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Abortamento: Definições, Epidemiologia e Formas Clínicas

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@resumosdamed_ 
 
1 
ABORTAMENTO 
ENTENDER AS DEFINIÇÕES DE ABORTAMENTO: 
É a expulsão de feto pesando <500 g ou com <20 semanas de gestação 
(OMS), podendo ser espontâneo ou provocado. É classificado também 
como a interrupção espontânea ou induzida da gravidez antes que o feto 
seja viável. A viabilidade está situada entre as linhas que separam 
abortamento de nascimento prematuro. Em geral, ela é definida pela 
duração da gravidez e pelo peso fetal ao nascer com finalidades 
estatísticas e legais. As gestações uterinas que terminam em abortamento 
espontâneo também são descritas pelo termo perda, interrupção ou 
falência gestacional precoce. 
Termos de uso clínico para descrever as perdas gestacionais em estágios 
mais avançados: 
• Abortamento espontâneo: essa categoria inclui ameaça do 
abortamento, inevitável, incompleto, completo e retido. O termo 
abortamento séptico é usado para classificar com mais detalhes 
qualquer uma dessas condições, que são complicadas ainda mais por 
infecção. 
• Abortamento de repetição: esse termo tem definições variadas, mas se 
aplica às mulheres que sofrem abortamentos espontâneos repetidos, de 
forma que um ou mais fatores coexistentes podem ser tratados para 
assegurar a viabilidade do recém-nascido. 
• Abortamento provocado: esse termo é usado para descrever a 
interrupção clínica ou cirúrgica da gestação de um feto vivo que ainda 
não é viável. 
Vale ressaltar que a gravidez química é um zigoto mal implantado ou que 
não evoluiu. 
ENTENDER A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO DO 
ABORTAMENTO: 
EPIDEMIOLOGIA: 
Cerca de 75% dos ovos fertilizados são abortados, e em mais da metade 
deles isso ocorre antes da primeira falha menstrual. Em gestações 
diagnosticadas clinicamente, 10% terminam espontaneamente até 12 
semanas, representando 80% de todos os abortamentos. 
ETIOLOGIA: 
A incidência de alterações cromossômicas em abortamentos esporádicos 
de 1º trimestre é de 50%. Analisando abortos com cariótipo anormal, a 
síndrome de Turner (45,X0) é a alteração mais frequente com incidência de 
19%. Abortos trissômicos são vistos para todos os autossomos, exceto para 
os cromossomos 1, 5, 11, 12, 17 e 19. Trissomia 16, triploidia e tetraploidia são 
as anormalidades autossômicas mais comuns. Aproximadamente 80% das 
trissomias 21 terminam em abortamento. 
FATORES DE RISCO 
Os mais comuns fatores de risco identificados em mulheres com 
abortamento precoce são a idade materna avançada e a história de 
perda anterior. A frequência de abortamentos precoces clinicamente 
reconhecidos em mulheres com idade de 20 a 30 anos é de 9 a 17%, 
aumentando rapidamente para 20% na idade de 35 anos, 40% com 40 anos 
e 80% com 45 anos. Qualquer doença materna grave, traumatismo ou 
intoxicação, além de inúmeras infecções, pode levar ao abortamento. 
@resumosdamed_ 
 
2 
ENTENDER A RELAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE ANORMALIDADES 
CROMOSSÔMICAS E ABORTAMENTO: 
 
IDENTIFICAR AS FORMAS CLÍNICAS DO ABORTAMENTO: 
As formas clínicas constituem tipos clínicos de abortamento. 
• Ameaça de abortamento: gravidez complicada por sangramento 
antes de vinte semanas; 
• Abortamento inevitável: o colo está dilatado, mas o produto de 
concepção foi eliminado; 
• Abortamento completo: todo o produto da concepção foi 
eliminado, sem a necessidade de intervenção médica ou cirúrgica; 
• Abortamento incompleto: alguma parte do produto de concepção 
foi eliminada, mas não sua totalidade. Podem estar retidos feto, 
placenta ou membranas; 
• Abortamento infectado: abortamento (geralmente incompleto) 
complicado por infecção intrauterina; 
• Abortamento retido: gravidez na qual já há morte fetal (por 
semanas) sem sua expulsão; 
• Abortamento habitual: dois ou mais abortamentos consecutivos. 
• Insuficiência cervical. 
 
