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Comparação do índice de competitividade da Infraestrutura logística do Brasil com o praticado mundialmente - Versão Final

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Comparação do índice de competitividade da Infraestrutura logística do Brasil com o 
praticado mundialmente 
 
Edson Vander Santana 
Sérgio Nunes de Souza 
Pastor Willy Gonzales Taco 
Universidade Brasília 
Programa de Pós-graduação em Transportes 
 
RESUMO 
O presente artigo trata da deficiência na estrutura logística brasileira e os reflexos no desenvolvimento 
econômico e social. Para análise foram utilizados indicadores do Banco Mundial específicos sobre 
competitividade, infraestrutura logística e ambiente de negócios e ainda alguns indicadores macroeconômicos 
para demonstrar os pontos fracos da infraestrutura logística brasileira e a pujança macroeconômica da Brasil 
frente outros países da América Latina e Caribe e que se encontram melhores posicionados no ranking mundial 
de competitividade global. Os indicadores adotados levam em conta séries históricas de comportamento e 
pesquisa de opinião executiva realizada junto a líderes empresariais. Como resultado conclui-se que a atual falta 
de competitividade da economia brasileira é uma decorrência da deficiência da sua infraestrutura logística que 
compromete o ambiente de negócios no Brasil. O investimento na infraestrutura logística é fundamental para o 
País retomar a competitividade frente aos demais países. Com o reaparelhamento de estradas, portos, aeroportos 
e ferrovias será possível ter vantagens comparativas em termos de custos das operações com reflexos na 
competição. Ademais, é imprescindível o desenvolvimento da P&D e do fator humano como elementos 
estruturantes para se manter um alto nível de vantagem competitiva. O Governo por sua vez, diante dessa 
realidade, necessita promover o aumento do investimento na infraestrutura logística, com recursos públicos ou 
privados, e estabelecer colaborações cruciais e estratégicas com as universidades, por meio do estímulo a 
realização de programas de treinamento e certificação de habilidades para formar forças de trabalho compatíveis 
com os desafios que se apresentam. 
 
Palavras chaves: LPI, CGI, DB, índice de performance logística, índice global de competitividade, 
Infraestrutura de transportes, logística, competitividade, desenvolvimento, performance. 
 
ABSTRACT 
This article deals with the deficiency in the Brazilian logistic structure and the reflexes in the economic and 
social development. For analysis, specific World Bank indicators on competitiveness, logistics infrastructure and 
business environment were used, as well as some macroeconomic indicators to demonstrate the weaknesses of 
the Brazilian logistics infrastructure and Brazil's macroeconomic strength vis-à-vis other Latin American and 
Caribbean countries. Best positioned in the global ranking of global competitiveness. The adopted indicators 
take into account historical behavioral series and executive opinion polls conducted with business leaders. As a 
result it is concluded that the current lack of competitiveness of the Brazilian economy is a consequence of the 
deficiency of its logistics infrastructure that compromises the business environment in Brazil. Investment in 
logistics infrastructure is essential for the country to resume competitiveness compared to other countries. With 
the refitting of roads, ports, airports and railways, it will be possible to have comparative advantages in terms of 
cost of operations with effects on competition. Moreover, the development of R&D and the human factor as 
structuring elements to maintain a high level of competitive advantage is essential. In view of this reality, the 
Government needs to promote increased investment in logistics infrastructure, with public or private resources, 
and to establish crucial and strategic collaborations with universities, by encouraging training programs and 
skills certification. To form workforces commensurate with the challenges ahead. 
 
