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Patologias do pé e tornozelo - Ortopedia - 7º Semestre

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1 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
 
 
ENTORSE E LESÃO LIGAMENTAR 
ANATOMIA 
• O tornozelo é formando pelo tálus, terço distal da tíbia 
e fíbula. 
Tem alguns ligamentos fundamentais para a 
estabilidade dessa articulação para ser indolor e 
estável. 
• Sindesmose: 
→ Mantém a relação articular entre tíbia e fíbula; 
→ É composta por 4 ligamentos: tibiofibular anterior, 
tibiofibular posterior, transverso e interósseo, que é 
uma continuação da membrana interóssea, essa 
membrana vai até o joelho. 
 
• Complexo ligamentar lateral: é composto por 3 
ligamentos: talofibular anterior, talobular posterior e 
fibulocalcaneo; 
• Complexo ligamentar medial (deltoide): é dividido em 
feixes superficial (em torno de 5) e profundo (mais 
importante, que mais estabiliza o tornozelo. É o mais 
forte). 
 
 
 
 
A estrutura ligamentar do tornozelo é composta da 
sindesmose + complexo ligamentar lateral + complexo 
ligamentar medial. 
Alguém já passou por isso, ou pelo menos já viu alguém 
que teve entrose de tornozelo, que é quando o 
tornozelo “vira”, causa bastante dor e edema nessa 
região distal do tornozelo. 
EPIDEMIOLOGIA 
• 2,15/1000 pessoas ao ano nos EUA; 
• Incidência máxima da entorse do tornozelo 
ocorreu entre 15 e 19 anos de idade (7,2 por 1000 
pessoas-ano); 
• Quase metade de todas as entorses de tornozelo 
(49,3%) ocorreram durante atividade atlética, com 
basquete (41,1%), futebol americano (9,3%) e 
futebol (7,9%) associados à maior porcentagem 
de entorses de tornozelo. 
EPIDEMIOLOGIA DA LESÃO LIGAMENTAR 
• O talofibular anterior é lesado de 40 a 70% das 
entorses; 
• Ou seja, torceu o tornozelo é muito comum que 
seja o ligamento talofibular anterior, por exemplo, 
se chega um paciente na emergência com 
aquele edema e dor na face distal da fíbula, sem 
RNM, já se sabe que o ligamento talofibular 
anterior que está lesado. 
• O fibulocalcâneo está lesado em 20%; 
• Ligamento deltoide 2,5%; 
• Sindesmose de 1 a 10%. 
CLASSIFICAÇÃO 
→ Primeiro grau: quadro álgico e edema 
localizados; manutenção da integridade 
articular; sem limitação funcional; 
→ Segundo grau: quadro álgico intenso, edema 
difuso e hematoma; lesão ligamentar e 
limitação funcional moderada (redução da 
amplitude de movimento da articulação); 
→ Terceiro grau: lesão ligamentar; incapacidade 
funcional completa (incapacidade de suporte 
de carga). 
A caracterização da entorse é uma 
caracterização clínica, não precisa de exame de 
imagem para confirmação. Se classifica, 
basicamente, com a dor e a capacidade 
funcional desse paciente. 
 
Patologias do pé e tornozelo 
2 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
 
Geralmente o paciente chega dessa forma da 
imagem acima. Nesse caso, está lesado a parte distal 
da fíbula. Normalmente o paciente chega pulando, 
sem conseguir apoiar esse pé no chão, com edema 
importante nessa região antero-lateral da perna. 
 
Se a lesão for mais tardia, que já passou cerca de 5-7 
dias, provavelmente essa equimose no tornozelo é 
sangramento que veio da lesão ligamentar. 
 
 
Esse paciente, por ser uma lesão na face medial da 
perna, provavelmente tem lesão do deltoide. 
RADIOGRAFIAS 
Quando o paciente chega no pronto socorro precisa 
não é obrigatório solicitar radiografia. Existe os critérios 
de OTTAWA que identifica se o paciente que precisa 
ou não realizar o exame de radiografia. Porém, como 
estamos fazendo uma medicina protetiva, é raro que 
o paciente vá no pronto-socorro e o médico não 
solicite a radiografia. 
• Tornozelo: AP/AP verdadeiro/perfil; 
• Pé: AP/oblíquo – consegue ver se o paciente teve 
uma fratura na base do 5º metatarso porque ela está 
associada a entrose de tornozelo. 
Se necessário, solicitar radiografia da perna inteira, se 
o paciente tiver dor, tiver limitação funcional, porque 
ele pode ter uma fratura mais alta da fíbula, não é 
comum, mas pode ter. 
 