ENTENDER A DEFINIÇÃO DE AMEAÇA DE ABORTAMENTO 
INCLUINDO SEU QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICCO E 
TRATAMENTO: 
Consiste, fundamentalmente, em hemorragia, que traduz anomalia 
decidual e/ou descolamento do ovo, e dor, sinal de contração uterina. 
QUADRO CLÍNICO: 
A hemorragia é o elemento mais comum e costuma ser o primeiro a revelar 
distúrbios na evolução da gravidez. De modo geral, o fluxo sanguíneo na 
fase de ameaça é menor do que na interrupção inevitável. Os 
sangramentos precoces, de longa duração, escuros e do tipo “borra de 
café” são considerados mais sérios. Aproximadamente 30% das gestações 
@resumosdamed_ 
 
3 
apresentam sangramento no primeiro trimestre, e metade delas resultam 
em aborto. 
As dores precedem, acompanham e geralmente sucedem a hemorragia. 
São provocadas por metrossístoles fugazes e intermitentes. Contrações 
regulares, como as do trabalho de parto, espelham processo irreversível. 
Deve ser lembrado que o abortamento, muitas vezes, é precedido pela 
morte do embrião, e as perdas sanguíneas e as cólicas, antes de 
constituírem ameaça, anunciam interrupção inevitável. 
Ao exame físico confirma, exceto nas primeiras semanas, o útero 
aumentado, cujo volume é proporcional à data da amenorreia. O toque 
não é esclarecedor, pois não existem modificações cervicais. O exame 
especular pode afastar causas ginecológicas da hemorragia. 
 
DIAGNÓSTICO: 
O diagnóstico clínico de ameaça de abortamento é considerado quando 
há secreção vaginal sanguinolenta ou um sangramento escorre pelo orifício 
vaginal fechado durante as primeiras 20 semanas de gestação. O 
sangramento que ocorre no início da gravidez deve ser diferenciado do 
sangramento da implantação, que algumas mulheres têm na ocasião em 
que deveriam menstruar. 
Quando há abortamento, o sangramento em geral acontece primeiro e, 
depois de algumas horas ou dias, surgem cólicas. A paciente pode referir 
cólicas nitidamente ritmadas na linha média do baixo ventre, dor lombar 
baixa persistente com sensação de pressão na pelve, ou desconforto 
brando e difuso na linha média da região suprapúbica. 
FLUXO INTERVILOSO NA GRAVIDEZ NORMAL: 
No início da gravidez não ocorre fluxo sanguíneo interviloso até 
aproximadamente 10 semanas de gestação, particularmente nas áreas 
centrais da placenta, uma vez que nas áreas periféricas há fluxo a partir de 
8 a 9 semanas. Esse impedimento ao fluxo sanguíneo placentário está 
intimamente relacionado com a migração do trofoblasto extravilositário, 
pois no início da gravidez agregados dessas células efetivamente formam 
tampões (plugs) nas saídas das artérias espiraladas, criando um verdadeiro 
manto trofoblástico entre as extremidades desses vasos e o espaço 
interviloso. Por volta de 10 semanas, os tampões começam a se dissipar, 
estabelecendo comunicação livre entre as artérias espiraladas e a 
placenta. Desse modo, se esses tampões evitam o fluxo contínuo de sangue 
materno para o espaço interviloso na gravidez inicial de primeiro trimestre, 
a placenta humana não pode ser considerada verdadeiramente 
hemocorial. 
FLUXO INTERVILOSO NO ABORTAMENTO: 
Diante da ameaça de abortamento, os sintomas decorrem da hemorragia 
nas áreas periféricas em que está o fluxo interviloso. Nos abortamentos 
inevitáveis, todavia, o fluxo interviloso é bastante comum nas áreas centrais 
da placenta. Em cerca de dois terços dos casos de abortamento há 
placentação defeituosa, caracterizada, principalmente, por manto 
trofoblástico fino e fragmentado e invasão reduzida do trofoblasto 
extravilositário situado na extremidade do lúmen das artérias espiraladas. Na 
maioria dos casos de abortamento, essa invasão está associada ao início 
prematuro da circulação materna por toda a placenta. A entrada 
@resumosdamed_ 
 
4 
excessiva de sangue materno no espaço interviloso tem efeito mecânico 
direto no tecido viloso e indireto no estresse oxidativo, que contribuem para 
a disfunção e a lesão celular. 
 
DIAGNÓSTICO SONOGRÁFICO DE GRAVIDEZ INVIÁVEL: 
São considerados sinais diagnósticos de gravidez inviável: comprimento 
cabeça-nádega (CCN) ≥ 7 mm e ausência de batimento cardiofetal (BCF), 
diâmetro médio do saco gestacional (SG) ≥ 25 mm e embrião ausente.A 
ausência de embrião com BCF, 2 semanas ou mais após um ultrassom 
mostrando SG sem vesícula vitelina (VV) ou 11 dias ou mais após uma 
imagem sonográfica de SG com VV constituem também achados 
diagnósticos de abortamento precoce. A bradicardia fetal (< 100 BCF) e o 
hematoma subcoriônico constituem outros sinais sugestivos de abortamento 
precoce, mas não devem ser utilizados para estabelecer um diagnóstico 
definitivo. Esses achados devem ser avaliados novamente em 7 a 10 dias. 
TRATAMENTO: 
É baseado em recomendações a serem seguidas no período de ameaça 
de abortamento. 
• Repouso relativo; não tendo fundamento a obrigatoriedade de 
acamar-se; 
• O coito deve ser proibido enquanto perdurar a ameaça; 
• Tranquilizar a gestante, sem, contudo, exibir demasiado otimismo 
(metade aborta); consumada a interrupção, mostre não haver, em 
geral, tendência à repetição; 
• Administrar antiespasmódicos e analgésicos nas pacientes com 
cólicas; 
• A progesterona vaginal não está recomendada no abortamento 
esporádico. 
 
