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Caprinocultura Criação Racional de Caprinos

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CAPRINOCULTURA
CRIAÇÃO RACIONAL DE CAPRINOS
Escolha e avaliação dos animais
Principais raças no Brasil
Alimentos e alimentação
Maneio sanitário
Doenças
Pequenas intervenções
SILVIO DORIA DE ALMEIDA RIBEIRO
Os caprinos
A cabra foi o primeiro animal capaz de produzir alimentos domesticado pelo
homem, há cerca de dez mil anos. De lá para cá, sempre acompanhou a história
da humanidade , conforme atestam os diversos relatos históricos, mitológicos e até
mesmo bíblicos, que mencionam os caprinos. Apesar disso, poucas vezes teve seu
valor devidamente reconhecido
Os caprinos têm a mesma origem que os bovinos, com o tronco ancestral dos
antílopes e a diferenciação ocorrendo no Plioceno.
As raças domésticas atuais descendem provavelmente da Capra aegagrus, da
Pérsia e Ásia Menor, Capra falconeri, do Himalaia, e Capraprisca, da bacia do
Mediterrâneo. A cabra doméstica é a Capra hircus.
Existe uma grande variedade de produtos de origem caprina: leite, carne,
couro, pêlo e esterco, além de ter utilidade como animal de traçáo. Em certas
regiões, o poder de uma pessoa é medido pelo número de caprinos que possui,
com a cabra sendo utilizada como o dote que acompanha a noiva em alguns países
da África. Ainda hoje a cabra tem um papel muito importante como fornecedora
de alimentos, particularmente em paises ou regiões em desenvolvimento.
A caprinocultura é uma atividade que vem se desenvolvendo muito nos últimos
anos. A população mundial de caprinos, que é de 609 milhões de cabeças (Produc-
tion Yearbook, 1994), aumentou em 7,3% entre 1979 e 1987, enquanto a
população de bovinos aumentou em apenas 4,996 e a de ovinos em 5,7%. A
produção mundial de leite de cabra. porém, aumentou em 10.7%, e a produção
de sua carne aumentou em 21 no mesmo período. indicando um aumento na
produtividade dos animais, uma vez que o aumento na produção de leite e carne
foi maior do que o aumento no efetivo (Production Yearbook, 1988).
Cerca de 94.2% dos caprinos do mundo encontram-se em regiões em
desenvolvimento. evidenciando a capacidade do caprino de se adaptar a condições
adversas, justificando sua reputação de animal rústico. Porém, os 5, 8hdoscaprinos
19
localizados em regiões desenvolvidas sáo responsáwis por 26, 3% do leite produzido
pela espécie. mostrando que. quando as condições são favoráveis, os caprinos
apresentam alta produtividade A Figura I • I apresenta a população mundial de
caprinos. por sontinente, evidenciando que os maiores efetivos estào presentes
na Asia e na Africa.
e Central
0 200.cxn 
Figura 1 •t. por continente 1 
400000
Yearbook, 1994).
Pode-se observar. também, que 0 rebanho caprino da América do Sul é
pequeno. com 22.8 milhóes de cabeças, o que representa apenas 3,7% da
população mundial O maior rebanho da América do Sul é o brasileiro, com 12,2
milhões de cabeças. seguido pela Argentina. com 3.4 milhões de cabeças e. a
seguir. a Venezuela. com I milhão de cabeças (Figura 1-2) (Production Year-
book, 1994),
No Brasil. 090 maior rebanho do mundo (Figura dos caprinos estão
na região Nordeste (Figura 1 4), onde a maioriados animaisécriada em condições
precárias. sendo exploradas apenas a carne e a pele. Por outro lado, existe no
Centro• Sul e no próprio Nordeste urna caprinocultura voltada para a produçào de
leite. onde buscase alta produtividade. A populaçáo brasileira de caprinos aumentou
no mesmo periodo
Os novos criadores. e mesmo os mais antigos. têm encarado a atividade de uma
forma mais profissional. preocupando-se em viabilizar economicamente Suas
criações através do aumento de eficiência na produçào e comerc:ahzaçào do leite
de cabra e de Seus derivados. diferente do que ocorria há alguns anos A procura
20
América do Sul
1.850
Guiana 79
9
Guana Francesa 1
Brasil
1.713 12.200
1.517
3.
15
Figura 1-2. População de caprinos nos diversos países da América do Sul (x 1.000) (Prowction
1994).
por esses produtos vem se ampliando intensamente, particularmente nos últimos
anos, e ao que tlK10 indica ainda há um espaço muito grande a ser ocupado
Os sistemas de produção variam desde criações de subsistência, produzindo
exclusivamente para o próprio consumo em pequenos criatórios, tanto nas áreas
rurais quanto nas periferias das grandes cidades, até criatórios comerciais bem
organizados. com grandes estruturas de produção e. na maioria das vezes,
dedicando-se também ao beneficiamento e comercialização dos produtos
Pela facilidade com que a cabra se habitua a diferentes situações, encontram-
se cnaçóes completamente confinadas, em que as cabras sáo mantidas em gaiolas.
Sern acesso a solários; criatórios confinados, mas com estruturas de lotes e acesso
a solários; a "cabra de corda" ; semiconfinamento; e, por fim. criatórios com ma-
21
Ira
O 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000
Figura 1-3. Os dez maiores rebanhos mundiais de caprinos (x 1 (Producfron 1994).
Norte 2%
Centro-oeste 163.611
sul 451.513-4%
Sudeste 349.599 - 3%
Nordeste 10.937390-90%
Figura 1-4. Populaçao brasileira de caprinos, por regido (Anuário Estatistico do
Brasa. 1994).
nejo mais extensivo. em que as instalações apenas abrigam e protegem os animais
contra predadores, durante a noite.
Cada um desses sistemas de produção e formas de manejo apresenta
caracteristicas próprias. com vantagens e desvantagens O importante é saber
avaliar, dentro dos objetivos da criação. qual a escolha mais adequada
22
Anatomia
e fisiologia
REGIÕES DO CORK), ESQUELETO E ÓRGÃOS INTERNOS
Para facilitar a compreensào do funcionamento do organismo de uma cabra
é importante conhecer as regióes e as partes que o compõem. sua localização.
caracteristicas e funções Basicamente, o esqueleto de um caprino consiste em:
• Cabeça — compreende os ossos do crânio e face. entre os quais citamos o
frontal, em que há dois processos ósseos (os cornos) sobre os quais se fixam os
chifres e a mandibula. onde encontramos os principais músculos da mastigaçáo,
o incisivo e o nasal, em que observamos as narinas e estáo inclusas as conchas
nasais , responsáveis pelo aquecimento e filtração do ar respirado; a órbita ocular
é composta pelos ossos frontal, lacrimal e zigomático
• Coluna vertebral — forma a linha dorsal. que deve ser retilinea, mas pode
apresentar desvios em função de lordose, sifose ou escoliose (defeitos) Com-
preende de 42 a 44 vértebras:
— sete vértebras cervicais, a primeira denominada atlas e a segunda, áxis, que
permitem todos os movimentos da cabeça;
—treze vértebras torácicas. sobre as quais se articulam as costelas e que possuem
a particularidade de terem a apófise espinhosa mais desenvolvida do que as
outras vértebras. As primeiras. aproximadamente na direçào vertical dos apêndices
torácicos anteriores (patas). têm as apófises espinhosas mais largas e constituem
a região denominada Cruz. É nessa região que se rnede a altura do animal;
— seis vértebras lombares, que determinam a região dos flancos;
— quatro vértebras sacrais fusionadas que Se articulam com 0 coxal;
— em média treze vértebras coccígeas. que terminam no final da garupa
• Tórax — caixa que Contém, entre outros órgàos. 0 coraçáoe os pulmões, limi-
tada lateralmente pelas costelas, em número de treze pares. dorsalrnente pelas
23
Apófise espinhosa ou processo
espinhoso dorsal
Forame cerebral
Processos transversos
Figura 2•1. Corte esquemático de urna vértebra lombar.
vértebras torácicas e ventralmente pelo estemo, onde os nove primeiros pares
de costelas se fixam diretamente, Essas estruturas determinam a capacidade
respiratória. que possui grande influência na produção leiteira
• Apêndices torácicos — compreendem a escápula. o úrnero, o rádio e a ulna,
os carpos, os metacarpos, as falanges e os sesamóides.
— a escápula faz a ligação do apêndice ao tórax;
— o úmero corresponde ao osso do braço. Articula-se em sua parte superior
com a escápula e forma, a este nível, a ponta da "espádua" ,
— o rádio e a ulna, com sua protuberância, o olecrano, que corresponde ao
cotovelo humano;
— os carpos, que correspondem ao pulso no humano, são constituídosde
pequenos ossos dispostos em duas fileiras: radial, intermédio, ulnas e acessório
na primeira fileira , e terceiro e quarto fusionados, 0 segundo carpiano na fileira
— os metacarpos se apresentam fusionados e constituem os ossos da "canela"
abaixo encontramos as falanges proximal, medial e distal junto aos sesamóides
proximais e distais, denominados "boleto" , e cobrindo parcialmente a falange
medial e a distal, encontramos os cascos;
— cada apêndice anterior está unido ao tronco escápula. músculos e
tendões que lhe dão solidez. mas também flexibilidade e articulação
• Apêndices pélvicos — compreendem o fémur. que é o osso da perna, a tibia e
a fibula. o tarso e o rnetatarso:
— a parte superior do fémur se articula com os ossos do coxal;
— o fémur se articula em sua parte Inferior com dois ossos (fusionados na cabra),
a tibia e a fibula. A patela completa essa articulação;
— o jarrete tem como base os ossos do tarso. Corresponde ao tornozelo do
homem. Essa articulação compreende cinco ossos dispostos em duas filas: um
deles. o tarso fibular, forma a ponta do jarrete;
— os metatarsos são os ossos da canela posterior, região comparável ao meta-
carpo, descrito para o apêndice anterior, pelo boleto e dedos.
• Coxal — os ossos do coxal (ílio, isquio e púbis) formam a cintura pélvica, sobre
a qual Se articulam os dois fémures;
24
cervicais
Cramo Vertebras torácicas
Aflas as lombares
Maxilar superior
Osso nasal
Escápula
Costeias
Radio e ulna
Metacarpos
Falange proxur,al
F alange medial
Figura 2-2. Esqueleto de uma cabra.
