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Universidade Federal do Ceará Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem Departamento de Farmácia CURSO TEÓRICO-PRÁTICO José Maurício Duarte Matos Maria Elisa Oliveira Matos Atualização e reorganização: Mary Anne Medeiros Bandeira ii SUMÁRIO GUIA DE ESTUDOS Nº 01 Assunto: Glicídios........................................................................................................... ..................................... 01 GUIA DE ESTUDOS Nº 02 Assunto: Amilos......................................................................................................................................... .......... 05 GUIA DE ESTUDOS Nº 03 Assunto: Heterósides Flavônicos ........................................................................................................................ 15 GUIA DE ESTUDOS Nº 04 Assunto: Heterósides Antociânicos ..................................................................................................................... 20 GUIA DE ESTUDOS Nº 05 Assunto: Heterósides Antraquinônicos ............................................................................................................... 24 GUIA DE ESTUDOS Nº 06 Assunto: Heterósides Cianogenéticos ................................................................................................................. 30 GUIA DE ESTUDOS Nº 07 Assunto: Heterósides Saponínicos ............................................................................................ .......................... 32 GUIA DE ESTUDOS Nº 08 Assunto: Heterósides Digitálicos....... ..................................................................................... ............................ 38 GUIA DE ESTUDOS Nº 09 Assunto: Essências .............................................................................................................................................. 42 GUIA DE ESTUDOS Nº 10 Assunto: Óleos Fixos ........................................................................................................................................... 49 GUIA DE ESTUDOS Nº 11 Assunto: Alcalóides ............................................................................................................................................. 56 GUIA DE ESTUDOS Nº 12 Assunto: Taninos ............................................................................................................ ..................................... 64 GUIA DE ESTUDOS Nº 13 Assunto: Cromatografia ....................................................................................................................................... 69 GUIA DE ESTUDOS Nº 14 Assunto: Abordagem Fitoquímica .............................................................................................. ......................... 76 GUIA DE ESTUDOS Nº 15 Assunto: Determinação do Teor de Umidade ..................................................................................................... 81 GUIA DE ESTUDOS Nº 16 Assunto: Microssublimação ................................................................................................................................ 85 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................................................. 88 1 GUIA DE ESTUDOS N° 1 1. Assunto: GLICÍDIOS 1.1. Considerações gerais Estudaremos nos próximos capítulos - Guias de Estudos de números 1 a 7 - Amilos e Heterósides, para cujo estudo são necessários conhecimentos gerais sobre Glicídios ou Carboidratos, como também, são denominados. Daí a inclusão tão necessária, no presente livro, deste importante assunto, embora resumido, decididamente básico para um aprendizado mais consciente sobre Glicídios, onde estão incluídos, na sua classificação, Glicosídios (Heterósides), do mais amplo interesse para o estudo da Farmacognosia, como também os Poliosurônicos e os Polioseglucosamínicos. São os Glicídios, sintetizados pelo conteúdo clorofiliano das plantas, através do dióxido de carbono, a água e luz (especialmente solar) - 2H2O + CO2 + luz + calor + (CH2O) + H2O + O2. Podem ter substituintes aldeídicos ou cetônicos, respectivamente. Glicose e Levulose são compostos ternários constituídos de C, H, O: são os primeiros produtos que se formam na fotossíntese, servindo como ponto de partida conveniente para o estudo de todos os componentes de drogas. Possuem, na sua maioria sabor doce característico são hidrossolúveis dando como resultado somente OSES ou oses e outra substância NÃO OSÍDICA. Dificilmente se dissolvem no álcool. Sob a ação do calor, carbonizam. Correspondem à fórmula geral Cn(H2O)n - o hidrogênio e o oxigênio se encontram nas quantidades proporcionais da água. 3/4 partes dos constituintes das plantas são formados por glicídios e substâncias relacionadas. Formam com os Lipídios e as Proteínas, os princípios majoritários dos vegetais. Têm grande importância pelo papel que desempenham nos fenômenos de crescimento e metabólicos, na acumulação de energia potencial (amilo e glicogênio) e na formação de substâncias plásticas dos tecidos de suporte (celulose e quitina). Sendo conhecidos, também, com a denominação de “carboidratos”. 2. CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA 2.1. Oses são monossacarídeos, com as seguintes propriedades: a) - não são hidrolisáveis; b) - são redutores; c) - solúveis em água e d) - insolúveis em álcool; Podem ser: 2.1.1. Dioses: hidroxiacetaldeído: C2H4O2; (encontra-se na natureza como ésteres fosfatados); 2.1.2. Trioses: 2.2.1. Gliceraldeído: 2.2.2. Dihidroxiacetona 2.1.3. Tetroses: Eritrose é encontrada na natureza em algumas algas vermelhas. E obtida a partir da arabinose: C4H8O4; 2.1.4. Pentoses: Arabinose (Gomas), Ramnose (encontra-se na quercetina, estrofantina, hesperidina e antocianos, formando a molécula de alguns heterósides): - Xilose (madeira, árvores adultas); - Ribose (se encontra como um dos componentes ácidos nucléicos); 2.1.5. Hexoses: - Frutose (frutos doces), mel; - Manose (casca da laranja). Raras vezes em estado livre; C3H6O3 2 - Glicose (frutos doces). Formando a molécula de muitos polissacarídeos; - Galactose - Formando a molécula de oligossacarídeos. Ex.:lactose, rafinose e estaquinose. Existe ainda entre os glicídios de reserva do tecido nutritivo das sementes e em numerosas classes de gomas. 2.2. Osides são polissacarídeos formados por mais de uma OSE ou também por uma ose e uma outra parte não osídica (aglicona). Podem ser: 2.2.1. Holósides, denominadas de “oses homogêneas” ou Hologlicosídeos, com 2 a 4 oses; 2.2.1.1. Oligoholósides (Oligosacarídeos); 2.2.1.1.1. Dihexoses: sacarobse (glicose + frutose); lactose (glicose + galactose): maltose (glicose + glicose); 2.2.1.1.2. Trihexoses: estaquinose(glicose + frutose + galactose). Encontrada nos manás-purgativos; 2.2.1.1.3. Tetrahexoses: estaquinose (2 galactoses + 1 glicose + 1 frutose). A única conhecida foi extraída de tubérculos de Stachys tuberiffera. 2.2.1.2. Poliholósides (polissacarídeos): aqueles que possuem mais de cinco oses. 2.2.1.2.1. Pentosanas: xilosanas constituintes das madeiras, árvores adultas (açúcar de madeira); arabinosanas, encontram-se preferencialmente na gomas, mucilagens e pectinas; 2.2.1.2.2. Hexosanas: glicosanas: amilo, celulose (algodão), glicogênio (glicose e maltose, reserva animal), liqueninas (celulose de reserva, encontrada em muitos liquens, por ex.: no líquen islândico Cetraria islandica; Frutosanas: inulina, existe em muitas plantas, como matéria de reserva, especialmente nas Compostas. Encontra-se ainda formando depósitos de reserva subterrâneos como nos tubérculos de dália Helianthus tuberosos e das, alcachofras;Galactosanas: galactógeno é um glicídio isolado do caracol, formado exclusivamente de galactose. Não é atacado pelos fermentos da saliva; Manosanas: raras vezes encontradas em estado livre. Ocorrem, entretanto, na casca de laranja e na planta Amorphophallus konjak. 2.3. Heterosides (Heteroglicosídeos ou ósides heterogêneas), são compostos que, por hidrólise liberam uma OSE e uma substância não osídica denominada de AGLICONA ou GRUPAMENTO PROSTÉTICO. Podem ser: 2.3.1. flavônicos; 2.3.2. antociânicos; 2.3.3. antraquinônicos; 2.3.4. saponínicos: 3 2.3.4.1. triterpênicos, 2.3.4.2. esterólicos. 2.3.5. digitálicos (cardiotônicos); 2.3.6. cianogenéticos. 2.4. Potiosurônicos (poliolósides mistos) + ácido urânico 2.4.1. Gomas. Oses e ácidos urônicos, principalmente glucurônico: arabina, cerasina; bassorina; 2.4.2. Mucilagens. Oses mais ácidos urônicos, principalmente galacturônico: gar-agar; 2.4.3. Pectinas. Oses mais ácidos pécticos, principalmente galacturônico: frutos cítricos. 2.5. Polioseglucosamínicos: quitina (glucosamina mais ácido acético). (Carapaça dos crustáceos). 