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15- Abortamentos

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1 
Referência: aula do prof. Moisés Lima 
Em torno de 20% das gestações documentadas 
por exame laboratorial ou ultrassonográfico vão evoluir 
com aborto. Um detalhe interessante é que grande parte 
(26 a 30%) das gestações não documentadas têm esse 
percurso de abortamento. 
O que seria não documentado? Gestante com 
atraso menstrual suspeito, mas sem confirmação com β-
HCG ou ultrassonografia. Por vezes, chega um 
sangramento genital diferente do padrão, que representa 
um abortamento muito precoce. Portanto, em algumas 
circunstâncias, teremos abortamentos subclínicos. 
Conceito 
Do ponto de vista clínico-biológico, o conceito é: 
interrupção da gravidez até 20-22 semanas completas ou 
com peso fetal < 500 g ou estatura fetal de até 25 cm 
(OMS). Do ponto de vista legal, refere-se a um óbito que 
ocorre até 40 semanas. 
A idade gestacional (IG) pode ser um diagnóstico 
em função da data da última menstruação – mas nem 
sempre ela é condizente com uma idade gestacional 
precisa, ou através de uma USG, que traz uma definição 
melhor de IG, especialmente quando feita até 12 semanas 
e 6 dias. 
Se não se tem esses dados, podemos nos valer do 
peso fetal, que está condicionado à expulsão do feto, 
definindo o diagnóstico retrospectivo – até 499 gramas 
considera aborto. 
Esse marco temporal de 20 – 22 semanas diz 
respeito à possibilidade de viabilidade que o feto teria 
após esse tempo de idade gestacional. A prematuridade 
extrema apresenta uma remota possibilidade de 
sobrevivência, embora existam casos esporádicos, por isso 
escolhe esse marco temporal. Um feto de 18 semanas, por 
exemplo, não apresenta nenhuma possibilidade de vida 
extrauterina, da mesma forma com relação ao peso e à 
altura. 
Emite ou não declaração de óbito? 
Em se tratando de aborto, não emite declaração 
de óbito, sendo parto prematuro extremo, emite sim. Se a 
família desejar fazer sepultamento, deve ser emitida pelo 
aspecto emocional, permitindo que a família vivencie o 
processo do luto. Nesses casos, não se apegar às 
diretrizes. 
Classificação 
• Precoce: até 12 semanas (primeiro trimestre). A 
chance maior é por cromossomopatias – grandes 
alterações genéticas. 
• Tardio: após 12 semanas (segundo trimestre). 
Essas formas se relacionam mais com 
incompetência ístmico-cervical ou doença 
infecciosa, como sífilis. 
Perdas recorrentes, do ponto de vista conceitual, 
são aquelas que ocorrem três ou mais vezes. A partir da 
primeira perda, há um peso psicológico tão grande, que 
parece que há necessidade de investigação profunda. 
A literatura diz, por outro lado, que pela grande 
frequência de dificuldades reprodutivas, esse evento é 
relativamente comum para a paciente. Portanto, só se 
deve investir na investigação da causa do abortamento 
quando as perdas são repetidas. Se são perdas antes de 12 
semanas, o esforço é grande para tentar diagnosticar as 
doenças genéticas, sejam as numéricas, sejam as 
estruturais. 
Nas perdas tardias, investigar toda a história da 
gestação e pensar em malformações uterinas que não são 
previamente diagnosticadas, miomatoses uterinas e, mais 
frequentemente, incompetência ístmico-cervical. 
Dependendo de como foi o abortamento, a 
abordagem também será diferente, sendo precoce ou 
tardia. 
Incidência 
• Até 20% nas gestações documentadas → 80% na 
forma precoce. 
• Até 26% considerando as formas subclínicas. 
Essa condição patológica é muito frequente na 
vida gestacional das mulheres. 
Etiologia 
• Alterações cromossômicas 
o Trissomias (16, 21, 13, 14...): 50% dos 
abortamentos. Anormalidades na 
recombinação meiótica. 
o Monossomia do cromossomo X: 7-10% 
dos abortamentos 
o Triploidia: mola parcial. 
 