 
ENTENDER ABORTAMENTO INEVITÁVEL INCLUINDO SEU 
QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICCO E TRATAMENTO: 
Nas amenorreias de curta duração em que o ovo é pequeno, o processo 
pode ser confundido com menstruação, diferenciando-se dela pela maior 
quantidade de sangue; pela presença de embrião e decídua ao exame do 
material eliminado. Esse mecanismo é raro após 8 semanas. O cório 
frondoso bem desenvolvido, fixa o ovo à decídua. A partir de 8 semanas, o 
processo de abortamento adquire, progressivamente, as características do 
trabalho de parto. 
DIAGNÓSTICO: 
O episódio é, quase sempre, precedido por período de ameaça de 
abortamento; excepcionalmente, pode manifestar-se pela primeira vez no 
estágio de iminente expulsão. 
As hemorragias tendem a ser mais abundantes que as da fase de ameaça 
e o sangue apresenta cor viva. O volume do útero corresponde à data da 
amenorreia, exceto quando a morte do ovo é antiga. O colo mostra se 
permeável, notando-se as membranas herniadas pelo orifício externo na 
cavidade uterina. O quadro clínico inconfundível dispensa exames 
complementares. 
@resumosdamed_ 
 
5 
TRATAMENTO: 
A conduta depende da idade da gravidez. 
ABORTAMENTO PRECOCE (ATÉ 12 SEMANAS): 
Segue as recomendações do ACOG (2015) que divide as opções do 
tratamento em: expectante, médico ou cirúrgico. 
TRATAMENTO EXPECTANTE: 
Reservado ao 1º trimestre da gestação. Com o tempo adequado (até 8 
semanas), o tratamento expectante é exitoso em conseguir a expulsão 
completa em aproximadamente 80% das mulheres. As pacientes 
habitualmente se queixam de sangramento moderado/grave e cólicas. 
Critério comumente utilizado para atestar a expulsão completa é a 
ausência de SG e a espessura do endométrio < 30 mm. A intervenção 
cirúrgica não é necessária em mulheres assintomáticas com o endométrio 
espessado após o tratamento do abortamento precoce. Assim, o exame 
sonográfico sob qualquer proposta diagnóstica que não seja documentar 
a ausência do SG não é recomendado. 
TRATAMENTO MÉDICO: 
Para pacientes que querem encurtar o tempo da expulsão, mas preferem 
evitar o esvaziamento cirúrgico, o tratamento com o misoprostol, um 
análogo da prostaglandina E1, está indicado. Inicialmente utilizam-se 800 
mg de misoprostol vaginal, podendo ser repetida a dose se necessário. A 
paciente deve ser aconselhada de que o sangramento é mais intenso que 
o menstrual, potencialmente acompanhado de cólicas e que a cirurgia 
poderá estar indicada se a expulsão não for completa. 
TRATAMENTO CIRÚRGICO: 
Mulheres que se apresentam com hemorragia, instabilidade hemodinâmica 
ou infecção devem ser tratadas urgentemente pelo esvaziamento uterino. 
O esvaziamento cirúrgico também tem preferência em outras situações, 
incluindo a presença de complicações médicas, tais como anemia grave, 
desordens da coagulação e doença cardiovascular. Até 12 semanas são 
procedimentos de escolha a dilatação seguida de aspiração à vácuo ou 
de curetagem. A aspiração é superior à curetagem. A utilização de rotina 
de curetagem após a aspiração não traz nenhuma vantagem e está 
contraindicada. 
ABORTAMENTO TARDIO (APÓS 12 SEMANAS): 
O ovo está muito desenvolvido, e a cavidade uterina, volumosa. Por serem 
suas paredes finas e moles, o esvaziamento instrumental torna-se perigoso. 
A expulsão é acelerada pela administração de ocitocina em grandes 
doses: perfusão venosa de solução de 10 unidades em 500 mℓ de Ringer 
com lactato ou misoprostol, por via vaginal, 400 mg a cada 4 h. Eliminado o 
ovo, e se a expulsão não foi completa, o remanescente é extraído com 
pinça adequada. 
DIFERENCIAR ABORTAMENTO COMPLETO, INCOMPLETO, 
INFECTADO RETIDO, HABITUAL CONSIDERANDO O QUADRO 
CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO: 
ABORTAMENTO COMPLETO: 
QUADRO CLÍNICO: 
considera-se abortamento completo quando, após a expulsão do ovo, as 
cólicas cessam e o sangramento reduz-se a perdas muito discretas. Só a 
evolução do caso confirma o diagnóstico. 
@resumosdamed_ 
 
