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Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI - TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS: AMNÉSIA DISSOCIATIVA: A amnésia dissociativa é um comprometimento da memória potencialmente reversível que afeta principalmente a memória autobiográfica. Na amnésia dissociativa, o paciente não consegue se lembrar de informações autobiográficas importantes, geralmente de natureza traumática ou estressante, embora uma perda de memória mais extensa possa ser relatada. o Memória autobiográfica - Episódios recordados da vida de uma pessoa, com uma combinação de memória autobiográfica episódica e memória autobiográfica semântica. A memória autobiográfica inclui a lembrança de aspectos cognitivos, emocionais e motivacionais de eventos. o Memória semântica - Memória de objetos, fatos e conceitos, incluindo palavras e seu significado, como aprender a ler. o Memória episódica - Memória de eventos específicos e seu contexto, como “o primeiro dia de aula quando tentei ler um livro”. o Memória procedural - Memória de como realizar diferentes ações e habilidades, como andar de bicicleta ou amarrar sapatos. Manifestações Clínicas: Em uma apresentação clínica típica de amnésia dissociativa, grupos relativamente grandes de memórias, percepções e afetos associados tornaram-se indisponíveis, não apenas memórias, sentimentos ou pensamentos isolados. As memórias indisponíveis geralmente se relacionam a informações autobiográficas, por exemplo: ● Quem é uma pessoa ● O que ele ou ela fez ● Para onde ele ou ela foi ● Com quem ele ou ela falou ● O que foi dito ● O que ele ou ela pensou e sentiu na hora A amnésia dissociativa pode ser caracterizada por amnésia localizada, seletiva ou generalizada: ● Amnésia localizada - Falta de memória autobiográfica por um período específico de tempo; ● Amnésia seletiva - Memória parcial por um período de tempo, por exemplo, lembrar apenas partes do ano quando a pessoa estava em combate; ● Amnésia generalizada - A pessoa não consegue se lembrar de toda a sua história de vida, geralmente acompanhada de perda de memória para a identidade da pessoa; A amnésia dissociativa é caracterizada por déficits de recuperação em aspectos episódicos e semânticos da memória autobiográfica. A capacidade de lembrar novas informações factuais geralmente está intacta, assim como o funcionamento cognitivo geral e a capacidade de linguagem. A memória processual não é tipicamente afetada, mas pode ser perdida em formas extremas do distúrbio. A amnésia dissociativa geralmente tem uma qualidade de inícios / desvios bem definidos, enquanto a memória autobiográfica comum geralmente tem um gradiente, com melhor recordação de informações mais recentes. Outros sintomas de perda de memória na amnésia dissociativa incluem: ● Rememoração fragmentária da história de vida ● Comportamento não lembrado ● Bens inexplicáveis ● Mudanças inexplicáveis nos relacionamentos ● Flutuações em habilidades / hábitos / conhecimentos ● Não se lembrando de pessoas que descrevem interações significativas com ele / ela ● Breves lapsos de memória durante a entrevista clínica ou outras interações Observou-se que a duração do período sujeito a amnésia varia, variando de: ● Falha em lembrar alguns ou todos os detalhes do trauma índice ● Indisponibilidade de memórias cotidianas não traumáticas Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI ● Lacunas na lembrança retrospectiva de longos períodos de vida A maioria dos pacientes que apresentam amnésia dissociativa tem uma história de uma ou mais experiências traumáticas. Lacunas mais longas na memória foram vistas mais comumente após abuso físico e sexual na infância. Embora haja uma série de subtipos de amnésia dissociativa, existem duas apresentações clínicas básicas: ● Amnésia dissociativa generalizada ou localizada densa ● Amnésia dissociativa oculta Amnésia dissociativa manifesta - Os pacientes com amnésia dissociativa geralmente apresentam uma perda dramática e profunda de memória para a história pessoal, muitas vezes acompanhada de amnésia para a identidade pessoal. A amnésia dissociativa generalizada afeta toda a autobiografia de um paciente. A amnésia dissociativa localizada densa afeta algumas partes substanciais da autobiografia de um paciente, mas não outras. Por causa da extensão de seus déficits evidentes de memória, esses pacientes geralmente são levados rapidamente à atenção clínica, mais comumente no departamento de emergência ou em serviços médicos ou neurológicos para pacientes ambulatoriais agudos. Pacientes internados com o transtorno são mais comumente vistos por psiquiatras em unidades de internação médica geral do que em unidades de internação psiquiátrica aguda. Pacientes com amnésia dissociativa aberta podem parecer confusos, perplexos e perplexos com seus déficits, embora outros pareçam relativamente despreocupados, apesar da extensão de seus sintomas. Eles podem se lembrar de informações factuais sobre o ambiente externo (por exemplo, eventos históricos ou rostos famosos), mas se lembram apenas de informações limitadas relativas às suas próprias experiências autobiográficas. Amnésia dissociativa encoberta - Com base na experiência de médicos especializados em transtornos dissociativos, a forma "encoberta" de amnésia dissociativa é mais comum do que a forma aberta. Os pacientes raramente se queixam dessa forma de amnésia dissociativa. Geralmente é descoberto por meio de questionamentos cuidadosos na entrevista diagnóstica ou em entrevistas subsequentes durante a psicoterapia. Este tipo de amnésia dissociativa geralmente se apresenta como uma lacuna retrospectiva ou uma série de lacunas na experiência autobiográfica, muitas vezes uma mistura de amnésia dissociativa significativa localizada, sistematizada e / ou seletiva. AVALIAÇÃO: - A avaliação clínica de um paciente com amnésia dissociativa normalmente identifica um padrão de déficits na memória autobiográfica com funcionamento cognitivo normal, memória intacta para informações cotidianas, fatos e habilidades, orientação normal para as circunstâncias atuais e compreensão interpessoal normal da entrevista. - Uma avaliação psiquiátrica abrangente, incluindo um exame do estado mental e um histórico médico e exame físico, deve ser feita para descartar condições médicas, transtornos por uso de substâncias e transtornos cognitivos, como demências e delírio, antes do diagnóstico de amnésia dissociativa. Imagens do cérebro e / ou eletroencefalograma podem ser necessárias em pacientes com achados focais no exame neurológico. - Em casos mais complexos ou ambíguos, uma revisão detalhada dos registros médicos e psiquiátricos do paciente pode ser necessária, bem como consulta com fontes corolárias da história do paciente para descartar fatores como abuso de substâncias, amnésia factícia ou fingida e cérebro comórbido lesão. As perguntas úteis para testar a memória em casos de suspeita de amnésia dissociativa incluem: ● Você tem lacunas na memória da sua vida? ● Você está perdendo partes de sua memória para sua história de vida? ● Você está perdendo memórias de alguns eventos importantes em sua vida, por exemplo, casamentos, aniversários, formaturas, gravidez, nascimento de filhos? Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI ● Você se lembra de algumas partes da sua vida melhor do que outras? Por exemplo, quando você estava crescendo, você se lembra melhor de sua casa ou da escola? ● Você “perde” períodos de tempo ou tem lacunas em sua experiência de tempo? Qual é o maior período de tempo que você perdeu, por exemplo, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos? ● Você já teve apagões ou períodos de vazio? - Uma história sequencial cuidadosa pode ser necessária para identificar os períodos de amnésia, para distinguir entre a dissociação e o uso de substâncias e para identificar outras apresentações clínicas mais complexas. Uma investigação maissistemática pode incluir a solicitação da primeira memória do paciente e, a seguir, a solicitação das memórias subsequentes. Isso pode revelar lacunas significativas na memória autobiográfica da pessoa. Em pacientes que parecem ter problemas de memória na infância, o clínico pode perguntar os nomes dos professores e escolas do paciente. Pacientes com amnésia dissociativa podem não se lembrar de muitos de seus professores nos primeiros anos de escola, ou mesmo do que aconteceu na escola. - É útil pedir aos pacientes exemplos específicos e detalhados quando o paciente dá uma resposta positiva a uma dessas perguntas. O paciente deve ser questionado se ele ou ela esteve intoxicado com álcool ou drogas durante parte ou todo o tempo em que relatou problemas de memória. Problemas com drogas, álcool e memória dissociativa podem coexistir na mesma pessoa, e alguns pacientes com amnésia dissociativa também podem ter distúrbios cognitivos relacionados a lesão cerebral traumática. Alguns pacientes com amnésia dissociativa racionalizam sua amnésia atribuindo-a ao abuso de substâncias. Os pacientes devem ser avaliados quanto a outros sintomas dissociativos, incluindo: ● Despersonalização - Desapego ou estranhamento de si mesmo ● Desrealização - A sensação de que o mundo externo é estranho ou irreal ● Experiências de transe espontâneo A amnésia dissociativa pode estar associada à memória desrealizada, ou seja, a pessoa não vivencia a memória em primeira mão, mas como algo que “conhece”, como se lesse em um livro. Alguns podem saber sobre sua história de infância apenas pelo que os parentes lhes contam ou olhando os álbuns de fotos da família. Pode ser útil perguntar se a pessoa "sabe" informações sobre o passado como se "você estivesse lá", ou se você "sabe mais sobre isso", "foi informado sobre isso" por sua família ou amigos, ou parece que “Você leu sobre isso no jornal, ou viu na televisão”. DIAGNÓSTICO: Os critérios diagnósticos do DSM-5 para amnésia dissociativa são os seguintes: A. Incapacidade de lembrar informações autobiográficas importantes, geralmente de natureza traumática ou estressante, que é inconsistente com o esquecimento comum. Nota: A amnésia dissociativa geralmente consiste em amnésia localizada ou seletiva para um evento ou eventos específicos, ou amnésia generalizada para identidade e história de vida. B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes do funcionamento. C. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (por exemplo, álcool ou outra droga de abuso, um medicamento) ou uma condição neurológica ou outra condição médica (por exemplo, convulsões complexas parciais, amnésia global transitória, sequelas de uma cabeça fechada lesão / lesão cerebral traumática, outra condição neurológica). D. O distúrbio não é melhor explicado por transtorno dissociativo de identidade, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno de estresse agudo, transtorno de sintomas somáticos ou transtorno neurocognitivo maior ou leve. Diagnóstico diferencial - O diagnóstico diferencial de amnésia dissociativa inclui limitações normais na memória autobiográfica, um transtorno cognitivo, transtorno de estresse agudo e pós-traumático, Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI outros transtornos dissociativos, uso / transtornos de substâncias, lesão cerebral traumática e transtorno faccioso / fingimento. Memória autobiográfica normal - limitações normais na memória autobiográfica geralmente incluem: ● Amnésia em adultos por memórias pré-verbais. ● Menos lembranças da vida antes dos cinco ou seis anos. ● Um gradiente para recordação com eventos mais recentes mais prováveis de serem lembrados e memórias de eventos anteriores diminuindo com o tempo. ● Amnésia para dormir e sonhar. O gradiente de lembrança visto na memória normal contrasta com uma apresentação comum de amnésia dissociativa como tendo um limite, início e deslocamento distintos, por exemplo, uma falta de memória para uma idade específica, como a quarta série, ou uma falta de lembrança relacionada a uma pessoa, atividade ou época do ano em particular. Desordens cognitivas - Em desordens cognitivas como delirium e demências, problemas de memória autobiográfica estão embutidos em um amplo conjunto de outros problemas cognitivos e de memória, bem como deterioração da personalidade. A amnésia dissociativa afeta a memória autobiográfica preferencialmente e não afeta a capacidade de aprender novas informações cognitivas ou realizar tarefas. Os problemas de memória em distúrbios cognitivos são geralmente irreversíveis. Na amnésia dissociativa, as memórias podem começar a remeter assim que o indivíduo é removido de circunstâncias agudamente traumatizantes (por exemplo, combate) ou podem ser revertidas por meio de tratamento. Transtorno de estresse agudo e pós-traumático - A amnésia dissociativa pode compartilhar certas características com o transtorno de estresse agudo (TEA) e o transtorno de estresse pós-traumático (PTSD) - por exemplo, uma história de trauma, amnésia para o evento traumático e sintomas de entorpecimento e dissociação. No entanto, os sintomas de hiperexcitação e evitação não são característicos da amnésia dissociativa, e a perda de memória nesse distúrbio é tipicamente muito mais extensa e generalizada do que no TEA / TEPT. Outros transtornos dissociativos - Pacientes com outros transtornos dissociativos podem ter características amnésticas semelhantes às da amnésia dissociativa, mas têm outras características clínicas que os distinguem da amnésia dissociativa. Para ser diagnosticado com transtorno dissociativo de identidade (TDI), uma pessoa adicionalmente teria que experimentar dois ou mais estados de identidade distintos com diferenças na memória, afeto ou apresentação clínica entre as identidades. Em contraste com a amnésia dissociativa, um paciente com TDI experimentaria intrusão de material de aspectos dissociados de identidade. No transtorno de despersonalização (DPD), o paciente geralmente tem memória intacta para toda a história de vida, mas experimenta estados repetidos ou crônicos de despersonalização e desrealização. Estudos de pacientes com DPD encontraram relatos de abuso verbal e emocional na infância, mas não as altas taxas de abuso físico e sexual na infância, conforme relatado para pacientes com amnésia dissociativa e TDI. Transtornos por uso de substâncias - A amnésia pode resultar de intoxicação ou uso crônico de várias substâncias, incluindo álcool, benzodiazepínicos e maconha. Na maioria dos casos, uma história cronológica cuidadosa de comprometimento da memória e de períodos de intoxicação pode ajudar a distinguir entre amnésia induzida por substância e amnésia dissociativa. Um período de abstinência por semanas ou (em casos de uso de substância mais grave ou mais duradouro) meses pode ser necessário antes da avaliação do paciente para amnésia dissociativa. Transtorno factício ou fingimento - A amnésia dissociativa deve ser diferenciada de um distúrbio factício ou fingimento, apresentações em que os sintomas de amnésia são simulados. Nenhum teste ou procedimento distingue de forma confiável a amnésia dissociativa desses distúrbios. A amnésia factícia ou fingida é mais comum em indivíduos que apresentam o seguinte: ● Formas agudas e floridas de amnésia ● Um contexto de problemas financeiros, sexuais ou legais Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI ● Desejo de escapar de um combate ou de circunstâncias semelhantes extremamente estressantes TRATAMENTO Terapia cognitiva. A terapia cognitiva pode ter benefícios específicos para indivíduos com transtornos traumáticos. Identificar as distorções cognitivas específicas que se baseiam no trauma pode proporcionar uma entrada na memória autobiográfica para aqual o paciente sofre a amnésia. Conforme ele se torna apto a corrigir distorções cognitivas, particularmente sobre o significado de traumas anteriores, memórias mais detalhadas dos eventos traumáticos podem surgir. Hipnose. A hipnose pode ser utilizada de diversas maneiras diferentes no tratamento da amnésia dissociativa. De modo específico, as intervenções hipnóticas podem ser usadas para conter, modular e titular a intensidade dos sintomas; facilitar a lembrança controlada de memórias dissociadas; proporcionar apoio e fortalecer o ego do paciente; e, por