2 
o Alterações estruturais: translocação não 
balanceada. 
Não existem tratamentos específicos para as 
formas precoces de abortamento. Epidemiologicamente, 
faz essa inferência, procura fazer estudo genético do 
material abortado para realizar uma orientação genética 
para as próximas gestações. Só pensa nesse estudo 
quando há abortamentos de repetição. 
• Defeitos da fase lútea: não é a principal causa, 
pensar sempre primeiro em cromossomopatia. 
• Infecções: sífilis, clamídia, citomegalovírus, 
gonorreia, toxoplasmose, rubéola, zyka vírus. 
Quanto mais precoce se tem a fase aguda desses 
processos infecciosos, maior a chance de 
provocar abortamentos ou alterações no feto. 
• Doenças endócrinas: tireoidopatias (em geral, 
hipotireoidismo) e diabetes mellitus 
(especialmente o que vem desde antes da 
gestação). 
• Causas uterinas: sinéquias intrauterinas 
(síndrome de Asherman), miomas (não interessa 
o tamanho, mas sim a localização – intramural e 
submucoso, pois competem com o 
desenvolvimento fetal, criando ambiente 
intrauterino hostil à gestação), malformações 
mullerianas, incompetência istmocervical 
(incompetência do orifício cervical interno, há 
deficiência da contenção, em que o colo do útero 
se dilata pelo próprio peso e volume da cavidade 
uterina; relaciona-se com abortamento habitual e 
limítrofe). 
• Fatores imunológicos: síndrome antifosfolípide, 
trombofilias hereditárias. 
• Drogas e agentes nocivos: tabagismo, álcool, 
cafeína, trauma. 
Formas clínicas 
A primeira coisa a se levar em consideração é o 
atraso menstrual. Toda mulher que procura o médico com 
essa queixa, sempre afastar gestação. Do ponto de vista 
semântico, atraso menstrual é diferente de amenorreia, 
uma vez que esta última se refere à falha menstrual que 
se estende além de 12 semanas (antes disso, é atraso 
menstrual). A depender do dia e das semanas de suspeita, 
a USG transvaginal não fecha diagnóstico. Por outro lado, 
em uma semana após a ovulação, o β-HCG já pode estar 
positivo. 
Toda mulher com sangramento genital após 
atraso menstrual já deve ser enquadrada como de risco. 
Boa parte das mulheres que apresentam sangramentos 
relativamente leves vão ter um prognóstico bom. As que 
superam essa etapa têm maior risco para parto prematuro 
e descolamento de placenta. 
Um outro aspecto a se considerar são as cólicas 
uterinas. Elas consistem em um dado subjetivo, já o 
sangramento é mais objetivo – no que diz respeito à 
visualização, e não volume. As cólicas podem representar 
acomodações do útero, mas também podem significar a 
expulsão do conteúdo intracavitário. Levar sempre a dor 
de cólica em consideração. 
Diante de atraso menstrual, seguido de 
sangramento e cólicas uterinas, temos formas clínicas do 
abortamento: 
• Ameaça de aborto: menor gravidade e melhor 
prognóstico. 
• Abortamento inevitável: tem sangramento genital 
mais pronunciado e cólicas uterinas muito bem 
definidas. Em geral, chama-se de trabalho de 
abortamento, em uma fase em que ele ainda não 
se deu por completo, ainda havendo conteúdo 
intracavitário. Frequentemente evolui para perda 
definitiva, que pode ser completa ou incompleta. 
• Abortamento incompleto: retenção de algum 
resíduo ou resto ovular, seja conteúdo fetal, de 
membrana ou placentário. Essas formas, em 
geral, evoluem para abortamento infectado. 
• Abortamento completo: em formas mais 
precoces de gestação. 
• Abortamento infectado: tem meio de cultura 
dentro da cavidade uterina, bem como uma 
facilitação para ascensão do microbioma genital 
da mulher. Geralmente, é secundário a um 
abortamento incompleto. Mais comum quando é 
induzido – tentativas de abortamento. 
• Abortamento retido: significa a parada do 
desenvolvimento da gestação. A gravidez diminui 
a sintomatologia dos sinais sugestivos – sinais 
mamários, de vômitos e náuseas. Então, a mulher 
vem fazer exame de USG rotineira e se depara 
com duas situações – saco gestacional vazio ou 
embrião sem vitalidade. Pela precocidade, em 
geral, está relacionado com cromossomopatias. 
Toda gestante que chega com atraso menstrual, 
pensar em gravidez e pensar em forma de diagnosticar – 
β-HCG. A segunda escolhaé a ecografia, que é melhor ser 
transvaginal. Porém, dependendo do dia, a USG pode até 
nem visualizar o saco gestacional, e o endométrio pode 
estar apenas espessado ou próprio da fase lútea do ciclo. 
 
