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– Sentidos Químicos: Gustação SABORES BÁSICOS: 1. salgado 2. azedo (ácido) 3. doce 4. amargo 5. umami “delicioso”, definido pelo gosto saboroso do aminoácido glutamato; glutamato monossódico (GMS) Cada alimento ativa uma diferente combinação de sabores básicos ajudando-o a torná-lo único. Para distinguir o sabor único de um alimento, nosso cérebro combina informações sensoriais acerca de seu sabor, aroma e tato. ÓRGÃOS DA GUSTAÇÃO: A boca, palato, faringe e a epiglote estão envolvidas na experiência gustativa. Os aromas do alimentos que consumimos também passam pela faringe rumo à cavidade nasal, onde podem ser detectados pelos receptores olfatórios. Espalhadas sobre a superfície da língua, estão pequenas projeções, denominadas de PAPILAS, que podem ter formas de: 1. Cristas = Foliadas 2. Espinhas = Valadas 3. Cogumelos = Fungiformes Cada papila tem um a várias centenas de BOTÕES GUSTATÓRIOS, visíveis apenas ao microscópio. Cada botão tem de 50 a 150 CÉLULAS RECEPTORAS GUSTATÓRIAS, arranjadas como os gomos de uma laranja. As células gustatórias compreendem apenas 1% do epitélio da língua. Os botões gustatórios possuem ainda células basais que envolvem as células gustatórias, e mais um conjunto de axônios aferentes gustatórias. Uma pessoa normalmente possui de 2 mil a 5 mil papilas gustatórias, embora em casos excepcionais possa apresentar bem menos, em torno de 500, ou muito mais, na ordem de 20 mil. Concentrações muito baixas não serão percebidas, mas em uma concentração crítica, o estímulo evocará a percepção de sabor; esta é o limiar de concentração. – Em concentrações imediatamente acima do limiar, a maioria das papilas tende a ser sensível a apenas um sabor básico: há papilas sensíveis ao azedo (ácido) e papilas sensíveis ao doce, por exemplo. Entretanto, quando as concentrações dos estímulos gustatórios aumentam, a maioria das papilas torna-se menos seletiva. LOGO: Cada papila tem vários tipos de células receptoras gustatórias e cada tipo de receptor é especializado para uma categoria diferente de sabor. CÉLULAS RECEPTORAS GUSTATÓRIAS A parte quimicamente sensível de uma célula receptora é a sua pequena região de membrana, chamada de extremidade apical, próxima da superfície da língua. As extremidades apicais têm extensões finas, chamadas de microvilosidades, que se projetam para o PORO GUSTATÓRIO, uma pequena abertura na superfície da língua, onde a célula gustatória é exposta ao conteúdo da boca. De acordo com critérios histológicos padrão, as células receptoras gustatórias não são neurônios. Entretanto, elas fazem sinapses com os terminais axonais gustatórios aferentes, na base dos botões gustatórios. As células receptoras gustatórias também estabelecem sinapses químicas e elétricas com algumas células basais; algumas células basais fazem sinapses com axônios sensoriais, e estes podem formar um circuito simples de processamento de informação dentro de cada botão gustatório. As células do botão gustatório sofrem um constante ciclo de crescimento, morte e regeneração; a vida média de uma célula gustatória é de cerca de 2 semanas. Esse processo depende da influência do nervo sensorial, uma vez que, se o nervo for cortado, o botão gustatório degenera. Quando um composto químico apropriado ativa uma célula receptora gustatória, seu potencial de membrana se altera, geralmente por despolarização. Essa mudança na voltagem é denominada potencial do receptor. Se o potencial do receptor é despolarizante e suficientemente grande, alguns receptores gustatórios, assim como os neurônios, podem disparar potenciais de ação. De qualquer modo, a despolarização da membrana do receptor promove a abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem; o íon Ca2+ entra no citoplasma e desencadeia a liberação do