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História Natural da Doença e Níveis de Prevenção Tavares Madede Email: tmadede@gmail.com Sozinho Ndima Email: sozinhondima@gmail.com mailto:tmadede@gmail.com mailto:sozinhondima@gmail.com Sumário 1 • Regras de Convivência • Objectivos de Aprendizagem • Generalidades sobre Saúde e Doença • Breve Discussão de Determinantes Socias de Saúde • História Natural da Doença 1. Conceitos e Geralidades 2. Períodos da HND 3. Exercício 4. Exemplos de HND • Lições Chave de Leavell e Clark Sumário 2 • Prevenção 1. Conceito 2. Níveis de prevenção 3. Estratégias de prevenção • Questões chave na prevenção terciária • Resumo da aula Regras de Convivência Objectivos de aprendizagem • No fim da aula, cada aluno deve saber/ser capaz de: 1. Definir conceitos comuns à prática de Saúde Pública 2. Demonstrar familiaridade com as fases da história natural da doença em termos de oportunidade de intervenção; 3. Demonstrar familiaridade com os diferentes níveis de prevenção da doença; 4. Identificar as diversas acções a desenvolver nos níveis de prevenção tendo em conta a História Natural da Doença; Generalidades sobre Saúde e Doença Breve Discussão de Determinantes Socias de Saúde • A combinação entre as condições e o ambiente em que as pessoas vivem é que determinam se as pessoas serão saudáveis ou não; • Vários aspectos, tais como, o local em que as pessoas vivem, o estado do ambiente à volta, factores genéticos, rendimento, nível de educação e suas relações com amigos e familiares têm um grande impacto no estado de saúde das populações; Breve Discussão de Determinantes Socias de Saúde • Outros factores que influenciam a saúde das populações estão relacionados ao acesso e uso de serviços de saúde • Geralmente não podemos culpar as pessoas/populações por serem portadoras de uma saúde pobre ou elogiar outras por uma boa saúde porque elas (as pessoas) não são capazes de controlar directamente muitos dos determinantes de saúde HND – conceito • É a evolução de uma dada doença numa determinada pessoa ao longo do tempo sem nenhuma intervenção. • É um processo dinâmico, que inicia com a exposição a um agente ou a factores capazes de causar doença. • Sem intervenção médica pode ter um dos seguintes desfechos: recuperação, sequelas ou morte HND – Generalidades 1/3 • Embora cada doença tenha uma história natural característica: ▫ As manifestações clínicas e a duração da doença podem variar ▫ Num determinado indivíduo a história natural pode ser interrompida num determinado momento seja por medidas preventivas e/ou terapêuticas ou ainda por factores do hospedeiro ou outros HND – Generalidades 2/3 • Como é sabido: 1. Nem sempre a doença evolui para a fase clínica 2. Em alguns casos a evolução pode resultar em um largo espectro de doença clínica, que pode variar de manifestações ligeiras à graves ou mesmo resultar em morte HND – Generalidades 3/3 • Um entendimento adequado da HND e das causas das doenças são elementos fundamentais para prevenção e controlo adequados de doenças. • O que o clínico observa numa unidade sanitária é apenas uma parte da HND, o epidemiologista tem maior chance de perceber melhor o processo através do contacto com a comunidade Modelos de Causas de Doenças • Teoria do germe • Tríade epidemiológica • Tétrade epidemiológica • Teoria BEINGS • Teoria da rede causal (multicausalilade) • Teoria da roda HND – Períodos 1 • Período Pré-Patogênico ▫ Há interacção da tríade ecológica, constituída por: 1. Egente 2. Hospedeiro 3. Ambiente ▫ Cujo interacção tem potencial de causar doença, dependendo dos factores envolvidos • Período patogênico ▫ Há manifestações fisiológicas resultantes da interacção entre o hospedeiro e o estímulo Agente • É um elemento ou substância, animado ou inanimado, cuja presença (ou ausência) pode iniciar ou perpetuar o processo de doença. • Uma doença pode ter único agente, mais de um independentes ou um complexo de dois ou mais factores. Agente • A sua caracterização deve incluir aspectos como: ▫ Tipo de agente (nutricional, biológico, físico, químico ou mecânico, social ou ainda ausência, déficit ou excesso de um factor essencial à saúde) Biológicos (Origem, Fenótipo, Genótipo, Classificação, Virulência e outros). Características do agente 1. Infectividade: proporcao das pessoas que ficam infectados depois duma exposicao 2. Patogenicidade: proporcao das pessoas infectados que ficam doentes 3. Virulencia:proporcao