Vertebras sacrais
Esterno
Cintura pélvica
coccigenas
Patola
Tbia e fibula
arso tibular
— Tarsos
— os ossos do coxal determinam quatro pontos: os pontos das -cadeiras" , ou
ílio, e os pontos da nádega. os ísquios Esses quatro pontos determinam a
garupa, parte superior da pélvis O comprimento da garupa é a distância entre
a ponta do ilio e a do isquio e a largura, a distancia entre as pontas do ílio.
do corrE
Linha
Garupa Cernelha
Fspádua
, Garganta Ganacha
isquio
Pmta daInserçáo traseira
do ubere
Piso
torácco .
de barril
Piso
Veia
(do lede)
Figura 2•3. Principais regióes do corpo de uma cabra leiteira.
25
A distancia entre a ponta da espádua e a ponta da nádega é que determina 0
comprimento do corpo
As ilustrações seguintes apresentam as principais regióes do corpo dos caprinos
e os órgãos internos, vistos pelo lado direito e peio lado esquerdo
Rim direio
Pufrnao
da
Vesicula urinara
mtesuw
Figura 2-4.Org&os intemos vistos pelo direito do
esquerdo
Puháo VesÊú urnária
diafragau Diafragnu
Figura 2-5. Orgaos internos vistos pelo lado esquerdo do anirnal.
SISTEMA DIGESTÓRIO
A função do sistema digestório é ingerir, triturar, reduzir o alimento a finas
partículas. digerir e absorvê-lo Começa na boca , com os lábios. a língua, os dentes
e as glândulas salivares Em seguida vem 0 esófago, que é um tubo que se dilata
facilmente e conduz os alimentos da boca ao estômago, com o qual se comunica
por um orifício denominado cárdia.
26
O estômago da cabra é volumoso, com 20 a 30 litros, e ocupa quase toda a
parte esquerda da cavidade abdominal. Por isso é esse o lado que "incha" quando
está repleto ou quando ocorre meteorismo. Como nos outros ruminantes (ovinos
e bovinos), é constituido por quatro compartimentos: rúmen, reticulo, omaso e
O rúmen, ou pança, é o maior compartimento, ocupando mais de 80% do
volume total no animal adulto. Tem poderosos músculos denominados pilares
que. ao se contraírem, contribuem para a mistura dos alimentos. Os pilares
determinam, também, uma separação parcial do rúmen em dois sacos, dorsal e
ventral. A superfície exterior da cabra apresenta depressões que correspondem
aos pilares. O rúmen é revestido internamente com uma mucosa coberta de
papilas, mais ou menos desenvolvidas, que absorvem alguns gases resultantes da
digestão.
O reticulo, Ou barrete, é o menor compartimento, Com capacidade de a
2 litros. Está situado à frente do rúmen e se apóia sobre a parede ventral do
abdome. Seu interior é revestido por uma mucosa que forma um desenho
a favos de mel e que apresenta pequenas papilas; comunica-se com 0 rúmen por
urna ampla abertura, e com 0 omaso, por um estreito orifício unido igualmente
ao esófago pelo sulco reticular (goteira esofágica)
O sulco reticular pode ser comparado a um tubo de borracha que se forma em
sentido longitudinal. Os lábios do sulco estáo normalmente separados e deixam
cair no rúmen ou no reticulo alguns alirnentos (forragens grosseiras, água. etc , j;
outros. corno o leite, provocam um reflexo que faz as bordas da goteira unirem-
se para passar diretamente ao omaso e ao abomaso O fato de o cabrito mamar
com a cabeça levantada favorece a sua formação
O omaso tem dimensões Comparáveis às do retículo, ao redor de I litro, e
recebe os alimentos diretamente da boca, se o sulco for estimulado, ou do retículo
As paredes são muito musculosas e a superfície interior é revestida por urna
mucosa disposta em folhas ou lâminas, motivo pelo qual é também denominado
de folhoso. Essas lâminas são recobertas por numerosas papilas rugosas
O abomaso, Ou coagulador. tem forma alongada, com 40 a 50 centímetros de
comprimento e com um volume de 2 a 3 litros. Está situado à direita do rúmen
e repousa sobre o abdome, atrás do reticulo. Um amplo orifício permite receber
o conteúdo do retículo; outro. o piloro. cuja abertura é controlada por um esfíncter
e um toro , controla a passagem da digesta para 0 intestino O abomaso é revestido
por uma mucosa com numerosas glândulas que secretam o suco gástrico (e o
coalho, nos cabritos).
O intestino delgado é um tubo estreito (não passa da grossura de dedo) que
pode alcançar de 20 a 25 metros de comprimento e que compreende três partes•
o duodeno. que se estende ao longo da parede abdominal, o jejuno e o ílio, que
formam circunvoluções sustentadas e protegidas pelo mesentério. A mucosa do
intestino segrega 0 suco intestinal
O intestino grosso é bem mais curto, com 4 a 8 metros. É composto
exclusivamente pelo cólon. dividido em três porções: ascendente , de forma espiral,
com alças centripetasonde se formam as silabas As outrasduasporçóes, transversa
descendente, completam a absorção de água. Ocupa uma grande parte da
27
cavidade abdominal direita Na união do intestino delgado e do cólon se encontra
um fundo de saco denominado ceco, de 25 a 35 centímetros de comprimento,
com um volume que pode superar I litro. O cólon descendente acaba no reto. que
se comunica com o exterior pelo ânus, orifício fechado por um anel muscular
denominado esfíncter anal.
O figado é um órgão volumoso (500 a 700 g), situado na parte anterior direita
do abdome É constituido por uma série de pequenos lóbulos de forma hexagonal
que podem ser vistos a olho nu. O figado segrega um suco digestivo, a bílis, que
é conduzida pelo canal cístico à vesícula biliar e, desta, até o intestino delgado,
desembocando a uns 20 centímetros do piloro, no duodeno
O pâncreas é outra glândula alongada, que repousa em urna asa do duodeno.
O suco pancreático é encaminhado para o intestino pelo canal pancreático, no
mesmo local que a bílis.
Todo o sistema digestório é envolvido, mantido e sustentado em uma fina
membrana transparente, sólida e carregada de gordura, denominada rneso, que
é uma das modificações do peritônio
Desenvolvimento do sistema digestório
Quando o cabrito nasce, seu estômago é muito pequeno e o abomaso é o
compartimento mais desenvolvido (0.25 a 0,50 litros). Trabalha inicialmente
sozinho, recebendo o leite diretamente graças ao sulco reticular, que se fecha no
momento da deglutiçào. É onde começa a digestão, através da coagulação e do
ataque às proteinas_ O rúmen ainda é muito reduzido; o reticulo e 0 omaso suo
quase vestígios. Porém, esses compartimentos corneçam a se desenvolver de
forma mais ou menos rápida, segundo a alimentação que o animal recebe
Com três ou quatro semanas de vida, o abomaso, de forma alongada, com
cerca de 20 centímetros, é ainda o compartimento mais desenvolvido(0,5 a 1 , O
litro), pois o leite ainda é 0 principal alirnento nessa idade - O Omaso ainda é muito
pequeno: sua dilatação está apenas marcada , mas as laminas em forma de folhas
já são visiveis. O reticulo está mais diferenciado, com uma mucosa em forma de
favos de mel, embora seu volume ainda seja muito reduzido
Animal jovem
A - Rúmen
B - Sulco retictjar
("goteira esotagtana-)
C - Barrete
Anirnal adulto
D Omaso
E - Abomaso
F _ pioro
E - Esófago
Figura 2-6. Porção digesOva do sistema digestório de urn caprino jovem e de um caprir%) aduno.
28
Em muitos animais o rúmen já apresenta um volume apreciável, de O, 25 a O , 50
litros, segundo a quantidade de alimentos grosseiros consumida. Distinguem-se
bem os pilares e as finas papilas que recobrem a mucosa interna. Medem ao redor
de 8 centímetros de altura e 10 centímetros de comprimento.
Nessa idade , o intestino já tem um comprimento considerável, podendo alcançar
12 metros, dos quais 10 metros são de intestino delgado, ainda da grossura de um
lápis, e 2 metros de cólon, que é duas a três vezes mais grosso. O ceco tem cerca
de uma polegada de diâmetro e 10 centímetros de comprimento.
Um cabrito de seis semanas, com II a 12 kg de peso vivo, que consumiu
alimentos grosseiros, já mostra um desenvolvimento líquido de seu sistema
digestório: o rúmen possui um volume de 1.5 litro e já é mais volumoso do que
o abomaso ( 1 litro). O intestino alcança 18 metros. quatro para o grosso e o resto
para o delgado O ceco, volumoso, tem 20 centímetros de comprimento e 4 a 5
de largura, com um volume aproximado de 1/4 de litro.
A maior parte dos alimentos, para ser utilizada pelo organismo. deve ser
transformada. O sistema digestório pode ser comparado a uma fábrica, onde
ocorrem diversas modificações na matéria-prima: desde trituração até trans-
formações mais complexas de origem microbiana ou de natureza quimica
O caprino nasce. praticamente. como um monogástrico, isto é, apenas com
o abomaso (ou estômago verdadeiro) funcionando. Com o desenvolvimento do
animal, as demais cavidades do aparelho digestivo, o omaso, o reticulo e o rúmen,
vão se desenvolvendo, mudando rapidamente suas proporções, e atingindo o
estágio final por volta da quinta semana de idade
A capacidade digestiva dos caprinos depende muito do desenvolvimento do
pró-ventriculo, onde grandes quantidades de alimento, incluindo alimentos fibrosos,
serão fermentadas
O desenvolvimento normal do pró-ventriculo depende da disponibilidade e
ingestão de alimentos, especialmente sólidos, que desde a primeira semana de
vida Começam a penetrar 0 rúmen-reticulo e são fermentados. O crescimento
rápido é conseqüência da expansão do pré -estômago. do desenvolvimento epitelial
e do inicio da ruminação. A disponibihdade de energia nessa fase é de suma
importância. Por volta da 3" ou 40 semana de vida, o cabrito já pode ser considerado
um ruminante funcional. Próximo da 8' semana, os compartimentos gástricos
(Ventriculo) alcançam suas proporções adultas relativas. O desenvolvimento con-
tinua com 0 crescimento corporal, até que 0 animal alcance sua maturidade
(CHURCH, 1993).
