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SINTOMATOLOGIA As enteroparasitoses são doenças com amplo espectro de manifestações. As condições de vida, moradia, saneamento básico são, em grande parte, determinantes da transmissão enquanto o grau de acometimento clínico é determinado pelo agente agressor e suscetibilidade do hospedeiro. Quadros assintomáticos a leves como anorexia, irritabilidade, distúrbio de sono, náuseas, vômitos ocasionais, dor abdominal e diarréia ocorrem em pacientes hígidos enquanto os quadros graves e até letais ocorrem em doentes com maior carga parasitária, imunodeprimidos e desnutridos. Vômitos: comuns nas infecções do intestinal delgado especialmente na giardíase e estrongiloidíase. Diarreia crônica, distensão abdominal: ocorrem em giardíase, amebíase e tricocefalíase maciça. Dor abdominal: epigástrica (giardíase, estrongiloidíase, teníase); periumbilical (ascaridíase); fossa ilíaca direita (tricocefalíase, oxiuríase). Disenteria: amebíase, ancilostomíase, estrongiloidíase, tricuríase. Prurido anal e vulvar, irritabilidade, sono intranqüilo: enterobíase. Desnutrição: ascaridíase e tricocefalíase. Prolapso retal: tricocefalíase. Presença de sangue nas fezes: ancilostomíase, tricocefalíase maciça, amebíase e estrongiloidíase. Anemia ferropriva: ancilostomíase e tricocefalíase. Eosinofilia moderada no hemograma: esquistossomíase, estrongiloidíase, ancilostomíase e ascaridíase. Eliminação de vermes cilíndricos nas fezes ou nos vômitos: ascaridíase. Eliminação de proglotes nas fezes: teníase. Obstrução intestinal: ascaridíase. Tosse e infiltrado pulmonar: ascaridíase, estrongiloidíase, ancilostomíase e toxocaríase. DIAGNÓSTICO O diagnóstico das parasitoses intestinais pode ser feito por diferentes métodos como tubagem duodenal, provas sorologias e intradérmicas, pesquisa dos vermes em material coletado ao exame proctológico e avaliação radiológica. No entanto, o exame parasitológico das fezes é o método mais simples, específico e de menor custo. Tem por objetivo demonstrar a presença, na matéria fecal de ovos ou larvas de helmintos e de formas trofozoíticas ou císticas de protozoários. Como a eliminação de determinados tipos de ovos é cíclica e um único método de análise não é suficiente para definir a etiologia das parasitoses, recomenda-se o exame de pelo menos duas amostras. TRATAMENTO O tratamento das parasitoses consiste no emprego de antiparasitários e na adoção de medidas de educação preventiva e de saneamento básico. Nos casos de poliparasitismo, quando não houver possibilidade de usar uma única droga com ação sobre todos os parasitas, deve-se inicialmente tratar os vermes com possibilidade de migração no trato gastrointestinal, como Ascaris lumbricoides e Strongyloides stercoralis. As principais drogas usadas no tratamento dos nematódeos intestinais (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichura, Enterobius vermicularis, Strongyloides stercoralis e ancilostomídeos) são mebendazol e albendazol. O mebendazol é um derivado benzimidazólico de amplo espectro antiparasitário e baixa absorção. Tem atividade ovicida, porém não larvicida. Geralmente tem poucos efeitos colaterais, tais como: dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, constipação, prurido e vertigem. Reações alérgicas são raras. Apresenta taxas de cura para ascaridíase entre 93,8 e 100% e taxas de redução de ovos de 97,9 a 99,5%. O albendazol é outro derivado benzimidazólico de amplo espectro sendo pouco absorvido. Sua ação ocorre diretamente no trato gastrointestinal. Utilizado em dose única para adultos e crianças acima de dois anos. Possui ação vermicida, larvicida e ovicida. Na ascaridíase e enterobíase, apresenta