1. INTRODUÇÃO 
Segundo Marchetti e Ferreira (2010), A logística de cargas é fundamental para a economia de 
um país. O gerenciamento do fluxo de bens e serviços perpassa praticamente todas as 
atividades econômicas, influenciando a competitividade das empresas. Nas últimas duas 
décadas, a logística assumiu maior relevância, em função das pressões competitivas 
decorrentes da maior abertura comercial. O custo logístico no Brasil, em 2010, foi estimado 
em cerca de 11% do Produto Interno Bruto (PIB), denotando sua relevância econômica. Além 
 
 
 
 
 
do custo de transporte, esse custo logístico abarca gastos com estoques, com manuseio de 
carga e com a estrutura administrativa de suporte à atividade. 
De acordo com Damian Farrow, Joseph Baker, (2015), a logística de cargas é fundamental 
para a economia de um país. O gerenciamento do fluxo de bens e serviços perpassa 
praticamente todas as atividades econômicas, inflando uma vantagem das empresas. Nas 
últimas décadas, a logística assumiu maior relevância, em função das pressões competitivas, a 
abertura comercial é maior. 
As decisões governamentais de investimentos em infraestrutura devem estar em consonância 
com as necessidades internas de um país, de maneira a proporcionar o desenvolvimento da 
agricultura, da Indústria e do comércio. Além disso, num cenário global, marcado por relações 
comerciais de intensa competição, a capacidade dos países é exposta diante dos demais, 
exigindo que eles se tornem mais competitivos, ampliando a sua exportação, gerando 
superávits comerciais e, consequentemente mais emprego, diminuição das desigualdades 
sociais e aumento do bem-estar da população. 
O Brasil tem amargado uma posição intermediária no ranking da competitividade global, 
comprometendo seu desenvolvimento econômico e social, com reflexos diretos na 
produtividade e na absorção de mão-de-obra. Por que países com uma situação inferior à do 
Brasil, do ponto de vista econômico, industrial e de exposição internacional, conseguem 
destaque no cenário mundial? O que esses países têm de diferente do Brasil que permite a eles 
uma performance superior das suas infraestruturas logísticas? 
Para aprofundarmos essa discussão podemos trazer para a nossa realidade a frase de William 
Edwards Deming que disse; “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se 
define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia”. A 
análise dessa situação remete-nos à necessidade de análise dos indicadores reconhecidos 
internacionalmente que permitam comparar o nível das infraestruturas logística dos países 
analisando os fatores que compõem esse indicador e propondo diagnósticos que apontem as 
deficiências do país em relação aos demais comparados. 
Somente a partir da mensuração e confronto desses indicadores será possível identificar quais 
fatores têm influenciado esse desempenho, procurando mitigá-los e intensificar as ações bem-
sucedidas no sentido de praticar níveis internacionais, superando os fatores determinantes da 
ineficiência competitiva da infraestrutura brasileira. Certamente as dimensões continentais e a 
ausência de investimentos significativos em infraestrutura logística têm influenciado 
diretamente o alcance de uma melhor performance. 
 
2. PRINCIPAIS ÍNDICES AVALIADOS 
O objetivo Principal deste trabalho verificação dos índices de competitividade de logística do 
país nas diversas áreas que compõem os índices do Banco Mundial a saber: índice de 
performance logística (LPI), do inglês “Logistic Performance Index”,, índice de 
competitividade global(GCI) do inglês “Global Competitiveness index”,e doing business(DB) 
sem tradução, todos em conformidade com a prática mundial. Para compreensão, a revisão 
bibliográfica aponta os diversos artigos feitos em cada área com a ótica de desenvolvimento 
desses indicadores conforme citados na sequência. 
 
2.1. ÍNDICE DE PERFORMANCE LOGÍSTICA – LPI 
Lima Bazani et al., [s.d.] escreve que, para facilitar comparações entre os países quanto a esse 
aspecto, o BancoMundial publicou o índice de Performance Logística (LPI), que permite que 
diagnósticos sejam elaborados em busca de oportunidades e desafios para cada país, 
buscando-se diagnosticar as principais áreas que apresentam sintomas de ineficiência logística 
 
 
 