O fornecimento de materiais sólidos facilmente ferrnentáveis pode acelerar
esse desenvolvimento, É importante lembrar que a presença de volumosos é
também necessária para um crescimento normal do rúmen -reticulo em capacidade,
musculatura e formação do epitélio,
Açáo mecânica
O objetivo principal durante a alimentação é ingerir uma quantidade suficiente
de alimentos. Seguindo o fluxo dos alimentos, verifica-se que, primeiro, eles são
29
rapidamente triturados na boca pelos pré-molares e molares. AO mesmo tempo,
os alimentos são urnedecidos pela saliva, que é secretada em quantidade abundante.
de 3 a 5 litros por dia A saliva é alcalina e serve principalmente para amaciar 0
alimento, ajudando a manter 0 pH do rúmen próximo da neutralidade
Esse amolecimento continuará no rúrnen, pelas contraçóes dos músculos ou
pilares responsáveis. também, pelo envio posterior para o reticulo e o omaso
Colocando-se a mão sobre 0 lado esquerdo do animal percebe-se com clareza os
movimentos do rúmen, que são mais rápidos com o rúmen mais vazio e mais lentos
com o rúmen mais cheio O ritmo varia de uma a duas contraçóes por minuto.
entre ocomeçoeofinalda alimentação Após otérminodarefeiçào. ascontraçóes
seguem com uma mesma freqüência do começo ao final da ruminação
Essas contraçóes também podem ser percebidas por auscultação, colocando-
se o ouvido ou um estetoscópio sobre o flanco esquerdo do animal
Após essa primeira mistura, o contado do rúmen segue o mesmo caminho
em sentido contrário. A ruminaçáo é um ato reflexo que faz com que os alimentos
voltem para a boca em sucessivas fraçOes de bolos alimentares, para serem
mastigados e ensalivados novamente, de forma mais completa
A parada da ruminaçào é sinal de enfermidade ou indisposição A calrna e a
tranquilidade dos animais, em um meio Sossegado, são favoráveis a uma rumi-
nação correta. com regurgitaçóes espaçadas em cerca de um minuto.
Uma vez 0 bolo alimentar bem triturado, ele é novamente deglutido e volta ao
rúmen. onde os movimentos continuam: há alimentos que sofrem várias rumi-
naçóes Só quando as partículas dos alimentos estiverem bastante reduzidas e
fluidas é que passam ao reticulo A passagem do reticulo para o omaso só é feita
quando os alimentos estào suficientemente reduzidos O trânsito do omaso para
o abomaso e deste para o intestino e em seguida para o reto é influenciado pelas
contraçóes próprias do estômago e. por outro lado. de movirnentos coordenados
que, da boca ao reto. asseguram o caminhar dos alimentos: são os movimentos
denominados peristálticos
Açdo microbiana
Durante sua permanência no rúmen, os alimentos são atacados e decompostos
por uma grande série de fermentos. bactérias e protozoários que constituem a
flora e a fauna microbiana É por isso que a celulose é -digerida" pelos
microrganismos do rúmen, podendo ser utilizada pelo animal, enquanto passaria
inalterada entre os animais superiores que, sem esses microrganismos, não são
capazes de digerir a fibra. Existem diversas espécies de microrganismos,
especializados nos diversos componentes dos alimentos: por esse motivo. as
alterações de alimentos das dietas devem ser feitas lentamente, para que se
desenvolva uma flora adequada nova dieta. Mudanças repentinas na alirnen-
taçáO podem provocar sérios prejuízos à população microbiana do rúmen
A populaçáo microbiana é permanente , pelo fato de o rúmen nunca se esvaziar
completamente Quando as condições de umidade, temperatura, pH e aporte de
alimentos são favoráveis, sua multiplicaçào é muito rápida
30
Algumas vezes se fala em -serneadura" nos animais jovens. ao inicio de sua
alimentação grosseira. Na realidade. a flora microbiana se instala rapidamente.
através do meio ambiente e dos alimentos.
A degradação dos alimentos por esses fermentos acarreta a formação de
diferentes produtos: amônia e ácidos graxos voláteis (AGV). como 0 ácido acético.
o ácido propiônico e o ácido butirico. A proporção de AGV varia em funçáo da
alimentação Os alimentos fibrosos, ricos em celulose. favorecem a produção de
ácido acético, enquanto os concentrados favorecem a formação de ácido propiô-
nico. Assim, dietas ricas em volumosos produzem menores quantidades de leite
com teor de gordura mais alto do que dietas ricas em concentrados. que favorecem
maiores produções de leite com teor de gordura menor Esses produtos são
principalmente absorvidos pelas papilas da mucosa do rúmen, passando ao
A abundante flora e fauna microbiana absorvem boa parte dos nutrientes
ingeridos para atender suas próprias necessidades. de tal forma que os nutrientes
disponiveis para os animais são o prcxlutoda transformação efetuada pela população
microbiana, além dos alimentos denominados by pass, ou seja, aqueles que
passam inalterados pelo rúmen, para serem digeridos e absorvidos no intestino
Essas transformações sáo vantajosas, principalmente quando se utilizam alimentos
de baixa qualidade. transformadosem produtos de melhor qualidade pelos
microrganismos Por outro lado, quando se utilizam alimentos de boa qualidade
é conveniente que passem inalterados pelo rúmen, protegendo-os por processos
físicos ou químicos, além da proteçáo natural inerente a certos alimentos.
Os nutrientes transformados pelos microrganismos vão ser restituidos ao animal.
quando esses microrganismos morrerem, naturalmente ou pela açào dos sucos
digestivos no abomaso e intestino, com seu conteúdo celular (principalmente suas
substâncias nitrogenadas) voltando a entrar no circuito da digestáo Pode-se dizer
que ocorre uma verdadeira associação ou simbiose entre os microrganismos que,
em troca de um ambiente favorável para sua sobrevivência, permitem o acesso
do ruminante a alimentos que ele seria incapaz de aproveitar
Entre os produtos resultantes das fermentações no rúmen. também constam
alguns gases, como o metano e o gás carbónico. eliminados pela boca, através da
As fermentações espumosas (acompanhadas da formaçào de espurna) que
podem ocorrer em função da ingestão de alimentos como trevo ou alfafa podem
provocar dificuldade na eliminaçào de gases pela eructação e. consequentemente,
aumento do rúmen e paralisação da digestão. Este quadro se denomina meteorismo
Ou empanzinamento e pode provocar a morte do animal se náo for cuidado
rapidamente. como será visto no Capitulo 8
Por último, é interessante citar. entre as açóes úteis dos microrganismos do
aparelho digestivo. a síntese de algumas vitaminas, como 0 complexo B e a
vitamina K.
Açao química
Os alimentos degradados e decompostos, assim como os milhões de
microrganismos mortos, passam do rúmen para o reticulo, que seleciona e reenvia
31
os alimentos para o rúmen Ou envia para 0 omaso. onde continua a decomposição:
a massa alimentar é prensada como em um filtro-prensa e perde uma boa parte
do excesso de Sua água; vai por último ao abomaso, onde é impregnada pelo suco
gástrico secretado por esse compartimento.
Esse suco possui diversas substâncias: a quimosina (Ou coalho). que provoca a
coagulação da caseína do leite; a pepsina, que ataca as proteínas; urna lípase
abundante que ataca algumas gorduras; e0 ácido clorffico, qtW desempenha
várias açóes
Sob uma forma semifluida, a massa alimentar. denominada quimo, passa pelo
piloro e chega ao intestino, onde as açóes quimicas iniciadas no abomaso continuam
e onde os sucos digestivos váo atuar. O suco pancreático. que é lançado no
intestino delgado, é a mais importante das secreções digestivas e suas enzimas vão
atuar energicamente sobre os diferentes compostos: matérias graxas, nitrogenadas
e amido
A bilis, procedente do figado. é lançada no mesmo ponto do intestino. Ativa
as enzimas do pâncreas e tem um papel muito importante na emulsão das gor-
Por (dtimo, o intestino segrega 0 SIRO intestinal, que COrnpleta a açao dos
precedentes
Nos cabritos. as enzimas digestivas estão presentes desde antes do nascimento,
corno a lactase. que ataca a lactose e a transforma em açúcares mais simples.
Duração do trânsito alimentar
O trânsito dos alimentos desde sua ingestão até a eliminação nas fezes pelo reto
tem uma duração variável, segundo 0 que foi consumido Um feno de baixa
qualidade tenderá a ter um trânsito mais lento que forragens de melhor qualidade
Uma maior digestibilidade e um trânsito mais rápido favorecem urna maior ingestão
de alimentos. fundamental para cabras de alta produçào e cabritos em ritmo de
crescimento intenso Estima-se que os alimentos estão misturados uma ou
duas horas depois de sua ingestáo e começam a sair do rúmen de três a sete horas
depois de terem entrado A evacuação se dá rnenos de 24 horas após a ingestão
Na verdade. o transito total (ingestáo/evacuaçào) é rápido para alguns alimentos
(cerca de 15 horas), mas pode durar até dois dias ou mais para outros.
Se o volume interno do sistema digestório é relativamente constante. a única
forma de o animal conseguir ingerir maior quantidade de alimentos é aumentando
a velocidade de transito do mesmo E essa relacionada
à ingestão. Animais que ingerem mais alimentos, como cabras de alta produção,
apresentam um transito mais rápido do que um animal com uma ingestào menor,
como uma cabra seca. Por outro lado, aumentando a velocidade de transito, é
menor 0 tempo de exposição do alimento aos processos digestivos, fazendo Com
que a digestão e degradaçáo efetiva diminuam.
Absorção
A absorçáo é a passagem dos nutrientes ao sangue e à linfa, através do tubo
digestivo. Os nutrientes os elementos nutntivos simples, obtidos Como
conseqüência das transformações ocorridas
32
Essa absorção, nos adultos, começa no rúmen, pelas papilas, continua no
retículo e no omaso e é intensa no intestino- Mas nas primeiras horas de vida, a
mucosa intestinal deixa passar grandes moléculas, como as imunoglobulinas do
colostro. Como essa faculdade desaparece rapidamente (em tomo de 12 horas),
é fundamental a ingestão do colostro logo após o nascimento, para que o cabrito
possa EON.er as imunoglobulinas que irão protegê-lo contra diversas enfermidades
No intestino ocorrem outras transformações: por exemplo, o caroteno se
transforma em vitamina A. Assim o sangue da cabra não contém caroteno (como
ocorre na vaca) e, por isso, a gordura do leite de cabra é branca
APARELHO REPRODUTIVO
Anatomia e fisiologia do aparelho reprodutivo da fêmea
Os ovários da cabra têm forma arredondada e são do tamanho de uma avelã,
apresentando em sua superfície estruturas denominadas foliculos que, ao
amadurecerem, liberam o óvulo. Os ovários também produzem os hormônios
responsáveis pelo estro, pela manutenção da prenhez e pelo parto.
As tubas uterinas, ou ovidutos, têm cerca de 15 cm de comprimento. São tubos
sinuosos que unem o ovário ao útero- Uma vez liberado pelo ovário, o óvulo desce
pela tuba uterina e , na presença de espermatozóides, ocorre a fecundação, passando
então o ovo para o útero.
A cabra possui dois cornos uterinos, e esta porção do útero até a cérvix chama-
Se corpo do útero. É no corpo do útero que o sêmen deverá ser depositado na
inseminação artificial.
