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Ortopedia Bruna Argolo LESÕES DO OMBRO E COTOVELO ANATOMIA: • A articulação do ombro envolve toda a cintura escapular superior • Desde a clavícula, a junção com o esterno, a escapula, e, principalmente a junção do glenoide com a cabeça umeral • No ombro temos também uma estrutura semelhante ao labrum do quadril, que é justamente uma estrutura que aumenta a cobertura e aumenta a estabilidade do ombro – pode ser comparado a borda de um prato, pois todo prato tem a parte mais funda e a borda, que impede a comida de cair do prato – o labrum (seta preta) aumenta a cobertura da glenoide, trazendo estabilidade para o ombro • Manguito rotador (4 músculos importantes): subscapular (face anterior), supraespinhoso, infraespinhoso e redondo menor (face posterior) • Para estabilizar o ombro são importantíssimos o labrum e o manguito rotador • Bursa subacromial: evita o atrito do musculo sobre o osso – quando a bursa está inflamada temos a bursite LUXAÇÃO GLENO UMERAL: • 50% de todas as luxações: - A articulação entre a glenoide e a cabeça do úmero é instável, devido à baixa cobertura óssea da glenoide, que é pouco côncava, não mantendo a cabeça do úmero tão bem encaixada - O labrum e o manguito rotador são as estruturas que trazem estabilidade • 96% é de luxação anterior: - Quem dita a forma que luxou é sempre o seguimento distal, ou seja, se a parte distal da articulação estiver anterior, será uma luxação anterior - Nesse caso, se a luxação anterior é o deslocamento da cabeça do úmero (parte distal da articulação) para a face anterior Subluxação Luxação Normal Ortopedia Bruna Argolo • Recorrência – a depender da idade que se tem o primeiro quadro: o < 20 anos: 55 a 95% o 20-40 anos: 60% o > 40 anos: < 6-10% OBS: Se a primeira luxação ocorre antes dos 20 anos a chance de recorrência é muito alta, e, por isso, existem aqueles que já defendem a reconstrução do mecanismo de estabilidade (labrum e/ou manguito rotador) • Mecanismo de trauma: o Ombro em abdução, rotação externa e extensão o Convulsões e choque (devido a contração muscular rigorosa) DIAGNÓSTICO: • Incapacidade funcional • Sinal da dragona – dragona é a vestimenta vista na imagem ao lado, e como o ombro fica em uma posição que se assemelha a forma desta roupa, o sinal recebeu essa denominação • Raio X: AP + perfil + axilar -> a radiografia sempre deve ser feita antes de reduzir principalmente para documentar o quadro, mas também porque a luxação pode vir acompanhada de fratura, e para que não haja suspeita de que a redução é que causou a fratura, devemos ter isso documentado – lembrando que as reduções devem ser feitas em ambiente hospitalar e, se possível, sob anestesia • Na imagem ao lado vemos um ombro com a relação anatômica normal (ombro esquerdo – lado direito da imagem) e um ombro apresentando o acrômio proeminente, apresentando então o sinal da dragona (ombro esquerdo – lado direito da imagem) TRATAMENTO: • Hipocrates • Tração - Como eu faço para reduzir um ombro? o É necessário fazer um movimento de tração em um sentido e um movimento de contratração em um sentido oposto, o que impede que o paciente venha em sua direção quando realiza-se a tração o Em geral, partindo do 0, vai fazendo a abdução do membro superior, e quando, em alguma posição, o paciente relaxar a musculatura do peitoral, o ombro volta para o lugar, sendo sentido um “solavanco” por quem está realizando a manobra e também pelo paciente, que sentira melhora da dor com a acomodação do ombro o Essa redução também pode ser feita com o paciente anestesiado, onde será mais fácil, por não ter que ficar “lutando” contra a força da contração muscular desse paciente - Após a redução sempre deve ser feita uma radiografia de controle, para saber se a redução realmente foi feita de forma correta - A imobilização deve ser feita com tipoia por 10 a 15 dias após a redução, para auxiliar na recuperação das partes moles • Avaliação cirúrgica - Em geral, ao luxar o ombro pode-se lesar tanto o labrum quanto o manguito rotador - A avaliação cirúrgica de reconstrução do labrum e/ou do manguito rotador levam em consideração principalmente a idade do paciente e quantos episódios de luxação ele já teve - No paciente jovem que já teve mais de dois episódios de luxação, por exemplo, vamos ter indicação de fazer a reconstrução do labrum ou do manguito rotador ou de ambos Ortopedia Bruna Argolo - Já no paciente idoso, com mais de 60 anos, que teve sua primeira luxação, não vamos ter indicação cirúrgica de reconstrução, apenas de tratamento conservador TENDINOPATIA DO OMBRO: • Manguito rotador: o Supraespinhal – mecanismo de abdução e elevação o Infraespinhal – mecanismo de rotação externa o Subescapular – presente da face anteriror o Redondo menor – mecanismo de rotação externa • Bursa subacromial • Síndrome do impacto: - É o estreitamento no aspecto entre o acrômio e a cabeça do úmero, e quem está entre os dois é justamente tendão do manguito rotador, que é justamente o mais comum de ser lesado - Entre o acrômio e a cabeça do úmero temos também a bursa, onde gera processo inflamatório por trauma mecânico, levando a bursite - Algumas teorias falam que todos os seres humanos acima de 45 anos vão ter algum grau de tendinopatia do manguito rotador, alguns sendo sintomáticos e outros