 
 
neste mercado e propor alternativas de investimentos em projetos que contribuam para 
alcançar a eficiência das operações de comércio. 
Na composição do LPI, o Banco Mundial utiliza seis indicadores: 1) eficiência aduaneira - 
trânsito da fronteira (velocidade, simplicidade, previsibilidade, formalidades); (2) 
infraestrutura - qualidade do comércio e infraestrutura de transporte; (3) remessas 
internacionais - facilidade de organizar remessas a preços competitivos; (4) competência 
logística - competência e qualidade dos serviços logísticos; (5) rastreamento e rastreamento - 
rastreabilidade de remessas; e (6) pontualidade. 
Pôde-se concluir que o Brasil figura como um país de desempenho logístico mediano, 
entretanto ainda está muito aquém da maioria de seus principais concorrentes. Seu pior 
desempenho logístico consiste na dimensão alfândega, enquanto seu melhor desempenho 
refere-se à previsibilidade. Verificou-se, ainda, que países desenvolvidos se encontram, 
majoritariamente, agrupados no cluster de elevado desempenho logístico. Por fim, constatou-
se que há uma associação positiva entre desempenho logístico e volume de exportações, 
enquanto há uma associação negativa entre desempenho logístico e custos para importar e 
exportar. 
Segundo Lima Bazani et al., [s.d.], o Banco Mundial (2016) considera que são muitos os 
fatores que determinam o desempenho logístico de um país e, além disso, alega que os 
métodos e procedimentos adotados por um país refletem em seus custos e na qualidade dos 
serviços e processos logístico, logo, impactam diretamente em seu sistema logístico. Uma vez 
que estudos já apresentaram a relação entre a eficiência logística de um país e o seu 
desenvolvimento econômico (BALLOU, 2003; ZOGRAFOS & GIANNOULI, 2002; 
WACZIARG; WELCH, 2008; NORDÅS; PINALI; GROSSO, 2006), esta temática tem 
chamado a atenção dos pesquisadores, que passaram a retratar os fatores relacionados ao 
desempenho logístico, como os custos logísticos (BOUGHEAS; DEMETRIADES; 
MORGENROTH, 1999; LIMÃO; VENABLES, 2001; CLARK; DOLLAR; MICCO, 2004), a 
qualidade dos serviços e processos (ANDERSON; MARCOUILLER, 2002; LEVCHENKO, 
2004), a infraestrutura (CLARK; DOLLAR; MICCO, 2004), o tempo e a confiabilidade no 
sistema (HUMMELS, 2001; NORDÅS; PINALI; GROSSO, 2006), a localização geográfica 
do país (LIMÃO; VENABLES, 2001), entre outros. 
Diagnosticar as áreas do sistema logístico de um país que contribuem para as suas 
ineficiências ou que são as suas características diferenciais é uma das ações mais coerentes 
para que seja possível realizar reformas e, consequentemente, conseguir melhorar as suas 
operações e decisões concernentes às práticas logísticas, tendo em vista que países com baixo 
desempenho logístico não conseguem competir de forma igualitária no cenário mundial 
(BANCO MUNDIAL, 2016). Ludovico (2007, p. 375) argumenta que “[...] com a abertura do 
mercado internacional, com a evolução do comércio exterior brasileiro e, consequentemente, 
com o aumento da competitividade, surge a necessidade de um conhecimento detalhado das 
atividades logísticas [...]”. Ademais, segundo Wacziarg e Welch (2008), a gestão da cadeia de 
suprimentos de um país é um aspecto relacionado à confiabilidade para expansão do comércio 
internacional. A relação entre o desenvolvimento do país e seu desempenho logístico 
evidencia que países de elevada performance logística são considerados mais confiáveis, e, 
portanto, atraem mais investimentos. 
 