O útero é o órgão em que ocorre a gestação e consiste em um corpo verdadeiro,
relativamente curto (cerca de 1 cm de comprimento) e dois cornos, aos quais se
conectam as tubas. O útero se separa da vagina pela cérvix (ou colo uterino), que
tem como função proteger a gestação do ambiente da vagina e meio exterior. É
0 local onde é depositado 0 sêmen•na inseminação infracervical.
Himen
Vuiva
Corros uterir»S
Meato urinário
Figura 2•7. Cornmnentes do aparelho da cabra.
33
A cérvix possui Cerca de 3 a 5 cm de comprimento. na forma de um conduto
quase sempre fechado. e apresenta dobras denominadas anéis, em número de 4
a 6. obstáculos a serem atravessados pela pipeta no momento da inseminaçao
Durante o cio. a cérvix se abre. permitindo a saida de muco para a vagina. É muito
importante a determinação do momento exato de inseminar, para encontrar a
cérvix adequadamente aberta e conseguir realizar a inseminaçào intra-uterina: a
caracteristica do muco é um bom indicador. Durante o parto, a cérvix sofre grande
distensáo. para permitir a saida do feto.
A vagina é ampla, tubular, com 8 a 9 Cm de comprimento, comportando a
desembocadura da uretra no vestíbulo vaginal. Está situada entre a cérvix e a vulva,
recebe o pénis durante a cópula e é o canal do parto por ocasiáo do nascimento.
Na monta natural, o bode ejacula os espermatozóides no final da vagina, no óstio
caudal da cérvix (fórnix). Nessa ejaculaçào são lançados bilhões de espermato-
ZOides que serão selecionados durante a passagem pela vagina , cérv•ix e útero. Na
inseminação artificial. a quantidade é reduzida para 100 a 200 milhões de esper-
matozOides: dai a necessidade de se transpor a cérvix e depositá-los no corpo do
útero. Em cabras virgens. existe urna membrana denominada hímen, que nor-
malmente é rompida na primeira cópula
A vulva é a porção mais externa do aparelho genital da fêmea e apresenta em
sua porção inferior o clitóris.com cerca de 1 cm, dosquais cerca de 2 mm de parte
liVTe. A vagina é um órgáo comum ao aparelho reprodutor e urinário, por onde
flui a urina e o muco do cio. O tamanho e o posicionamento da vulva podem ser
um bom indicador de problemas de fertilidade. tanto quando se apresenta rnuito
pequena (wl'v•a infantil) como quando com hipertrofia do clitóris, caracteristica de
fêmeas intersexos
Anatomia e fisiologia do aparelho reprodutivo do macho
Os testiculos do bode são em núrnero de dois, de forma ovalada e alojados na
bolsa escrotal, em posição vertical, com um peso de 50 a 150 gramas São
sirnétricos e de consistência firme. Sua função é produzir espermatozóides e
horrnônios
O epididimo é um órgão alongado, que abraça medialmente cada testículo,
com a sua cabeça dirigida para a porçào cranial da borda livre do testiculo Serve
para transporte e reservatório dos espermatozóides produzidos no testiculo
O ducto deferente. junto com o ducto excretor da glândula vesicular, desem-
boca na porçáo inicial da uretra. formando o ducto ejaculatório Sua funçho é
transportar os espermatozóides no mornento da ejaculação
As glândulas acessórias do Ñnis são responsáveis pela produção de líquidos
que nutrem os espermatozótdes e estão situadas junto à uretra, depositando Suas
secreçóes nela, As glândulas vesiculares estão formadas por um corpo glandular
par A próstata. pouco desenvolvida. está distribuída ao redor do lúrnemda uretra.
As glândulas bulbouretrais têm o tamanho de uma avelà, e possuem somente um
conduto excretor de cada lado
O pénis é 0 órgão mascullno responsável pela cópula, ou seja. através dele os
espermatozóides sào depositados no órgào genital feminino. É semelhante ao de
34
Vesicula urinaria Ret Prostata
Glândulas vesiculares
Músculo cremaster
Ducto deferente
T e sticulOS
Processo uretral
do pénis ou apend
vermiforme
EpididimO
Prepúcgo Bolsa e scrotal
Figura 2-8. Cornmnentes do aparelho reprodutivo do txxie.
Glândula
Flexura sigmóide Ou
•S • peruano
Outros ruminantes e apresenta a flexura sigmóide (ou penianO) entre a pélvis
e 0 escroto, distendendo-se no momento da cópula. provocando um aumento no
comprimento efetivo do pénis, que é exteriorizado e pode penetrar no genital da
fêmea. Apresenta em sua extremidade a glande , na qual se situa o processo uretral
(apêndice vermiforme), com 3 a 4 cm de comprimento.
O prepúcio é uma camada de pele que recobre e protege 0 pénis. possuindo
uma abertura pela qual ocorre a saida desse
Os testiculos crescem lenta e uniformemente. desde 0 nascimento até 80 dias,
quando 0 diâmetro tubular alcança 30". Aos 3 meses. as células de Leydig,
produtoras da testosterona, estào maduras, Ao mesmo tempo começa a
espermatogénese e o diâmetro dos túbulos alcança chegando a 135pcom
4 meses e meio. Embora 0 cabrito já seja capaz de fecundar a partir do momento
que corneça a esperrnatogênese, só deve ser usado a partir dos 8 ou 9 meses.
2-1. Desenvolvimento das características seminais em caprinos boer no
inicio da puberdade.
1575296
Volume 0.17 026
Grau motil.dacn
9350 203,30
EscwmatozOides vvos 33,50 54 20
nwf.canwtte rvrrnais 36.80
Fonte SMITH a ELLENOORF ('972)
O 
2
039
2.42
740 90
70.00
da
a
0.49
325
1.108.00
8a80
81,90
4
4.08
85,80
O bode também possui glândulas odoriferas. denominadas glândulas de
Schietzel. localizadas atrás do ponto de inserção dos chifres. e que produzem um
Odor característico. 0 Odor hircino. que aumenta na estação de monta, estimulando
ocomportamentosexualda fêmea Há países onde é comum retiraressaglàndula,
particularmente nos animais que costumam participar de exposições. Isso pode
ser feito no momento da descorna. usando-se 0 ferro ao rubro
35
GLÂNDULA MAMÁRIA E SECREÇÃO DE LÚTE
A glândula mamária
O úbere da cabra está localizado na região inguinal e se divide em duas
glândulas, totalrnente independentes através do septo mediastinico (ligarnentO
medianodoúbere) Pode ter formas variáveis. devidoà ligamentos
laterais que vai determinar urna maior ou menor aproximação do úbere com o
com. A mais apreciada é a que se aproxima de urna semi-esfera. avançando
caudal e cranialmente.com tetas de tamanho médio, voltadas médio-cranialmente.
A pele auxilia a aproximação do úbere ao corpo. de tal forma que alguns
autores consideram que os ligamentos laterais e medianos somados à pele formam
os ligamentos caudais e craniais do úbere
As glândulas mamárias. em número de duas, são usualmente chamadas de
quartos. um vicio de linguagem oriundo da denominaçho utilizada na vaca, que
possui quatro quartos. No caso da cabra, o correto seria metades (metade esquerda
e metade direita)
A unidade secretora de leite é o alvéolo, estrutura oca circular que se conecta
com a cisterna da glândula através de urna série de ductos, os canais galactóforos,
formando uma rede com a aparência de um cacho de uva. Da cisterna da glândula,
o leite passa à cistema da teta, onde pode apresentar diferentes formas e tamanhos,
desde muito VM1uenas, que chegam a prejudicar a ordenha manual, até muito
grandes, que dificultam a ordenha mecanizada e a mamada do cabrito:
Na cabra, estima-se que até 70 % do leite se encontra nas cisternas e nos canais
galactóforos mais grossos, diferente da vaca. que possui apenas 25 a 30 % de seu
leite nessa região Por esse motivo, a cabra é menos dependente da ocitocina:
para a liberação do leite do que a vaca, embora o processo de liberação do leite
contido nos alvéolos seja o mesmo, dependente. portanto, de ocitocina,
Vénula
Lede
Capilar
Alveolo
DtEt0 lactitero
Figura 2-9. Diagrama mostrando arranjo dos ductos do sistema mamário e detalhes de
de alvéolos.
I A ocitocina um hormónio qw é para a corrente sangüinea em resposta aos diversos
estimulos da ordenha e causa a contracho das células musculares circundarn os alvéolos, forçarxio
a litrraçáo do late armazenado dentro do "010
36
A saida do leite para o meio externo se dá através do orifício da teta. protegido
por um anel muscular denominado esfíncter da teta. Esse anel muscular se abre
com a pressão exercida pela ordenha ou mamada. ou pela sucção exercida pela
ordenhadeira mecanica Logo após a saida do leite. o esfíncter fica parcialmente
aberto. demorando algum tempo até retomar ao seu tónus normal Por esse
motivo. é conveniente forçar as cabras a ficarem em pé por cerca de meia a uma
hora logo após a ordenha (através da ahmentaçáo e contenção em canzil, por
exemplo) , fazendo a inwrsào da teta em soluçào de iodo glicerinado , para proteger
contra a entrada de microrganismos que poderão provocar mamite (infecção da
mama)
O úbere possui também tecidoconjuntivo. que dá forma e acomoda as estruturas
secretoras e de depósito, além de uma estrutura muscular forte e bem desenvolvida
que lhe dá sustentação, tanto estando vazio como quando está cheio. Possui,
ainda. toda uma rede de vasos sangüíneos. alimentados pelas duas artérias mamárias,
dispostas na superfície da região ventral que quando de calibre avantajado e
sinuosas, são consideradas indicativo de boa aptidão leitura. O sangue retoma por
um conyunto de quatro a seis veias de maior calibre do que essas artérias, 0 que
permite que haja um grande fluxo de sangue pelas glândulas mamárias, com
transito relativamente lento. favorecendo um tempo de exposição maior, 0 que
facilita a passagem dos metabólitos do sangue para os alvéolos. De qualquer
forma, é necessária a passagem de 400 a 500 litros de sangue pelo úbere para
cada litro de leite produzido
Toda essa estrutura é envolvida pela pele, que deve ser fina, suave, com boa
capacidade de retraçáo após a ordenha A pele não tem função de sustentação
Muitas vezes é clara e rosada mas pode ser escura ou apresentar manchas confor-
me a raça. Para animais mais expostos ao sol, em função do sistema de criação,
é conveniente um úbere com pigmentação mais escura. Além disso. essa pele
pode ser ou não revestida por pêlo, principalmente nas regiOes mais próximas ao
corpo. A região mais próxima da teta e a teta não possuem pêlos.
