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1 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA ENTORSE E LESÃO LIGAMENTAR ANATOMIA • O tornozelo é formando pelo tálus, terço distal da tíbia e fíbula. Tem alguns ligamentos fundamentais para a estabilidade dessa articulação para ser indolor e estável. • Sindesmose: → Mantém a relação articular entre tíbia e fíbula; → É composta por 4 ligamentos: tibiofibular anterior, tibiofibular posterior, transverso e interósseo, que é uma continuação da membrana interóssea, essa membrana vai até o joelho. • Complexo ligamentar lateral: é composto por 3 ligamentos: talofibular anterior, talobular posterior e fibulocalcaneo; • Complexo ligamentar medial (deltoide): é dividido em feixes superficial (em torno de 5) e profundo (mais importante, que mais estabiliza o tornozelo. É o mais forte). A estrutura ligamentar do tornozelo é composta da sindesmose + complexo ligamentar lateral + complexo ligamentar medial. Alguém já passou por isso, ou pelo menos já viu alguém que teve entrose de tornozelo, que é quando o tornozelo “vira”, causa bastante dor e edema nessa região distal do tornozelo. EPIDEMIOLOGIA • 2,15/1000 pessoas ao ano nos EUA; • Incidência máxima da entorse do tornozelo ocorreu entre 15 e 19 anos de idade (7,2 por 1000 pessoas-ano); • Quase metade de todas as entorses de tornozelo (49,3%) ocorreram durante atividade atlética, com basquete (41,1%), futebol americano (9,3%) e futebol (7,9%) associados à maior porcentagem de entorses de tornozelo. EPIDEMIOLOGIA DA LESÃO LIGAMENTAR • O talofibular anterior é lesado de 40 a 70% das entorses; • Ou seja, torceu o tornozelo é muito comum que seja o ligamento talofibular anterior, por exemplo, se chega um paciente na emergência com aquele edema e dor na face distal da fíbula, sem RNM, já se sabe que o ligamento talofibular anterior que está lesado. • O fibulocalcâneo está lesado em 20%; • Ligamento deltoide 2,5%; • Sindesmose de 1 a 10%. CLASSIFICAÇÃO → Primeiro grau: quadro álgico e edema localizados; manutenção da integridade articular; sem limitação funcional; → Segundo grau: quadro álgico intenso, edema difuso e hematoma; lesão ligamentar e limitação funcional moderada (redução da amplitude de movimento da articulação); → Terceiro grau: lesão ligamentar; incapacidade funcional completa (incapacidade de suporte de carga). A caracterização da entorse é uma caracterização clínica, não precisa de exame de imagem para confirmação. Se classifica, basicamente, com a dor e a capacidade funcional desse paciente. Patologias do pé e tornozelo 2 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA Geralmente o paciente chega dessa forma da imagem acima. Nesse caso, está lesado a parte distal da fíbula. Normalmente o paciente chega pulando, sem conseguir apoiar esse pé no chão, com edema importante nessa região antero-lateral da perna. Se a lesão for mais tardia, que já passou cerca de 5-7 dias, provavelmente essa equimose no tornozelo é sangramento que veio da lesão ligamentar. Esse paciente, por ser uma lesão na face medial da perna, provavelmente tem lesão do deltoide. RADIOGRAFIAS Quando o paciente chega no pronto socorro precisa não é obrigatório solicitar radiografia. Existe os critérios de OTTAWA que identifica se o paciente que precisa ou não realizar o exame de radiografia. Porém, como estamos fazendo uma medicina protetiva, é raro que o paciente vá no pronto-socorro e o médico não solicite a radiografia. • Tornozelo: AP/AP verdadeiro/perfil; • Pé: AP/oblíquo – consegue ver se o paciente teve uma fratura na base do 5º metatarso porque ela está associada a entrose de tornozelo. Se necessário, solicitar radiografia da perna inteira, se o paciente tiver dor, tiver limitação funcional, porque ele pode ter uma fratura mais alta da fíbula, não é comum, mas pode ter. Raio x de