4 ESTRUTURA DA DISTRIBUIÇÃO DOS GLICÍDIOS EM SUAS SUB-CLASSES GLICÍ DIOS Oses Ósi des Poliosur ônicos Polioseglucosamíni cos: Quitina Díoses: Hidroxiacetaldeído Trioses: Gliceraldeído e Dihidroxiacetona Tretrose: Eritrose Pentose: Arabinose, ramnose, xilose e ribose Hexose: Manose, glicose, galactose, frutose Gomas Mucilag ens Pectinas Holóside s (Hologlicos ídeos) Heteróside s (Heteroglic osídeos) Oligihol ósides (Oligossac arídeos) Polihol ósides (Polissaca rídeos) Sacarose Dihexoses Lactose Maltose Trihexoses: Rafinose Tetrahexoses: Estaquinose Pento sanas Hexo sanas Glicosa nas Frutosa nas Manosa nas Galacto sanas Xilosan as Arabino sanas Saponínic os Digitálicos Flavônicos Cianogené ticos Antociânic os Antraquin ônicos Triterpê nicos Esterólic os 5 GUIA DE ESTUDO Nº 02 1. ASSUNTO: AMILOS 2. INFORMAÇÕES a) CONSIDERAÇOES GERAIS 2.1. O amilo, embora seja classificado como princípio inerte, o seu estudo em Farmacognosia é da maior importância, pois é um dos compostos mais largamente encontrados na natureza, estando presente praticamente em todos os vegetais; 2.2. Juntamente com os lipídios e as proteínas, formam os chamados princípios majoritários; 2.3. Nos vegetais se forma a partir do anidrido carbônico absorvido pelas plantas, sob a ação da clorofila e passa aos órgãos dos vegetais como substância construtiva e nos grandes períodos de assimilação se acumula nas raízes, tubérculos e sementes. O grão se forma a partir de um grânulo ou hilo, depositando-se em seguida, em camadas concêntricas; 2.4. São compostos orgânicos (ternários: C, H, O) de origem vegetal; 2.5. Atribui-se ao amilo a fórmula geral (C6H10O6)n, na qual o n é um fator de polimerização muito elevado, mas variável. 2.6. Quimicamente os amilos são glicídios da classe dos Poliholósides, (Hexosanas) já que estão constituídos de várias moléculas de glicose; 2.7. É facilmente hidrolisável podendo-se promover esta degradação total pelas enzimas ou por aquecimento com ácidos minerais diluídos; 2.8. De sua hidrólise final resulta uma única ose, a D - Glicose. A decomposição (hidrólise) é o gradual, obtendo-se os compostos intermediários chamados de dextrinas de menores condensações moleculares como: amilodextrina, eritrodextrina, acrodextrina, maltose e finalmente glicose; 2.9. As dextrinas (amilodextrinas, eritrodextrinas, acrodextrinas) são substâncias amorfas que formam soluções gomosas na água e dela precipitam pelo acondicionamento de álcool; 2.10. As dextrinas utilizam-se, principalmente na fabrico de colas industriais; 2.11. O amilo apresenta-se sob a forma de um pó branco, inodoro, insípido, quando apertado na mão range e mostra tendência a aglutinar-se; é insolúvel no éter e água fria. No álcool e nos demais solventes orgânicos; 2.12. Os grãos de amilo estão constituídos de amilose, parte interna e amilopectina, parte externa, não havendo diferença química entre ambos, mas apenas estrutural. A proporção entre amilose e amilopectina varia com o tipo de amilo; 2.13. A amilose e constituída por uma cadeia formada por condensação da glicose, ligada por uniões alfa 1:4 glicosídica, sob a forma de unidades de maltose de cadeia retilínia e helicoidal, peso molecular aproximado de 10.000 a 60.000. (Prancha XVI). 2.14. A amilopectina é também formada por condensação da glicose, na sua maior parte por uniões aIfa 1:4, havendo ainda uniões 1:6, conferindo-lhe forma ramificada, de peso molecular aproximado de 60.000 a 100.000 (Prancha XVI); 2.15. Devido a essas diferenças estruturais a amilose (parte interna) é solúvel em água fria e a amilopectina (parte externa), somente em água quente; 2.16. A amilose dá com Iodo (Lugol) coloração azul intensa, enquanto que a amilopéctina apresenta 6 coloração azul violácea; 2.17. O amilo usado como droga é o chamado “amilo de reserva”, acumulado em certos órgãos de plantas superiores; 2.18. Geralmente são obtidos de frutos de gramíneas e de tubérculos de plantas pertencentes a várias famílias; 2.19. O AMILO ou polvilho obtido de cereais é chamado AMIDO; quando obtido de tubérculos é denominado de FÉCULA; 2.20. Embora muito semelhantes, quando examinados ao microscópio diferem de espécie a espécie; 2.21. Aquecido com água dá-se primeiro o intumescimento e depois uma gelatinização progressiva; (Veja Prancha XV); 2.22. Para uma diagnose do amilo, em exame microscópico, devemos observar: a) forma do grão (poliédricos, arredondados, lenticulares, redondos, ovais, dedal, esfera truncada, ovóides, triangulares e piriformes); b) quanto ao hilo: - forma: (redondo, linear, pontiagudo e estrelar); - localização (central ou excêntrico); - presença (imperceptível e visível); - estrias (presentes ou ausentes); - agrupamento (simples e compostos). 2.23. Os amilos não são substâncias puras como se pode observar, conforme tabela abaixo: AMILO de Milho de Arroz de Batata Amilo 84,14% '85,15% 79,64% Água 13,95% 13,70% 19,34% Matéria nitrogenada 1,53% 0,85% 0,69% Cinzas 0,38% 0,30% 0,33% 2.24. Os amilos utilizados em maior escala na Farmácia, como também na indústria ou como produtores dietéticos e na alimentação, são: - de gramíneas: (milho, trigo, arroz, centeio e cevada); - de tubérculos e/ou batata: (batata-doce, batatas inglesa, mandioca; macaxeira e araruta). b) OBTENÇAO 2.25. Comercialmente, o amilo é obtido a partir de tubérculos de batata, grãos de cereais, como também tubérculos de mandioca e araruta; 2.26. Os amilos são encontrados sob a forma de grânulos ou grãos, cujo conteúdo alcança até cerca de 80% da substância seca; 2.27. Na obtenção de amilo por processos industriais, são empregadas máquinas mais ou menos sofisticadas, por intermédio das quais são feitas varias operações, destacando-se a primeira, na qual são retirados os embriões ou germes (quando de cereais), que, são utilizados para a obtenção do óleo do respectivo cereal, alimentar, rico em vitamina E; 7 2.28. Utilizando-se processos manuais, a operação torna-se bastante simplificada; 2.29. Existem dois processos básicos, dependendo da origem da matéria-prima: a) para grãos de cereais (frutos de gramíneas) b) para tubérculos (batatas etc.); 2.30. Os dois processos são baseados, principalmente, na insolubilidade dos amilos em água fria; 2.31. No caso da obtenção de amilo oriundo de cereais, realizamos as seguintes operações: 1 - amolecimento 2 - trituração 3 - arrastamento com água 4 - coar com pano fino 5 - decantação 6 - dessecação 2.32. Para obtençãodo pó de fécula, usamos o seguinte processo: 1 – raspagem; 2 - extração com água (arrastamento); 3 - coar (com pano fino); 4 - decantação; 5 - fazer nova lavagem (se necessário); 6 – decantação; 7 - dessecação. C) USOS 2.33. Conhecem-se numerosas utilidades dos amilos, mas preferimos nos referir, principalmente àquelas relacionadas com as ciências médicas: a) na farmácia: manipulação para preparar glicerados, comprimidos, ainda como diluente de pós oficinais; b) a indústria química, por exemplo, condensa-o com formol para preparar o amilofórmio, utilizado como desinfetante; c) é matéria-prima para a obtenção da glicose preparação de dextrinas e álcool etílico; d) na terapêutica emprega-se diretamente em cataplasmas emolientes e sedativa nas inflamações cutâneas, queimaduras e outras afecções da pele (neste sentido, seu uso é bastante restrito na atualidade); e) pelas suas propriedades analépticas (que restaura as forças), utiliza-se nas farinhas alimentares para as crianças e convalescentes. 3. EXERCÍCIOS PRÁTICOS 3.1. Microscopia 3.1.1. Monte entre lamina e lamínula, grãos de diversas origens. (batata, mandioca, milho, arroz) e observe ao microscópio a forma e outras características de identificação dos amilos examinados. 3.2. Solubilidade a. Verifique a solubilidade do amilo na água e no álcool, a frio e a quente, da seguinte maneira: coloque 0,5g de amilo qualquer num tubo de ensaio e adicione 10ml de água destilada 8 aqueça. Promova esta mesma experiência usando álcool. Observe os resultados; 3.3. Caracterização i. Tome três amilos comerciais diferentes; prepare separadamente suspensão aquosa (água destilada) a 1% e determine o pH; ii. Proceda a reação do iodo em cada suspensão; observe a coloração obtida. Filtre. Verifique a coloração do filtrado; iii. Prepare uma solução de amilo a 1%; após esfriar adicione duas gotas de uma solução de lugol; filtre - tome o filtrado e aqueça: observe o resultado. Deixe esfriar e anote os resultados 3.4. Hidrólise 3.4.1. Faça 200 ml de uma solução aquosa de amilo a 1%; 3.4.2. Retire inicialmente uma amostra (2ml) e faça testes com lugol; proceda da mesma maneira com os reagentes de Benedict ou Fheling; 3.4.3. Adicione à solução de amilo 2ml de HCl-R e mantenha a fervura; 3.4.4. Acompanhe a hidrólise da seguinte maneira: de três em três minutos, retire 2ml da solução, coloque num tubo de ensaio, deixe esfriar e junte 2 gotas de lugol. (Faça esta operação sucessivamente até obter uma solução incolor que indica o final da hidrólise); 3.4.5. Finalmente faça teste para glicose, com o reagente específico, em meio neutro ou levemente alcalino. 4. MEIOS INSTRUCIONAIS 4.1. Uso do material próprio do laboratório para a preparação de soluções; Utilização de reagentes para observar reações de caracterização. 5. OBJETIVOS OPERACIONAIS Ao término deste, o aluno deverá: 5.1. Identificar os diversos tipos de grãos de amilo de variadas espécies; 5.2. Conhecer a solubilidade dos amilos em água (fria e quente) e alguns solventes orgânicos; 5.3. Distinguir suspensão de solução; 5.4. Reconhecer uma solução ácida de uma solução alcalina através do “papel de pH"; 5.5. Explicar a composição química da amilose e da amilopectina tendo em vista observações da prática laboratorial; 5.6. Explicar a hidrólise do amilo; 5.7. Identificar as dextrinas durante o processo da hidrólise; 5.8. Usar o reagente de Benedict ou Fheling para determinar a presença de glicose; 6. CONSULTA BIBLIOGRÁFICA E VERIFICAÇAO DE APRENDIZADO 6.1. Como está, quimicamente, constituído o grão de amilo? 6.2. Dê a definição exata e completa dos componentes do grão de amilo; 6.3. A coloração resultante de reação entre iodo e amilo, pode desaparecer por aquecimento? Se tal acontecer é porque o iodo é volátil ou há outra razão? 