Ligan•nto
lateral
da pare-t%
glandular
da
da teta
daparte
da coxa da teta
Figura 2-10. Principais regiões e tecidos que compõem 0 úbere.
37
A secreção do leite
A secreçáo da glândula mamária, que se verifica no periodo próximo ao parto,
denomina•se colostro; fica armazenado inicialmente nos alvéolos e. ao se aproximar
o parto, uma parte passa às cisternas. Sua composição é bastante distinta do leite
normal, com teor bem mais elevado de gordura, minerais, lactose e proteína,
fraçáo que inclui as imunoglobulinas, que é a forma da mãe passar à cria a
resistência que tem a diversas enfermidades. Esse é, inclusive, o aspecto mais
importante da ingestão do colostro pela cria logo após o nascimento. Mas a cada
ordenha, sua composição mais se aproxima da composição do leite, de tal forma
que, de três a sete dias após o parto, o leite já pode ser aproveitado
Embora a cabra não deva ser ordenhada antes do parto, quando o volume
do úbere aumenta excessivamente, essa prática pode ser indicada: 0 peso do
colostro, somado ao aumento de peso do úbere. provocado por edema
característico dessa fase, sobrecarrega os ligamentos de sustentação, que poderão
se distender de forma irreversível. Porém, caso se inicie a ordenha antes do parto,
devese prever de que forma o colostro será fornecido para a cria e ter em mente
que. por seu teor bem mais elevado em nutrientes. a produção de colostro é mais
desgastante para a cabra do que 0 leite. Essa prática também é, algumas vezes,
utilizada com as primiparas2, de tal forma que logo após o parto já estejam
habituadas à ordenha
Outro aspecto relacionado ao colostro diz respeito ao volume. É comum valo-
rizar determinadas cabras produzem quantidades muito grandes de colostros.
Isso deve ser avaliado com reservas pois, se por um lado indica um grande volurne
para armazenamento no úbere, por outro deve-se lembrar que 0 animal tew todo
um período seco para acumular nutrientes e secretar esse colostro. Portanto,
grandes produções de colostro indicam grande capacidade do úbere, mas não
necessariamente grandes produções de leite.
A secreção do leite propriamente dito se inicia logo após o periodo de colostro.
Sua composição varia em função da alimentação, raça e idade da cabra, do volume
de leite produzido e do estágio da lactação. [k qualquer forma, os diversos
constituintes do leite são produzidos de diferentes formas:
• Gordura — sintetizada nos alvéolos, a partir dos ácidos graxos contidos no
sangue, que têm como principal origem a fermentação ocorrida no rúmen. O
principal ácido graxo é 0 acético, que está em maior concentração em dietas
ricas em forragens, enquanto dietas ricas em grão produzem uma maior proporção
de acido propiOnico. produzindo maiores quantidades de um leite mais magro
Quando os ácidos graxos fornecidos pela dieta não são suficientes para a
produção de leite potencial da cabra , ela pode mobilizar suas reservas corporais,
fenómeno comum no inicio da lactação. Uma cabra pode produzir 200 ou até
250 g de gordura por dia.
2_ Fêtneas de prinrira cria.
3. No Capril Serra de Andradas já se chegou a tirar IO kg de colostro de uma primipara e há relatos
confirmaçáo oficial) cabras produziram 12 e até 17 kg de colostro
38
• Proteína—tambémésintetizadanosalvéolos, apartirdosaminoácidosfornecidos
pelo sangue, de tal forma que o leite possui proteínas, como a caseína e a
lactoalbumina, que não existem na corrente sangüinea
• Lactose — açúcar do leite também nào existe na corrente sangüínea. É produ-
zido no alvéolo, a partir da glicose
• Minerais — embora não sejam transformados pela glândula mamária, a sua
proporção no leite é distinta da proporção no sangue O leite possui IO a 15
vezes mais cálcio. potássio e fósforo que 0 sangue, e 3 vezes rnenoS cloro
• Vitaminas — atravessam as paredes dos alvéolos sem alteração. Seu teor
também varia em função da alimentação e do sistema de criação
• Existem outras substancias que podem passar ao leite, como essências de
determinados alimentos, transferindo ao leite o flavor4 característicodo produto
Em alguns casos pode ser sutil e até agradável, mas em outros pode chegar a
inviabilizar o aproveitamento do leite.
É clara a vinculação da composição e volume de leite pauzido com a dis-
dos seus precursores na corrente sangüínea•, como essa disponibi-
lidade está diretamente relacionada à alimentação, fica evidente sua importância
na produção de leite, tanto em quantidade como em composição.
O ritmo de secreção do leite não é constante: é máxima logo após a ordenha
e vai diminuindo com o passar do tempo. Não se sabe com exatidão o que faz com
que essa secreçáo diminua, se é a pressão interna produzida pelo próprio leite ou
outras substâncias que constituem o leite e que produzidas em grandes quantidades
passam a ter efeito inibitório.
Para animais que produzem até um litro de leite por dia , uma ordenha diária
é suficiente; quando a produção está entre um e dois litros. deve-se avaliar caso
a caso; animais com produção acima de dois quilos de leite justificam urna segunda
Ordenha, com um intervalode IO a 14 horas (o ideal seria a cada 12 horas). Assim,
quando 0 volume de leite é grande e 0 ritmo de secreção diminui substancialmente ,
retira-se o leite, dando oportunidade à glândula mamária de voltar a secretar em
ritmo mais intenso
A inclusão da segunda ordenha aumenta a produção total em 30 a 50%. Uma
terceira ordenha não se justifica em caprinos na maioria das vezes, mas pode ser
estudada em casos excepcionais, em animais de produção muito elevada, acima
de cinco ou seis quilos ou em épocas de grande procura pelo leite. A terceira
ordenha aumenta cerca de 10 a 15% a produção de duas ordenhas
A implantação de uma segunda ordenha também beneficia animais de elevado
potencial que, submetidos a uma única ordenha, manteriam 0 úbere com excesso
de peso por um período muito longo, sobrecarregando os ligamentos de sustentação
4. Flatnr é a sensaçáo misturada de aroma e sú-.r prowcada Flos alimentos e substânciasde •
forma geral
39
Finalmente, podem-se fazer algumas recomendações e observações
Com relaçàO à produção de leite e à ordenha:
• a composiçào e a quantidade de leite estão diretamente relacionadas
com a alimentação da cabra;
• alimentação com maior teor de forragem produz menos leite, corn
maior teor de gordura, do que uma alimentação oca em grãos;
• a ordenha deve ser feita com tranqülhdade e em ambiente adequado,
para se obter a máxima produção;
• a ordenha deve ser rápida, poisa açáoda ocitocinaéde Curta duração;
• a ordenha deve ser feita a fundo, para se retirar o máximo do leite
alveolar, que é mais rico em gordura do que O leite da cisterna, Sendo que
sua retirada estimula maiores produções.
Anornalias da glândula mamária
A glândula mamária pode se desenvolver , com secreção de leite, antes mesmo
do primeiro cio e até durante o aleitamento. Embora isso não seja táo raro. é
conveniente acompanhar se o volume náo está aumentando demasiadamente e
se o aspecto está normal Caso haja alteraçào de volume. cor ou temperatura,
pode ser necessário Ordenhar, evitando a ocorrência de mastite
Outra anomalia freqüente é a existência de tetas extras (poliletia). Além das
duas normais. podem existir tetas de tamanho bastante reduzido, localizadas no
útpre ou junto à teta principal; súiivisáoda teta em duas partes; ou, ainda. dois
orificios de saida do leite Quando a teta extra é afuncional e localizada de tal forma
a não prejtKiicar a ordenha. embora indesejável. não há nenhum problema. e
também não há nenhuma vantagem em termos produtivos. já que sua presença
não Implica maior quantidade de tecido secretor. Se essa teta for funcional, Ou
seja, se for possivel ordenhá-la. ou localizada onde dificulte a ordenha da teta
principal. essa cabra deve ser eliminada. Como o número de descendentes que
um bode deixa no rebanho normalmente é muito maior do que o número de
descendentes deixado por cabra. se ele apresentar teta extra não deve ser utilizado
em hipótese alguma, pois essa caracteristica é hereditária e passará à sua des-
cendência
Nos bodes,normalmente. a glândula mamária é afuncional, mas há casos de
bodes que produzem uma secreçào semelhante ao leite , algumas vezes em volumes
até grandes Esse fenómeno denomina-se ginecomastiae náodevecausar grandes
preocupações: apenas monitora-se esse animal para eventualmente ordenhá-lo,
pois existe o risco de se instalar uma mamite
AVAUACÀO DA IDADE PELOS DENTS
A avaliaçáo dos dentes de um animal permite urna estimativa aproximada de
Sua idade. embora a mudança e 0 desgaste dos dentes. em funçáode vários fatores,
inclusive alimentaçáo, possam preludicar essa avaliaçáo.
40
No maxilar superior. no espaço correspondente aos incisivos inferiores. existe
uma almofada dentária. da mesma forma que nos bovinos. Como os demais
ruminantes, os caprinos não possuem caninos da forma corno conhecemos nos
Outros animais
Em relaçào ao plano médio da cabeça, as pinças sáo os dentes da frente,
seguidas pelos prirneiros médios, segundos médios e cantos. Em seguida vêm os
pré-molares superiores e inferiores e os molares superiores e inferiores
Tabela 2—2. Dentição de caprinos adultos.
Tip
2
rr"os 2
2
2
6
6
6
6
32
Primeiros rnécfios
médios
Figura 2-11. Esquema representando os dentes incisivos de um caprino.
A idade é avaliada pelos incisivos, na erupçáo da primeira dentição. na troca
para a segunda dentiçào e, por último, no desgaste dos dentes.
41
Tabela 2-3. Dentições nos caprinos.
rrEOS
Segurxns médios
PrinWra
S a 5 aas
3 a 5 dias
25a 30 dias
12 a 18
18 a 22 rrwses
24 a 30
5
6 anos
7
Quando ocorre o desgaste de todos os dentes, por volta dos 6 a 7 anos, diz-
se que a "mesa " está nivelada, começando um afastamento aparente dos dentes,
das pinças para os cantos, apresentando-se em todos os dentes por volta dos 9
anos (esse afastamento é menos visivel do que nos bovinos),
A diferenciação entre os dentes deciduos (de leite) e os permanentes (definitivos)
é feita pelo tamanho e pela largura, sendo os primeiros menores e mais estreitos.
Até 12a 14 meses
24 a 30
12 a 18 meses 18 a 22 meses
Acima de 34 a 38 meses
Figura 2-12. Avaliação da idade pelos dentes.