tornozelo feita em AP verdadeiro e perfil. RESSONÂNCIA • Pode ser indicada nos casos de persistência da dor após 08 semanas da lesão inicial; Não solicita RNM para todo mundo, mesmo tendo lesão ligamentar, porque não tem função nenhuma. OBSERVAR a lesão ligamentar na RNM para fechar o diagnostico, até porque o tratamento não vai depender disso, mais pra frente veremos que o tratamento será conservador. • Objetivo de investigar lesões associadas: ✓ Lesão osteocondral – não vê na RX porque aqui falamos, basicamente de cartilagem; ✓ Impacto ântero-lateral; ✓ Lesões ligamentares crônicas – levará a instabilidade do tornozelo, então a RNM será muito boa nesse caso; TRATAMENTO Tratamento SEMPRE conservador até que se prove o contrário. O cirúrgico será em casos de extrema exceção. Faz o PRICE: • P -> proteção • R -> repouso • I -> ice (gelo) (de 4 em 4 horas) – sob compressão com a bandagem; • C-> Compressão; • E -> Elevação do membro para reduzir o edema; • Anti-inflamatórios não esteroides para reduzir a inflamação ao redor do tornozelo. TRATAMENTO CIRURGICO X TRATAMENTO CONSERVADOR • Não há evidências na literatura comprovando que o tratamento cirúrgico tem melhores resultados funcionais, taxas de retorno ao esporte, custos ou redução da incidência de novas entorses. 3 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA A imobilização é muito controversa, ainda na literatura, então existe uma briga entre a remobilização precoce e a imobilização. O que se sugere é se o paciente tem um grau 3 de lesão, o ideal é você imobilizar esse paciente, porque ele vai cursar com muita dor se mantiver essa articulação com mobilidade. Essa imobilização será por um curto período de tempo, cerca de 10 dias. A imobilização, em geral, se faz ou com gesso ou com robofoot (bota de velcro). No grau 2 fica muito duvidoso, se o médico vê que tem um paciente muito queixoso vale a pena imobilizar, se é um paciente que está com pouca dor, vale a pena deixá-lo sem imobilização nenhuma. No grau 1 não imobiliza. Faz o tratamento conservador com o PRICE. A fisioterapia é muito importante porque visa conseguir atuar diminuindo uma parte do edema, na analgesia e depois que o edema e a dor diminuiu, consegue trabalhar na parte da propriocepção para que esse paciente não volte a ter uma nova lesão. Os ligamentos, quando rompidos, não vão cicatrizar mais na forma de ligamento e sim na forma de fibrose e o mais importante é que essa fibrose se dê da mesma forma que o ligamento era, ou seja, essa fibrose que vai cicatrizar esse ligamento vai estabilizar do mesmo jeito que o tornozelo estava antes de ter a lesão. Em uma ressonância, por exemplo, fica evidente a lesão, pois nunca vai voltar ao mesmo jeito que era antes, mas não tem perda de função; se for bem tratada, não existirá uma facilidade maior para um novo rompimento. Lembrando que o tratamento é conservador nos três tipos: grau 1, 2 e 3, assim como indicação para fisioterapia. A indicação cirúrgica existe, mas é uma exceção bastante específica da especialidade. O tratamento cirúrgico pode ser feito via artroscopia ou cirurgia aberta e, basicamente, o que vai acontecer na cirurgia é a reconstrução dos ligamentos. Porém, como dito no tópico anterior, não existe nenhuma superioridade em relação ao tratamento cirúrgico e o tratamento conservador. HÁLUX VALGO • Definição: deformidade complexa do primeiro raio, caracterizada pelo desvio em valgo do hálux e em varo do primeiro metatarso, frequentemente dolorosa, podendo estar acompanhadapor deformidades e sintomas nos outros dedos. É uma patologia muito comum, sendo um desvio valgo do hálux, ou seja, quer dizer que a face distal da articulação está ficando distante do centro do corpo. Dessa forma, no hálux (dedão do pé) é em valgo, um varo no primeiro metatarso, ou seja, o primeiro metatarso vai se aproximar