das pessoas infectados que ficam gravemente doentes ou morrem Exemplos • O vírus da raiva é altamente patogénico e virulento porque virtualmente 100% das pessoas infectadas desenvolvem doença e morrem • Em crianças bem nutridas o vírus do sarampo apresenta alta patogenicidade, mas baixa virulência porque todas apresentam rush cutâneo, mas poucas desenvolvem doença grave ou complicações • Em indivíduos imunocompetentes o bacilo de Koch apresenta baixa infectividade (10 a 30%) e baixa patogenicidade (10%) porque virtualmente os que entram em contacto ficam infectados, mas poucos desenvolvem a doença Hospedeiro • Em linguagem epidemiológica o hospedeiro é chamado “solo” e o agente “semente”. • É uma pessoa ou outro ser vivo (animal) que oferece condições para alojamento e persistência de um agente infeccioso em condições naturais. • Nesta situação, referimo-nos ao hospedeiro como aqueles indivíduos que sejam susceptiveis a determinada entidade patológica. Hospedeiro • Na sua caracterização devem ser incluídas características como: ▫ Idade ▫ Sexo ▫ Raça ▫ Factores genéticos ▫ Imunidade ▫ Comportamento ▫ Hábitos (culturais, por exemplo) ▫ Ocupação. Ambiente • Refere-se ao meio que reune condições propícias para o desenvolvimeto do referido agente/fcator. • A sua caracterização deve incluir: ▫ Aspectos físicos (clima, estação do ano, geografia, água, ar, solo, habitação) ▫ Aspectos psicosocio-económicos (estilos de vida, vida comunitária, pobreza, urbanização, rendimetno, educaçao, stress) ▫ Aspectos biológicos (agentes microbiológicos, insectos, animais, plantas e o homem) Hospedeiro Genética do hospedeiro Estágio da infecção Terapia Antiretroviral Infecções do trato reprodutivo Ectopia cervical Circuncisão masculina Uso de contraceptivos Menstruação e gravidez Agente Subtipo de HIV (A, B, C, D, E) Diferenças fenotípicas Diferenças genotípicas Resistência anti-retroviral aos medicamentos Ambiente Normas sociais Taxa media de mudança de parceiro sexual Prevalência ou probabilidade de exposição local Determinantes sociais e económicos ou riscos comportamentais HND: Período Pat1 • Compreende duas fases: a sub clínica e a clínica. ▫ Fase sub-clínica: patogenia e patologia precoces (período de incubação/latência) ▫ Fase clínica: patologia avançada (sinais e sintomas típicos da doença) e desfecho HND – Períodos 2 HOSPEDEIRO AGENTE Interacção de: AMBIENTE HOSPEDEIRO AGENTEAMBIENTE PERÍODO PRÉ-PATOGÉNICO PERÍODO PATOGÉNICO Estímulo desencadeante da doença SAÚDE Tempo Horizonte clínico Fase sub-clínica Fase clínica Sinais e sintomas Defeitos e invalidez MORTE Cronicidade Convalescença Doença assintomática CURA Doença assintomática ou inaparente Patogenia precoce Pa to lo gi a pr ec oc e Pa tol og ia av an ça da Lições chave de Leavell & Clark 1. Qualquer doença ou problema de saúde no ser humano é resultado de um processo dinâmico; 2. Este processo envolve uma série de causas que afectam a interacção entre agentes, hospedeiro individual e meio ambiente e cujos efeitos se fazem sentir numa dada população; 3. Requer-se uma atitude preventiva para interromper este processo o mais cedo possível. Conceitos importantes para as doenças infecciosas HND: Período PP2 • Ao processo de interacção contínua entre agente hospideiro e meio ambiente para a perpetuação da infecção dá-se o nome de cadeia do processo infeccioso • Este processo permite a identificação dasinteracções mais fracas no processo infeccioso cuja intervenção permite o controlo eficaz da doença HND: Período PP3 • Para que ocorra transmissão de infecção: o agente deve deixar o reservatorio ou hospedeiro pela porta de saída através de um via de transmissão e infectar o novo hospedeiro pela porta de entrada. • A saída do agente do reservatório/hospedeiro nao implica interrupção da doença. HND: Período PP4 • Reservatório: é o habitat onde o agente etiológico normalmente vive, cresce e se multiplica. • É a fonte de infecção. • Quando o reservatório é humano, pode ser classificado em portador ou doente (portador sintomático) HND: Período PP5 • Reservatorio animal: quando a doença é transmitida de animais para os humanos. Alguns são involvidos nas chamadas Zoonoses. ▫ Brucelose, Peste, Raiva , Schistosomiase, Malaria e arboviroses etc Reservatorio Ambiental: a fonte da doença é o ambiente. ▫ Plantas , solo e agua HND: Período PP6 • Porta de Saida: é o meio através do qual o agente etiológico deixa o hospedeiro. ▫ Tracto