2.2. ÍNDICE COMPETIVIDADE GLOBAL GCI/IGP 
O Global Competitiveness Index 4.0 avalia os fundamentos microeconômicos e 
macroeconômicos da competitividade nacional, que é definida como o conjunto de 
instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país. Este 
 
 
 
 
 
indicador é calculado pelo Fórum Econômico Mundial, agregando oito indicadores que 
medem estradas, ferrovias, transporte aéreo e infraestrutura de transporte aquaviário. 
De acordo com a agência Brasil de comunicação (EBC), o relatório elaborado pelo Fórum 
Econômico Mundial (WEC – World Economic Forum) aponta que, em um ranking global de 
competitividade que abrange 141 países, o Brasil ocupa a 71ª posição. Fazendo-se um recorte 
com relação aos países latinos americanos temos o quadro abaixo com os países estudados e a 
posição de cada um no ranking mundial. 
Para os objetivos deste artigo, o gráfico dá destaque especial à infraestrutura, de forma a 
evidenciar a classificação do Brasil em 8ª colocação, dentre os países da América, mostrando 
a urgência de ajuste das políticas públicas, como fator determinante para a mudança na 
competitividade do País. 
 
Paises Rankig GCI População em milhões GDP per capita US$ 
Crescimento % médio anual 
em 10 ano 
GDP % world GDP 
Chile 33 18,50 16.078,70 3,2 0,36 
Mexico 48 124,70 9.807,40 2,6 1,9 
Uruguai 54 3,50 17.164,90 3 0,06 
Colombia 57 49,80 6.684,40 3,3 0,55 
Costa Rica 62 5,00 11.744,40 3,3 0,07 
Peru 65 32,20 7.002,10 4,2 0,34 
Panama 66 4,20 15.679,00 5,7 0,08 
Brasil 71 208,30 8.967,70 1,2 2,49 
Tabela 1: Posição do Brasil no Índice de competitividade Global 
Fonte: World Economic Forum 
Segundo Schwab, (2019), os resultados do GCI mostram que a governança tecnológica não 
acompanhou a inovação na maioria dos países, incluindo alguns dos maiores e mais inovadores. 
Além disso, os países devem melhorar a adaptabilidade dos talentos; isto é, permitir que a 
capacidade de suas forças de trabalho contribua para o processo de destruição criativa e lide com 
suas interrupções. A adaptabilidade de talentos também exige um mercado de trabalho que funcione 
bem e que proteja os trabalhadores, e não os empregos. O GCI 4.0 revela que em vários países com 
inovação e recursos tecnológicos significativos, como Coréia, Rep., Itália, França e Japão, o 
desenvolvimento insuficiente de talentos pode aumentar o risco de consequências sociais negativas. 
As economias emergentes com crescente capacidade de inovação, como China, Índia e Brasil, 
também devem equilibrar melhor a integração tecnológica e os investimentos em capital humano. 
 
2.3. ÍNDICE DE NEGÓCIOS – DOING BUSINESS 
O Brasil caiu 15 posições no Doing Business 2020, ranking do Banco Mundial que analisa a 
regulamentação do ambiente de negócios. Entre 190 economias, o país caiu da 109º para 124º 
colocação, aproximando-se da posição que ocupou durante 2017 e 2018, após uma escalada 
em 2019. Nações como México (60º), Índia (63º) e África do Sul (84º) estão à nossa frente. 
São analisadas as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro e os dados são relativos ao mês de 
maio de 2019. 
Segundo o Banco Mundial (2019), o Doing Business registrou 294 reformas regulatórias entre 
maio de 2018 e maio de 2019. A nível global, 115 economias introduziram reformas que 
facilitaram as atividades das empresas. As economias que mais avançaram nas áreas 
analisadas pelo Doing Business 2020 são a Árabia Saudita, Jordânia, Togo, Barém, 
 
 
 
 
 
Tajikistão, Paquistão, Kuwait, China, Índia e Nigéria. Estes países realizaram um quinto das 
reformas ao redor do mundo em 2018–19. 
As economias na África Subsaariana e na América Latina e Caribe continuam a realizar 
menos reformas do que nas outras regiões. Somente duas economias na África Subsaariana se 
encontram entre as 50 economias com as melhores classificações quanto à facilidade de se 
fazer negócios; nenhuma economia na América Latina e Caribe fazparte deste grupo. 
O Doing Business 2020 continua a registrar uma convergência entre as economias 
desenvolvidas e em desenvolvimento, especialmente na área da abertura de empresas. Desde 
2003–04, 178 economias realizaram 722 reformas nesta área, reduzindo barreiras à 
constituição de novas empresas. As economias com uma alta pontuação no Doing Business 
tendem a possuir níveis mais altos de empreendedorismo e menores índices de corrupção. 
 