fim, promover o trabalho e a integração do material dissociado. Além disso, o indivíduo pode aprender a auto-hipnose para aplicar técnicas de contenção e de tranquilização em sua vida cotidiana. Terapias somáticas. Não há farmacoterapia conhecida para amnésia dissociativa além das entrevistas facilitadas por fármacos. Entrevistas facilitadas por fármacos com uso de amobarbital ou diazepam intravenosos são utilizadas sobretudo em amnésias agudas e reações de conversão, entre outras indicações, em geral em serviços hospitalares médicos e psiquiátricos. Psicoterapia em grupo. As psicoterapias em grupo por tempo limitado ou por longos períodos já se mostraram úteis para veteranos de guerra com TEPT e para sobreviventes de abuso infantil. Durante as sessões em grupo, os pacientes podem recuperar memórias para as quais têm amnésia. Intervenções de apoio pelos membros do grupo ou pelo terapeuta (ou por ambos) podem facilitar a integração e o domínio do material dissociado. TRANSTORNO DE DESPERSONALIZAÇÃO /DESREALIZAÇÃO A despersonalização é definida como o sentimento persistente ou recorrente de desapego ou de estranhamento do próprio eu. O indivíduo pode relatar se sentir como um autômato ou como se estivesse se assistindo em um filme. A desrealização tem alguma relação e se refere a sentimentos de irrealidade ou de afastamento do próprio ambiente. O paciente pode descrever sua percepção do mundo exterior como um ambiente no qual falta lucidez ou emoção, como se estivesse em um sonho ou morto. 1. Despersonalização: Experiências de irrealidade, distanciamento ou de ser um observador externo dos próprios pensamentos, sentimentos, sensações, corpo ou ações (p. ex., alterações da percepção, senso distorcido do tempo, sensação de irrealidade ou senso de si mesmo irreal ou ausente, anestesia emocional e/ou física). 2. Desrealização: Experiências de irrealidade ou distanciamento em relação ao ambiente ao redor (p. ex., indivíduos ou objetos são vivenciados como irreais, oníricos, nebulosos, inertes ou visualmente distorcidos). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os pacientes que experimentam despersonalização e desrealização muitas vezes têm grande dificuldade em expressar suas experiências impalpáveis em palavras. A falta de familiaridade com esses sintomas pode levar os indivíduos a temerem ser considerados “loucos” ou ficarem loucos. Isso é especialmente comum em pessoas criadas em lares com pais com doenças mentais graves. Ambos os fatores, bem como o foco típico dos médicos nos sintomas de comorbidade, como humor e ansiedade, contribuem para o subdiagnóstico frequente ou erro de diagnóstico do transtorno de despersonalização / desrealização (DDD). Os sintomas, embora bastante específicos, podem soar vagos ou metafóricos, em vez de experiências subjetivas claras, como "sentir-se morto", "tudo é irreal", "Não sinto que sou o único a fazer alguma coisa", "é como se eu ' estou assistindo a um filme ”, etc. Os sintomas são tipicamente extremamente angustiantes, às vezes incapacitantes, e estão associados a grande morbidade e alguma mortalidade. O comportamento afetivamente achatado e robótico que Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI esses pacientes freqüentemente demonstram também pode enganar o médico fazendo-o não reconhecer a extrema dor emocional da condição. Não é incomum, por exemplo, que os pacientes se perguntem se faria diferença se morressem. Uma taxa relativamente alta de tentativas de suicídio foi associada ao DDD; no entanto, dadas as altas taxas de depressão comórbida e outros transtornos psiquiátricos em DDD. Dois estudos analíticos de fatores da sintomatologia central relataram cinco grupos discretos de sintomas comuns em pacientes com DDD: ●Irrealidade de si mesmo, definida como sentir-se separado do corpo físico, da mente e dos pensamentos ●Alterações perceptivas, que englobam distorções visuais, táteis e somatossensoriais ●Entorpecimento emocional, caracterizado por afeto embotado, dor e volição ●Rememoração subjetiva anômala, que consiste em experiências interrompidas de tempo e imagens relacionadas ●Alienação do ambiente, que compreende sintomas de desrealização O transtorno de despersonalização / desrealização (DDD) pode ter um curso episódico, recorrente / remitente ou crônico. Muitos pacientes com despersonalização e desrealização crônica apresentam prejuízo acentuado no funcionamento ocupacional, social e pessoal. AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO: Uma avaliação diagnóstica do transtorno de despersonalização / desrealização (DDD) deve incluir um histórico psiquiátrico detalhado, exame do estado mental, histórico médico, exame físico e avaliação neurológica. Critérios de diagnóstico - DDD é diagnosticado usando os critérios de diagnóstico DSM-5: ●A. A presença de experiências persistentes ou recorrentes de despersonalização, desrealização ou ambas. ●B. Durante as experiências de despersonalização ou desrealização, o teste de realidade permanece intacto. ●C. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes do funcionamento. ●D. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (por exemplo, uma droga de abuso, medicamento) ou outra condição médica (por exemplo, convulsões). ●E. O distúrbio não é melhor explicado por outro transtorno mental, como esquizofrenia, transtorno do pânico, transtorno depressivo maior, transtorno de estresse agudo, transtorno de estresse pós-traumático ou outro transtorno dissociativo. A despersonalização e a desrealização que se seguem a experiências traumáticas ou estressantes ou intoxicação geralmente remitem espontaneamente. Nossa experiência clínica sugere que pode não ser útil ou eficaz diagnosticar e tratar DDD, a menos que os sintomas continuem por um mês ou possivelmente mais. Os critérios de diagnóstico do DSM-5 para DDD não especificam uma duração mínima dos sintomas. Diagnóstico diferencial - Um histórico psiquiátrico detalhado e um exame do estado mental podem distinguir o DDD de outros transtornos mentais e condições médicas, incluindo os abaixo. O DDD primário tem início e curso de despersonalização claramente distintos dos sintomas de outros transtornos mentais. Por exemplo, um paciente com despersonalização crônica tinha uma história de um episódio anterior e assustador de ansiedade severa que precedeu e pareceu precipitar o transtorno de despersonalização / desrealização crônica. O paciente continuou a sentir os sintomas, mesmo após a remissão da ansiedade inicial. Transtornos mentais - a despersonalização ou desrealização pode se apresentar como um sintoma de outros transtornos mentais, incluindo: ● Esquizofrenia ● Transtorno de pânico Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI ●Transtorno de estresse agudo ●Transtorno de estresse pós-traumático ● Outros transtornos dissociativos TRATAMENTO Os médicos que trabalham com pacientes que apresentam transtorno de despersonalização/desrealização com frequência os consideram um grupo particularmente refratário ao tratamento. Algumas evidências sistemáticas indicam que os antidepressivos ISRSs, como a fluoxetina, podem ajudar esses pacientes. FUGA DISSOCITIVA A fuga dissociativa é descrita como uma viagem súbita e repentina para longede casa ou do seu lugar de vivência costumeiro, com incapacidade de lembrar de parte ou de todo o passado. Isso vem acompanhado de confusão sobre a própria personalidade ou até da apropriação de uma nova identidade. O episódio não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral. Os sintomas devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes do funcionamento. Circunstâncias traumáticas (i.e., estupro, combate, abuso sexual infantil recorrente, deslocamentos sociais massivos, desastres naturais), que levam a um estado de consciência alterado dominado por um desejo de fuga são as causas subjacentes da maioria dos episódios de fuga. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A fuga dissociativa é descrita como um transtorno capaz de durar de minutos a meses. Alguns pacientes relatam múltiplas fugas. Na maioria dos casos em que isso foi descrito, um transtorno dissociativo mais crônico, como um transtorno dissociativo de identidade, não foi excluído. Em alguns casos extremos de TEPT, os pesadelos podem acabar com uma fuga real, em que o paciente corre para outra parte da casa ou foge para fora. Crianças ou adolescentes podem ser mais limitados do que adultos em sua habilidade de fuga. Portanto, as fugas nessa população podem ser breves e envolver apenas distâncias menores. Após o término da fuga, o paciente pode sofrer de perplexidade, confusão, transe, despersonalização, desrealização e sintomas de conversão, além de amnésia. Alguns podem terminar a fuga com um episódio de amnésia dissociativa generalizada. Conforme começa a ficar menos dissociado, o indivíduo com fuga dissociativa pode exibir sintomas de transtorno do humor, ideias intensas de suicídio e sintomas de TEPT ou de transtorno de ansiedade. Nos casos clássicos, uma outra identidade é criada sob cujos auspícios o paciente vive por um período de tempo. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Indivíduos com amnésia dissociativa podem vagar confusos durante um episódio de amnésia. Na fuga dissociativa, contudo, há uma fuga propositada do lar ou do local de vivência costumeiro do indivíduo, normalmente preocupado com uma única ideia que vem acompanhada de um desejo de fugir. Pacientes com transtorno dissociativo de identidade podem apresentar sintomas de fuga dissociativa, que costumam ser recorrentes ao longo de suas vidas. Esses pacientes apresentam múltiplas formas de amnésias complexas e, em geral, múltiplas outras identidades que se desenvolvem, começando na infância. Em convulsões parciais complexas, pacientes já exibiram comportamentos de fuga perambulatória ou semiproposital, ou ambos, durante convulsões em estados pós-ictais, para os quais ocorre amnésia subsequente. TRATAMENTO A fuga dissociativa costuma ser tratada com uma psicoterapia eclética, orientada psicodinamicamente, que se concentra em ajudar o paciente a recuperar a memória da identidade e da experiência recente. A hipnoterapia e as entrevistas facilitadas por fármacos são técnicas adjuntas frequentemente necessárias para auxiliar a recuperação Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI de memória. Os pacientes podem precisar de tratamento médico para lesões sofridas durante a fuga, assim como de alimento e descanso. Os médicos devem estar preparados para a emergência de ideias e impulsos suicidas ou autodestrutivos, conforme as circunstâncias traumáticas ou estressantes pré-fuga forem reveladas. A hospitalização psiquiátrica pode ser indicada se o paciente for ambulatorial. TRANSTORNO DISSOCIATIVO DE IDENTIDADE Ele se caracteriza pela presença de duas ou mais identidades distintas ou estados de personalidade. As identidades ou os estados de personalidade, às vezes chamados de alters, autoestados, alter identidade ou partes, entre outros termos, diferem uns dos outros na forma como cada um se apresenta com um padrão próprio de percepção, relacionamento e pensamento sobre o ambiente e o eu; em suma, sua própria personalidade. Trata-se da psicopatologia dissociativa paradigmática, já que os sintomas de todos os outros transtornos dissociativos são em geral encontrados em pacientes com transtorno dissociativo de identidade: amnésia, fuga, despersonalização, desrealização e sintomas semelhantes. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS A característica principal no diagnóstico deste transtorno é a presença de dois ou mais estados distintos de personalidade. No entanto, há muitos outros sinais e sintomas que definem o transtorno, e, em razão da grande diversidade, isso torna o diagnóstico difícil. Sintomas frequentemente observados em associação ao transtorno dissociativo de identidade Sintomas do transtorno de estresse pós-traumático: Sintomas intrusivos; Excitabilidade aumentada; Sintomas de evitação e torpor. Sintomas somáticos: Sintomas pseudoneurológicos e de conversão; Episódios tipo convulsão; Sintomas de dor; Dor de cabeça, abdominal, musculoesquelética e pélvica; Sintomas ou transtornos psicofisiológicos; Asma e problemas respiratórios; Transtornos pré- menstruais; Síndrome do intestino irritável; Doença do refluxo gastresofágico; Memória somática Sintomas afetivos: Humor deprimido, disforia ou anedonia; Breves mudanças de humor ou instabilidade de humor; Pensamentos suicidas e tentativas de automutilação; Sentimentos de abandono e de desesperança Sintomas obsessivo-compulsivos: Ruminações sobre trauma; Contagem e canto compulsivos; Ordenação; Lavagem; Verificação Exame do estado mental. Um exame do estado mental cuidadoso e detalhado é essencial para realizar o diagnóstico. Faz-se um questionário se as respostas forem positivas, peça para o paciente descrever o evento. Certifique-se de especificar que os sintomas não ocorreram durante um episódio de intoxicação. (1) Seu comportamento é muito diferente em uma situação comparada com outra, de modo que você quase se sente como duas pessoas diferentes? (2) Você sente que há mais de um de você? Mais do que uma parte de você? Ao seu lado? Eles parecem estar em conflito ou em uma luta? (3) Essa parte (ou partes) de você tem (têm) suas próprias maneiras de pensar, perceber e de se relacionar com o mundo e com o eu? Tem (têm) suas próprias memórias, seus próprios pensamentos e sentimentos? (4) Mais de uma dessas entidades assume controle do seu comportamento? (5) Você tem pensamentos ou sentimentos (ou ambos) que vêm de dentro de você (ou de fora) que não consegue explicar? Que não se parecem com pensamentos ou sentimentos que você teria? Que se parecem com pensamentos ou sentimentos que não estão sob seu controle (influência passiva)? Memória e sintomas de amnésia. Perturbações dissociativas de memória se manifestam de várias maneiras básicas e são com frequência observadas em ambientes clínicos. Como parte do exame do estado mental geral, os médicos devem rotineiramente perguntar sobre Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI experiências de perda do tempo, períodos de apagão e grandes falhas de continuidade na memória de informações pessoais. Alterações dissociativas na identidade. Alterações dissociativas clínicas na identidade podem começar a se manifestar por estranhas referências a si mesmo em primeira pessoa do plural ou terceira pessoa. Além disso, os pacientes podem se referir a si mesmos usando seu primeiro nome ou fazendo autorreferências despersonalizadas, tais como “o corpo”, ao se descreverem e falarem de outros. Eles frequentemente descrevem um profundo senso de divisão interna concretizada ou de conflitos internos personalizados entre partes de si. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Transtorno dissociativo de identidade factício, imitativo e simulado. Relata-se que os indicadores de transtorno dissociativo de identidade falsificado ou imitativo incluem indicadores típicos de outras apresentações factícias ou simuladas.TRATAMENTO Psicoterapia. Para ter sucesso com o paciente que apresenta transtorno dissociativo de identidade, a psicoterapia requer que o médico se sinta confortável com diversas intervenções psicoterapêuticas e esteja disposto a trabalhar ativamente para estruturar o tratamento. Essas modalidades incluem psicoterapia psicanalítica, terapia cognitiva, terapia comportamental, hipnoterapia e uma familiaridade com psicoterapia e com o manejo psicofarmacológico do paciente traumatizado. Terapia cognitiva. Muitas distorções cognitivas associadas com transtornos dissociativos de identidade respondem lentamente a técnicas de terapia cognitiva, e intervenções bem-sucedidas podem levar a disforia adicional. Hipnose. As intervenções hipnoterapêuticas frequentemente podem aliviar impulsos autodestrutivos ou reduzir sintomas, tais como flashbacks, alucinações dissociativas e experiências de influência passiva. Ensinar auto-hipnose ao paciente pode ajudar com crises fora das sessões. A hipnose pode ser útil para acessar estados de alter personalidades específicos e seus afetos e memórias. Intervenções psicofarmacológicas. Os medicamentos antidepressivos costumam ser importantes na redução