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1. Contexto histórico da cirurgia • Século II até o XVI ✓ Basicamente anatomia • Século IX – Albucacis – circuncisão e fissura labial • Idade Média (séculos XV a XVI) ✓ Da Vinci – anatomia ✓ Versalius – fisiologia ✓ Ambrose Paré – traumas de guerra, descreveu pé torto, onfalocele e gêmeos conjugados • Era dos barbeiros (séculos XVII e XVIII) ✓ Johannes Fatio – primeiro a tratar afecções em crianças, tentou até separar gêmeos conjugados ✓ Dourston – descreveu atresia de esôfago ✓ Goeller – atresia intestinal ✓ Ruysch – provável megacólon ✓ Gibson – mais preciso da atresia de esôfago ✓ Calder – atresia duodenal ✓ Duret – colostomia para ânus imperfurado • Século XIX e XX ✓ Amussat – primeira anoplastia perineal ✓ Jacobi – colostomia para megacólon ✓ Morton – anestesia ✓ Lister e Semelweiss – antissepsia, ácido carbólico ✓ Roentgen – raios X ✓ Hirschsprung – megacólon congênito ✓ Wilms – tumor renal em crianças ✓ Ladd & Gross – má rotação intestinal, atresia de vias biliares, ligadura d ducto arterioso, grandes vasos, anéis vasculares, enxertos alógenos 2. Cirurgia pediátrica Interfaces que mais se relacionam com a cirurgia pediátrica • Oncologia • Urologia • Urgência e emergência • Transplante hepática e vias biliares • Neonatologia • Torácica • Aparelho digestivo Interfaces que não se relacionam tanto com a cirurgia pediátrica • Ortopedia • Cardiologia • Plástica • Otorrinolaringologia • Neurologia 3. Persistência do conduto peritônio-vaginal O conduto peritônio-vaginal é canal que mantém o contato entre o peritônio e a túnica vaginal, a membrana mais interna do testículo que forma uma cavidade, também denominada vaginal, servindo de trajeto para o testículo descer e alcançar sua posição anatômica normal. Caso esse conduto permaneça aberto, algumas vísceras da cavidade abdominal e, caso haja protusão delas, há denominação de hérnia inguinal ou podem descer até o escroto e formar uma hérnia escrotal, além da possibilidade de formação de um cisto de cordão – hidrocele encistada (conduto fechado na região superior e inferior) ou hidrocele comunicante, quando o conduto não permite a passagem de vísceras, mas de líquidos. Na fase da infância, as vísceras perfuram indiretamente a parede ântero-lateral indiretamente, já que passa por dentro do canal inguinal, já a hérnia que se forma na fase adulta é formada devido à fragilidade das fibras musculares abdominais e a pressão intra- abdominal promove o abaulamento e a protusão na parede ântero-lateral. A hérnia inguinal formada na infância também pode ser chamada de hérnia inguinal incompleta, indireta ou oblíqua externa (protusão externa aos vasos epigástricos inferiores profundos). A hérnia da fase também é denominada direta, completa ou oblíqua interna. • Hérnias inguinais Possuem prevalência de 0,8 a 4,4% em crianças, em prematuros (a descida do testículo ocorre no 3º trimestre, logo pode não ter ocorrido ainda ao nascimento do prematuro e aumentar as chances da formação de hérnia) ocorrem entre 5 a 25% e com bilateralidade em 40% dos casos. Cerca de 6 a 9 vezes mais frequentes no sexo masculino. Em torno de 15% vão encarcerar e 70% desses ocorrerá no primeiro ano de vida. Princípios básicos da cirurgia pediátrica Bases Técnicas de Cirurgia e Anestesiologia – aula 4 Nicole Sarmento Queiroga Figura 1. Cavidade vaginal virtual em 1. Hidrocele comunicante em 2. Hidrocele encistada em 3. Hérnia inguinal em 4. Hérnia inguino-escrotal em 5. Figura 2. Testículo na posição anatômica em 1. Hérnia indireta em 2. Hérnia direta em 3. Figura 3. Hérnia inguino-escrotal. ✓ Redutível – pode ser reintroduzida na cavidade ✓ Encarcerada – o anel herniado apresenta diâmetro muito pequeno e começa a comprometer a vascularização ✓ Estrangulada – já ocorre necrose ou isquemia ✓ Completa – ocorre dentro do canal inguinal ✓ Incompleta – ocorre no triângulo de Hasselbach • Testículo não descido O desenvolvimento do testículo na fase gestacional inicia-se em localização trans-abdominal do feto da 8ª a 15ª semana de gestação, induzido pela produção de testosterona e de Insl3, pode ocorrer cerca de 10% de erro nessa fase. A outra fase ocorre em localização inguino-escrotal, ocorrendo da 25ª a 35ª semana de gesta~ção, havendo o crescimento do gubernáculo (N. Genitofemoral + androgênios), além do processo vaginal. Ao exame físico, palpação da bolsa escrotal e ausência do testículo, pode ser unilateral ou bilateral. Pode ser não descido e não palpável, mas pode ser não descido e palpável no canal inguinal. Diagnostico ao nascimento é de 4 a 5%, após 3 meses de vida se reduz para 1 a 2%. Fatores de risco são a prematuridade, o retardo no crescimento intrauterino e a exposição a estrogênios. Quanto mais tempo demora para a realização da cirurgia, mais chances de promover a infertilidade do indivíduo, já que as espermatogônias iniciam seu desenvolvimento e diferenciação em espermatócitos e futuros espermatozóides, logo o procedimento é indicado dos primeiros 8 a 12 meses de vida. ✓ Criptorquidia Testículo não descido e palpável ou não desde a bolsa escrotal até o canal inguinal, não sabendo sua localização ou sequer da sua existência. Tem chances de se diferenciarem em tumores endodérmicos, mesmo após a cirurgia, mas que facilita o diagnóstico precoce e a terapia. Até os 2 anos essa condição pode ser acompanhada, mas a partir dos 5 deve ser realizada a cirurgia, podendo ser por videolaparoscopia. Condição também é chamada de orquiopexia. ✓ Testículo ectópico Testículo está completamente fora do caminho, podendo estar em qualquer lugar, como raiz da coxa, abdome, períneo, entre outros. ✓ Testículo não-palpável Não encontrado na palpação. ✓ Testículo retrátil Não encontrado na palpação da bolsa escrotal, palpável no canal inguinal e que desce para sua localização no local habitual, ocorre porque a camada cremastérica, derivada do M. Oblíquo interno, ou túnica espermática média, tem fibras com trajeto arqueada e fazem um fuso em torno do cordão espermático e, ao se contrair, trazem os testículos e volta ao canal inguinal, sendo um reflexo natural e denominado cremastérico, ocorrendo também em situações de frio, estímulo sexual, medo. O reflexo cremastérico é acionado ao se deslizar um dedo do flanco em direção ao umbigo. O médico que realiza a ultrassom, com a experiência, consegue diferenciar e identificar essas situações nas crianças, evitando diagnóstico errôneo de criptorquidia ou testículo não palpável. ✓ Testículo não-descido tardio Testículo está no caminho certo e também na localização adequada, mas depois de um tempo, geralmente aos 10 anos, no exame físico há percepção que não está no lugar adequado, porque o crescimento do cordão espermático não acompanhou o crescimento da criança. 4. Fimose O pênis da criança também é um órgão em desenvolvimento, logo, inicialmente, é normal o prepúcio estar aderido a glande no nascimento da criança. Ao completar 1 ano, o prepúcio descola por si só da glande. A fimose consiste no estreitamento do anel prepucial, impedindo a exposição da glande. • Tipo 1 – tentativa de retrair o prepúcio e não há visualização do meato uretral externo, vê apenas o anel puntiforme do prepúcio. Em situações assim há acumulo de esmegma (secreção sebácea produzida pelo pênis) e urina, podendo formar processos inflamatórios de balanite (glande) ou balanopostite (glande e prepúcio). Pode ser que seja resolvido espontaneamente ou precisar de cirurgia. • Tipo II – há visualização apenas da parte inicial do meato uretral externo, mas consegue ver toda a glande do pênis. Figura 4. Exemplos das possíveis localizações dos testículos.Figura 5. Anatomia peniana da criança. Figura 6. Fimose tipo I Figura 7. Fimose tipo II • Tipo III – há visualização de toda a glande do pênis, mas forma-se um anel abaixo da glande, garroteando todo o resto do pênis. Pode ser provocada a situação de parafimose, quando a mãe, ao fazer exercícios para estimulação ao desenvolvimento do órgão, não faz o retorno do anel prepucial e a glande fica exposta e edemaciada. A fimose é comumente confundida com o acoplamento balamoprepucial, situação em que a glande e o prepúcio estão colados, o que é normal em recém-nascidos, sendo apenas necessário a realização da higiene. Em caso de balanite de repetição ou não exposição da glande até um ano, há indicação da realização da cirurgia de postectomia, que consiste na retirada do anel prepucial, permitindo a exposição sem represamento. Figura 8. Fimose tipo III Figura 9. Acoplamento balamoprepucial.
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