níveis de cura e de redução de ovos de até 96,4%. Os efeitos colaterais são raros, entre eles: tonturas, náuseas, vômitos e dores abdominais. O tiabendazol, droga mais utilizada no tratamento da estrongiloidíase, é também derivado benzimidazólico de amplo espectro. Sua eficácia é maior que 90%. Os efeitos adversos são mais frequentes que de outras drogas do grupo, podendo ocorrer sonolência, cefaleia, náuseas, vômitos diarreia, tonturas e erupções cutâneas que desaparecem com a suspensão do tratamento. O praziquantel é a droga mais recomendada para tratamento da teníase. As reações adversas são de pouca intensidade e transitórias, ocorrendo várias horas após a administração. As mais comuns são dor abdominal, sonolência, cefaleia, náuseas, vômitos, diarreia e sudorese aumentada. O tratamento das protozooses intestinais (giardíase e amebíase) tem sido feito com os derivados nitroimidazólicos: metronidazol, tinidazol ou secnidazol. O secnidazol é usado em dose única. Tem rápida absorção e apresenta efeitos colaterais como: náuseas, dor abdominal, sabor metálico e anorexia. Tais sintomas, entretanto, não exigem a descontinuidade da droga. ANCILOSTOMÍASE Ancylostoma duodenale e Necator americanus Popularmente conhecida como Amarelão, devido à presença de profunda anemia. O parasita adulto habita no intestino delgado (principalmente duodeno e jejuno). Os ovos são eliminados pelas fezes do homem e, ao encontrarem solo com alta umidade, oxigenação e temperatura elevada, passam à forma larvária. As larvas podem ser ingeridas com água e alimentos ou penetra na pele fazendo ciclo pulmonar. Na fase aguda há sintomas cutâneos com dermatite pruriginosa em membros inferiores devido a penetração larvária. Durante migração para pulmões há febrícula, tosse seca de longa ou curta duração, dor torácica, náuseas, vômitos e dispneia leve (síndrome de Loeffler), eosinofilia e infiltrado pulmonar à radiografia de tórax e pneumonia em casos graves. Na fase crônica há dor epigástrica, diarreia, mal-estar, cefaleia, vômitos, prostração, emagrecimento, flatulência, anorexia ou bulimia, geofagia, anemia, melena (em casos graves). O diagnóstico é feito com exame protoparasitológico de fezes pelos métodos qualitativos como exame direto a fresco ou corado pelo lugol, método de Willis e o de Hoffman, Pons e Janer. Também pode-se usar métodos quantitativos de Stoll-Hauser, Barbosa e o de Kato-Katz. O tratamento deve ser feito com: Mebendazol 100mg 2x/dia por 3 dias. Repetir após 2-3 semanas Albendazol 400mg – dose única, repetir após 7 dias, apenas para crianças acima de 2 anos Se houver anemia associada prescrever sulfato ferroso. ASCARIDÍASE Ascaris lumbricoides Popularmente conhecida como Lombriga, afeta o tubo digestivo e órgãos anexos. Os ovos são eliminados nas fezes humanas. As crianças adquirem a infecção por contaminação fecal de brinquedos, solo, dedos, enquanto os adultos geralmente são infectados pela ingestão de água e vegetais crus contaminados. Uma vez ingeridos os ovos eclodem no duodeno e as larvas migram até o intestino grosso, penetram na circulação e atingem o coração e pulmões. As larvas migram pela árvore brônquica inferior até a faringe onde são deglutidas, resistem ao ácido do estômago e desenvolvem-se em vermes adultos no jejuno e íleo. O verme adulto tem corpo cilíndrico, branco leitoso e extremidade afilada, medindo de 10 a 40 cm. Nas infestações de baixa intensidade (3-4 vermes), geralmente não ocorrem sintomas. Nas infestações de média intensidade (30-40 vermes) ou nas maciças (100 ou mais vermes) os vermes adultos podem causar ação espoliadora, tóxica ou mecânica. A passagem da larva pelos pulmões causa tosse, chiado, dispneia, infiltrado