42
Escolha e avaliação
dos animais
O objetivo da maioria dos criadores é o retorno económico da atividade. Assim,
a Conformaçào funcional é indispensável, influenciando a vida produtiva e
reprodutiva das cabras, com reflexos no aumento de tempo de permanência no
rebanho e diminuição na taxa de descarte involuntário.
O julgamento de animais pelo seu aspecto exterior sempre foi considerado
uma mistura de arte e ciência, mas a cada dia. muito mais voltado à ciência do que
à arte O estudo do exterior, ou ezoognósia, é importante para:
• selecionar os animais que serão mantidos no rebanho e os que seráO
comercializados;
• incrementar programas de melhoramento genético;
• escolher animais para participação em exposições;
• aquisição de animais, em que. na maioria das vezes, a avaliação da aparência
é o único recurso disponivel para o comprador
É importante ter em rnente que dificilmente se encontrará a "cabra perfeita"
No entanto, seleciona-se o rebanho sempre no sentido de obter animais o mais
próximo possivel do ideal, aumentando-se, com o passar do tempo, o rigor da
avaliação e do padrão de exigência A maioria das cabras tem boas características
a passar às futuras gerações, desde que se utilizem cruzamentos direcionados
APARÊ<CLA GERAL
Para uma avaliação sobre a aparência geral do caprino. todas as partes devem
ser consideradas. O animal deve apresentar vigor; proporcionalidade entre as
regiões do corpo, com tipo e porte caracteristicos; cabeça de comprimento médio,
elegante, com fronte e focinho amplos e, bem definidos; boca ampla e boa denti-
çáo; ventas abertas e limpas; olhos brilhantes e vivos; orelhas de tamanho ade-
43
quado e de acordo com 0 padrão da raça e, finalmente, 0 ombro e a paleta dever-n
compor um conjunto inclinado em direçáo à cernelha, formando urna perfeita
junção com o corpo
Um animal saudável é alerta, vivo e gracioso, tem pêlo lustroso e a pele é solta
e flexivel É importante observar sinaisde laminite, cotowlose/oujoelhos inchados,
mastite. desnutrição, diarréia ou a presença de ectoparasitos. principalmente
piolhos. tanto no animal quanto no seu rebanho de origem Outras características
importantes são: apetite, fertilidade, prolificidade, facilidade de ordenha, rustici-
dade e docilidade.
NO caso dos animais puros, devem-se observar as características da raça , como
cor da pelagem, tamanho. estrutura da fronte edas orelhase outras peculiarkiades,
descritas no próximo capitulo.
Define-se como aprumo a direçáo dos membros em toda a sua extensão ou de
suas regiões em particular, de forma a sustentar solidamente o corpo do animal
e permitir seu deslocamento fácil. Ikern ser fortes e adequadamente posicionados,
livres de aumento de volurne nas articulações: considere-se que as pernas e os pés
suportam o animal ao longo de sua vida e. no caso da fêmea. ainda sustentam urn
úbere cheio de leite e durante a gestação, até IO ou 12 kg adicionais
Os defeitos de aprumo causam desconforto ao animal , quando parado em pé
(estação), ou esforços desgastantes quando se Icxornove. Embora muitas vezes
sejam características inerentes ao animal, podem ser defeitos adquiridos, 0 que é
muito cornurn quando os cascos náo são corretamente aparados
Vistos de perfil , os aprumos anteriores sáo normais quando a linha de aprurno
que parte da ponta da espádua atinge o solo logo da unha. O animal é
considerado acampado de frente quando as unhas alcançam Ou ultrapassam a
linha de aprumo e debruçado, quando 0 eixo do ombro se inclina para trás, com
uma maior distância entre a linha de aprumo e a unha. Diz-se que o animal é
ajoelhado quando 0 joelho se proÉ'ta para a frente e transcuroo ou joelho de
carneiro quando o desvio é ao contrário. Se os joelhos estão inchados, pode ser
um indicativo de defeitos de aprumo
Correto Ajoelhado Joemo Transcurvo 
inchado Ou joelho de
Figura 3-1. Aprumos anteriores (visao lateral).
44
Ou
Quando a quartela é muito comprida e seu eixo com a linha horizontal forma
um ângulo menor do que 450 , 0 animal é chamado de baixo de quartela, longo
juntado, sapateiro ou achinelado. Quando a quartela é muito curta e o ângulo
é maior que 500, utiliza-se a denominação fincado de quartela ou curto juntado.
Baixo de quartela
Ou longo juntado
ou sapateiro
Fincado de quartela
ou curto juntado ou
perna de
figura 3-2. Alguns aspectos relacionados aos pés e aos cascos.
Vistos de frente. os membros anteriores devem ser paralelos e afastados,
indicando um tórax largo Quando os pés se afastam da linha de aprurno. diz-se
que o animal é aberto de frente, sendo fechado de frente quando ocorre 0
inverso Quando os joelhos estão arqueados para fora, utiliza-se a denominação
joelhos arqueados e, em caso contrário, joelhos cambaios. Como nos pés:
arqueados ou Cambaios nas mesmas condições
Fechado Arqueado
Figura 3-3. Aprumos anteriores (visão frontal).
Alguns defeitos provocam deformações no corpo, prejudicando a estética e
muitas vezes 0 desenvolvimento normal. Para caprinos leiteiros, os apmmoS
posteriores são particularmente importantes: nos machos, são eles que sustentam
0 bode na hora da monta e. nas fêmeas. além de suportarem 0 úbere e 0 aumento
de peso das gestações ainda dão sustentação ao bode no momento da cobertura.
45
Os aprumos posteriores, de perfil, são regulares quando a linha de aprumo,
baixada da ponta da nádega, passa pela ponta do jarrete, tangencia acanela pela
borda posterior e alcança o solo logo atrás da unha. O animal é considerado
acampado de trás quando o eixo do membro se afasta para trás da linha de
aprumo Nesse Caso. como também no acampado de frente, 0 animal apresenta-
se selado. Quando as canelas ficam muito adiantadas em relaçào à linha de
aprumo. denomina se sobre si de trás ou acurvilhado. Como conseqüência, a
garupa apresenta-se muito inclinada, o ângulo do jarrete, muito fechado, e o
boleto. baixo. No animal com jarrete aberto, 0 ângulo é maior do que 1600e. no
fechado, inferior a 1400. correspondendo, quase sempre, ao acampado e sobre
si de trás, respectivamente Nasquartelas, identificam-se as rnesmascaracteristicas
daquelas dos membros anteriores.
Jarrete aberto
Figura 3-4. Aprumos posteriores (visão lateral).
Jarrete fechado
Vistas de trás, as pernas devem ser paralelas e afastadas, com a linha de aprumo
saindo da ponta da nádega e passando pelo meio do jarrete, canela, boleto,
quartela e O animal é aberto de trás quando há desvios dos membros para
fora da linha de aprumo e fechado de trás quando 0 desvio é no sentido contrário.
Ele é cambaio quando os pés estão para fora, com os joelhos aproximados, e
zambro quando os pés estão para dentro
Figura 3-5. Aprumos posteriores postenor)
46
CAPACIDADE CORPORAL
A capacidade corporal está diretamente relacionada com a produção leiteira
e Compreende 0 perímetro torácico e o barril. devendo o tórax Ser largo e profundo,
formado por costelas também largas e bem arqueadas O peito deve ser amplo,
com espaço abundante para os órgãos respiratórios e circulatórios. assim corno
para uma maior capacidade digestiva. O animal leiteiro apresenta maior com-
primento e profundidade do corpo como um todo.
O corpo ideal aumenta em volume do anterior para 0 posterior , de um generoso
perímetro torácico até um mais largo e profundo abdome, na altura do barril, e
de uma cernelha cortante para um barril largo e bem arqueado, formando as tres
cunhas classicamente apontadas como características do animal leiteiro
do tórax
do piso
do corpo
Segunda cunha
Cunha
corpo
Arqueamento
de costelas
Largura do
Largura da
Figura 3-6. Caracteristicas relacionadas capacidade corporal e as três cunhas caracteristicas da
cabra leiteira
47
earu% Lombo Dorso Cernelha
Figura 3-7. Alguns aspectos relacionados à linha superior.
LINHA SUPERIOR
Um dorso forte irá suportar um corpo volumoso contendo um ou mais cabritos,
Sem causar estresse à cabra. As paletas devem ser inseridas suavemente junto ao
peito e à cemelha, para compor uma suave união com o pescoço e o corpo. A
cemelha deve ser plana, em nivel com o dorso , saliente e descamada , tipicamente
angulosa. O dorso fica entre a cemelha e o lombo. Em conjunto com o lombo,
forma a linha dorso-lombar, que deve tender para horizontal. Também é um fator
ligado à longevidade
Os principais defeitos da linha de dorso são: "lordose" , quando a linha dorso-
lombar apresenta uma depressão (animal selado); "cifose " , quando o arqueamento
é no sentido contrário, e "escoliose" , quando há irregularidade no sentido lateral.
Qualquer dessas situações é indesejável, sendo preferível uma ligeira "cifose" a
urna "lordose". A garupa deve ser longa, larga e ligeiramente inclinada. Esta
região compreende a bacia a qual. se for bastante ampla, permite melhor desen-
volvimento do feto e facilita o parto, além de uma melhor implantação e maior
volume do úbere.
48
CARACTERjSTCAS LEITEIRAS
Um animal leiteiro deve ser vivo e descarnado, particularmente na primeira
metade da lactação. Deve ter um pescoço fino, longo e descarnado, unindo-se
suavemente com as paletas e Com o peito. O garrote (Ou cernelha Ou cruz) deve
ser cortante e bem definido. As vértebras da coluna devem ser bem separadas,
proeminentes e definidas.
Os ossos das costelas devem ser largos, achatados e espaçados, bem arqueados,
para dar volume ao corpo. As pontas do ilio devem ser bem salientes e descarna-
das, da mesma forma que os ísquios. Os ossos achatados podem também ser vistos
nas pernas, as quais devem aparecer substancialmente achatadas em sua seção
transversal, com coxas moderadamente magras, encurvadas, bem separadas
quando vistas de trás, oferecendo espaço suficiente para o adequado posiciona-
mento do úbere e de seus ligamentos.
Angulosa e cortante Cheia e arredondada
Figura 3-8. Características leiteiras evidenciando a angulosidade.
SISTEMA MAMÁRIO
No capitulo anterior foram analisadas a anatomia e fisiologia da glândula
mamária. Agora, serão apresentados alguns aspectos complementares, relacio-
nados à avaliação do úbere.
Figura 3-9. Um úbere bem formado.