assintomáticos - Na prática, vemos que realmente há uma alta prevalência de tendinopatia do manguito rotador, principalmente acima de 45 anos de idade - Em alguns pacientes temos apenas um processo inflamatório, uma tendinite - Em outros pacientes, vemos um aspecto de ruptura mesmo do tendão, com uma lesão em “rasgo” do mesmo (como na imagem); normalmente o tendão rasga justamente na porção mostrada na imagem, que é a inserção desse tendão na cabeça umeral, que é o local chamado de footprint do tendão (local onde o tendão ancora na cabeça umeral) - O mais comum de ser lesado é o supraespinhoso ou supraespinhal, tendo a bursite subacromial associada DIAGNÓSTICO: • Dor na face lateral ombro • Dor noturna • Limitação para elevação - Paciente refere dores ao pentear cabelo, escovar os dentes... • Teste de Neer e Jobe: - Teste de Neer: faz-se a elevação passiva do membro e o paciente refere dor na face anterior do ombro - Teste de Jobe: faz-se a rotação interna dos dois membros superiores, fazendo uma contra resistência, ou seja, segura as duas mãos do paciente (fazendo força para baixo) e pede que ele tente levantar os braços, pedindo, então, que ele faça uma força ativa de elevação, e o paciente refere dor Ortopedia Bruna Argolo • Raio X, USG e RNM: - Raio X exclui outras patologias - USG é examinador dependente, então só deve ser utilizado quando o próprio medico que está avaliando vá fazer ou que alguém de sua confiança faça - RNM é o padrão ouro; na imagem abaixo vemos a seta preta apontando para o tendão do supraespinhoso, que deveria estar inserido bem mais abaixo, onde foi feito o ponto azul, então esse tendão rompeu e retraiu até o meio da cabeça do úmero, assim como na segunda imagem também houve a ruptura do tendão, mas com uma retração menor TRATAMENTO: • Tratamento conservador (bom resultado em até 90%) o Analgesia o Fisioterapia o Mudança de hábitos OBS: O mais importante não é reconstruir a anatomia, é ficar sem dor • Tratamento cirúrgico via artroscópico com reinserção + acromioplastia - O tratamento cirúrgico será utilizado em casos de falha do tratamento conservador, ou seja, após a paciente modificar os hábitos, fazer a fisioterapia e a analgesia e não ter obtido melhora - A cirurgia é feita por artroscopia em 95% dos casos, para que se tenha menor agressão aos tecidos moles, menor cicatriz e uma recuperaçãomais rápida - Reinserção: reimplanta o tendão no footprint - Acromioplastia: lixa a porção ganchosa do acrômio para diminuir o impacto da região TENDINOPATIA DO COTOVELO: • Epicondilite lateral (cotovelo do tenista): o Dor na origem dos extensores o Todos os tendões que fazem movimento de extensão do punho e dos dedos saem do mesmo local, que é o epicôndilo lateral do cotovelo • Epicondilite medial (cotovelo do golf): o Dor na origem dos flexores o Todos os tendões que fazem movimento de flexão do punho e dos dedos saem do mesmo local, que é o epicôndilo medial do cotovelo (face interna do cotovelo) Ortopedia Bruna Argolo DIAGNÓSTICO: • Dor para atividades diárias • Teste de Cozen: - O paciente realiza a extensão ativa do punho contra a resistência, ou seja, realiza-se uma força contraria a extensão do punho desse paciente, para que ele tente fazer a extensão vencendo essa força – o paciente deve estar com o punho cerrado (imagem 1) - O paciente irá sentir dor no epicôndilo lateral • Teste de Milch - O paciente realiza a extensão ativa do punho, que nesse teste deve estar flexionado e com os dedos do paciente abertos (imagem 2) - O paciente irá sentir dor no epicôndilo lateral • USG e RNM: - USG deve ser feita pelo próprio medico ou por algum profissional de confiança do mesmo - RNM é padrão ouro; a imagem mostra um corte em T2, onde vemos o processo inflamatório bem na origem dos tendões extensores, que partem do epicôndilo lateral TRATAMENTO: • Conservador o Analgesia o Fisioterapia o Mudança de hábitos – evitar o movimento que gerou a epicondilite • Infiltração - Se o resultado não for positivo com o tratamento conservador, ou seja, o paciente continua com dor e/ou limitação funcional, então pode-se utilizar a infiltração com corticoide e anestésico - A infiltração dura de 3 a 6 meses com melhora completa dos sintomas nesse período, mas podendo haver a reicidiva após esse período, principalmente em pacientes que não realizam o tratamento conservador aliado a infiltração - A infiltração pode ser repetida, mas deve-se evitar fazer isso, principalmente em intervalo menores que 3 meses, inclusive porque o corticoide aumenta o risco de ruptura dos tendões (corticoide induz a apoptose celular e por isso deve ser evitada a repetição) - São usados os corticoides de deposito: betametasona e triancinolona - A infiltração também pode ser feita com ácido hialurônico, que é um tratamento com custo um pouco mais elevado, mas que pode melhorar os sintomas por até 1 ano - Lembrando que a infiltração só deve ser feita na falha do tratamento conservador, e mesmo quando a infiltração é feita, o tratamento conservador deve estar aliado, para evitar recidiva - Casos cirúrgicos de ter que abrir e debridar e/ou fazer reinserção dos tendões são raros, mas existe essa opção no caso de falha da infiltração OBS: O tratamento conservador consegue resolver boa parte dos casos
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