9 6.4. Como se pode, estruturalmente, estabelecer a diferença entre amilose e amilopectina? Faça a representação gráfica das respectivas estruturas; 6.5. Sabe-se que a amilose é solúvel em água a amilopectina não; por quê? 6.6. Qual o objetivo da hidrólise do amilo? 6.7. Quais as substâncias que se vão obtendo durante o processo da hidrólise? 6.8. Se você filtrar uma suspensão aquosa de amilo o que se pode observar? Qual a finalidade dessa experiência? 6.9. Por que o último produto da hidrolise é a glicose? 6.10. Se você adicionar lugol a uma suspensão amilo e filtrar, qual é a cor do filtrado? 6.11. O que é a solução (reagente) de Benedict? Para que é usada? 6.12. Dê a definição farmacognóstica dos seguintes amilos: milho, trigo, arroz, batata, mandioca, macaxeira e araruta; 6.13. A que classe química pertence os amilos? 6.14. Qual o amilo usado como droga? 6.15. No exame microscópico, quais as características de diagnose dos amilos? 6.16. Quais as características de uma solução heterogênea. Explique. 10 Drogas que contêm Amilos de Reserva Nome Popular Espécie/ /Gênero Família Parte Usada Grupo Químico Princípio Ativo Usos QUADRO 13 11 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTÊMAS DISPERSOS Tipo Tamanho da partícula Características Dispersão grosseira - Emulsões - Suspensões - Aerossóis Maior que 0,5micra - A partícula não atravessa o papel filtro. Não difunde. Não passa através da membrana dialisadora. É visível ao microscópio. Dispersão coloidal - Soluções coloidais Entre 0,5 e 0,001micra - A partícula atravessa o papel de filtro. Não atravessa o ultrafiltro. Difunde e passa através da membrana dializadora muilentamente. Não é reconhecível ao microscópio. É reconhecível ao ultramicroscópio. Dispersão molecular - Soluções verdadeiras Menor que 0,001micra - A partícula atravessa o papel de filtro. Atravessa o ultrafiltro. Difunde. Passa através da membrana dializadora mui rapidamente. Não é visível ao ultramicroscópio. 12 PRANCHA XVI 13 HETERÓSIDES 1. INFORMAÇÕES 1.1. Nos próximos capítulos estudaremos os principais grupos químicos dos Heterósides que compreendem importante acervo de princípios ativos utilizados na terapêutica; 1.2. Assim é que desejamos, de logo, tecer algumas considerações sobre este útil grupo de drogas cujo es tudo é imprescindível à Farmacognosia; 1.3. Como vimos anteriormente no Guia de Estudos nº 8 os heterósides estão incluídos na classificação geral dos Glicídios com a denominação Glicosídios princípios imediatos muito comuns nos vegetais; 1.4. Sua molécula está formada por uma parte glicídica, mais freqüentemente a glicose, podendo existir a ramnose, galactose ou outras como a digitoxosa e a cimarosa, ligada de modo especial a uma outra não glicídica denominada genericamente de AGLICONA ou GRUPAMENTO PROSTÉTICO; 1.5. Possuem a propriedade geral de experimentar a hidrólise ácida ou enzimática (fermentativa) fixando a água para dar, por uma parte, a OSE ou uma mistura de açúcares e, por outra, vários compostos que apresentam funções químicas diversas: cetona, aldeído, fenol, etc. A estes grupamentos resultantes da hídrolise e que não são oses, denomina-se de AGLICONA; 1.6. Quimicamente estão constituídos por C, O, H, e raramente de N (amigdalósides) ou S (heterósides das Crucíferas); 1.7. Do ponto de vista químico, os glicosídios são acetais nos quais a hidroxila da ose se condensa com o grupo hidroxilo do componente não hidrocarbonado; nestes casos denomina-se de O - glicosídios (aloe emodina); excepcionalmente a ose pode estar ligada ao carbono, denominando-se de C - glicosídios (barbaloína). Veja maiores detalhes no Guia de Estudos nº 12; 1.8. O elemento não hidrocarbonado correspondeà aglicona e o hidrocarbonado à uma glicona; 1.9. A classificação dos heterósides é difícil. Se se toma como base o grupo hidrocarbonado, devem ser incluídas as várias oses e muitas das quais sua estrutura não é bem definida; 1.10. Se considerarmos o grupo da aglicona, aparecem compostos que praticamente se encontram em quase todos os vegetais; como taninos, esteróis, antocianinas e muitos outros dentre eles alguns com estrutura ainda igualmente desconhecida; 1.11. Levando-se em conta uma classificação baseada na ação terapêutica, sem dúvida que seria excelente sob o ponto de vista farmacêutico, mas seriam omitidos muitos glicosídios de interesse puramente farmacognóstico; 1.12. Uma outra classificação, a botânica, foi por sua vez estudada, no sentido de se agrupar plantas da mesma família ou numa classificação mais ampla, seria esse agrupamento feito entre as espécies e até mesmos gêneros; 1.13. Não foram obtidos resultados satisfatórios visto que são encontrados princípios ativos de diferentes empregos, extraídos de plantas pertencentes à mesma família; 1.14. Ainda sobre a classificação botânica, um outro inconveniente foi considerado, quando princípios ativos têm idêntica atividade farmacodinâmica e pertencem a famílias diferentes. Ex.: Sene (purgativo) da família das leguminosas cesalpinoídeas, Aloe (purgativo) da família das Liliáceas; 14 1.15. A classificação mais aceita presentemente é aquela que se baseia na natureza química do grupo aglicona; grupo cardiativo, grupo das antraquinonas, grupo das saponinas, grupo dos cianogênicos .grupo dos flavônicos; 1.16. Outros ainda como o grupo dos tiocianatos (mustarda negra); grupo dos aldeídos (baunilha); grupo das lactonas (cumarina e Cantáridas); 1.17. Os heterósides podem se localizar em qualquer das partes do vegetal como: folhas: sene (antroquinônico) e digital (cardiativo); raiz: ruibarbo (antroquinônico) e glicirriza (saponínico); casca de frutos cítricos (flavônicos), caule: salsaparrilha (saponínico); casca do caule: Juá (saponínico); tubérculo: macaxeira (cianogenético); semente: cumarina (lactônico); 1.18. São, de um modo geral, os heterósides solúveis em água, apresentando melhor solubilidade numa solução hidroalcoólica a 70-80%; 1.19. Suas agliconas são insolúveis em água, solúveis, entretanto, nos solventes orgânicos e no álcool a quente; Estudaremos, a seguir, nas aulas teórico-práticas os heterósides pertencentes aos grupos dos Flavônicos, Antocianos, Antraquinônicos, Cianogenéticos, Saponínicos e Digitálicos. 15 GUIA DE ESTUDOS Nº 3 1. ASSUNTO: HETEROSIDES FLAVÔNICOS 2. INFORMAÇÕES 2.1. Os flavônicos formam um grupo muito extenso, pelo número dos seus constituintes naturais e distribuição ampla no Reino Vegetal. Denominam-lhe também de “pigmentos das flores", por participarem na coloração das pétalas, ainda das cascas dos frutos e ocasionalmente outras regiões das plantas, desde as raízes às sementes; 2.2. Deriva o seu nome do latim Flavus, exatamente porque cristalizam em agulhas amarelas; 2.3. Sob o ponto de vista químico são formados por um núcleo fundamental – BENZOPIRANO, ao qual se encontra ligado um anel aromático, isto é, - 2-fenil-benzopirano, conforme figura abaixo: 2.4. Com exceção das isoflavonas e isoflavanonas o segundo anel fenólico (B) está unido em todos os de mais flavônicos no átomo ge carbono em posição 2, como também nas antocianinas; 2.5. Provavelmente foi Lebreton quem em 1827 isolou da casca de laranja amarga o primeiro heteróside bioflavônico (porque possui ação farmacodinâmica), chamando-o de "hesperóside", pouco solúvel em água e solúvel no álcool quente; graças à sua função fenólica é bastante solúvel em solução alcalina; 2.6. Em 1936 Izente Gyorgy identificou a Vitamina P como uma flavona (Hesperitol) isolada do cacteno; 2.7. A vitamina P é uma substância ativa de extratos vegetais. Em cobaias e no homem conserva a resistência capilar e fortifica os vasos; é também chamada Rutina; 2.8. A rutina é obtida do trigo sarraceno (Fagopyrun esculentum) planta herbácea anual nativa do oriente da Europa e do ocidente da Ásia, muito cultivada nos Estados Unidos e no Canadá; as partes usadas são as folhas e as flores; 2.9. Quimicamente a rutina é o rutinosídio da quercetina, ou melhor, é um glucosídio cuja aglicona é constituída da quercetina (3,5,7,3’,4’ - penta-hidróxi-flavona) e que se une por sua hidroxila da posição 3 a um dissacarídio (rutinosa) formado por uma molécula de glicose e por outra de ramnose; 2.10. Os heterósides flavônicas com ácido sulfúrico concentrado, dão fluorescência violeta; 2.11. Em meio alcalino tomam coloração amarela intensa; 2.12. São fenólicas; encontram-se dissolvidos nos sucos vegetais através de uma OSE, ligada ao carbono 3; 2.13. A reação de caracterização dos flavônicos é baseada na qualidade que têm as flavonas de se transformarem em ANTOCIANO pela adição de ácido clorídrica em presença de magnésio; 2.14. As heterósides flavônicos têm agliconas derivadas dos seguintes núcleos: chalconas e dihidrachalconas; flavonas e flavanonas; isoflavanas e isaflavanonas; flavonol e flavanonol; auronas e mais recentêmente as neaflavonóides (Prancha XVI); 2.15. Consideramos bioflavônicos aqueles empregados para a composição de medicamentos e 16 destacam-se: Rutina (glucosídio) e Quercetina (aglicona) e Hesperidina (glucosídio) e Hesperetina (aglicona); 2.16. Estes heterósides bioflavônicas têm as seguintes propriedades farmacodinâmicas ou farmacoterapêuticas: a) Ação semelhante da Vitamina P; b) Ação direta sobre os capilares; c) Potenciação do ácido ascórbico; d) inibição da histamina: 1 - por ação antihistamínica direta; 2 - por inibição da liberação da histamina; 3 - por inibição da formação da histamina; e) Inibição da oxidação da adrenalina; f) Ação sobre o tempo de coagulação e sangria; g) Ação semelhante a da cortisona (antiinflamatória). 