MÉTODO DO CALCULO DO INDICE 
Cabe destacar que o ingrediente-chave da série do Relatório de Competitividade Global é a 
Pesquisa de Opinião Executiva que tem sido utilizada ao longo dos últimos 40 anos. O 
objetivo da pesquisa é capturar a realidade da melhor maneira possível, por meio dos líderes 
empresariais. A edição de 2018 capturou os pontos de vista de 16.658 executivos em 140 
economias entre janeiro e abril de 2018. 
Por sua natureza a Pesquisa é uma fonte verdadeiramente única de dados e tem sido usada há 
muito tempo por várias organizações internacionais e não governamentais, grupos de reflexão 
e acadêmicos para trabalhos empíricos e políticos. 
O gráfico a seguir mostra que na média de uma escala de 0-100 no item infraestrutura do IGP, 
os países da América Latina e Caribe se posicionaram com um score de cerca de 60 pontos, 
apenas a frente da África Subsaariana, Norte da África e Oriente Médio. 
Ranking País Índice 
 40 (1) México 58,70 
 49 (2)República Dominicana 55,40 
 50 (3) Chile 55,10 
 57 (4) Panamá 53,50 
 63 (5) Equador 50,90 
 71 (6) Jamaica 48,20 
 72 (7) Argentina 47,20 
 83 (8) Uruguai 44,10 
 84 (9) Brasil 43,50 
Fonte: Banco Mundial 
Tabela 2: Brasil em relação aos países latino-americanos 
A pesquisa fornece uma avaliação anual dos aspectos críticos da competitividade para os 
quais faltam dados estatísticos porque é impossível ou extremamente difícil de medir em uma 
escala global. A administração do Inquérito é supervisionada pelo Fórum Económico Mundial 
e conduzida a nível nacional pela rede de institutos parceiros do Fórum, dando credibilidade 
ao trabalho realizado. Os Institutos Parceiros são tipicamente universidades ou outras 
organizações de pesquisa, associações comerciais, conselhos de competitividade ou empresas 
de pesquisa. Essas organizações têm a rede do setor privado para alcançar os principais 
executivos de negócios e um firme compromisso de melhorar a competitividade de suas 
respectivas economias. O processo de coleta é baseado nas melhores práticas no campo de 
administração de pesquisas e em discussões com especialistas em pesquisas. Ele é 
 
 
 
 
 