3 
Se a mulher chega na triagem com história de 
sangramento, não interessa se é pouco ou muito, ela tem 
que ser submetida ao exame físico. Esse exame se refere 
ao uso do espéculo, que extrai informações – intensidade 
e aspecto do sangramento, conteúdos estranhos na 
cavidade, fragmentos dos tecidos gestacionais, lacerações 
vaginais pós-coito, que simulam sangramento genital com 
abortamento, ou pólipos no colo do útero. 
Em seguida, realização do toque. Ele não está 
contraindicado. Busca-se, nesse exame, um colo uterino 
fechado, em toque bimanual, uma altura de útero 
compatível com a idade gestacional, com o atraso 
menstrual. Isso tudo sugere ameaça de aborto. Portanto, 
tais dados devem ser colocados na requisição da USG, que 
traz várias informações. 
No inverso de tudo isso, encontra-se sangramento 
mais pronunciado, denunciando trabalho de 
abortamento, geralmente inevitável e incompleto, com 
colo do útero dilatado ao toque e altura de fundo uterino 
incompatível para a idade gestacional. 
No exame físico, também se pode encontrar 
secreção purulenta com odor fétido, que denuncia quadro 
de infecção da cavidade uterina. 
Detalhamento das formas clínicas 
1. Ameaça de aborto 
• Concepto mantém a vitabilidade: coração bate 
• Sangramento discreto/moderado 
• Cólicas discretas/moderadas 
• Volume uterino compatível com a IG 
• Exame especular: mensurar o sangramento, 
evidências de material gestacional, excluir outras 
causas de sangramento 
• Toque obstétrico: colo uterino impérvio. 
• USG: saco gestacional proporcional ao feto e este 
mantém a vitabilidade – FCEmb. 
A melhor forma de avaliar é a USG transvaginal, 
mas a transabdominal também pode ser feita. 
Nessa USG, espera-se encontrar um saco 
gestacional em posição adequada, de contornos e 
proporções adequadas para a idade gestacional, 
proporcional ao volume do feto, eco embrionário com 
atividade cardíaca e, às vezes, movimentos corpóreos. 
Também se pode encontrar alguma área de 
descolamento subcoreal, que é o nome que se dá à 
pequena placenta. O citotrofoblasto está aderindo ao 
endométrio. Na área de adesão, aparece como uma 
lâmina anecoica, que sugere que aquela área se descolou, 
sendo o sangramento o primeiro sinal. Tentar identificar 
área de descolamento e mensurar. 
Conduta: tratamento ambulatorial, repouso 
relativo, abstinência sexual, monitorização ecográfica 
oportuna (avalia novamente 14-21 dias depois), 
sintomáticos (antiespasmódicos). 
A utilização da progesterona, seja natural ou 
sintética, é questionada. Geralmente, usa-se a 
progesterona natural por via vaginal, em dose de 400 mg. 
Em tese, teria a finalidade de dar certa acalmia da 
musculatura uterina, aliviando as queixas de cólicas, mas 
não trata o processo abortivo. 
A imagem ecográfica transvaginal abaixo mostra o 
saco gestacional, que é a imagem anecoica (onde o cursor 
do professor está apontando) e, no contorno dele, uma 
área hipoecoica, que é a área de descolamento de saco 
gestacional. Esse espaço se refere a um preenchimento 
por sangue/coágulo, o que caracteriza um hematoma 
subcorial. A mulher apresenta a clínica de sangramento 
genital e cólicas uterinas. 
 