3. EXERCÍCIO PRÁTICO 3.1. Extração (extrato hidroalcoólico) Material: casca de laranja - casca de limão; 3.1.1.Triture as cascas obtidas de dois limões (maduros) num gral, com auxílio de areia lavada; 3.1.2. Transfira o material para um becher e adicione q.s. de uma solução hidroalcoólica a 50%; dê ligeira fervura - filtre; reduza o volume do extrato para 5 ml; 3.1.3. Faça igual tratamento com casca de laranja, usando quantidade correspondente à casca de dois limões. (Estas são as soluções-problema). 3.2. Preparação da solução padrão: 3.2.1. Triture um comprimido de medicamento comercial, qualquer que contenha substâncias bioflavônicas (dosagem conhecida), com o auxílio de um gral, em presença de q.s. de uma solução hidroalcoólica a 50%; dê ligeira fervura e filtre; reduza o volume do extrato obtido para 5ml. (Esta é a solução padrão). 3.3. Caracterização: 3.3.1; Com os três tubos de ensaio contendo: extrato de casca de laranja; extrato de casca de limão e da droga padrão e proceda da seguinte maneira: Adicione a cada tubo 1cm de magnésio em fita e cinco, gotas de HCl-R. Deixe em repouso e observe. (Deve aparecer coloração vermelha tanto mais intensa, quanto maior for a concentração de bioflavônicos; Faça a comparação das colorações obtidas com o da droga padrão). 0BS.: O objetivo desta prática não foi somente o de verificar a presença de bioflavônicos em basca de frutos cítricos, mas também observar, tendo em vista as colorações obtidas nas reações, a concentração de princípios ativos usando para tal, a amostra de um medicamento qualquer à base de Rutina, com dosagem conhecida evidentemente que não se trata de uma análise quantitativa, mas oferece resultadas para uma boa avaliação das diversas concentrações. 3.4. Hidrólise: 17 3.4.1. Prepare solução aquosa (a quente) de Rutina em pó, na proporção de 1:50 (caso não obtenha completa solubilidade adicione gotas de HCl-R);3.4.2. Adicione 2ml de HCl-R; deixe ferver durante quinze minutos (deve aparecer turvação); filtre; 3.4.3. Com 10ml do filtrado faça testes para OSE; 3.4.4. Verifique a solubilidade do precipitada no álcool ou outro solvente orgânico. 4. MEIOS INSTRUCIONAIS 4.1. Manuseio da vidraria própria de laboratório (becher, pipeta, filtro, erlemeyer); 4.2. Atividades de laboratório tais como: filtração, preparação de extrato hidroalcoólico, determina- ção de pH e reações de caracterização. 5. OBJETIVOS OPERACIONAIS Ao término deste, o aluno deverá: 5.1. Identificar heterósides flavônicos; 5.2. Conhecer o processo de caracterização; 5.3. Saber das suas propriedades gerais e usos; 5.4. Identificar heterósides antocianos e suas semelhanças com os flavônicos; 5.5. Identificar ose e aglicona por meio de hidrólise do heteróside. 6. CONSULTA BIBLIOGRAFICA E VERIFICAÇÃO DO APRENDIZADO 6.1. Descreva de modo sucinto o processo de extração dos flavônicos; 6.2. Quimicamente como podemos identificar os heterósides flavônicos? 6.3. Qual o nome do Heteróside existente na casca de laranja? 6.4. Qual o uso dos heterósides bioflavônicos? 6.5. Dê a definição de drogas que contenham heterósides bioflavônicos, dando espécie, família, parte usada, grupo químico, princípio ativo e usos. (Preencha o Quadro 14); 6.6. Qual o composto que esta, quimicamente, relacionado com os flavônicos? 6.7. Como se explica o aparecimento da cor vermelha na reação de caracterização dos flavônicos? 6.8. Fervendo-se um extrato hidroalcoólico de heterósides com um ácido, o que obteremos? 6.9. Após a hidrólise, como você comprovaria a presença de ose? 6.10. Quais as principais agliconas derivadas dos heterósides flavônicos? 6.11. Qual a variação de coloração dos Antocianos, em razão do pH? 6.12. Dê a diferença entre Vitamina P, Rutina, Acido nicotínico e fator PP; 6.13. Por que na extração dos heterósides usamos soluções hidroalcoólicas? 6.14. Qual a coloração obtida no final da reação caracterização dos heterósides flavônicos? 6.15. Qual o objetivo de se usar, na experiência, droga padrão? 18 Drogas que possuem Princípios Flavônicos Nome Popular Espécie/ /Gênero Família Parte Usada Grupo Químico Princípio Ativo Usos QUADRO 14 19 ALGUMAS AGLICONAS DE NATUREZA FLAVÔNICA PRANCHA XVII 20 GUIA DE ESTUDOS Nº 4 1. ASSUNTO: HETERÓSIDES ANTOCIÂNICOS 2. INFORMAÇOES 2.1. Os antocianos ou antocianinas são glicosídios naturais que ocorrem nos vegetais e incluem a maioria dos pigmentos alaranjados, vermelhos e verdes, dos frutos, flores e folhas; 2.2. Quimicamente derivam do núcleo da flavona, que dá antocianidais, um grupamento piroxonium, daí as suas propriedades básicas, no que implica numa carga positiva; 2.3. É este o núcleo característico dos antocianos: 2 – Fenil-ion-piroxônio 2.4. Dentro das regras adotadas de nomenclaturas são denominados de ANTOGIANOSIDES, baseados em que os heterósides em geral têm a terminação convencional de ÓSIDES; 2.5. Nota-se no seu núcleo fundamental, que o oxigênio aparece como tetravalente, com o caráter iônico básico dos sais de oxônio; 2.6. Quanto à sua parte glicídica, são conhecidos os MONO ou DIheterosídios (da glicose, galactose, frutose, ramnose, arabinose e xilose e de alguns dos seus diholósides); 2.7. As ligações semi-acetálicas com os antocianidóis, realizam-se de preferência, por intermédio dos carbonos 3 nos monoheterosídios e 3 e 5 ou 3 e 7, nos diheterosídios; 2.8. Os antocianos têm o seu nome derivado do grego anthos que significa flor e kyanus, azul; 2.9. A sua estrutura química é semelhante à dos flavônicos, dos quais deriva através da redução do núcleo pirano; 2.10. Esta afinidade química muito concorria para que houvesse interesse no seu estudo, notadamente em farmacognosia, que especificamente trata da ocorrência de princípios ativos em vegetais; 2.11. Até bem pouco tempo não se conhecia qualquer ação farmacodinâmica e conseqüentêmente terapêutica efetiva dos antocianos, sabendo-se, contudo que juntamente com a clorofila e flavonas, formavam os pigmentos mais difundidos no Reino Vegetal; 2.12. Estudos mais recentes, entretanto, ensejaram a que pesquisadores através da hidrólise ácida dos antocianosídios da Vaacinun myrtíllus, Ericácea, vulgarmente, conhecida com o nome de Amoreira silvestres obtivessem quatro substâncias denominadas de: malvidina, delfinidina, cianidina e petunidina; 2.13. Experimentos clínicos realizados em 1964 por G. E. Jayle e L. Albert, publicados na Revista Therapia, nº XIX, 1964, demonstraram que esses antocianosídios estimulam a síntese da purpurina visual (rodopsina); a qual em presença da luz, forma o retineno (aldeído da Vitamina A); 2.14. O retineno: na obscuridade regenera a rodopsina, convindo salientar que, nessa reação reversível, está fundamentado o fenômeno da visão-na-penumbra; 2.15. Os medicamentos à base desses antocianosídios, naturalmente aliados a outros agentes terapêuticos, são indicados no tratamento sintomático da hemerolopia (cegueira noturna ou dificuldade de ver coisas na penumbra) e nos processos hemeralópicos; 2.16. È indicado ainda em todos os casos que se faz mister boa acuidade visual; 21 2.17. Sem atividade farmacodinâmica não bem definida, foram isolados ainda os seguintes princípios antociânicos: Apigenidol, da Gesnera fulgens; Pelargonidol, da flor de romãzeira; Cianidol, da flor da papoula; Delfinidol, da Salvia protensis; o Petunidol, da Polygala amara; o Malvidol, da Malva silvestris e o Hirsutidol, da Primula hirsuta, (Prancha XVII). 3. EXERCÍCIO PRÁTICO A - Presença de antocianósides ou antocianidóis 3.1. Material: flores ou pétalas de malvas, alfazemas, rosas rubras ou papoulas; 3.2. Agite durante bastante tempo (até 24 horas) cerca de 1g do material triturado com 15ml de ácido fórmico a 5%; (se não produzir cor rósea ou vermelha aqueça em banho-maria fervendo durante alguns minutos), deixe esfriar e filtre; 3.3. Se e líquido permanecer incolor ou amarelo porque não há antocianósides nem antocianóis. B - Propriedade anfótera 3.4. Prepare extrato hidroalcoólico (10ml) obtido de pétalas ou flores vermelhas (papoula); dê ligeira fervura e filtre; 3.5. Alcalinize o extrato (soda ou amônia) e observe a coloração obtida; 3.6. Promova a mudança do pH do meio (para ácido) e observe se houve alteração da coloração. 4. MEIOS INSTRUCIONAIS 4.1. Manuseio da vidraria própria de laboratório (becher, pipetas, filtro, erlemeyer); 4.2. Atividades de laboratório tais como: filtracão, preparação de extrato hidroalcoólico, determina- ção de pH e reações de caracterização. 5. OBJETIVOS OPERACIONAIS Ao término deste o aluno deverá: 5.1. Identificar heterósides antociânicos; 5.2. Conhecer o processo de caracterização desses heterósides. 5.3. Saber de suas propriedades e usos. 6. CONSULTA BIBLIOGRÁFICA VERIFICAÇAO DO APRENDIZADO 6.1. Quimicamente como podemos identificar os heterósides antociânicos; 6.2. Distinguir antocianósides de antocianidóis. 