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ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL UNIASSELVI-PÓS Autoria: Alessandra Conceição do Nascimento Indaial - 2019 2ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. N244e Nascimento, Alessandra Conceição do Estratégia de logística global. / Alessandra Conceição do Na- scimento. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 107 p.; il. ISBN 978-85-7141-428-0 ISBN Digital 978-85-7141-429-7 1. Logística global. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 330 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 LOGÍSTICA GLOBAL .......................................................................7 CAPÍTULO 2 O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO NA ECONOMIA GLOBALIZADA ...............................................................................42 CAPÍTULO 3 ATIVIDADES E ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS GLOBAIS ..............91 APRESENTAÇÃO Olá! Iniciamos os estudos da disciplina Estratégia de Logística Global. O objetivo é conhecer um pouco mais das operações diárias realizadas a partir desta temática que aborda atividades relacionadas ao comércio internacional. A logística global é fruto da globalização. A incessante busca pela competitividade e oferta de produtos e serviços a preços mais baixos com qualidade de excelência se traduziu em uma verdadeira revolução no mundo. Novas ferramentas surgiram para aperfeiçoar e consolidar a logística global: a tecnologia da informação, que surgiu trazendo agilidade e controle nas transações; a mudança radical na configuração dos modais de transporte; os trâmites burocráticos que estão inseridos nos dia a dia de quem opera com terceiros mercados; aduanas e impostos aplicados direta e indiretamente sob este tipo de atividade; acordos internacionais e participação em blocos econômicos que passaram a ter maior protagonismo a partir da Organização Mundial do Comércio. O assunto é inesgotável. Abastecer mercados globais é uma tarefa complexa, que exige resultado; planejamento e execução; controle e estratégia. O que dizer sobre as diversas fases da logística e sua repercussão no meio produtivo? A logística ganhou maior status à medida que o mundo crescia. As demandas cresceram, ampliou-se o mercado interno, servindo à cadeia de abastecimento interna de cada país. Teve sua fase em que estava atrelada ao marketing e associada ao administrativo comercial, até que recebeu protagonismo fruto da acirrada concorrência entre os mercados promovida pela globalização. A logística mostra que nem sempre a melhor distância para os negócios é uma linha reta entre produtor e consumidor. As cadeias globais de valor mostram exatamente isso por meio do outsourcing e offshoring, revolucionando o modo de produção e distribuição em nível mundial. A estrutura da disciplina Estratégia de Logística Global é dividida em três capítulos que se iniciam com a introdução à temática; seguindo pelas estratégias adotadas pelos grandes players globais; a revolução dos processos de abastecimento dos mercados e a inserção da tecnologia de informação inovando as operações por meio do aperfeiçoamento das redes logísticas nos últimos anos e, por fim, discutiremos as atividades e estratégias aplicadas no contexto atual. No primeiro capítulo trataremos da Estratégia de Logística Global, em que serão abordados a Introdução à Logística Global; O papel da globalização no meio logístico internacional e a Gestão estratégica da logística de empresas globais. No Capítulo 2, trataremos do papel das cadeias de abastecimento na economia globalizada. Este capítulo possui três focos: a participação dos Blocos Comerciais no comércio internacional; as cadeias globais de valor e as redes logísticas e as operações globais. E, finalmente, no terceiro capítulo, abordaremos as atividades e estratégias de logísticas globais por meio dos temas: a inserção da tecnologia nas atividades de logística internacional; como definir as estratégias logísticas globais e, por fim, os impactos da estratégia logística global. Ao longo do curso, avaliaremos a aprendizagem por meio de atividades e exercícios com questões e a participação nos fóruns. Estaremos juntos, ao longo desta disciplina, fazendo descobertas, objetivando ampliar nosso conhecimento, contemplando sempre nosso crescimento profissional. Não se esqueça de que a globalização foi o ponto de partida para toda a revolução mercadológica que vivemos hoje. Para a sobrevivência e permanência nos mercados internacionais é necessário equacionar custo, tempo, qualidade e infraestrutura. Os países que hoje apresentam melhor desempenho logístico são justamente aqueles que mais investem em infraestrutura, se tornando assim grandes promotores do seu desenvolvimento não apenas econômico, mas social, ofertando melhores serviços a sua população. Esperamos que você goste do conteúdo que apresentaremos no decorrer das próximas páginas. Estaremos juntos durante todo o percurso de aprendizagem sobre a Estratégia de Logística Global e todas as suas consequências nos mercados produtivos. Boa leitura! Professora: Alessandra Conceição do Nascimento CAPÍTULO 1 LOGÍSTICA GLOBAL A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • analisar a importância da Logística no mundo globalizado; • apresentar a estrutura de mercado no ambiente corporativo internacional; • expressar visão crítica sobre logística; • compreender o impacto da globalização na logística; • promover no profi ssional a visão da competitividade como essencial no meio corporativo internacional; • auxiliar os participantes no desenvolvimento de habilidades para o gerenciamento de estratégias logísticas. 8 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL 9 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A origem da palavra Logística está associada à estratégia militar e foi durante o pós-guerra que sua participação se fez presente no mercado produtivo. Desde então, a demanda mundial se expandiu, a economia cresceu e também foram acrescentados nos processos a tecnologia, a exemplo da Tecnologia de Informações, que veio a ser ferramenta essencial para o desenvolvimento de suas atividades ampliando a efi ciência da cadeia produtiva. Inicialmente, suas funções eram inseridas nas áreas de marketing, a seguir ela se amplia pela visão do conceito de custo total com o surgimento dos grandes centros de distribuição e melhorias nos serviços de transporte em curso até hoje. Ao ampliar a participação da logística nas operações produtivas entre as indústrias, surge a necessidade de repensá-la. Em 1963 é criado o Conselho de Administração Logística que, em razão da evolução da logística em nível global, mais tarde, em 2005, acaba por incorporar a visão sistêmica na gestão da cadeia de suprimentos. Assim, passa a se chamar Conselho dos Profi ssionais de Gestão da Cadeia de Suprimentos (Council of Supply Chain Management Professionals). Sua atuação impacta na melhoria profi ssional por meio de capacitações e compartilhamento de informações a respeito de atividades e serviços do segmento, bem como realiza ações direcionadas à efi ciência e efi cácia da cadeia logística global. Durante osanos 1970, com a crise do petróleo, entram em cena as discussões que culminaram na Logística Integrada, incluindo gestão de mercadorias e efi ciência nos fl uxos de produtos e informações. A participação da logística aumentou ao longo do tempo nas operações da empresa por meio da globalização, desde a fonte de suprimentos até a chegada ao consumidor fi nal. A reestruturação da visão estratégica da logística se mostrou um divisor de águas, uma vez que envolvia como ponto de ação os procedimentos visando ao implemento de soluções para o alcance da competitividade. A seguir, entram na pauta as questões ambientais e na sequência o foco se expande para a logística reversa. Todo esse arcabouço de informações e mudanças estruturais impactaram a visão sobre a logística, que atua ativamente nesse processo. Se faz interessante raciocinar que logística sem planejamento não existe. Compete ao profi ssional que atuará nesta área ter em mente a correlação com o planejamento, execução e controle de estratégias que impactem a cadeia de suprimentos otimizando de maneira sistêmica nas atividades da empresa desde a aquisição de insumos para a transformação do produto até o alcance do cliente fi nal. 10 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL 2 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA GLOBAL O que signifi ca logística global? Qual é o seu foco de atenção? De que modo ela impacta a vida das empresas e pessoas? A logística global diz respeito aos processos logísticos de uma empresa fora do país de origem, levando em conta que, para acessar terceiros mercados, uma série de fatores são considerados, a exemplo da geografi a, área fi nanceira, aduanas, culturas e idiomas, dentre outros. O foco da logística global está em atender às necessidades do cliente – seja por bens ou serviços – em qualquer parte do mundo, tendo como premissa a efi ciência e a qualidade, fazendo para isso uso do tripé preço competitivo, prazo e qualidade do serviço. O impacto da logística global na vida das empresas e das pessoas é imenso em razão da globalização e da