pulmonar, leucocitose e eosinofilia de até 50%. Na Síndrome de Loeffler, quadro pulmonar mais grave, há edema dos alvéolos, infiltrado parenquimatoso, manifestações alérgicas e quadro clínico-radiológico semelhante a pneumonia. Na fase digestiva ou crônica os sintomas mais comuns são cólicas, desconfortos abdominais, náuseas, vômitos, meteorismo, flatulência, alterações de apetite, distensão abdominal, diarreia e emagrecimento. Também são descritos quadros de irritabilidade, sono agitado, prurido nasal, urticária devido a reação alérgica aos antígenos parasitários. A complicação mais comum é o quadro de oclusão intestinal devido ao enovelamento de vermes adultos na luz intestinal, também conhecido como“bolo de Ascaris”. Acomete principalmente crianças em idade pré-escolar com quadro de dor abdominal, vômitos com ou sem eliminação do parasita, parada de eliminação de fezes, distensão abdominal, ruídos hidroaéreos aumentados e dor à palpação. Caso a obstrução persista, pode evoluir para necrose da parede intestinal. O Ascaris adulto pode também migrar através dos orifícios naturais do tubo digestivo ou perfurar a parede intestinal. A oclusão do ducto colédoco, do cístico e das vias biliares intra-hepáticas determina aparecimento de icterícia e cólica biliar simulando litíase biliar. A oclusão do canal de Wirsung e da ampola de Vater determina quadro de pancreatite aguda. O Ascaris pode também penetrar no apêndice íleocecal determinando apendicite aguda com toda sintomatologia característica. Quadro de hepatomegalia e dor hepática pode ocorrer nas infecções intensas. O diagnóstico é feito por pela pesquisa de ovos nos exames protoparasitológicos de fezes. Dá-se preferência às técnicas de sedimentação devido ao peso dos ovos. Exames são desnecessários quando há relato de eliminação do verme. Para a visualização de bolo de Ascaris a radiografia simples de abdome é útil. A ultrassonografia pode visualizar o verme no interior do colédoco e a endoscopia digestiva e colangiografia endoscópica retrógrada detectam sua presença no cístico e nas vias biliares intra-hepáticas. O tratamento é feito com: Mebendazol 100mg 2x/dia por 3 dias. Repetir após 2-3 semanas Albendazol 400mg – dose única, repetir após 7 dias, apenas para crianças acima de 2 anos Levamisol 80mg- dose única Em caso de oclusão intestinal por áscaris, a terapêutica preconizada é: - Dieta zero até a resolução do processo; - Sonda nasogástrica aberta; - Administrar 15-30ml de óleo mineral, de 3/3horas, durante 24 horas, com a finalidade de provocar o peristaltismo intestinal e provocar a eliminação dos vermes; - Hidratação parenteral se necessário; Se não ocorrer resolução do processo: Após a desobstrução fazer a manutenção da piperazina na dose de 50-70mg/kg/dia (máximo de 3g) em duas tomadas durante 5 dias ENTEROBÍASE Enterobius vermiculares Também conhecida como oxiuríase, é um infecção que acomete o intestino grosso. Tem como hospedeiro definitivo o homem. A fêmea fecundada migra do ceco para o ânus, principalmente à noite, onde se rompe, liberando os ovos. Os ovos são eliminados nas fezes e uma vez ingeridos, liberam larvas no intestino delgado que então migram para o ceco. Embora a infecção possa ser assintomática, o sintoma mais importante é prurido anal ou vulvar, mais intenso à noite, levando a criança à irritabilidade, alteração de sono e choro. Ocorre irritação anal com proctite e vulvovaginite nas meninas. Dor abdominal, diarreia, náuseas e raramente vômitos são decorrentes da fixação do verme na parede intestinal. Evacuações mucossanguinolentas, "puxo" e tenesmo ocorrem pelo comprometimento do reto. Migração ectópica do verme pode provocar