 
Raio x de tornozelo feita em AP verdadeiro e perfil. 
 
 
RESSONÂNCIA 
• Pode ser indicada nos casos de persistência da 
dor após 08 semanas da lesão inicial; 
Não solicita RNM para todo mundo, mesmo tendo 
lesão ligamentar, porque não tem função nenhuma. 
OBSERVAR a lesão ligamentar na RNM para fechar o 
diagnostico, até porque o tratamento não vai 
depender disso, mais pra frente veremos que o 
tratamento será conservador. 
• Objetivo de investigar lesões associadas: 
✓ Lesão osteocondral – não vê na RX porque 
aqui falamos, basicamente de cartilagem; 
✓ Impacto ântero-lateral; 
✓ Lesões ligamentares crônicas – levará a 
instabilidade do tornozelo, então a RNM será 
muito boa nesse caso; 
TRATAMENTO 
Tratamento SEMPRE conservador até que se prove o 
contrário. O cirúrgico será em casos de extrema 
exceção. Faz o PRICE: 
• P -> proteção 
• R -> repouso 
• I -> ice (gelo) (de 4 em 4 horas) – sob compressão 
com a bandagem; 
• C-> Compressão; 
• E -> Elevação do membro para reduzir o edema; 
• Anti-inflamatórios não esteroides para reduzir a 
inflamação ao redor do tornozelo. 
TRATAMENTO CIRURGICO X TRATAMENTO 
CONSERVADOR 
• Não há evidências na literatura comprovando que 
o tratamento cirúrgico tem melhores resultados 
funcionais, taxas de retorno ao esporte, custos ou 
redução da incidência de novas entorses. 
3 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
A imobilização é muito controversa, ainda na literatura, 
então existe uma briga entre a remobilização precoce 
e a imobilização. O que se sugere é se o paciente tem 
um grau 3 de lesão, o ideal é você imobilizar esse 
paciente, porque ele vai cursar com muita dor se 
mantiver essa articulação com mobilidade. Essa 
imobilização será por um curto período de tempo, 
cerca de 10 dias. A imobilização, em geral, se faz ou 
com gesso ou com robofoot (bota de velcro). 
No grau 2 fica muito duvidoso, se o médico vê que tem 
um paciente muito queixoso vale a pena imobilizar, se 
é um paciente que está com pouca dor, vale a pena 
deixá-lo sem imobilização nenhuma. 
No grau 1 não imobiliza. Faz o tratamento conservador 
com o PRICE. 
A fisioterapia é muito importante porque visa conseguir 
atuar diminuindo uma parte do edema, na analgesia 
e depois que o edema e a dor diminuiu, consegue 
trabalhar na parte da propriocepção para que esse 
paciente não volte a ter uma nova lesão. 
Os ligamentos, quando rompidos, não vão cicatrizar 
mais na forma de ligamento e sim na forma de fibrose 
e o mais importante é que essa fibrose se dê da mesma 
forma que o ligamento era, ou seja, essa fibrose que 
vai cicatrizar esse ligamento vai estabilizar do mesmo 
jeito que o tornozelo estava antes de ter a lesão. Em 
uma ressonância, por exemplo, fica evidente a lesão, 
pois nunca vai voltar ao mesmo jeito que era antes, 
mas não tem perda de função; se for bem tratada, 
não existirá uma facilidade maior para um novo 
rompimento. 
Lembrando que o tratamento é conservador nos três 
tipos: grau 1, 2 e 3, assim como indicação para 
fisioterapia. A indicação cirúrgica existe, mas é uma 
exceção bastante específica da especialidade. 
O tratamento cirúrgico pode ser feito via artroscopia 
ou cirurgia aberta e, basicamente, o que vai 
acontecer na cirurgia é a reconstrução dos 
ligamentos. Porém, como dito no tópico anterior, não 
existe nenhuma superioridade em relação ao 
tratamento cirúrgico e o tratamento conservador. 
HÁLUX VALGO 
• Definição: deformidade complexa do primeiro raio, 
caracterizada pelo desvio em valgo do hálux e em 
varo do primeiro metatarso, frequentemente 
dolorosa, podendo estar acompanhadapor 
deformidades e sintomas nos outros dedos. 
 