competitividade entre os mercados. Essa correlação é chave para entendermos os processos logísticos em nível global, pois a competitividade será essencial em todo esse processo. Mas de onde vem o termo competitividade? Ela é fruto da globalização e seu impacto no meio empresarial acarretou a necessidade de se refl etir sobre as empresas e sua presença de mercado. Não basta estar no mercado, mas é preciso permanecer nele. Com isso, a questão da competitividade ganha novos contornos. É preciso repensar na logística em todas as esferas – desde a parte provedora de insumos, passando pela etapa de transformação, até a entrega do produto ao consumidor fi nal. Em todas estas fases a logística está presente, mesmo se o consumidor fi nal desse produto ou serviço esteja em país diferente do que o produto foi produzido. Por isso, entender o mercado e ter uma visão estratégica a respeito da logística é essencial. E, por falar em mercados, tomemos como exemplo o Brasil, que sofreu diretamente os impactos da globalização no pós-anos 1970, sendo nos anos 1990 o mais acirrado momento com a realização de privatizações em setores com maior presença do poder público. Esse novo momento deslanchou positivamente em melhoria de oferta de serviços. Temos como exemplo o setor de transportes, que sofreu bastante transformações, em especial, o portuário. O efeito da competitividade entre os mercados trouxe às empresas uma série de dilemas de como se estruturar melhor a essas novas demandas e uma série de ferramentas surgiram aos poucos, visando ao aperfeiçoamento dos serviços. Um exemplo é a Tecnologia da Informação, facilitando o intercâmbio de informações nas corporações onde, por exemplo, é possível acompanhar a remessa de uma carga de navio de um determinado país de origem ao de destino. Essas ferramentas, que se mostraram essenciais no decorrer do tempo, evitam 11 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 perdas, sobretudo fi nanceira às empresas, além de otimizar signifi cativamente os serviços. Mas os efeitos mais sensíveis da globalização estão justamente centrados no comércio internacional. Diante dessa nova confi guração, começaram a surgir mercados altamente competitivos, com a necessidade contínua de investimentos em inovação e avanços tecnológicos aliados à implementação de estratégias competitivas globais de penetração e acesso aos mercados. Esse modelo necessitou ajustes. Estruturas físicas e de pessoal foram enxugadas, contemplando investimentos maciços em logística. Antes considerada uma atividade focalizada de maneira isolada nas tarefas de transporte, armazenagem e gestão de estoques, atualmente a logística se apresenta sob uma perspectiva mais estratégica, como um processo coordenado e integrado em alguns aspectos considerados essenciais, entre eles: necessidades do cliente, prazos, valor agregado e opções de fornecimento (VA SQUES; EIDELCHTEIN, 2007, p. 121). No referido contexto, Segre (2007) enfatiza a ligação da logística com a cadeia de suprimentos – Supply Chain – e a integração de processos essenciais para o negócio, com início passando pelo fornecimento de insumos até a aquisição do consumidor fi nal, incluindo produtos, serviços, fl uxos de informações e demais tarefas envolvidas para a realização. FIGURA 1 – LOGÍSTICA GLOBAL FONTE: <https://pt.depositphotos.com/47433397/stock-illustration- global-logistics-concept.html>. Acesso em: 4 set. 2019. 12 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL 2.1 AS GRANDES OBRAS ESTRUTURANTES – A LOGÍSTICA INTEGRANDO O MUNDO De que modo a logística interfere na integração dos países? E como isso se aplica na circulação de mercadorias e pessoas entre os países? Obras estruturantes são necessárias para garantir o êxito do fl uxo de mercadorias e pessoas, o que gera impactos diretos na integração entre os países. Alguns exemplos serão mostrados a seguir. 2.1.1 A roTA DA SEDA FIGURA 2 – APOSTA CHINESA FONTE: <https://br.sputniknews.com/russia/201612197216276-russia- europa-china-ferrovia-alta-velocidade/>. Acesso em: 4 set. 2019. Um exemplo prático de logística global envolve a estratégia da Rota da Seda. Uma estratégia oriunda da política externa chinesa baseada em princípios da coexistência pacífi ca e de difusão do chamado “soft power” chinês, modelo que se contrapõe ao norte-americano de hegemonia. Ele se baseia na construção de parcerias e o exemplo mais típico envolve a construção da Rota da Seda, onde além da construção da via férrea, foi construído acordos bilaterais com cada um dos países envolvidos, visando à expansão diplomática chinesa e o acesso a novos mercados. Pautasso e Ungaretti (2017) referenciam a ambição chinesa a seu novo posicionamento de global, onde o país busca ser uma segunda via ante o imperialismo norte-americano. Eles apontam que a Rota da Seda na verdade é uma arrojada ferrovia que liga a China aos países: Uzbequistão, Rússia, Polônia, Sérvia, Alemanha, Laos, Sri Lanka, República Tcheca, Irã, Egito, Arábia Saudita, Cazaquistão e Paquistão. 13 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 Eles ressaltam a visão da China para levar adiante o plano estratégico, como a redução das assimetrias entre as regiões costeiras e interioranas, promoção da modernização e, com a construção de infraestrutura de transportes na Eurásia, fomento de mercados regionais. Pautasso e Ungaretti (2017, p. 39-40) também apontam a visão estratégica da China de “criação de demanda para o excesso de capacidade industrial da China, ao mesmo tempo em que atende à carência de investimentos em infraestrutura ao longo do Cinturão e da Rota”. Outros pontos listados dizem respeito à diversifi cação das fontes e rotas de importação de recursos energéticos, naturais e de alimentos; apoio à internacionalização de empresas estatais e não estatais chinesas; promoção de mecanismos de fi nanciamento, com processo deinternacionalização do renminbi (RMB); e a promoção do desenvolvimento econômico e da integração regional chinesa. A nova Rota da Seda já se encontra em operação. Inspirada na antiga Rota da Seda – por onde os chineses escoavam para o Ocidente mercadorias como porcelana, especiarias e o tecido. As obras iniciaram em 2013 e tinha como objetivo melhorar a logística entre a Ásia, África e Europa. A iniciativa chinesa tem como objetivo assegurar a integração logística global. A previsão é que diversas cidades chinesas se transformem em centros logísticos de transporte na nova rota. As principais vantagens estão centradas na parte logística com a facilitação a mercados e escoamento da produção, o que deve incrementar o comércio dos países envolvidos; porém as críticas se mostram no campo da presença chinesa em aumentar seu poderio ante os EUA numa espécie de rivalidade. Os europeus não veem com bons olhos a presença chinesa em seu território. FIGURA 3 – A ROTA DA SEDA E A VISÃO ESTRATÉGICA DA CHINA FONTE: <https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/ jc_logistica/2018/09/648859-nova-rota-da-seda-avanca-para- a-america-latina.html>. Acesso em: 4 set. 2019. 14 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL A Origem A Rota da Seda, assim chamada, surgiu no século 2 a.C., a partir da estratégia do então imperador Gaozu de Han, líder de uma dinastia poderosa. Gaozu de Han nasceu pobre e se chamava Liu Bang. Com a morte do imperador, ele, com seus 54 anos, era policial e montou seu exército, tomando o poder. Porém, ele teve a ideia de abrir a China criando rotas comerciais e acordos com países. Essa iniciativa ganhou o nome de Rota da Seda, uma vez que naquela época era o principal produto exportado e essa estratégia fez com que os chineses dominassem a Ásia. 2.1.2 NoVA roTA FIGURA 4 – NOVA ROTA DA SEDA FONTE: <https://g1.globo.com/economia/noticia/china- avanca-em-comercio-global-com-nova-rota-da-seda-projeto- de-us-1-trilhao.ghtml>. Acesso em: 23 ago. 2019. 15 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 A estratégia da China, com a nova Rota da Seda, é revalidar com os Estados Unidos a hegemonia político-econômica. Para isso, busca implementar suas ações tendo como princípio a interconexão logística com a Europa, Ásia e países africanos. O projeto recebeu fi nanciamento do Fundo da Rota da Seda e do Banco Asiático para Investimento em Infraestrutura. Além da Rota Terrestre – que une a China à Europa através da Ásia Ocidental e Central, há a Rota Marítima, que une a China com o Sudeste Asiático, África e Europa. O investimento já supera US$ 1 trilhão. A mais nova face da Nova Rota da Seda envolve a interconexão com a América Latina. Trata-se da busca por novos fornecedores, além de novo público para comprar seus produtos. A China manifesta interesse em promover investimentos em áreas de infraestrutura, extração de minérios, dentre outros. Na Nicarágua, por exemplo, a China busca criar um canal que ligaria o Pacífi co ao Atlântico. No México, os investimentos chineses estão centrados no setor portuário, já no Suriname, a China atua no setor mineral, portos e estradas. Na Argentina, o foco chinês é centrado nos investimentos em projetos energéticos nas Malvinas e Antártica, entretanto, na Venezuela, a China atua por meio de investimentos no setor mineral, em especial, petróleo. No Brasil, os investimentos chineses estão centrados na parte logística com o investimento em ferrovias. 