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ESTRATÉGICA LOGÍSTICA GLOBAL

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ESTRATÉGIA DE 
LOGÍSTICA GLOBAL
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Alessandra Conceição do Nascimento
Indaial - 2019
2ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
N244e
 Nascimento, Alessandra Conceição do
 Estratégia de logística global. / Alessandra Conceição do Na-
scimento. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 107 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-428-0
 ISBN Digital 978-85-7141-429-7
1. Logística global. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 330
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
LOGÍSTICA GLOBAL .......................................................................7
CAPÍTULO 2
O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO NA ECONOMIA 
GLOBALIZADA ...............................................................................42
CAPÍTULO 3
ATIVIDADES E ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS GLOBAIS ..............91
APRESENTAÇÃO
Olá! Iniciamos os estudos da disciplina Estratégia de Logística Global. O 
objetivo é conhecer um pouco mais das operações diárias realizadas a partir 
desta temática que aborda atividades relacionadas ao comércio internacional. A 
logística global é fruto da globalização. A incessante busca pela competitividade e 
oferta de produtos e serviços a preços mais baixos com qualidade de excelência 
se traduziu em uma verdadeira revolução no mundo. 
Novas ferramentas surgiram para aperfeiçoar e consolidar a logística 
global: a tecnologia da informação, que surgiu trazendo agilidade e controle 
nas transações; a mudança radical na configuração dos modais de transporte; 
os trâmites burocráticos que estão inseridos nos dia a dia de quem opera com 
terceiros mercados; aduanas e impostos aplicados direta e indiretamente sob este 
tipo de atividade; acordos internacionais e participação em blocos econômicos que 
passaram a ter maior protagonismo a partir da Organização Mundial do Comércio. 
O assunto é inesgotável. Abastecer mercados globais é uma tarefa complexa, 
que exige resultado; planejamento e execução; controle e estratégia. O que dizer 
sobre as diversas fases da logística e sua repercussão no meio produtivo? A 
logística ganhou maior status à medida que o mundo crescia.
As demandas cresceram, ampliou-se o mercado interno, servindo à cadeia 
de abastecimento interna de cada país. Teve sua fase em que estava atrelada ao 
marketing e associada ao administrativo comercial, até que recebeu protagonismo 
fruto da acirrada concorrência entre os mercados promovida pela globalização.
A logística mostra que nem sempre a melhor distância para os negócios é 
uma linha reta entre produtor e consumidor. As cadeias globais de valor mostram 
exatamente isso por meio do outsourcing e offshoring, revolucionando o modo de 
produção e distribuição em nível mundial. 
A estrutura da disciplina Estratégia de Logística Global é dividida em três 
capítulos que se iniciam com a introdução à temática; seguindo pelas estratégias 
adotadas pelos grandes players globais; a revolução dos processos de 
abastecimento dos mercados e a inserção da tecnologia de informação inovando 
as operações por meio do aperfeiçoamento das redes logísticas nos últimos anos 
e, por fim, discutiremos as atividades e estratégias aplicadas no contexto atual.
No primeiro capítulo trataremos da Estratégia de Logística Global, em que 
serão abordados a Introdução à Logística Global; O papel da globalização no meio 
logístico internacional e a Gestão estratégica da logística de empresas globais. 
No Capítulo 2, trataremos do papel das cadeias de abastecimento na economia 
globalizada. Este capítulo possui três focos: a participação dos Blocos Comerciais 
no comércio internacional; as cadeias globais de valor e as redes logísticas e as 
operações globais.
E, finalmente, no terceiro capítulo, abordaremos as atividades e estratégias 
de logísticas globais por meio dos temas: a inserção da tecnologia nas atividades 
de logística internacional; como definir as estratégias logísticas globais e, por fim, 
os impactos da estratégia logística global.
Ao longo do curso, avaliaremos a aprendizagem por meio de atividades e 
exercícios com questões e a participação nos fóruns. Estaremos juntos, ao longo 
desta disciplina, fazendo descobertas, objetivando ampliar nosso conhecimento, 
contemplando sempre nosso crescimento profissional. 
Não se esqueça de que a globalização foi o ponto de partida para toda a 
revolução mercadológica que vivemos hoje. Para a sobrevivência e permanência 
nos mercados internacionais é necessário equacionar custo, tempo, qualidade 
e infraestrutura. Os países que hoje apresentam melhor desempenho logístico 
são justamente aqueles que mais investem em infraestrutura, se tornando assim 
grandes promotores do seu desenvolvimento não apenas econômico, mas social, 
ofertando melhores serviços a sua população.
Esperamos que você goste do conteúdo que apresentaremos no decorrer das 
próximas páginas. Estaremos juntos durante todo o percurso de aprendizagem 
sobre a Estratégia de Logística Global e todas as suas consequências nos 
mercados produtivos.
Boa leitura!
Professora: Alessandra Conceição do Nascimento
CAPÍTULO 1
LOGÍSTICA GLOBAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• analisar a importância da Logística no mundo globalizado;
• apresentar a estrutura de mercado no ambiente corporativo internacional;
• expressar visão crítica sobre logística;
• compreender o impacto da globalização na logística; 
• promover no profi ssional a visão da competitividade como essencial no meio 
corporativo internacional;
• auxiliar os participantes no desenvolvimento de habilidades para o 
gerenciamento de estratégias logísticas.
8
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
9
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
 A origem da palavra Logística está associada à estratégia militar e foi 
durante o pós-guerra que sua participação se fez presente no mercado produtivo. 
Desde então, a demanda mundial se expandiu, a economia cresceu e também 
foram acrescentados nos processos a tecnologia, a exemplo da Tecnologia de 
Informações, que veio a ser ferramenta essencial para o desenvolvimento de 
suas atividades ampliando a efi ciência da cadeia produtiva. Inicialmente, suas 
funções eram inseridas nas áreas de marketing, a seguir ela se amplia pela visão 
do conceito de custo total com o surgimento dos grandes centros de distribuição e 
melhorias nos serviços de transporte em curso até hoje. 
Ao ampliar a participação da logística nas operações produtivas entre as 
indústrias, surge a necessidade de repensá-la. Em 1963 é criado o Conselho de 
Administração Logística que, em razão da evolução da logística em nível global, 
mais tarde, em 2005, acaba por incorporar a visão sistêmica na gestão da cadeia 
de suprimentos. Assim, passa a se chamar Conselho dos Profi ssionais de Gestão 
da Cadeia de Suprimentos (Council of Supply Chain Management Professionals). 
Sua atuação impacta na melhoria profi ssional por meio de capacitações 
e compartilhamento de informações a respeito de atividades e serviços do 
segmento, bem como realiza ações direcionadas à efi ciência e efi cácia da cadeia 
logística global. Durante osanos 1970, com a crise do petróleo, entram em cena 
as discussões que culminaram na Logística Integrada, incluindo gestão de 
mercadorias e efi ciência nos fl uxos de produtos e informações. A participação da 
logística aumentou ao longo do tempo nas operações da empresa por meio da 
globalização, desde a fonte de suprimentos até a chegada ao consumidor fi nal. 
A reestruturação da visão estratégica da logística se mostrou um divisor de 
águas, uma vez que envolvia como ponto de ação os procedimentos visando ao 
implemento de soluções para o alcance da competitividade. A seguir, entram na 
pauta as questões ambientais e na sequência o foco se expande para a logística 
reversa. Todo esse arcabouço de informações e mudanças estruturais impactaram 
a visão sobre a logística, que atua ativamente nesse processo. 
Se faz interessante raciocinar que logística sem planejamento não existe. 
Compete ao profi ssional que atuará nesta área ter em mente a correlação com 
o planejamento, execução e controle de estratégias que impactem a cadeia de 
suprimentos otimizando de maneira sistêmica nas atividades da empresa desde 
a aquisição de insumos para a transformação do produto até o alcance do cliente 
fi nal. 
10
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
2 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA 
GLOBAL
O que signifi ca logística global? Qual é o seu foco de atenção? De que modo 
ela impacta a vida das empresas e pessoas? A logística global diz respeito aos 
processos logísticos de uma empresa fora do país de origem, levando em conta 
que, para acessar terceiros mercados, uma série de fatores são considerados, a 
exemplo da geografi a, área fi nanceira, aduanas, culturas e idiomas, dentre outros. 
O foco da logística global está em atender às necessidades do cliente – seja por 
bens ou serviços – em qualquer parte do mundo, tendo como premissa a efi ciência 
e a qualidade, fazendo para isso uso do tripé preço competitivo, prazo e qualidade 
do serviço. O impacto da logística global na vida das empresas e das pessoas é 
imenso em razão da globalização e da competitividade entre os mercados. Essa 
correlação é chave para entendermos os processos logísticos em nível global, 
pois a competitividade será essencial em todo esse processo.
Mas de onde vem o termo competitividade? Ela é fruto da globalização e 
seu impacto no meio empresarial acarretou a necessidade de se refl etir sobre 
as empresas e sua presença de mercado. Não basta estar no mercado, mas é 
preciso permanecer nele. Com isso, a questão da competitividade ganha novos 
contornos. É preciso repensar na logística em todas as esferas – desde a parte 
provedora de insumos, passando pela etapa de transformação, até a entrega 
do produto ao consumidor fi nal. Em todas estas fases a logística está presente, 
mesmo se o consumidor fi nal desse produto ou serviço esteja em país diferente 
do que o produto foi produzido.
