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BIOQUÍMICA CLÍNICA DOS EXAMES LABORATORIAIS DA FUNÇÃO HEPÁTICA E PANCREÁTICA ENZIMAS HEPÁTICAS As enzimas hepáticas incluem (1) alanina aminotransferase (ALT), (2) aspartato aminotransferase (AST), (3) γ- glutamiltransferase, (4) fosfatase alcalina e (5) 5´-nucleotidase (NTP). Clinicamente, as alterações mais comuns na atividade de enzimas hepáticas são (1) doença hepatocelular (atividades elevadas de aminotransaminase) e (2) colestase (atividades elevadas de fosfatase alcalina, 5’-nucleotidade e γ-glutamiltransferase) Os testes laboratoriais responsáveis pela avaliação hepática podem ser categorizados como: indicadores da integridade celular (aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, fosfatase alcalina, e gama- GT) e os indicadores de função hepática (fatores de coagulação, bilirrubinas e albumina sérica). Vale lembrar que, isoladamente, esses exames possuem baixa especificidade, sendo necessário que a interpretação seja feita analisando também, o contexto clínico do paciente. AMINOTRANSFERASES As aminotransferases constituem um grupo de enzimas que catalisa a interconversão de aminoácidos a 2-oxo-ácidos pela transferência de grupos amino. A aspartato aminotransferase (AST) (EC 2.6.1.1; 1-aspartato:2-oxoglutarato aminotransferase) e a alanina aminotransferase (ALT) (EC 2.6.1.2; l-alanina:2-oxoglutarato aminotransferase) são exemplos de aminotransferases de interesse clínico. A dupla 2-oxoglutarato/l-glutamato serve como um par doador em todas as reações de transferência de grupo amino. A especificidade de cada enzima advém do aminoácido específico que serve como o outro doador de um grupo amino. Assim, a aspartato aminotransferase catalisa a seguinte reação: As reações são reversíveis, mas o equilíbrio das reações da aspartato aminotransferase e da alanina aminotransferase favorece a formação de aspartato e alanina, respectivamente. O piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P) e seu análogo amino, piridoxamina-5´-fosfato, funcionam como coenzimas nas reações de aminotransferência. O piridoxal-5´-fosfato (P- 5´-P) é ligado à apoenzima e serve como um grupo prostético verdadeiro. O piridoxal-5´- fosfato (P-5´-P) ligado à apoenzima aceita o grupo amino do primeiro substrato – aspartato ou alanina – e forma a piridoxamina-5´-fosfato e o primeiro produto da reação, oxaloacetato ou piruvato, respectivamente. A coenzima, na forma amino, então, transfere seu grupo amino ao segundo substrato, 2-oxoglutarato, para formar um segundo produto, o glutamato. E ai o piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P) é, dessa maneira, regenerado Tanto as apoenzimas deficientes em coenzimas quanto as holoenzimas podem estar presentes no soro. Então, a adição de piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P), em condições que permitam a recombinação com as enzimas, usualmente, produzem aumento na atividade de aminotransferase. De acordo com o princípio de que todos os fatores que afetam a taxa da reação devem ser otimizados e controlados, a adição de piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P) em métodos de aminotransferase assegura a dosagem de toda a atividade enzimática. BIOQUÍMICA As aminotransferases estão amplamente distribuídas pelo corpo. A aspartato aminotransferase é encontrada principalmente (1) no coração, (2) no fígado, (3) músculo esquelético e (4) no rim, enquanto a alanina aminotransferase é encontrada principalmente no fígado e no rim, em menores quantidades no coração e no músculo esquelético (Tabela 19-3). A alanina aminotransferase é exclusivamente citoplasmática; mas, formas mitocondriais e citoplasmáticas de aspartato aminotransferase são encontradas nas células. Essas são isoenzimas geneticamente distintas, com estrutura dimérica composta de duas cadeias polipeptídicas idênticas, de aproximadamente 400 resíduos de aminoácidos. RELEVÂNCIA CLÍNICA As causas mais importantes do aumento da atividade de aminotransaminase no soro são as doenças hepáticas. Na maior parte dos tipos de doença hepática, a atividade de alanina aminotransferase é maior do que a atividade de aspartato aminotransferase. Exceções podem ser encontradas em (1) hepatite alcoólica, (2) cirrose e (3) neoplasia hepática. Na hepatite viral e em outras formas de doenças do fígado associadas à necrose hepática aguda, as atividades séricas de aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase estão elevadas mesmo antes que sinais clínicos e sintomas da doença (como icterícia) apareçam. A atividades de ambas as enzimas podem chegar a valores tão altos quanto 100 vezes o limite superior de referência (URL), mesmo que elevações de 10 a 40 vezes serem mais frequentemente encontradas. O limiar mais eficiente da aminotransferase para diagnosticar doença hepática aguda está em sete vezes o limite superior de referência (URL) (sensibilidade clínica e especificidade > 95%). Os valores máximos de atividade de aminotransaminase ocorrem entre o 7º e 12º dia. As atividades, então, gradualmente decrescem, chegando à concentração fisiológica normal pela terceira à quinta semana, caso a recuperação seja rotineira. Os picos das atividades não possuem relação com o prognóstico e podem cair com a piora da condição do paciente. A persistência de alanina aminotransferase aumentada por mais de 6 meses depois de um episódio de hepatite aguda é usada para o diagnóstico de hepatite crônica. A maioria dos pacientes com hepatite crônica possui o máximo de alanina aminotransferase menor do que sete vezes o limite superior de referência (URL). A alanina aminotransferase pode estar persistentemente normal em 15 a 50% dos pacientes com hepatite C crônica, mas a probabilidade da alanina aminotransferase normal diminui com o aumento do número de dosagens. Em pacientes com hepatite C aguda, a alanina aminotransferase deve ser medida periodicamente durante os próximos 1 a 2 anos a fim de determinar se voltou a ser normal e se mantém assim. A situação clínica da hepatite tóxica é diferente daquela da hepatite infecciosa. Em doença hepática induzida por acetaminofeno, o pico da atividade de transaminase é mais de 85 vezes o limite superior de referência (URL) em 90% dos casos – um valor raramente visto na hepatite viral aguda. As atividades de aminotransferases também estão elevadas em doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Essa doença inclui um espectro de patologia do fígado de simples esteato-hepatite não alcoólica (EHNA), na qual mudanças inflamatórias e necrose focal podem progredir para (1) fibrose hepática, (2) cirrose e (3) falência hepática. A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é atualmente considerada uma característica adicional da “síndrome metabólica” com elevação das atividades séricas da aminotransferase associadas a (1) maior índice de massa corporal, (2) circunferência da cintura aumentada, (3) triglicerídeos séricos aumentados, (4) insulina elevada durante o jejum e (5) menor concentração de colesterol HDL – todos esses aspectos são características dessa síndrome. As atividades de aminotransferase observadas na cirrose variam conforme o status do processo cirrótico e aumentam quatro a cinco vezes além do limite superior de referência (URL), cuja razão aspartato aminotransferase/alanina aminotransferase (AAR) é maior do que 1. Isso aparentemente é atribuível a uma redução na produção de alanina aminotransferase no fígado danificado, associada a clearance reduzido de aspartato aminotransferase na fibrose hepática em curso. Uma aspartato aminotransferase/alanina aminotransferase (AAR) ≥ 1 tem ≈ 90% de valor positivo previsível para diagnóstico na presença de fibrose avançada, em pacientes com doença hepáticacrônica. Além disso, a amplitude da elevação de aspartato aminotransferase/alanina aminotransferase (AAR) sabidamente reflete o grau de fibrose nesses pacientes. Aumento de duas a quatro vezes na atividade de ambas as enzimas ocorre em pacientes com carcinoma do fígado primário ou metastático, com a aspartato aminotransferase usualmente maior que a alanina aminotransferase, mas seus valores estão frequentemente dentro do intervalo de referência nos estágios iniciais da infiltração maligna no fígado. Elevações leves ou moderadas de aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase têm sido observadas depois da administração de diversas medicações, como (1) medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, (2) antibióticos, (3) fármacos