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Comparação do índice de competitividade da Infraestrutura logística do Brasil com o praticado mundialmente Edson Vander Santana Sérgio Nunes de Souza Pastor Willy Gonzales Taco Universidade Brasília Programa de Pós-graduação em Transportes RESUMO O presente artigo trata da deficiência na estrutura logística brasileira e os reflexos no desenvolvimento econômico e social. Para análise foram utilizados indicadores do Banco Mundial específicos sobre competitividade, infraestrutura logística e ambiente de negócios e ainda alguns indicadores macroeconômicos para demonstrar os pontos fracos da infraestrutura logística brasileira e a pujança macroeconômica da Brasil frente outros países da América Latina e Caribe e que se encontram melhores posicionados no ranking mundial de competitividade global. Os indicadores adotados levam em conta séries históricas de comportamento e pesquisa de opinião executiva realizada junto a líderes empresariais. Como resultado conclui-se que a atual falta de competitividade da economia brasileira é uma decorrência da deficiência da sua infraestrutura logística que compromete o ambiente de negócios no Brasil. O investimento na infraestrutura logística é fundamental para o País retomar a competitividade frente aos demais países. Com o reaparelhamento de estradas, portos, aeroportos e ferrovias será possível ter vantagens comparativas em termos de custos das operações com reflexos na competição. Ademais, é imprescindível o desenvolvimento da P&D e do fator humano como elementos estruturantes para se manter um alto nível de vantagem competitiva. O Governo por sua vez, diante dessa realidade, necessita promover o aumento do investimento na infraestrutura logística, com recursos públicos ou privados, e estabelecer colaborações cruciais e estratégicas com as universidades, por meio do estímulo a realização de programas de treinamento e certificação de habilidades para formar forças de trabalho compatíveis com os desafios que se apresentam. Palavras chaves: LPI, CGI, DB, índice de performance logística, índice global de competitividade, Infraestrutura de transportes, logística, competitividade, desenvolvimento, performance. ABSTRACT This article deals with the deficiency in the Brazilian logistic structure and the reflexes in the economic and social development. For analysis, specific World Bank indicators on competitiveness, logistics infrastructure and business environment were used, as well as some macroeconomic indicators to demonstrate the weaknesses of the Brazilian logistics infrastructure and Brazil's macroeconomic strength vis-à-vis other Latin American and Caribbean countries. Best positioned in the global ranking of global competitiveness. The adopted indicators take into account historical behavioral series and executive opinion polls conducted with business leaders. As a result it is concluded that the current lack of competitiveness of the Brazilian economy is a consequence of the deficiency of its logistics infrastructure that compromises the business environment in Brazil. Investment in logistics infrastructure is essential for the country to resume competitiveness compared to other countries. With the refitting of roads, ports, airports and railways, it will be possible to have comparative advantages in terms of cost of operations with effects on competition. Moreover, the development of R&D and the human factor as structuring elements to maintain a high level of competitive advantage is essential. In view of this reality, the Government needs to promote increased investment in logistics infrastructure, with public or private resources, and to establish crucial and strategic collaborations with universities, by encouraging training programs and skills certification. To form workforces commensurate with the challenges ahead. 