 A ameaça de abortamento se caracteriza por 
apresentar uma área de descolamento do saco 
gestacional, que deveria estar totalmente aderido à 
parede uterina. Há um espaço de aproximadamente 2.6 
cm de distanciamento da parede uterina do saco 
gestacional. Além disso, há outros achados pertinentes a 
apenas uma ameaça de aborto, como saco gestacional 
bem implantado, com contornos bem definidos e, 
provavelmente, com embrião apresentando batimentos 
cardíacos (só não foi visto nesse ângulo, mas está lá). Isso 
tudo fecha diagnóstico de ameaça de abortamento. 
 A realização oportuna do exame é feita 
justamente para avaliar a absorção do coágulo 
(hematoma subcorial). O próprio desenvolvimento do 
saco gestacional rechaça o conteúdo para a extremidade 
da parede, fazendo a gestação persistir. A própria placenta 
primitiva continua aderida ao tecido uterino. 
2. Abortamento inevitável 
• Progressão da ameaça de abortamento 
 
4 
• Transição para a forma completa ou incompleta 
do abortamento: em geral, bem precoce. A forma 
incompleta requer a intervenção do obstetra. 
• Concepto pode, ainda, manter a vitabilidade: 
ainda com batimentos cardíacos, mas em 
intervalo de horas, já não apresenta mais tal 
vitabilidade. 
• Sangramento moderado / acentuado 
• Cólicas moderadas / acentuadas: são a contração 
uterina na fase expulsiva do abortamento. 
• Volume uterino compatível com a IG: 
dependendo do que se perdeu de conteúdo 
intracavitário, pode ser incompatível. 
• Exame especular: mensurar o sangramento, 
expulsão parcial do material gestacional. 
• Toque obstétrico: colo uterino pode se apresentar 
pérvio, já com alguma dilatação, devido ao 
trabalho uterino de modificação cervical. 
• USG: saco gestacional irregular, heterotópico (já 
fica mais próximo do orifício cervical externo) e o 
feto com ou sem vitabilidade (FCEmb). 
Condutas 
• Internação hospitalar: o sangramento pode ser 
volumoso, levando a um quadro de choque, por 
isso tem que internar. Aguarda a expulsão ou 
parte para esvaziamento uterino, se o 
sangramento for muito importante. 
• Monitoramento ostensivo do sangramento 
genital 
• Se há evidências de expulsão ou hemorragia 
assumir conduta de esvaziamento uterino 
• Analgesia 
• Pesquisa do fator Rh, VDRL e anemia: faz 
classificação sanguínea, para realizar transfusão 
de sangue, quando necessário. A determinação 
do fator Rh é importante para fazer profilaxia da 
isoimunização Rh. 
Toda gestante Rh negativo, cujo companheiro é 
positivo, tem 75% de chance de ter um bebê Rh positivo, 
gerando incompatibilidade sanguínea materno-fetal. 
Qualquer fator hemorrágico na gestação pode levar a uma 
transfusão de sangue para a circulação materna, 
acarretando reação antígeno-anticorpo de isoimunização 
Rh. É preciso fazer profilaxia, pois uma vez isoimunizada, 
não há mais como reverter a situação. 
 A pesquisa de sífilis também é rotina, pois é causa 
de abortamento. A investigação de anemia é importante a 
depender do grau de sangramento que a gestante possa 
apresentar. 
3. Abortamento incompleto 
• Forma clínica mais frequente 
• Sangramento moderado / acentuado 
• Cólicas moderadas / acentuadas 
• Volume uterino incompatível com a IG 
• Exame especular: mensurar o volume de 
sangramento, expulsão parcial do material 
gestacional. Já começa a visualizar o conteúdo 
intracavitário de forma muito clara, às vezes o 
próprio feto, a membrana ou a placenta se 
exteriorizando. O colo fica bem dilatado, com 
herniação do conteúdo intracavitário, o que indica 
que em seguida ocorrerá o abortamento. 
• Toque obstétrico: colo uterino pode se apresentar 
pérvio. 
• USG: saco gestacional irregular, heterotópico e o 
feto sem vitabilidade (FECmb) ou visualização de 
ecos amorfos intracavitários. Não há mais 
definição de produto gestacional – não se 
consegue diferenciar placenta, membrana 
amniótica, embrião, saco gestacional etc. São 
restos de fragmentos de tecidos e coágulos 
juntos, o que caracteriza a forma incompleta de 
aborto. 
Do ponto de vista clínico, quando se fala do 
abortamento completo, o sangramento diminui, as cólicas 
cessam, a altura de fundo de útero é menor que a IG 
esperada, o colo de útero já praticamente colabou e 
fechou. Na USG, vê-se eco linear, bem fino e delgado, que 
caracteriza colabamento das duas paredes – anterior e 
posterior do útero. Isso nos tranquiliza, pois sabemos que 
o abortamento foi completo, então a conduta é 
expectante. 
Já no abortamento incompleto,em que ainda há 
conteúdo a ser eliminado, haverá mais cólica e 
sangramento, exigindo que se parta para procedimentos 
de esvaziamento uterino. 
Conduta 
• Internação hospitalar 
• Monitoramento ostensivo do sangramento 
genital 
• Assumir conduta de esvaziamento uterino: AMIU, 
curetagem convencional. 
o AMIU: aspiração manual intrauterina. Faz 
em gestação com menos de 12 semanas, 
que tem conteúdo de tecidos moles. 
o Curetagem convencional: deixa conteúdo 
ser eliminado ao máximo e depois parte 
 