antiepiléticos e (4) estatinas. Medicações não restritas e preparações com ervas também estão implicadas. Em pacientes com (1) atividade de aminotransaminase aumentada, (2) marcadores virais negativos e (3) histórico negativo de uso ou ingestão de álcool, a avaliação diagnóstica deve incluir investigações de causas menos comuns de doença hepática crônica como (1) hemocromatose, (2) doença de Wilson, (3) hepatite autoimune, (4) cirrose biliar primária, (5) colangite esclerótica, (6) doença celíaca e (7) deficiência de αlfa-1-antitripsina. Embora as atividades séricas de aspartato aminotransferase e de alanina aminotransferase estejam elevadas quando um processo patológico afeta a integridade do fígado, a alanina aminotransferase é a enzima mais específica do fígado. A elevação sérica da atividade de alanina aminotransferase é raramente observada em condições diversas de doença parenquimal hepática. Assim, a determinação de aspartato aminotransferase depois da determinação de alanina aminotransferase não é informativa. Após o infarto agudo do miocárdio, a atividade aumentada de aspartato aminotransferase aparece no soro (Tabela 19-3). A atividade de aspartato aminotransferase também está aumentada na distrofia muscular e na dermatomiostite, apesar de ser usualmente normal em outros tipos de doenças musculares, especialmente naquelas de origem neurogênica. Elevações leves a moderadas de aspartato aminotransferase são notadas na doença hemolítica. Diversos estudos descreveram a aspartato aminotransferase ligada a imunoglobulinas, ou macro-aspartato aminotransferase. Os achados típicos incluem aumento persistente da atividade sérica de aspartato aminotransferase em um paciente assintomático, com ausência de patologia demonstrável em órgãos ricos em aspartato aminotransferase. A atividade aumentada de aspartato aminotransferase reflete clearance do complexo anormal do plasma. A macro- aspartato aminotransferase não possui relevância clínica conhecida. Apesar disso, a identificação é importante para evitar procedimentos diagnósticos desnecessários nos pacientes. A dosagem de macro- aspartato aminotransferase sérica é obtida por precipitação diferencial com polietileno glicol (PEG) 6.000. MÉTODOS DE ANÁLISE Métodos de monitoramento contínuo são comumente utilizados para dosar a atividade da transaminase pelo acoplamento de reações de aminotransaminase a reações específicas de desidrogenação. Os oxoácidos formados na reação de aminotransaminase são medidos indiretamente a partir da redução aos hidroxiácidos correspondentes e a mudança na concentração de NADH é monitorada por espectro-fotometria. Assim, o oxaloacetato, formado na reação aspartato aminotransferase, é reduzido a malato na presença de malato desidrogenase (MD). E o piruvato formado na reação alanina aminotransferase é reduzido a lactato pela desidrogenase láctica (LD). O substrato, NADH, e as enzimas auxiliares, malato desidrogenase ou desidrogenase láctica, devem estar presentes em quantidades suficientes para que a taxa da reação seja limitada apenas pelas quantidades de aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase, respectivamente. À medida que as reações acontecem, o NADH é oxidado a NAD+ (nicotinamida adenina dinucleotídeo). O desaparecimento de NADH é seguido pela medida da diminuição de absorbância a 340 nanómetro. A mudança em absorbância por minuto (∆A/min) é proporcional aos micromoles de NADH oxidados e, por sua vez, aos micromoles de substrato transformados por minuto. Um período de incubação preliminar é necessário para garantir que a redução NADH- dependente de oxoácidos endógenos na amostra esteja completa antes de o 2- oxoglutarato ser adicionado para dar início à atividade de aminotransaminase. Porque a suplementação com piridoxal-5´-fosfato (P-5´- P) garante que toda a atividade de aminotransaminase da amostra seja dosada. Procedimentos de referência primários da IFCC estão disponíveis para a medição da concentração da atividade catalítica de aspartato aminotransferase e alanina aminotransferase a 37°C. A fim de assegurar a acuidade e comparabilidade entre os laboratórios, os valores do calibrador do fabricante e os resultados de dosagem obtidos com sistemas comerciais em rotinas diárias devem estar