transmissor. Essa é a transmissão sináptica básica, de um receptor gustatório para um axônio sensorial. O transmissor liberado depende do tipo de célula receptora gustatória. As células gustatórias para os estímulos azedo (ácido) e salgado liberam serotonina em axônios gustatórios, ao passo que as células para os estímulos doce, amargo e umami liberam trifosfato de adenosina (ATP) como transmissor primário. Em ambos os casos, o transmissor do receptor gustatório excita o axônio sensorial pós- sináptico, que dispara potenciais de ação comunicando o sinal gustatório para o tronco encefálico. As células gustatórias também podem usar outros transmissores, incluindo acetilcolina, GABA e glutamato, mas suas funções ainda são desconhecidas. – Cada axônio gustatório é influenciado por vários dos sabores básicos, mas cada um apresenta uma clara preferência. MECANISMOS DE TRANSDUÇÃO GUSTATÓRIA: É o processo pelo qual um estímulo ambiental causa uma resposta elétrica em uma célula receptora sensorial. A natureza do mecanismo de transdução determina a sensibilidade específica de um sistema sensorial. Alguns sistemas sensoriais possuem um único tipo básico de célula receptora que utiliza um mecanismo de transdução (p. ex., o sistema auditivo). Entretanto, a transdução gustatória envolve diversos processos diferentes, e cada sabor básico pode usar um ou mais desses mecanismos. Os estímulos gustatórios podem: (1) passar diretamente através de canais iônicos (salgado e ácido); (2) ligar-se a e bloquear canais iônicos (ácido) (3) ligar-se a receptores de membrana acoplados a proteínas G, que ativam sistemas de segundos mensageiros, que, por sua vez, abrem canais iônicos (doce, amargo e umami). - SABOR SALGADO: O protótipo da substância química salgada é o sal de mesa (NaCl). O sal é considerado incomum, pois concentrações relativamente baixas (10-150 mM) têm sabor agradável, ao passo que as concentrações mais elevadas tendem a ser desagradáveis e repulsivas. O sabor do sal é principalmente o sabor do cátion Na+, porém os receptores gustatórios usam mecanismos muito diferentes para detectar concentrações baixas e altas desse íon. Para detectar baixas concentrações, as células gustatórias sensíveis ao sal utilizam um canal especial seletivo ao Na+ que é comum em outras células epiteliais e que é bloqueado pelo composto amilorida. O canal gustatório não é sensível à voltagem e geralmente permanece aberto. Ao comer um alimento salgado, a concentração de Na+ do lado de fora da célula receptora aumenta, e o gradiente de Na+ através da membrana fica mais agudo. O Na+, então, difunde a favor do gradiente, isto é, para dentro da célula, e a corrente de entrada induz a despolarização da membrana. Essa despolarização – o potencial de receptor –, por sua vez, causa a abertura dos canais de sódio e cálcio – dependentes de voltagem, próximos das vesículas sinápticas, desencadeando a liberação do neurotransmissor sobre o axônio gustatório aferente. Os ânions dos sais afetam o sabor dos cátions. Por exemplo, o NaCl aparenta ser mais salgado do que o acetato de Na+, aparentemente porque o maior ânion, o acetato, inibe o sabor salgado do cátion. - SABOR AZEDO (ÁCIDO): Um alimento tem sabor azedo devido a sua alta acidez (i.e., baixo pH). Os ácidos, como HCl, dissolvem-se em agua e originam íons hidrogênio (prótons ou H+). Portanto, os prótons são os agentes causadores da sensação de acidez e do azedume. Os prótons podem afetar receptores sensíveis gustatórios de várias maneiras, podendo ser a partir de dentro ou de fora da célula gustatória, embora esses processos ainda sejam pouco compreendidos E provável que o H+ possa se ligar a e bloquear canais especiais seletivos ao K+. Quando a permeabilidade da membrana ao K+ e diminuida, ocorre despolarização. O H+ pode também ativar ou abrir um tipo