respiratório ▫ Tracto digestivo ▫ Tracto urinário ▫ Pele lesionada ▫ Percutanea (agulhas) ▫ Sucção por artrópodes HND: Período PP7 • Via de Transmissão: é a forma como o agente sai de um hospedeiro ao outro. ▫ Directa: 1. Contacto directo: beijo, pele, mucosas 2. Goticulas : tosse, espirro HND: Período PP8 ▫ Indirecta 1. Ar: poeiras 2. Veículos animados ( mosca , mosquito) e inanimados (bistury, seringa, espátula, luvas, água, comida, fomites, sangue) 3. Transmissão biológica: quando há mudanças do agente dentro do veículo animado HND: Período PP9 • Porta de entrada: normalmente coincide com a porta de saída • Novo Hospedeiro: a ligação final da cadeia do processo infeccioso é a existência de um susceptível para a perpetuação da infecção, passando a ser a nova fonte de infecção. Prevenção - conceito 1 • Medidas destinadas não somente a evitar o aparecimento da doença, tais como a redução dos factores de risco, mas também a conter seu avanço e atenuar suas consequências, uma vez estabelecidas (OMS, 1998) HOSPEDEIRO AGENTE AMBIENTE Prevenção - conceito 2 • Todas as acções levadas a cabo de modo a evitar tanto o aparecimento da doença quanto o prolongamento dos seus efeitos, uma vez estabelecida. • A prevenção não é um processo estático e destinado à uma fase específica da evolução da doença, mas vai tomando várias formas à medida em que a doença evolui. Prevenção – níveis 3 Início da exposicão a Factores de risco Início biológico da enfermidade Ponto mais precoce em que deteccão é possível Deteccão Precoce (se possível), ou Deteccão baseada em sintomas ou sinais que ocorrem no início da fase clínica, ou Deteccão baseada em sintomas e sinais, que ocorre com atraso depois do início da fase clínica Morte Prevencão da Exposicão Cessacão da exposicão PREVENCÃO PRIMÁRIA PREVENCÃO SECUNDÁRIA PREVENCÃO TERCIÁRIA Prevenção – níveis e estratégias 2 Prevenção – níveis e estratégias 3 PERÍODO PRÉ-PATOGÉNICO • Educação geral e em saúde. • Bons padrões de nutrição ajustados às diferentes fases da vida. • Habitação e vestuário adequados. • Condições satisfatórias de trabalho e de recreação. • Atenção para o desenvolvimento da personalidade. • Educação sexual e aconselhamento matrimonial. • Aconselhamento genético. • Imunizações específicas. • Profilaxia medicamentosa. • Higiene pessoal. • Saneamento ambiental • Protecção contra riscos ocupacionais. • Protecção contra acidentes • Nutrientes específicos. • Protecção contra carcinogéneos. • Não exposição a alergenos, substâncias tóxicas ou venenosas. • Meios de protecção individual: botas, repelentes, etc. 1º NÍVEL Promoção de saúde 2º NÍVEL Protecção específica FASE DE PREVENÇÃO PRIMÁRIA Prevenção – níveis e estratégias 4 PERÍODO PATOGÉNICO (1) Patogenia precoce Patologia precoce Patologia avançada • Exames médicos periódicos, gerais ou dirigidos. • Busca e exame de comunicantes. • Levantamentos ocasionais. • Tratamento adequado. • Métodos educativos relativos à importância do diagnóstico precoce e aos meios para torná-lo possível • Tratamento adequado. • Busca de casos 3º NÍVEL Diagnóstico e tratamento precoces 4º NÍVEL Limitação de incapacidade FASE DE PREVENÇÃO SECUNDÁRIA Prevenção – níveis e estratégias 5 Objectivos do diagnóstico e tratamento: • Recuperar a saúde, pela cura completa, quando possível; • Impedir que a doença continue a evoluir, prevenindo a ocorrência de complicações ou a instalação de defeitos; • Reduzir o grau e a duração da incapacidade; • Evitar a propagação da doença a outros indivíduos, quando se trata de doença transmissível. Prevenção – níveis e estratégias 6 Defeito • Provisão de recursos hospitalares e comunitários para recuperação e educação, visando ao máximo aproveitamento da capacidade remanescente. • Educação do público e dos empregadores para utilização dos reabilitados. • Ocupação selective, laborterapia (terapia ocupacional). • Fisioterapia. • Instituições para manutenção e tratamento de certos doentes crónicos. • Educação do público para anulação de preconceitos e tabus relativos a certas doenças. 5º NÍVEL Reabilitação FASE DE PREVENÇÃO TERCIÁRIA Questões chave na prevenção terciária (Leavell e Clark,1965) 1. Que circunstâncias levaram este indivíduo a alcançar tão avançado estágio desta doença? 2. O que poderia ter sido feito para interromper o avanço da doença em um período mais precoce? Obrigado pela atenção! Dúvidas? Comentários?
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