 
É uma patologia muito comum, sendo um desvio valgo 
do hálux, ou seja, quer dizer que a face distal da 
articulação está ficando distante do centro do corpo. 
Dessa forma, no hálux (dedão do pé) é em valgo, um 
varo no primeiro metatarso, ou seja, o primeiro 
metatarso vai se aproximar do centro do corpo. Na 
imagem acima é possível perceber as deformidades 
nos outros dedos, sendo bem clássico de patologia de 
pé reumático. 
• O mais antigo caso de hálux valgo permanece a 
uma múmia egípcia encontrada na necrópole de 
Sharuna e foi datada em 2100 a.C. O ângulo de 
valgismo do hálux medido foi de 28 graus. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
→ População Infantil: 
 2 (meninas):1 (menino) 
 Forma juvenil: herança autossômica dominante. 
→ População Adulta: 
 15 (mulher):1(homem) 
Acomete mais mulheres. A forma juvenil, por ser de 
herança dominante, é bastante familiar. 
ETIOLOGIA 
→ Fatores Extrínsecos: 
 Calçados: a incidência de hálux valgo foi estudada 
na ilha de Santa Helena, onde metade dos 
habitantes da ilha gradualmente adotou calçado 
nas últimas décadas. Hálux valgo foi encontrado 
em menos de 2% dos não-calçados e em 16% dos 
homens e 48% das mulheres que usavam sapatos. 
 
Calçados tipo bico fino faz uma deformidade no pé, 
semelhante a um triângulo. Se tiver uma herança 
4 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
familiar associada é quase certo que esse paciente 
desenvolva o hálux valgo. 
 
→ Fatores Intrínsecos: 
 História Familiar: estudo publicado em 2017 com 
2662 pacientes encontrou prevalência de 54,3% de 
hálux valgo, 13,8% de joanete e 8,9% de dedo 
martelo tendo sido identificado histórico familiar em 
53,2%, 61,2% e 56,1%, respectivamente. 
 Varismo do 1º Metatarsiano: o metatarsus primus 
varus é condição congênita, responsável pelo 
surgimento da maioria dos casos de hálux valgo 
juvenil. No hálux valgo adquirido o varismo do 1º 
metatarsiano pode surgir como deformidade 
secundária em decorrência de forças atuantes 
sobre a cabeça do 1º metatarsiano. 
 Fórmula digital do tipo egípcio: o hálux é maior do 
que os demais artelhos, recebendo durante a 
marcha, especialmente com calçados, a ação de 
forças valgizantes. 
 Doenças sistêmicas (neuromusculares e 
reumáticas): causam alterações no equilíbrio da 
musculatura intrínseca e extrínseca do pé, nas 
estruturas capsuloligamentares e articulares que 
favorecem o aparecimento de deformidades 
várias, incluindo o hálux valgo. 
QUADRO CLÍNICO 
• O diagnóstico é clínico, baseado na constatação da 
presença do desvio em valgo e graus variados de 
pronação do hálux, acompanhados da presença de 
massa que se projeta medialmente, na altura da 
cabeça do 1º metatarsiano. 
 
Observando a imagem, além do desvio de hálux em 
valgo, a unha começa a “olhar” para o lado. Todos os 
pés acima são do mesmo paciente, o que mostra a 
progressão da doença. Esse tipo de deformidade é 
clássico de patologia reumática. 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• Radiografia do pé com carga nas incidências: 
AP/Perfil. 
 
Durante o raio-X, é solicitado para o paciente apoiar o 
pé no chão (incidência com carga) em AP e perfil 
para se avaliar as diversas angulações. 
 Classificação: 
 
 
Por possuir diversas angulações, avalia-se o grau de 
valgismo, ângulo intermetatarsal e os sesamóides (dois 
ossinhos que aparecem abaixo do hálux (local que a 
mãozinha está apontando no desenho). A avaliação 
desses ossos é importante porque aos poucos eles vão 
saindo para a lateral, o que ajuda na classificação do 
hálux valgo em leve, moderado e grave. 
TRATAMENTO 
→ Conservador: 
 Uso de calçados mais largos e de saltos baixos 
(evitar o salto alto); 
 Uso de calçados especiais com câmaras anteriores 
amplas (típica sandália Anabela ou para 
diabético); 
 Palmilhas compensatórias (ajudam a corrigir o arco 
do pé); 
 Órteses noturnas. 
O tratamento conservador não vai corrigir a 
deformidade. Não existe algo que não seja cirúrgico 
que corrija essa deformidade. Isso é só para alívio 
sintomático. 
→ Tratamento Cirúrgico: 
O tratamento cirúrgico é indicado quando o paciente 
já tem uma perda de qualidade de vida, quando 
aquela deformidade já incomoda bastante, 
principalmente em relação a dor e pela questão 
estética também, além de limitações durante 
5 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
atividade física. Existem diferentes técnicas cirúrgicas, 
mas todas atuam no 1º metatarso e no hálux, tentando 
fazer esse mecanismo de abdução. 
 