Por isso, entender o mercado e ter uma visão estratégica a respeito da 
logística é essencial. E, por falar em mercados, tomemos como exemplo o Brasil, 
que sofreu diretamente os impactos da globalização no pós-anos 1970, sendo 
nos anos 1990 o mais acirrado momento com a realização de privatizações em 
setores com maior presença do poder público. Esse novo momento deslanchou 
positivamente em melhoria de oferta de serviços. Temos como exemplo o setor de 
transportes, que sofreu bastante transformações, em especial, o portuário. 
O efeito da competitividade entre os mercados trouxe às empresas uma 
série de dilemas de como se estruturar melhor a essas novas demandas e uma 
série de ferramentas surgiram aos poucos, visando ao aperfeiçoamento dos 
serviços. Um exemplo é a Tecnologia da Informação, facilitando o intercâmbio 
de informações nas corporações onde, por exemplo, é possível acompanhar a 
remessa de uma carga de navio de um determinado país de origem ao de destino. 
Essas ferramentas, que se mostraram essenciais no decorrer do tempo, evitam 
11
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
perdas, sobretudo fi nanceira às empresas, além de otimizar signifi cativamente os 
serviços.
Mas os efeitos mais sensíveis da globalização estão justamente centrados 
no comércio internacional. Diante dessa nova confi guração, começaram a 
surgir mercados altamente competitivos, com a necessidade contínua de 
investimentos em inovação e avanços tecnológicos aliados à implementação de 
estratégias competitivas globais de penetração e acesso aos mercados. Esse 
modelo necessitou ajustes. Estruturas físicas e de pessoal foram enxugadas, 
contemplando investimentos maciços em logística.
Antes considerada uma atividade focalizada de maneira 
isolada nas tarefas de transporte, armazenagem e gestão 
de estoques, atualmente a logística se apresenta sob uma 
perspectiva mais estratégica, como um processo coordenado e 
integrado em alguns aspectos considerados essenciais, entre 
eles: necessidades do cliente, prazos, valor agregado e opções 
de fornecimento (VA SQUES; EIDELCHTEIN, 2007, p. 121).
No referido contexto, Segre (2007) enfatiza a ligação da logística com a 
cadeia de suprimentos – Supply Chain – e a integração de processos essenciais 
para o negócio, com início passando pelo fornecimento de insumos até a aquisição 
do consumidor fi nal, incluindo produtos, serviços, fl uxos de informações e demais 
tarefas envolvidas para a realização.
FIGURA 1 – LOGÍSTICA GLOBAL
FONTE: <https://pt.depositphotos.com/47433397/stock-illustration-
global-logistics-concept.html>. Acesso em: 4 set. 2019.
12
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
2.1 AS GRANDES OBRAS 
ESTRUTURANTES – A LOGÍSTICA 
INTEGRANDO O MUNDO
De que modo a logística interfere na integração dos países? E como isso 
se aplica na circulação de mercadorias e pessoas entre os países? Obras 
estruturantes são necessárias para garantir o êxito do fl uxo de mercadorias 
e pessoas, o que gera impactos diretos na integração entre os países. Alguns 
exemplos serão mostrados a seguir.
2.1.1 A roTA DA SEDA 
FIGURA 2 – APOSTA CHINESA
FONTE: <https://br.sputniknews.com/russia/201612197216276-russia-
europa-china-ferrovia-alta-velocidade/>. Acesso em: 4 set. 2019.
Um exemplo prático de logística global envolve a estratégia da Rota da Seda. 
Uma estratégia oriunda da política externa chinesa baseada em princípios da 
coexistência pacífi ca e de difusão do chamado “soft power” chinês, modelo que 
se contrapõe ao norte-americano de hegemonia. Ele se baseia na construção de 
parcerias e o exemplo mais típico envolve a construção da Rota da Seda, onde 
além da construção da via férrea, foi construído acordos bilaterais com cada um 
dos países envolvidos, visando à expansão diplomática chinesa e o acesso a 
novos mercados. Pautasso e Ungaretti (2017) referenciam a ambição chinesa a 
seu novo posicionamento de global, onde o país busca ser uma segunda via ante 
o imperialismo norte-americano. Eles apontam que a Rota da Seda na verdade é 
uma arrojada ferrovia que liga a China aos países: Uzbequistão, Rússia, Polônia, 
Sérvia, Alemanha, Laos, Sri Lanka, República Tcheca, Irã, Egito, Arábia Saudita, 
Cazaquistão e Paquistão. 
13
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
Eles ressaltam a visão da China para levar adiante o plano estratégico, como 
a redução das assimetrias entre as regiões costeiras e interioranas, promoção da 
modernização e, com a construção de infraestrutura de transportes na Eurásia, 
fomento de mercados regionais. Pautasso e Ungaretti (2017, p. 39-40) também 
apontam a visão estratégica da China de “criação de demanda para o excesso de 
capacidade industrial da China, ao mesmo tempo em que atende à carência de 
investimentos em infraestrutura ao longo do Cinturão e da Rota”.
Outros pontos listados dizem respeito à diversifi cação das fontes e 
rotas de importação de recursos energéticos, naturais e de alimentos; apoio à 
internacionalização de empresas estatais e não estatais chinesas; promoção de 
mecanismos de fi nanciamento, com processo deinternacionalização do renminbi 
(RMB); e a promoção do desenvolvimento econômico e da integração regional 
chinesa.
A nova Rota da Seda já se encontra em operação. Inspirada na antiga Rota 
da Seda – por onde os chineses escoavam para o Ocidente mercadorias como 
porcelana, especiarias e o tecido. As obras iniciaram em 2013 e tinha como 
objetivo melhorar a logística entre a Ásia, África e Europa. A iniciativa chinesa tem 
como objetivo assegurar a integração logística global. A previsão é que diversas 
cidades chinesas se transformem em centros logísticos de transporte na nova 
rota. As principais vantagens estão centradas na parte logística com a facilitação 
a mercados e escoamento da produção, o que deve incrementar o comércio dos 
países envolvidos; porém as críticas se mostram no campo da presença chinesa 
em aumentar seu poderio ante os EUA numa espécie de rivalidade. Os europeus 
não veem com bons olhos a presença chinesa em seu território.
FIGURA 3 – A ROTA DA SEDA E A VISÃO ESTRATÉGICA DA CHINA
FONTE: <https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/cadernos/
jc_logistica/2018/09/648859-nova-rota-da-seda-avanca-para-
a-america-latina.html>. Acesso em: 4 set. 2019.
14
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
A Origem
A Rota da Seda, assim chamada, surgiu no século 2 a.C., a 
partir da estratégia do então imperador Gaozu de Han, líder de uma 
dinastia poderosa. Gaozu de Han nasceu pobre e se chamava Liu 
Bang. Com a morte do imperador, ele, com seus 54 anos, era policial 
e montou seu exército, tomando o poder. Porém, ele teve a ideia de 
abrir a China criando rotas comerciais e acordos com países. Essa 
iniciativa ganhou o nome de Rota da Seda, uma vez que naquela 
época era o principal produto exportado e essa estratégia fez com 
que os chineses dominassem a Ásia. 
2.1.2 NoVA roTA
FIGURA 4 – NOVA ROTA DA SEDA
FONTE: <https://g1.globo.com/economia/noticia/china-
avanca-em-comercio-global-com-nova-rota-da-seda-projeto-
de-us-1-trilhao.ghtml>. Acesso em: 23 ago. 2019.
15
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
A estratégia da China, com a nova Rota da Seda, é revalidar com os Estados 
Unidos a hegemonia político-econômica. Para isso, busca implementar suas 
ações tendo como princípio a interconexão logística com a Europa, Ásia e países 
africanos. O projeto recebeu fi nanciamento do Fundo da Rota da Seda e do Banco 
Asiático para Investimento em Infraestrutura. Além da Rota Terrestre – que une a 
China à Europa através da Ásia Ocidental e Central, há a Rota Marítima, que une 
a China com o Sudeste Asiático, África e Europa. O investimento já supera US$ 1 
trilhão. 
A mais nova face da Nova Rota da Seda envolve a interconexão com 
a América Latina. Trata-se da busca por novos fornecedores, além de novo 
público para comprar seus produtos. A China manifesta interesse em promover 
investimentos em áreas de infraestrutura, extração de minérios, dentre outros. Na 
Nicarágua, por exemplo, a China busca criar um canal que ligaria o Pacífi co ao 
Atlântico. 
No México, os investimentos chineses estão centrados no setor portuário, já 
no Suriname, a China atua no setor mineral, portos e estradas. Na Argentina, o 
foco chinês é centrado nos investimentos em projetos energéticos nas Malvinas 
e Antártica, entretanto, na Venezuela, a China atua por meio de investimentos no 
setor mineral, em especial, petróleo. No Brasil, os investimentos chineses estão 
centrados na parte logística com o investimento em ferrovias.
2.1.3 CANAL Do PANAmá
O Canal do Panamá liga os oceanos Atlântico ao Pacífi co e representa uma 
importante obra logística para a humanidade. Ele consegue encurtar as distâncias 
que se realizariam em duas semanas em apenas 10 horas. Ele começou a ser 
construído pela França em 1880, a partir de sua experiência com o canal de 
Suez. Porém, problemas relacionados à engenharia e alta taxa de mortalidade por 
doenças tropicais impactaram as obras, que acabou sendo terminada pelos EUA, 
que assumiram o projeto em 1904. 