6 
DIAGNÓSTICO: 
“útero vazio” é indicação certa de abortamento completo. Ecos 
intrauterinos centrais e escassos ou moderados podem representar 
coágulos sanguíneos, decídua, glândulas endometriais e placenta. Em 
alguns casos, a expulsão de todo o concepto pode ser concluído antes que 
a gestante chegue ao hospital. É importante salientar que, durante o 
exame, o orifício cervical está fechado. As pacientes devem ser instruídas a 
trazer os tecidos eliminados, que podem representar um concepto 
completo, coágulos de sangue ou um molde de decídua. 
ABORTAMENTO INCOMPLETO: 
QUADRO CLÍNICO: 
 está relacionado com a eliminação parcial do ovo, que causa hemorragia 
persistente e é terreno propício à infecção. O abortamento incompleto é 
comum após 8 semanas de gestação, quando as vilosidades coriônicas 
ficam aderidas ao útero. Nos abortamentos tardios, a paciente consegue 
distinguir páreas e o concepto e, geralmente, informa a eliminação apenas 
do feto. O sangramento não cessa, é intermitente, pode ser intenso, e 
ocorre porque os restos ovulares impedem a contração uterina adequada. 
As cólicas persistem. O útero, amolecido, tem volume aumentado, mas o 
escoamento do líquido amniótico e, comumente do feto, reduz suas 
dimensões, que não são as previstas pela idade da gravidez. O colo está 
entreaberto. 
O sangramento que ocorre depois do desprendimento parcial ou total da 
placenta e da dilatação do orifício cervical é descrito como abortamento 
incompleto. O feto e a placenta podem permanecer totalmente no útero 
ou se exteriorizar parcialmente através do orifício cervical dilatado. Antes de 
10 semanas, o feto e o útero em geral são expelidos em bloco, mas depois 
eles saem separadamente. 
A classificação clínica mais utilizada é feita em três formas: 
1) Endo(mio)metrite: é o tipo mais comum. A 
infecção é limitada ao conteúdo da cavidade 
uterina, à decídua e, provavelmente, ao 
miométrio. A sintomatologia é semelhante à do 
abortamento completo ou incompleto, sendo a 
hemorragia escassa uma regra. 
2) Pelviperitonite: em função da virulência do 
microrganismo e, sobretudo, do terreno, a 
infecção progride, agora localizada no miométrio, nos paramétrios e 
anexos, comprometendo o peritônio pélvico. Todavia, a hemorragia não é 
sinal relevante. O sangue escorre mesclado a líquido sanioso, cujo odor é 
fecaloide, com presença de anaeróbios. 
3) Peritonite: trata-se da forma extremamente grave, da infecção 
generalizada. As condições da genitália repetem as da forma anterior. Há 
peritonite, septicemia e choque séptico, decorrentes, em geral, do 
acometimento por gramnegativos (E. coli), mas também de bacteroides e 
Clostridium. 
DIAGNÓSTICO: 
ao USG, massa focal ecogênica caracteriza o diagnóstico de restos 
ovulares. 
TRATAMENTO: 
O melhor tratamento para o abortamento incompleto é o esvaziamento 
cirúrgico, e nesse particular, a aspiração a vácuo. O tratamento expectante 
não é o mais indicado. As opções de tratamento para abortamento 
incompleto sãocuretagem, esvaziamento químico ou conduta expectante 
para gestantes clinicamente estáveis. Com tratamento cirúrgico, pode ser 
necessária dilatação cervical adicional antes de realizar a curetagem por 
aspiração. Em outros casos, os tecidos placentários retidos simplesmente se 
@resumosdamed_ 
 