 
 
Os objetivos: 
1) Corrigir o valgismo e pronação do hálux através de 
medidas que reequilibrem os agentes estáticos 
(superfícies articulares, cápsula e ligamentos) e 
dinâmicos (músculos) da região MTF-I. 
2) Corrigir o varismo primário ou secundário do 1º 
metatarsiano e consequentemente a subluxação 
lateral do aparelho gleno-sesamóideo. 
3) Reduzir o tamanho da eminência medial através da 
ressecção da exostose e pelo reposicionamento da 
cabeça do 1º metatarsiano. 
4) Corrigir os fatores etiológicos predisponentes 
preexistentes. 
FASCIITE PLANTAR 
• A fáscia plantar é um tecido fibroso localizado ao 
longo da planta do pé: do calcanhar até a ponta 
dos dedos. Fascite plantar é a inflamação que 
ocorre devido a um estresse excessivo dessa 
região. 
 
Vulgarmente chamado de esporão calcâneo é uma 
patologia bastante comum bastante dolorosa. Na 
imagem acima está representada com essa fáscia se 
dispõe no pé; é semelhante a fáscia palmar da mão 
(palpável). 
ETIOLOGIA 
• Alterações biomecânicas; 
• Pé muito cavo e pé chato, e pisada hiperpronada; 
• Sobrepeso; 
• Calçados inadequados e atividade física 
repetitiva e de alta intensidade. 
Além disso, a etiologia de encurtamento da cadeira 
posterior é uma importante causa. Pacientes que 
passam muito tempo com o salto alto e esquecem de 
alongar a cadeia posterior. 
*O esporão calcâneo é apenas um entesófito na 
região do calcâneo que não tem nada a ver com a 
patologia, ou seja, ele não vai causar dor, já que a dor 
é causada pelo processo inflamatório da fáscia 
plantar. 
QUADRO CLÍNICO 
• Dor na sola do pé e calcanhar nos primeiros passos 
pela manhã; 
• Dor na sola do pé após e/ou durante atividade 
física; 
• Dor na palpação da sola do pé e calcanhar; 
• Rigidez e tensão da sola do pé. 
A dor é aguda, bem na região do calcanhar. A dor é 
bem na região plantar, não atingindo região dos 
maléolos, por exemplo. 
 
TRATAMENTO 
• Corrigir as alterações nos casos de pé chato ou 
cavo e hiperpronação; 
• Perder peso; 
• Readaptar a prática esportiva; 
• Readequar o calçado (usar um com maior 
amortecimento e suporte); 
• Usar a palmilha pés sem dor. Uma das formas 
mais eficazes de ajustar as alterações 
biomecânicas, causadoras da fascite plantar; 
• Alongamento cadeia posterior. 
 
O tratamento de fascite plantar é plenamente e 
completamente conservador, com resultados positivos 
em 98 a 99% dos casos. Deve-se pedir para o paciente 
realizar alongamentos (exemplos do desenho acima) 
colocando o pé sobre a outra coxa (A), fazendo 
alongamento de cadeia posterior, utilizando a parede 
também (B), ou utilizando uma toalha (C), mas o 
grande objetivo é alongar a cadeia posterior, ou seja, 
o tendão calcâneo, alongar o tríceps solear. 
Readequar o calçado: se colocar um sapato tipo 
Anabela, que tem um saltinho bem baixo, a tendência 
da melhora da dor é grande, porque se a cadeia 
posterior está encurtada e coloca um saltinho (3-4cm) 
embaixo, isso vai diminuir a sobrecarga na faixa 
posterior do retropé. 
As palmilhas podem ajudar a corrigir a parte 
biomecânica, principalmentese usar a palmilha da 
imagem acima, chama da de calcanheira, que fica 
na região posterior, ajudando em relação ao conforto, 
6 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
pelo amortecimento promovido, além disso, consegue 
dar uma certa altura, diminuindo a sobrecarga na 
região da fáscia plantar. 
O mais importante é alongamento de cadeia 
posterior. 
Fisioterapia sempre é indicado, é uma aliada do 
ortopedista, são raríssimos casos que um paciente sai 
de um consultório ortopédico sem indicação de 
fisioterapia, ajuda principalmente na parte analgésica 
e estímulo do alongamento de cadeia posterior. 
Tratamento cirúrgico é exceção, é raro, hoje em dia, 
existem novas terapias, como ondas de choque, 
infiltração com corticoide, mas são exceções, a 
maioria não evolui para necessidade desse tipo de 
tratamento. 
Gelo (potente anti-inflamatório) ajuda, coloca uma 
garrafinha de água para congelar, coloca embaixo 
do pé e fica rolando-a no movimento de pra frente e 
pra trás. 
Pode ser utilizado anti-inflamatório, também, no 
tratamento conservador ou analgesia, para esse 
paciente parar de ter dor. 
INSUFICIÊNCIA DO TIBIAL POSTERIOR 
Também chamado de “pé plano adquirido do adulto” 
(pé chato), é caracterizado por progressiva perda do 
arco longitudinal, valgismo do retropé e abdução do 
antepé causado pela disfunção do tibial posterior. 
 