do centro do corpo. Na imagem acima é possível perceber as deformidades nos outros dedos, sendo bem clássico de patologia de pé reumático. • O mais antigo caso de hálux valgo permanece a uma múmia egípcia encontrada na necrópole de Sharuna e foi datada em 2100 a.C. O ângulo de valgismo do hálux medido foi de 28 graus. EPIDEMIOLOGIA → População Infantil: 2 (meninas):1 (menino) Forma juvenil: herança autossômica dominante. → População Adulta: 15 (mulher):1(homem) Acomete mais mulheres. A forma juvenil, por ser de herança dominante, é bastante familiar. ETIOLOGIA → Fatores Extrínsecos: Calçados: a incidência de hálux valgo foi estudada na ilha de Santa Helena, onde metade dos habitantes da ilha gradualmente adotou calçado nas últimas décadas. Hálux valgo foi encontrado em menos de 2% dos não-calçados e em 16% dos homens e 48% das mulheres que usavam sapatos. Calçados tipo bico fino faz uma deformidade no pé, semelhante a um triângulo. Se tiver uma herança 4 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA familiar associada é quase certo que esse paciente desenvolva o hálux valgo. → Fatores Intrínsecos: História Familiar: estudo publicado em 2017 com 2662 pacientes encontrou prevalência de 54,3% de hálux valgo, 13,8% de joanete e 8,9% de dedo martelo tendo sido identificado histórico familiar em 53,2%, 61,2% e 56,1%, respectivamente. Varismo do 1º Metatarsiano: o metatarsus primus varus é condição congênita, responsável pelo surgimento da maioria dos casos de hálux valgo juvenil. No hálux valgo adquirido o varismo do 1º metatarsiano pode surgir como deformidade secundária em decorrência de forças atuantes sobre a cabeça do 1º metatarsiano. Fórmula digital do tipo egípcio: o hálux é maior do que os demais artelhos, recebendo durante a marcha, especialmente com calçados, a ação de forças valgizantes. Doenças sistêmicas (neuromusculares e reumáticas): causam alterações no equilíbrio da musculatura intrínseca e extrínseca do pé, nas estruturas capsuloligamentares e articulares que favorecem o aparecimento de deformidades várias, incluindo o hálux valgo. QUADRO CLÍNICO • O diagnóstico é clínico, baseado na constatação da presença do desvio em valgo e graus variados de pronação do hálux, acompanhados da presença de massa que se projeta medialmente, na altura da cabeça do 1º metatarsiano. Observando a imagem, além do desvio de hálux em valgo, a unha começa a “olhar” para o lado. Todos os pés acima são do mesmo paciente, o que mostra a progressão da doença. Esse tipo de deformidade é clássico de patologia reumática. EXAMES COMPLEMENTARES • Radiografia do pé com carga nas incidências: AP/Perfil. Durante o raio-X, é solicitado para o paciente apoiar o pé no chão (incidência com carga) em AP e perfil para se avaliar as diversas angulações. Classificação: Por possuir diversas angulações, avalia-se o grau de valgismo, ângulo intermetatarsal e os sesamóides (dois ossinhos que aparecem abaixo do hálux (local que a mãozinha está apontando no desenho). A avaliação desses ossos é importante porque aos poucos eles vão saindo para a lateral, o que ajuda na classificação do hálux valgo em leve, moderado e grave. TRATAMENTO → Conservador: Uso de calçados mais largos e de saltos baixos (evitar o salto alto); Uso de calçados especiais com câmaras anteriores amplas (típica sandália Anabela ou para diabético); Palmilhas compensatórias (ajudam a corrigir o arco do pé); Órteses noturnas. O tratamento conservador não vai corrigir a deformidade. Não existe algo que não seja cirúrgico que corrija essa deformidade. Isso é só para alívio sintomático. → Tratamento Cirúrgico: O tratamento cirúrgico é indicado quando o paciente já tem uma perda de qualidade de vida, quando aquela deformidade já incomoda bastante, principalmente em relação a dor e pela questão estética também, além de limitações durante 5 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA atividade física. Existem diferentes técnicas cirúrgicas, mas todas atuam no 1º metatarso e no hálux, tentando fazer esse mecanismo de abdução. Os objetivos: 1) Corrigir o valgismo e pronação do hálux através de medidas que reequilibrem os agentes estáticos (superfícies articulares, cápsula e ligamentos) e dinâmicos (músculos) da região MTF-I. 2) Corrigir o varismo primário ou secundário do 1º metatarsiano e consequentemente a subluxação lateral do aparelho gleno-sesamóideo. 