2.1.3 CANAL Do PANAmá O Canal do Panamá liga os oceanos Atlântico ao Pacífi co e representa uma importante obra logística para a humanidade. Ele consegue encurtar as distâncias que se realizariam em duas semanas em apenas 10 horas. Ele começou a ser construído pela França em 1880, a partir de sua experiência com o canal de Suez. Porém, problemas relacionados à engenharia e alta taxa de mortalidade por doenças tropicais impactaram as obras, que acabou sendo terminada pelos EUA, que assumiram o projeto em 1904. Ele foi inaugurado em agosto de 1914 e representava um dos mais difíceis projetos de engenharia do planeta. A partir dessa importante obra, o tempo de viagem se reduziu no cruzamento entre os oceanos Atlântico e Pacífi co. O canal atravessa o istmo do Panamá e se confi gura numa importante travessia para o comércio internacional. Nele há bloqueios e eclusas que servem para transportar os navios. O canal do Panamá passou por uma megarreforma. As obras iniciaram em 2011 e se estenderam até 2016. O valor investido foi da ordem de US$ 16 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL 5,4 bilhões e ampliou sua capacidade para atender aos navios Post Panamax, que transportam até 14 mil contêineres. Antes da reforma, se transportava até 4.400 contêineres. Sua estrutura arquitetônica é tão grandiosa que o mesmo foi reconhecido como uma das sete maravilhas do mundo. FIGURA 5 – CANAL DO PANAMÁ FONTE: <https://meiobit.com/409511/canal-do-panama- historia-como-funciona/>. Acesso em: 4 set. 2019. Para saber um pouco mais sobre aa história do Canal do Panamá, sugerimos assistir ao fi lme sobre os 100 anos do Canal do Panamá, exibido no Jornal da Globo. O vídeo foi publicado em 1º de junho de 2016. Acesse no canal do Yotube do Multi TV Show em https://www.youtube.com/watch?v=FpqKbqSy_b8. 2.1.4 CANAL DE SuEZ O Canal de Suez une o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Localizado no Egito, foi inaugurado em 1869 e permite a navegação entre a Ásia e a Europa, reduzindo distâncias sem a necessidade de cruzar a África. A rota de 72 km permite a navegação em dois sentidos de barcos de grande porte. Para a ampliação do canal, o governo do Egito investiu US$ 8,5 bilhões e a expectativa de rendimento até 2023 é de aproximadamente US$ 13,2 bilhões. 17 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 FIGURA 6 – CANAL DE SUEZ FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia- hoje/canal-de-suez.phtml>. Acesso em: 4 set. 2019. Sugerimos assistir ao vídeo do canal do YouTube Euronews Canal do Suez reabre com duas vias náuticas para impulsionar economia. Publicado em 30 de julho de 2015, pelo noticiário europeu, ele aborda a importância econômica do canal interligando Egito à Europa e o peso que a sua reabertura vai impactar ante a economia. Para ver a matéria completa acesse: https://www.youtube. com/watch?v=JW7dMAWu1Cs. 2.1.5 EuroTÚNEL Trata-se de um túnel ferroviário com cerca de 51 km de extensão que liga a Inglaterra à França sob o canal da Mancha. Inaugurado em 1994, ele custou 4,6 bilhões de libras esterlinas de investimento. Ele tem um trecho de 37,9 km submerso, e tem a parte submarina mais longa do que a de qualquer outro túnel do mundo, tendo o seu ponto mais baixo, atingindo cerca de 75 metros de profundidade. 18 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL FIGURA 7 – EUROTÚNEL FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/geografi a/ eurotunel.htm>. Acesso em: 4 set. 2019. A inauguração do Eurotúnel foi impactante para França e Inglaterra por auxiliar a interconexão de suas economias. No canal do YouTube da Tv europeia Euronews é possível ver a matéria comemorativa pelos 20 anos das obras com fatos históricos ,como as presenças de François Miterrand e Isabel II, em 1994. O Eurotúnel é a linha ferroviária mais utilizada em todo o mundo, onde passam 400 comboios nos dias de maior tráfego. A matéria aborda as festividades dos 20 anos do Eurotúnel e mostra a importância dessa importante obra da engenharia para os dois países. O vídeo pode ser acessado no link https://www.youtube.com/ watch?v=b7ZBAyatJjg. 2.1.6 TÚNEL DE BASE SÃo GoTArDo Trata-se de um túnel ferroviário localizado na Suíça e possui 57 km de comprimento, 153,5 km de túneis, poços e passagens. O túnel levou 17 anos para ser construído e o investimento foi na ordem de R$ 37 bilhões. Sua construção permitiu que uma viagem entre Berlim, na Alemanha, e Milão, na Itália, que demorava 13h pudesse ser feita em duashoras. 19 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 FIGURA 8 – FOTO DE CONSTRUÇÃO DO TÚNEL FONTE: <https://www.dw.com/pt-br/su%C3%AD%C3%A7a- inaugura-maior-t%C3%BAnel-ferrovi%C3%A1rio-do- mundo/a-19298294>. Acesso em: 4 set. 2019. 2.1.7 PoNTE DE orESuND A ponte de 16 km de comprimento foi inaugurada no ano 2000 ligando Dinamarca e Suécia. Seu custo à época foi de US$ 1,5 bilhão e em seu projeto arquitetônico se previu a minimização de intempéries climáticas. O túnel passa debaixo d’água do mar. O túnel foi construído na Espanha e levado ao local através de navios. A ponte possui longas ligas de cabos e fi os e seu comprimento é superior a 7,8 mil metros. Para construir o túnel, se realizou a escavação do leito do mar. A estrutura possui 20 grandes blocos de concreto moldados que foram transportados por balsas e assentados na rocha escavada e a ilha artifi cial foi produzida com rochas, areia dragada do fundo do mar e entulhos originários da construção da ponte. FIGURA 9 – PONTE DE ORESUND FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_ do_%C3%98resund>. Acesso em: 4 set. 2019. 20 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL As grandes obras logísticas apresentadas mostram a importância da conexão geográfi ca para promover fl uxo de mercadorias e pessoas. Todas essas construções representam esforços dos governos de seus países de origem em implementar soluções que impactem na economia de seus países. 2.2 A GLOBALIZAÇÃO E O BRASIL A globalização impactou fortemente o Brasil, a ponto de mudar por completo o parque produtivo. Nos anos 1990, a indústria brasileira se viu diante de um cenário internacional de competição acirrada, sendo esses pontos incentivadores das privatizações que se iniciaram no país durante esta década. Dentre as principais áreas impactadas, o setor de transportes, em especial o portuário, sofreu intervenções com a saída do estado e a entrada de empresas privadas, o que gerou otimização de serviços e competitividade fi nanceira para a iniciativa privada que atua nesse setor, além da melhoria tecnológica implementada nas operações. Essa dinâmica da globalização que revolucionou a visão de mercado é fruto, segundo Pires (2007, p. 34), do surgimento da manufatura classe mundial. “Não interessa onde você produz [...] o que interessa é como se atende com produtos e serviços a um mercado com um conjunto crescente de exigências”. O autor considera que, com a globalização, a oferta de produtos e serviços aumentou com a redução dos preços. Também faz ressalvas sobre a gestão produtiva que resultou em uma ressignifi cação de prioridades dos setores industriais. A internet e o e-business foram importantes para promover inovação no conceito de comércio tradicional e ampliando a visão de mercado, em paralelo a apresentação das implicações estruturais oriundas da precária infraestrutura física disposta para envio de produtos e insumos adquiridos por meio de lojas virtuais. Essas fi ssuras impactam em entrega, prazos e custos da mesma forma que no comércio tradicional. O Brasil tem grandes desafi os a superar: o chamado “Custo Brasil” – custos que incidem na produção que tornam em desvantagem o produto brasileiro no exterior. Inefi ciência nos portos, péssimas condições nas estradas, baixo uso do modal ferroviário em razão de seu estado precário, elevado preço do frete aéreo são alguns dos fatores que aliado ao câmbio afetam a competitividade do produto brasileiro. Dados do FMI apontam que o custo da logística representa em média 12% do PIB mundial nos países desenvolvidos, ao passo que no Brasil ele responde por 17% do PIB brasileiro. É necessário promover um ambiente mais harmônico para a realização de negócios, fomentando a internacionalização 21 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 de empresas, tecnologia e inovação. Essas questões devem ser tratadas e discutidas visando ao crescimento e à promoção do desenvolvimento do país. A presença brasileira na economia global é importante. Empresas como a Embraer, Alpargatas e os setores de moda e calçados são alguns exemplos. 