Caso a pessoa nasça com pé chato, não significa que 
tenha insuficiência do tendão tibial posterior, pode ser 
somente uma condição familiar. Na juventude é muito 
comum a pessoa desenvolver o pé plano, isso não é 
uma condição patológica, é uma herança familiar 
não patológica. 
A grande questão é que, se o paciente tinha a cava 
plantar, e por insuficiência do tibial posterior, ele 
acabou desenvolvendo esse pé plano adquirido. 
ESTABILIZADORES ESTÁTICOS DO ARCO MEDIAL 
• Ligamento calcaneonavicular plantar 
(mola/spring): 
o Conecta o calcâneo e o navicular, e serve de 
suporte para a cabeça do tálus 
o Estrutura óssea 
 
Esses estabilizadores fazem com que o pé tenha a 
curvatura clássica, e um dos principais é o tibial 
posterior. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Mulheres; 
• A partir da quarta década; 
• Lado esquerdo mais comum que o direito; 
• Bilateral em 5-10% dos casos 
• Obesidade 
• Diabetes 
• Uso de corticóides 
• Trauma 
• Artrite reumatoide (qualquer patologia reumática 
pode gerar um processo inflamatório de destruição 
desse tendão tibial posterior, levando ao pé plano 
adquirido do adulto. 
Patologias do pé acometem basicamente mulheres 
QUADRO CLÍNICO 
• Depende do estágio da patologia 
• Pode variar de dor e flogose localizada no trajeto 
do tendão a diferentes graus de deformidade 
(retificação do arco longitudinal, valgismo do 
retropé, abdução e pronação do antepé) 
 
Esse paciente vai ter dor na região retromaleolar. Na 
imagem superior esquerda, vemos a face medial do 
pé. O tibial posterior vem na região retromaleolar (em 
vermelho), e vai inserir na base do navicular. 
Fascite plantar não tem a ver com a região 
retromaleolar. É muito mais comum que tenha 
patologia do tibial posterior ou dos fibulares, se for no 
caso lateral. 
O paciente refere a dor, as vezes acompanhada de 
flogose na região retromaleolar, pode vir um processo 
7 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
inflamatório clássico, semelhante a infecção em 
alguns casos. 
Nos casos mais tardios, o paciente pode apresentar o 
sinal dos muitos dedos (too many toes), como na 
imagem superior direita (pisada hiperpronada, o tibial 
posterior da foto não consegue mais segurar o arco 
medial, fazendo o pé desabar), ou seja, vendo o pé do 
paciente de costas, consegue ver até 4-5 dedos. O 
normal é ver somente o 5º, às vezes, um pedacinho do 
4º. O paciente ainda pode chegar como na imagem 
inferior,com o pé completamente desabado, o arco 
medial invertido, não tendo mais capa plantar. 
EXAMES COMPLEMENTARES 
• RX-Pitch do calcâneo (normal 15-25 graus); 
• Ressonância - padrão ouro para avaliar a 
degeneração/inflamação do tendão; 
 