22 Plantas que possuem Princípios Antociânicos empregados como Drogas Nome Popular Espécie/ /Gênero Família Parte Usada Grupo Químico Princípio Ativo Usos QUADRO 15 23 PRINCIPAIS ANTOCIANIDINAS ENCONTRADAS NA NATUREZA PRANCHA XVIII 24 GUIA DE ESTUDOS Nº 05 1. ASSUNTO: HETERÓSIDES ANTRAQUINÔNICOS 2. INFORMAÇÕES A antraquinona, dicetona do antraceno, é o núcleo de muitas fenólicas que se encontram nos diversos órgãos de uma grande variedade deplantas; Têm o seguinte núcleo fundamental: Estas substâncias, denominadas também de oxiantracênicas, podem ser encontradas formando a AGLICONA de heterósides, conhecida com a denominação de “forma combinada”, ou em seu estado livre, isto é, sem estar ligada a oses; Alguns destes compostos têm propriedades CORANTES, como a alizarina da raiz de Rubia tinctorium L. e outras apresentam uma ação PURGATIVA, como as folhas de sene, Cássia acutifólia Delile; Esta diferença de propriedades coincide com certas variações na estrutura química. Os corantes têm sempre hidroxilas nas posições 1 e 2 e os purgativos têm as hidroxilas ligadas às posições 1 e 8 do núcleo fundamental; Alguns destes compostos em vez do grupo da antraquinona têm uma monocetona do antraceno a ANTRONA e seu isômero ANTRANOL ou mesmo um derivado mais reduzido o DIHIDROANTRANOL, conforme os núcleos abaixo: De um modo geral os heterósides antraquinônicos são solúveis em água. Dependendo, entretanto da forma em que eles se encontram, apresentam a seguinte solubilidade: SOLVENTE HETEROSIDE AGLICONA Água Solúvel Insolúvel Benzeno Insolúvel Solúvel Álcool diluído quente Solúvel Solúvel Amônia SR - Solúvel O reconhecimento desses heterósides pode ser feito através da “reação de Borntraeger” que consiste na formação de fenatos de amônio, de cor rósea após extração das agliconas livres e das libertadas por hidrólise ácida; 25 Nesta reação a cor obtida de imediato é devida às formas antraquinônicas (dicetonas). A coloração se intensifica progressivamente por oxidação das formas reduzidas - antrona e antronol - em antraquinona; Várias plantas da mesma família da Sene (Leguminosae cesalpinoideae) contêm compostos deste grupo, tais como: Mangirioba do Pará (Cassia alata), Mata pasto (Cassia tora), Flor de besouro (Cassia hoffmannseggii Mart.); As antraquinonas livres, sem os grupos hidrocarbonados (oses) têm pouca atividade terapêutica. O núcleo hidrocarbonado é essencial porque serve para transportar a aglicona até o intestino grosso onde atua; De uma maneira geral as formas reduzidas aparecem no início do período vegetativo das plantas e nos frutos; depois diminui acentuadamente seu conteúdo e no fim do período do desenvolvimento anual predominam as formas oxidadas; Justifica-se, assim a escolha de uma época tardia para a colheita de certas plantas como o Ruibarbo, no outono, quando os rizomas, sua parte usada, contêm principalmente heterósides oxidados; Quando o material é colhido prematuramente, e agora citamos outro exemplo; a Cascara sagrada (Rhamnus purshiana) que deve ser envelhecido no mínimo por um ano, após a sua colheita antes do uso em preparações medicinais. Na casca fresca ou na planta jovem predominam as formas reduzidas. Durante a estocagem estas são convertidas á glicosídios oxidados monoméricos que exibem uma atividade catártica suave; As formas reduzidas contribuem de modo significativo para a ação terapêutica destes produtos naturais; Glicosídios de antranóis e antronas desenvolvem uma ação mais drástica do que os correspondentes heterósides antraquinônicos; Uma quantidade maior de antranóis e antronas por outro lado nas misturas glucosídicas pode causar uma ação desconfortável de cólicas; Os catárticos antraquinônicos não formam hábito; No Quadro que se segue, os mais comuns princípios ativos encontrados nas diversas drogas antraquinônicas, como: Aloe, Ruibarbo, Sene, Cascara Sagrada (Procure adaptar ao núcleo antraquinônico característico). PRINCÍPIO ATIVO SUBSTITUINTES 1 3 6 8 Crisofanol OH CH3 -- OH Aloemudol/Barbaloína OH CH2OH -- OH Reol/Reina OH COOH -- OH Emodol/Emodina OH CH3 OH OH Reocrisol OH CH3 OCH3 OH Além dos princípios relacionados no quadro do itêm 2.19., encontrado em várias drogas antraquinônicas, o Sane contêm o Senósido, constituído dos Sanósides A e B, que dão compostos hidroximetilantraquinônicos semelhantes aos do Aloe e do Ruibarbo, com a seguinte estrutura: 26 Os aritraquinônicos são relativamente freqüentes no reino vegetal, encontrando-se, as plantas nas suas diversas regiões, dissolvidas no suco celulares; Quando este contendo abundante pode comunicar tons amarelos e avermelhados aos órgãos onde se localizam; Encontram-se muitas vezes sob a forma de heterósides, outras, porém, tendo os próprios constituintes aglicônicos libertados dos glicídios; As oses obtidas da sua hidrólise, ácida ou enzimática, são a glicose e a ramnose; certamente não ha heterósides da arabinose; Quando a ose está ligada ao oxigênio da parte não hidrocarbonado denomina-se de O-glicosídio, como mostra o exemplo abaixo: No caso da ose se encontrar ligada ao carbono, denomina-se de C-glicosídio: 3. CATÁRTICOS 3.1. Substâncias ou drogas capazes de produzir evacuação intestinal, com um aumento do peristaltismo mediante irritação, maior conteúdo intestinal ou também em virtude de sua ação asmática, são 27 denominados, no meio científico, de catárticas; 3.2. São de várias origens as substâncias que possuem ação catártica, podendo ser de vegetais, animais, minerais ou mesmo sintéticas, apresentando, quando ingeridas, ações fisiológicas diferentes; 3.3. O povo, entretanto, não faz qualquer diferença entre uma ou outra ação, tanto assim que não distingue entre o que seja purgativo ou laxativo; 3.4. Os CATÁRTICOS, porém, são classificados em: 3.4.1. Colagogos - compostos que estimulam a secreção biliar produzindo um efeito com fezes líquidas e de cor verdosa. Ex.: extrato de bilis de boi e resina de Podofilo (Podophyllum peltatum L.); 3.4.2. Drásticos. - são catárticos que causam intensa irritação intestinal produzindo fezes aquosas e de grande volume. Ex.: Jalapa (Exogonium purga Benthal); 3.4.3. Laxantes - produzem uma evacuação mais ou menos normal do intestino, sem irritação e cólicas. Ex.: Tamarindo (Tamarindus indica L), Maná (Fraxinus ornus L.) e fenolftaleína; 3.4.4. Laxantes mecânicos - são produtos que lubrificam o trato intestinal sem ser absorvidos. Ex. óleos minerais e vegetais; 3.4.5. Purgantes - são catárticos que aumentam intensamente o peristaltismo ocasionando fezes aquosas e semi-fluidas. Ex.: Sene. Ruibarbo, Cascara Sagrada e Aloe; 3.4.6. Salinos - são certos sais orgânicos e inorgânicos que produzem evacuação intestinal em virtude de sua ação osmótica, aumentando o volume e fluidez do conteúdo do trato intestinal. Ex.: ácido cítrico, sulfúrico, fosfórico e tartárico. 4. EXERCÍCIO PRÁTICO 4.1. Extração Ferva 1,0 g de Sene grosseiramente pulverizada, com 30 ml de álcool a 75% v/v, durante três minutos? Filtre o líquido ainda quente através de algodão, não importando uma pequena turvação, após filtrar se necessário complete o volume inicial com água destilada. 4.2. Caracterização 4.2.1. Transfira 10ml do filtrado para um becher com capacidade de 40ml (Amostra I) e mais 10ml para um outro becher (Amostra lI); 4.2.2. Acidifique o conteúdo da Amostra I com 0,5ml de ácido clorídrico SR e ponha a ferver durante dois minutos; dê igual fervura à Amostra II, sem contudo adicionar ácido. 4.2.3. Transfira os líquidos para tubos de ensaio e após resfriar adicione, a cada um, 10ml de benzeno; agite levemente; 4.2.4. Do tubo I (material hidrolisado) separe 5ml de benzeno; despreze o restante. Faça o mesmo tratamento com o tubo II; 4.2.5. Em ambos os tubos de ensaio adicione 4ml de amônia SR; deixe em repouso durante cinco minutos e depois dê uma leve agitação; 4.2.6. A camada amoniacal tomará a coloração rósea, tanto mais intensa quanto maior for a quantidade de substancia ativa (agliconas libertadas das cadeias glicídicas); 28 4.2.7: Compare a sua intensidade rósea no momento e depois de 24 horas, com uma solução de permanganato de potássio R a 1:45. 5. MEIOS INSTRUCIONAIS 5.1. Uso de balança e vidrariade laboratório, com o fim de extrair substancias antraquinônicas, em extrato hidroalcoólico; 5.2. Uso de reagentes voláteis e cáusticos; 5.3. Operações como: trituração, pulverização e filtração. 6. OBJETIVOS OPERACIONAIS Ao término deste, o aluno deverá: 6.1. Conhecer o processo de caracterização das drogas que contêm princípios oxiantracênicos, denominado de “teste de Borntraeger”; 6.2. Executar com segurança, a marcha operacional do referido teste; 6.3. Identificar a conclusão da reação, pela coloração obtida; 6.4. Ser capaz de traduzir todas as fases que compõem o teste de caracterização dos antraquinônicos. 7. CONSULTA BIBLIOGRÁFICA E VERIFICAÇÃO DO APRENDIZADO 7.1. No álcool diluído quente, qual dos dois é solúvel: a aglicona ou o heterósides? 7.2. Qual a diferença entre aglicona e ose? 7.3. O que é antrona, antronol e dihidroantranol? 7.4. Descreva a técnica, explicando as diversas fases do processo, para a caracterização dos oxi- antracênicos; 7.5. Por que durante o teste acima é recomendável hidrolisar o extrato? 29 Drogas que possuem Princípios Antraquinônicos Nome Popular Espécie/ /Gênero Família Parte Usada Grupo Químico Princípio Ativo Usos QUADRO 16 30 GUIA DE ESTUDOS Nº 06 1. ASSUNTO: HETERÓSIDES CIANOGENÉTICOS. 2. INFORMAÇÕES 2.1. Os heterósides cianogenético conhecidos igualmente com a denominação de cianósides ou ainda cianogênicos, são aqueles que, por hidrólise, desprendem ácido cianídrico; 2.2. Desta hiódrólise resulta também uma substância aldeídica ou cetônica, sendo a mais freqüente o aldeído benzóico; 2.3. Os glicosídios cianogenéticos, portanto, são constituídos de cianídrina (hidronitrila), em combina- ção com um aideído ou uma cetona; 2.4. Do núcleo de benzaldeído, podemos destacar: 2.4.1. Prunus dulcis (amigdalósido) 2.4.2. Vicia angustifolia (vicianósido). 