1. INTRODUÇÃO Segundo Marchetti e Ferreira (2010), A logística de cargas é fundamental para a economia de um país. O gerenciamento do fluxo de bens e serviços perpassa praticamente todas as atividades econômicas, influenciando a competitividade das empresas. Nas últimas duas décadas, a logística assumiu maior relevância, em função das pressões competitivas decorrentes da maior abertura comercial. O custo logístico no Brasil, em 2010, foi estimado em cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), denotando sua relevância econômica. Além do custo de transporte, esse custo logístico abarca gastos com estoques, com manuseio de carga e com a estrutura administrativa de suporte à atividade. De acordo com Damian Farrow, Joseph Baker, (2015), a logística de cargas é fundamental para a economia de um país. O gerenciamento do fluxo de bens e serviços perpassa praticamente todas as atividades econômicas, inflando uma vantagem das empresas. Nas últimas décadas, a logística assumiu maior relevância, em função das pressões competitivas, a abertura comercial é maior. As decisões governamentais de investimentos em infraestrutura devem estar em consonância com as necessidades internas de um país, de maneira a proporcionar o desenvolvimento da agricultura, da Indústria e do comércio. Além disso, num cenário global, marcado por relações comerciais de intensa competição, a capacidade dos países é exposta diante dos demais, exigindo que eles se tornem mais competitivos, ampliando a sua exportação, gerando superávits comerciais e, consequentemente mais emprego, diminuição das desigualdades sociais e aumento do bem-estar da população. O Brasil tem amargado uma posição intermediária no ranking da competitividade global, comprometendo seu desenvolvimento econômico e social, com reflexos diretos na produtividade e na absorção de mão-de-obra. Por que países com uma situação inferior à do Brasil, do ponto de vista econômico, industrial e de exposição internacional, conseguem destaque no cenário mundial? O que esses países têm de diferente do Brasil que permite a eles uma performance superior das suas infraestruturas logísticas? Para aprofundarmos essa discussão podemos trazer para a nossa realidade a frase de William Edwards Deming que disse; “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”. A análise dessa situação remete-nos à necessidade de análise dos indicadores reconhecidos internacionalmente que permitam comparar o nível das infraestruturas logística dos países analisando os fatores que compõem esse indicador e propondo diagnósticos que apontem as deficiências do país em relação aos demais comparados. Somente a partir da mensuração e confronto desses indicadores será possível identificar quais fatores têm influenciado esse desempenho, procurando mitigá-los e intensificar as ações bem- sucedidas no sentido de praticar níveis internacionais, superando os fatores determinantes da ineficiência competitiva da infraestrutura brasileira. Certamente as dimensões continentais e a ausência de investimentos significativos em infraestrutura logística têm influenciado diretamente o alcance de uma melhor performance. 2. PRINCIPAIS ÍNDICES AVALIADOS O objetivo Principal deste trabalho verificação dos índices de competitividade de logística do país nas diversas áreas que compõem os índices do Banco Mundial a saber: índice de performance logística (LPI), do inglês “Logistic Performance Index”,, índice de competitividade global(GCI) do inglês “Global Competitiveness index”,e doing business(DB) sem tradução, todos em conformidade com a prática mundial. Para compreensão, a revisão bibliográfica aponta os diversos artigos feitos em cada área com a ótica de desenvolvimento desses indicadores conforme citados na sequência. 