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Beatriz Machado de Almeida - Internato INTRODUÇÃO • Espessamento endometrial na pós-menopausa: Na pós-menopausa, consideram-se espessuras endometriais ≥ 5 mm aumentadas e devem ser encaminhadas à GINECOLOGIA para investigação de patologias endometriais, como câncer de endométrio e hiperplasia endometrial. INVESTIGAÇÃO ENDOMETRIAL A indicação da investigação endometrial na rotina está relacionada a sintomas genitais como sangramentos irregulares na pré, durante ou após a instalação da menopausa. Mulheres, mesmo assintomáticas, em utilização de terapia hormonal (TH), moduladores seletivos dos receptores de estrogênios (SERMs), tibolona, fitoterápicos e outros que apresentem ação estrogênica, devem ser avaliadas através de USG de pelve, anualmente. HIPERPLASIA ENDOMETRIAL • Proliferação de glândulas do endométrio de tamanho e forma irregulares. • Condição patológica geralmente associada a sangramento uterino anormal (SUA). • Maior acometimento da faixa etária de 50-64 anos. • Resultam na maior parte das vezes, do estimulo estrogênico prolongado sem contraposição da progesterona: mulheres anovulatórias, peri ou menopáusicas (em uso de terapia de reposição hormonal com estrogênio isolado ou pela conversão endógena de androgênio em estrogênio). • Quanto mais atípica for a hiperplasia, maior risco de evoluir para carcinoma. • São classificadas como simples com ou sem atipia, ou complexa com ou sem atipia. QUADRO CLÍNICO ANAMNESE: • Quadro clínico: ❖ Sangramento uterino anormal (mais comum). ❖ História: ciclos anovulatórios, com períodos longos de amenorreia seguidos de sangramento menstrual abundante. ❖ Sangramento intermenstrual. • Fatores de risco: ❖ Terapia de reposição hormonal com estrogênio isolado em paciente com útero. ❖ Obesidade. ❖ Diabetes. ❖ Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). ❖ Irregularidade menstrual. ❖ Menopausa tardia (>55 anos). ❖ Nuliparidade ou história de infertilidade. ❖ Uso de tamoxifeno por longo prazo. ❖ Síndrome do CA colorretal não polipoide. O câncer de endométrio deve ser considerado na mulher após a menopausa com sangramento vaginal, na perimenopausa com sangramento abundante e persistente, e na transição menopausal nas mulheres obesas ou oligovulatórias, com padrão anormal de sangramento. Mulheres assintomáticas podem, ocasionalmente, exibir células endometriais no exame preventivo de câncer do colo do útero.. ABORDAGEM DIAGNÓSTICA Qualquer mulher que apresente sangramento uterino anormal deverá ser investigada. O exame pélvico é essencial incluindo exame retal. • Análise histológica de material endometrial obtido por biópsia (biopsia às cegas, curetagem uterina, histeroscopia ou histerectomia). Hiperplasia Endometrial Beatriz Machado de Almeida - Internato A maioria dos cânceres endometriais é diagnosticada pelos sintomas referidos, e em alta proporção dos casos, o diagnóstico é feito em estágios precoces, apresentando altos índices de sobrevida. O rastreamento desta neoplasia em população de risco, por meio do uso de diferentes métodos e, não somente um, é a mais adequada maneira de se promover o diagnóstico precoce. TESTE DE PROGESTERONA: Somente tem indicação após a menopausa. Consta da administração de 10mg de acetato de medroxiprogesterona durante 7 a 10 dias. O teste é positivo quando da ocorrência de sangramento uterino durante ou até 15 dias após a suspensão da medicação, (quando não houver uso prévio de estrogênio) o que sugere espessamento endometrial e indica necessidade de avaliação. Esta é feita com a USG pélvica por via transvaginal, de preferência, que poderá indicar à histeroscopia e biópsia endometrial. O teste apresenta resultado falso-positivo em 56% das vezes (teste positivo e endométrio atrófico), e falso negativo em 6% das mulheres após a menopausa, porém, quando é negativo apresenta alta acurácia. O teste da progesterona pode ser utilizado como rastreamento populacional para detecção de lesões precursoras e carcinomatosas do endométrio. USG PÉLVICA (PREFERENTEMENTE POR VIA TRANSVAGINAL): Possibilita a mensuração e observação do aspecto endometrial. É considerado normal até 5mm (e até 8mm nas mulheres usuárias de TH, e 10mm nas que fazem uso de Tamoxifeno). Nos casos de espessamento é obrigatório prosseguir a investigação por histeroscopia e biópsia endometrial, ou mesmo curetagem para estudo anatomopatológico. É o método de rastreamento de patologia endometrial, miometrial e ovariana, que fornece informações referentes ao volume do útero, espessura e características do endométrio. O exame deve ser sempre realizado imediatamente após o término do sangramento, seja menstrual ou provocado (após o teste da progesterona) para visualização da camada basal do endométrio, possibilitando o diagnóstico de possíveis alterações, sem o efeito proliferativo induzido pelos hormônios, aumentando assim sua acurácia. Nestas condições e em mulheres após a menopausa sem terapia hormonal e com a espessura endometrial a partir de 5 milímetros deverá ser investigado. • Biópsia de endométrio: pode ser realizada em ambulatório sem necessidade de anestesia ou dilatação do colo. Obtém-se o diagnóstico em 90% das vezes. É aceita como primeiro passo de investigação, devendo ser valorizada apenas quando positiva, devido a falsos negativos (lesões focais ou em locais de difícil acesso). • Curetagem uterina com dilatação do colo: considerada anteriormente a técnica padrão ouro, é, nos dias