3 O PAPEL DA GLOBALIZAÇÃO NO MEIO LOGÍSTICO INTERNACIONAL FIGURA 9 – GLOBALIZAÇÃO UNINDO PESSOAS E EMPRESAS EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO FONTE: <https://www.todamateria.com.br/globalizacao/>. Acesso em: 4 set. 2019. A Globalização realizou inúmeras transformações, tais como aumento do comércio entre as nações, acirramento da competitividade, reestruturação da fi losofi a gerencial das empresas em nível global, surgimento de produtos transnacionais, desaparecimento das fronteiras físicas, aumento do número de tratados internacionais visando assegurar a circulação de mercadorias entre os países, alteração contumaz na reengenharia das indústrias e enxugamento das estruturas físicas e de pessoal das corporações, altos investimentos em logística com méritos de melhoria da competitividade. No tocante aos tratados comerciais, ponto altamente sensível do aspecto do comércio internacional pela capacidade de gerar garantias e segurança nas operações, eles ajudam na redução de tributos e taxas, diminuindo os custos operacionais em terceiros mercados. Outro ponto impactante diz respeito à reestruturação da visão de produção 22 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL por meio da Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management), implementação do planejamento, controle e otimização nos serviços logísticos através da coordenação e integração das atividades. Foco total na atenção às necessidades dos clientes: atenção aos prazos, produtos com maior valor agregado e ampliação dos canais de fornecimento. Tendo em vista o mencionado no parágrafo anterior, entendemos toda a dinâmica pulsante que envolve a economia na atualidade. A integração das funções nas organizações, o estabelecimento de relações com o ambiente externo, a junção de três elementos – suprimento, produção e distribuição. De acordo com Segre (2007, p. 122), “a logística está unida ao gerenciamento da cadeia de suprimentos (Supply Chain) promovendo a integração dos processos”. A melhor maneira de compreender isso tudo na prática é acompanhar a dinâmica de uma empresa que nasceu sob a luz do e-commerce. A adoção de um modelo de gestão estratégica que fez expandir seu foco de atuação pelo planeta a partir de uma abordagem efi ciente e dinâmica. 3.1 ESTRATÉGIA COMPETITIVA A forma como uma empresa competirá no mercado e a sua própria capacidade de competir estão relacionadas com a capacidade de como vai superar ou neutralizar a concorrência para a sua própria sobrevivência. A estratégia competitiva é, na verdade, a forma como a empresa compete no mercado. A empresa também pode se fi xar em Porter (2009), a partir do custo total, diferenciação e enfoque para avançar nas discussões sobre estratégia competitiva. A escolha de como a empresa vai competir é algo que depende dela, mas que a forma como ela vai competir será decisiva para sua permanência ou não no mercado. Portanto, a vantagem competitiva vai surgir a partir de uma diferenciação de mercado, ou seja, quando o consumidor diferenciar o produto daquela empresa de modo a dar-lhe uma espécie de poder único cuja concorrência não consegue ofertar em similaridade. Desta forma, determinada empresa se torna única no mercado e detém uma espécie de vantagem competitiva ante a concorrência. Ou seja, eles entendem que valor é aquilo que estão dispostos a pagar para ter determinado produto ou serviço, independentemente do custo fi nanceiro que foi gerado para ser feito. Segundo Kotler e Keller (2012), sobre valor e satisfação, quem vai diferenciar é o consumidor. Para eles, o valor seria o conceito central do marketing. “É a relação entre a somatória dos benefícios tangíveis e intangíveis proporcionados pelo produto e a somatória dos custos fi nanceiros e emocionais envolvidos na 23 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 aquisiçãodesse produto” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 9). Os autores consideram que se o desempenho não atinge as expectativas, ocorre a decepção por parte do cliente, porém quando o desempenho alcança as expectativas, ele fi ca satisfeito. Para se implementar uma estratégia de ação voltada a atender às demandas de uma empresa no mercado internacional é preciso ter em mente a importância da estratégia competitiva que impulsione com êxito na formulação e implementação de ações voltadas à criação de valor do produto. Segundo Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 4), essa estratégia deve ser pensada a partir de escolhas engajadas por compromissos e ações, integradas e coordenadas, tendo como princípio explorar competências e escolher vantagens competitivas. “É essencial para as empresas saberem explorar a vantagem competitiva, pois se traduz em sobrevivência nos mercados”. Eles chamam a atenção sobre o panorama competitivo do século XXI: as fontes convencionais da vantagem competitiva – economias de escala e investimentos maciços em publicidade – não são realizados como antes. Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) observam que deve unir fl exibilidade, velocidade, integração e desafi os oriundos da globalização, ampliando as incertezas em virtude da competição em escala global. Contudo, neste momento, os autores chamam a atenção para a defi nição do conceito de economia global. “Aquela onde os bens, serviços, pessoas, habilidades e ideias transitam com liberdade entre fronteiras geográfi cas. A economia global tem poucas restrições artifi ciais (tarifas), expande e complica de forma substancial o entorno que compete a empresa” (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008, p. 7). No que diz respeito à Estratégia Competitiva, Hitt, Ireland e Hoskisson (2008, p. 28) apontam questões interessantes que impactam o condicionamento comercial que vivemos pós-globalização e, que por sua vez, terá consequências diretas na confi guração da logística global. A partir da estratégia competitiva, as empresas se reestruturam para alcançar novos mercados, buscando sempre a redução de custos, a qualidade nos serviços para atender aos anseios dos clientes. Dentro dessa linha, a logística global vem complementar as ações da estratégia competitiva ao promover adequações e auxiliar construtivamente no processo que vai ter como foco proporcionar à empresa sua presença nos mercados globais. “As empresas utilizam o processo de administração estratégica para alcançar a competitividade estratégica e obter rendimentos superiores à média”. O quadro a seguir resume a Estratégia Competitiva e de que modo ela agrega valor e se mostra como um diferencial para as empresas que adotam essa ferramenta. 24 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL QUADRO 1 – ESTRATÉGIA COMPETITIVA FONTE: Adaptado de Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) CASE: A ESTRATÉGIA DA AMAZON PARA SE DIFERENCIAR NO MERCADO Um exemplo interessante para discutir e exemplifi car o uso da gestão estratégica global é a dinâmica atual de gestão de negócios da Amazon. A Amazon.com surgiu como uma modesta livraria virtual. Segundo Stone (2014, p. 11), ela ampliou seus negócios no fi nal dos anos 1990 comercializando música, fi lmes, eletrônicos e brinquedos e ousou se estabelecer “como o maior site de comércio eletrônico da internet e uma plataforma líder em que vendedores podem anunciar seus produtos”. A lista de produtos e serviços digitais disponibilizados pela Amazon a colocam como uma empresa que faz investimentos maciços em inovação e tecnologia: Amazon Web Services (infraestrutura de computação na nuvem), leitor eletrônico Kindle e o tablet Kindle Fire. O site da Amazon é um banquete de opções que oferece livros, fi lmes, ferramentas de jardinagem, móveis, alimentos e, 25 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 às vezes, peculiaridades como um chifre de unicórnio infl ável para gatos (9,50 dólares) e um cofre eletrônico de quase meia tonelada para guardar armas (903,53 dólares) disponível para entrega em três a cinco dias. A empresa está a um passo de alcançar a perfeição na arte da gratifi cação instantânea, entregando produtos digitais em segundos e suas versões físicas em poucos dias. [...] A Amazon lucrou 61 bilhões de dólares em vendas em 2012, seu 17º ano de operação, e provavelmente será a loja de varejo que ultrapassou mais rápido a casa dos 100 bilhões de dólares na história (STONE, 2014, p. 11). O interessante em abordar a Amazon é ter em mente que a empresa é um reconhecido case de sucesso que investiu pesado no comércio eletrônico e atualmente supera todas as expectativas. Investiu em negócios de risco e na atualidade acumula lucros. O investimento em alta tecnologia, sua principal característica, trouxe mudanças profundas para o mercado. A automação nas operações e a utilização de Centros de Distribuição, com uso de robôs para separação de pedidos, melhoria nos processos e controle são essenciais. Ela também utiliza a inovação como marca. Entre as inovações, a empresa realiza entregas via drones, entrega no mesmo dia e a entrega antecipada são exemplos das inovações que ela aplica no mercado e impacta na sua concorrência. A Amazon consegue inovar a logística se distanciando cada vez mais da concorrência aplicando processos que a colocam sempre de forma visionária no mercado. A estratégia adotada a coloca numa posição de destaque frente aos concorrentes a distância. FIGURA 10 – AMAZON QUEBROU PARADIGMAS FONTE: <https://www.amazon.com/>. Acesso em: 4 set. 2019. 26 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL Dados Econômicos O lucro da Amazon, entre janeiro a março de 2018, foi de US$ 1,6 bilhões, com alta de 125%, quando comparado com o mesmo período de 2017. A receita da empresa teve um incremento de 43% com o mesmo período do ano, passando para US$ 51 bilhões. FONTE: <https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,lucro-da-amazon- sobe-125-no-primeiro-trimestre-de-2018,70002285266>. Acesso em: 23 ago. 2019. 