especial de canal iônico da superfamília dos canais de potenciais de receptores transitórios (TRP), que são comuns em muitos tipos de células receptoras sensoriais. A corrente catiônica por meio de canais RPT também pode despolarizar células receptoras ao sabor azedo. O pH pode alterar praticamente todos os processos celulares, podendo existir ainda outros mecanismos de transdução para o sabor azedo. É possível que um conjunto de efeitos possa evocar o sabor azedo. – - SABOR AMARGO: Os processos de transdução subjacentes aos sabores amargo, Doce e umami contam com duas famílias de proteínas receptoras gustatórias relacionadas, chamadas de T1R e de T2R. Os vários subtipos de T1R e T2R são todos receptores gustatórios associados a proteínas G, muito semelhantes aos receptores para neurotransmissores associados a proteína G. As substâncias amargas são detectadas pelos cerca de 25 tipos diferentes de receptores T2R existentes em seres humanos. Os receptores para o estímulo amargo são detectores de venenos, e como temos muitos tipos desses receptores, podemos detectar uma grande variedade de substancias venenosas diferentes. Os receptores para o estímulo amargo usam uma via de segundos mensageiros para transferir o sinal ao axônio aferente gustatório. Na verdade, os receptores para os estímulos doce, umami e amargo parecem usar a mesma via de segundos mensageiros para enviar seus sinais para os axônios aferentes. Quando uma molécula estimulante de sabor se liga a um receptor para estimulo amargo (ou doce ou umami), ela ativa as proteínas G respectivas, as quais estimulam a enzima fosfolipase C, aumentando, assim, a produção do mensageiro intracelular trifosfato de inositol (IP3). As vias estimuladas por IP3 são sistemas de sinalização ubiquos pelas celulas do corpo. Em células gustatórias, o IP3 ativa um tipo especial de canal iônico que é único das células gustatórias, promovendo a abertura do canal, permitindo a entrada de Na+ com subsequente despolarização celular. O IP3 também provoca a liberação de Ca2+ dos locais de armazenamento intracelulares. Esse aumento de Ca2+, por sua vez, desencadeia a liberação de neurotransmissores de uma maneira incomum. As células gustatórias para amargo, doce e umami não apresentam vesículas pré- sinápticas contendo transmissores convencionais. Em vez disso, o aumento de Ca2+ intracelular ativa um canal de membrana especial que permite que o ATP saia da célula. O ATP atua como um transmissor sináptico e ativa receptores purinérgicos em axônios gustatórios pós- sinápticos. – - SABOR DOCE: Existem muitos estímulos doces diferentes, alguns naturais e outros artificiais. De modo surpreendente, todos parecem ser detectados pela mesma proteína receptora gustatória. Os receptores para sabor doce assemelham-se aos receptores para sabor amargo, pois eles são todos dímeros de receptores acoplados a proteínas G. Um receptor funcional para o estímulo doce requer dois membros muito particulares da família de receptores T1R: T1R2 e T1R3. Se algum desses dois membros estiver ausente ou tiver sofrido uma mutação, um animal pode não perceber o estímulo doce. Os produtos químicos que se ligam ao receptor de T1R2 + T1R3 (i.e., o receptor para o estímulo doce) ativam exatamente o mesmo sistema de segundo mensageiro que os receptores para o sabor amargo. As células gustatórias para ambos os sabores, por sua vez, conectam-se a axônios gustatórios diferentes. A atividade de diferentes axônios gustatórios reflete a sensibilidade química das células gustatórias que os estimulam, de modo que as mensagens relacionadas aos estímulos doce e amargo são entregues ao sistema nervoso central (SNC) ao longo de diferentes linhas de transmissão. - UMAMI (AMINOÁCIDOS): O processo de transdução para o umami é idêntico ao que ocorre para o estímulo doce, com uma