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Doenças ambulatoriais cirúrgicas da infância ALINE CUSTÓDIO SILVA | MEDICINA | UNIVAG | TURMA 9 HÉRNIA UMBILICAL Definição: é um defeito do fechamento das estruturas fibro- musculares da aponeurose do anel umbilical, que permiti a protusão de órgãos abdominais. Nos defeitos menores, passa somente o epíplon. Já nos maiores, normalmente, o conteúdo da protusão são as alças intestinais. Normalmente, a hérnia umbilical está presente desde o nascimento e pode se resolver espontaneamente. Etiologia: incerta. Normalmente, dois fatores se associam: Fusão dos músculos reto abdominais na linha média Alterações na cicatrização do cordão Epidemiologia: 15 a 25% da população tem hérnia umbilical desde o nascimento, sendo mais comum em negros. Fatores predisponentes: prematuridade; baixo peso ao nascer. Quadro clínico: abaulamento na região umbilical que piora aos esforços. Nesse tópico, pontua-se que o que importa não é o tamanho do abaulamento, mas sim o tamanho da aponeurose, não havendo relação direta entre o tamanho do defeito e o abaulamento. Tratamento: o fechamento espontâneo acontece na maioria dos casos até os 2 anos. Se não, a correção é cirúrgica pela herniorrafia umbilical. HÉRNIA INGUINAL Definição: é a saída de uma víscera ou parte dela da cavidade abdominal para a região inguinal. Etiologia: defeito congênito da persistência do conduto peritônio-vaginal ( ) ou de Nuck ( ) em 99% dos casos. Exame físico: realiza-se a palpação do cordão espermático buscando o Sinal da Seda, que consiste no espessamento do cordão espermático. Tratamento: correção cirúrgica através da herniorrafia. Complicações: uma das mais comuns é o encarceramento da hérnia, que ocorre quando o conteúdo herniário não pode ser reintroduzido na cavidade abdominal. Isso acontece em 85% dos casos até os 12 meses de idade e seu tratamento é de caráter emergencial. O quadro clínico da hérnia encarcerada consiste em abaulamento na região inguinal, associado a uma massa endurecida, dolorosa e hiperemiada + sinais de abdome agudo obstrutivo. HIDROCELE Definição: é o acúmulo de liquido na região testicular. Em outras palavras, é a presença de uma coleção liquida entre as membranas da túnica vaginal, gerando aumento do volume escrotal. Tipos: existem dois tipos de hidrocele: Comunicante: há persistência do conduto peritônio vaginal, permitindo a descida e subida de líquido presente no abdome. Assim, quando o líquido desce o testículo incha e, em repouso, com o retorno do líquido há melhora do edema. Não comunicante: ocorre quando o saco se fecha, mas seu corpo não absorve o fluido. O fluido restante é normalmente absorvido pelo corpo dentro de um ano. CISTO DE CORDÃO Definição: presença de coleção líquida na região inguinal, entre o fechamento na região proximal e distal do conduto peritônio vaginal. Quadro clínico: o abaulamento cístico se apresenta indolor e imóvel em região inguinal, sendo não redutível. Diagnóstico diferencial: hérnia inguinal Tratamento: herniorrafia após 12 meses de idade. Testículo normal Hidrocele Doenças ambulatoriais cirúrgicas da infância ALINE CUSTÓDIO SILVA | MEDICINA | UNIVAG | TURMA 9 TESTÍCULOS NÃO-DESCIDOS Fisiopatologia: o testículo é formado embaixo do rim e depois ele desce para se fixar no escroto, permanecendo até o 7º mês de vida em sua fase transabdominal. Importante: se tratado inadequadamente, há implicações graves quanto a malignidade e infertil idade Tipos: existem 3 tipos de testículos não descidos. São eles: Criptorquidia: parada da migração embriológica do testículo em seu trajeto normal de descida; Ectopia testicular: testículo fora do seu trajeto normal de descida; Testículo retrátil: por hipercontratilidade do cremáster, o testículo retrai intermitentemente, não havendo indicação cirúrgica. Classificação: pode ser palpável ou impalpável: Impalpável: o testículo não-descido não está no escroto e não é possível senti-lo durante o exame físico. Nesse caso, o que pode justificar o EF é: 1) o testículo está na cavidade intrabdominal, 2) o testículo realmente não se formou, 3) o testículo é muito pequeno para ser sentido. Sendo assim, o único jeito de diferenciar essas situações é realizando a videolaparoscopia diagnóstica. Palpável: o testículo não está no escroto, mas se sente no exame físico. Diagnóstico: é clínico, através do exame físico. Entretanto, é possível lançar mão de exames de imagem (US, TC ou RM) em casos de dúvida ou para mensuração do tamanho do testículo. Tratamento: correção cirúrgica a partir dos 6 meses de idade. Se testículo não-descido classificado como PALPÁVEL: orquidopexia! Se testículo atrófico na criptorquidia PÓS-PUBERDADE: orquiectomia! O testículo é retirado porque pode virar câncer. FIMOSE Definição: é o estreitamento do orifício do prepúcio, tornando impossível a exposição completa da glande devido anel de contrição fibrótico – congênito ou adquirido. Prepúcio: tecido muco-cutaneo que cobre e protege a glande. Complicações: ITU de repetição, balanopostite de repetição e trauma. Tratamento: postectomia (retirada do tecido em excesso) quando menino > 2-3 anos. Acolamento balano-prepucial: trata-se apenas de uma pele aderida a glande, devendo ser diferenciada da fimose. Melhora intensamente com o uso de pomada (Postec) Parafimose: é a compressão do corpo do pênis que pode levar a isquemia e gangrena de glande. Sem dúvidas, é uma emergência urológica. CISTO TIREOGLOSSO Definição: é um cisto congênito causado por falha de obliteração do trato tireoglosso - defeito embrionário. Exame físico: próximo ao osso hiode, na linha média, móvel a deglutilçaoo e eleva-se a protusão lingual. Complicações: infecção e fistulização. Tratamento: correção cirúrgica por Cirurgia de Sistrunk. HIPOSPÁDIA Definição: é a abertura anormal da uretra na região ventral do pênis, que ocorre por falha na fusão das pregas uretrais. Exame físico: consiste em uma tríade → meato uretral ectópico, chordee (encurvamento ventral do pênis pela não formação da uretra) e o capuchão (excesso de prepúcio). Graus: distal ou anterior, médio-penianas ou médias, proximais ou posteriores. Anomalias associadas: criptorquidia, alterações renais, hernias inguinais, distúrbios de disfunção sexual, testículos não palpáveis bilaterais Tratamento: cirúrgico dos 6m a 2anos de idade. Realiza-se 3 cirurgias: ortofaloplastia (corrigir a curvatura), neouretroplasia (fazer o meato uretral) e postectomia (retirar o prepúcio). T ra je to d e d es ci da d o te st íc ul o