5 
para esse método; faz em gestações mais 
avançadas. 
• Acesso venoso e analgesia: não raro as mulheres 
têm hemorragias pronunciadas. Usa para repor 
volume e fazer analgesia. 
• Pesquisa do Fator Rh, VDRL e anemia. 
 
O AMIU é composto por uma seringa grande, que 
faz pressão negativa no êmbolo. A depender da dilatação 
encontrada no colo, usa um calibre de cânula diferente, os 
quais são separados por cores. Tudo vai depender do nível 
de dilatação do colo. Introduz a cânula no interior da 
cavidade uterina e desfaz o vácuo, sendo o material 
sugado para dentro da seringa. 
Quando a gestação é um pouco mais avançada, é 
muito prudente esperar a expulsão máxima do conteúdo 
da cavidade. Isso é feito com o misoprostol, que leva a 
uma forte contração uterina, daí a importância da 
analgesia na paciente. Em seguida, faz-se uma curetagem 
convencional – literalmente, uma raspagem da parede 
anterior e posterior do útero, bem como de seu fundo, no 
sentido de trazer esse material para fora. 
É importante que se faça essa limpeza porque a 
cavidade que mantém restos em seu interior permanece 
sangrando, além do risco de haver um processo infeccioso 
na cavidade uterina. 
4. Abortamento completo 
• Eliminação total do material gestacional 
• Mais frequente nas formas precoces, em geral, 
até 8 semanas 
• Diminuição progressiva do sangramento genital 
• Diminuição progressiva ou ausência de cólica 
uterina 
• Ecografia: eco central fino sem evidências de 
conteúdo intrauterino. 
Conduta 
• Orientar a paciente quanto aos achados clínicos e 
ecográficos 
• Prescrição de sintomáticos 
• Observar evolução do sangramento genital 
• Solicitar Fator Rh e VDRL 
5. Abortamento infectado 
• Presença de restos ovulares na cavidade uterina 
• Persistência das cólicas e sangramento 
• Em geral, decorrente de abortamentos ilegais 
• Febre, taquicardias, eliminação de material 
purulento 
• Estado geral toxêmico 
• Útero amolecido 
• Etiopatogenia: polimicrobiana com agentes da 
flora vaginal e intestinal. É por isso que o 
tratamento antibiótico é de amplo espectro. 
o Cocos anaeróbicos, gram-negativos, 
bacteróides, Clostridium perfringens. 
Pode evoluir para formas complicadas, que levam 
à endometrite, pelve peritonite, sepse, tromboflebite 
pélvica e abscessos pélvicos. Muitas vezes, não há outra 
alternativa a não ser a histerectomia. 
Diante de um abortamento infectado, que é uma 
consequência de um abortamento incompleto, a primeira 
conduta é esvaziar o útero, tentando tirar ao máximo esse 
conteúdo, que serve como meio de cultura para 
proliferação bacteriana. Assim, parte para a curetagem 
uterina, que é mais difícil, porque o útero está amolecido 