49
Para animais leiteiros, essa característica é de fundamental importância, embora
a avaliação possa ficar prejudicada ou mesmo impossibilitada em cabritas' e em
cabras que não estejam em lactação. Nesse caso, é importante considerar há
quanto tempo a cabra está seca e qual seu histórico reprodutivo.
O úbere deve ser volumoso, adequadamente sustentado por suportes musculares
fortes, com a sua porção anterior no mesmo nivel que a posterior. As ligações
dianteiras devem ser bem sustentadas, com ligamentos fortes e suaves. puxadas
para dentro e bem ligadas ao corpo, sem formar bolsas. Além de volumoso, a
região posterior do úbere deve ter comprimento moderado, alongado, largo, bem
estendido para fora e fortemente sustentado, uniformemente largo da parte alta
ao piso. As ligações traseiras devem ser largas, com as metades (glândulas) bem
balanceadas e simétricas. Com a idade, a profundidade pode aumentar, mas o
piso , isto é, a base inferior do úbere não deve passar da linha dos jarretes. As veias
leiteiras devem ser grossas e tortuosas. Em contrapartida, um úbere penduloso é
mais suscetivel a injúrias, encurtando assim a vida produtiva da fêmea
9
Figura 3-10. Úbere corn todos os ligamentos fracos (esquerda e centro) e corn os ligamenttx
médios fracos.
A textura do úbere deve apresentar-se leve, flexível, elástica.O órgão deve estar
livre de caroços, edemas ou cicatrizes e, após a ordenha, perder todo seu volume
e apresentar pregas, tomando-se flácido, com aparência de um saco vazio, mas
livre de excesso de carnosidade. As tetas devem ser uniformes, de tamanho
moderado, cilíndricas e livres de obstruções. Bem separadas e definidas, devem
ser posicionadas sob cada glândula do úbere, voltadas para baixo e ligeiramente
para a frente, facilitando a ordenha. Quando muito pequenas, dificultam a aco-
modaçáo na mão (no caso da ordenha manual) e. quando muito grandes, predis-
põem a traumatismos, dificultam a mamada (no caso de aleitamento natural) e
podem dificultar a ordenha mecanizada
cabrita é a fêmea caprina jovem, antes de darcria. No Nordeste, utiliza-se o termo
"rnarrá " para este tipo de animal.
50
Figura 3-11. Tetas de bom tamanho, com implantação adequada.
AVAUAÇÁO DE ANIMAIS DE CORTE
Os animais de um rebanho que visa a produção de carne têm uma aparência
mais compacta. No inicio da lactação, as fêmeas podem parecer um pouco mais
magras, em função da perda de peso acarretada pela produção de leite, mas
recuperam-se rapidamente.
Figura 3-12. Aspectos gerais de um caprino de corte.
51
O pescoço é relativamente curto e grosso, o animal é largo na altura das paletas
e na garupa, e o lombo e a garupa são camosos. Deve haver uma adequada
camada muscular sobre as costelas. As pernas e os pés devem ser robustos e de
forma aproximadamente quadrada, com ossos mais arredondados em sua seção.
O úbere deve ter inserção alta e fora de risco de injúrias, especialmente em um
rebanho criado de forma extensiva. A capacidade do coração e dos pulmões é
importante para a circulação e urna saúde global Uma generosa capacidade do
barril permite uma adequada alimentação
MÉr0DOS PARA AVAUACÀO
Para que a avaliação seja criteriosa e chegue a um resultado coerente e bem
embasado, é importante que seja feita de forma sistematizada, seguindo um dos
métodos descritos a seguir:
Método individual ou escala de pontos (Score cards)
Este método consiste em atribuir notas ao animal, em uma escala de 100
pontos. Quem avaliar deve ter a imagem do animal ideal claramente definida, para
comparar o animal apresentado, atribuindo-lhe nota a cada característica ou
região (quando perfeita, atribui-se a nota máxima, com descontos sucessivos na
pontuação, conforme a gravidade e freqüência dos defeitos encontrados). Esse é
o método mais indicado tanto para aquisição de animais quanto para seleçáo
dentro do rebanho, e é o utilizado pelo Serviço de Registro Genealógico de
Caprinos(SRGC).
Tabela 3.1. Escala de pontos por especialização de produção e sexo•.
Caracteristica racial
Paletas e linha st"rior
Mernbros e pés
Caracteres leiteiros
Caracteres corte
Capacidade corpora l
(Santeiras
LigaGóes traseiras
Textura
Tetas
Apareru) genital
Fonte: ABCC (1993).
Macho
10
05
10
15
25
25
100
Fêmea
05
05
08
20
20
10
06
os
05
04
100
Macho
to
05
10
15
25
25
10
100
Fêmea
10
10
15
20
25
07
02
02
02
02
100
Macho 
10
05
10
15
15
15
20
10
100
Fêrnea
05
05
08
12
15
15
20
08
02
03
03
04
too
• Tabela de pontos oficialrnente aprovada. com 
52
variações entre as associações estaduais
De acordo com a pontuação alcançada, os animais são classificados como segue:
• 91 pontos ou mais — Excelente
• 81 pontos até 90 — Muito bom
• 71 pontos até 80 — Bom para mais
• 61 pontos até 70 — Bom
• 51 pontos até 60 — Regular
• Abaixo de 50 pontos — Desclassificado
Defeitos desclassificatórios
Os animais que apresentarem um destes defeitos não devem sequer ser
submetidos à avaliação.
• Defeitos e pelagens inadmissíveis no padrão da raça (no caso de
animais puros)
• Retrognatismo ou prognatismo
• Olhos com íris despigmentadas
• Cegueira parcial ou total
• Albinismo
• Lordose e/ou cifose acentuadas
• Membros fracos e mal aprumados
• Monorquidismo ou criptorquidismo
• Testículos atrofiados
• Hiperplasia testicular uni ou bilateral
• Hipoplasia testicular uni ou bilateral
• Hermafroditismo
• Qualquer anormalidade dos órgãos sexuais, como hipoplasia peniana
• Úbere com assimetria acentuada ou excessivamente penduloso, com
o piso ultrapassando a linha dos jarretes
• Tetas extras, ou mesmo aparadas, nos machos
• Tetas extras funcionais nas fêmeas
• Esterilidade comprovada ou defeitos que impeçam a reprodução
• Defeitos físicos ou congénitos
• Pele despigmentada
• Relaxamento excessivo dos músculos abdominais
• Ancas excessivamente estreitas, que possam interferir no parto
• Peito excessivamente estreito, interferindo nos aprumos
• Masculinidade, nas fêmeas
• Feminilidade, nos machos
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Classificação linear
Este método se baseia na avaliação dos extremos biológicos, com notas varian-
do de 1 a 9 (ou 1 a 50). O ideal são as notas intermediárias: por exemplo, na
avaliação da característica "comprimento de teta" , a nota 1 seria dada a uma teta
muito pequena e a nota 9 a uma muito grande, ambas indesejáveis; a melhor teta
em termos de comprimento é a que receberia a nota 5. As características
normalmente avaliadas são as seguintes:
I. Estatura
2. Profundidade do corpo
3. Ângulo da garupa
4. Largura da garupa
5. Musculatura
6. Conjunto de pernas e pés
7. Ângulo do casco
8.
9.
IO.
11.
12.
13.
Ligação do úbere anterior
Colocação das tetas
Comprimento das tetas
Profundidade do úbere
Altura do úbere
Ligamento suspensório
As características de maior importancia para os programas de melhoramento
são as relativas ao úbere (8 a 13), ao conjunto de pernas e pés (6 e 7), ao tamanho
(l e 2) e 0 escore final.
Método comparativo
Por esse método os animais — exceto os portadores de defeitos desclassifi-
catórios — são comparados quanto às suas qualidades e defeitos, recebendo uma
classificação. Para facilitar a avaliação, devem estar divididos em categorias de
mesma raça e sexo, de preferência com idade e estado fisiológico similar. Esse é
o método normalmente utilizado em exposições.
Tanto na seleçáo de animais dentro do criatório quanto na compra, pode-se
utilizar esse método, pois a disponibilidade de animais já está definida e, dentro
do lote apresentado, devem-se escolher os melhores animais, comparando-os
entre si. Esse é também o método normalmente utilizado nas exposições
Provas zootécnicas
Esse é o método mais indicado em um processo de seleçáo, sendo conveniente
a sua associação com um dos métodos anteriores. Apesar de náo ser baseado na
avaliação do exterior, oferece parâmetros mais exatos quanto à potencialidade
dos animais. É feito pelo concurso leiteiro, prova de ganho em peso e controle
leiteiro oficial.
O mais importante é o controle leiteiro oficial, que mede o desempenho do
animal na condição normal do criatório. Os criatórios que praticam esse tipo de
avaliação normalmente conseguem programas de seleçáo mais efetivos e devem
ser preferidos pelo comprador, principalmente se permitirem acesso a essas
informações.
54
Principais raças caprinas
criadas no Brasil
Raça é um grupo de indivíduos da mesma espécie, que possuem uma série de
características comuns, distintas de outros da mesma espécie, sendo estas
características transmissíveis à descendência, e divididas em:
• morfológicas — são visíveis, palpáveis ou mensuráveis, tais como formato de
orelha, cor de pelagem, peso ou estatura;
• fisiológicas —relacionadas à fisiologia em geral, como precocidade, rusticidade,
vigor e capacidade de adaptação;
• psicológicas — relacionadas ao sistema nervoso, como temperamento,
vivacidade, disposição e caráter do animal; e
• económicas — relacionadas à aptidão dos animais, como produção de leite,
carne, pêlo ou pele.
A avaliação cuidadosa do conjunto dessas características deve determinar a
raça a ser criada.
Se a opção é pela produção de leite, por exemplo, devem-se buscar as raças
que apresentam esta aptidão e, entre elas, avaliar as demais características como
rusticidade, temperamento, prolificidade, precocidade, porte, etc. , para definir a
mais indicada para as condições em que será criada. Embora as caracteristicas
morfológicas sejam as mais utilizadas na identificação das diferentes raças, não
devem ser prioritárias no processo de escolha. Para a produção de leite, a dúvida
deverá ficar entre as raças saanen, alpina, alpina britânica, alpina americana,
toggenburg, murciana ou mesmo anglo-nubiana.
Para a produção de carne, a opção mais utilizada é a criação de cabras comuns
cruzadas com bode de raça mista ou especializada na produção de leite ou, ainda,
aproveitamento para corte de machos de criatórios especializados na produção
de leite. A introdução de animais de raça de corte especializada é recente no Brasil,
restringindo-se a animais da raça boer.