2.1. ÍNDICE DE PERFORMANCE LOGÍSTICA – LPI Lima Bazani et al., [s.d.] escreve que, para facilitar comparações entre os países quanto a esse aspecto, o BancoMundial publicou o índice de Performance Logística (LPI), que permite que diagnósticos sejam elaborados em busca de oportunidades e desafios para cada país, buscando-se diagnosticar as principais áreas que apresentam sintomas de ineficiência logística neste mercado e propor alternativas de investimentos em projetos que contribuam para alcançar a eficiência das operações de comércio. Na composição do LPI, o Banco Mundial utiliza seis indicadores: 1) eficiência aduaneira - trânsito da fronteira (velocidade, simplicidade, previsibilidade, formalidades); (2) infraestrutura - qualidade do comércio e infraestrutura de transporte; (3) remessas internacionais - facilidade de organizar remessas a preços competitivos; (4) competência logística - competência e qualidade dos serviços logísticos; (5) rastreamento e rastreamento - rastreabilidade de remessas; e (6) pontualidade. Pôde-se concluir que o Brasil figura como um país de desempenho logístico mediano, entretanto ainda está muito aquém da maioria de seus principais concorrentes. Seu pior desempenho logístico consiste na dimensão alfândega, enquanto seu melhor desempenho refere-se à previsibilidade. Verificou-se, ainda, que países desenvolvidos se encontram, majoritariamente, agrupados no cluster de elevado desempenho logístico. Por fim, constatou- se que há uma associação positiva entre desempenho logístico e volume de exportações, enquanto há uma associação negativa entre desempenho logístico e custos para importar e exportar. Segundo Lima Bazani et al., [s.d.], o Banco Mundial (2016) considera que são muitos os fatores que determinam o desempenho logístico de um país e, além disso, alega que os métodos e procedimentos adotados por um país refletem em seus custos e na qualidade dos serviços e processos logístico, logo, impactam diretamente em seu sistema logístico. Uma vez que estudos já apresentaram a relação entre a eficiência logística de um país e o seu desenvolvimento econômico (BALLOU, 2003; ZOGRAFOS & GIANNOULI, 2002; WACZIARG; WELCH, 2008; NORDÅS; PINALI; GROSSO, 2006), esta temática tem chamado a atenção dos pesquisadores, que passaram a retratar os fatores relacionados ao desempenho logístico, como os custos logísticos (BOUGHEAS; DEMETRIADES; MORGENROTH, 1999; LIMÃO; VENABLES, 2001; CLARK; DOLLAR; MICCO, 2004), a qualidade dos serviços e processos (ANDERSON; MARCOUILLER, 2002; LEVCHENKO, 2004), a infraestrutura (CLARK; DOLLAR; MICCO, 2004), o tempo e a confiabilidade no sistema (HUMMELS, 2001; NORDÅS; PINALI; GROSSO, 2006), a localização geográfica do país (LIMÃO; VENABLES, 2001), entre outros. Diagnosticar as áreas do sistema logístico de um país que contribuem para as suas ineficiências ou que são as suas características diferenciais é uma das ações mais coerentes para que seja possível realizar reformas e, consequentemente, conseguir melhorar as suas operações e decisões concernentes às práticas logísticas, tendo em vista que países com baixo desempenho logístico não conseguem competir de forma igualitária no cenário mundial (BANCO MUNDIAL, 2016). Ludovico (2007, p. 375) argumenta que “[...] com a abertura do mercado internacional, com a evolução do comércio exterior brasileiro e, consequentemente, com o aumento da competitividade, surge a necessidade de um conhecimento detalhado das atividades logísticas [...]”. Ademais, segundo Wacziarg e Welch (2008), a gestão da cadeia de suprimentos de um país é um aspecto relacionado à confiabilidade para expansão do comércio internacional. A relação entre o desenvolvimento do país e seu desempenho logístico evidencia que países de elevada performance logística são considerados mais confiáveis, e, portanto, atraem mais investimentos. 