2.4.3. Zieria laevigata (Zieriósido); 2.5. Do núcleo das geninas cetônicas, podemos ressultar: 2.5.1. Linum usitatissimum (Linamarósido); 2.5.2. Manihot utilissima (não identificado); 2.6. Além dos derivados cianogenéticos de natureza heterosídica, isolaram-se dos óleos de sementes de diversas Sapindáceas derivados mono e dihidroxilados possuindo o núcleo isobutenocianidrina; 2.7. Encontram-se, por outro lado, sob a forma de ésteres de ácidos graxos e por tal motivo foram denominados de cianolipídios. Conhecem-se ainda compostos desta natureza isolados de animais, de centopéias e borboletas; 2.8. São solúveis ria água e no álcool, parcialmente no éster acético e insolúveis no éter, clorofórmio etc; 2.9. Podemos identificar a presença do ácido cianídrico em vegetais, usando-se algumas reações, tendo como exemplo, o nitrato mercuroso que com o HCN forma-se um precipitado de mercúrio metálico; 2.10. Com o nitrato de prata origina um precipitado branco de cianeto de prata; 2.11. Num processo mais sofisticado, podemos identificar o ácido cianídrico através de cromatografia, em papel de Whatman nº 1; 2.12. O ensaio, tendo em vista a caracterização do ácido cianídrico, libertado pela hidrólise, deve ser feito fresco (plantas verdes), mesmo no caso das sementes que devem ser trituradas; 2.13. Fundamentalmente, na hidrólise de um heteróside de características aldeídicas, têmos: 2.14. Com respeito aos heterósides cetônicos, observamos: 31 2.15. Para o exercício prático usaremos a técnica de identificação feita por meio do ácido pícrico e carbonato de sódio, com desprendimento natural do ácido cianídrico através da hidrólise enzimática. 3. EXERCÍCIO PRÁTICO 3.1. Material: mandioca ou macaxeira; 3.2. Após retirar a casca, triture 10g de tubérculo num gral com o auxílio de um pistilo; 3.3. Transfira o material já triturado para um erlenmeyer de rolha esmerilhada; 3.4. Embeba uma fita de papel absorvente, inicialmente numa solução a 10% de ácido pícrico e logo a seguir numa outra solução igualmente a 10% de carbonato de sódio; 3.5. Introduza a fita, já preparada, no erlenmeyer, de modo que fique suspensa, presa à rolha; o frasco deve ficar bem fechado e em repouso; 3.6. Dentro de alguns minutos a fita deverá corar-se de vermelho, devido ao desprendimento espontâneo de HCN. (O catalisador desta reação é a própria enzima contida no tubérculo). 4. MEIOS INSTRUCIONAIS 4.1. Uso e manuseio de balança analítica viraria própria de laboratório com o fim de preparar material para identificação de cianogenéticos; 4.2. Técnicas especiais para o uso de reagentes voláteis e cáusticos; 4.3. Operações como: trituração, pulverização e filtração. 5. OBJETIVOS OPERACIONAIS Ao término deste, o aluno deverá: 5.1. Conhecer o processo e as técnicas para a caracterização das drogas que contém princípios cianogenéticos; 5.2. Executar com segurança a marcha operacional do teste acima referido; 5.3. Identificar a conclusão da reação pela coloração obtida; 5.4. Conhecer o processo de hidrólise enzimática ou natural. 6. CONSULTA BIBLI OGRÁFICA E VERIFICAÇÃO DO APRENDIZADO 6.1. Qual a principal característica dos heterósides cianogenéticos; 6.2. Por que o desprendimento do HCN após a trituração do material; 6.3. Dê exemplo de três vegetais que possuem princípios cianogenéticos; 6.4. Quais as outras substâncias resultantes da hidrólise dos cianogenósides, além do ácido cianídrico? 6.5. Porque os heterósides cianogênicos são considerados perigosos para quem os ingere crus? 6.6. Explique a razão pela qual nós ingerimos mandioca cozida e não apresentamos problemas de envenenamento? 32 GUIA DE ESTUDOS Nº 07 1. ASSUNTO: HETEROSIDES SAPONÍNICOS 2. INFORMAÇÕES 2.1. Extratos aquosos de diversas plantas quando agitados fortemente produzem espuma persistente e característica. As substâncias dissolvidas no extrato responsáveis por esta propriedade, são conhecidas como SAPOININAS ou melhor SAPONÚSIOES; 2.2. Caracterizam-se, além disso, por um conjunto de propriedades físicas, químicas e famacodinâmicas, conforme veremos em seguida; 2.3. Suas soluções aquosas são coloidais, não se dialisam ou só lentamente, com dificuldade; 2.4. As suas propriedades físicas mais comuns são a formação de espuma, o poder emulsionante e a elevada tensão superficial: 2.5. Mostram-se muito pouco solúveis ou mesmo insolúveis nos diversos solventes menos polares, porém apresenta maior coeficiente de solubilidade nos álcoois diluídos e na água, particularmente a quente; 2.6. Estes heterósides têm agliconas ou genóis de dois tipos: 2.6.1. Esterólicas, cujo núcleo característico é o seguinte: 2.6.2. Triterpenoides, com o seguinte núcleo fundamental: 2.7. Os genóis esterólicos, que pertencem ao núcleo ciclopentano perhidrofenantreno, têm na posição 16-17 um substituinte formado por uma cadeia lateral espirocetálica, constituída por um anel furânico (5 membros) e um pirânico (6 membros). Esta particularidade os diferencia dos genóis cardiativos que, por sua vez, possuem, ligado ao carbono 17, uma lactona em pentanel, conforme se vê a seguir: Heterósides Saponínicos Heterósides Cardiotônicos 33 2.8. Os genóis ou geninas triterpenóides derivam teoricamente do piceno, um hidrocarboneto pentacíclico; 2.9. Além da propriedade espumígena, estes heterósides são dotados, em sua maioria, de atividade hemolítica, isto é, quando em contato com as suspensões de bulas vermelhos (opaca) as, tornam transparentes (soluções), por lisarem a membrana dos glóbulos, permitindo, assim, a dissolução da hemoglobina no meio; 2.10. Esta atividade desaparece por hidrolise do heteróside; 2.11. Outras ações dos saponínicos: 2.11.1.Aumentam a permeabilidade da parede celular, favorecendo, deste modo, a absorção de substâncias pouco solúveis no trato gastrintestinal; 2.11.2. Provocam vômito e diarréia quando ingeridas em doses elevadas; 2.11.3. Em doses pequenas agem como expectorante; 2.11.4. Em contato com a mucosa nasal (em solução ou em pó) provocam espirros (esternutatórios); 2.11.5. geralmente são ictiotóxicos e moluscocidas; 2.12. Como no caso dos heterósides cardiativos, o doseamento químico das Saponinas é muito difícil e por isso são usados processos especiais biológicos e físicos; estes doseamentos devem ser feitos sempre com o auxílio da droga padrão; 2.13. Os progressos de doseamento são baseados no tratamento quantitativo do poder espumígeno (índice de espuma), físico ou na atividade hemolítica (índice de hemólise), biológico; 2.14. O teor quantitativo de saponina existente numa droga (solução problema), é feito comparativamente com a droga padrão (Saponina Merck); 2.15. Deve ser observado e anotado após agitação da solução problema, o número de gotas da solução anti-espumígena necessárias para inibir a formação de espuma persistente; 2.16. O cálculo é feito aplicando-se uma simples regra de três, usando-se, para tal, os resultados obtidos nos tubos de maior concentração da Saponina Merck e droga problema; 2.17. O índice de hemólise é realizado em placa agar-sangue, preparada da seguinte maneira: Agar-agar ................................................................. 25g Peptona ..................... ................................................10g Cloreto de sódio ......................................................... 5g Extrato de carne ou levêdo.......................................... 5g Água destilada q.s. p ......................................... .1000ml (O pH deve ser ajustado se necessário para 7,2 ou 7,4) 2.18. O material deve ser esterilizado a 120ºC durante 15 minutos; 2.19. Deixar resfriar até a temperatura de 45 a 5OºC e adicionar de 5 a 10% de sangue desfibrinado. Distribuir em placa de Petri e conservar na geladeira; 2.20. As principais drogas saponínicas pertencentes ao núcleo esterólico, são: - Salsaparrilha - Dioscorea 2.21. As que pertencem ao núcleo triterpenóide, são: - Polígala 34 - Alcaçuz - Cabacinha - Juazeiro 2.22. As duas últimas (cabacinha e juazeiro) são usadas na medicina popular, não constando da Farmacopéia Brasileira; 2.23. Segundo estudos recentes, os vegetais mais apropriados para a elaboração, por síntese, da cortisona, são as saponinas do grupo esterólico, ou seja, Dioscorea e Salsaparrilha; 2.24. A partir da Diosgenina (Dioscorea spiculiflora), por exemplo, por meio de vários processos de acetilação, oxidação e hidrogenação, chegaremos à Progesterona, usada principalmente no tratamento da hemorragia uterina funcional. Exemplo: (Resumo) 3. EXERCÍCIO PRÁTICO Índice de Espuma 3.1. Solução problema 3.1.1. Prepare 20ml de extrato aquoso a 10% do entre-casca do juazeiro; 3.1.2. A solução deve ser diluída e distribuída numa série de cinco tubos de ensaio, de modo que exista nessa diluição uma proporção de 50% de um para outro tubo; 3.1.3. Cada tubo de ensaio deve conter 5ml em ordem decrescente de diluição; 3.1.4. Feitas às diluições os tubos devem ficar na seguinte ordem: tubo I - extrato a 10%, tubo II - extrato a 5%, tubo III - extrato a 2.5%, tubo IV - extrato a 1,25%, tubo V - extrato a 0,625%, 3.2. Solução padrão 3.2.1. Prepare 20m1 de solução aquosa de Saponina Merck a 1%, em água destilada, 3.2.2. Proceda, a seguir, da mesma maneira como foi descrito no processo anterior, no processo anterior, para o extrato de juazeiro. (Esta é a solução padrão). . Como proceder: 3.2.3. Agite vigorosamente durante 30 segundos cada tubo, a partir do de maior concentração; 3:2.4. Deve aparecer espuma abundante persistente, adicione a cada tubo 2 gts de solução anti- espumígena (álcool amílico-acetona); 3.2.5. Faça nova agitação e adicione mais 2 gotas da S.A.E.; 3.2.6. Quando houver pequena formação de espuma, diminua a quantidade da S.A.E.; 3.2.7. A determinação estará concluída quando não houver mais formação de espuma persistente; 35 3.2.8. Verifique quantas gotas foram necessárias para inibir a formação de espuma em cada tubo, inclusive na solução padrão. 