55
Outro aspecto importante a ser considerado na definição da raça a ser criada
é a disponibilidade de animais no mercado. Uma raça com poucos criadores e
pequeno número de animais pode representar dificuldades tanto na hora da
compra quanto da venda. Por outro lado, deve-se tomar cuidado com modismos,
que podem aumentar substancialmente o nGnero de animais de determinada raça
mais por causa de um marketing eficiente do que por eficiência técnica.
A raça leiteira mais difundida no mundo é originária do Vale de Saane, na
Suíça, e apresenta um crescimento bastante significativo em nosso país. A saanen
é apontada corno a raça caprina com maior produção de leite, tanto por autores
estrangeiros quanto nacionais, e possui relatos de indivíduos com produções
excepcionais, como os 3.084 quilos em 305 dias, alcançados por uma cabra, na
Austrália (SANDS & McDOWELL 1978). Embora seja leiteira por excelência, a
raça produz excelentes mestiços para corte, pois é de grande porte, precoce e,
justamente por sua aptidão leiteira, produz crias 1/2 sangue que por sua vez
produzirão mais leite para alimentar melhor suas crias. No Brasil, em criatórios
adequadamente manejados e com bons animais, conseguem-se produções médias
de dois a três litros, com indivíduos excepcionais atingindo produções de seis, sete
e até ultrapassando os oito litros de leite por dia, em duas ordenhas.
A raça saanen possui pelagem uniformemente branca, Ou levemente creme,
pêlos curtos, finos, cerrados, podendo ser um pouco mais longos na linha dorso-
lombar e nas partes baixas do corpo (nos machos). Suas orelhas são pequenas ou
médias e ligeiramente voltadas para cima , com presença ou não de brincos, chifres
e barba. Os machos pesam entre 80 e 100 kg e as fêmeas, de 50 a 80 kg, podendo
alguns animais atingirem valores superiores. Sua cabeça é média , cónica, alongada
e fina, com a testa bem proporcionada e descamada. O focinho é grande elargo.
Seu perfil é subcôncavo ou retilineo. A pele e as mucosas são róseas, podendo as
últimas apresentarem pequenas manchas escuras, principalmente nas narinas,
lábios, mucosa ocular e vulvar, perineoe úbere. Para efeito de registrogenealógico,
são aceitas pintas pretas de até 1 cm de diâmetro em qualquer parte do corpo,
sendo mais freqüentes nas orelhas
O recorde nacional de preços foi alcançado pela cabra, Jandaia da Serra de
Andradas, que chegou a produzir 7 ,850 kg de leite, ganhando o tomeio leiteiro
da IX Exapicor com a média de 6 kg. Considerada excelente (93 pontos) em sua
classificação pela associação de criadores, recebeu um lance de R$ 6.000, 00 no
leilão " Canadian Goats Classic". Posteriormente, a Jandaia da Serra de Andradas,
então pertencente ao Capril Granja União, bateu 0 recorde nacional de produção
de leite, atingindo a média de 8,560 kg de leite, com 8,950 kg no dia de maior
produção, durante o II Concurso Leiteiro de Pindamonhangaba, em julho de
1997.
56
Foto 1 — Jandaia da Serra de Andradas, excelente cabra da raça saanen, recordista nacional
de produção de leite (Arquivo Capritec).
Foto 2 — Bicudo da Serra de Andradas. reprodutor da raça saanen de origem alemã. com
excelente conformação e desenvolvimento (Arquivo revista O Berro).
57
Foto 6 — Cabra alpina com pelagem chamoisêe, do Foto 7 — Excelente úbere de cabra
Sitio Marina (Arquivo Capritec). alpina. do Capril Serra Mineira (Arquivo
Capritec).
Foto 8 — Cabra alpina com pelagem chamoisée Foto 9 — Cabra alpina com pelagem poli-
alemã, do Sitio Marina (Arquivo Capritec). crornada, do Sitio Marina (Arquivo Capritec).
59
Foto 10 — Reprodutor da raça toggenburg, Foto 11 — Reprodutor da raça toggenburg, de
importado da Suíça, do Capril Serra de origem inglesa. do Capril Serra de Andradas
Andradas (Ceccantini, AI Assai). (Arquivo revista O Berro).
Foto 12 — Lote de cabras toggenburg. com destaque para a
variação de coloração e comprimento dos pêlos, do Capril Serra
de Andradas (Caiuby, Liberado & Rogano).
Foto 13—Úbere de cabra
toggenburg importada do
Canadá, Capril Genêve
(Arquivo Capritec).
Foto 14 — Nero do Vassoural. reprodutor da raça anglo-nubiana, pertencente ao Capril Serra de
Andradas (Arquivo revista O Berro).
Foto 15 — Lote de cabras anglo•nubianas, em que se verificam a variação de coloração e a
pelagem 'tartaruga" (Arquivo revista O Berro).
61
Foto 16 — Cabra da raça alpina americana Foto 17 —Cabrada raçaalpinabritánica,
(Frarça & Rezende). pertencente a Ted Byers — Austrália (Arquivo
Capritec).
Foto 18— Cabra da raça murciana (Munoz & Foto 19 — Cabra da raça angora. pertencente
Tejon). a Alan Douglas — Nova Zelandia (Arquivo
Capritec).
62
Foto 20 — Animais da raça boer pertencentes Foto 21 — Animais da raça boer pertencentes á
à Landcorp Farming Limited —Nova Zelândia, Landcorp Farming Limited — Nova Zelândia,
vistos de frente (Arquivo Capritec). vistos de trás (Arquivo Capritec).
Foto 22 — Lote de animais da raça boer pertencentes Landcorp Farming Limited — Nova
Zelândia. criados exclusivamente a pasto (Arquivo Capritec).
63
Foto 23 — Reprodlltor da rasa rnambrina (Arquivo
revista Ο Berro). revista O Berro).
Foto 25 — Lote de animais da rasa bhuj brasileira (Arquivo revista Ο Berro).
Foto 26 — Lote de animais da rasa τηοχαό (Arquivo revista Ο Berro).
64
AIDINA
Raça suíça especializada na produção de leite, a alpina possui um número
expressivo de animais no Brasil. Suas orelhas são finas, retas, estreitas, de ta-
manho médio, saindo para os lados e para cima, conchas auriculares alongadas
e bem formadas. Os pêlos são curtos e lisos e os animais podem ter ou não brincos,
barba e chifres. Os machos pesam em média 80 kg e as fêmeas, 50 kg. Essa raça
apresenta vários padrões de pelagem:
• chamoisée: pelagem castanho-pardo, com listra preta da nuca até a garupa;
ventre , chanfro e parte distal dos membros, negro (padrão suíço) ou creme com
listras pretas (padrão alemão);
• noir•. pelagem preta uniforme;
• policromada: pelagem chamoisée com uma ou mais manchas brancas distri-
buídas pelo corpo;
• repartida: parte anterior do corpo castanho-claro e posterior castanho-escuro
ou preto, ou o inverso, com o anterior escuro e o posterior claro;
• mantelée: cabeça, pescoço, membros e parte ventral do corpo castanhos, e
dorso, lombo e flancos, castanho-escuro ou negro. De uma forma ilustrativa, dá
a impressão de um animal castanho coberto com um manto negro.
Para as fêmeas serem registradas na categoria Pura por Cruza de Origem
Desconhecida — PCOD , só é aceita a pelagem chamoisée.
A pele é escura, solta e flexivel e as mucosas, escuras. Sua cabeça é média,
cónica, alongada e fina, com a testa bem proporcionada e descarnada. Seu
focinho é grande e largo e seu perfil é subcóncavo.
Deve-se tomar cuidado ao importar animais dos Estados Unidos e do Canadá,
pois a raça lá denominada alpina é aqui classificada como alpina americana, de
pelagem e características morfológicas bastante distintas, não sendo aceito o
cruzamento entre essas duas raças para efeito de registro, exceto se os filhos forem
registrados como 1 /2 sangue. Nesses países, a cabra considerada alpina no Brasil
é denominada oberhasli.
TOGGE\'BURG
A toggenburg também é uma raça especializada na produção de leite e originária
da Suiça, com animais um pouco menores que os da raça alpina e saanen e
relativamente menos produtivos , com presença ou não de barba , chifres e brincos.
No Brasil, existem linhagens inglesas e, mais recentemente, canadenses, com
produções leiteiras bastante expressivas.
Sua cabeça é média, cónica e alongada, com a fronte larga, notadamente nos
machos. A pelagem é acinzentada, variando do claro ao escuro, com duas faixas
brancas (continuas nas fêmeas) que, partindo da Orelha e passando próximo aos
olhos, vão terminar ao lado da boca. A ponta do focinho e as bordas da orelha
também são brancas, assim como a parte distal dos membros, sendo que, na face
intema , esta mancha continua até a inserção com o tronco. Apresenta um triângulo
branco na inserção da cauda. Os animais suíços possuem pêlos longos e os
65
ingleses e canadenses, pêlos curtos, sendo estes últimos mais apreciados pelos
criadores brasileiros e certamente mais adequados ao nosso clima. As orelhas são
pequenas ou médias, levantadas e dirigidas para a frente. Para efeito de registro,
é permissível a presença de pequena mancha branca ou creme na axila. A pele
é solta, flexível, macia , clara e acinzentada, e as mucosas, escuras. Existem algumas
linhagens que apresentam coloração creme onde normalmente seriam brancas,
corno as listras da face e membros
ANGLO-NUBLANA
Raça de dupla aptidão, a anglo-nubiana produz carne e leite. Por conseguinte,
dificilmente atinge os níveis de produção das raças já apresentadas (embora
existam rebanhos selecionados para produção de leite), mas, em contrapartida,
são animais considerados como rústicos e prolíficos. São de grande porte, com
pêlos curtos e pelagem variada, sendo aceita qualquer cor para efeito de registro
genealógico, com certa preferência por animais de pelagem "tartaruga"l
Suas orelhas têm implantação alta e são longas, espalmadas, pendentes,
dirigidas para fora e voltadas para a frente nas extremidades, ultrapassando em
até 3 cm a ponta do focinho, com o pavilhão interno voltado para a face. Seu perfil
é convexo, com a cabeça bem conformada, proporcional ao corpo. Sua pele é
solta, predominando a cor escura, da mesma forma que as mucosas.
ALPINA AMERICANA
A alpina americana é uma raça especializada na produção de leite, muito
apreciada nos Estados Unidos e Canadá, de onde foram feitas algumas importa-
çóes por criadores brasileiros.
Sua cabeça é média, triangular e alongada, com a testa bem proporcionada e
ligeiramente escavada; o perfil é subcôncavo e as orelhas pequenas ou médias e
eretas. Os animais podem apresentar chifres ou não. Sua pele é solta, macia e
flexivel, com a coloração de acordo com a pelagem; Suas mucosas são escuras.
St 13 pelagem é policromada, apresentando

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