apendicite,vaginite, endometrite, salpingite e formações granulomatosas na parede abdominal. O diagnóstico é feito como encontro de vermes nas regiões anal, perianal ou vulvar. O encontro de ovos nas fezes é raro porque eles ficam aderidos à pele. Deve-se portanto fazer swab com fita adesiva transparente junto a região anal a qual é posteriormente examinada ao microscópio. O tratamento deve ser feito com: Pamoato de pirvínio 10mg/kg em dose única Mebendazol 100mg 2x/dia por 3 dias. Repetir após 21dias TRICURÍASE/TRICOCEFALÍASE Trichuris trichiura Infecção com alta prevalência em regiões quentes e úmidas. O verme adulto tem cerca de 3-5cm de comprimento. Quando adulto vive no ceco e sigmóide e não realiza ciclo pulmonar. Os ovos são eliminados nas fezes e ao serem ingeridos as larvas são liberadas no ceco. As manifestações clínicas são muito variáveis e dependem da idade, estado nutricional e grau de infecção parasitária. Pode ser assintomática, porém quando o grau de parasitismo aumenta, os sintomas se tornam aparentes aparecendo cólicas abdominais, diarreia crônica mucossanguinolenta, tenesmo, desconforto abdominal, prolapso retal, anemia hipocrômica, enterorragia, emagrecimento e quadro semelhante a colite ulcerativa. Há também sintomas gerais como anorexia, insônia, apatia, irritabilidade e crises de urticária. O diagnóstico específico se faz pela presença de ovos nas fezes. O tratamento pode ser feito com: Oxiprantel 6-8mg/kg dose única, para crianças acima de 2 anos. Repetir tratamento após 10 dias ESTRONGILOIDÍASE Strongyloide stercolaris Este parasita tem como seu principal hospedeiro o homem, mas também pode ser encontrado parasitando cães, gatos, porcos,macacos, roedores,etc. São pequenos e medem de 1 a 3mm. Seu habitat natural é o duodeno e porção inicial do jejuno. Em infecções maciças pode ser encontrado desde o piloro até o intestino grosso. Existem três formas de infecção: hetero ou primoinfecção (quando as larvas presentes no solo penetram na pele), a autoinfecção interna (penetração das larvas na mucosa intestinal de indivíduos infectados, cronificando a doença por vários meses ou anos) e a autoinfecção externa (as larvas penetram na pele da região perianal). O quadro clínico pode ser: - Assintomática - Dor abdominal, perda de peso, náuseas, vômitos, má absorção - Sintomas cutâneos e Síndrome de Löeffler - Forma invasiva larvária: dor abdominal alta, diarreia, vômitos, distensão abdominal, desidratação, bacteremia, dispneia, tosse, hipotensão e óbito O diagnóstico é feito pela pesquisa de larvas, uma vez que os ovos não são eliminados. Devemos usar duas técnicas para o diagnóstico: os métodos de Baremann-Moraes e de Rugai e col., em três amostras fecais. O tratamento pode ser feito com: Tiabendazol: 25 a 30 mg/Kg/dia, em 2 tomadas, por 2 a 3 dias. Contra indicado em casos de Insuficiência renal , hepática e doenças neurológicas graves Albendazol: 400 mg/dia, durante 3 dias Irvemectina: 200mcg/kg. Dose única. Dose máxima 6g. Repetir após 15 dias Repetir após 10 a 15 dias Cambendazol: 5mg/kg. Dose única. Repetir após 15 dias. Para crianças acima de 2 anos TENÍASE Taenia solium e Taenia saginata Também conhecida como solitária porque a infecção geralmente ocorre por um único parasita. As tênias são longas, achatadas e segmentadas. Seu corpo é formado por vários segmentos chamados anéis ou proglotes. É adquirida pela ingestão de carne crua ou mal cozida de porco (Taenia solium) ou de boi (Taenia saginata) contendo cisticercos que representam a forma larvária do parasita. Pode ainda haver contaminação, no caso da Taenia solium, pela ingestão de ovos de tênia adulta eliminados pelas fezes do doente.Os embriões migram principalmente para