2.2. ÍNDICE COMPETIVIDADE GLOBAL GCI/IGP O Global Competitiveness Index 4.0 avalia os fundamentos microeconômicos e macroeconômicos da competitividade nacional, que é definida como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. Este indicador é calculado pelo Fórum Econômico Mundial, agregando oito indicadores que medem estradas, ferrovias, transporte aéreo e infraestrutura de transporte aquaviário. De acordo com a agência Brasil de comunicação (EBC), o relatório elaborado pelo Fórum Econômico Mundial (WEC – World Economic Forum) aponta que, em um ranking global de competitividade que abrange 141 países, o Brasil ocupa a 71ª posição. Fazendo-se um recorte com relação aos países latinos americanos temos o quadro abaixo com os países estudados e a posição de cada um no ranking mundial. Para os objetivos deste artigo, o gráfico dá destaque especial à infraestrutura, de forma a evidenciar a classificação do Brasil em 8ª colocação, dentre os países da América, mostrando a urgência de ajuste das políticas públicas, como fator determinante para a mudança na competitividade do País. Paises Rankig GCI População em milhões GDP per capita US$ Crescimento % médio anual em 10 ano GDP % world GDP Chile 33 18,50 16.078,70 3,2 0,36 Mexico 48 124,70 9.807,40 2,6 1,9 Uruguai 54 3,50 17.164,90 3 0,06 Colombia 57 49,80 6.684,40 3,3 0,55 Costa Rica 62 5,00 11.744,40 3,3 0,07 Peru 65 32,20 7.002,10 4,2 0,34 Panama 66 4,20 15.679,00 5,7 0,08 Brasil 71 208,30 8.967,70 1,2 2,49 Tabela 1: Posição do Brasil no Índice de competitividade Global Fonte: World Economic Forum Segundo Schwab, (2019), os resultados do GCI mostram que a governança tecnológica não acompanhou a inovação na maioria dos países, incluindo alguns dos maiores e mais inovadores. Além disso, os países devem melhorar a adaptabilidade dos talentos; isto é, permitir que a capacidade de suas forças de trabalho contribua para o processo de destruição criativa e lide com suas interrupções. A adaptabilidade de talentos também exige um mercado de trabalho que funcione bem e que proteja os trabalhadores, e não os empregos. O GCI 4.0 revela que em vários países com inovação e recursos tecnológicos significativos, como Coréia, Rep., Itália, França e Japão, o desenvolvimento insuficiente de talentos pode aumentar o risco de consequências sociais negativas. As economias emergentes com crescente capacidade de inovação, como China, Índia e Brasil, também devem equilibrar melhor a integração tecnológica e os investimentos em capital humano. 2.3. ÍNDICE DE NEGÓCIOS – DOING BUSINESS O Brasil caiu 15 posições no Doing Business 2020, ranking do Banco Mundial que analisa a regulamentação do ambiente de negócios. Entre 190 economias, o país caiu da 109º para 124º colocação, aproximando-se da posição que ocupou durante 2017 e 2018, após uma escalada em 2019. Nações como México (60º), Índia (63º) e África do Sul (84º) estão à nossa frente. São analisadas as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e os dados são relativos ao mês de maio de 2019. Segundo o Banco Mundial (2019), o Doing Business registrou 294 reformas regulatórias entre maio de 2018 e maio de 2019. A nível global, 115 economias introduziram reformas que facilitaram as atividades das empresas. As economias que mais avançaram nas áreas analisadas pelo Doing Business 2020 são a Árabia Saudita, Jordânia, Togo, Barém, Tajikistão, Paquistão, Kuwait, China, Índia e Nigéria. Estes países realizaram um quinto das reformas ao redor do mundo em 2018–19. As economias na África Subsaariana e na América Latina e Caribe continuam a realizar menos reformas do que nas outras regiões. Somente duas economias na África Subsaariana se encontram entre as 50 economias com as melhores classificações quanto à facilidade de se fazer negócios; nenhuma economia na América Latina e Caribe fazparte deste grupo. O Doing Business 2020 continua a registrar uma convergência entre as economias desenvolvidas e em desenvolvimento, especialmente na área da abertura de empresas. Desde 2003–04, 178 economias realizaram 722 reformas nesta área, reduzindo barreiras à constituição de novas empresas. As economias com uma alta pontuação no Doing Business tendem a possuir níveis mais altos de empreendedorismo e menores índices de corrupção. MÉTODO DO CALCULO DO INDICE Cabe destacar que o ingrediente-chave da série do Relatório de Competitividade Global é a Pesquisa de Opinião Executiva que tem sido utilizada ao longo dos últimos 40 anos. O objetivo da pesquisa é capturar a realidade da melhor maneira possível, por meio dos líderes empresariais. A edição