da depressão e na estabilização do humor. Diversos sintomas de TEPT, sobretudo os intrusivos e de excitabilidade aumentada, são parcialmente responsivos aos medicamentos. Os médicos relatam algum sucesso com ISRSs, antidepressivos tricíclicos e inaladores monoaminoxidase, β- bloqueadores, clonidina, anticonvulsivantes e benzodiazepínicos na redução de sintomas intrusivos, excitabilidade aumentada e ansiedade em pacientes com transtorno dissociativo de identidade. TRANSTORNO CONVERSIVO DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA - O transtorno conversivo, também denominado transtorno de sintomas neurológicos funcionais, no DSM-5, é uma doença de sintomas ou déficits que afetam funções motoras ou sensoriais voluntárias, sugerindo outra condição clínica, mas que aparenta ser causada por fatores psicológicos, pois é precedida por conflitos ou outros estressores. Os sintomas ou déficits do transtorno conversivo não são produzidos de modo intencional e não são causados pelo uso de substância, não estão limitados a sintomas dolorosos ou sexuais, e o ganho é primariamente psicológico, e não social, financeiro ou legal. - A síndrome hoje conhecida como transtorno conversivo foi originalmente combinada com a síndrome chamada de transtorno de somatização e foi referida como histeria, reação conversiva ou reação dissociativa. Paul Briquet e Jean-Martin Charcot contribuíram para o desenvolvimento do conceito de transtorno conversivo observando a influência da hereditariedade no sintoma e a associação comum com um evento traumático. O termo “conversão” foi introduzido por Sigmund Freud, que, formulou a hipótese de que os sintomas do transtorno conversivo refletem conflitos inconscientes. - Alguns sintomas do transtorno conversivo que não são suficientemente graves para justificar o diagnóstico podem ocorrer em até um terço da população em geral em algum momento durante suas vidas. Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI - Mulheres que apresentam sintomas conversivos têm maior probabilidade de desenvolver posteriormente transtorno de sintomas somáticos do que aquelas que não os tiveram. Existe uma associação entre transtorno conversivo e transtorno da personalidade antissocial em homens. Homens com transtorno conversivo com frequência estiveram envolvidos em acidentes ocupacionais ou militares. - O início do transtorno se dá geralmente no fim da infância até o início da idade adulta, sendo raro antes dos 10 anos de idade ou após os 35 anos, mas já foi relatado o início na década dos 90 anos. Quando os sintomas sugerem um transtorno conversivo com início na meia-idade ou na velhice, a probabilidade de uma condição neurológica ou outra condição clínica oculta é alta. Sintomas conversivos em crianças com menos de 10 anos costumam estar limitados a problemas com a marcha ou convulsões. ETIOLOGIA Fatores psicanalíticos O transtorno conversivo é causado pela repressão de um conflito intrapsíquico inconsciente e pela conversão da ansiedade em um sintoma físico. O conflito acontece entre um impulso instintivo (p. ex., agressão ou sexualidade) e a proibição de sua expressão. Os sintomas possibilitam a expressão parcial do desejo ou ímpeto proibidos, mas a disfarçam, de modo que os pacientes podem evitar o confronto consciente com seus impulsos inaceitáveis; isto é, o sintoma do transtorno conversivo tem uma relação simbólica com o conflito inconsciente. Esses sintomas também permitem aos pacientes comunicarem sua necessidade de atenção e de tratamento especiais. Teoria da aprendizagem Um sintoma conversivo pode ser visto como um comportamento aprendido condicionado classicamente; os sintomas de doença, aprendidos na infância, são suscitados como um meio de enfrentamento de uma situação que de outra forma seria impossível. Fatores biológicos Pode haver hipometabolismo do hemisfério dominante e hipermetabolismo do hemisfério não dominante e envolveram uma comunicação prejudicada entre os hemisférios na causa desse transtorno. Os sintomas podem ser causados por uma excitação cortical excessiva que desencadeia circuitos de retorno negativo entre o córtex cerebral e a formação reticular do tronco encefálico. Por sua vez, níveis elevados de débito corticofugal inibem a consciência do paciente da sensação corporal, o que pode explicar os déficits sensoriais observados em alguns indivíduos afetados. Testes neuropsicológicos, algumas vezes, revelam prejuízos sutis na comunicação verbal, na memória, na vigilância e na atenção, bem como incongruência afetiva nesses pacientes. DIAGNÓSTICO Conforme definido no DSM-IV-TR, “sintomas ou déficits” não intencionais “afetando a função motora ou sensorial voluntária” são centrais ao transtorno conversivo. A maior parte desses sintomas indica uma condição neurológica, mas outras doenças médicas gerais também podem ser sugeridas. Os sintomas pseudoneurológicos continuam sendo a sintomatologia clássica. No transtorno conversivo, como nas outras doenças somatoformes, o sintoma não pode ser totalmente explicado por uma condição física conhecida. Além disso, o sintoma é definido como não explicado de forma plena por experiência ou comportamento culturalmente aprovados. O DSM-IV-TR especifica que os sintomas no transtorno conversivo não são produzidos intencionalmente, são portanto diferentes dos produzidos no transtorno factício ou na simulação. O julgamento clínico também é necessário para determinar se fatores psicológicos estão etiologicamente relacionados ao sintoma. Critérios diagnósticos do DSM-IV-TR para transtorno conversivo A. Um ou mais sintomas ou déficits que sugerem a função motora ou sensorial voluntária, afetando uma condição neurológica ou outra condição médica geral. B. Fatores psicológicos são julgados como associados com o sintoma ou déficit, uma vez que o início ou a exacerbação do sintoma ou déficit é precedido por conflitos ou outros estressores. Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI C. O sintoma ou déficit não é intencionalmente produzido ou simulado (como no Transtorno Factício ou na Simulação). D. O sintoma ou déficit não pode, após investigação apropriada, ser completamente explicado por uma condição médica geral, pelos efeitos diretos de uma substância ou por um comportamento ou experiência culturalmente aceitos. E. O sintoma ou déficit causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo, ou indica avaliação médica. F. O sintoma ou déficit não se limita a dor ou disfunção sexual, não ocorre exclusivamente durante o curso de um Transtorno de Somatização, nem é mais bem explicado por outro transtorno mental. Especificar tipo desintoma ou déficit: Com Sintoma ou Déficit Motor Com Sintoma ou Déficit Sensorial Com Ataques ou Convulsões Com Quadro Misto CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Paralisia, cegueira e mutismo são os sintomas mais comuns no transtorno conversivo. Ele pode estar mais comumente associado a transtorno da personalidade passivo-agressiva, dependente, antissocial e histriônica. Sintomas de transtornos depressivo e de ansiedade com frequência acompanham os sintomas do transtorno conversivo, e os pacientes afetados estão em risco de suicídio. Sintomas sensoriais No transtorno conversivo, anestesia e parestesia são comuns, especialmente das extremidades. Todas as modalidades sensoriais podem estar envolvidas, e a distribuição do transtorno costuma ser incompatível com doença neurológica central ou periférica. Os sintomas do transtorno conversivo envolvem os órgãos dos sentidos e podem produzir surdez, cegueira e visão de túnel. Esses sintomas podem ser unilaterais ou bilaterais, mas a avaliação neurológica revela caminhos sensoriais intactos. Na cegueira do transtorno conversivo, por exemplo, os pacientes circulam sem colidir ou se machucar, suas pupilas reagem à luz, e seus potenciais corticais evocados são normais. Sintomas motores Os sintomas motores do transtorno conversivo incluem movimentos anormais, distúrbio da marcha, fraqueza e paralisia. Tremores rítmicos grosseiros, movimentos coreiformes, tiques e espasmos podem estar presentes. Os movimentos costumam piorar quando a atenção é voltada para eles. Um distúrbio da marcha visto no transtorno conversivo é astasia-abasia, que é uma marcha extremamente atáxica e cambaleante acompanhada por movimentos truncais grosseiros, irregulares, movimentos espasmódicos truncais e de balanço dos braços. Os pacientes com os sintomas raramente caem; se isso ocorre, em geral não se machucam. Outros distúrbios motores comuns são paralisia e paresia envolvendo um, dois ou os quatro membros, embora a distribuição dos músculos afetados não se conforme aos caminhos neurais. Os reflexos permanecem normais; os pacientes não têm fasciculações ou atrofia muscular os achados eletromiográficos são normais. Sintomas convulsivos Pseudoconvulsão é outro sintoma no transtorno conversivo. Morder a língua, incontinência urinária e lesões após uma queda podem ocorrer em pseudoconvulsões, embora esses sintomas em geral não estejam presentes. O reflexo pupilar e de mordedura é mantido após uma pseudoconvulsão, e os pacientes não têm aumento pós-convulsão nas concentrações de prolactina. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Os sintomas conversivos sugerem doença física, e médicos não psiquiatras em geral são procurados primeiro. Frequentemente, os neurologistas são consultados por médicos de cuidados primários devido a esses sintomas, porque a maioria deles sugere doença neurológica. - É essencial uma avaliação clínica e neurológica minuciosas em todos os casos. Se puderem ser resolvidos por meio de sugestão, hipnose Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI ou amobarbital parenteral ou lorazepam, os sintomas provavelmente são o resultado de transtorno conversivo. - Distúrbios neurológicos (p. ex., demência e outras doenças degenerativas), tumores cerebrais e doença dos gânglios da base devem ser considerados no diagnóstico diferencial. Por exemplo, fraqueza pode ser confundida com miastenia grave, polimiosite, miopatias adquiridas ou esclerose múltipla. Neurite óptica pode ser diagnosticada erroneamente como cegueira relacionada a transtorno conversivo. - Outras doenças que podem causar confusão nos sintomas são a síndrome de Guillain-Barré, a doença de Creutzfeldt-Jakob, a paralisia periódica e as manifestações neurológicas precoces da aids. Ocorrem sintomas de transtorno conversivo na esquizofrenia e em transtornos depressivos e de ansiedade, porém essesoutros transtornos estão associados a seus próprios sintomas distintos que, por fim, possibilitam o diagnóstico diferencial. - Sintomas sensório-motores também ocorrem no transtorno de sintomas somáticos, mas ele é uma doença crônica que começa no início da vida e inclui sintomas em muitos outros sistemas orgânicos. Na hipocondria, as pessoas não têm perda real ou distorção da função; as queixas somáticas são crônicas e não estão limitadas aos sintomas neurológicos, e as atitudes e crenças hipocondríacas características estão presentes. Se os sintomas do indivíduo estiverem limitados à dor, pode ser diagnosticado transtorno doloroso. - Tanto na simulação quanto no transtorno factício, os sintomas estão sob o controle voluntário consciente. A história de um simulador é, em geral, mais inconsistente e contraditória do que a de um paciente com transtorno conversivo, e o comportamento fraudulento simulador é claramente direcionado para o objetivo. TRATAMENTO: - Em qualquer situação, a confrontação direta não é recomendada. Esse tipo de comunicação pode fazer um paciente sentir-se ainda mais isolado. Uma abordagem conservadora de tranquilização e relaxamento é efetiva. A tranquilização não precisa vir de um psiquiatra, mas pode ser realizada efetivamente pelo médico primário. Após uma doença física ser excluída, o prognóstico para sintomas conversivos é satisfatório. - Se os sintomas não se resolvem com uma abordagem conservadora e existe a necessidade imediata de resolução do sintoma, diversas técnicas, incluindo narcoanálise, hipnose e terapia comportamental, podem ser tentadas. A pronta resolução de sintomas Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI conversivos é importante, pois a duração dos sintomas conversivos está associada a maior risco de recorrência e incapacidade crônica. - A característica mais importante da terapia é uma relação com um terapeuta atencioso e confiável. Com pacientes resistentes à ideia de psicoterapia, os médicos podem sugerir que esta se concentre nos temas de estresse e enfrentamento. Dizer a esses pacientes que seus sintomas são imaginários com frequência os faz piorar. - Hipnose, ansiolíticos e exercícios de relaxamento corporal são eficazes em alguns casos. Amobarbital ou lorazepam parenteral podem ser úteis na obtenção de informações adicionais da história, sobretudo quando o indivíduo recentemente vivenciou um evento traumático. - As abordagens psicodinâmicas incluem psicanálise e psicoterapia orientada para o insight, nas quais os pacientes exploram conflitos intrapsíquicos e o simbolismo dos sintomas do transtorno conversivo. Formas breves e diretas de psicoterapia de curta duração também já foram usadas para tratar o transtorno. Quanto mais longa a duração do papel de doente desses pacientes e quanto mais regrediram, mais difícil será o tratamento. TRANSTORNO FACTÍCIO - Pacientes com transtorno factício simulam, induzem ou agravam a doença para receber atenção médica, independentemente de estarem ou não doentes. Por conseguinte, podem infligir lesões dolorosas, deformantes ou até mesmo com perigo de morte a si mesmos, a seus filhos ou a outros dependentes. - A motivação primária não é evitar obrigações, obter ganho financeiro ou qualquer coisa concreta. A motivação é apenas receber cuidados médicos e participar do sistema de saúde. Os transtornos factícios podem provocar morbidade significativa ou até mesmo mortalidade. Portanto, mesmo que as queixas apresentadas sejam falsificadas, as necessidades clínicas e psiquiátricas desses indivíduos devem ser levadas a sério. ETIOLOGIA Fatores psicossociais - Os pacientes podem insistir que seus sintomas são físicos e que um tratamento psicologicamente orientado é desnecessário. Relatos de caso empíricos indicam que muitos deles sofreram abuso ou privação na infância, resultando em hospitalizações frequentes durante os primeiros anos do desenvolvimento. - Em tais circunstâncias, uma internação hospitalar pode ter sido considerada uma fuga de uma situação traumática em casa, e o pacientepode ter encontrado uma série de cuidadores amáveis e atenciosos. - A história habitual revela que o indivíduo percebe um ou ambos os genitores como figuras de rejeição e incapazes de formar relacionamentos próximos. A reprodução de uma doença genuína, portanto, é usada para recriar o vínculo positivo desejado entre pais e filho. Os transtornos são uma forma de compulsão à repetição, repetindo o conflito básico de necessidade e busca de aceitação e amor, ao mesmo tempo com a expectativa de que isso não vá acontecer. Então, o paciente transforma os médicos e os membros da equipe em pais rejeitadores. Fatores biológicos - Alguns pesquisadores propuseram que uma disfunção cerebral possa ser um fator nos transtornos factícios. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Transtorno factício é a imitação de sinais e sintomas físicos ou psicológicos. Os indícios que despertam suspeita do transtorno são: Apresentação dramática incomum de sintomas que desafiam a compreensão clínica ou psiquiátrica convencional; Os sintomas não respondem apropriadamente a tratamento ou medicamentos habituais; Emergência de sintomas novos e incomuns quando outros sintomas se resolvem; Avidez para se submeter a procedimentos ou testes ou para relatar os sintomas; Relutância em permitir acesso a fontes colaterais de informação (i.e., recusa em assinar a liberação de informações ou em dar informações de contato para a família e amigos); Extensa história médica ou evidências de múltiplas cirurgias; Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI Alergias a muitos medicamentos; Profissão médica; Não recebe muitas visitas; Capacidade de prever a progressão incomum dos sintomas ou resposta incomum ao tratamento; - O exame psiquiátrico deve enfatizar a proteção das informações dos amigos, parentes ou de outros informantes, porque as entrevistas com fontes externas confiáveis frequentemente revelam a falsa natureza da doença do paciente. Embora seja demorada e enfadonha, a verificação de todos os fatos apresentados por ele sobre hospitalizações prévias e assistência médica é essencial. - A avaliação psiquiátrica é solicitada com base em uma consulta em cerca de 50% dos casos, em geral depois que é levantada a suspeita de uma doença simulada e para confirmar o diagnóstico de transtorno factício. Diante dessas circunstâncias, é necessário evitar um questionamento acusatório que possa provocar truculência, evasão ou fuga do hospital. Pode existir o perigo de provocar franca psicose se for usada uma confrontação vigorosa; em alguns casos, a doença simulada serve a uma função adaptativa e é uma tentativa desesperada de evitar maior desintegração. - O transtorno factício foi dividido em dois grupos, dependendo dos tipos de sinais ou sintomas simulados. Existe um transtorno marcado por sintomas psicológicos, e outro, por sintomas físicos. Ambos podem ocorrer em conjunto. No DSM-5, não é feita distinção entre os dois, e o transtorno é dividido entre o que “é imposto a si” e o que “é imposto a outro” (transtorno factício por procuração). - O DSM-IV-TR requer três critérios para o diagnóstico de transtorno factíco. O primeiro, a produção intencional ou a simulação de sinais ou sintomas físicos ou psicológicos, diferencia o transtorno factício das condições somatoformes, nas quais os sintomas físicos são produzidos inconscientemente. O segundo e o terceiro critérios, de assumir o papel de doente e a ausência de incentivos externos, diferenciam o transtorno factício da simulação. O DSM-IV-TR classifica esse transtorno com base na predominância de sintomas factícios apresentados, sejam físicos ou psicológicos, apresentando, assim, três tipos. O quarto tipo é transtorno factício sem outra especificação. Transtorno factício com sinais e sintomas predominantemente psicológicos - Alguns pacientes apresentam sintomas psiquiátricos que são considerados uma simulação. Essa determinação pode ser difícil e com frequência só é feita depois de uma investigação prolongada. Os sintomas simulados costumam incluir depressão, alucinações, sintomas dissociativos e conversivos e comportamento bizarro. Uma vez que a condição não melhora depois que são administradas as medidas terapêuticas de rotina, o paciente pode receber grandes doses de drogas psicoativas e submeter-se a eletroconvuloterapia. - Com o fim de produzir sintomas, alguns podem usar substâncias psicoativas, como estimulantes, para produzir inquietação e insônia, ou alucinógenos, para produzir distorções da realidade. As combinações de substâncias psicoativas podem produzir apresentações muito incomuns. Transtorno factício crônico com sinais e sintomas predominantemente físicos - O transtorno factício com sinais e sintomas predominantemente físicos é o tipo mais conhecido da síndrome de Münchausen. A característica essencial dos indivíduos com esse transtorno é sua capacidade de apresentar sintomas físicos de forma tão competente que podem ser internados e permanecer em um hospital. Para apoiar sua história, podem simular sintomas que sugerem um distúrbio envolvendo algum sistema orgânico. - São familiarizados com os diagnósticos da maioria dos transtornos que habitualmente requerem hospitalização ou medicação e podem fornecer histórias excelentes capazes de enganar até mesmo clínicos experientes. São inúmeras as apresentações clínicas, que incluem hematomas, hemoptise, dor abdominal, febre, hipoglicemia, síndromes semelhantes a lúpus, náusea, vômitos, vertigem e convulsões. Transtorno factício por procuração Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI - Nesse diagnóstico, uma pessoa produz intencionalmente sinais ou sintomas físicos em outra pessoa que está sob seus cuidados, daí o diagnóstico do DSM-5 de transtorno factício imposto a outro. - Um objetivo aparente do comportamento é que o cuidador assuma de maneira indireta o papel de doente; outro objetivo é se aliviar do papel de cuidador fazendo o filho ser hospitalizado. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - Qualquer condição em que sinais e sintomas físicos sejam proeminentes deve ser considerada no diagnóstico diferencial, e a possibilidade de doença física autêntica ou concomitante sempre deve ser explorada. Além disso, uma história de muitas cirurgias em pacientes com transtorno factício pode predispô-los a complicações ou doenças reais, necessitando até mesmo de mais cirurgias. - Um transtorno factício é diferenciado de transtorno conversivo pela produção voluntária dos sintomas factícios, pelo curso extremo de múltiplas hospitalizações e pela aparente disposição das pessoas com transtorno factício de se submeterem a um número extraordinário de procedimentos mutiladores. As que apresentam transtorno conversivo em geral não são familiarizadas com a terminologia médica e as rotinas hospitalares, e seus sintomas têm uma relação temporal direta com conflitos emocionais específicos ou fazem uma referência simbólica a eles - Transtornos factícios devem ser distinguidos de simulação. Os simuladores têm um objetivo ambiental óbvio e reconhecível na produção dos sinais e sintomas. Eles podem procurar hospitalização para obter uma indenização financeira, fugir da polícia, evitar o trabalho ou meramente obter cama e comida grátis para a noite, mas sempre têm um fim aparente para seu comportamento. Além do mais, esses pacientes costumam conseguir parar de produzir seus sinais e sintomas quanto não são mais considerados tão proveitosos ou quando o risco se torna grande demais. TRATAMENTO - Nenhuma terapia específica tem sido efetiva no tratamento de transtornos factícios. É um paradoxo clínico que pacientes com os transtornos simulem doença grave e procurem e se submetam a um tratamento desnecessário, ao mesmo tempo que negam a si mesmos e aos outros sua verdadeira doença e, assim, evitam um tratamento possível para ela. Por fim, os pacientes fogem da terapia, deixandoo hospital de repente ou não comparecendo às consultas de acompanhamento. - O tratamento, assim, é mais bem focado no manejo em vez de na cura. Seus três objetivos principais são (1) reduzir o risco de morbidade e mortalidade, (2) abordar as necessidades emocionais subjacentes ou o diagnóstico psiquiátrico subjacente ao comportamento de doença factícia e (3) estar atento às questões éticas e legais. - Diretrizes para manejo e tratamento do transtorno factício A procura ativa de um diagnóstico rápido pode minimizar o risco de morbidade e mortalidade. Minimize o dano. Evite testes e procedimentos desnecessários, especialmente se invasivos. Trate de acordo com o julgamento clínico, tendo em mente que queixas subjetivas podem ser enganadoras. Reuniões interdisciplinares regulares para reduzir conflito e cisão na equipe. Maneje a contratransferência da equipe. Considere a facilitação da cura por meio do uso da técnica duplo-cega ou de estratégias comportamentais, como auto- -hipnose ou biofeedback. Conduza o paciente em direção ao tratamento psiquiátrico de uma maneira empática, sem confrontação, sem embaraços. Evite confrontação direta agressiva. Trate as perturbações psiquiátricas subjacentes, como os transtornos do Eixo I e Eixo II. Na psicoterapia, aborde estratégias de enfrentamento e conflitos emocionais. Indique um prestador de atenção primária como coordenador de todo o tratamento clínico e psiquiátrico. Considere a inclusão de profissionais para gerenciamento de risco e bioética desde o início. Considere a indicação de um guardião para decisões clínicas e psiquiátricas. Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI Considere um processo por fraude como um desincentivo comportamental. - Em casos de transtorno factício por procuração, já foi obtida intervenção legal em várias situações, em particular com crianças. - A farmacoterapia dos transtornos factícios é de uso limitado. Os ISRSs podem ser úteis na redução do comportamento impulsivo quando este é um componente maior na atuação do comportamento factício. SIMULAÇÃO Simulação é a falsificação deliberada de sintomas físicos ou psicológicos na tentativa de obter ganho secundário, como evitar serviço militar, evitar o trabalho, obter compensação financeira, fugir de processo criminal ou conseguir drogas. Sob determinadas circunstâncias, a simulação pode representar comportamento de adaptação . A simulação deve ser fortemente suspeitada quando se perceber qualquer combinação dos seguintes elementos: (1) contexto médico-legal de apresentação (p. ex., o indivíduo é encaminhado ao clínico por um advogado para exame ou se encontra em cárcere); (2) discrepância evidente entre o estresse ou a incapacidade alegada pelo indivíduo e os achados objetivos; (3) falta de cooperação durante a avaliação diagnóstica e de adesão ao regime de tratamento prescrito; e (4) presença de transtorno da personalidade antissocial. A simulação persistirá enquanto o indivíduo acreditar que ela provavelmente produzirá a recompensa desejada. Na ausência de diagnósticos concomitantes, depois que a recompensa foi obtida, os sintomas simulados desaparecem. DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Esquiva de responsabilidade, julgamento e punição criminais. Um criminoso pode fingir incompetência para evitar ir a julgamento; ele pode fingir insanidade no momento da perpetração do crime, simular sintomas para receber uma pena mais branda ou tentar agir de forma incapacitante (incompetente) demais para ser executado. Esquiva de serviço militar ou de encargos particularmente perigosos. Indivíduos podem fazer simulação para evitar recrutamento militar obrigatório e, após o ingresso, podem fingir doença para escapar de encargos árduos ou perigosos. Ganho financeiro. Simuladores modernos podem buscar ganho financeiro na forma de seguro de incapacitação não merecido, benefícios para veteranos de guerra, compensações trabalhistas ou danos resultantes de suposta lesão psicológica. Esquiva de trabalho, responsabilidade social e consequências sociais. Indivíduos podem se valer de simulação para escapar de circunstâncias profissionais ou sociais desagradáveis ou para evitar consequências sociais relacionadas a processos civis decorrentes de atos impróprios na sociedade ou no trabalho. TRATAMENTO A postura adequada do psiquiatra é de neutralidade clínica. Ao se suspeitar de simulação, deve-se prosseguir com uma investigação diferencial criteriosa. Caso simulação pareça ser a condição mais provável na conclusão da avaliação diagnóstica, o paciente deve ser confrontado de modo firme, porém com tato, com o resultado aparente. Os motivos por trás da farsa, no entanto, devem ser evocados, e rotas alternativas para o resultado desejado devem ser exploradas. Transtornos psiquiátricos coexistentes devem ser avaliados por completo. A interação terapêutica (ou avaliativa) deve ser abandonada apenas se o paciente se recusar terminantemente a interagir com o médico sob quaisquer termos além da manipulação. Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI DIAGNÓSTICOS DOS TRANSTORNOS PSÍQUICOS VERSUS NEUROLÓGICOS De forma bem simplificada, as desordens neurológicas envolvem mal funcionamento ou dano do sistema nervoso (cérebro, medula ou nervos). Já nas doenças mentais a estrutura do sistema nervoso pode estar intacta mas podem existir alterações no estado emocional ou no comportamento. Em geral, o primeiro passo é avaliar se sintomas como irritabilidade, fadiga ou mudanças na capacidade de memorização estão associadas ou não a danos ou degeneração dos tecidos do sistema nervoso. As desordens neurológicas mais comuns são: transtorno do espectro autista, Alzheimer, epilepsia, esclerose múltipla, doenças causadas por traumas ao cérebro, meningite, Parkinson, doença de Huntington. Em caso de suspeita de qualquer uma destas desordens o paciente é encaminhado ao neurologista. A consulta inicia-se pela coleta de dados, história, presença de sinais e sintomas e exame físico que inclui teste de reflexos, tremores, rigidez, equilíbrio, velocidade de movimentos. O profissional definirá a primeira linha de tratamento (como uso de medicação) e a necessidade de terapias complementares, incluindo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, nutrição etc. Nas doenças mentais existe uma mudança de comportamento que gera estresse, sofrimento significativo ou prejuízo na execução de tarefas corriqueiras. São exemplos de doenças mentais ou psiquiátricas: depressão, ansiedade, síndrome do pânico, esquizofrenia, transtornos alimentares, estresse pós-traumático, transtorno bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, transtornos psicóticos, transtornos de personalidade, etc. As causas das doenças mentais não são tão claras, existindo várias hipóteses genéticas e ambientais, que devem ser consideradas no processo de diagnóstico e na proposta de tratamento. Psiquiatras e psicólogos conduzirão entrevistas para definição de um diagnóstico baseado no DSM-5, o manual de doenças mentais. Os diagnósticos do DSM-5 não são universalmente aceitos visto que a maior parte das doenças são geradas pela interação de diversos fatores, biológicos, sociais, interpessoais. De qualquer forma, psicólogos e psiquiatras definem para estas doenças a primeira linha de tratamento e costuam indicar terapias complementares com base no diagnóstico realizado e nas necessidades de cada paciente. CONDUTA IDEAL DO MÉDICO COM O PACIENTE PSIQUIÁTRICO RESOLUÇÃO CFM nº 1.598/2000 Art. 6º - Nenhum tratamento deve ser administrado a paciente psiquiátrico sem o seu consentimento esclarecido, salvo quando as condições clínicas não permitirem a obtenção desse consentimento, e em situações de emergência, caracterizadas e justificadas em prontuário, para evitar danos imediatos ou iminentes ao paciente ou a outraspessoas. Parágrafo único – Na impossibilidade de obter-se o consentimento esclarecido do paciente, e ressalvadas as condições previstas no caput deste artigo, deve-se buscar o consentimento de um responsável legal. Art. 10 - Qualquer tratamento administrado a um paciente deve ser justificado pela observação clínica e registrado no prontuário médico. Art. 11 – Um paciente em tratamento em estabelecimento psiquiátrico só deve ser submetido à contenção física por prescrição médica, devendo ser diretamente acompanhado, por um auxiliar do corpo de enfermagem durante todo o tempo que estiver contido. http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=AUTISMO http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=AUTISMO http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=ALZHEIMER http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=EPILEPSIA http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=ESCLEROSE http://andreiatorres.com/blog/tag/depress%C3%A3o http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=ANSIEDADE http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=ESQUIZOFRENIA http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=TRANSTORNOS%20ALIMENTARES http://andreiatorres.com/search?f_collectionId=54970efce4b05c076b7f0c0d&q=TRANSTORNOS%20ALIMENTARES Caroline Leão – VII período - Medicina FASAI Art. 12 - Pesquisas, ensaios clínicos e tratamentos experimentais com qualquer risco não podem ser realizados em nenhum paciente psiquiátrico sem o seu prévio consentimento esclarecido e em obediência ao que preceituam as normas do Conselho Nacional de Saúde para investigação em seres humanos Art. 16 - Nas internações involuntárias, o médico que realiza o procedimento faz constar do prontuário as razões da internação, bem como os motivos da ausência de consentimento do paciente - neste caso, deve buscar o consentimento de um responsável legal. Art. 17 - Nas internações compulsórias por motivo clínico, o médico que realiza o procedimento admissório deve fazer constar do prontuário médico uma justificativa detalhada para o procedimento, e comunicar o fato ao diretor clínico, que submeterá o caso à Comissão de Revisão de Internações Compulsórias.
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