3) Reduzir o tamanho da eminência medial através da ressecção da exostose e pelo reposicionamento da cabeça do 1º metatarsiano. 4) Corrigir os fatores etiológicos predisponentes preexistentes. FASCIITE PLANTAR • A fáscia plantar é um tecido fibroso localizado ao longo da planta do pé: do calcanhar até a ponta dos dedos. Fascite plantar é a inflamação que ocorre devido a um estresse excessivo dessa região. Vulgarmente chamado de esporão calcâneo é uma patologia bastante comum bastante dolorosa. Na imagem acima está representada com essa fáscia se dispõe no pé; é semelhante a fáscia palmar da mão (palpável). ETIOLOGIA • Alterações biomecânicas; • Pé muito cavo e pé chato, e pisada hiperpronada; • Sobrepeso; • Calçados inadequados e atividade física repetitiva e de alta intensidade. Além disso, a etiologia de encurtamento da cadeira posterior é uma importante causa. Pacientes que passam muito tempo com o salto alto e esquecem de alongar a cadeia posterior. *O esporão calcâneo é apenas um entesófito na região do calcâneo que não tem nada a ver com a patologia, ou seja, ele não vai causar dor, já que a dor é causada pelo processo inflamatório da fáscia plantar. QUADRO CLÍNICO • Dor na sola do pé e calcanhar nos primeiros passos pela manhã; • Dor na sola do pé após e/ou durante atividade física; • Dor na palpação da sola do pé e calcanhar; • Rigidez e tensão da sola do pé. A dor é aguda, bem na região do calcanhar. A dor é bem na região plantar, não atingindo região dos maléolos, por exemplo. TRATAMENTO • Corrigir as alterações nos casos de pé chato ou cavo e hiperpronação; • Perder peso; • Readaptar a prática esportiva; • Readequar o calçado (usar um com maior amortecimento e suporte); • Usar a palmilha pés sem dor. Uma das formas mais eficazes de ajustar as alterações biomecânicas, causadoras da fascite plantar; • Alongamento cadeia posterior. O tratamento de fascite plantar é plenamente e completamente conservador, com resultados positivos em 98 a 99% dos casos. Deve-se pedir para o paciente realizar alongamentos (exemplos do desenho acima) colocando o pé sobre a outra coxa (A), fazendo alongamento de cadeia posterior, utilizando a parede também (B), ou utilizando uma toalha (C), mas o grande objetivo é alongar a cadeia posterior, ou seja, o tendão calcâneo, alongar o tríceps solear. Readequar o calçado: se colocar um sapato tipo Anabela, que tem um saltinho bem baixo, a tendência da melhora da dor é grande, porque se a cadeia posterior está encurtada e coloca um saltinho (3-4cm) embaixo, isso vai diminuir a sobrecarga na faixa posterior do retropé. As palmilhas podem ajudar a corrigir a parte biomecânica, principalmentese usar a palmilha da imagem acima, chama da de calcanheira, que fica na região posterior, ajudando em relação ao conforto, 6 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA pelo amortecimento promovido, além disso, consegue dar uma certa altura, diminuindo a sobrecarga na região da fáscia plantar. O mais importante é alongamento de cadeia posterior. Fisioterapia sempre é indicado, é uma aliada do ortopedista, são raríssimos casos que um paciente sai de um consultório ortopédico sem indicação de fisioterapia, ajuda principalmente na parte analgésica e estímulo do alongamento de cadeia posterior. Tratamento cirúrgico é