de 2018 capturou os pontos de vista de 16.658 executivos em 140 economias entre janeiro e abril de 2018. Por sua natureza a Pesquisa é uma fonte verdadeiramente única de dados e tem sido usada há muito tempo por várias organizações internacionais e não governamentais, grupos de reflexão e acadêmicos para trabalhos empíricos e políticos. O gráfico a seguir mostra que na média de uma escala de 0-100 no item infraestrutura do IGP, os países da América Latina e Caribe se posicionaram com um score de cerca de 60 pontos, apenas a frente da África Subsaariana, Norte da África e Oriente Médio. Ranking País Índice 40 (1) México 58,70 49 (2)República Dominicana 55,40 50 (3) Chile 55,10 57 (4) Panamá 53,50 63 (5) Equador 50,90 71 (6) Jamaica 48,20 72 (7) Argentina 47,20 83 (8) Uruguai 44,10 84 (9) Brasil 43,50 Fonte: Banco Mundial Tabela 2: Brasil em relação aos países latino-americanos A pesquisa fornece uma avaliação anual dos aspectos críticos da competitividade para os quais faltam dados estatísticos porque é impossível ou extremamente difícil de medir em uma escala global. A administração do Inquérito é supervisionada pelo Fórum Económico Mundial e conduzida a nível nacional pela rede de institutos parceiros do Fórum, dando credibilidade ao trabalho realizado. Os Institutos Parceiros são tipicamente universidades ou outras organizações de pesquisa, associações comerciais, conselhos de competitividade ou empresas de pesquisa. Essas organizações têm a rede do setor privado para alcançar os principais executivos de negócios e um firme compromisso de melhorar a competitividade de suas respectivas economias. O processo de coleta é baseado nas melhores práticas no campo de administração de pesquisas e em discussões com especialistas em pesquisas. Ele é implementado para garantir que a amostra de entrevistados seja a mais representativa possível e comparável em todo o mundo. Além disso, a enquete prioriza a parcela do PIB por setor e por porte da empresa, garantindo que as empresas escolhidas também tenham uma cobertura geográfica suficientemente ampla. Iniciado pelo Banco Mundial em 2004 para comparar 150 países, o Índice de Desempenho Logístico - LPI, desenvolvido com base em informações coletadas em uma investigação mundial das empresas responsável pelo transporte e comércio de mercadorias, é o indicador mais relevante que avalia competitividade logística, fundamental para criar as condições de desenvolvimento econômico e social, necessário, dentre outras coisas, para atração de novos empreendimentos. Apesar do LPI utilizar a conjugação de vários fatores para o seu cálculo, a infraestrutura de um país destaca-se frente aos demais parâmetros, determinando a prática de preços mais baixos dos produtos, que permite a criação da vantagem competitiva de firmas ou nações, requisitos estes fundamentais para o processo de globalização. A ferramenta de avaliação mais importante que demonstrou a situação comparativa dos países é o Logistics Performance Index (LPI) criado pelo Banco Mundial D’Aleo e Sergi, (2017). Segundo Önsel Ekici et al., (2019) O desempenho logístico de um país é crucial para o comércio nacional e internacional e, portanto, afeta diretamente o desenvolvimento econômico. Entre os seis indicadores do LPI, a qualidade do comércio e da infraestrutura relacionada ao transporte tem o maior impacto no comércio. Jia et al (2018). Na última década, o LPI tem sido amplamente utilizado por formuladores de políticas e pesquisadores para formular medidas sobre logística e transporte de mercadorias. No momento, no entanto, todos os diferentes indicadores são considerados igualmente importantes quando a pontuação geral do índice é calculada, o que parece altamente improvável no complexo sistema de logística. Um questionário entre 107 especialistas de diferentes países encontrou diferenças significativas com os pesos iguais usados no atual LPI. A infraestrutura é considerada o componente mais importante para o desempenho logístico, com um peso de 0,24, mais que o dobro da rastreabilidade e rastreamento, considerado o fator menos importante, com um peso de 0,10. (Rezaei et al., 2018). Os resultados mostram que os países analisados devem continuar buscando melhorias em sua infraestrutura logística, não apenas para impulsionar seu comércio, mas também para melhorar sua competitividade de exportação. (Martí e Puertas, 2017). 