Ele foi inaugurado em agosto de 1914 e representava um dos mais difíceis 
projetos de engenharia do planeta. A partir dessa importante obra, o tempo de 
viagem se reduziu no cruzamento entre os oceanos Atlântico e Pacífi co. O canal 
atravessa o istmo do Panamá e se confi gura numa importante travessia para o 
comércio internacional. Nele há bloqueios e eclusas que servem para transportar 
os navios. 
O canal do Panamá passou por uma megarreforma. As obras iniciaram 
em 2011 e se estenderam até 2016. O valor investido foi da ordem de US$ 
16
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
5,4 bilhões e ampliou sua capacidade para atender aos navios Post Panamax, 
que transportam até 14 mil contêineres. Antes da reforma, se transportava até 
4.400 contêineres. Sua estrutura arquitetônica é tão grandiosa que o mesmo foi 
reconhecido como uma das sete maravilhas do mundo.
FIGURA 5 – CANAL DO PANAMÁ
FONTE: <https://meiobit.com/409511/canal-do-panama-
historia-como-funciona/>. Acesso em: 4 set. 2019.
Para saber um pouco mais sobre aa história do Canal do 
Panamá, sugerimos assistir ao fi lme sobre os 100 anos do Canal do 
Panamá, exibido no Jornal da Globo. O vídeo foi publicado em 1º 
de junho de 2016. Acesse no canal do Yotube do Multi TV Show em 
https://www.youtube.com/watch?v=FpqKbqSy_b8.
2.1.4 CANAL DE SuEZ
O Canal de Suez une o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Localizado 
no Egito, foi inaugurado em 1869 e permite a navegação entre a Ásia e a 
Europa, reduzindo distâncias sem a necessidade de cruzar a África. A rota de 
72 km permite a navegação em dois sentidos de barcos de grande porte. Para a 
ampliação do canal, o governo do Egito investiu US$ 8,5 bilhões e a expectativa 
de rendimento até 2023 é de aproximadamente US$ 13,2 bilhões.
17
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
FIGURA 6 – CANAL DE SUEZ
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-
hoje/canal-de-suez.phtml>. Acesso em: 4 set. 2019.
Sugerimos assistir ao vídeo do canal do YouTube Euronews 
Canal do Suez reabre com duas vias náuticas para impulsionar 
economia. Publicado em 30 de julho de 2015, pelo noticiário 
europeu, ele aborda a importância econômica do canal interligando 
Egito à Europa e o peso que a sua reabertura vai impactar ante a 
economia. Para ver a matéria completa acesse: https://www.youtube.
com/watch?v=JW7dMAWu1Cs.
2.1.5 EuroTÚNEL
Trata-se de um túnel ferroviário com cerca de 51 km de extensão que liga 
a Inglaterra à França sob o canal da Mancha. Inaugurado em 1994, ele custou 
4,6 bilhões de libras esterlinas de investimento. Ele tem um trecho de 37,9 km 
submerso, e tem a parte submarina mais longa do que a de qualquer outro 
túnel do mundo, tendo o seu ponto mais baixo, atingindo cerca de 75 metros de 
profundidade. 
18
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
FIGURA 7 – EUROTÚNEL
FONTE: <https://brasilescola.uol.com.br/geografi a/
eurotunel.htm>. Acesso em: 4 set. 2019.
A inauguração do Eurotúnel foi impactante para França e 
Inglaterra por auxiliar a interconexão de suas economias. No canal 
do YouTube da Tv europeia Euronews é possível ver a matéria 
comemorativa pelos 20 anos das obras com fatos históricos ,como 
as presenças de François Miterrand e Isabel II, em 1994. 
O Eurotúnel é a linha ferroviária mais utilizada em todo o 
mundo, onde passam 400 comboios nos dias de maior tráfego. A 
matéria aborda as festividades dos 20 anos do Eurotúnel e mostra 
a importância dessa importante obra da engenharia para os dois 
países. 
O vídeo pode ser acessado no link https://www.youtube.com/
watch?v=b7ZBAyatJjg.
2.1.6 TÚNEL DE BASE SÃo GoTArDo
Trata-se de um túnel ferroviário localizado na Suíça e possui 57 km de 
comprimento, 153,5 km de túneis, poços e passagens. O túnel levou 17 anos para 
ser construído e o investimento foi na ordem de R$ 37 bilhões. Sua construção 
permitiu que uma viagem entre Berlim, na Alemanha, e Milão, na Itália, que 
demorava 13h pudesse ser feita em duashoras.
19
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
FIGURA 8 – FOTO DE CONSTRUÇÃO DO TÚNEL
FONTE: <https://www.dw.com/pt-br/su%C3%AD%C3%A7a-
inaugura-maior-t%C3%BAnel-ferrovi%C3%A1rio-do-
mundo/a-19298294>. Acesso em: 4 set. 2019.
2.1.7 PoNTE DE orESuND
A ponte de 16 km de comprimento foi inaugurada no ano 2000 ligando 
Dinamarca e Suécia. Seu custo à época foi de US$ 1,5 bilhão e em seu projeto 
arquitetônico se previu a minimização de intempéries climáticas. O túnel passa 
debaixo d’água do mar. O túnel foi construído na Espanha e levado ao local 
através de navios. A ponte possui longas ligas de cabos e fi os e seu comprimento 
é superior a 7,8 mil metros.
Para construir o túnel, se realizou a escavação do leito do mar. A estrutura 
possui 20 grandes blocos de concreto moldados que foram transportados por 
balsas e assentados na rocha escavada e a ilha artifi cial foi produzida com rochas, 
areia dragada do fundo do mar e entulhos originários da construção da ponte. 
FIGURA 9 – PONTE DE ORESUND
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ponte_
do_%C3%98resund>. Acesso em: 4 set. 2019.
20
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
As grandes obras logísticas apresentadas mostram a importância da 
conexão geográfi ca para promover fl uxo de mercadorias e pessoas. Todas essas 
construções representam esforços dos governos de seus países de origem em 
implementar soluções que impactem na economia de seus países.
2.2 A GLOBALIZAÇÃO E O BRASIL
A globalização impactou fortemente o Brasil, a ponto de mudar por completo 
o parque produtivo. Nos anos 1990, a indústria brasileira se viu diante de um 
cenário internacional de competição acirrada, sendo esses pontos incentivadores 
das privatizações que se iniciaram no país durante esta década. Dentre as 
principais áreas impactadas, o setor de transportes, em especial o portuário, 
sofreu intervenções com a saída do estado e a entrada de empresas privadas, 
o que gerou otimização de serviços e competitividade fi nanceira para a iniciativa 
privada que atua nesse setor, além da melhoria tecnológica implementada nas 
operações. 
Essa dinâmica da globalização que revolucionou a visão de mercado é fruto, 
segundo Pires (2007, p. 34), do surgimento da manufatura classe mundial. “Não 
interessa onde você produz [...] o que interessa é como se atende com produtos 
e serviços a um mercado com um conjunto crescente de exigências”. O autor 
considera que, com a globalização, a oferta de produtos e serviços aumentou 
com a redução dos preços. Também faz ressalvas sobre a gestão produtiva que 
resultou em uma ressignifi cação de prioridades dos setores industriais. 
A internet e o e-business foram importantes para promover inovação no 
conceito de comércio tradicional e ampliando a visão de mercado, em paralelo 
a apresentação das implicações estruturais oriundas da precária infraestrutura 
física disposta para envio de produtos e insumos adquiridos por meio de lojas 
virtuais. Essas fi ssuras impactam em entrega, prazos e custos da mesma forma 
que no comércio tradicional. 
O Brasil tem grandes desafi os a superar: o chamado “Custo Brasil” – custos 
que incidem na produção que tornam em desvantagem o produto brasileiro no 
exterior. Inefi ciência nos portos, péssimas condições nas estradas, baixo uso 
do modal ferroviário em razão de seu estado precário, elevado preço do frete 
aéreo são alguns dos fatores que aliado ao câmbio afetam a competitividade do 
produto brasileiro. Dados do FMI apontam que o custo da logística representa 
em média 12% do PIB mundial nos países desenvolvidos, ao passo que no Brasil 
ele responde por 17% do PIB brasileiro. É necessário promover um ambiente 
mais harmônico para a realização de negócios, fomentando a internacionalização 
21
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
de empresas, tecnologia e inovação. Essas questões devem ser tratadas e 
discutidas visando ao crescimento e à promoção do desenvolvimento do país. A 
presença brasileira na economia global é importante. Empresas como a Embraer, 
Alpargatas e os setores de moda e calçados são alguns exemplos. 
3 O PAPEL DA GLOBALIZAÇÃO NO 
MEIO LOGÍSTICO INTERNACIONAL
FIGURA 9 – GLOBALIZAÇÃO UNINDO PESSOAS E 
EMPRESAS EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/globalizacao/>. Acesso em: 4 set. 2019.
 A Globalização realizou inúmeras transformações, tais como aumento 
do comércio entre as nações, acirramento da competitividade, reestruturação 
da fi losofi a gerencial das empresas em nível global, surgimento de produtos 
transnacionais, desaparecimento das fronteiras físicas, aumento do número de 
tratados internacionais visando assegurar a circulação de mercadorias entre os 
países, alteração contumaz na reengenharia das indústrias e enxugamento das 
estruturas físicas e de pessoal das corporações, altos investimentos em logística 
com méritos de melhoria da competitividade. 