3.2 A LOGÍSTICA NO BRASIL O Brasil tem desenvolvido estratégias visando ampliar sua presença de mercado por meio do uso efi ciente da logística. Ele tem buscado se desenvolver em áreas estratégicas, realizando privatizações e diminuindo a presença do estado em áreas e setores ligados à logística. Até os anos 1990, a presença do setor público nesses segmentos era constante, mas isso não representava uma boa qualidade de serviço. Iniciou-se nos anos 1990 a era das privatizações e com elas mudanças drásticas ocorreram. Ocorreu a ampliação da presença de produtos brasileiros nas vitrines internacionais. Entretanto, sua participação está aquém da ideal. De acordo com a Fundação Dom Cabral (2017), a falta de infraestrutura logística afeta a competitividade da empresa brasileira. Segundo a entidade, as empresas gastaram em média 12,37% do que faturaram com custos logísticos entre 2015 a 2017, perfazendo R$ 15,5 bilhões. Um difi cultor à integração é a própria geografi a dos países. Larrañaga (2016, p. 45) entende que essa singularidade dos países se mostra desafi ante na implementação completa da integração. Áreas costeiras, concentração de ilhas, áreas montanhosas, infl uências climáticas como regiões de neve ou seca, tudo isso deve ser levado em consideração por parte daqueles que operam com o segmento logístico. Ele entende que a logística global é impactada pela incerteza, “distância, demanda, diversidade, documentação, culturas, idiomas, moedas e legislações distintas”. Nos países que compõem o bloco do Mercosul, por exemplo, segundo Larrañaga (2016), trata-se de uma geografi a complexa, de extensa área litorânea, 27 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 baixa utilização da cabotagem como estratégia de transporte de cargas, baixo uso do transporte em rios, baixa ou quase nula integração ferroviária entre os países em razão das bitolas e trilhos serem distintos entre os países, e uso elevado do modal rodoviário.Larrañaga (2016, p. 49) também considera que a complexidade das operações fez as empresas se reestruturarem visando superar os desafi os. “O aumento do comércio internacional exige dos executivos de logística sensibilidade e perspectivas globais”. Habilidades, em especial, as associadas às áreas de logística global, foram implementadas a exemplo do transporte internacional e operações estendidas à cadeia de suprimentos. Ele também aponta o revigoramento das empresas manifestado por meio da associação através de alianças estratégicas. A implementação de outsourcing (terceirização) e offshoring (relocação de processos produtivos em terceiros países), surge nos anos 1980 e trata-se da criação e implementação de zonas de livre comércio, aduanas e a inovação por meio do uso da tecnologia em serviços logísticos. A ideia do outsourcing é tornar a empresa rentável, mais enxuta, favorecendo o controle de custos. Porém, como toda estratégia, ela também apresenta variantes que podem ser drásticas quando não bem conduzidas, a exemplo de gerar falta de compromisso e motivação por aqueles que não conhecem o negócio. FIGURA 11 – TRANSPORTE FONTE: <https://www.foodlogistics.com/technology/news/12288727/ conatiner-shipping-company-maersk-line-launches-cargo- tracking-mobile-app>. Acesso em: 4 set. 2019. 28 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL 4 A GESTÃO ESTRATÉGICA DA LOGÍSTICA DE EMPRESAS GLOBAIS Pensar em logística tem que necessariamente pensar em estratégia. Planejar a melhor forma de se alcançar seus objetivos, seja para o mercado interno, quando falamos de transações dentro de um mesmo território, quanto fora dele, no caso envolvendo diretamente o comércio internacional. Neste último há uma série de ações a serem desmembradas. Ao planejar como irá adentrar em um novo mercado, cuja língua e legislação são diferentes do país de origem, além de fatores culturais, aduanas, transações fi nanceiras e aplicar toda uma estratégia diversa para se empreender neste novo eixo comercial, se faz necessário adotar ferramentas que sejam efi cazes de modo decisivo e auxiliadoras para mitigação de riscos. Compete aos gestores se apropriarem de informações e dados que sirvam de subsídio ao planejamento estratégico. A pergunta inicial deve focar para onde se deve direcionar a estratégia competitiva a ser adotada. A partir desse enfoque são desenhados planos específi cos que atenderão à empresa em suas áreas afi ns, em especial, a logística. Essa estratégia se baseará nos pilares: baixo custo, melhor qualidade e redução de capital. Render e Heizer (2007) entendem ser a estratégia um plano de ação para que as empresas alcancem seus objetivos. Eles comentam que são reconhecidas as oportunidades e fortalezas, ameaças e debilidades. “Conceitualmente as empresas alcançam sua missão de três maneiras: diferenciação, liderança em custos e resposta rápida” (RENDER; HEIZER, 2007, p. 32). Em outras palavras, os autores consideram entrega de bens e serviços com qualidade no serviço, a baixo custo e melhor resposta e entendem que esses elementos acarretam vantagens competitivas. Cita-se como exemplos algumas empresas como a Dell, que busca dar resposta rápida e confi ável; a Nucor, que centra-se em valor e baixo custo; ou a Hunter Fan, que se distancia dos concorrentes pela qualidade. Ainda no tocante à estratégia, é essencial a compreensão dos prazos para a boa execução dos processos logísticos. Ballou (2006) entende que os prazos advêm a partir da defi nição dessas estratégias. “O planejamento normalmente gira em torno de quatro áreas fundamentais: serviços ao cliente, localização, estoques e transporte. A rede de ligações nos serve como uma representação abstrata do problema do planejamento” (BALLOU, 2006, p. 67). Se faz necessário que o gestor tenha em consideração os custos dos transportes para qualquer negócio e a importância do gerenciamento do sistema logístico. Ballou (2006, p. 184) considera que eles “representam entre um e dois terços dos custos 29 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 logísticos totais”. Ao se trabalhar com mercados externos, o peso dos transportes é essencial e exige inteligência estratégica em sua implementação. Os modais de transporte: aéreo, rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário e as combinações são analisados a partir do custo e do desempenho. Ballou (2006, p. 184) entende ser o transporte internacional uma área ao mesmo tempo em expansão e desafi adora. “Ainda bem que há um grande número de intermediários, agentes, despachantes aduaneiros e corretores preparado para assessorar o embarcador em relação aos meandros e complexidades da transferência internacional de produtos”. Ao adotar o controle ante as atividades logísticas, se garante o cumprimento de objetivos e metas do plano logístico. É através do controle que as empresas conseguem mitigar problemas e evitar desvios. Por meio da implementação do controle, correções são feitas ao longo do processo produtivo. Render e Heizer (2007, p. 31) consideram alguns pontos que interferem nas escolhas das empresas ante a perspectiva de internacionalização: redução de custos – que podem ser por redução ou fl exibilidade de normas, salários menores. “O êxito econômico, e sem dúvida a sobrevivência, é resultado de identifi car missões para satisfazer às necessidades e gostos dos clientes.” Render e Heizer (2007) percebem que harmonizar as diferenças talvez seja um dos maiores desafi os impostos à globalização e elencam problemas como corrupção, contratação de menores de idade, questões ambientais e o que se considera aceitável ou não dentro da diversidade das culturas dos países. Também apostam na participação da Organização Mundial do Comércio para promover a proteção do comércio ao redor do mundo, e consideram positiva a chamada mobilidade de capital, informação e bens. FIGURA 12 – ESTRATÉGIA FONTE: <https://i0.wp.com/tavaresempreendimento.com/wp-content/ uploads/2019/06/saiba-como-usar-o-e-mail-marketing-na-estrategia-de- conteudo-1.png?resize=768%2C403&ssl=1>. Acesso em: 4 set. 2019. 