exceção, é raro, hoje em dia, existem novas terapias, como ondas de choque, infiltração com corticoide, mas são exceções, a maioria não evolui para necessidade desse tipo de tratamento. Gelo (potente anti-inflamatório) ajuda, coloca uma garrafinha de água para congelar, coloca embaixo do pé e fica rolando-a no movimento de pra frente e pra trás. Pode ser utilizado anti-inflamatório, também, no tratamento conservador ou analgesia, para esse paciente parar de ter dor. INSUFICIÊNCIA DO TIBIAL POSTERIOR Também chamado de “pé plano adquirido do adulto” (pé chato), é caracterizado por progressiva perda do arco longitudinal, valgismo do retropé e abdução do antepé causado pela disfunção do tibial posterior. Caso a pessoa nasça com pé chato, não significa que tenha insuficiência do tendão tibial posterior, pode ser somente uma condição familiar. Na juventude é muito comum a pessoa desenvolver o pé plano, isso não é uma condição patológica, é uma herança familiar não patológica. A grande questão é que, se o paciente tinha a cava plantar, e por insuficiência do tibial posterior, ele acabou desenvolvendo esse pé plano adquirido. ESTABILIZADORES ESTÁTICOS DO ARCO MEDIAL • Ligamento calcaneonavicular plantar (mola/spring): o Conecta o calcâneo e o navicular, e serve de suporte para a cabeça do tálus o Estrutura óssea Esses estabilizadores fazem com que o pé tenha a curvatura clássica, e um dos principais é o tibial posterior. EPIDEMIOLOGIA • Mulheres; • A partir da quarta década; • Lado esquerdo mais comum que o direito; • Bilateral em 5-10% dos casos • Obesidade • Diabetes • Uso de corticóides • Trauma • Artrite reumatoide (qualquer patologia reumática pode gerar um processo inflamatório de destruição desse tendão tibial posterior, levando ao pé plano adquirido do adulto. Patologias do pé acometem basicamente mulheres QUADRO CLÍNICO • Depende do estágio da patologia • Pode variar de dor e flogose localizada no trajeto do tendão a diferentes graus de deformidade (retificação do arco longitudinal, valgismo do retropé, abdução e pronação do antepé) Esse paciente vai ter dor na região retromaleolar. Na imagem superior esquerda, vemos a face medial do pé. O tibial posterior vem na região retromaleolar (em vermelho), e vai inserir na base do navicular. Fascite plantar não tem a ver com a região retromaleolar. É muito mais comum que tenha patologia do tibial posterior ou dos fibulares, se for no caso lateral. O paciente refere a dor, as vezes acompanhada de flogose na região retromaleolar, pode vir um processo 7 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA inflamatório clássico, semelhante a infecção em alguns casos. Nos casos mais tardios, o paciente pode apresentar o sinal dos muitos dedos (too many toes), como na imagem superior direita (pisada hiperpronada, o tibial posterior da foto não consegue mais segurar o arco medial, fazendo o pé desabar), ou seja, vendo o pé do paciente de costas, consegue ver até 4-5 dedos. O normal é ver somente o 5º, às vezes, um pedacinho do 4º. O paciente ainda pode chegar como na imagem inferior,com o pé completamente desabado, o arco medial invertido, não tendo mais capa plantar. EXAMES COMPLEMENTARES • RX-Pitch do calcâneo (normal 15-25 graus); • Ressonância - padrão ouro para avaliar a degeneração/inflamação do tendão; No RX, existem diversos ângulos (calcâneo, Meary, entre outros) que podem ser feitos. Vai avaliar se o paciente tem um arco plantar ou não, se o calcâneo está ou não muito próximo ao solo (condição patológica ou herança familiar), se foi se desenvolvendo ao longo do tempo, provavelmente é uma condição patológica e a principal delas é a insuficiência do tibial posterior. A ressonância é solicitada quando o paciente está em estágios iniciais, ou seja, tem somente uma dor retromaleolar, ainda não tem abaixamento nenhum do calcâneo, o