de acordo para esses procedimentos de dosagem de referência. A atividade de aspartato aminotransferase sérica é estável por até 48 horas a 4°C. As amostras devem ser armazenadas caso sejam mantidas por mais tempo. A atividade de alanina aminotransferase deve ser dosada no dia da coleta da amostra, porque a atividade é perdida à temperatura ambiente, a 4°C e a -25°C. A estabilidade da alanina aminotransferase é mais bem mantida a - 70°C. Amostras hemolisadas não devem ser utilizadas, especialmente quando se deseja dosar a aspartato aminotransferase, em razão da alta quantidade dessa enzima em eritrócitos. Quando se usam testes confiáveis aos procedimentos de referência da IFCC, a limite superior de referência (URL) da aspartato aminotransferase para adultos é 35 U/L e não há diferenças relacionadas ao sexo. De maneira contrária, diferença da alanina aminotransferase foi notada entre mulheres e homens adultos. Limite superior de referência (URL) de alanina aminotransferase correspondentes são 60 U/L e 42 U/L, respecivamente. A alanina aminotransferase não revela dependência da idade durante a infância, enquanto a atividade sérica da aspartato aminotransferase em neonatos e crianças mais jovens do que 3 anos é três vezes maior do que em adultos. FOSFATASE ALCALINA A fosfatase alcalina (EC 3.1.3.1; hidrolase de monoéster ortofosfórico – pH ótimo alcalino) catalisa a hidrólise alcalina de uma ampla variedade de substratos naturais e sintéticos. Íons divalentes, como (1) Mg2+ (cátion bivalente), (2) Co2+ (cobalto) e (3) Mn2+ (manganês), são ativadores da enzima, e o Zn2+ (zinco) é o íon metálico constitutivo. Os inibidores da atividade da fosfatase alcalina (ALP) incluem (1) fosfato, (2) borato, (3) oxalato e (4) íons cianeto. Tampões para o ensaio da fosfatase alcalina são classificados como (1) inertes (carbonato e barbital), (2) inibidores (glicina e propilamina) ou (3) ativadores (2-amino-2- metil-1-propanol [AMP], tris (hidroximetil)amonimetano [TRIS] e dietanolamina [DEA]). BIOQUÍMICA A atividade da fosfatase alcalina está presente na maioria dos órgãos do corpo e está localizada na (1) mucosa do intestino delgado, (2) nos túbulos proximais convoluídos do rim, (3) nos ossos (osteoblasto), (4) no fígado e (5) na placenta. Apesar de a função metabólica exata da enzima não ser ainda compreendida,aparentemente a fosfatase alcalina está associada com o transporte de lipídeos no intestino e com o processo de calcificação óssea. A fosfatase alcalina existe em diversas formas, algumas das quais são isoenzimas verdadeiras codificadas em loci genéticos separados (Fig. 19-2). As formas da fosfatase alcalina do osso, do fígado e do rim compartilham uma estrutura primária comum, codificada em um mesmo lócus genético, porém diferem no conteúdo de carboidratos. A atividade de fosfatase alcalina presente no soro de adultos saudáveis origina-se principalmente no fígado, com a maioria do restante provinda dos ossos. A respectiva contribuição dessas duas formas da atividade total é dependente da idade. Quantidades mínimas de fosfatase alcalina intestinal podem também estar presentes, particularmente no soro de indivíduos do grupo B ou O. Como a atividade sérica da fosfatase alcalina intestinal aumenta após a refeição, a fosfatase alcalina deve ser dosada preferencialmente em amostras de soro de pessoas em jejum. SIGNIFICADO CLÍNICO Clinicamente, as medidas da fosfatase alcalina séricas são particularmente valiosas na investigação da doença hepatobiliar e na doença óssea associada à atividade aumentada de osteoblastos. DOENÇA HEPATOBILIAR A resposta do fígado a qualquer forma de obstrução da árvore biliar induz a síntese de fosfatase alcalina por hepatócitos. Algumas das enzimas recém-formadas entram na circulação para aumentar a atividade da enzima no soro. A elevação tende a ser três vezes maior na obstrução extra-hepática (p. ex., por pedra, câncer na cabeça do pâncreas) que na obstrução intra-hepática e é maior quanto mais completa for a obstrução. As atividades das enzimas séricas podem chegar de 10 a 12 vezes o limite superior de referência (URL) e habitualmente retornam ao normal após remoção cirúrgica da obstrução. Um aumento similar é visto em pacientes com câncer primário avançado do