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1 Espiroquetas Ordem: Spirochaetales Famílias: Spirochaetaceae, Brachyspiraceae e Leptospiraceae Família Spirochaetaceae Géneros: Borrelia Treponema Spirochaeta Família Brachyspiraceae Género: Brachyspira Família Leptospiraceae Género: Leptospira Leptonema Características gerais Microrganismos finos, flexuosos, espiralados e longos (as espiroquetas patogénicas podem medir 3-20µm de comprimento e 0.1-0.5 µm de largura). Apresentam uma organização mais complexa do que a das restantes bactérias, visto que, para além da parede celular e do citoplasma podem apresentar outras três principais estruturas celulares: a capa externa (envelope externo), filamento axial (parecido ao flagelo) e o cilindro protoplasmático (que inclui a membrana e parede celular). São Gram negativos (coram fracamente); outros métodos usados: Giemsa, impregnação pela prata; microscopia de fundo escuro e imunofluorescência. São relativamente inactivos bioquimicamente (por exemplo as Leptospira) sendo a diferenciação por este método difícil. A identificação é geralmente baseada na morfologia e características antigénicas. Características diferenciais de Borrelia, Treponema/Brachyspira e Leptospira Característica Borrelia Treponema/Brachyspira Leptospira Morfologia Espiras largas Espiras pequenas Ganchos nas extremidade afilada extremidades Motilidade Tipo saca-rolhas Ondulante rígido Ondulante, em círculos Crescimento Anaeróbio Anaeróbio Aeróbio Coloração: Gram Sim Não Não Giemsa Sim Fraco Fraco I. prata Não nec. Sim Sim 2 Borrelia Borrelia anserina Causa a espiroquetose ou borreliose aviária, doença de galinhas, patos, gansos, perús, pombos, etc. A doença é caracterizada por septicémia aguda, acompanhada por febre, diarreia, apatia e emaciação. Transmissão: carraças, especialmente Argas persicus e outros artrópodes. Animais que sobrevivem, podem recuperar após cerca de 2 semanas e adquirem imunidade duradoira. Diagnóstico Exame directo: demonstração de espiroquetas, em esfregaços de sangue, baço e fígado corados com Giemsa. A microscopia de fundo escuro e a imunofluorescência podem também ser utilizadas. Isolamento: cultivo em embriões de pinto ou meios enriquecidos (p.e. com tecido de coelho). Tratamento: penicilina, cloranfenicol, streptomicina, kanamicina, tetraciclina e tilosina. Borrelia burgdorferi A Borrelia burgdorferi sensu lato, causa a doença de Lyme em humanos e animais. Em cães é geralmente caracterizada por artrites e em alguns por distúrbios renais; em bovinos e cavalos por artrite, encefalite, uveite e laminite. Em humanos, 3 estadios são descritos: 1º erupções na pele, rigidez das articulações e do pescoço, linfoadenopatias e dores de cabeça; 2º artrites, distúrbios do sistema nervoso central e periférico; 3º artrite crónica, sintomas nervosos crónicos e sinais cardíacos. Um dos factores importantes de virulência é a variação antigénica das proteínas da capa externa e a motilidade. Transmissão: carraças (Ixodes dammini e outras). Diagnóstico: métodos serológicos são os mais usados: imunofluorescência; ELISA. Borrelia theileri Causa uma anemia febril ligeira em bovinos, caprinos e cavalos. A doença é transmitida por carraças do género Ixodes. 3 Febre recorrente (Relapsing fever) Causada por várias espécies (mais de 10) de Borrelia, incluindo a Borrelia recurrentis. Caracterizada por ataques febrís nos quais o agente pode ser isolado do sangue. Ocorre numa forma assintomática em aves e réptéis. Transmissão: de Homem para Homem pelos piolhos; de animal para animal (roedores) pelas carraças; de animal para o Homem pelas carraças. Brachyspira Brachyspira hyodysenteriae (Serpulina hyodysenteriae/Treponema hyodysenteriae) Causadora da disenteria suina. Fusobacterium necrophorum e Bacteroides fragilis são agentes secundários. A doença é caracterizada por diarreia sanguinolenta que pode terminar em morte ou numa forma crónica caracterizada por um processo inflamatório diftérico envolvendo o ceco e recto. Factores de virulência: não inteiramente conhecidos, mas acredita-se que as variações das proteínas superficiais da capa externa e a beta-hemólise tenham papel na patogénese. Diagnóstico O diagnóstico é, geralmente, baseado nos sinais clínicos e no exame directo. O isolamento não é usualmente feito. Exame directo: demonstração do agente em preparações frescas da mucosa e das fezes usando microscópio de fundo escuro. Esfregaços corados com Giemsa. Isolamento: a partir de fezes filtradas ou mucosas em A/Sangue enriquecido com soro contendo antibióticos (spectinomicina). As placas são incubadas anaerobicamente, a 42ºC durante 48 horas. Colónias: pequenas, esbranquiçadas e com hemólise. Identificação: imunofluorescência directa e indirecta. Tratamento Tilosina, eritromicina, bacitracina, lincomicina, gentamicina e outros. Imunidade Essencialmente humoral. 