arco medial ainda é visto, mas esse paciente tem muitas queixas, na RNM vai ser avaliada degeneração e processos inflamatórios desse tendão que pode estar nos estágios iniciais. ESTÁGIOS DE JOHNSON E STROM • ESTÁGIO 1: O tendão permanece competente (ainda existe arco medial) e pé com alinhamento normal o Tratamento conservador que inclui antiinflamatório, imobilização (por curto período de tempo) e fisioterapia. Devemos compensar comorbidades e podem ser utilizadas palmilhas. o Nos casos resistentes ao tratamento conservador, pode estar indicada a tenossinovectomia. • ESTÁGIO 2: O tendão tibial posterior encontra-se funcionalmente incompetente, o pé é plano valgo, mas permanece móvel. A utilização de anti- inflamatórios, e órteses têm sua melhor indicação nos pacientes em que o tratamento cirúrgico está contra-indicado. O tratamento operatório da disfunção no estágio II continua sendo polêmico. Entretanto, hoje existe um consenso de que a transferência isolada não deve ser realizada. Alguns autores associam a transferência tendinosa do flexor longo dos dedos à osteotomia varizante da tuberosidade do calcâneo (Koutsogiannis), enquanto outros preferem realiza-la juntamente com o alongamento da coluna lateral (Evans). O paciente começa a desenvolver deformidades. Se o paciente for muito sintomático, pode indicar osteotomias como nas imagens abaixo: o Osteotomia no calcâneo, para diminuir a valgização do pé (imagens 1 e 2), ou ainda a sinovectomia (imagem 3) desse tendão tibial posterior. Podem ser utilizadas também transferências tendíneas, ou seja, utilizar um tendão para fazer a função do outro, ainda pode utilizar enxerto de tendão, podendo utilizar a força do joelho, por exemplo. • ESTÁGIO 3: O tendão está insuficiente, e o pé é plano, valgo e rígido. Um grupo pequeno de pacientes é manejado conservador. A grande maioria é tributária do tratamento cirúrgico, consistindo de cirurgias estabilizadores, com correção simultânea das deformidades. Esse pé já está completamente desabado, não existe arco medial nenhum. São indicados procedimentos osteos salvadores, que é a artrodese, o paciente fica sem mexer a região, gerando uma imobilidade, ficando, provavelmente, uma região indolor. Vai gerar também uma limitação funcional, mas será trocada a limitação funcional pela ausência de dor. O paciente vai conseguir fazer todas as suas atividades básicas, as vezes será necessário modificar a atividade física dele. Muleta utilizará nos primeiros dias pós-artrodese, pelo conforto, mas a tendência é que esses pacientes não precisem usar muleta de forma definitiva, conseguindo andar bem, principalmente porque estará sem dor. Diferença entre artrodese e anquilose: anquilose é um processo natural de fusão articular, ou seja, o 8 Nicole Telles Moreira ORTOPEDIA paciente vai tendo um desgaste, artrose, e de repenteessa articulação vai fusionando; já a artrodese, é um procedimento cirúrgico, ou seja, fusionar a articulação, como na imagem acima, em que se tem uma tríplice artrodese, em que fusiona o tálus com o radicular, o cubóide com o calcâneo e fusiona o calcâneo com o tálus. • ESTÁGIO 4: O pé plano valgo rígido está associado a valgo e artrose do tornozelo. Como medidas conservadoras temos os antiinflamatórios e as órteses. O tratamento cirúrgico inclui as artrodeses tríplice, tibiotársica ou pantalar. Além de ter artrose do pé, terá artrose do tornozelo, será feito o que se chama de panartrodese (fusiona além do pé, o tornozelo com a tíbia, faz uma fusão do tálus com a tíbia), ou seja, artrodese global. Esse paciente terá limitação funcional, mas será um paciente sem dor, o objetivo é trazer o paciente para uma articulação indolor. Referência: Resumo baseado na aula ministrada pelo professor Davi Veiga – 7º Semestre Medicina Uniftc
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