No RX, existem diversos ângulos (calcâneo, Meary, 
entre outros) que podem ser feitos. Vai avaliar se o 
paciente tem um arco plantar ou não, se o calcâneo 
está ou não muito próximo ao solo (condição 
patológica ou herança familiar), se foi se 
desenvolvendo ao longo do tempo, provavelmente é 
uma condição patológica e a principal delas é a 
insuficiência do tibial posterior. 
A ressonância é solicitada quando o paciente está em 
estágios iniciais, ou seja, tem somente uma dor 
retromaleolar, ainda não tem abaixamento nenhum 
do calcâneo, o arco medial ainda é visto, mas esse 
paciente tem muitas queixas, na RNM vai ser avaliada 
degeneração e processos inflamatórios desse tendão 
que pode estar nos estágios iniciais. 
ESTÁGIOS DE JOHNSON E STROM 
• ESTÁGIO 1: O tendão permanece competente 
(ainda existe arco medial) e pé com alinhamento 
normal 
o Tratamento conservador que inclui 
antiinflamatório, imobilização (por curto período 
de tempo) e fisioterapia. Devemos compensar 
comorbidades e podem ser utilizadas palmilhas. 
o Nos casos resistentes ao tratamento conservador, 
pode estar indicada a tenossinovectomia. 
• ESTÁGIO 2: O tendão tibial posterior encontra-se 
funcionalmente incompetente, o pé é plano valgo, 
mas permanece móvel. A utilização de anti-
inflamatórios, e órteses têm sua melhor indicação 
nos pacientes em que o tratamento cirúrgico está 
contra-indicado. O tratamento operatório da 
disfunção no estágio II continua sendo polêmico. 
Entretanto, hoje existe um consenso de que a 
transferência isolada não deve ser realizada. 
Alguns autores associam a transferência tendinosa 
do flexor longo dos dedos à osteotomia varizante 
da tuberosidade do calcâneo (Koutsogiannis), 
enquanto outros preferem realiza-la juntamente 
com o alongamento da coluna lateral (Evans). 
 O paciente começa a desenvolver deformidades. 
Se o paciente for muito sintomático, pode indicar 
osteotomias como nas imagens abaixo: 
 
o Osteotomia no calcâneo, para diminuir a 
valgização do pé (imagens 1 e 2), ou ainda a 
sinovectomia (imagem 3) desse tendão tibial 
posterior. Podem ser utilizadas também 
transferências tendíneas, ou seja, utilizar um 
tendão para fazer a função do outro, ainda pode 
utilizar enxerto de tendão, podendo utilizar a força 
do joelho, por exemplo. 
 
• ESTÁGIO 3: O tendão está insuficiente, e o pé é 
plano, valgo e rígido. Um grupo pequeno de 
pacientes é manejado conservador. A grande 
maioria é tributária do tratamento cirúrgico, 
consistindo de cirurgias estabilizadores, com 
correção simultânea das deformidades. 
 
Esse pé já está completamente desabado, não existe 
arco medial nenhum. São indicados procedimentos 
osteos salvadores, que é a artrodese, o paciente fica 
sem mexer a região, gerando uma imobilidade, 
ficando, provavelmente, uma região indolor. Vai 
gerar também uma limitação funcional, mas será 
trocada a limitação funcional pela ausência de dor. 
O paciente vai conseguir fazer todas as suas 
atividades básicas, as vezes será necessário modificar 
a atividade física dele. Muleta utilizará nos primeiros 
dias pós-artrodese, pelo conforto, mas a tendência é 
que esses pacientes não precisem usar muleta de 
forma definitiva, conseguindo andar bem, 
principalmente porque estará sem dor. 
Diferença entre artrodese e anquilose: anquilose é um 
processo natural de fusão articular, ou seja, o 
8 
 
 Nicole Telles Moreira 
 
ORTOPEDIA 
paciente vai tendo um desgaste, artrose, e de 
repenteessa articulação vai fusionando; já a 
artrodese, é um procedimento cirúrgico, ou seja, 
fusionar a articulação, como na imagem acima, em 
que se tem uma tríplice artrodese, em que fusiona o 
tálus com o radicular, o cubóide com o calcâneo e 
fusiona o calcâneo com o tálus. 
• ESTÁGIO 4: O pé plano valgo rígido está associado 
a valgo e artrose do tornozelo. Como medidas 
conservadoras temos os antiinflamatórios e as 
órteses. O tratamento cirúrgico inclui as artrodeses 
tríplice, tibiotársica ou pantalar. 
 
 
Além de ter artrose do pé, terá artrose do tornozelo, 
será feito o que se chama de panartrodese (fusiona 
além do pé, o tornozelo com a tíbia, faz uma fusão do 
tálus com a tíbia), ou seja, artrodese global. 
Esse paciente terá limitação funcional, mas será um 
paciente sem dor, o objetivo é trazer o paciente para 
uma articulação indolor. 
 
 
 
 
Referência: Resumo baseado na aula ministrada pelo 
professor Davi Veiga – 7º Semestre Medicina Uniftc

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