4 Treponema Treponema paraluiscuniculi Causa a sífilis dos coelhos, doença venérea caracterizada pela formação de vesículas e crostas no prepúcio, vagina e região perineal. Diagnóstico: demonstração do agente em esfregaços de lesões usando o microscópio de fundo escuro. Tratamento: penicilina. Treponema pallidum Causador da sífilis humana. Leptospira Dois sistemas taxonómicos são usados no género Leptospira: o sistema taxonómico molecular e o sistema serológico baseado em diferenças antigénicas. Estudos taxonómicos baseados em análise de DNA consideram a existência de oito espécies patogénicas: Leptospira borgpetersenii, L. inadae, L. interrogans sensu stricto, L. kirschneri, L. meyeri, L. noguchii, L. santarosae e L. weilee. O sistema tradicional serológico, divide o género em duas espécies: L. biflexa e L. interrogans. As leptospiras patogénicas importantes para os animais domésticos estão incluídas numa única espécie L. interrogans. Cada um dos vários serovars é desigado L. interrogans serovar hardjo; L.interrogans serovar pomona, etc. Apesar da actual designação das oito espécies patogénicas, a referência comum das leptospiras é feita como serovar, por exemplo, icterohaemorrhagiae, pomona, etc. Modo de infecção e transmissão A fonte de infecção é a urina proveniente de animais infectados ou portadores que podem contaminar a água, alimentos, etc. Infecção directa ou indirecta pode ocorrer pela via nasal, oral, pelas membranas da conjuctiva e pela pele. Patogénese Nas infecções por leptospiras ocorrem as seguintes fases: leptospirémia, formação de anticorpos e leptospirúria. Após a penetração, há dissiminação pela via sanguínea com localização e proliferação nos orgãos parenquimatosos, principalmente o fígado. Como resultado há febre, anemia, 5 hemorragias nas mucosas e membranas serosas, conjuctivite e geralmente meningites e agalactia. Os rins são também afectados resultando em nefrose e urémia com eliminação de leptospiras na urina por vários meses. Imunidade Principalmente humoral. Tratamento Penicilina e streptomicina no início da doença. Doses elevadas de streptomicinasão efectivas para eliminar os portadores. Leptospirose canina Primariamente causada pelo serovar L. canicola e menos frequentemente pelo serovar L. icterohemorrhagiae. A infecção pode variar de um estado latente à severo. Pode ocorrer uma nefrite crónica progressiva com morte muito depois da infecção; contudo, alguns animais recuperam e tornam-se portadores. Há quatro formas: (1) hemorrágica; (2) ictérica; (3) urémica ou sub-aguda; (4) inaparente. A (1) e (2) são geralmente causadas por L. icterohaemorrhagiae e a (3) e (4) pelo serovar L. canicola. Leptospirose bovina É principalmente causada pelo serovar L. pomona. Outros serovars importantes são o L. hardjo, L. grippotyphosa, L. canicola e L. icterohemorrhagiae. Infecções caracterizadas por diferentes sinais clínicos entre os quais, febre, anemia, icterícia, diarreia e hemoglobinúria. Infecções agudas podem causar abortos. Leptospirose porcina Principalmente causada pelo serovar L. pomona. Outros como L. canicola, L. grippotyphosa e L. icterohemorrhagiae e L. bratislava estão também envolvidos. As infecções são geralmente subclínicas ou latentes. Febre, anemia, icterícia, abortos, são os sinais geralmente observados. Leptospirose equina Causada por L. pomona. Sinais clínicos: febre, icterícia e, ocasionalmente, abortos. Como sequela, podem ocorrer iridociclites (oftalmias e “moon blindness”). 6 Leptospirose Humana Fontes: animais domésticos infectados, roedores e água contaminada. Vários serovars envolvidos entre eles L. canicola, L. icterohemorrhagiae e L. pomona. Forma aguda caracterizada por febre e nefrites. 7 Leptospira Diagnóstico laboratorial Amostras: sangue, tecidos e urina. 1. Exame directo Leptospiras podem ser demonstradas em tecidos ou líquidos corporais através de microscopia em fundo escuro, em contraste de fase ou de fluorescência. Urina: 1. Centrifugar a 3000 rpm, 10 minutos; 2. Retirar o sobrenadante e fazer uma preparação com o sedimento; 3. Observar num microscópio de fundo escuro ou contraste de fase. Sangue: 1. Colher para um frasco com anticoagulante; 2. Centrifugar a 1500 rpm durante 15 minutos; 3. Transferir o sobrenadante para outro tubo e centrifugar a 3000 rpm, 30’; 4. Retirar o sobrenadante e fazer uma preparação com o sedimento. 5. Observar com o microscópio de fundo escuro ou de contraste de fase. Tecidos: 1. Colher as amostras (fígado ou rim) com assépsia pouco depois da morte; 2. Homogenizar os tecidos; 3. Preparar uma suspensão do tecido a 10% em meios de cultura (p.e. EMJH ou Stuart) 4. Proceder do mesmo modo que no sangue (de 2 a 5). 2. Testes serológicos São os mais utilizados. Teste de Aglutinação Microscópica Antigénios: cultura de leptospiras no meio EMJH (ou Stuart) com 5 dias. Os serovars a usar estão dependentes dos isolados no local. Procedimento: 1. Diluir a amostra de soro 1:25 e 1:50 em solução salina (0.85%) - 25l; 2. Adicionar 25l de antigénio em todos os orifícios - concentração final do soro de 1:50 e 1:100; 3. Misturar muito bem e incubar a 29ºC durante 1 hora; 4. Observar no microscópio de fundo escuro. Resultado +: a mais alta diluição de soro que apresentar 50% de leptospiras aglutinadas. As amostras positivas na diluiçao de 1:100 são, posteriormente diluidas, até diluições mais altas. ELISA 8 3. Isolamento Isolamento, cultivo e identificação é difícil. Leptospiras podem ser isoladas nos seguintes meios de cultura: EMJH; Fletcher e Tween 80-albumina. 4. Provas biológicas Inoculação de sangue, urina, e suspensão de tecidos em animais de laboratório (cobaias). Aos 5, 8, 10 e 14 dias ou quando os animais apresentarem aumento de temperatura, colhem-se amostras de sangue que são posteriormente inoculadas em meios de cultura para o isolamento. 5. Imunofluorescência 6. Exame histopatológico
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