implementado para garantir que a amostra de entrevistados seja a mais representativa possível 
e comparável em todo o mundo. 
Além disso, a enquete prioriza a parcela do PIB por setor e por porte da empresa, garantindo 
que as empresas escolhidas também tenham uma cobertura geográfica suficientemente ampla. 
Iniciado pelo Banco Mundial em 2004 para comparar 150 países, o Índice de Desempenho 
Logístico - LPI, desenvolvido com base em informações coletadas em uma investigação 
mundial das empresas responsável pelo transporte e comércio de mercadorias, é o indicador 
mais relevante que avalia competitividade logística, fundamental para criar as condições de 
desenvolvimento econômico e social, necessário, dentre outras coisas, para atração de novos 
empreendimentos. 
Apesar do LPI utilizar a conjugação de vários fatores para o seu cálculo, a infraestrutura de 
um país destaca-se frente aos demais parâmetros, determinando a prática de preços mais 
baixos dos produtos, que permite a criação da vantagem competitiva de firmas ou nações, 
requisitos estes fundamentais para o processo de globalização. 
A ferramenta de avaliação mais importante que demonstrou a situação comparativa dos países 
é o Logistics Performance Index (LPI) criado pelo Banco Mundial D’Aleo e Sergi, (2017). 
Segundo Önsel Ekici et al., (2019) O desempenho logístico de um país é crucial para o 
comércio nacional e internacional e, portanto, afeta diretamente o desenvolvimento 
econômico. 
Entre os seis indicadores do LPI, a qualidade do comércio e da infraestrutura relacionada ao 
transporte tem o maior impacto no comércio. Jia et al (2018). Na última década, o LPI tem 
sido amplamente utilizado por formuladores de políticas e pesquisadores para formular 
medidas sobre logística e transporte de mercadorias. No momento, no entanto, todos os 
diferentes indicadores são considerados igualmente importantes quando a pontuação geral do 
índice é calculada, o que parece altamente improvável no complexo sistema de logística. Um 
questionário entre 107 especialistas de diferentes países encontrou diferenças significativas 
com os pesos iguais usados no atual LPI. A infraestrutura é considerada o componente mais 
importante para o desempenho logístico, com um peso de 0,24, mais que o dobro da 
rastreabilidade e rastreamento, considerado o fator menos importante, com um peso de 0,10. 
(Rezaei et al., 2018). Os resultados mostram que os países analisados devem continuar 
buscando melhorias em sua infraestrutura logística, não apenas para impulsionar seu 
comércio, mas também para melhorar sua competitividade de exportação. (Martí e Puertas, 
2017). 
 
3. REVISÃO DA LITERATURA ESPECIALIZADA: 
As ferramentas de espacialização e análise de índices bibliométricos como o mapa de palavras 
e o mapa de rede mostraram-se bastante intuitivos e úteis na análise e seleção dos trabalhos a 
serem considerados importantes para o presente estudo. Como parte da pesquisa é apresentada 
a nuvem de palavras com base na pesquisa da base scopus onde foram retornados os 
principais artigos que tratam do tema. Para validação dos dados foi utilizada a mesma base 
levantada para os clusters que embasaram as redes referenciadas logo abaixo. 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Scopus 
Figura 1: Principais termos que tratam do artigo 
 
Uma primeira leitura na base WOS – Web of Science, sem nenhum filtro permite a captura de 
um cluster que aponta diversos autores com os termos pesquisados para Logistic and 
performance and index. De modo geral apenas exemplificativo, pode-se notar que esses 
termos de modo isolado pode gerar uma rede muito grande, porém, sem o objetivo principal 
do trabalho. 
 
 
Fonte: WOS – Web of Science 
Cluster1: Situação geral sem aplicação de filtros 
 
Como o artigo teve a abrangência de 3 (TRÊS) indicadores do Banco mundial, foram gerados 
clusters para cada situação em especial. Para delimitação do universo, a pesquisa buscou 
apenas as referências exatas do índice para dessa forma apresentar os autores que têm se 
escrito sobre o tema. 
Acerca do índice de performance logística foram realizadas pesquisas na base WOS – Web of 
Science e na base da Scopus. Dessa forma na base da scopus o termo “Logistic Performance 
 
 
 
 
 
Index” retornou 98 documentos, já na base WOS – Web of Science, a pesquisa com o mesmo 
termo retornou 21 documentos, o que permitiu gerar os clusters abaixo. 
 
Fonte: Scopus 
Cluster 2: Rede Scopus para LPI 
 
Fonte: Web of Science 
Cluster 3: Rede Web of Science para LPI 
Com relação ao índice de competitividade global (CGI), foi feita a pesquisa, com o termo 
“Global Competitiveness index” na base scopus que retornou 218 documentos ao passo que a 
mesma pesquisa na base Web of Science retornou 228 documentos o que foi possível gerar os 
clusters abaixo. 
 