atuais, raramente utilizada devido aos riscos e ao custo, tendo sido substituída pela biópsia de endométrio e pela histeroscopia, onde esta é disponível. Caso haja suspeita de câncer de endométrio e a histeroscopia não estiver disponível, deverá ser obrigatoriamente realizada. A biópsia de endométrio não substitui a curetagem uterina em casos de suspeita de câncer quando a histeroscopia não for disponível. • Histeroscopia com biópsia endometrial: possibilita a avaliação do canal cervical, da cavidade endometrial e cornos uterinos, com identificação de lesões focais orientando a coleta de amostragem endometrial. Pode ser realizada no ambulatório sem sedação ou anestesia em 90% dos casos. Apresenta sensibilidade de 95% e especificidade de 85%, considerada atualmente o padrão ouro para investigação endometrial. A avaliação pré-cirúrgica da extensão da doença é importante para a detecção de doença inoperável e consiste de exame físico, laboratoriais, raio X de tórax, eletrocardiograma e o CA-125. A tomografia computadorizada, urografia excretora e ressonância magnética devem ser reservadas para Beatriz Machado de Almeida - Internato aquelas com doença avançada ou risco cirúrgico severo. O tratamento das comorbidades deve ser individualizado uma vez que essas mulheres são frequentemente idosas, diabéticas e hipertensas. CLASSIFICAÇÃO • Hiperplasias sem atipias (não neoplásicas): simples sem atipia ou complexa sem atipia. • Hiperplasia atípica (neoplasia intraepitelial endometrial): atípica simples ou atípica complexa. ❖ Hiperplasia simples X complexa: Simples: consiste em glândulas levemente aglomeradas. Mitoses podem ou não estar presentes nas células glandulares. Complexa: composta por glândulas aglomeradas (>50% na relação glândula-estroma). Há desorganização glandular, e mitoses estão tipicamente presentes. ❖ Hiperplasia atípica: atipia nuclear (presença de aumento do núcleo). Geralmente é complexa, que é distinta de um carcinoma do endométrio pela presença de estroma endometrial residual que separa todas as glândulas. ❖ Potencial pré-maligno: risco de câncer invasor de 5-19% na hiperplasia atípica. ABORDAGEM TERAPÊUTICA A escolha do tratamento da hiperplasia endometrial é baseada principalmenteem dois fatores: atipia nuclear e desejo de fertilidade. A presença ou ausência de atipia nuclear é o principal fator para determinar se o tratamento é necessário. O padrão (simples x complexo) não desempenha um papel importante. Opções: • Histerectomia: tratamento definitivo. Compromete o futuro reprodutivo de mulheres sem prole constituída. É a opção de escolha em pacientes com hiperplasia endometrial complexa com atipias. • Tratamento hormonal com progestágeno: pode ser considerado em hiperplasia sem atipias. • Vigilância com biópsia de endométrio seriada (a cada 3-6 meses): pode ser utilizado em hiperplasia não atípicas até que 3 ou mais biópsias negativas sejam obtidas, em casos de progressão para o câncer (ou câncer óculo) baixa. HIPERPLASIA SEM ATIPIA: • Principal tratamento: Progestágenos. ❖ DIU com Levonorgestrel (Mirena®); ❖ Acetato de medroxiprogesterona; ❖ Progesterona natural micronizada; ❖ Contraceptivo oral com estrogênio e progesterona combinados (para aquelas que desejam contracepção); ❖ Vigilância a cada 3-6 meses. Ex. Acetato de medroxiprogesterona 20mg/dia por 6 meses. HIPERPLASIA COM ATIPIA: • Mulheres na pós-menopausa: O tratamento de escolha é a histerectomia com salpingo- ooforectomia bilateral. • Mulheres na pré-menopausa: Histerectomia ou progestágenos. • Histerectomia: Pode-se avaliar a necessidade intraoperatória de salpingo-ooforectomia bilateral e deve ser conversado com a paciente sobre a possibilidade de nova intervenção para salpingo-ooforectomia após resultado de histopatológico. • Progestágenos: Mulheres que desejam preservar a fertilidade ou mulheres com contraindicação a cirurgia. Ex. acetato de medroxiprogesterona 200mg IM a cada 2 meses (num total de 3 doses). TRATAMENTO • Cirurgia: A abordagem cirúrgica consiste de lavado peritoneal, da histerectomia total abdominal, extra-fascial, salpingooforectomia bilateral, linfadenectomia paraórtica e pélvica seletiva e omentectomia. Realiza-se o inventário da cavidade abdominal e linfonodos retroperitoneais. Cirurgias mais extensas são recomendadas para os casos de Beatriz Machado de Almeida - Internato tumores que invadem o colo do útero, entretanto, é mais frequente o uso da combinação de histerectomia extra-fascial e radioterapia pélvica externa. • Quimioterapia: Considerada medida paliativa, indicada em mulheres com metástases. A doxorrubicina e a cisplatina isoladas ou combinadas, são as drogas mais frequentemente usadas no momento. • Radioterapia: O reconhecimento da importância dos fatores prognósticos nos achados cirúrgicos desestimulou a prática da radioterapia pré-operatória, sendo indicada como terapêutica adjuvante. Pode ser a única abordagem nos tumores inoperáveis ou em mulheres sem condições clínicas de serem submetidas a um ato cirúrgico. • Hormonioterapia: O acetato de megestrol, o acetato de medroxiprogesterona e o tamoxifeno têm sido usados nos casos de recidiva. PREVENÇÃO A prevenção primária consiste na redução dos fatores de risco evitáveis, adoção de dieta equilibrada e atividade física regular. A prevenção secundária refere-se ao diagnóstico e tratamento das lesões precursoras (hiperplasia adenomatosa) e da doença assintomática e sintomática.
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