7 
desprendem dentro do canal cervical e podem ser extraídos facilmente 
com pinças circulares. 
ABORTAMENTO INFECTADO RETIDO: 
Quadro Clínico: no abortamento retido, o útero retém o ovo morto por dias 
ou semanas. Após a morte fetal, pode ou não haver sangramento vaginal. 
O útero mantém-se estacionário e pode até diminuir. A ultrassonografia não 
exibe BCF após o embrião ter atingido ≥ 7 mm ou o SG for ≥ 25 mm e embrião 
estiver ausente. Nas retenções prolongadas do ovo morto (> 4 semanas), os 
distúrbios da hemocoagulação constituem a complicação mais temida. 
Chama-se ovo anembrionado o tipo de abortamento retido no qual a 
ultrassonografia não identifica o embrião, estando o SG ≥ 25 mm. 
DIAGNÓSTICO: 
O diagnóstico definitivo de abortamento retido deve ser sempre 
confirmado por duas ultrassonografias espaçadas de 7 a 10 dias. 
TRATAMENTO: 
A despeito da conduta expectante e médica (misoprostol) para o 
abortamento retido no 1º trimestre, a intervenção cirúrgica ainda 
representa 90% dos desfechos. Com a confirmação rápida da morte 
embrionária ou fetal, muitas mulheres optam pela evacuação uterina. 
ENTENDER O ABORTAMENTO HABITUAL E SUA ETIOLOGIA 
CONSIDERANDO FATORES: 
O abortamento habitual ou recorrente é definido como a perda de duas 
ou mais gestações. Esse conceito é considerado inovador, haja vista que a 
maioria dos autores continua definindo abortamento habitual como a 
perda de três ou mais gestações consecutivas. 
ETIOLOGIA: 
FATORES EPIDEMIOLÓGICOS: 
O abortamento habitual, definido como duas ou mais interrupções, afeta 
cerca de 5% dos casais tentando conceber; para três ou mais interrupções, 
a incidência é de 1%. A idade materna e o número de abortamentos 
anteriores são dois fatores de risco independentes para uma nova 
interrupção. A idade materna avançada está associada a declínio tanto 
no número como na qualidade dos oócitos remanescentes. A idade 
paterna também tem sido reconhecida como fator de risco. 
ALTERAÇÕES CROMOSSÔMICAS: 
Em aproximadamente 2 a 4% dos casais com abortamentos recorrentes, 
pelo menos um dos parceiros, especialmente a mulher, é portador de 
anomalia estrutural balanceada, na maioria das vezes, uma translocação. 
Muito embora os portadores de translocações balanceadas sejam 
fenotipicamente normais, a perda fetal ocorre porque a segregação 
durante a meiose resulta em gametas com duplicação ou falta de 
segmentos nos cromossomos. Além da incidência maior de abortamento, 
essas gestações carreiam risco de crianças malformadas. A cada gestação, 
a chance de abortamento é de 20 a 30%, às vezes de 50%. Isso significa que 
cerca de dois terços dos casais com translocação balanceada e 
abortamento recorrente têm recém-nascidos normais na gestação 
seguinte. 
SÍNDROME ANTIFOSFOLIPÍDIO (SAF): 
Talvez seja a causa mais importante de abortamento habitual. A SAF refere- 
se à associação entre anticorpos antifosfolipídio – lúpus anticoagulante 
(LAC) e anticardiolipina (aCL) – e trombose vascular ou prognóstico adverso 
na gravidez. Muitas investigações têm relatado anticorpos antifosfolipídios 
em 5 a 20% das mulheres com abortamento recorrente. Dos abortamentos 
@resumosdamed_ 
 
8 
habituais, 15 a 20% são causados por mulheres com abortamento 
recorrente por SAF, sem tratamento, têm chance de apenas 10% de feto 
vivo. 
DOENÇAS ENDÓCRINAS: 
Estão relacionadas deficiência luteínica, hipotireoidismo (doenças 
autoimunes – Hashimoto) e síndrome do ovário policístico (SOP), presentes 
em 15 a 20% das abortadoras habituais. A tireoidite de Hashimoto é 10 vezes 
mais frequente em mulheres do que em homens e está associada aos 
anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO) e antitireoglobulina (anti-Tg). A 
SOP é uma síndrome metabólica que envolve ovário policístico, disfunção 
ovariana, androgenismo e resistência à insulina, incidindo em 5 a 7% das 
mulheres em idade de conceber. Já o ovário policístico (OP) é uma 
entidade discreta, vista em 15 a 25% das mulheres com ciclos regulares 
ovulatórios, representando uma forma leve de hiperandrogenismo 
ovariano, também associada a maior resistência à insulina. 
FATORES ANATÔMICOS: 
MALFORMAÇÕES UTERINAS: 
Estão presentes em 10 a 15% dos abortamentos habituais. As malformações 
uterinas deformam a cavidade uterina e prejudicam o desempenho 
reprodutivo, acentuando a incidência de abortamentos, parto pré-termo, 
crescimento intrauterino restrito (CIR), ruptura uterina e apresentações 
anômalas. A insuficiência cervical está frequentemente associada aos 
defeitos congênitos uterinos, o que explica por que o útero arqueado, a 
malformação mais leve, também determine mau prognóstico obstétrico. O 
útero septado é o mais frequente (35% dos casos) em virtude da má 
vascularização do septo. Os úteros didelfo, bicorno e septado estão 
associados a taxas de parto pré-termo 2 a 3 vezes mais elevadas do que na 
população 
 
INSUFICIÊNCIA CERVICAL: 
Determina, tipicamente, abortamentos de 2º trimestre, e o diagnóstico é 
feito pela história clínica de ruptura espontânea das membranas e 
dilatação sem dor. 
MIOMAS: 
Os miomas que distorcem a cavidade intrauterina podem determinar 
abortamento habitual de 2º trimestre. 
 
FATORES IMUNOLÓGICOS: 
Células T regulatórias (Treg) são um subtipo de célula T auxiliar CD4 + que 
funciona para inibir a resposta imunológica decorrente de infecção, 
inflamação e autoimunidade. O FOXP3, fator de transcrição expresso pelas 
Treg, medeia essa função supressora. Na verdade, existem dois tipos de 
Treg: tímico (tTreg) e periférico (pTreg). Recentemente, identicou-se um 
elemento genético móvel que exalta o gene FOXP3, o CNS1, que existe nas 
pTreg mas não nas tTreg. Desse modo, apenas as pTreg são capazes de 
refrear a resposta imunológica induzida pela gravidez, de reconhecer os 
@resumosdamed_ 
 
