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O CA de endométrio é a sexta neoplasia maligna mais frequente na população mundial. Ele ocorre devido ao grande período de estimulo estrogênico sem oposição da ação da progesterona – que protege o endométrio. Relembrando o ciclo endometrial, o estrogênio age na fase proliferativa levando a hiperplasia das células endometriais com reconstituição das células glandulares e epiteliais secretoras. Já a progesterona age na fase secretora agindo em oposição ao estrogênio e causando a hipertrofia das células epiteliais e aumentando a vascularização endometrial; com isso observa-se um espessamento endometrial que pode chegar até 20 mm sem significar patologia. Qual decai ao final do ciclo menstrual, ocorre a descamação do endométrio e o sangramento menstrual. FATORES DE RISCO >60 anos Obesidade Menarca precoce Menopausa tardia Anovulação crônica (SOP) Terapia hormonal (ACO sem progesterona) Tamoxifeno Antecendente de irradiação pélvica Tumores ovarianos secretores de estrogênio Diabetes Melittus Histórico familiar Não é incomum ocorrerem tumores ginecológicos sincrônicos, por isso sempre que houver o diagnóstico de tumor ovariano (produtor de estrogênio ou com clínica de sangramento uterino) o endométrio deve ser investigado, e vice-versa. FATORES DE PROTEÇÃO ACO combinados ou minipílula SIU-LNG Multiparidade Idade materna avançada na última gestação Amamentação > 3 meses Dieta adequada Atividade física rotineira São manifestações clinicas: Sangramento uterino anormal Dor pélvica Sensação de peso em baixo ventre Hematométrio Alterações urinárias e intestinais Perda de peso ponderal O sangramento pós-menopausa consiste em qualquer episódio de sangramento vaginal após 12 meses de amnorreia durante o periodo peri-menopausal. Somente 5% das pacientes são assintomáticas, apenas apresentando USG de rotina com espessamento endometrial ou colpocitologia oncótica com células glandulares com atipia (AGC). Em casos de pacientes sintomáticas, há indicação para realizar USG transvaginal para avaliação da imagem endometrial e medição da sua espessura. É considerado suspeito: Sem terapia hormonal ≥ 4-5 mm Com terapia hormonal ≥ 8-10 mm O espessamento endometrial, geralmente advem de atrofia endometrial (30%) ou terapia hormonal (30%), e não a neoplasia. Nas pacientes pré-menopausa, não há um parâmetro ou valor limite para a medida de espessura endometrial, devendo a biópsia ser indicada de acordo com o nível de suspeição do examinador. A FEBRASGO 2021 apresenta parâmetros diferentes para se seguir investigando: SEM USO TH SINTOMÁTICA ≥4 mm→ Biopsia SEM USO TH ASSINTOMATICA <4 mm→ Só se sangrar EM USO TH ASSINTOMÁTICA ≥8 mm→ Biópsia UM USO TH SINTOMÁTICA ≥5 mm→ Biópsia Outros sinais USG suspeitos são: Coleções líquidos intrauterinas Massa endometrial polipoide Endométrio hiperecogenico e irregular Assim, devemos prosseguir com a investigação com biopsia via histeroscopia. O diagnóstico definitivo de CA é por amostra histológica e na persistência de sangramento, mesmo com USTV normal, a investigação deve prosseguir. Não há estudos que demonstrem efetividade em rastreio de CA de endométrio, exceto em pacientes com historia pessoal ou familiar de Síndrome de Lynch, oferecido a partir dos 35 anos e realizado anualmente. Para mulheres de alto risco para CE, ou seja, obesas, com SOP, DM, infertilidade, menopausa tardia ou nulíparas, o rastreamento também não é recomendado. Mulheres em uso de tamoxifeno menopausadas devem ser informadas sobre o risco aumentado de HE, CE e sarcoma endometrial. Qualquer sangramento vaginal em usuárias de tamoxifeno menopausadas deve ser investigado com biópsia. O rastreamento de rotina para usuárias de tamoxifeno assintomáticas não é recomendado. Na biópsia, um resultado em particular merece a devida atenção: hiperplasia endometrial. A HE consiste no espessamento da mucosa endometrial devido a proliferação anormal da mucosa endometrial devido a proliferação anormal das glândulas endometriais, levando a um aumento da relação glândula/estroma > 50%. Ela possui os mesmos fatores de risco e sintomatologia do CE, quando identificado, também deve ser investigado para descartar neoplasia endometrial em estágio inicial. A hiperplasia endometrial benigna é tratada de maneira clinica com uso de progestágenos VO, IM ou intrauterino, devendo ser reavaliado a cada 3-6 meses com histeroscopia + biopsia endometrial. O SIU liberador de levonorgestrel é a 1ª linha de tratamento porque apresenta maior taxa de regressão com menos efeitos colaterais. Mulheres que não quiserem utilizá-lo poderão ser tratadas com progestágenos contínuos, como acetato de medroxiprogesterona 10 -20 mg/dia ou noretisterona 10-15 mg/dia. Progestágenos cíclicos não devem ser usados para esse tratamento. Tais medicamentos desencadeiam a decidualização do estroma, diminuindo a espessura do endométrio, por meio de um triplo mecanismo de ação: ativam os receptores de progesterona, diminuem os receptores de estrogênios e de progesterona e ativam a hidroxilase que converte estradiol em estrona. Já a hiperplasia endometrial atípica o tratamento depende da vontade da paciente em ter prole ou não: Sem desejo reprodutivo → Pan-histerectomia + desejo reprodutivo → Tratamento hormonal com progestageno e reavaliar em 3 meses A histerectomia total é indicada a mulheres com HB nos seguintes casos: Quando não desejam preservar a fertilidade e tiveram progressão para HA/NIE Sem regressão histológica da HB, mesmo após 12 meses de tratamento Casos de recidiva com HE após término do tratamento Sintomas de sangramento persistem Sem adesão ao tratamento Mulheres com HA/NIE devem ser submetidas à histerectomia total com ou sem salpingo-oforectomia bilateral, preferentemente por via laparoscópica, devido ao risco de neoplasia maligna não diagnosticada ou progressão para CE. HIPERPLASIA SIMPLES SEM ATIPIAS HIPERPLASIA COMPLEXA SEM ATIPIA Hiperplasia endometrial benigna Benigna HIPERPLASIA SIMPLES COM ATIPIAS HIPERPLASIA COMPLEXA COM ATIPIAS Hiperplasia endometrial complexa atípica ou intraepitelial endometrial Lesão precursora (pre-maligna) Quanto ao CE, diversas classificações são utilizadas para caracterizar o CA de endométrio; nas provas de residências, adota-se a divisão em 2 tipos: tipo I e tipo II. Esta classificação esta e desuso na pratica medica. Os tumores do tipo I são mais frequentes (80% dos casos), correspondendo ao adenocarcinoma endometroide, tendo a hiperplasia endometrial como lesão precursora e acometendo mais mulheres na perimenopausa ou pós-menopausa recente. É um tipo mais indolente, acometendo a superfície do miométrio e bastante associado ao hiperestrogenismo sem contraposição da progesterona. O tipo II é menos frequente e corresponde ao carcinoma seroso e de células claras, acometendo mulheres magras e tabagistas, sem relação com lesões precursoras, tendo um pior prognostico e invadindo o miométrio mais profundamente. Outros subtipos menos comuns são: Adenocarcinoma mucinoso Carcinoma indiferenciado Tumores neuroendócrinos do endométrio Tumores mistos Basicamente, CE é tratado com cirurgia e terapia adjuvante ou não, de acordo com os achados anatomopatológicos.
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