3.3. Hidrólise 3.3.1. Junte 2ml de HCl a 15ml do extrato aquoso da droga padrão e ferva durante cinco minutos; 3.3,2. Filtre e observe; 3.3.3. Faça teste para OSE no filtrado; verifique a solubilidade do precipitado contido no papel de filtro, com álcool; Índice de Hemólise 3.4. Embeba discos absorventes na solução ms nos diluída do extrato de juazeiro, droga padrão e saponina hidrolisada (depois de neutralizar a solução) e coloque-os cuidadosamente em placa de agar-sangue; 3.5. Guardar a placa de Petri na geladeira para leitura dos halos de hemólise após 24 horas. 4. MEIOS INSTRUCIONAIS 4.1. Preparação de extrato aquoso com concentrações determinadas; 4.2. Uso de extrato aquoso em diluições feitas em tubos de ensaio, na proporção de 50% de um para outro; 4.3. Usar técnicas de laboratório para obter hidrólise de um heteróside; 4.4. Técnica de preparação de placa de Petri com agar-sangue, para determinar índice de hemólise em saponinas. 5. OBJETIVOS OPERACIONAIS Ao término deste, o aluno deverá: 5.1. Saber determinar índice de espuma em extrato aquoso de drogas saponínicas, usando solução anti-espumígena; 5.2. Fazer estudo comparativo entre a atividade espumígena de um material problema e a droga padrão; 5.3. Distinguir uma OSE de uma AGLICONA usando métodos praticados no laboratório; 5.4. Identificar halo de hemólise em placa de agar-sangue; 5.5. Conhecer, comparativamente, de acordo com o halo de hemólise obtido, a maior ou menor atividade hemolítica de saponinas; 6. VERIFICAÇÃO DE APRENDIZADO E CONSULTA BIBLIOGRAFICA 6.1. Qual a principal característica dos Heterósides saponínicos; 6.2. Quais os tipos de agliconas que possuem esses heterósides; 6.3. Quais as demais propriedades dos heterósides Saponínicos além da referida no item 5.1.; 6.4. Como se pode constatar a atividade hemolítica, em drogas saponínicas; 6.5. Em síntese, descreva o processo utilizando para a determinação do índice de espuma apresentando os resultados obtidos na experiência; 6.6. Idem, idem, com relação à determinação do índice de hemólise; 36 6.7. Dê, pelo menos, dois exemplos de drogas saponínicas pertencentes ao grupo esterólico fenantrênico, duas do grupo triterpenóide (piceno) e duas do grupo dos heterósides digitálicos; (preencha o Quadro 18); 6.8. Quais as formas estruturais características dos heterósides esterólicos e triterpenóides; 6.9. Que é a solução anti-espumígena; 6.10. Como você pode demonstrar que um heteróside sa ponínico possui uma parte denominada de genina e outra de ose; 6.11. Quando um heteróside saponínico, perde a sua atividade hemolítica; 6.12. Qual o interesse principal de se descobrir através da pesquisa, atualmente, drogas saponínicas do grupo fenantrênico? 37 Drogas que possuem Heterósides Saponínicos Nome Popular Espécie/ /Gênero Família Parte Usada Grupo Químico Princípio Ativo Usos QUADRO 18 38 GUIA DE ESTUDOS Nº08 1. ASSUNTO: HETEROSIDES DIGITÁLICOS 2. INFORMAÇÕES 2.1. A descoberta da DIGITAL representou fator importantíssimo nos anais da idade média com a evidência de suas propriedades medicinais; 2.2. Foi mencionada como droga pela primeira vez pelos médicos da Inglaterra, no Século XIII; 2.3. Naquela época o seu emprego principal, porque não dizer exclusivo, era como planta possuidora de propriedades eméticas, fazendo parte de muitos formuláriosprovincianos, também como expectorante; 2.4. Em 1542, Fuscius atribuiu-lhe o nome de Digitalis purpurea adequadamente escolhido graças à semelhança da flor a um dedo aliada a sua pigmentação púrpura; 2.5. Em fins do século XVIII, passou-se a usar a digital como droga de eleição para o tratamento de cálculos urinários e a hidropsia, o que o povo chamará, vulgarmente de “barriga d I água”; 2.6. Até os fins de 1958, já conhecidos os seus efeitos benéficos sobre o músculo cardíaco, o uso da droga passou. a ser a folha transformada em pó, contrariamente ao usual que era sob a forma de extrato fluido. (pouco estável); 2.7. Somente em 1940 é que foram isolados os primeiros princípios, graças aos estudos de Laquer; 2.8. Quimicamente os heterósides digitálicos, cardiotônicos ou cardiotóxicos pertencem ao núcleo fundamental do ciclopentano-perhidrofenantreno, tendo no carbono 17, uma lactona em pentanel, conforme figura abaixo: 2.9. Como os demais heterósides, são hidrolisáveis, resultando numa parte aglicônica, grupamento prostético ou genina, e uma glicídico ou osídica, como a glicose, galactose, ramnose, etc; 2.10. A parte aglicônica é responsável pela ação farmacodinâmica, mas é essencial a presença da ose, que facilita a absorção da droga pelo intestino, aumentando, por conseguinte, a sua ação; 2.11. É por essa razão que se deve evitar, principalmente durante a colheita da planta a hidrólise do heteróside, que pode acontecer por intermédio da enzima específica, existente no próprio glucosídio; 2.12. Os glicósides da Digitlus purpurea e Digitalus Zanata têm constituição química ações e efeitos qualitativos semelhantes; 2.13. A Digitalis purpurea contém glucosídios bem conhecidos, que são: 1 – Digitoxina 2 - Gitoxina 3 - Gitaloxina Apresentando-se a Digitoxina como a mais importante; 2.14. A Digitalis lanata fornece igualmente a Digitoxina e a Gitoxina e mais a Digoxina; 2.15. As principais geninas cardiotônicas diferem entre si, principalmente, pelo número de hidroxilas ligadas ao núcleo. Essas alterações modificam quantitativamente a atividade cardiotônica; 39 2.16. Por exemplo: a Gitoxina com hidroxilas adicionais nas posições 14 e 16 é 40 a 60% mais ativa que a Digitoxina que têm somente hidroxila na posição 14. 2.17. Examine o Quadro abaixo: Fórmulas químicas das geninas dos principais glicósides cardiotônicos C - 12 C - 14 C – 16 Digitoxina - OH - Gitoxina - OH OH Gitalina - OH OH Digoxina OH OH - 2.18. Uso - a digital aumenta a força de contração sistólica no coração dilatado. E maior e mais prolongado o encurtamento sistólico das fibras musculares, o que aumenta, portanto, o rendimento cardíaco; 2.19. Há também enchimento mais completo dos ventrículos na sístole e, daí, reforço da sístole ventricular pelo aumento do comprimento das fibras musculares. 3. EXERCÍCIO PRÁTICO 3.1. Reagentes: 3.1.1. Álcool 3.1.2. Solução de ácido 3,5-dinitrobenzóico (1g para 50ml de metanol) 3.1.3. solução de KOH 2N. 3.2. Preparação do extrato: 3.2.1. Folhas de espirradeira - extrato alcoólico a 40%; 3.2.2. sementes de Chapéu de Napoleão - extrato alcoólico a 20% 3.3. Técnica: 3.3.1. Num tubo de ensaio coloque 2m1 do extrato alcoólico e adicione 2ml, da solução de ácido 3,5 - dinitrobenzóico e a seguir junte, lentamente, 2ml da solução de KOH 2N; 3.3.2. O líquido cora-se de castanho avermelhado que identifica princípios cardiativos nas folhas de espirradeira; 3.3.3. O extrato da semente de Chapéu de Napoleão toma coloração vermelha-violeta, que indica a presença de princípios cardiativos. 4. MEIOS INSTRUCIONAIS 4.1. Preparação de soluções reagentes; 4.2. Obtenção de extratos alcoólicos em diversas concentrações; 4.3. Conhecer o manuseio de reagentes no sentido de caracterizar princípios ativos do núcleo fenantrênico; 4.4. Observações de reações caracterizadas pela formação de soluções coradas. 5. OBJETIVOS OPERACIONAIS Ao término deste o aluno deverá: 5.1. Conhecer as propriedades gerais dos heterósides cardiativos; 40 5.2. Estabelecer a diferença entre o núcleo fundamental de um heteróside saponínico de um heteróside cardiotônico; 5.3. Conhecer a diferença entre a reação de coloração de heterósides da espirradeira e dos de chapéu de Napoleão; 5.4. Ter conhecimentos de drogas vegetais que possuem heterósides cardiotônicos e plantas que também contém esses mesmos princípios (Preencha o Quadro 19) 6. CONSULTA BIBLIOGRAFICA E VERIFICAÇÃO DO APRENDIZADO 6.1. Por que preferencialmente se usa o álcool como solvente-extrator dos heterósides do núcleo fenantrênico? 6.2. Qual o principal uso desses heterósides? 6.3. Da sua hidrólise, o que resulta? 6.4. Os cardiotônicos são mais ativos quando hidrolisados (Genina) ou juntamente com agrupamento osídico? Explique; 6.5. Relacione algumas drogas cardiotônicas designando espécie, gênero, família, parte usada, grupo químico, princípio ativo e usos. 6.6. Preencha o Quadro 19. 