exceção. O receptor para o estímulo umami, assim como o receptor para o estímulo doce, e composto por dois membros da família de proteínas T1R, porém, neste caso, e T1R1 + T1R3. Ambos os receptores, para os estímulos umami e doce, utilizam a proteína T1R3, portanto, e a outra proteína T1R que determina se o receptor e sensível a aminoácidos ou ao estímulo doce. Considerando-se a similaridade entre o receptor para o estímulo umami e os receptores para os estímulos doce e amargo, todos os três usem exatamente a mesma via de segundos mensageiros. Então, por que nós não confundimos o sabor dos aminoácidos com o de compostos químicos que estimulam os sabores doce e amargo? Relembrando, as células gustatórias expressam seletivamente apenas uma classe de proteína receptora gustatória. Existem células gustatórias especificas para o estímulo umami, como há células especificas para o estímulo doce e para o amargo. Os axônios gustatórios que elas estimulam, por sua vez, enviam mensagens ao encéfalo, correspondentes aos estímulos umami, doce ou amargo. VIAS CENTRAIS DA GUSTAÇÃO O principal fluxo da informação gustatória segue dos botões gustatórios para os axônios gustatórios primários, e daí para o tronco encefálico, depois subindo ao tálamo e, finalmente, chegando ao córtex cerebral. Três nervos cranianos contém os axônios gustatórios primários e levam a informação – gustatória ao encéfalo. Os dois terços anteriores da língua e do palato enviam axônios para um ramo do nervo craniano VII, o nervo facial. O terço posterior da língua e inervado por um ramo do nervo craniano IX ou nervo glossofaríngeo. As regiões ao redor do pescoço, incluindo a glote, a epiglote e a faringe, enviam axônios gustatórios para um ramo do nervo craniano X, o nervo vago. Esses nervos estão envolvidos em uma variedade de outras funções motoras e sensoriais, porém todos os seus axônios gustatórios entram no tronco encefálico, reúnem-se em um feixe, e estabelecem sinapses dentro do núcleo gustatório delgado, que é parte do núcleo do trato solitário no bulbo. As vias gustatórias divergem a partir do núcleo gustatório. A experiencia consciente do gosto e presumivelmente mediada pelo córtex cerebral. O caminho para o neocortex via tálamo e uma via comum para a informação sensorial. Os neurônios do núcleo gustatório fazem sinapses com um subgrupo de pequenos neurônios do núcleo ventral posteromedial (núcleo VPM), uma porção do tálamo que lida com a informação sensorial proveniente da cabeça. Os neurônios gustatórios do núcleo VPM enviam axônios ao córtex gustatório primário (localizado na área 36 de Brodmann e nas regiões insuloperculares do córtex). As vias gustatorias direcionadas para o tálamo e o córtex são primariamente ipsilaterais aos nervos cranianos que as suprem. Lesões no núcleo VPM do tálamo ou no córtex gustatório, como resultado de um acidente vascular encefálico, por exemplo, podem causar ageusia, a perda da percepção gustatória. A gustação e importante para os comportamentos básicos, como o controle da alimentação e da digestão, os quais envolvem vias gustatórias adicionais. As células do núcleo gustatório projetam-se para uma variedade de regiões do tronco encefálico, principalmente no bulbo, envolvidas na deglutição, na salivação, no refluxo, no vomito e nas funções fisiológicas básicas, como a digestão e a respiração. Além disso, a informação gustatória é distribuída para o hipotálamo e regiões relacionadas do telencéfalo basal. Essas estruturas parecem estar envolvidas na palatabilidade dos alimentos e na motivação para comer. Lesões localizadas, no hipotálamo ou na amigdala, um núcleo na base do telencéfalo, podem levar um animal a um estado de voracidade crônica, ao desinteresse pelos alimentos ou a alteração de suas preferencias alimentares. – REFERÊNCIAS: NEUROCIÊNCIAS - BEAR