fígado ou metástase hepática primária avançada. As doenças hepáticas que afetam principalmente células parenquimais, como hepatite infecciosa, mostram tipicamente atividades de fosfatase alcalina aumentadas moderadamente (normalmente menores do que três vezes) ou mesmo normais. Os aumentos também podem ser consequência de uma reação à terapia com fármacos. A isoenzima fosfatase alcalina intestinal, uma asialoglicoproteína normalmente retirada pelos receptores de asialoglicoproteínas hepáticos, está frequentemente aumentada em pacientes com cirrose hepática. DOENÇA ÓSSEA A fosfatase alcalina óssea é produzida por osteoblastos e foi demonstrada em vesículas da matriz depositadas como “brotamentos” derivados da membrana celular. A enzima é, dessa maneira, um excelente indicador da formação óssea global. A incapacidade genética de produzir uma fosfatase alcalina tecido-inespecífica, incluindo a isoforma óssea, uma doença hereditária rara conhecida como hipofosfatasia, resulta em doença óssea rara e crescimento ósseo debilitado. Entre as doenças ósseas, as concentrações mais elevadas de fosfatase alcalina são encontradas na doença de Paget (osteíte deformante), como resultado da ação de células osteoblásticas que tentam reconstruir o osso absorvido pela atividade descontrolada de osteoclastos. Atividades de 10 a 25 vezes o limite superior de referência (URL) são usuais e o crescimento reflete a extensão da doença. Na deficiência de vitamina D (osteomalácia e raquitismo), a concentração de duas a quatro vezes o limite superior de referência (URL) pode ser observada. O hiperparatiroidismo primário e o hiperparatiroidismo secundário estão associados a aumento sérico da fosfatase alcalina óssea leve a moderado, com a existência e o grau de elevação refletindo a presença e a extensão do envolvimento esquelético. Concentrações muito elevadas de enzima são encontradas em pacientes com câncer ósseo osteogênico. A fosfatase alcalina óssea está levemente aumentada na osteoporose, mas indivíduos osteoporóticos não podem ser claramente distinguidos de grupos-controles pareados pela idade. Elevações transientes de fosfatase alcalina podem ser encontradas durante a cura de fraturas ósseas. O crescimento ósseo fisiológico aumenta a fosfatase alcalina óssea no soro, que é responsável pelo fato de, no soro de crianças em crescimento, a concentração de enzima ser de 1,5 a 7 vezes maior que no soro saudável do adulto. Os valores máximos são atingidos antes nas meninas que nos meninos. OUTRAS CONDIÇÕES QUE LEVAM AO AUMENTO DA FOSFATASE ALCALINA De duas a três vezes o limite superior de referência (URL) são observadas nas mulheres, no terceiro trimestre da gestação, com a enzima adicional de origem placentária. Existem relatos de elevação benigna familiar na atividade sérica de fosfatase alcalina em razão da concentração aumentada de fosfatase alcalina intestinal. Elevações benignas e transientes de fosfatase alcalina sérica podem ser observadas em bebês e crianças, com variações maiores do que 10 vezes o limite superior de referência (URL). Aumentos tanto na forma hepática quanto na forma óssea são vistos. Essas mudanças parecem refletir uma redução na remoção da fosfatase alcalina sanguínea causada por modificações transientes da glicosilação da enzima. Formas da fosfatase alcalina essencialmente idênticas ao normal placentário ou a isoenzimas germinativas aparecem no soro de alguns pacientes com doença maligna. Essas isoenzimas carcinoplacentárias (p. ex., isoenzima de Regan) parecem resultar de uma depressão de genes da fosfatase alcalina placentários ou similares. A presença dessas isoenzimas é prontamente detectável no soro por sua estabilidade a 65°C. Os tumores têm também sido descritos como produtores de fosfatase alcalina, que parecem ser formas pós-traducionalmente modificadas de isoenzimas não placentárias. MÉTODOS DE ANÁLISE DE ATIVIDADE DE FOSFATASE ALCALINA TOTAL E CONTEÚDO DE ISOENZIMAS O substrato cromogênico mais popular para fosfatase alcalina é o 4-nitrofenil fosfato (usualmente abreviado como 4-NPP ou PNPP, do antigo nome p-nitrofenil fosfato). Esse éster é incolor, porém o produto final é amarelo no pH da reação: A reação enzimática é continuamente monitorada pela observação da taxa