No tocante aos tratados comerciais, ponto altamente sensível do aspecto 
do comércio internacional pela capacidade de gerar garantias e segurança nas 
operações, eles ajudam na redução de tributos e taxas, diminuindo os custos 
operacionais em terceiros mercados. 
Outro ponto impactante diz respeito à reestruturação da visão de produção 
22
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
por meio da Gestão da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management), 
implementação do planejamento, controle e otimização nos serviços logísticos 
através da coordenação e integração das atividades. Foco total na atenção 
às necessidades dos clientes: atenção aos prazos, produtos com maior valor 
agregado e ampliação dos canais de fornecimento.
Tendo em vista o mencionado no parágrafo anterior, entendemos toda a 
dinâmica pulsante que envolve a economia na atualidade. A integração das 
funções nas organizações, o estabelecimento de relações com o ambiente 
externo, a junção de três elementos – suprimento, produção e distribuição. De 
acordo com Segre (2007, p. 122), “a logística está unida ao gerenciamento da 
cadeia de suprimentos (Supply Chain) promovendo a integração dos processos”. 
A melhor maneira de compreender isso tudo na prática é acompanhar a 
dinâmica de uma empresa que nasceu sob a luz do e-commerce. A adoção de um 
modelo de gestão estratégica que fez expandir seu foco de atuação pelo planeta a 
partir de uma abordagem efi ciente e dinâmica.
3.1 ESTRATÉGIA COMPETITIVA
A forma como uma empresa competirá no mercado e a sua própria 
capacidade de competir estão relacionadas com a capacidade de como vai superar 
ou neutralizar a concorrência para a sua própria sobrevivência. A estratégia 
competitiva é, na verdade, a forma como a empresa compete no mercado. 
A empresa também pode se fi xar em Porter (2009), a partir do custo total, 
diferenciação e enfoque para avançar nas discussões sobre estratégia competitiva. 
A escolha de como a empresa vai competir é algo que depende dela, mas que 
a forma como ela vai competir será decisiva para sua permanência ou não no 
mercado. Portanto, a vantagem competitiva vai surgir a partir de uma diferenciação 
de mercado, ou seja, quando o consumidor diferenciar o produto daquela empresa 
de modo a dar-lhe uma espécie de poder único cuja concorrência não consegue 
ofertar em similaridade. Desta forma, determinada empresa se torna única no 
mercado e detém uma espécie de vantagem competitiva ante a concorrência. 
Ou seja, eles entendem que valor é aquilo que estão dispostos a pagar para ter 
determinado produto ou serviço, independentemente do custo fi nanceiro que foi 
gerado para ser feito.
Segundo Kotler e Keller (2012), sobre valor e satisfação, quem vai diferenciar 
é o consumidor. Para eles, o valor seria o conceito central do marketing. “É a 
relação entre a somatória dos benefícios tangíveis e intangíveis proporcionados 
pelo produto e a somatória dos custos fi nanceiros e emocionais envolvidos na 
23
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
aquisiçãodesse produto” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 9). Os autores consideram 
que se o desempenho não atinge as expectativas, ocorre a decepção por parte do 
cliente, porém quando o desempenho alcança as expectativas, ele fi ca satisfeito. 
Para se implementar uma estratégia de ação voltada a atender às 
demandas de uma empresa no mercado internacional é preciso ter em mente a 
importância da estratégia competitiva que impulsione com êxito na formulação e 
implementação de ações voltadas à criação de valor do produto. Segundo Hitt, 
Ireland e Hoskisson (2008, p. 4), essa estratégia deve ser pensada a partir de 
escolhas engajadas por compromissos e ações, integradas e coordenadas, tendo 
como princípio explorar competências e escolher vantagens competitivas. “É 
essencial para as empresas saberem explorar a vantagem competitiva, pois se 
traduz em sobrevivência nos mercados”. 
Eles chamam a atenção sobre o panorama competitivo do século XXI: 
as fontes convencionais da vantagem competitiva – economias de escala e 
investimentos maciços em publicidade – não são realizados como antes. Hitt, 
Ireland e Hoskisson (2008) observam que deve unir fl exibilidade, velocidade, 
integração e desafi os oriundos da globalização, ampliando as incertezas em 
virtude da competição em escala global. Contudo, neste momento, os autores 
chamam a atenção para a defi nição do conceito de economia global. “Aquela 
onde os bens, serviços, pessoas, habilidades e ideias transitam com liberdade 
entre fronteiras geográfi cas. A economia global tem poucas restrições artifi ciais 
(tarifas), expande e complica de forma substancial o entorno que compete a 
empresa” (HITT; IRELAND; HOSKISSON, 2008, p. 7).
No que diz respeito à Estratégia Competitiva, Hitt, Ireland e Hoskisson 
(2008, p. 28) apontam questões interessantes que impactam o condicionamento 
comercial que vivemos pós-globalização e, que por sua vez, terá consequências 
diretas na confi guração da logística global. A partir da estratégia competitiva, as 
empresas se reestruturam para alcançar novos mercados, buscando sempre a 
redução de custos, a qualidade nos serviços para atender aos anseios dos clientes. 
Dentro dessa linha, a logística global vem complementar as ações da estratégia 
competitiva ao promover adequações e auxiliar construtivamente no processo que 
vai ter como foco proporcionar à empresa sua presença nos mercados globais. 
“As empresas utilizam o processo de administração estratégica para alcançar a 
competitividade estratégica e obter rendimentos superiores à média”.
O quadro a seguir resume a Estratégia Competitiva e de que modo ela 
agrega valor e se mostra como um diferencial para as empresas que adotam essa 
ferramenta.
24
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
QUADRO 1 – ESTRATÉGIA COMPETITIVA
FONTE: Adaptado de Hitt, Ireland e Hoskisson (2008)
CASE: A ESTRATÉGIA DA AMAZON PARA SE DIFERENCIAR NO 
MERCADO
Um exemplo interessante para discutir e exemplifi car o uso da gestão 
estratégica global é a dinâmica atual de gestão de negócios da Amazon. 
A Amazon.com surgiu como uma modesta livraria virtual. Segundo Stone 
(2014, p. 11), ela ampliou seus negócios no fi nal dos anos 1990 comercializando 
música, fi lmes, eletrônicos e brinquedos e ousou se estabelecer “como o 
maior site de comércio eletrônico da internet e uma plataforma líder em que 
vendedores podem anunciar seus produtos”. A lista de produtos e serviços digitais 
disponibilizados pela Amazon a colocam como uma empresa que faz investimentos 
maciços em inovação e tecnologia: Amazon Web Services (infraestrutura de 
computação na nuvem), leitor eletrônico Kindle e o tablet Kindle Fire.
O site da Amazon é um banquete de opções que oferece 
livros, fi lmes, ferramentas de jardinagem, móveis, alimentos e, 
25
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
às vezes, peculiaridades como um chifre de unicórnio infl ável 
para gatos (9,50 dólares) e um cofre eletrônico de quase meia 
tonelada para guardar armas (903,53 dólares) disponível para 
entrega em três a cinco dias. A empresa está a um passo 
de alcançar a perfeição na arte da gratifi cação instantânea, 
entregando produtos digitais em segundos e suas versões 
físicas em poucos dias. [...] A Amazon lucrou 61 bilhões de 
dólares em vendas em 2012, seu 17º ano de operação, e 
provavelmente será a loja de varejo que ultrapassou mais 
rápido a casa dos 100 bilhões de dólares na história (STONE, 
2014, p. 11).
O interessante em abordar a Amazon é ter em mente que a empresa é 
um reconhecido case de sucesso que investiu pesado no comércio eletrônico 
e atualmente supera todas as expectativas. Investiu em negócios de risco e 
na atualidade acumula lucros. O investimento em alta tecnologia, sua principal 
característica, trouxe mudanças profundas para o mercado. A automação nas 
operações e a utilização de Centros de Distribuição, com uso de robôs para 
separação de pedidos, melhoria nos processos e controle são essenciais. 
Ela também utiliza a inovação como marca. Entre as inovações, a empresa 
realiza entregas via drones, entrega no mesmo dia e a entrega antecipada 
são exemplos das inovações que ela aplica no mercado e impacta na sua 
concorrência. A Amazon consegue inovar a logística se distanciando cada vez 
mais da concorrência aplicando processos que a colocam sempre de forma 
visionária no mercado. A estratégia adotada a coloca numa posição de destaque 
frente aos concorrentes a distância.
FIGURA 10 – AMAZON QUEBROU PARADIGMAS
FONTE: <https://www.amazon.com/>. Acesso em: 4 set. 2019.
26
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
Dados Econômicos
O lucro da Amazon, entre janeiro a março de 2018, foi de US$ 
1,6 bilhões, com alta de 125%, quando comparado com o mesmo 
período de 2017. A receita da empresa teve um incremento de 43% 
com o mesmo período do ano, passando para US$ 51 bilhões.
FONTE: <https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,lucro-da-amazon-
sobe-125-no-primeiro-trimestre-de-2018,70002285266>. Acesso em: 23 
ago. 2019.
3.2 A LOGÍSTICA NO BRASIL
O Brasil tem desenvolvido estratégias visando ampliar sua presença de 
mercado por meio do uso efi ciente da logística. Ele tem buscado se desenvolver 
em áreas estratégicas, realizando privatizações e diminuindo a presença do 
estado em áreas e setores ligados à logística. Até os anos 1990, a presença do 
setor público nesses segmentos era constante, mas isso não representava uma 
boa qualidade de serviço. Iniciou-se nos anos 1990 a era das privatizações e com 
elas mudanças drásticas ocorreram. 