9 
antígenos paternos. Essas pTreg suprimem as células T efetoras maternas e 
mitigam o conflito materno-fetal causado pelos aloantígenos paternos. A 
deficiência de CNS1 conduz à inabilidade de induzir pTreg na mãe, 
resultando em infiltração de célula T ativada na placenta e consequente 
abortamento de repetição. 
DIAGNÓSTICO: 
Os exames diagnósticos podem ser assim enumerados: 
• Cariótipo do casal; 
• Avaliação citogenética no material de abortamento; 
• Ultrassonografia transvaginal 3D; 
• Dosagem dos anticorpos LAC (o mais importante) e aCL; 
• Dosagem de TSH e de anti-TPO; 
• Dosagem de testosterona livre/total. 
Não se consegue reconhecer a causa de mais de 50% dos casos de 
abortamento habitual. 
TRATAMENTO: 
As principais medidas terapêuticas são: 
• Fertilização in vitro (FIV) com diagnóstico pré-implantação (DPI) nas 
alterações cromossômicas do casal. 
• Na insuficiência luteínica, administração de progesterona vaginal, 
200 mg/dia, 2 a 3 dias após a ovulação até a transferência 
luteoplacentária entre 7 e 9 semanas. O ACOG (2015) é favorável à 
utilização de progesterona no abortamento habitual. Por outro lado, 
a investigação randomizada de Coomarasamy et al. (2015) em 
mulheres com história de abortamento habitual inexplicável 
concluiu que a progesterona vaginal no primeiro trimestre da 
gestação não foi capaz de elevar a taxa de nascimentos vivos. 
• Administração de levotiroxina no hipotireoidismo (Hashimoto), desde 
que o TSH esteja > 2,5 mUI/mℓ. 
• Redução de peso e metformina na SOP, que seria mantida até 12 
semanas da gravidez. 
• Administração de heparina e ácido acetilsalicílico (AAS) infantil na 
SAF (70% de tratamento bem-sucedido). 
• Ressecção histeroscópica no útero septado e no mioma 
intracavitário. 
A ASRM (2012) não recomenda o tratamento da mulher contra 
antileucócitos paternos, nem a administração de imunoglobulinaintravenosa. 
O casal com abortamento habitual de causa inexplicável deve ser 
confortado, comunicando-lhe a chance de êxito de 70% em uma próxima 
gravidez. Antes de uma nova concepção, aconselha-se: mudança no estilo 
de vida com exercícios moderados e perda de peso, suplementação de 
ácido fólico, cessação do tabagismo, moderação no consumo de cafeína 
e de álcool. 
ENTENDER O ABORTAMENTO HABITUAL INEXPLICÁVEL 
(QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO): 
O abortamento habitual é considerado quando há ≥ 3 interrupções, e sua 
taxa de ocorrência varia com a idade materna. Em mulheres da população 
geral na faixa etária de 25 a 39 anos, a taxa de abortamento esporádico é 
de 12 a 25%, e a de abortamento habitual, de 0,4 a 3%. 
Cerca de 70% das mulheres com abortamento habitual inexplicável não 
apresentam nenhuma doença e têm excelente prognóstico, não 
necessitando de nenhum tratamento. Estudos epidemiológicos sugerem 
que a maioria dessas mulheres com abortamento habitual inexplicável seja 
de fato saudável, sem patologia de base, e tenha sofrido essas três 
interrupções por chance, ao acaso. 
@resumosdamed_ 
 
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Se isso for verdadeiro, em cerca de duas em três mulheres não tratadas (tipo 
I), o prognóstico para a próxima gestação será bom, igual ao da população 
geral. Entretanto, cerca de 1 em 3 das mulheres com abortamento habitual 
inexplicável (tipo II) apresenta fatores de risco ambientais/estilo de vida ou 
endógenos não detectados na investigação inicial rotineira, e o 
prognóstico é ruim. 
CARIOTIPAGEM DO MATERIAL DE ABORTO: 
A taxa de anomalias cromossômicas no abortamento habitual (≥ 3) é de 
cerca de 60%, muito semelhante à do abortamento esporádico. Caso o 
cariótipo do material de aborto seja normal, é improvável que o 
abortamento habitual tenha ocorrido por chance. Nessas mulheres, o 
prognóstico para futuras gestações é adverso, com número elevado de 
interrupções. O estudo do cariótipo tem sido tão relevante que, em face 
das dificuldades de obtê-lo em material de aborto, se propõe a realização 
de biopsia de vilo corial (BVC) transcervical antes do esvaziamento. 
Concluindo, estudos epidemiológicos sugerem que a maioria das mulheres 
mais idosas com abortamento habitual inexplicável (tipo I) não apresenta 
patologia de base, o que pode explicar o bom prognóstico desse grupo em 
futuras gestações. Por outro lado, o grupo de mulheres geralmente jovens 
(tipo II) provavelmente apresenta patologia de base ainda não 
identificada, responsável pelas perdas repetidas. Nesse caso, o cariótipo do 
material de abortamento será normal. O melhor entendimento desses dois 
grupos de mulheres com abortamento habitual inexplicável (tipo I e tipo II) 
pode levar a diferentes tratamentos e estratégias de conduta, inclusive com 
redução de custos. 
ENTENDER O CONCEITO DE INSUFICIÊNCIA CERVICAL 
(QUADRO CLÍNICO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO): 
O termo insuficiência cervical é utilizado para descrever a incapacidade do 
colo uterino em reter o produto da concepção no 2º trimestre da gravidez, 
na ausência de sinais e sintomas de contrações e/ou parto. A insuficiência 
cervical tem incidência de 1:1.000 partos e representa 8% dos casos de 
abortamento. 
 