de formação dos ânions 4-nitrofenóxido a 405 nanômetro. Essa reação forma a base dos métodos correntes do ensaio da fosfatase alcalina. O grupo fosfato liberado é transferido à água e a taxa. Essa reação forma a base dos métodos correntes do ensaio da fosfatase alcalina. O grupo fosfato liberado é transferido à água e a taxa da ação da fosfatase é aumentada caso certos aminoálcoois sejam utilizados como tampões aceptores de fosfato. Entre esses ativadores estão compostos como (1) AMP, (2) dietanolamina (DEA), (3) tris(hidroximetil) amonimetano [TRIS] e (4) N-metil-d- glucamina (MEG). O procedimento recomendado pela IFCC utiliza 4-nitrofenil fosfato (4-NPP) como substrato e AMP como o tampão aceptor de fosfato. Soro ou plasma heparinizado, livre de hemólise, devem ser utilizados. Anticoagulantes complexantes – como citrato e EDTA – devem ser evitados, em razão de sua ligação a cátions, como Mg2+ (cátion bivalente) e Zn2+ (zinco), cofatores necessários para a medição da atividade da fosfatase alcalina. Amostras de soro recém- coletadas devem ser mantidas à temperatura ambiente e ensaiadas assim que possível, preferencialmente, em 4 horas após a coleta. No soro acondicionado em temperatura refrigerada, a atividade da fosfatase alcalina aumenta lentamente (2% por dia) – acredita- se que tenha relação com a reincorporação de cátions requeridos paraa atividade total. Espécimes congelados devem ser descongelados e mantidos à temperatura ambiente por 18 a 24 horas antes da medição a fim de propiciar a reativação enzimática total. A atividade da fosfatase alcalina no soro varia com a idade. As crianças apresentam maior atividade de fosfatase alcalina do que adultos saudáveis como resultado do vazamento da fosfatase alcalina óssea dos osteoblastos durante o crescimento ósseo. Os intervalos de referência para fosfatase alcalina (resultados dentro do percentil 95º) para homens adultos e mulheres em pré- menopausa foram 43 a 115 U/L e 33 a 98 U/L, respectivamente. Ensaios para isoenzimas fosfatase alcalina são necessários quando (1) a origem de uma atividade elevada de fosfatase alcalina sérica não é óbvia e deve ser esclarecida, (2) a principal questão clínica é a detecção da presença do envolvimento hepático ou ósseo e (3), no caso de distúrbios ósseos, é importante verificar qualquer modificação na atividade dos osteoblastos para monitorar a atividade da doença e os efeitos das terapias apropriadas. Os critérios utilizados para diferenciar as isoenzimas e outras formas múltiplas de fosfatase alcalina incluem (1) mobilidade eletroforética, (2) estabilidade à desnaturação por calor ou químicos, (3) resposta à presença de inibidores selecionados, (4) afinidade de lectinas específicas e (5) características imunoquímicas. Após a eletroforese, as zonas da fosfatase alcalina são visualizadas pela incubação do gel em uma solução de substrato tamponado. A fosfatase alcalina hepática se move tipicamente mais rapidamente para o ânodo. A fosfatase alcalina óssea, que tipicamente resulta em uma banda mais difusa do que a forma hepática, apresenta mobilidade anódica ligeiramente diminuída, apesar de as duas zonas geralmente possuírem certo grau de sobreposição. A fosfatase alcalina intestinal migra de maneira mais lenta do que a enzima óssea, enquanto a isoenzima placentária comumente aparece como uma banda discreta sobreposta à fração óssea difusa. Uma banda adicional, que está frequentemente presente no soro de pacientes com diversas doenças hepáticas, contém uma forma de fosfatase alcalina de alto peso molecular negativamente carregada. Dessa forma, ela migra lentamente ou pode até não entrar no gel de poliacrilamida, porém está localizada mais em direção ao anodo do que a principal enzima hepática em meio não discriminante, como acetato de celulose. Essa forma corresponde à principal forma hepática ligada à parte da membrana. Complexos entre fosfatase alcalina e imunoglobulinas, ou macro-fosfatase alcalina, ocorrem ocasionalmente no soro, levando à banda com migração anormal na zona da γ- globulina; mas, de acordo com o conhecimento atual, elas não oferecem diagnóstico específico. Em geral, a separação eletroforética da fosfatase alcalina óssea e hepática é difícil pela similaridade estrutural. A fim