41 Drogas e/ou Plantas que possuem princípios Cardiotônicos Nome Popular Espécie/ /Gênero Família Parte Usada Grupo Químico Princípio Ativo Usos QUADRO 19 42 GUIA DE ESTUDOS Nº09 1. ASSUNTO: ESSÊNCIAS 2. INFORMAÇÕES 2.1. Os óleos voláteis, óleos essenciais, essências, azeitais etéreos ou azeites voláteis, constituem um grupo de substâncias líquidas, voláteis, responsáveis pelo odor aromático de diversas plantas; 2.2. O termo essência se deve, provavelmente, a que os óleos voláteis representam os primeiros constituintes ativos das plantas conhecidos pela propriedade de exalar odor, geralmente, agradável; 2.3. A qualidade da essência é variável de um gênero a outro de uma a outra espécie, encontrando-se vegetais que possuem essências quimicamente diferentes em várias de suas partes; 2.4. Assim, por exemplo, a laranjeira produz na flor a essência de azahar, também denominada de naroli; a casca do fruto o óleo essencial casca amarga e a folha, o Óleo volátil petit-groud; 2.5. Quando expostas ao ar, mesmo à temperatura ambiente, se evaporam; 2.6. São imiscíveis com a água, entretanto são solúveis no álcool, clorofórmio, éter e outros solventes orgânicos; 2.7. Quando obtidas recentêmente são incolores; com o têmpo podem-se oxidar e a sua cor escurece; por esta razão devem ser guardadas em lugar fresco e seco e em recipientes de vidro âmbar e hermeticamente fechados; 2.8. Praticamente todos os ó1eos voláteis constitui em uma mistura de princípios químicos muito complexo variam amplamente na sua composição; 2.9. A maior parte dos ó1eos essenciais estão constituídos principalmente por Terpenos, hidrocarbonetos isômeros de fórmula molecular C10H16; 2.10. Intimamente relacionados com eles estão os sesquiterpenos (C15H24) e os diterpenos (C20H32); 2.11. Os mais comuns (terpenos), são: Limoneno e pineno: 2.12. De certo o limoneno é um dos terpenos mais amplamente difundido no reino vegetal; 2.13. Os terpenos monocíclicos estão quimicamente relacionados com o cimeno: p-metil isopropil- benzeno, hidrocarboneto aromático: 2.14. A oxigenação dos terpenos pode produzir-se naturalmente, conforme indica a presença de álcoois, cetonas, fenóis, ésteres, fenólicos, ésteres e óxidos; 43 2.15. Dado que estes compostos oxigenados são os responsáveis pelo odor, sabor e propriedades terapêuticas que caracterizam os óleos voláteis, se depreende que a classificação química deve basear-se nos principais constituintes químicos ou suas respectivas funções; 2.16. Muitas vezes se torna bastante difícil conferir a uma determinada essência, ou mesmo, a droga que a contém o seu lugar exato na classificação; 2.17. Conforme a origem biogenética os óleos essenciais podem ser:2.17.1 Derivados terpênicos - formados por intermédio donacetato-ácido mevalónico; 2.17.2. Compostos aromáticos - fornecidos por intermédio do ácido-chiquímico-fenil-propanóide; 2.17.3. Série alifática; 2.18. A classificação das drogas que contém essência é feita mediante a natureza química dos constituintes característicos. Assim, temos: 2.18.1. Óleos essenciais com predominância de hidrocarbonetos. Este grupo inclui essências que possuem particularmente terpenos; 2.18.1.1. Monotérpenos (C10H16). Ex.:. Pinus palustris - essência da terebintina (a - pineno); 2.18.1.2. Sesquiterpenos (Cl5H24).Ex.: Zingiber offiainalis - zingibre (zingibereno); 2.18.1.3. Diterpenos (C20H32). Geralmente são encontrados em algumas espécies de Pinus sp (Coníferas) em forma de óleo-resina, obtidos a partir da destilação; 2.18.2. Óleos voláteis com álcoois. Classificam-se em: 2.18.2.1. Álcoois acíclicos: Ex.: Cymbopogon martini - essência de palma-rosa (Geraniol); Citrus aurantium - essência de flor de laranjeira (linalol); 2.18.2.2. Álcoois cíclicos; 'Ex.: Mentha piperita- essência de menta. (mentol); 2.18.2.3. Álcoois sesquiterpênicos. Ex. Santalum album - essência de sândalo (a.B - santanol); Matriearia chamomilla - essência de camomila (a - bisabol); 44 2.18.3. Óleos vegetais com aldeído: 2.18.3.1. Aldeídos terpênicos. Ex.: Cymbopogon aitratus - essência de capim- santo(Citral); 2.18.3.2. Aldeídicos aromáticos. Ex.: Cinnamomum sp - essência de canela (aldeído cinâmico); 2.18.4. Ó1eos voláteis com cetonas. Dividem-se em: 2.l8.4.1.Cetonas terpênicas monocíclicas. Ex.: carum carvi - essência de alcarávia (carvona); 2.18.4.2. Cetonas terpênicas dicíclicas. Ex:: Cinnamomun camphora - essência de cânfora (cânfora) . (Há um tipo de essência animal, excepcionalmente, classificada como “cetonas macrocíclicas”: Ex.: Muscona, que é encontrada no almiscar, uma, substância sólida secretada pelo Moschus moschiferus. ruminantes de pequeno porte que habita as regiões da Ásia). 2.18.5. Óleos voláteis com fenóis e éteres fenólicos. A maior parte possui o núcleo do p-cimento ou do propil-benzeno; 2.18.5.1. Óleos voláteis com fenol. Ex.: Thymus vulgaris - essência de tomilho (timol); 2.18.5.2. Óleos voláteis com éteres fenólicos. Ex.: Pimpinella anisium - essência de anis (anetol); 2.18.6. Óleos voláteis com óxidos terpênicos. Ressaltam-se os principais, eucaliptol, extraído do Eucaliptus globulus e ascaridol, obtido do mastruço Chenopodium ambrosioides; 2.18.7. Óleos voláteis com ésteres. Os mais comuns são os que possuem os acetatos de linalol, http://2.18.3.1/ http://2.18.3.2/ http://2.18.4.2/ http://2.18.5.1/ http://2.18.5.2/ 45 terpinol e geraniol. Ex.: Lavandula angustifolia - essência de alfazema (acetato de linalilo); Elettaria cardomomum - essência de cardamomo (acetato de terpenilo); 2.19. As essências podem ser encontradas em qualquer uma das partes do vegetal, especialmente, nas pétalas das flores (rosas); nas folhas (mentha, eucalipto); nas sementes (baunilha, imburana); no caule - tronco - (terebintina), na casca do caule (canela), na raiz (patichouli); nas cascas dos frutos (laranja, limão); 2.20. Encontram-se em órgãos especiais, de acordo, com a família, como as Labiadas, Piperaceas, Umbelíferas, Pinaceas, Rutáceas etc.; 2.21. Localizam-se, as essências, em estruturas secretoras especializadas, obedecendo à seguinte classificação: 2.21.1. Bolsas secretoras: são estruturas com postas por células secretoras que limitam uma cavidade central onde são depositadas as substâncias elaboradas, podem ser: 2.2l.1.1. Bolsas esquisigênicas - provém do simples afastamento das células; 2.21.1.2. Bolsas lisigênicas - formam-se pela destruição das membranas celulares; 2.21.1.3.Bolsas esquisolisigênicas aparecem em consequência de ambos os processos, simultaneamente; 2.21.2. Tubos lactíferos - são geralmente ramificados formados por células sem membrana de separação transversal. O suco celular é aquoso e de aspecto leitoso; quando rompido, extravasa e coagula fechando os ferimentos da planta; 2.21.3.vasos resiníferos - são representados por canais que acumulam resina secretada pelos canais limitantes; 2.21.4. glandulares - são constituídos, por duas partes; 2.21.4.1. A glândula, propriamente dita, de forma arredondada uni ou pluricelular; 2.21.4.2. Pedicelo, haste mais ou menos longa destinada à sustentação. Há pêlos que não possuem pedicelo e denominam-se de sésseis; 2.21.5. Células secretoras – muitos produtos secretados, pelas células geralmente são depositados no vacúolo celular, onde são encontrados, além das essências, cristais, drusas e cistólitos. 2.22. Extração. O processo de extração das essências depende de uma série de fatores, tais como: a sua localização no vegetal, das suas propriedades físico-químicas e da finalidade a que se destina; 2.23. Os óleos voláteis facilmente se alteram pelo calor, daí por que nem todos podem sofrer o mesmo processo extrativo; 2.24. Partindo desses considerandos é que enumeramos os seguintes meios mais comuns usados para a obtenção dos óleos voláteis; 2.24.1. Por expressão - no presente processo obtém-se a essência simplesmente espremendo o material com o auxílio de uma esponja. Quando manual, e, com presas de elevada capacidade, quando industrial; o processo é realizado a frio, sem auxílio de solventes ou o calor, obtendo-se uma essência pura, em estado natural. Os óleos voláteis, presentes nos frutos cítricos, especialmente, são extraído, por este procedimento; 2.24.2. Destilação com a água - é denominado de Coobação e a operação se realiza utilizando-se a 46 propriedade que têm as essências de serem arrastáveis pelo vapor d'água e imiscíveis, por conseguinte; para tal procedimento usa-se um aparelho especial, entretanto, simples, que pode ser facilmente montado em laboratório de rotina, inclusive aqueles destinados às aulas, práticas; 2.24.3. Destilação como vapor d'água - o processo é igualmente baseado na propriedade que possuem as essências de serem miscíveis com a água em estado de vapor; a operação consiste em fazer passar o vapor d’água através da droga previamente triturada ou mesmo grosseiramente pulverizada; para essa extração, são usados aparelhos convenientêmente preparados, tanto para a extração em larga escala (industrial) ou para aquelas de pequeno porte; 2.24.4. “Enfleurage” a frio – método específico para obtenção de óleos voláteis em pétalas de rosa; coloca-se o material em contato com um óleo fixo desodorizado durante um período que seja necessário à extração completa da essência; trata-se a seguir com álcool (não miscível com o óleo fixo), obtendo-se, por destilação, essência. 2.24.5. Extração é um dissolventes orgânicos uma das vantagens deste processo sobre a destilação, que permite manter-se têmperatura uniforme e relativamente baixa (50°C) durante quase todo o processo; por esta razão as essências assim extraídas têm um odor mais natural, que não podem comparar-se com aquelas obtidas à quente, cuja composição química pode haver-se alterado devido as elevadas têmperaturas; trata-se, por outro lado, de um processo de preço elevado, face ao custo atual dos solventes orgânicos; ressalte-se, ainda, a dificuldade da obtenção do principio ativo, em grande escala estas duas razões impedem ,um uso maior na obtenção de óleos essenciais através desta prática. 3. EXERCÍCIO PRÁTICO 3.1. Solubilidade e Volatização ao Ar. 3.1.1. tome quatro tubos de ensaio contendo, cada um, 5 ml de água, 5 ml de alcool, 5 ml de benzeno e 5 ml de óleo fixo; 3.1.2. Adicione a cada tubo 0,5 ml de uma essência qualquer (terebintina, cravo, eucalipto) e, observe a solubilidade; 3.1.3. Num pedaço de papel de filtro e com o auxílio de um bastão, faça uma mancha com um óleo essencial - observe imediatamente contra a luz e repita
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