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO: 
Exibindo quadro clínico característico, a insuficiência cervical é uma das 
principais causas de abortamento habitual tardio ou de parto pré-termo 
extremo. A “dilatação cervical é sem dor” e o feto nasce vivo e 
morfologicamente normal. A insuficiência cervical costuma ser precedida 
por história de traumatismo cervical causado por conização, laceração 
cervical no parto ou dilatação exagerada do colo em casos de interrupção 
provocada da gravidez e defeitos müllerianos. 
Secreção mucoide vaginal e dilatação de 4 a 6 cm sem desconforto 
apreciável ou percepção de contrações reforçam o diagnóstico. A 
dilatação cervical com herniação das membranas visualizadas ao exame 
especular configura o quadro de insuficiência cervical aguda. 
@resumosdamed_ 
 
11 
As perdas gestacionais ocorrem tipicamente no 2º ou no início do 3º 
trimestre, com cada interrupção ocorrendo mais cedo do que a anterior. 
Não há nenhum teste diagnóstico pré-concepcional recomendado para 
confirmar insuficiência cervical. O achado sonográfico de colo curto no 2º 
trimestre, embora esteja associado a risco aumentado de parto pré-termo, 
não é suficiente para diagnosticar a insuficiência cervical, quando está 
ausente a história clínica. 
TRATAMENTO: 
O tratamento é cirúrgico por meio da cerclagem do colo uterino, realizada 
na gravidez. Há duas técnicas de cerclagem vaginal, Shirodkar e 
McDonald, e uma de cerclagem transabdominal. Apesar de não haver 
comprovação da superioridade de uma técnica sobre a outra, a técnica 
de Shirodkar está praticamente em desuso e a de McDonald, mais simples, 
é o procedimento de escolha. 
A cerclagem deve ser limitada a gestações no 2º trimestre (até 24 semanas), 
antes da viabilidade fetal. Nem antibióticos nem tocolíticos profiláticos 
melhoram a eficácia da cerclagem. Certas condutas não cirúrgicas, 
incluindo restrição da atividade física e repouso no leito e pélvico, não são 
efetivas para o tratamento da insuficiência cervical e devem ser 
desencorajadas. 
COMO É REALIZADA A CERCLAGEM? 
OPERAÇÃO DE SHIRODKAR: 
É realizada para o tratamento da insuficiência cervical durante a gravidez. 
A. Incisão anterior da mucosa vaginal na altura do orifício interno da 
cérvice. 
B. Bexiga descolada. 
C. Pequena incisão posterior da mucosa vaginal. 
D. A agulha de Deschamps, ou de modelo semelhante, é introduzida 
sob a mucosa, da porção anterior para a posterior; pela 
extremidade fenestrada é amarrada à fita cardíaca. 
E. A retirada da agulha traz a fita cardíaca que contorna a metade da 
região cervical. 
F. Repete-se a manobra do outro lado, fixada a agulha à outra 
extremidade da tira. 
G. Retirada a agulha, toda a região cervical é circundada pela fáscia. 
H. Um ou dois pontos fixam a tira, ancorando-a na porção posterior. 
I. O mesmo, anteriormente. 
 
TÉCNICA DE MCDONALD: 
É realizada para a cura cirúrgica da insuficiência cervical durante a 
gravidez. Dá-se por uma sutura em bolsa, à altura da junção cervicovaginal, 
com fio Ethibond 5. 
 
 
@resumosdamed_ 
 
12 
 
 
 
