela fêmea do Phlebotomus durante a hematofagia, a lise desse macrófago só vai acontecer no intestino dessa fêmea. - As amastigotas que saem desse macrófago vão se diferenciar em promastigotas. Estas vão se proliferar por reprodução assexuada e vão permanecer nas peças bucais do Phlebotomus até um novo repasto sanguíneo iniciando ciclo para aquele hospedeiro que está sofrendo hematofagia. RELAÇÃO PARASITO-CÉLULA HOSPEDEIRA - Primeiro contato se dá pelo contato do flagelo com o membrana da célula hospedeira. - Assim, vai ser induzida a formação de uma vesícula. Como? Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses A promastigota apresenta series de moléculas expressas na superfície que vão permitir que esse estágio evolutivo seja reconhecido por proteínas do sistema complemento. Então, essas proteínas vão opsonizar a promastigota e a partir do reconhecimento com seus receptores específicos da membrana do macrófago, a promastigota vai ser endocitada. Esse processo seria para iniciar o processo de digestão intracelular no interior do macrófago. Após o promastigota estar dentro da vesícula endocítica, ela vai estimular a atração de lisossomas. Estes vão se fundir na vesícula, transformando-a no fagolisossoma. Pela acidificação do vacúolo/vesícula, a célula hospedeira tentaria fazer o processo de digestão intracelular. Porém, a leishmania produz uma serie de substâncias que consegue detoxificar aquele ambiente cria no interior da célula hospedeira, então ela NÃO vai sofrer ação da digestão intracelular, e sim permanece nesse fagolisossoma e vai se proliferar/transformar em várias amastigotas, até promover a lise da célula hospedeira. Se torna temporariamente extracelular até ser endocitada por outras célulasdaquele hospedeiro, ou, se ela já estiver no interior do hospedeiro intermediário, vai se diferenciar em promastigota. - Imagem colorida: esfregaço de medula óssea. Essa microscopia é a utilizada para diagnostico. Macrófago com inúmeras amastigotas (circulado). - Imagem preto e branco. Macrófago com amastigotas no seu interior. - Forma cutânea, cutâneo-mucosa e cutâneo- difusa. - Macrófagos atingidos: pele e mucosas. Lembrete!! Os macrófagos, independentemente da localização e idade, são células e hospedeiras para diferentes espécies do gênero leishmania. - Produção de lesões cutâneas no local houve a picada do Phlebotomus e consequentemente a inoculação do parasito. A partir disso, naquele local, pode surgir processo de ulceração ou não. FORMA CUTÂNEA LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - A lesão clássica da forma cutânea é representada pelo rebordo espesso, no qual encontra o maior número de formas parasitarias amastigotas na lesão. - A região é ulcerada, com produção ou não de azuldato (relacionada a infecção bacteriana secundária). Importante!! É preconizado a observação da presença de um processo eritematoso, ao redor do rebordo de espesso. LESÃO INICIAL - O tipo de lesão vai depender da resposta imunológica do hospedeiro. LEISHMANIOSE CUTÂNEA - Nem toda pessoa portadora da leishmaniose cutânea vai ter obrigatoriamente a lesão ulcerada. É o mais clássico, mais depende do tipo de resposta. - Lesão primária= lesão satélite. No local que o parasito foi inoculado. - Lesão indolor com bordas duras. - Lesão crônica, papular ou nodular. - Posteriormente ele pode propagar via sangue ou linfa, acometendo outras localizações. - Disseminação linfática. FORMA CUTÂNEO-MUCOSA - Não atinge somente a pele, e sim também a mucosa. - Grande parte dos pacientes não aderiram o tratamento neste tipo. Então, o parasito por disseminação (sangue ou linfa) começa a acometer as mucosas. - Mais comum no nariz e lábios. Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Característica destrutiva, podendo acometer também a cartilagem. Curiosidade!! O surgimento da forma cutâneo-mucosa passaria por fases. A 1ª seria cancro leishmaniótico (local da picada) a 2ª seria secundarismo leishmaniótico (além da pele acomete gânglios, linfáticos e mucosa) e a 3ª acontece de 5 a 10 anos (perfurações das leishmanioses conhecidas das redes, como: septo, palato, patês moles, faringe e laringe). FORMA CUTÂNEO-DIFUSA - Mais comum em pessoas que desenvolvem a forma visceral e não aderem ao tratamento. - Há uma recidiva para a forma tegumentar, porém, a lesão tem o aspecto nodular papular (não ulcerada). - Foi observado que o estilo/aspecto morfológico da lesão vai de acordo com o perfil de resposta imunológica que o individuo vai desenvolver frente a infecção parasitária. - Apresenta uma característica mais grave. - Letalidade de até 95%, principalmente aos que não aderem ao tratamento. - Em áreas endêmicas, a proporção é de 1 caso sintomático para cada 6 assintomáticos da leishmaniose visceral. Ou seja, ele está infectado e tem acometimento dos órgãos, porém, esse acometimento ainda não é responsável por desencadear um quadro sintomatológico. - Espécies mais comuns: L. Donovani e L. chagasi (BRASIL). - Responsáveis por 2,5 milhões de casos e 80 mil óbitos no mundo. - Relatos: febre (irregular com 2 picos diários). - O parasito NÃO comete macrófagos de pele e mucosas, e sim localizados em diferentes órgãos. - Invasão das células do sistema fagocito mononuclear, possíveis localizações: Células de Kupffer; Células reticulares e macrófagos do baço; Medula óssea; Linfonodos. - A partir do momento em que a manifestação clínica vai adquirindo uma característica mais crônica, parte do montante dessas pessoas desenvolvem hepatoesplenomegalia. LEISHMANIOSE VISCERAL OU CALAZAR – LV Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - Comum, independente do grau: formação das lesões nodulares papulares. - Possibilidade de regressão, pelo menos das lesões cutâneas mediante ao tratamento medicamentoso. RESERVATÓRIOS - No caso da leishmaniose visceral, além do humano, há de se considerar a importância epidemiológica do cão e raposa, entre outros. - Na forma tegumentar, além do cão e raposa, não existe especificidade tão grande em relação ao hospedeiro mamíferos, então foi observado em: roedores, marsupiais, preguiças e tamanduás, entre outros. - Na ausência ou presença do humano (dependendo da localidade), esses outros animais são utilizados como hospedeiro definitivo para que o parasito complete o ciclo. QUADRO CLÍNICO – ANIMAL - Maior preocupação por conta da relevância afetiva. - Semelhante ao humano. - Observado: lesões crônicas, nem sempre compromete o estado geral do animal, emagrecimento, falta de apetite, dificuldade de alimentação, lesões podem progredir em numero e extensão, pode haver cura espontânea, pode reativar posteriormente e pode acometer a mucosa nasal tardiamente. - O dono tem que ter noção da gravidade do caso. - A nota técnica prevê legalmente a possibilidade de eutanásia dos animais. - Tratamento medicamentoso caro. - Existe vacinação e medicação oral- MILTEFORAN. CONDUTA - HUMANO DIAGNÓSTICO Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses - No exames parasitológicos, se não forem dignos de serem considerados positivo ou negativo a partir da amostra coletada, é possível o diagnostico molecular- PCR. - É retirada a amostra tecidual do rebordo da lesão (onde a infecção está ativa). - Até 1 ano após a infecção, existe a possibilidade de se encontrar parasitos no rebordo na lesão. - A partir disso, o material pode ser com processamento ou sem analisado ao microscópio de luz. - É possível fazer também a aspiração do rebordo da lesão. - Se a analise for inconclusiva, o material biológico é colocado em meio de cultura. - Meio de cultura para estimular a diferenciação de amastigota para promastigota. Para assim concluir o diagnostico de infecção ou não. REAÇÃO INTRADÉRMICA DE MONTENEGRO (FORMA TEGUMENTAR APENAS) - Inoculação intradérmica de uma suspensão de lisado de promastigotas. - Incluir um controle negativo. - Eritema em 48-72h. TRATAMENTO - Não é 100% eficaz. - Os 3 medicamentos vão ser prescritos de acordo com a manifestação clínica, se existe ou não outras patologias associadas, ... - Há possibilidade de regressão da carga parasitária. - Medicamento alternativo: Miltefossina Primeiro medicamento eficaz de administração oral. Na Índia tem sido aprovado para o uso da leishmaniose visceral. Parasitologia Camilla Marcelino Camill Trypanosoma cruzi/ Doença de Chagas/ Leishmania sp/ Leishmanioses PROFILAXIA - Manter o peridomicílio limpo; - Afastar abrigos de animais domésticos de moradias; - Utilizar repelentes ou fumacês; - Eliminar cães doentes (?); - Tratar pessoas/animais doentes.
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