o sistema nervoso central (causando a neurocisticercose), para o globo ocular (levando à cegueira) ou para o tecido muscular (levando a cãibras). A evolução pode ser assintomática ou o doente pode apresentar sintomas inespecíficos como fadiga, irritabilidade, cefaleia, anorexia, náuseas, dor abdominal, perda de peso, diarreia ou constipação e, em alguns casos, obstrução intestinal. A passagem das proglótides através do ânus, pode originar desconforto e sensação de tenesmo. A neurocisticercose é a forma mais grave, com quadros de convulsões, hipertensão intracraniana, cefaleia, meningite cisticercótica e distúrbios psíquicos. É a principal causa de epilepsia em habitantes de áreas endêmicas. O diagnóstico é feito pela tamização das fezes (peneiragem das fezes de 24h) a procura de proglotes ou pelo encontro de ovos nas fezes. O tratamento é feito com: Praziquantel: 10 mg/kg, dose única . Usar com cuidado se houver neurocisticercose nervosa pelo risco de reações adversas devido à ruptura do cisticerco e liberação de antígenos parasitários Niclosamida: 500mg para crianças menores de 2 anos, 1g para crianças entre 2 e 6 anos e 2 g para maiores de 6 anos. Dose única Deve ser feito controle de cura 90 dias após o tratamento. ESQUISTOSSOMOSE Schistosoma mansoni A infecção ocorre quando cercarias penetram na pele, geralmente, de pés epernas em contato com águas contaminadas, adquirindo o Schistosoma mansoni. Os focos peridomiciliares são valas de irrigação de hortas, açudes (reservatórios de água e local de lazer) e pequenos córregos. O ovo necessita penetrar em caramujo onde desenvolve o ciclo assexuado até eliminar as larvas cercarias na água. Ocorre, inicialmente, a dermatite cercariana no local de entrada do parasito. A fase aguda da doença caracteriza-se por síndrome febril, com manifestações gerais (cefaleia, mialgia, mal estar), sintomas respiratórios (tosse e broncoespasmo) e gastrointestinais (dores abdominais, diarreia ou disenteria, náuseas, vômitos) e manifestações cutâneas de hipersensibilidade (prurido generalizado e urticária). Nesta fase o hemograma apresenta leucocitose, eosinofilia e hipergamaglobulinemia. Evolui lentamente para a cronicidade porém a minoria evolui para formas graves da doença, particularmente a forma hepatoesplênica, que pode levar à morte. A forma adulta se aloja no fígado, no sistema porta, causando hepatoesplenomegalia e ascite, hipertensão portal, varizes esofágicas, hemorragia digestiva. O envolvimento intestinal leva o doente a apresentar diarreia mucossanguinolenta, dor abdominal e tenesmo. Pode haver polipose cólica. As formas medulares agudas são particularmente graves, pois podem levar à paraplegia, devido à reação granulomatosa intensa neste local, lesando o tecido nervoso. O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível para se evitar progressão das lesões. A infecção por este parasita deve ser considerada, em pacientes moradores ou que viajaram para áreas endêmicas, que incluem a África Subsaariana, América Latina e Caribe. O esfregaço espesso de Kato nas fezes é a técnica mais adequada para a pesquisa dos ovos. O tratamento é feito com: Oxaminiquine: - Menores de 30kg- 20mg/kg em duas vezes - Maiores de 30kg- 15mg/kg (max. 1g) em duas tomadas Praziquantel: - 30mg/kg em duas vezes O tratamento deve ser feito sempre que se encontrar ovos viáveis ou nas fezes. Vale ressaltar que as drogas acima não atuam sobre as formas larvárias, responsáveis pelos sintomas da fase aguda nem atuam sobre as complicações da fase crônica. O controle de cura deve ser realizado com seis exames parasitológicos de fezes consecutivos, com intervalos mensais sendo o primeiro após 30 dias de tratamento. AMEBÍASE