30 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL 4.1 PRODUTIVIDADE A produtividade é a essência das empresas e, quanto mais se implementar ferramentas que auxiliem na melhoria competitiva, maior será a lucratividade. Dentro dessa linha surge a necessidade das empresas se ajustarem às novas demandas globais e a terceirização de serviços, mais conhecido como outsourcing, se mostra uma ferramenta efi caz, a partir do viés da competitividade. Novaes (2015) lembra que, justamente entre os anos 1970 e 1980 do século passado, as economias globais passaram por drásticas transformações, inclusive com a participação de empresas asiáticas. “De um lado, observou-se um desenvolvimento acentuado da tecnologia da informação e de comunicação, com impactos pronunciados na gestão empresarial e no mercado fi nanceiro. De outro, se constata a crescente concorrência entre as empresas, que passou a se dar em nível global” (NOVAES, 2015, p. 276). Se de um lado havia queda na produtividade, do outro se entendia a necessidade de promover mudanças. Nessa época, surge o Planejamento dos Recursos da Produção – os MRP e MRPII – programas de qualidade de vida do trabalho, programas de excelência na produtividade, Sistema Integrado de Gestão Empresarial, ERP, robótica e automatização por meio da inserção de computadores no processo produtivo, sistema de Just-in-time, Kaizen ou melhora contínua, gerenciamento da qualidade total etc. A inserção dessas ferramentas vem na onda dos efeitos das mudanças nos meios empresariais pós-efeitos da globalização. O Just-in-time, por exemplo, trabalha com estoque mínimo de matérias-primas. Com o uso deste sistema, o produto chega no momento exato e não existe estoque parado porque eles são vendidos à medida que são fabricados. O Kanban é um método de organização que envolve a marcação dos processos de produção por meio decartões sinalizando as etapas. Entende-se que, para ser competitivo frente ao novo modelo que se impunha, a palavra gestão tinha que ser incorporada no meio corporativo colaborando para o bem-estar da empresa e dos colaboradores por meio de um sistema coordenado. A Tecnologia da Informação se faz cada vez mais presente, contribuindo com a melhoria dos processos e facilitando a troca de informações dentro do chamado EDI – intercâmbio eletrônico de dados e a Resposta Efi ciente ao Consumidor – ECR, proporcionando maior efi ciência na distribuição. Novaes (2015, p. 279) entende que, ao passo que o mercado globalizado traz oportunidades, ele naturalmente proporciona competição entre as empresas e a terceirização dos serviços logísticos representa um meio para atingir os fi ns, que no caso seriam novos mercados a preços competitivos. “No Brasil, as empresas 31 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 também terceirizam, visando principalmente reduzir custos, mas, por outro lado, querem melhorar o nível de serviço oferecido através das competências do prestador de serviços”. A terceirização é um fenômeno que atinge a todos os mercados nos mais distintos espaços do mundo. No Brasil, por exemplo, as empresas recorrem ao outsourcing para ter ganho competitivo por meio da redução dos custos e da melhora do serviço. Novaes (2015) reporta que a utilização da tecnologia de comunicação e informação facilita a operação dos sistemas logísticos, porém exige investimentos em software e hardware. “Essas tecnologias permitem reduzir mais facilmente os custos logísticos e aumentar o nível dos serviços oferecidos, mas requerem altos investimentos e mão de obra treinada, o que pode constituir riscos para aqueles que começam a utilizá-la” (NOVAES, 2015, p. 279). Exemplos: Para compreender melhor o outsourcing e a infl uência da terceirização na economia moderna, citamos como exemplos os casos da Nike e da Reebok. A Nike é uma empresa americana especializada em calçados, criada em 1964, e pratica outsourcing em sua produção com inúmeros países, como China, Indonésia, Vietnam, Coreia do Sul, Taiwan e Filipinas. Nos anos 1970, a Nike inicia o outsourcing com a Coreia do Sul e desde então a estratégia tem se mostrado relevante em suas atividades. Segundo Novaes (2015), Nike e a Reebok abriram mão da produção, subcontratando empresas para a realização deste trabalho e fi xaram assistência à parte comercial dos produtos. FIGURA 13 – MELHORA COMPETITIVA FONTE: <http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo/ Untitled-5(52).jpg>. Acesso em: 4 set. 2019. 32 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL Sugerimos a leitura Caso General Motors: Quão Brilhante é o Futuro? No Capítulo 1 – Administração Estratégica e Competitividade Estratégica, páginas 3-4 do livro de HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane. Administração Estratégica. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2011. 4.2 POSICIONAMENTO DO BRASIL JUNTO AOS GRANDES PLAYERS O desempenho do Brasil junto a grandes players não tem sido dos melhores, apesar de haver ocorrido melhorias signifi cativas ao longo dos anos. Modernizações na infraestrutura, desburocratização de serviços e facilitações para o desempenho de atividades produtivas são questões que nos últimos anos ganharam a pauta das discussões de entidades empresariais. Muitas melhorias foram realizadas nos últimos anos, mas infelizmente estão aquém de atender às necessidades do país. A edição de 2019 do Doing Business, publicação do Banco Mundial sobre a facilidade em se fazer negócios em diferentes economias, mostra o Brasil na posição 109. Na edição anterior, o país ocupava a posição de número 125. A mensuração calcula tempo, etapas e custos para se abrir um negócio. Entre as principais melhorias encontradas nas edições de 2018 e 2019, cita-se a redução da burocracia, apesar de serem claras as ressalvas da necessidade de implementar melhorias contínuas neste quesito, além de promover ações mais assertivas para a logística, dentre outros pontos. As modernizações na infraestrutura continuam aparecendo como prioridade para melhorar a participação no comércio mundial e colocam o Brasil numa posição instável. Entre os pontos positivos destacados no relatório, destaca-se o da desburocratização. Trata-se do novo sistema on-line de registro de empresas, licenciamento e notifi cações de emprego. Essas ações repercutiram na redução do tempo de registro de uma nova empresa para apenas 20 dias, quando antes levava 82 dias. 33 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 FIGURA 14 – COMPETITIVIDADE FONTE: <https://www2.okentrega.com.br/wp-content/uploads/2019/06/O-que- %C3%A9-competitividade-empresarial.jpg.webp>. Acesso em: 4 set. 2019. 4.3 MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA Um ponto que merece atenção envolve a dinâmica portuária e a necessidade de se promover melhorias contínuas visando eliminar gargalos. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ – os portos brasileiros registraram no ano de 2018 uma movimentação superior a 10 milhões de TEUs (Twenty-foot Equivalent Unit – um container marítimo de 20 pés de comprimento, por 8 de largura e 8 de altura) e representaram um crescimento de 7,22% em relação a 2017, quando foram movimentados 9,364 milhões de TEUs. Já o porto de Shangai, primeiro lugar mundial no ranking de movimentação no ano de 2018, movimentou 29,7 milhões de TEUs. O distanciamento apresenta as diferenças entre as duas economias – Brasil e China – no âmbito da competitividade global e econômica. Ainda no viés da competitividade, o país precisa se reestruturar para ser mais competitivo e atrativo a investimentos internacionais. Segundo a edição 2018- 2019 do Competitividade Brasil, estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria, o Brasil no ranking de 18 países ocupa a 17ª posição. Na primeira colocação está a Coreia do Sul, seguida do Canadá e Austrália. O país precisa melhorar em indicadores como na disponibilidade e custo de capital, ambiente macroeconômico, educação, disponibilidade e custo da mão de obra. O recente anúncio diz que o Brasil ocupa a posição 45 no ranking de crescimento mundial, índice elaborado pela Austin Rating. A Armênia fi cou com o primeiro lugar, seguida da China em segundo e Índia em terceiro. O Brasil está acima da Rússia (46) e Itália (47). No último trimestre do ano passado, o país ocupava a 40ª posição de uma pesquisa com 42 países. Segundo relatório do 34 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL Fundo Monetário Internacional – FMI – se estima a baixa previsão de crescimento do PIB do Brasil, cuja expectativa é de menos de 2%, em razão de questões pertinentes a reformas. Os fatores levantados pelos estudos acima impactam o crescimento do país e a solução de apresentação de um cronograma de investimentos, uma vez que o principal eixo de desenvolvimento se dá em função da estabilidade econômica e da capacidade do governo em se organizar e dispor da melhor forma os investimentos em áreas que são importantes, a exemplo da infraestrutura. FIGURA 15 – COMPETITIVIDADE FONTE: <https://template63786.motopreview.com/mt- demo/63700/63786/mt-content/uploads/2017/08/mt-0855- home-gallery-bg-04.jpg>. Acesso em: 4 set. 2019. Connecting to Compete O Banco Mundial desenvolve um estudo chamado Connecting to Compete, que versa sobre a competitividade entre os países e seus respectivos posicionamentos internacionalmente. Na edição 2018, o Brasil aparece na posição número 56. A primeira posição é ocupada pela Alemanha. Holanda e Suécia aparecem em segundo e terceiro lugares. O Chile aparece na posição 40. Nas edições anteriores é possível acompanhar o desempenho do Brasil no ranking do estudo. Em 2007, ocupou a posição 61; em 2010, a de número 41; no ano de 2012 foi a colocação 45; em 2014, chegou a 65 e, em 2016, foi 55. Por essa performance é possível acompanhar a economia brasileira 35 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBALCapítulo 1 e os impactos nos investimentos e retração de investimentos em infraestrutura logística. Vamos testar o que aprendemos neste capítulo por meio de algumas questões sobre os temas trabalhados. 1) A logística é uma ferramenta estratégica para as empresas que buscam, por meio da competitividade, estarem presentes nos mercados. Sobre a logística, podemos concluir que: a) ( ) O foco da logística está em atender às demandas dos clientes. b) ( ) A logística procura que os gastos das empresas sejam além de suas capacidades. c) ( ) A logística trabalha com o tripé: preço elevado, prazo e qualidade. d) ( ) A logística exerce baixo impacto na vida das empresas e das pessoas. 