TIPOS DE CERCLAGEM: 
Cerclagem história-indicada: a história de uma ou mais perdas 
gestacionais, com quadro clínico de insuficiência cervical, compõe o grupo 
de mulheres que se beneficiarão da cerclagem história-indicada. A cirurgia 
deve ser realizada entre 12 e 14 semanas de gravidez, após a 
ultrassonografia revelar feto vivo e sem anomalias. 
Cerclagem ultrassonografia-indicada: após uma perda fetal, com o quadro 
clínico de insuficiência cervical, está indicado o exame transvaginal do colo 
uterino a partir de 16 a 24 semanas da gravidez. O colo < 25 mm indica a 
cerclagem ultrassonografia-indicada, também denominada terapêutica. 
Cerclagem de emergência: está indicada, até 24 semanas da gestação, 
em pacientes com dilatação cervical < 4 cm e herniação das membranas, 
sem contração e/ou parto, afastada a infecção intramniótica (cerclagem 
exame-indicada). 
Cerclagem transabdominal: tem como principal indicação a falência da 
cerclagem transvaginal, mas também quando a cirurgia extensa do colo 
tenha deixado pouco tecido cervical para realização do procedimento 
baixo. A cerclagem transabdominal exige duas laparotomias; uma para a 
inserção, com 11 semanas, e outra para a operação cesariana. Tem-se 
proposto a cerclagem transabdominal por laparoscopia na gravidez, como 
também fora dela. 
CONTRAINDICAÇÕES: 
Na ausência de parto pré-termo anterior, colo curto identificado no 2º 
trimestre não é diagnóstico de insuficiência cervical e a cerclagem não está 
indicada nesse cenário. A progesterona vaginal é recomendada como 
opção para reduzir o risco de parto pré-termo em mulheres assintomáticas 
com gravidez única, sem história de parto pré-termo e colo ≥ 20mm 
identificado entre16 e 24 semanas. Na gravidez gemelar, a cerclagem 
pode aumentar o risco de parto pré-termo e, mesmo que a ultrassonografia 
identifique colo < 25 mm, ela deve ser evitada. 
COMPLICAÇÕES: 
No geral, o risco de complicações com a cerclagem é pequeno. São 
relacionados: ruptura das membranas, corioamnionite, laceração cervical 
e deslocamento da sutura. Comparada com a cerclagem transvaginal, a 
transabdominal apresenta maior risco de hemorragia que pode ameaçar a 
vida da paciente, além de outras complicações inerentes à cirurgia 
abdominal. 
 
@resumosdamed_ 
 
13 
ENTENDER O ABORTAMENTO DE REPETIÇÃO: 
Outros termos usados para descrever perdas gestacionais espontâneas 
precoces e repetidas incluem abortamento espontâneo de repetição, 
perda gestacional repetida e abortamento habitual. Em geral, aceita-se 
que cerca de 1 % dos casais férteis tenha abortamentos de repetição de 
acordo com a definição clássica de três ou mais perdas gestacionais 
consecutivas com < 20 semanas ou feto com peso < 500 gramas. A maioria 
desses casos consiste em gestações embrionárias ou perdas gestacionais 
precoces, enquanto os demais casos são gestações anembrionárias ou 
perdas com mais de 14 semanas. 
A comprovação da gravidez por dosagem de í3-hCG, ultrassonografia e 
exame anatomopatológico também variou amplamente. No mínimo, o 
abortamento repetido deve ser diferenciado da perda gestacional 
esporádica, que implica na ocorrência de gestações intervenientes que 
alcançaram viabilidade. Embora se acreditasse que as mulheres desse 
último grupo tivessem risco muito menor de ter mais um abortamento, 
existem estudos que questionam esse pressuposto. Em dois estudos, o risco 
de abortamento subsequente era semelhante depois de duas ou três 
perdas gestacionais. Vale salientar que as chances de uma gestação bem-
sucedida são > 50%, mesmo depois de cinco perdas. As perdas gestacionais 
repetidas são definidas como duas ou mais gestações clínicas fracassadas, 
confirmadas por ultrassonografia ou exame histopatológico. Uma avaliação 
detalhada certamente está justificada depois de três perdas consecutivas, 
e o tratamento deve ser iniciado mais precocemente nos casais com baixa 
fertilidade combinada. 
ENTENDER OS ASPECTOS ÉTICO-PROFISSIONAIS E JURÍDICOS 
DO ABORTAMENTO: 
O abortamento legal é realizado em casos de: 
• Violência Sexual: em que não é necessário B.O. ou autorização 
judicial (relato da paciente + assinatura de termo de consentimento) 
para realizar o procedimento, além de não ser passível de punição 
o abortamento provocado após o estupro. É autorizado até 20 
semanas (após essa IG, é preciso encaminhar o RN para adoção se 
a mãe desejar). Em casos de pacientes menores de idade, a 
vontade da mesma prevalece, contudo, é necessário o 
consentimento dos pais (se houver divergência, é preciso 
encaminhar ao poder público). Em casos de paciente incapaz, os 
pais ou responsáveis legais são responsáveis pela decisão. Se o 
médico for contrário à realização do aborto por motivos pessoais, é 
preciso declarar objeção de consciência e encaminhar. 
• Risco de Vida Materno: o risco é alegado por 2 médicos (1 GO e 1 
da especialidade que cuida da comorbidade), além de necessitar 
do consentimento da paciente. 
• Anencefalia: o laudo deve ser emitido por 2 médicos atestando o 
quadro, através de 2 fotos da USG que mostre a ausência de SNC. 
Além disso, é necessário o consentimento da paciente. 
OBS: anencefalia é possível ver no primeiro trimestre da gestação (entre 12 
e 14 semanas), através do rastreio morfológico do 1º trimestre. 
REFERENCIAS: 
• Obstetrícia de Wiliiams/ F. Gary Cunninghan et al. Tradução: 
Ademar Valadares Fonseca et al - 24a ed. – Porto Alegre: AMGH, 
2016. 
• Rezende Obstetrícia/ Carlos Antônio Barbosa Montenegro, Jorge 
de Resende Filho. – 13o ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
2017. 
• Atenção Humanizada ao Abortamento – Norma Técnica 2011 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_humanizada
_abortamento_norma_tecni ca_2ed.pdf

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