Ocorreu a ampliação da presença de produtos brasileiros nas vitrines 
internacionais. Entretanto, sua participação está aquém da ideal. De acordo 
com a Fundação Dom Cabral (2017), a falta de infraestrutura logística afeta a 
competitividade da empresa brasileira. Segundo a entidade, as empresas 
gastaram em média 12,37% do que faturaram com custos logísticos entre 2015 a 
2017, perfazendo R$ 15,5 bilhões. 
Um difi cultor à integração é a própria geografi a dos países. Larrañaga 
(2016, p. 45) entende que essa singularidade dos países se mostra desafi ante na 
implementação completa da integração. Áreas costeiras, concentração de ilhas, 
áreas montanhosas, infl uências climáticas como regiões de neve ou seca, tudo 
isso deve ser levado em consideração por parte daqueles que operam com o 
segmento logístico. Ele entende que a logística global é impactada pela incerteza, 
“distância, demanda, diversidade, documentação, culturas, idiomas, moedas e 
legislações distintas”.
Nos países que compõem o bloco do Mercosul, por exemplo, segundo 
Larrañaga (2016), trata-se de uma geografi a complexa, de extensa área litorânea, 
27
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
baixa utilização da cabotagem como estratégia de transporte de cargas, baixo uso 
do transporte em rios, baixa ou quase nula integração ferroviária entre os países 
em razão das bitolas e trilhos serem distintos entre os países, e uso elevado do 
modal rodoviário.Larrañaga (2016, p. 49) também considera que a complexidade 
das operações fez as empresas se reestruturarem visando superar os desafi os. “O 
aumento do comércio internacional exige dos executivos de logística sensibilidade 
e perspectivas globais”.
Habilidades, em especial, as associadas às áreas de logística global, 
foram implementadas a exemplo do transporte internacional e operações 
estendidas à cadeia de suprimentos. Ele também aponta o revigoramento das 
empresas manifestado por meio da associação através de alianças estratégicas. 
A implementação de outsourcing (terceirização) e offshoring (relocação de 
processos produtivos em terceiros países), surge nos anos 1980 e trata-se da 
criação e implementação de zonas de livre comércio, aduanas e a inovação por 
meio do uso da tecnologia em serviços logísticos.
A ideia do outsourcing é tornar a empresa rentável, mais enxuta, favorecendo 
o controle de custos. Porém, como toda estratégia, ela também apresenta 
variantes que podem ser drásticas quando não bem conduzidas, a exemplo 
de gerar falta de compromisso e motivação por aqueles que não conhecem o 
negócio.
FIGURA 11 – TRANSPORTE
FONTE: <https://www.foodlogistics.com/technology/news/12288727/
conatiner-shipping-company-maersk-line-launches-cargo-
tracking-mobile-app>. Acesso em: 4 set. 2019.
28
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
4 A GESTÃO ESTRATÉGICA DA 
LOGÍSTICA DE EMPRESAS GLOBAIS
Pensar em logística tem que necessariamente pensar em estratégia. Planejar 
a melhor forma de se alcançar seus objetivos, seja para o mercado interno, 
quando falamos de transações dentro de um mesmo território, quanto fora dele, 
no caso envolvendo diretamente o comércio internacional. Neste último há uma 
série de ações a serem desmembradas. Ao planejar como irá adentrar em um 
novo mercado, cuja língua e legislação são diferentes do país de origem, além de 
fatores culturais, aduanas, transações fi nanceiras e aplicar toda uma estratégia 
diversa para se empreender neste novo eixo comercial, se faz necessário adotar 
ferramentas que sejam efi cazes de modo decisivo e auxiliadoras para mitigação 
de riscos.
Compete aos gestores se apropriarem de informações e dados que sirvam 
de subsídio ao planejamento estratégico. A pergunta inicial deve focar para onde 
se deve direcionar a estratégia competitiva a ser adotada. A partir desse enfoque 
são desenhados planos específi cos que atenderão à empresa em suas áreas 
afi ns, em especial, a logística. Essa estratégia se baseará nos pilares: baixo 
custo, melhor qualidade e redução de capital. 
Render e Heizer (2007) entendem ser a estratégia um plano de ação para 
que as empresas alcancem seus objetivos. Eles comentam que são reconhecidas 
as oportunidades e fortalezas, ameaças e debilidades. “Conceitualmente as 
empresas alcançam sua missão de três maneiras: diferenciação, liderança em 
custos e resposta rápida” (RENDER; HEIZER, 2007, p. 32). Em outras palavras, 
os autores consideram entrega de bens e serviços com qualidade no serviço, 
a baixo custo e melhor resposta e entendem que esses elementos acarretam 
vantagens competitivas. Cita-se como exemplos algumas empresas como a Dell, 
que busca dar resposta rápida e confi ável; a Nucor, que centra-se em valor e 
baixo custo; ou a Hunter Fan, que se distancia dos concorrentes pela qualidade.
Ainda no tocante à estratégia, é essencial a compreensão dos prazos para 
a boa execução dos processos logísticos. Ballou (2006) entende que os prazos 
advêm a partir da defi nição dessas estratégias. “O planejamento normalmente 
gira em torno de quatro áreas fundamentais: serviços ao cliente, localização, 
estoques e transporte. A rede de ligações nos serve como uma representação 
abstrata do problema do planejamento” (BALLOU, 2006, p. 67). Se faz necessário 
que o gestor tenha em consideração os custos dos transportes para qualquer 
negócio e a importância do gerenciamento do sistema logístico. Ballou (2006, 
p. 184) considera que eles “representam entre um e dois terços dos custos 
29
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
logísticos totais”. Ao se trabalhar com mercados externos, o peso dos transportes 
é essencial e exige inteligência estratégica em sua implementação. 
Os modais de transporte: aéreo, rodoviário, ferroviário, aquaviário, dutoviário 
e as combinações são analisados a partir do custo e do desempenho. Ballou 
(2006, p. 184) entende ser o transporte internacional uma área ao mesmo 
tempo em expansão e desafi adora. “Ainda bem que há um grande número de 
intermediários, agentes, despachantes aduaneiros e corretores preparado 
para assessorar o embarcador em relação aos meandros e complexidades da 
transferência internacional de produtos”.
Ao adotar o controle ante as atividades logísticas, se garante o cumprimento 
de objetivos e metas do plano logístico. É através do controle que as empresas 
conseguem mitigar problemas e evitar desvios. Por meio da implementação 
do controle, correções são feitas ao longo do processo produtivo. Render e 
Heizer (2007, p. 31) consideram alguns pontos que interferem nas escolhas das 
empresas ante a perspectiva de internacionalização: redução de custos – que 
podem ser por redução ou fl exibilidade de normas, salários menores. “O êxito 
econômico, e sem dúvida a sobrevivência, é resultado de identifi car missões para 
satisfazer às necessidades e gostos dos clientes.”
Render e Heizer (2007) percebem que harmonizar as diferenças talvez seja 
um dos maiores desafi os impostos à globalização e elencam problemas como 
corrupção, contratação de menores de idade, questões ambientais e o que se 
considera aceitável ou não dentro da diversidade das culturas dos países. 
Também apostam na participação da Organização Mundial do Comércio para 
promover a proteção do comércio ao redor do mundo, e consideram positiva a 
chamada mobilidade de capital, informação e bens. 
FIGURA 12 – ESTRATÉGIA
FONTE: <https://i0.wp.com/tavaresempreendimento.com/wp-content/
uploads/2019/06/saiba-como-usar-o-e-mail-marketing-na-estrategia-de-
conteudo-1.png?resize=768%2C403&ssl=1>. Acesso em: 4 set. 2019.
30
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
4.1 PRODUTIVIDADE
A produtividade é a essência das empresas e, quanto mais se implementar 
ferramentas que auxiliem na melhoria competitiva, maior será a lucratividade. 
Dentro dessa linha surge a necessidade das empresas se ajustarem às 
novas demandas globais e a terceirização de serviços, mais conhecido como 
outsourcing, se mostra uma ferramenta efi caz, a partir do viés da competitividade. 
Novaes (2015) lembra que, justamente entre os anos 1970 e 1980 do século 
passado, as economias globais passaram por drásticas transformações, inclusive 
com a participação de empresas asiáticas. “De um lado, observou-se um 
desenvolvimento acentuado da tecnologia da informação e de comunicação, com 
impactos pronunciados na gestão empresarial e no mercado fi nanceiro. De outro, 
se constata a crescente concorrência entre as empresas, que passou a se dar em 
nível global” (NOVAES, 2015, p. 276). 
Se de um lado havia queda na produtividade, do outro se entendia a 
necessidade de promover mudanças. Nessa época, surge o Planejamento dos 
Recursos da Produção – os MRP e MRPII – programas de qualidade de vida 
do trabalho, programas de excelência na produtividade, Sistema Integrado de 
Gestão Empresarial, ERP, robótica e automatização por meio da inserção de 
computadores no processo produtivo, sistema de Just-in-time, Kaizen ou melhora 
contínua, gerenciamento da qualidade total etc.
A inserção dessas ferramentas vem na onda dos efeitos das mudanças nos 
meios empresariais pós-efeitos da globalização. O Just-in-time, por exemplo, 
trabalha com estoque mínimo de matérias-primas. Com o uso deste sistema, o 
produto chega no momento exato e não existe estoque parado porque eles são 
vendidos à medida que são fabricados. O Kanban é um método de organização 
que envolve a marcação dos processos de produção por meio decartões 
sinalizando as etapas.