Entamoeba histolytica A transmissão da amebíase ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados com cistos do protozoário ou pelo contato direto, pessoa a pessoa, através das mãos poluídas com fezes contaminadas. Os alimentos podem ser contaminados por manipuladores de alimentos, uso de adubo com fezes humanas, água poluída com fezes humanas e insetos que atuam como veiculadores de cistos. A infecção pode ser assintomática e com portador assintomático em cerca de 90% dos casos. A colite amebiana não disentérica caracteriza-se por surtos de diarreia, alternados com períodos de melhora, com fezes normais a ressecadas. Na colite amebiana disentérica, forma menos comum, ocorrem úlceras no cólon e reto, cursando com diarreia sanguinolenta em número de até 10 evacuações, associada a dor abdominal intensa, tenesmo, desidratação, náusea, vômitos, anorexia e febre de pequena intensidade. Nesta fase podem surgir complicações graves incluindo megacólon tóxico, colite necrosante fulminante e perfuração intestinal. As formas crônicas manifestam-se por queixas intermitentes de dor abdominal e diarreia não sanguinolenta, associadas a perda de peso. Pode ainda ocorrer ameboma ou abscesso hepático. O abscesso hepático amebiano é a forma mais comum de amebíase extraintestinal. Decorre da migração dos trofozoítos através da veia mesentérica superior até ao fígado, onde causa inflamação, degeneração e necrose. O diagnóstico é feito com exame de fezes. Nas fezes diarreicas ou disentéricas predominam as formas trofozoítas e nas fezes formadas predominam os cistos. O tratamento depende da forma clínica presente. Forma Intestinal Assintomática Etofamida: - Menores de 7 anos 200mg 3x/dia por 3 dias - Maiores de 7 anos 500mg 3x/dia por 3 dias Teclosan: - 1 a 3 anos 25mg 3x/dia por 5 dias - Maiores de 3 anos 50mg 3x/dia por 5 dias Forma Intestinal Sintomática Metronidazol: - 50mg/kg dia 3x/dia por 10 dias Secnidazol: - 30mg/kg dose única Formas Extra-Intestinais Abscesso hepático: - Punção percutânea e raramente cirurgia Peritonite: - Laparotomia Ameboma: - Tratamento clínico. Diagnóstico diferencial com carcinoma. GIARDÍASE Giardia lamblia A giardíase é causada pela ingestão de cistos de Giardia lamblia. Estes podem permanecer viáveis em ambientes úmidos, por um período de três meses, e resistem à cloração habitual da água. A transmissão ocorre através da água, do consumo de vegetais, legumes e frutas contaminadas pelos cistos,de manipuladores de alimentos, do contato direto inter-humano (fecal-bucal), principalmente em asilos, creches,clínicas psiquiátricas. Considera-se, ainda, a transmissão por meio de artrópodes, como as moscas e baratas, através de seus dejetos ou regurgitação. O espectro da giardíase é extenso, desde infecções assintomáticas até infecções com diarreia crônica acompanhada de esteatorreia, perda de peso e má absorção intestinal, que podem ocorrer em 30 a 50% dos pacientes infectados. A forma aguda se caracteriza por diarreia do tipo aquosa, explosiva, acompanhada de distensão e dor abdominal. A giardíase pode levar à má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas A, D, E, K, B12, ácido fólico, ferro, zinco. Pode surgir, principalmente em crianças, intolerância à lactose devido à perda da atividade enzimática na mucosa do intestino delgado. O diagnóstico é feito com exame de fezes. Nas fezes diarreicas predominam as formas trofozoítas e nas fezes formadas predominam os cistos. O tratamento é feito com: Metronidazol 20mg/kg dia 3x/dia por 7 dias.(máximo 750mg/dia) Secnidazol 30mg/kg dose única Tinidazol 50mg/kg dose única Mebendazol 400mg/dose 1x/dia por 5 dias
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