e inflamado. Existe sempre o perigo da perfuração uterina. 
Geralmente, faz antibioticoterapia anteriormente 
ao procedimento, assim como drogas uterotônicas, a fim 
de manter o útero bem contraído, para poder limpar com 
a cureta. O problema é que, às vezes, a forma infecciosa 
não se restringe ao endométrio superficial, mas já 
adentrou na parede do útero, tubas uterinas e foi para a 
pelve, causando pelve peritonite. Pode haver danos à 
cavidade uterina, ovários e pelve. Às vezes, sepse. 
Deve-se lembrar que um fator de risco para 
tromboflebite infecciosa é a pelve peritonite. Hoje em dia 
é um evento muito raro, mas temos que ter sempre em 
mente que o abortamento incompleto, quando não bem 
assistido, pode evoluir para essa situação. 
Conduta 
• Acesso venoso com hidratação 
• Avaliar necessidade de hemotransfusão 
• Solicitação de exames: hemograma, função 
hepática, renal, hemocultura, gasometria, lactato, 
fator Rh, VDRL, ecografia transvaginal e de 
abdome total. 
• Antibióticos por 7 – 10 dias 
 
6 
o Sem sepse: clindamicina 600 mg + SF 
0,9% 100 ml, IV, 6-6h; gentamicina 240 
mg + SF 0,9% 100 ml, dose diária. 
o Com sepse: amoxicilina 1g, IV, 6-6h; 
clindamicina 600 mg + SF 0,9% 100 ml, IV, 
6-6h; gentamicina 240 mg + SF 0,9% 100 
ml, dose diária. 
o Proceder à curetagem uterina por AMIU 
ou convencional. 
o Se afebril por mais que 48h nos casos sem 
sepse, suspender antibióticos. Nos casos 
de sepse, manter esquema por 7-10 dias. 
6. Aborto retido 
• Formas clínicas 
o Abortamento retido: identifica saco 
gestacional, embrião, mas sem 
batimentos cardíacos. 
o Ovo anembrionado: quando a mulher 
vem fazer o exame, vê-se o saco 
gestacional, mas não se vê o eco 
embrionário dentro dele. 
• Sintomatologia pouco expressiva. Em geral, é um 
achado ecográfico incidental, que ocorre em uma 
USG de rotina. 
Geralmente, após 3 semanas, inicia-se a fase 
clínica do aborto. Caso não ocorra, proceder à curetagem, 
pelo risco de coagulopatia. 
Provavelmente, essa retenção se dá por 30 dias, 
depois disso a mulher entra em uma fase abortiva clássica. 
Um tempo maior que esse, 45-60 dias de retenção desse 
produto, poderia levar a uma coagulação intravascular 
disseminada, pela absorção desses tecidos fetais, os quais 
têm uma expressão antigênica e desencadeadora de um 
processo de coagulopatia, embora tudo isso seja 
extremamente raro. 
Conduta 
• Até 12 semanas: misoprostol 400-800 mcg a 
cada 3h, até condições de execução da 
curetagem por AMIU ou convencional. 
• Após 12 semanas 
o Misoprostol 200 mcg a cada 4 ou 6h 
o Ocitocina, IV, SG 5% (20 UI – 20 gotas por 
minuto 
o Seguido de AMIU ou curetagem 
convencional após expulsão do feto 
o Inibição da lactação com cabergolina 0,5 
mg dose única. 
 