Entende-se que, para ser competitivo frente ao novo modelo que se impunha, 
a palavra gestão tinha que ser incorporada no meio corporativo colaborando para o 
bem-estar da empresa e dos colaboradores por meio de um sistema coordenado. 
A Tecnologia da Informação se faz cada vez mais presente, contribuindo com a 
melhoria dos processos e facilitando a troca de informações dentro do chamado 
EDI – intercâmbio eletrônico de dados e a Resposta Efi ciente ao Consumidor – 
ECR, proporcionando maior efi ciência na distribuição.
Novaes (2015, p. 279) entende que, ao passo que o mercado globalizado traz 
oportunidades, ele naturalmente proporciona competição entre as empresas e a 
terceirização dos serviços logísticos representa um meio para atingir os fi ns, que 
no caso seriam novos mercados a preços competitivos. “No Brasil, as empresas 
31
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
também terceirizam, visando principalmente reduzir custos, mas, por outro lado, 
querem melhorar o nível de serviço oferecido através das competências do 
prestador de serviços”.
A terceirização é um fenômeno que atinge a todos os mercados nos mais 
distintos espaços do mundo. No Brasil, por exemplo, as empresas recorrem ao 
outsourcing para ter ganho competitivo por meio da redução dos custos e da 
melhora do serviço. Novaes (2015) reporta que a utilização da tecnologia de 
comunicação e informação facilita a operação dos sistemas logísticos, porém 
exige investimentos em software e hardware. “Essas tecnologias permitem reduzir 
mais facilmente os custos logísticos e aumentar o nível dos serviços oferecidos, 
mas requerem altos investimentos e mão de obra treinada, o que pode constituir 
riscos para aqueles que começam a utilizá-la” (NOVAES, 2015, p. 279).
Exemplos:
Para compreender melhor o outsourcing e a infl uência da terceirização na 
economia moderna, citamos como exemplos os casos da Nike e da Reebok. A 
Nike é uma empresa americana especializada em calçados, criada em 1964, 
e pratica outsourcing em sua produção com inúmeros países, como China, 
Indonésia, Vietnam, Coreia do Sul, Taiwan e Filipinas. 
Nos anos 1970, a Nike inicia o outsourcing com a Coreia do Sul e desde 
então a estratégia tem se mostrado relevante em suas atividades. Segundo 
Novaes (2015), Nike e a Reebok abriram mão da produção, subcontratando 
empresas para a realização deste trabalho e fi xaram assistência à parte comercial 
dos produtos. 
FIGURA 13 – MELHORA COMPETITIVA
FONTE: <http://www.mundoeducacao.com/upload/conteudo/
Untitled-5(52).jpg>. Acesso em: 4 set. 2019.
32
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
Sugerimos a leitura Caso General Motors: Quão Brilhante é o 
Futuro? No Capítulo 1 – Administração Estratégica e Competitividade 
Estratégica, páginas 3-4 do livro de HITT, Michael A.; IRELAND, 
R. Duane. Administração Estratégica. 2. ed. São Paulo: Cengage 
Learning, 2011.
4.2 POSICIONAMENTO DO BRASIL 
JUNTO AOS GRANDES PLAYERS
O desempenho do Brasil junto a grandes players não tem sido dos 
melhores, apesar de haver ocorrido melhorias signifi cativas ao longo dos anos. 
Modernizações na infraestrutura, desburocratização de serviços e facilitações 
para o desempenho de atividades produtivas são questões que nos últimos anos 
ganharam a pauta das discussões de entidades empresariais. Muitas melhorias 
foram realizadas nos últimos anos, mas infelizmente estão aquém de atender às 
necessidades do país. A edição de 2019 do Doing Business, publicação do Banco 
Mundial sobre a facilidade em se fazer negócios em diferentes economias, mostra 
o Brasil na posição 109. Na edição anterior, o país ocupava a posição de número 
125.
A mensuração calcula tempo, etapas e custos para se abrir um negócio. 
Entre as principais melhorias encontradas nas edições de 2018 e 2019, cita-se 
a redução da burocracia, apesar de serem claras as ressalvas da necessidade 
de implementar melhorias contínuas neste quesito, além de promover ações 
mais assertivas para a logística, dentre outros pontos. As modernizações na 
infraestrutura continuam aparecendo como prioridade para melhorar a participação 
no comércio mundial e colocam o Brasil numa posição instável.
Entre os pontos positivos destacados no relatório, destaca-se o da 
desburocratização. Trata-se do novo sistema on-line de registro de empresas, 
licenciamento e notifi cações de emprego. Essas ações repercutiram na redução 
do tempo de registro de uma nova empresa para apenas 20 dias, quando antes 
levava 82 dias.
33
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
FIGURA 14 – COMPETITIVIDADE
FONTE: <https://www2.okentrega.com.br/wp-content/uploads/2019/06/O-que-
%C3%A9-competitividade-empresarial.jpg.webp>. Acesso em: 4 set. 2019.
4.3 MOVIMENTAÇÃO PORTUÁRIA
Um ponto que merece atenção envolve a dinâmica portuária e a necessidade 
de se promover melhorias contínuas visando eliminar gargalos. Segundo a 
Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ – os portos brasileiros 
registraram no ano de 2018 uma movimentação superior a 10 milhões de TEUs 
(Twenty-foot Equivalent Unit – um container marítimo de 20 pés de comprimento, 
por 8 de largura e 8 de altura) e representaram um crescimento de 7,22% em 
relação a 2017, quando foram movimentados 9,364 milhões de TEUs. Já o porto 
de Shangai, primeiro lugar mundial no ranking de movimentação no ano de 2018, 
movimentou 29,7 milhões de TEUs. O distanciamento apresenta as diferenças 
entre as duas economias – Brasil e China – no âmbito da competitividade global 
e econômica. 
Ainda no viés da competitividade, o país precisa se reestruturar para ser mais 
competitivo e atrativo a investimentos internacionais. Segundo a edição 2018-
2019 do Competitividade Brasil, estudo divulgado pela Confederação Nacional 
da Indústria, o Brasil no ranking de 18 países ocupa a 17ª posição. Na primeira 
colocação está a Coreia do Sul, seguida do Canadá e Austrália. O país precisa 
melhorar em indicadores como na disponibilidade e custo de capital, ambiente 
macroeconômico, educação, disponibilidade e custo da mão de obra.
O recente anúncio diz que o Brasil ocupa a posição 45 no ranking de 
crescimento mundial, índice elaborado pela Austin Rating. A Armênia fi cou com 
o primeiro lugar, seguida da China em segundo e Índia em terceiro. O Brasil está 
acima da Rússia (46) e Itália (47). No último trimestre do ano passado, o país 
ocupava a 40ª posição de uma pesquisa com 42 países. Segundo relatório do 
34
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
Fundo Monetário Internacional – FMI – se estima a baixa previsão de crescimento 
do PIB do Brasil, cuja expectativa é de menos de 2%, em razão de questões 
pertinentes a reformas. 
Os fatores levantados pelos estudos acima impactam o crescimento do país 
e a solução de apresentação de um cronograma de investimentos, uma vez que 
o principal eixo de desenvolvimento se dá em função da estabilidade econômica 
e da capacidade do governo em se organizar e dispor da melhor forma os 
investimentos em áreas que são importantes, a exemplo da infraestrutura.
FIGURA 15 – COMPETITIVIDADE
FONTE: <https://template63786.motopreview.com/mt-
demo/63700/63786/mt-content/uploads/2017/08/mt-0855-
home-gallery-bg-04.jpg>. Acesso em: 4 set. 2019.
Connecting to Compete 
O Banco Mundial desenvolve um estudo chamado Connecting 
to Compete, que versa sobre a competitividade entre os países e 
seus respectivos posicionamentos internacionalmente. Na edição 
2018, o Brasil aparece na posição número 56. A primeira posição é 
ocupada pela Alemanha. Holanda e Suécia aparecem em segundo e 
terceiro lugares. 
O Chile aparece na posição 40. Nas edições anteriores é 
possível acompanhar o desempenho do Brasil no ranking do estudo. 
Em 2007, ocupou a posição 61; em 2010, a de número 41; no ano de 
2012 foi a colocação 45; em 2014, chegou a 65 e, em 2016, foi 55. 
Por essa performance é possível acompanhar a economia brasileira 
35
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBALCapítulo 1 
e os impactos nos investimentos e retração de investimentos em 
infraestrutura logística.
Vamos testar o que aprendemos neste capítulo por meio de algumas 
questões sobre os temas trabalhados.
1) A logística é uma ferramenta estratégica para as empresas que 
buscam, por meio da competitividade, estarem presentes nos 
mercados. Sobre a logística, podemos concluir que:
a) ( ) O foco da logística está em atender às demandas dos clientes.
b) ( ) A logística procura que os gastos das empresas sejam além 
de suas capacidades.
c) ( ) A logística trabalha com o tripé: preço elevado, prazo e 
qualidade.
d) ( ) A logística exerce baixo impacto na vida das empresas e das 
pessoas.