Fonte: Scopus 
Cluster 4: Rede Scopus para CGI 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Web of Science 
Cluster 5: Rede Web of Science para CGI 
 
E finalmente a pesquisa com relação ao termo “Doing Business” de forma geral foi a que 
apresentou um maior número de dados. Na base Scopus o termo “Doing Business” retornou 
4.227 documentos, filtrando-se por área chega-se ao total de 2.751 registros, limitando-sesomente aos artigos ficaram 1.663 documentos e por fim somente os documentos de acesso 
aberto gerou-se o quantitativo de 134 documentos que foram usados para o cluster. Já na base 
Web of Science o termo “Doing Business” retornou 2.412 documentos, filtrando-se por área 
ficaram 910 registros ao limitar somente aos artigos ficaram 544 documentos e por fim 
somente os documentos de acesso aberto gerou-se o quantitativo de 81 documentos. 
 
Fonte: Scopus 
Cluster 6: Rede Scopus para DB 
 
Fonte: Web of Science 
Cluster 7: Rede Web of Science para DB 
 
 
 
 
 
Através do quadro apresentado a seguir, é possível verificar principais artigos pesquisados 
com seu número de citações e referências por outros trabalhos acadêmicos. É possível 
verificar também o qualis desses trabalhos. O método utilizado foi a apresentação por cor em 
que quanto maior o número, mas próximo ao azul ou totalmente azul a referência fica, quanto 
menos citação ou referências a cor tende a ficar vermelha. Assim de forma visual é possível 
verificar quem mais ou quem menos se destacou no quadro geral. 
Fonte de publicação 
Web of Science Scopus Qualis 
NR CIT D% NR CIT D% 
JCR / 
SJR 
FWCI 
Improving logistics performance by reforming the 
pillars of Global Competitiveness Index 
33 1 8% 34 1 12% 3,19 - 
The importance of export logistics and trade costs in 
emerging economies 
36 3 9% 36 3 13% 1,66 2,68 
The Logistics Performance Effect in International 
Trade 
61 5 15% 0% - 
Measuring the relative importance of the logistics 
performance index indicators using Best Worst 
Method 
41 16 10% 41 20 15% 3,19 
Does logistics influence economic growth? The 
European experience 
86 2 21% 0 0 0% 1,96 
Human factor: the competitive advantage driver of the 
EU’s logistics sector 
47 2 11% 48 4 17% 3,19 0,77 
Connecting logistics performance to export: A 
scenario-based approach 
48 1 12% 48 1 17% 1,80 0,51 
Tourism logistics management through financial and 
regulatory measures: evidence from a panel of 
countries 
43 0 10% 49 0 18% 1,44 - 
Transportation cost and regional trade perspective: 
Evidence of Indonesia logistic performance 
0 0 0% 12 0 4% - - 
The impact of logistics and economic development of 
countries along “the Belt and Road” initiative on the 
trade with China 
10 1 2% 10 0 4% - - 
The Moderator Effect of Global Competitiveness Index 
on Dimensions of Logistics Performance Index 
10 8 2% 0% 
Total 415 39 100% 278 29 100% 
NR- Número de registros ; CIT – Número de Citações ; D% - Percentual de publicações em relação ao total; 
JCR -Journal Citation Reports ; SJR - SCImago Journal & Country Rank . 
 
FWCI - Field-Weighted Citation Impact 
Field-Weighted Citation ImpactField-Weighted Citation Impact shows how well cited this document is when compared to similar 
documents. A value greater than 1.00 means the document is more cited than expected according to the average. It takes into account: 
The year of publication Document type, and Disciplines associated with its source. 
The FWCI is the ratio of the document's citations to the average number of citations received by all similar documents over a three-year 
window. Each discipline makes an equal contribution to the metric, which eliminates differences in researcher citation behavior. 
Fonte: Elaborado pelo autor 
Figura 2: Quadro citações por base de pesquisa 
 