3. REVISÃO DA LITERATURA ESPECIALIZADA: As ferramentas de espacialização e análise de índices bibliométricos como o mapa de palavras e o mapa de rede mostraram-se bastante intuitivos e úteis na análise e seleção dos trabalhos a serem considerados importantes para o presente estudo. Como parte da pesquisa é apresentada a nuvem de palavras com base na pesquisa da base scopus onde foram retornados os principais artigos que tratam do tema. Para validação dos dados foi utilizada a mesma base levantada para os clusters que embasaram as redes referenciadas logo abaixo. Fonte: Scopus Figura 1: Principais termos que tratam do artigo Uma primeira leitura na base WOS – Web of Science, sem nenhum filtro permite a captura de um cluster que aponta diversos autores com os termos pesquisados para Logistic and performance and index. De modo geral apenas exemplificativo, pode-se notar que esses termos de modo isolado pode gerar uma rede muito grande, porém, sem o objetivo principal do trabalho. Fonte: WOS – Web of Science Cluster1: Situação geral sem aplicação de filtros Como o artigo teve a abrangência de 3 (TRÊS) indicadores do Banco mundial, foram gerados clusters para cada situação em especial. Para delimitação do universo, a pesquisa buscou apenas as referências exatas do índice para dessa forma apresentar os autores que têm se escrito sobre o tema. Acerca do índice de performance logística foram realizadas pesquisas na base WOS – Web of Science e na base da Scopus. Dessa forma na base da scopus o termo “Logistic Performance Index” retornou 98 documentos, já na base WOS – Web of Science, a pesquisa com o mesmo termo retornou 21 documentos, o que permitiu gerar os clusters abaixo. Fonte: Scopus Cluster 2: Rede Scopus para LPI Fonte: Web of Science Cluster 3: Rede Web of Science para LPI Com relação ao índice de competitividade global (CGI), foi feita a pesquisa, com o termo “Global Competitiveness index” na base scopus que retornou 218 documentos ao passo que a mesma pesquisa na base Web of Science retornou 228 documentos o que foi possível gerar os clusters abaixo. Fonte: Scopus Cluster 4: Rede Scopus para CGI Fonte: Web of Science Cluster 5: Rede Web of Science para CGI E finalmente a pesquisa com relação ao termo “Doing Business” de forma geral foi a que apresentou um maior número de dados. Na base Scopus o termo “Doing Business” retornou 4.227 documentos, filtrando-se por área chega-se ao total de 2.751 registros, limitando-sesomente aos artigos ficaram 1.663 documentos e por fim somente os documentos de acesso aberto gerou-se o quantitativo de 134 documentos que foram usados para o cluster. Já na base Web of Science o termo “Doing Business” retornou 2.412 documentos, filtrando-se por área ficaram 910 registros ao limitar somente aos artigos ficaram 544 documentos e por fim somente os documentos de acesso aberto gerou-se o quantitativo de 81 documentos. Fonte: Scopus Cluster 6: Rede Scopus para DB Fonte: Web of Science Cluster 7: Rede Web of Science para DB Através do quadro apresentado a seguir, é possível verificar principais artigos pesquisados com seu número de citações e referências por outros trabalhos acadêmicos. É possível verificar também o qualis desses trabalhos. O método utilizado foi a apresentação por cor em que quanto maior o número, mas próximo ao azul ou totalmente azul a referência fica, quanto menos citação ou referências a cor tende a ficar vermelha. Assim de forma visual é possível verificar quem mais ou quem menos se destacou no quadro geral. Fonte de publicação Web of Science Scopus Qualis NR CIT D% NR CIT D% JCR / SJR FWCI Improving logistics performance by reforming the pillars