2) Os impactos da globalização nas economias mundiais foram 
inigualáveis. Uma nova reestruturação precisou ser traçada 
para atender às novas demandas. A concorrência atingiu níveis 
inimagináveis até então. Sobre a globalização é correto afi rmar 
que:
a) ( ) A globalização impactou fortemente o Brasil mudando seu 
parque produtivo.
b) ( ) A globalização representa baixo impacto na competição entre 
os mercados.
c) ( ) A globalização exerceu baixa infl uência no setor portuário, 
que segue em desvantagem.
d) ( ) A globalização se deu no setor privado, uma vez que o setor 
público tem baixa atuação.
3) Para atingir os níveis de competitividade necessários e melhorar 
a lucratividade, as empresas precisam promover reajustes para 
se adequarem à demanda global. É correta a proposição:
a) ( ) MRP, ERP, Just-in-Time, Kanban, dentre outros são sistemas 
que auxiliam a melhora da competitividade.
36
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
b) ( ) Nos anos 1970 e 1980 as economias mundiais passaram por 
momentos tranquilos e de crescimento.
c) ( ) O Just-in-Time trabalha com estoques elevados de matérias-
primas para controle interno.
d) ( ) A tecnologia da informação teve baixa evolução com a 
globalização, pois exerce baixo impacto.
5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao fi nal do primeiro capítulo da disciplina Estratégia de Logística 
Global. Vimos a evolução da logística ao longo dos anos. De seu uso militar até a 
evolução do conceito a partir da integração logística nos anos 1970 e da gestão 
da cadeia de suprimentos, tendo o planejamento decisivo para mitigação de erros 
e o controle como fator fundamental. 
Conhecemos um pouco das grandes obras estruturantes e seus impactos 
para a humanidade. Vimos os megainvestimentos que os países realizaram, os 
quais possibilitaram melhorias competitivas e econômicas para suas nações. 
Encurtaram distâncias, favoreceram deslocamentos, minimizaram prazos de 
translado e geraram possibilidades reais no comércio internacional. O Canal do 
Panamá, por exemplo, consegue encurtar as distâncias e dinamizar a economia da 
região. Uma simples viagem que poderia levar 15 dias é realizada em apenas 10h. 
Isso representa economia de tempo, de combustível e de toda uma sistemização 
que termina por facilitar o comércio e favorecer o seu pleno desenvolvimento.
Ele não é o único. Apresentamos vários exemplos: o Canal de Suez, que 
dinamiza o tempo facilitando o deslocamento de mercadorias e pessoas na 
Ásia; o Eurotúnel conectando França e Inglaterra; o túnel São Gotardo, sendo 
um importante viés de interconexão entre Alemanha e Itália a partir do território 
suíço; e a Ponte de Oresund, ligando a Dinamarca à Suécia. Vimos um pouco da 
presença chinesa no mundo a partir da sua nova Rota da Seda com a estratégia 
de se contrapor a presença norte-americana e o chamado “soft power chinês”.
Todas essas grandes obras que impactam diretamente a circulação de 
bens, mercadorias e serviços, além do trânsito de pessoas facilitam transações 
de todas as espécies e marcam a diferença entre países desenvolvidos e em 
desenvolvimento pelo grau de investimentos que estão dispostos a fazer e a 
noção de que este tipo de investimento vai repercutir positivamente na qualidade 
de vida da população.
37
ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
O processo de globalização e a Tecnologia da Informação exercem muitos 
impactos sobre a logística. A Globalização gera transformações, a exemplo 
o aumento do comércio entre as nações, aumento do número de tratados 
internacionais, alteração na reengenharia das indústrias e enxugamento 
das estruturas físicas e de pessoal das corporações, proporcionando altos 
investimentos em logística com méritos de melhoria da competitividade. 
Se ajustar ao mundo competitivo rendeu esforços às empresas e a adoção de 
ferramentas, a exemplo do Planejamento dos Recursos da Produção, programas 
de qualidade de vida do trabalho, excelência na produtividade, Sistema Integrado 
de Gestão Empresarial, robótica e automatização, Just-in-time, Kaizen ou 
melhoria contínua, gerenciamento da qualidade total, dentre outros, impactando a 
produção e fi losofi a empresarial.
A Tecnologia da Informação assume um papel decisivo, contribuindo com 
a melhoria dos processos e facilitando o intercâmbio de informações dentro do 
chamado EDI/ ECR, proporcionando maior efi ciência na distribuição.
Ainda no tocante à questão relacionada à estratégia competitiva, vimos o 
outsourcing e o offshoring despontando como ferramentas de ajustes usados 
pelas empresas globais se alinharem às novas demandas do mercado para se 
reposicionarem frente à competitividade. Os casos da Nike, Reebok e Amazon 
foram apresentados no intuito de avançar em discussões propositivas sobre os 
temas. 
Vimos também como as empresas no Brasil acompanharam essas 
mudanças, bem como as necessidades que o país precisa para realizar 
mudanças internamente para melhorar sua competitividade por meio de 
indicadores internacionais que avaliam o desempenho dos países. Em tempo, é 
necessário compreender que excesso de burocracia e falta de modernização nas 
infraestruturas são impeditivos de crescimento de qualquer país. 
Para se manter competitiva e presente nos mercados é essencial 
correlacionar custo, tempo, qualidade e infraestrutura. E justamente nos relatórios 
de competitividade do Banco Mundial percebemos que os países que hoje 
apresentam melhor desempenho logístico são justamente aqueles que têm como 
foco prioritário em seus investimentos a infraestrutura e a facilitação comercial. 
Desta forma, além de suas economias, cresce também o desenvolvimento social 
da população, diminuindo os contrastes sociais tão expressivos em economias 
em desenvolvimento.
Esperamos que você tenha gostado do conteúdo que apresentamos neste 
primeiro capítulo, mas nossas descobertas sobre a logística global não terminam 
38
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
por aqui. No próximo capítulo, vamos descobrir juntos a importância da economia 
globalizada para as cadeias de abastecimento, a importância dos tratados 
internacionais para o fomento do comércio internacional e a Gestão da Cadeia de 
Suprimentos. 
Até lá!
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ESTRATÉGIA DE LOGÍSTICA GLOBAL Capítulo 1 
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 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
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CAPÍTULO 2
O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO 
NA ECONOMIA GLOBALIZADA
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• entender a infl uência dos blocos econômicos e dos acordos internacionais para 
o comércio mundial;
• analisar o papel das redes logísticas para atender às demandas dos mercados;
• perceber a importância do Supply Chain nas economias de mercado;
• conhecer os impactos da globalização e da competitividade nos mercados; 
• compreender a nova corporação estratégica para a competitividade dos 
negócios internacionais.
42
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
43
O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO NA ECONOMIA GLOBALIZADA Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
De que modo o comércio internacional é afetado pelos blocos comerciais? 
Como essa estratégia realizada no âmbito diplomático pode impactar no dia a 
dia das pessoas? De que modos as redes logísticas atuam para simplifi car e 
minimizar custos do produto desta sua fabricação até as mãos do consumidor 
fi nal? E por que o Supply Chain é tão requisitado na atualidade? Essas e outras 
perguntas serão respondidas nas próximas páginas deste livro, que apresentará 
a você de que modo a logística pode ser uma ferramenta excelente e efi caz para 
dinamizar as atividades empresariais entre países. A globalização foi responsável 
pelo acirramento da competição entre os mercados. Uma verdadeira competição 
se intensifi cou com o surgimento de produtos de ciclos de vida curtos ao passo 
que o grau de exigência dos clientes se torna bastante elevada. Intensifi ca a isso 
os processos tecnológicos, em especial a tecnologia da informação, infl uenciando 
a logística, a exemplo do Customer Relationship Mangement, CRM, no qual 
prioriza o cliente em suas ações buscando potencializar as vendas. São exemplos 
o Agendor, Plug, Salesforce, dentre outras plataformas. 
O Eletronic Data Interchange – EDI – é um intercâmbio eletrônico de 
dados, automatizando as comunicações relacionadas à gestão da cadeia de 
abastecimento. Ele permite recebimento de pedidos de forma automática, redução 
do tempo dos processos, proporciona maior confi abilidade nas informações, 
dentre outros. O Warehouse Management System – WMS – é uma ferramenta que 
vai atuar nas rotinas de estocagem e expedição de forma estratégica. Ele surge 
para proporcionar melhorias nos processos do centro de distribuição e/ou da parte 
de armazenagem. A ferramenta favorece com a redução de custos e melhoria nas 
operações por otimizar o fl uxo das mercadorias – atividades operacionais – às 
atividades administrativas – fl uxo de informações. O WMS é aplicado diretamente 
na cadeia de suprimentos (Supply Chain Management).
O Enterprise Resource Planning – ERP – é um software utilizado para 
consolidar as áreas e setores da empresa por meio de um sistema simples. Ele 
favorece o controle de processos, uma vez que automatiza as rotinas, reduz erros, 
estoque, pessoal, mas por outro lado aumenta a lucratividade. Outra ferramenta 
é o Transportation Management Systems – TMS – que vai atuar diretamente 
no controle do sistema de gerenciamento de transporte, uma vez que permite o 
controle da operação e gestão do transporte.
Diante do exposto, compreendemos que a inovação nos processos por meio 
do uso de tecnologias, cada dia mais avançadas, gera não apenas a necessidade 
constante das empresas em realizarem investimentos para se manterem 
competitivas, mas também servem para aumentar a lucratividade por meio das 
44
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
realizações que podem oferecer. Neste ponto, entramos em discussão sobre a 
importância da cadeia de suprimentos. 
Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010) entendem que, na cadeia de 
suprimentos tradicional, os insumos são adquiridos para que sua transformação se 
desenvolva nas fábricas, a partir de então são transportados e armazenados até 
sua destinação seja no atacado ou no varejo até os clientes fi nais. Eles entendem 
que, para a redução de custos e melhoria da qualidade dos serviços, se faz 
necessário observar as interações em todos os níveis que ela se realiza. “A cadeia 
de suprimentos, também chamada de rede logística, consiste em fornecedores, 
centros de produção, depósitos, centros de distribuição, varejistas, além das 
matérias-primas, estoques de produtos em processo e produtos acabados que se 
deslocam entre as instalações” (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010, 
p. 33).
Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010) retomam as questões sobre as 
difi culdades na gestão da cadeia de suprimentos. Eles citam os riscos pertinentes 
à terceirização, offshore e à produção enxuta, direcionadas a promover a 
redução dos custos, que terminam por elevar os riscos. “As cadeias precisam 
ser projetadas e administradas para eliminar o máximo possível em termos de 
incerteza e risco, além de lidar de forma efi ciente com as incertezas e riscos 
remanescentes”(SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010, p. 34-35).
Uma outra situação pertinente ao comércio internacional envolve os blocos 
econômicos. Os blocos são acordos entre os governos que têm como objetivo 
assegurar benefícios econômicos aos associados. Entre os blocos mais 
conhecidos estão a União Europeia, Mercosul, Aliança do Pacífi co, dentre outros.
Um terceiro aspecto de igual relevância diz respeito às redes logísticas e 
às operações globais. Em razão do acirramento da competição nos mercados, 
as empresas perceberam a importância do compartilhamento de economias 
e competências em temas de grande relevância como tecnologia, inovação e 
qualidade, principalmente tomando como premissa a efi ciência logística. Nessa 
linha há uma nova reconfi guração das relações empresariais a partir de alianças 
estratégicas. E barreiras em terceiros mercados são desfeitas por conta das 
alianças e das terceirizações nos países-chave. Ainda sobre a terceirização 
(outsourcing), ela é vista como forma de oportunizar os sistemas logísticos, sendo 
essencial por fazer a interface entre a empresa e parceiros ou clientes. 
45
O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO NA ECONOMIA GLOBALIZADA Capítulo 2 
FIGURA 1 – COMÉRCIO INTERNACIONAL
FONTE: <https://s3.amazonaws.com/bucket-gw-cni-static-
cms-si/portaldaindustria/noticias/media/imagem_plugin/
shutterstock_Xo1BL99.jpg>. Acesso em: 3 out. 2019.
2 A PARTICIPAÇÃO DOS BLOCOS 
COMERCIAIS NO COMÉRCIO 
INTERNACIONAL
Como é possível analisar a economia dos países a partir do comércio 
internacional? De que modo os blocos econômicos impactam as balanças 
comerciais dos países participantes? Essas perguntas mostram o quão relevante 
é o tema. A criação dos blocos comerciais ou econômicos surgiu após um 
somatório de fatores. Inicialmente envolviam a perspectiva de, por meio do 
comércio, a manutenção da paz no contexto de fi m da Segunda Guerra Mundial. 
Mais tarde, no contexto Pós-Guerra Fria, os acordos econômicos e os blocos 
comerciais ganham espaço na nova confi guração econômica mundial que começa 
a surgir. Sarfati (2005) faz alusão às duas últimas décadas do século XX, a um 
“canteiro de obras” em que de um lado surtia o fi nal da Guerra Fria, que marcou 
consideravelmente o século pós-segunda guerra, e do outro a nova confi guração 
político-econômica que se avizinhava, chamada de nova ordem internacional. “O 
mundo passou [...] por uma conjuntura histórica de transformação, separando a 
bipolaridade estrita do pós-guerra de uma nova situação econômica e política 
caracterizada por múltiplas polaridades” (SARFATI, 2005, p. 253).
Sombra (2008) ressalta que entre os anos 1960 a 1970 do século XX, 
teve início a construção de uma nova ordem econômica com a independência 
dos países afro-asiáticos. Entretanto, ele sinaliza que nos anos 1990, daquele 
mesmo século e início do século XXI, surge a China como nova superpotência, 
46
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
e cita, em especial, os efeitos pós 11 de setembro. Ele chama a atenção para as 
motivações atuais dos confl itos em virtude da escassez de recursos naturais. Para 
Sombra (2008, p. 247), “a nova ordem, auscultando as frustrações do acumulado 
experimento histórico descrito na obra, instauraria a verdadeira modernidade, 
aquela derivada das identidades de povos e nações, das suas culturas, expressa 
em um projeto de participação soberana de todos”. 
Sombra (2008) verifi ca que o chamado “fi m da geografi a”, no século XXI, 
possibilitou a unifi cação dos mercados globais com o desaparecimento das 
fronteiras políticas. Ele aponta situações essenciais, como a crise e obsolescência 
do socialismo; reafi rmação da economia de mercado, como essência à nova 
ordem internacional e surgimento de novas questões, como os relacionados 
ao meio ambiente, direitos humanos, saúde, informação, terrorismo; revolução 
tecnológica em áreas de informática, telecomunicações e biotecnologia. 
A integração econômica mundial — conceitualmente 
identifi cada com o fenômeno da globalização — experimentou 
um enorme impacto a partir do processo de transição do 
socialismo ao capitalismo que esses países atravessaram no 
período: ela se traduziu, simplesmente, pela agregação de 
cerca de 10% adicionais ao produto bruto mundial, enquanto 
aproximadamente 30% da população total do planeta passava 
a ser incorporada aos circuitos já formalizados da divisão 
internacional do trabalho, contribuindo para a expansão 
do comércio e a utilização mais intensa das vantagens 
comparativas inerentes a uma tal diversidade de países 
(SOMBRA, 2008, p. 258-259).
Magnoli (2013) faz referência à Rodada do Uruguai do Gatt de 1986. Ele 
menciona a abertura da Rodada, em 1986, com prazo de encerramento de 1990. 
Na ocasião, a divergência era no setor agro. 
Em novembro de 1992, o chamado Acordo de Blair House 
entre os Estados Unidos e a União Europeia permitiu um 
compromisso relacionado à agricultura, desobstruindo o 
caminho para a conclusão das negociações. O Acordo 
de Marrakesh foi assinado apenas em abril de 1994. 
Com ele nasceu a OMC (MAGNOLI, 2013, p. 351).
Organização Mundial do Comércio
 Em 1º de janeiro de 1995 surgiu a Organização Mundial 
do Comércio, OMC, e diferente do Acordo Geral sobre Tarifas e 
Comércio, GATT, que se restringia ao comércio de mercadorias, a 
47
O PAPEL DAS CADEIAS DE ABASTECIMENTO NA ECONOMIA GLOBALIZADA Capítulo 2 
OMC incluía o comércio de serviços e propriedade intelectual e 
envolvia a solução de controvérsias. Entre 1948 a 1994, quando da 
vigência do GATT, ele oportunizou as regras para o comércio mundial. 
Em 1948, em Havana, na Rodada de Cuba constava a criação do 
GATT. A ideia inicial era de criação de uma organização Internacional 
do Comércio, porém não foi adiante em razão da não participação 
dos EUA. Assim surgiu o GATT, que ajudou o estabelecimento de um 
sistema de comércio multilateral fortalecido. 
Entre as razões que geraram a deterioração do GATT, sua 
baixa infl uência para conseguir uma maior redução tarifária para o 
comércio entre os países-membros e as recessões dos anos 1970 e 
1980 que levaram a medidas protecionistas e, a Europa em especial, 
a adoção de subsídios agrícolas, afetando a credibilidade do GATT. 
O insucesso também foi fundamentado nas mudanças econômicas 
ocasionadas pela globalização, a exemplo do comércio de serviços. 
Em 1986, na Rodada do Uruguai foi levado o tema de criação da 
OMC com ampliação das negociações comerciais com redução de 
tarifas, dentre outros temas relevantes. Atualmente, a OMC tem 164 
países-membros que juntos somam 98% do comércio internacional. 
O órgão decisório mais elevado da OMC é a Conferência Ministerial 
e se reúne a cada dois anos. A primeira ocorreu em 1996, em 
Singapura, e a última em 2017, em Buenos Aires. Eric Wyndham 
White foi o primeiro diretor-geral do GATT que fi cou no período de 
1948 a 1968. O atual a dirigir a OMC é Roberto Azevedo.
A OMC é reconhecida como um tribunal, com poderes para 
solução de controvérsias entre os países associados. Quando 
comparado com o FMI e o Banco Mundial, sua operação é em pé de 
igualdade, e para que um país faça parte da OMC é necessário que 
ele aceite todos os compromissos.
Para mais informações, acesse o site: https://www.wto.org/.
Para Sombra (2008), a globalização está ligada ao processo de 
regionalização. Ele considera que os países se unem por razões distintas e 
aponta questões econômicas, políticas, ideológicas, por razões de segurança, 
de afi nidades culturais, de vizinhança, de proteção contra coerções de potências 
mais avançadas ou coerções de escala planetária. O autor cita a União Europeia 
48
 ESTrATÉGiA DE LoGÍSTiCA GLoBAL
(UE), cujo processo de integração foi iniciado nos anos 1950 e faz referência aos 
anos 1980 e 1990, quando houve a expansão da regionalização. 
Nos anos 1980 e 1990, a tendência para a regionalização 
acentuou-se [...] os mais conhecidos são a UE, a Cooperação 
Econômica

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