2) Os impactos da globalização nas economias mundiais foram inigualáveis. Uma nova reestruturação precisou ser traçada para atender às novas demandas. A concorrência atingiu níveis inimagináveis até então. Sobre a globalização é correto afi rmar que: a) ( ) A globalização impactou fortemente o Brasil mudando seu parque produtivo. b) ( ) A globalização representa baixo impacto na competição entre os mercados. c) ( ) A globalização exerceu baixa infl uência no setor portuário, que segue em desvantagem. d) ( ) A globalização se deu no setor privado, uma vez que o setor público tem baixa atuação. 3) Para atingir os níveis de competitividade necessários e melhorar a lucratividade, as empresas precisam promover reajustes para se adequarem à demanda global. É correta a proposição: a) ( ) MRP, ERP, Just-in-Time, Kanban, dentre outros são sistemas que auxiliam a melhora da competitividade. 36 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL b) ( ) Nos anos 1970 e 1980 as economias mundiais passaram por momentos tranquilos e de crescimento. c) ( ) O Just-in-Time trabalha com estoques elevados de matérias- primas para controle interno. d) ( ) A tecnologia da informação teve baixa evolução com a globalização, pois exerce baixo impacto. 5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Chegamos ao fi nal do primeiro capítulo da disciplina Estratégia de Logística Global. Vimos a evolução da logística ao longo dos anos. De seu uso militar até a evolução do conceito a partir da integração logística nos anos 1970 e da gestão da cadeia de suprimentos, tendo o planejamento decisivo para mitigação de erros e o controle como fator fundamental. Conhecemos um pouco das grandes obras estruturantes e seus impactos para a humanidade. Vimos os megainvestimentos que os países realizaram, os quais possibilitaram melhorias competitivas e econômicas para suas nações. Encurtaram distâncias, favoreceram deslocamentos, minimizaram prazos de translado e geraram possibilidades reais no comércio internacional. O Canal do Panamá, por exemplo, consegue encurtar as distâncias e dinamizar a economia da região. Uma simples viagem que poderia levar 15 dias é realizada em apenas 10h. Isso representa economia de tempo, de combustível e de toda uma sistemização que termina por facilitar o comércio e favorecer o seu pleno desenvolvimento. Ele não é o único. Apresentamos vários exemplos: o Canal de Suez, que dinamiza o tempo facilitando o deslocamento de mercadorias e pessoas na Ásia; o Eurotúnel conectando França e Inglaterra; o túnel São Gotardo, sendo um importante viés de interconexão entre Alemanha e Itália a partir do território suíço; e a Ponte de Oresund, ligando a Dinamarca à Suécia. Vimos um pouco da presença chinesa no mundo a partir da sua nova Rota da Seda com a estratégia de se contrapor a presença norte-americana e o chamado “soft power chinês”. Todas essas grandes obras que impactam diretamente a circulação de bens, mercadorias e serviços, além do trânsito de pessoas facilitam transações de todas as espécies e marcam a diferença entre países desenvolvidos e em desenvolvimento pelo grau de investimentos que estão dispostos a fazer e a noção de que este tipo de investimento vai repercutir positivamente na qualidade de vida da população. 37 ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 O processo de globalização e a Tecnologia da Informação exercem muitos impactos sobre a logística. A Globalização gera transformações, a exemplo o aumento do comércio entre as nações, aumento do número de tratados internacionais, alteração na reengenharia das indústrias e enxugamento das estruturas físicas e de pessoal das corporações, proporcionando altos investimentos em logística com méritos de melhoria da competitividade. Se ajustar ao mundo competitivo rendeu esforços às empresas e a adoção de ferramentas, a exemplo do Planejamento dos Recursos da Produção, programas de qualidade de vida do trabalho, excelência na produtividade, Sistema Integrado de Gestão Empresarial, robótica e automatização, Just-in-time, Kaizen ou melhoria contínua, gerenciamento da qualidade total, dentre outros, impactando a produção e fi losofi a empresarial. A Tecnologia da Informação assume um papel decisivo, contribuindo com a melhoria dos processos e facilitando o intercâmbio de informações dentro do chamado EDI/ ECR, proporcionando maior efi ciência na distribuição. Ainda no tocante à questão relacionada à estratégia competitiva, vimos o outsourcing e o offshoring despontando como ferramentas de ajustes usados pelas empresas globais se alinharem às novas demandas do mercado para se reposicionarem frente à competitividade. Os casos da Nike, Reebok e Amazon foram apresentados no intuito de avançar em discussões propositivas sobre os temas. Vimos também como as empresas no Brasil acompanharam essas mudanças, bem como as necessidades que o país precisa para realizar mudanças internamente para melhorar sua competitividade por meio de indicadores internacionais que avaliam o desempenho dos países. Em tempo, é necessário compreender que excesso de burocracia e falta de modernização nas infraestruturas são impeditivos de crescimento de qualquer país. Para se manter competitiva e presente nos mercados é essencial correlacionar custo, tempo, qualidade e infraestrutura. E justamente nos relatórios de competitividade do Banco Mundial percebemos que os países que hoje apresentam melhor desempenho logístico são justamente aqueles que têm como foco prioritário em seus investimentos a infraestrutura e a facilitação comercial. Desta forma, além de suas economias, cresce também o desenvolvimento social da população, diminuindo os contrastes sociais tão expressivos em economias em desenvolvimento. Esperamos que você tenha gostado do conteúdo que apresentamos neste primeiro capítulo, mas nossas descobertas sobre a logística global não terminam 38 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL por aqui. No próximo capítulo, vamos descobrir juntos a importância da economia globalizada para as cadeias de abastecimento, a importância dos tratados internacionais para o fomento do comércio internacional e a Gestão da Cadeia de Suprimentos. Até lá! REFERÊNCIAS ANTA – Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Desempenho do Setor Aquaviário. Anuário Estatístico 2018. 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Como essa estratégia realizada no âmbito diplomático pode impactar no dia a dia das pessoas? De que modos as redes logísticas atuam para simplifi car e minimizar custos do produto desta sua fabricação até as mãos do consumidor fi nal? E por que o Supply Chain é tão requisitado na atualidade? Essas e outras perguntas serão respondidas nas próximas páginas deste livro, que apresentará a você de que modo a logística pode ser uma ferramenta excelente e efi caz para dinamizar as atividades empresariais entre países. A globalização foi responsável pelo acirramento da competição entre os mercados. Uma verdadeira competição se intensifi cou com o surgimento de produtos de ciclos de vida curtos ao passo que o grau de exigência dos clientes se torna bastante elevada. Intensifi ca a isso os processos tecnológicos, em especial a tecnologia da informação, infl uenciando a logística, a exemplo do Customer Relationship Mangement, CRM, no qual prioriza o cliente em suas ações buscando potencializar as vendas. São exemplos o Agendor, Plug, Salesforce, dentre outras plataformas. O Eletronic Data Interchange – EDI – é um intercâmbio eletrônico de dados, automatizando as comunicações relacionadas à gestão da cadeia de abastecimento. Ele permite recebimento de pedidos de forma automática, redução do tempo dos processos, proporciona maior confi abilidade nas informações, dentre outros. O Warehouse Management System – WMS – é uma ferramenta que vai atuar nas rotinas de estocagem e expedição de forma estratégica. Ele surge para proporcionar melhorias nos processos do centro de distribuição e/ou da parte de armazenagem. A ferramenta favorece com a redução de custos e melhoria nas operações por otimizar o fl uxo das mercadorias – atividades operacionais – às atividades administrativas – fl uxo de informações. O WMS é aplicado diretamente na cadeia de suprimentos (Supply Chain Management). O Enterprise Resource Planning – ERP – é um software utilizado para consolidar as áreas e setores da empresa por meio de um sistema simples. Ele favorece o controle de processos, uma vez que automatiza as rotinas, reduz erros, estoque, pessoal, mas por outro lado aumenta a lucratividade. Outra ferramenta é o Transportation Management Systems – TMS – que vai atuar diretamente no controle do sistema de gerenciamento de transporte, uma vez que permite o controle da operação e gestão do transporte. Diante do exposto, compreendemos que a inovação nos processos por meio do uso de tecnologias, cada dia mais avançadas, gera não apenas a necessidade constante das empresas em realizarem investimentos para se manterem competitivas, mas também servem para aumentar a lucratividade por meio das 44 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL realizações que podem oferecer. Neste ponto, entramos em discussão sobre a importância da cadeia de suprimentos. Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010) entendem que, na cadeia de suprimentos tradicional, os insumos são adquiridos para que sua transformação se desenvolva nas fábricas, a partir de então são transportados e armazenados até sua destinação seja no atacado ou no varejo até os clientes fi nais. Eles entendem que, para a redução de custos e melhoria da qualidade dos serviços, se faz necessário observar as interações em todos os níveis que ela se realiza. “A cadeia de suprimentos, também chamada de rede logística, consiste em fornecedores, centros de produção, depósitos, centros de distribuição, varejistas, além das matérias-primas, estoques de produtos em processo e produtos acabados que se deslocam entre as instalações” (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010, p. 33). Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010) retomam as questões sobre as difi culdades na gestão da cadeia de suprimentos. Eles citam os riscos pertinentes à terceirização, offshore e à produção enxuta, direcionadas a promover a redução dos custos, que terminam por elevar os riscos. “As cadeias precisam ser projetadas e administradas para eliminar o máximo possível em termos de incerteza e risco, além de lidar de forma efi ciente com as incertezas e riscos remanescentes”(SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010, p. 34-35). Uma outra situação pertinente ao comércio internacional envolve os blocos econômicos. Os blocos são acordos entre os governos que têm como objetivo assegurar benefícios econômicos aos associados. Entre os blocos mais conhecidos estão a União Europeia, Mercosul, Aliança do Pacífi co, dentre outros. Um terceiro aspecto de igual relevância diz respeito às redes logísticas e às operações globais. Em razão do acirramento da competição nos mercados, as empresas perceberam a importância do compartilhamento de economias e competências em temas de grande relevância como tecnologia, inovação e qualidade, principalmente tomando como premissa a efi ciência logística. Nessa linha há uma nova reconfi guração das relações empresariais a partir de alianças estratégicas. E barreiras em terceiros mercados são desfeitas por conta das alianças e das terceirizações nos países-chave. Ainda sobre a terceirização (outsourcing), ela é vista como forma de oportunizar os sistemas logísticos, sendo essencial por fazer a interface entre a empresa e parceiros ou clientes. 45 O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO NA ECONOMIA GLOBALIZADA Capítulo 2 FIGURA 1 – COMÉRCIO INTERNACIONAL FONTE: <https://s3.amazonaws.com/bucket-gw-cni-static- cms-si/portaldaindustria/noticias/media/imagem_plugin/ shutterstock_Xo1BL99.jpg>. Acesso em: 3 out. 2019. 2 A PARTICIPAÇÃO DOS BLOCOS COMERCIAIS NO COMÉRCIO INTERNACIONAL Como é possível analisar a economia dos países a partir do comércio internacional? De que modo os blocos econômicos impactam as balanças comerciais dos países participantes? Essas perguntas mostram o quão relevante é o tema. A criação dos blocos comerciais ou econômicos surgiu após um somatório de fatores. Inicialmente envolviam a perspectiva de, por meio do comércio, a manutenção da paz no contexto de fi m da Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, no contexto Pós-Guerra Fria, os acordos econômicos e os blocos comerciais ganham espaço na nova confi guração econômica mundial que começa a surgir. Sarfati (2005) faz alusão às duas últimas décadas do século XX, a um “canteiro de obras” em que de um lado surtia o fi nal da Guerra Fria, que marcou consideravelmente o século pós-segunda guerra, e do outro a nova confi guração político-econômica que se avizinhava, chamada de nova ordem internacional. “O mundo passou [...] por uma conjuntura histórica de transformação, separando a bipolaridade estrita do pós-guerra de uma nova situação econômica e política caracterizada por múltiplas polaridades” (SARFATI, 2005, p. 253). Sombra (2008) ressalta que entre os anos 1960 a 1970 do século XX, teve início a construção de uma nova ordem econômica com a independência dos países afro-asiáticos. Entretanto, ele sinaliza que nos anos 1990, daquele mesmo século e início do século XXI, surge a China como nova superpotência, 46 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL e cita, em especial, os efeitos pós 11 de setembro. Ele chama a atenção para as motivações atuais dos confl itos em virtude da escassez de recursos naturais. Para Sombra (2008, p. 247), “a nova ordem, auscultando as frustrações do acumulado experimento histórico descrito na obra, instauraria a verdadeira modernidade, aquela derivada das identidades de povos e nações, das suas culturas, expressa em um projeto de participação soberana de todos”. Sombra (2008) verifi ca que o chamado “fi m da geografi a”, no século XXI, possibilitou a unifi cação dos mercados globais com o desaparecimento das fronteiras políticas. Ele aponta situações essenciais, como a crise e obsolescência do socialismo; reafi rmação da economia de mercado, como essência à nova ordem internacional e surgimento de novas questões, como os relacionados ao meio ambiente, direitos humanos, saúde, informação, terrorismo; revolução tecnológica em áreas de informática, telecomunicações e biotecnologia. A integração econômica mundial — conceitualmente identifi cada com o fenômeno da globalização — experimentou um enorme impacto a partir do processo de transição do socialismo ao capitalismo que esses países atravessaram no período: ela se traduziu, simplesmente, pela agregação de cerca de 10% adicionais ao produto bruto mundial, enquanto aproximadamente 30% da população total do planeta passava a ser incorporada aos circuitos já formalizados da divisão internacional do trabalho, contribuindo para a expansão do comércio e a utilização mais intensa das vantagens comparativas inerentes a uma tal diversidade de países (SOMBRA, 2008, p. 258-259). Magnoli (2013) faz referência à Rodada do Uruguai do Gatt de 1986. Ele menciona a abertura da Rodada, em 1986, com prazo de encerramento de 1990. Na ocasião, a divergência era no setor agro. Em novembro de 1992, o chamado Acordo de Blair House entre os Estados Unidos e a União Europeia permitiu um compromisso relacionado à agricultura, desobstruindo o caminho para a conclusão das negociações. O Acordo de Marrakesh foi assinado apenas em abril de 1994. Com ele nasceu a OMC (MAGNOLI, 2013, p. 351). Organização Mundial do Comércio Em 1º de janeiro de 1995 surgiu a Organização Mundial do Comércio, OMC, e diferente do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, GATT, que se restringia ao comércio de mercadorias, a 47 O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO NA ECONOMIA GLOBALIZADA Capítulo 2 OMC incluía o comércio de serviços e propriedade intelectual e envolvia a solução de controvérsias. Entre 1948 a 1994, quando da vigência do GATT, ele oportunizou as regras para o comércio mundial. Em 1948, em Havana, na Rodada de Cuba constava a criação do GATT. A ideia inicial era de criação de uma organização Internacional do Comércio, porém não foi adiante em razão da não participação dos EUA. Assim surgiu o GATT, que ajudou o estabelecimento de um sistema de comércio multilateral fortalecido. Entre as razões que geraram a deterioração do GATT, sua baixa infl uência para conseguir uma maior redução tarifária para o comércio entre os países-membros e as recessões dos anos 1970 e 1980 que levaram a medidas protecionistas e, a Europa em especial, a adoção de subsídios agrícolas, afetando a credibilidade do GATT. O insucesso também foi fundamentado nas mudanças econômicas ocasionadas pela globalização, a exemplo do comércio de serviços. Em 1986, na Rodada do Uruguai foi levado o tema de criação da OMC com ampliação das negociações comerciais com redução de tarifas, dentre outros temas relevantes. Atualmente, a OMC tem 164 países-membros que juntos somam 98% do comércio internacional. O órgão decisório mais elevado da OMC é a Conferência Ministerial e se reúne a cada dois anos. A primeira ocorreu em 1996, em Singapura, e a última em 2017, em Buenos Aires. Eric Wyndham White foi o primeiro diretor-geral do GATT que fi cou no período de 1948 a 1968. O atual a dirigir a OMC é Roberto Azevedo. A OMC é reconhecida como um tribunal, com poderes para solução de controvérsias entre os países associados. Quando comparado com o FMI e o Banco Mundial, sua operação é em pé de igualdade, e para que um país faça parte da OMC é necessário que ele aceite todos os compromissos. Para mais informações, acesse o site: https://www.wto.org/. Para Sombra (2008), a globalização está ligada ao processo de regionalização. Ele considera que os países se unem por razões distintas e aponta questões econômicas, políticas, ideológicas, por razões de segurança, de afi nidades culturais, de vizinhança, de proteção contra coerções de potências mais avançadas ou coerções de escala planetária. O autor cita a União Europeia 48 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL (UE), cujo processo de integração foi iniciado nos anos 1950 e faz referência aos anos 1980 e 1990, quando houve a expansão da regionalização. Nos anos 1980 e 1990, a tendência para a regionalização acentuou-se [...] os mais conhecidos são a UE, a Cooperação Econômica
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