of Global Competitiveness Index 33 1 8% 34 1 12% 3,19 - The importance of export logistics and trade costs in emerging economies 36 3 9% 36 3 13% 1,66 2,68 The Logistics Performance Effect in International Trade 61 5 15% 0% - Measuring the relative importance of the logistics performance index indicators using Best Worst Method 41 16 10% 41 20 15% 3,19 Does logistics influence economic growth? The European experience 86 2 21% 0 0 0% 1,96 Human factor: the competitive advantage driver of the EU’s logistics sector 47 2 11% 48 4 17% 3,19 0,77 Connecting logistics performance to export: A scenario-based approach 48 1 12% 48 1 17% 1,80 0,51 Tourism logistics management through financial and regulatory measures: evidence from a panel of countries 43 0 10% 49 0 18% 1,44 - Transportation cost and regional trade perspective: Evidence of Indonesia logistic performance 0 0 0% 12 0 4% - - The impact of logistics and economic development of countries along “the Belt and Road” initiative on the trade with China 10 1 2% 10 0 4% - - The Moderator Effect of Global Competitiveness Index on Dimensions of Logistics Performance Index 10 8 2% 0% Total 415 39 100% 278 29 100% NR- Número de registros ; CIT – Número de Citações ; D% - Percentual de publicações em relação ao total; JCR -Journal Citation Reports ; SJR - SCImago Journal & Country Rank . FWCI - Field-Weighted Citation Impact Field-Weighted Citation ImpactField-Weighted Citation Impact shows how well cited this document is when compared to similar documents. A value greater than 1.00 means the document is more cited than expected according to the average. It takes into account: The year of publication Document type, and Disciplines associated with its source. The FWCI is the ratio of the document's citations to the average number of citations received by all similar documents over a three-year window. Each discipline makes an equal contribution to the metric, which eliminates differences in researcher citation behavior. Fonte: Elaborado pelo autor Figura 2: Quadro citações por base de pesquisa 4. EXPECTATIVAS. O Brasil tem um poder macroeconômico expressivo, que lhe permitiria ocupar posições de destaque nos indicadores GCI e LPI, no entanto não se impõe como uma liderança expressiva frente aos demais países “concorrentes” na América Latina e Caribe. O gerenciamento do setor de logística pode ter um efeito positivo no mercado internacional, comércio em geral e exportações em particular. Ou seja, se um país puder obter vantagem competitiva em termos de desempenho logístico, sua o comércio internacional crescerá, ajudando a abrir novos mercados, incentivando (Marti et al., 2014; Ekici et al., 2016), e levando à economia crescimento (Sharma, & Kushwaha, 2017). Especificamente sobre a infraestrutura logística do Brasil, o Subíndice de Infraestrutura do GCI – 2º Pilar evidencia a necessidade de aperfeiçoamento na linearidade das rodovias, com o consequente aumento da velocidade média, embora a Pesquisa de Percepção feita com empresários aponte uma melhoria qualidade das rodovias. No modo ferroviário registrou-se avanço na eficiência dos serviços, do mesmo modo que nos serviços de transporte aéreo, embora tenha havido recuo nos serviços portuários prestados. Segundo dados da UNCTAD, a conectividade do transporte marítimo teve avanços e dados da IATA, a manutenção da conectividade aeroportuária. Sobre a densidade de ferrovias no Brasil, o Banco Mundial registrou a manutenção do indicador em relação a versão do ano anterior do CGI do World Economic Forum. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS É fundamental para o desenvolvimento econômico de um país que seja dada prioridade a sua infraestrutura logística com investimentos em ferrovias, rodovias, portos, aeroportos e hidrovias, a fim de otimizar o escoamento da produção e a competição com outros mercados. O desenvolvimento pleno e sustentável de um país está diretamente ligado à sua infraestrutura logística, que tem a capacidade de movimentar pessoas e cargas, impulsionando a economia. Se a infraestrutura é inadequada, há mais consumo de combustível e maior desgaste dos veículos, gerando custos adicionais e elevando o valor dos produtos. O crescimento da frota necessita ser acompanhada pelo crescimento da infraestrutura logística, por isso é imprescindível a priorização do setor de infraestrutura nas políticas públicas e a maior eficiência na gestão para reduzir os problemas, aumentar a segurança e evitar desperdícios. Senão, toda a sociedade paga o preço da ineficiência da infraestrutura de transporte. No Brasil, segundo dados do Diagnóstico Logístico da Empresa de Planejamento Logístico - EPL do ano de 2018, os investimentos em infraestrutura vêm caindo sistematicamente ao longo do período 2010 a 2018, demonstrando a ausência de uma estratégia que priorize o desempenho logístico como forma de influenciar positivamente o Produto Interno Bruto. Verifica-se de que forma melhorar a eficiência e a qualidade da despesa pública, com investimentos em pesquisa e inovação, fator de crescimento comprovado, e que o investimento em infraestrutura dos modos de transporte, que permitam o fluxo eficiente de cargas e passageiros, tem reflexo diretos na competitividade de bens e serviços, inclusive no mercado internacional. O setor logístico é considerado uma interface importante para o aumento do comércio internacional como consequência da globalização e desempenha um importante papel no crescimento e desenvolvimento econômico dos países. É crucial o investimento em capital humano para se manter um alto nível de vantagem competitiva, que os governos também ao se concentrar em investir em P&D, deve estabelecer colaborações cruciais e estrategicas com as universidades, por meio do estimulo a realização de programas de treinamento e certificação de habilidades para formar forças de trabalho compatíveis com os desafios que se apresentam. 6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRASIL é o 71º em ranking global de competitividade, indica relatório: economia. Agência Brasil de Comunicação, Brasília, ano 2019, 9 out. 2019. economia, p. 1. Disponível em: https://referenciabibliografica.net/a/pt-br/ref/abnt. Acesso em: 4 nov. 2019. DOING Business 2020: os indicadores que interferem no crescimento das empresas. Endeavor , São Paulo, ano 2019, v. 1, n. 1, ed. 2020, p. 1-1, 24 out. 2019. Disponível em: https://referenciabibliografica.net/a/pt- br/ref/abnt. Acesso em: 8 dez. 2019. D’Aleo,V., e Sergi, B. S. (2017) Does logistics influence economic growth? The European experience. Management Decision, 55(8), 1613–1628. doi:10.1108/MD-10-2016-0670 Damian Farrow, Joseph Baker, and C. M. (2015) The importance of export logistics and trade costs of emerging countries Abstract. Nhk技研, 151, 10–17. doi:10.1145/3132847.3132886 Lima Bazani, C., Pereira, J. M., e Leal, E. A. ([s.d.]) Desempenho logístico do Brasil no mercado internacional: análise do índice LPI. Obtido de www.tcpdf.org Marchetti, D. dos S., e Ferreira, T. T. (2010) Biblioteca Digital Situação atual e perspectivas da infraestrutura de transportes e da logística no Brasil. Biblioteca Digital - BNDES. Obtido de http://www.bndes.gov.br/bibliotecadigital Martí, L., e Puertas, R. (2017) The importance of export logistics and trade costs in emerging economies oa. Maritime Economics and Logistics (Vol. 19, p. 315–333). Palgrave Macmillan Ltd. doi:10.1057/mel.2015.31 Önsel Ekici, Ş., Kabak, Ö., e Ülengin, F. (2019) Improving logistics performance by reforming the pillars of Global Competitiveness Index. Transport Policy, 81(June), 197–207. doi:10.1016/j.tranpol.2019.06.014 Rezaei, J., van Roekel, W. S., e Tavasszy, L. (2018) Measuring the relative importance of the logistics performance index indicators using Best Worst Method. Transport Policy, 68(May), 158–169. doi:10.1016/j.tranpol.2018.05.007 Schwab, K. (2019) The Global competitiveness report 2019. Choice Reviews Online (Vol. 44). doi:10.5860/choice.44-5759
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