Critérios ecográficos de viabilidade da gestação 
• Saco gestacional dentro do útero 
• Vesícula vitelínica 
• Membrana amniótica 
• Embrião (CNN / CCN): faz medida do 
Comprimento Cabeça Nádega. 
 
Acima, temos (1) saco gestacional dentro do 
útero, contendo um anel extra amniótico, que é a vesícula 
vitelínica (reduz em tamanho e é incorporada aos tecidos 
à medida que o embrião cresce), (2) membrana 
corioamniótica e área de espessamento, mostrando área 
de aderência da placenta à parede do útero, junto com o 
feto (onde faz a medida do comprimento cabeça nádega, 
para definição da idade gestacional e, na região central, 
identifica-se a FC do feto). As outras duas imagens ele não 
comentou. 
Abaixo, imagem ecográfica de abortamento 
incompleto. Na região central, há uma área de 
espessamento completamente amorfa, mostrando 
conteúdo intracavitário típico dessa forma clínica. No 
abortamento completo, não se encontra essa espessura, 
mas sim as duas paredes uterinas colabadas, com eco fino, 
totalmente linear, caracterizando eliminação total do 
conteúdo gestacional. 
 
Achados diagnósticos de aborto na USG transvaginal 
 O diâmetro médio de saco gestacional maior que 
25 mm sem evidência de embrião ou vesícula vitelínica, 
nos faz pensar fortemente em abortamento retido. Nesse 
caso, temos um ovo anembrionado. Uma outra 
possibilidade é um embrião com menos de 7 mm sem 
batimentos cardíacos. Às vezes, é muito difícil de ver esses 
batimentos em embriões muito pequenos. Quando 
maiores, é mais fácil, então se não houver batimentos, dá-
se o diagnóstico de aborto retido. 
 
7 
 Um outro achado é o diâmetro de saco 
gestacional maior que 18 mm, mesmo sem embrião, mas 
70 dias ou mais após a data da última menstruação (DUM). 
Não é tão relevante, porque nunca se tem a certeza se a 
DUM é verdadeira. Em geral, nos apegamos às duas 
primeiras variáveis. Na maioria dasvezes, por precaução, 
repete a USG após 14 dias. Se ela não apresentar sinais 
clássicos de abortamento, 14 dias depois, fecha 
diagnóstico e faz esvaziamento. 
 
Achados ecográficos relacionados ao diâmetro do 
saco gestacional e medida do embrião: faz as três medidas 
do saco gestacional e, em seguida, faz média aritmética. 
Com mais de 25 mm, tem que ver embrião. Em caso de 
embrião com mais de 7 mm, temos que ver a FC dele para 
falar da vitabilidade ou ausência de batimentos cardíacos. 
Se ausente, fecha diagnóstico de aborto retido. 
 
Perceba, acima, que a proporção da vesícula 
vitelínica com o embrião é grande. Abaixo, observar corpo 
lúteo gestacional. 
 
Na fase folicular, era um folículo anecoico, que 
rompe e se retrai, dando imagem borrada na área central 
do corpo lúteo, mas o que chama atenção é a coroa de 
vasos que fecha toda a cavidade dessa estrutura, trazendo 
hormônios necessários e a liberação de hormônios 
gestacionais, no caso a progesterona. 
Ao lado, achado incidental de 22 semanas de 
gestação. No exame morfológico, deu para ver, pelo 
abdome, que o colo do útero estava dilatado e a bolsa 
amniótica herniava pelo orifício cervical interno. Há 
herniação da bolsa amniótica pelo canal endocervical até 
o orifício cervical externo. Quando se colocava o espéculo, 
identificava colo dilatado e membranas amnióticas 
protusas. É um achado incidental de uma incompetência 
ístmico cervical, geralmente relacionada com 
abortamento habitual e tardio, quando não prematuro 
extremo. Sempre associar com clínica.

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