 
4. EXPECTATIVAS. 
O Brasil tem um poder macroeconômico expressivo, que lhe permitiria ocupar posições de 
destaque nos indicadores GCI e LPI, no entanto não se impõe como uma liderança expressiva 
frente aos demais países “concorrentes” na América Latina e Caribe. 
O gerenciamento do setor de logística pode ter um efeito positivo no mercado internacional, 
comércio em geral e exportações em particular. Ou seja, se um país puder obter vantagem 
 
 
 
 
 
competitiva em termos de desempenho logístico, sua o comércio internacional crescerá, 
ajudando a abrir novos mercados, incentivando (Marti et al., 2014; Ekici et al., 2016), e 
levando à economia crescimento (Sharma, & Kushwaha, 2017). 
Especificamente sobre a infraestrutura logística do Brasil, o Subíndice de Infraestrutura do 
GCI – 2º Pilar evidencia a necessidade de aperfeiçoamento na linearidade das rodovias, com o 
consequente aumento da velocidade média, embora a Pesquisa de Percepção feita com 
empresários aponte uma melhoria qualidade das rodovias. No modo ferroviário registrou-se 
avanço na eficiência dos serviços, do mesmo modo que nos serviços de transporte aéreo, 
embora tenha havido recuo nos serviços portuários prestados. Segundo dados da UNCTAD, a 
conectividade do transporte marítimo teve avanços e dados da IATA, a manutenção da 
conectividade aeroportuária. Sobre a densidade de ferrovias no Brasil, o Banco Mundial 
registrou a manutenção do indicador em relação a versão do ano anterior do CGI do World 
Economic Forum. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
É fundamental para o desenvolvimento econômico de um país que seja dada prioridade a sua 
infraestrutura logística com investimentos em ferrovias, rodovias, portos, aeroportos e 
hidrovias, a fim de otimizar o escoamento da produção e a competição com outros mercados. 
O desenvolvimento pleno e sustentável de um país está diretamente ligado à sua infraestrutura 
logística, que tem a capacidade de movimentar pessoas e cargas, impulsionando a economia. 
Se a infraestrutura é inadequada, há mais consumo de combustível e maior desgaste dos 
veículos, gerando custos adicionais e elevando o valor dos produtos. 
O crescimento da frota necessita ser acompanhada pelo crescimento da infraestrutura 
logística, por isso é imprescindível a priorização do setor de infraestrutura nas políticas 
públicas e a maior eficiência na gestão para reduzir os problemas, aumentar a segurança e 
evitar desperdícios. Senão, toda a sociedade paga o preço da ineficiência da infraestrutura de 
transporte. 
No Brasil, segundo dados do Diagnóstico Logístico da Empresa de Planejamento Logístico - 
EPL do ano de 2018, os investimentos em infraestrutura vêm caindo sistematicamente ao 
longo do período 2010 a 2018, demonstrando a ausência de uma estratégia que priorize o 
desempenho logístico como forma de influenciar positivamente o Produto Interno Bruto. 
Verifica-se de que forma melhorar a eficiência e a qualidade da despesa pública, com 
investimentos em pesquisa e inovação, fator de crescimento comprovado, e que o 
investimento em infraestrutura dos modos de transporte, que permitam o fluxo eficiente de 
cargas e passageiros, tem reflexo diretos na competitividade de bens e serviços, inclusive no 
mercado internacional. O setor logístico é considerado uma interface importante para o 
aumento do comércio internacional como consequência da globalização e desempenha um 
importante papel no crescimento e desenvolvimento econômico dos países. 
É crucial o investimento em capital humano para se manter um alto nível de vantagem 
competitiva, que os governos também ao se concentrar em investir em P&D, deve estabelecer 
colaborações cruciais e estrategicas com as universidades, por meio do estimulo a realização 
de programas de treinamento e certificação de habilidades para formar forças de trabalho 
compatíveis com os desafios que se apresentam. 
 
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
BRASIL é o 71º em ranking global de competitividade, indica relatório: economia. Agência Brasil de 
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