de melhorar a separação, o soro é pré-tratado durante 15 minutos a 37°C com neuraminidase para remover uma parte dos resíduos de ácido siálico terminais. Como os resíduos de ácido siálico da fosfatase alcalina óssea são mais prontamente atacados que aqueles da fosfatase alcalina hepática, a mobilidade eletroforética da forma óssea é mais reduzida do que fosfatase alcalina hepática. A separação melhorada permite estimativas quantitativas por escaneamento densitométrico. A medida de γ-glutamil transferase (GGT), que está aumentada na doença hepática, mas não está na doença óssea, pode ser uma ferramenta alternativa rápida e útil para distinguir entre as duas doenças como explicação para o aumento da fosfatase alcalina sérica. A incubação overnight da amostra do soro com neuraminidase é utilizada para confirmar a presença de fosfatase alcalina intestinal. Esse tratamento reduz a mobilidade anódica de todas as isoenzimas da fosfatase alcalina, exceto a de origem intestinal, que é resistente à neuraminidase porque os resíduos de ácido siálico terminais não estão presentes na molécula. Os imunoensaios para a determinação direta de fosfatase alcalina óssea, que dosam a atividade enzimática ou a concentração de massa, estão comercialmente disponíveis. A reatividade cruzada com a forma hepática varia de 6 a 20%. E mesmo com a sua falta de especificidade completa, o imunoensaios da fosfatase alcalina óssea podem oferecer alguma vantagem no monitoramento da doença óssea e dos efeitos das terapias apropriadas uma vez estabelecido o diagnóstico do envolvimento do osso. BILIRRUBINA A bilirrubina é um pigmento derivado da hemoglobina. Ela é produzida e biotransformada no fígado, depois excretada na bile e urina. A bilirrubina é transportada para o fígado, fracamente ligada à albumina, na sua forma nativa, não conjugada. A bilirrubina é transportada através da membrana do hepatócito e rapidamente conjugada para produzir glucuronídeos de bilirrubina, que são excretados na bile por um processo dependente de energia. Este processo é altamente eficiente e conjugados de bilirrubina são detectáveis no plasma normal apenas através de técnicas altamente sensíveis. Na presença de monoglucoronídeo de bilirrubina, albumina (e outras proteínas) é modificada por ligação covalente de bilirrubina a resíduos de lisina, produzindo biliproteína ou δ-bilirrubina. Aumentos na bilirrubina conjugada ou δ- bilirrubina são marcadores altamente específicos de disfunção hepática (exceto em doenças hereditárias raras, como síndrome de Dubin-Johnson). No trato intestinal, glucuronídeos de bilirrubina são hidrolisados e reduzidos por enzimas bacterianas para urobilinogênios, que não retornam para circulação entero-hepática, e, em seguida, são liberados com as fezes como pigmentos estercobilina, mesobilina e urobilina. O aumento da bilirrubina plasmática é classificado como não conjugada (indireta: uma aproximação da bilirrubina não conjugada) ou conjugada (direta: uma aproximação da bilirrubina conjugada e biliproteína). O aumento da bilirrubina não conjugada indica excesso de produção de bilirrubina, geralmente causado por (1) hemólise, (2) diminuição da entrada de bilirrubina no fígado (hipertensão portal) ou (3) redução do metabolismo pelo fígado (defeitos congênitos envolvendo a enzima uridina 5’-fosfato [UDP]-glucuronil transferase). Com lesão hepática grave, a doença hepática pode causar principalmente hiperbilirrubinemia não conjugada. O aumento da bilirrubina conjugada geralmente é causado por hepatite aguda ou colestase (supressão do fluxo biliar); a porcentagem de bilirrubina conjugada é semelhante em ambos os tipos de doenças do fígado. A bilirrubina conjugada é, muitas vezes, ligeiramente elevada em formas avançadas de hepatite crônica ou colestase crônica, e, muitas vezes, é a única evidência de disfunção do fígado. Bilirrubina na urina é tipicamente elevada na presença de aumento da bilirrubina conjugada. Com a resolução de doença hepática, a bilirrubina conjugada é rapidamente eliminada e a biliproteína se torna a única forma. O aumento da bilirrubina conjugada também é raramente observado em defeitos congênitos da excreção de bilirrubina (Síndrome Dubin- Johnson) e com excreção de bilirrubina prejudicada (como ocorre em sépsia ou outra doença aguda). Aumentos isolados da bilirrubina plasmática geralmente indicam síndrome de Gilbert. As concentrações são abaixo de 100 micromol por litro e, normalmente, estão na faixa de 20 a 50 micromol por litro. Essa hiperbilirubinemia é não conjugada e outros testes da função hepática padrão são normais. A medição da hemoglobina, a contagem dereticulócitos e, se necessário, da haptoglobina, eliminarão a hemólise como uma causa. Testes genéticos estão disponíveis. BILIRRUBINA PLASMÁTICA A dosagem seriada de bilirrubina é útil para medir a gravidade da doença hepática aguda e crônica. Os pacientes apresentam elevações isoladas na concentração de bilirrubina. Na maioria dos casos, isso ocorre nas doenças hereditárias do metabolismo da bilirrubina, ou hemólise. Não é difícil de distinguir hemólise grave que causa hiperbilirrubinemia, porque o paciente com hemólise apresenta anemia e outras manifestações da doença. BILIRRUBINA DIRETA Bilirrubina monoconjugada e biconjugada (principalmente glucuronídeos) e δ- bilirrubina, porque são hidrossolúveis, reagem com os reagentes diazo na ausência de aceleradores. Um método confiável para bilirrubina direta não deve medir a bilirrubina não conjugada. Para impedir que a concentração de bilirrubina não conjugada reaja, é necessário manter o pH da mistura de reação perto de 1.10 Existe um método manual preferido para a bilirrubina direta: a Ditaurobilirrubina (bilirrubina conjugada com taurina está disponível na forma de sal dissódico), um material sintético solúvel em água, é utilizada por fabricantes de instrumentos para calibração de métodos de bilirrubina direta; ela também está presente nos materiais utilizados para controle de qualidade e para o teste de proficiência. ENZIMAS PANCREÁTICAS Os biomarcadores de soro mais comuns para a investigação de doença pancreática, mais especificamente de pancreatite aguda, são as enzimas digestivas (do tipo P) amilase e lipase AMILASE A alfa-amilase (AMY – EC 3.2.1.1; 1,4-α-d glucan glucano hidrolase) catalisa a hidrólise de ligações 1,4-α-glicosídicas em polissacarídeos. Ambos os poliglucanos, lineares (amilose) e ramificados (amilopectina e glicogênio), são hidrolisados, porém em velocidades diferentes. A enzima não ataca a ligação α-1,6 nos pontos de ramificação. As alfa-amilases são metaloenzimas dependentes de cálcio, componente essencial para a integridade funcional. Mas, a sua atividade total é mostrada apenas na presença de vários ânions, sendo o cloreto e o brometo os ativadores mais eficientes. A alfa-amilase no soro humano possui pH ótimo moderadamente estreito, ente 6,9 e 7. BIOQUÍMICA Alfa-amilase que ocorrem normalmente no plasma humano são pequenas moléculas de peso molecular variando entre 54 e 62 quilodalton. A enzima é pequena o suficiente para passar através dos glomérulos dos rins e a alfa-amilase é a única enzima plasmática encontrada fisiologicamente na urina. A alfa- amilase está presente em diversos órgãos e tecidos. A maior concentração está presente nas glândulas salivares, que secretam uma alfa-amilase potente (do tipo S) para iniciar a hidrólise de amidos enquanto a comida ainda está na boca e no esôfago. No pâncreas, a enzima (do tipo P) é sintetizada por células acinares e, então, é secretada no trato intestinal por meio do sistema do duto pancreático. A atividade da alfa-amilase é também encontrada em extratos de (1) ovários, (2) tubos falopianos, (3) pulmões e (4) tecido adiposo. Alguns tumores de pulmão e ovário também podem conter atividade considerável de alfa-amilase (usualmente do tipo S). Fluidos ascíticos e pleurais podem conter alfa-amilase como resultado da presença de um tumor ou de pancreatite. A enzima presente no soro normal e na urina é predominantemente de origem pancreática (P- alfa-amilase) e da glândula salivar (S- alfa-amilase). Essas isoenzimas são produtos de dois loci genômicos de interação próxima no cromossomo. A isoenzima alfa-amilase também sofre modificação pós-translacional de (1) deaminação, (2) glicosilação e (3) deglicosilação para formar diversas isoformas, que foram separadas tanto no soro quanto na urina com o uso de focalização isoelétrica ou eletroforese. SIGNIFICADO CLÍNICO A atividade total de alfa-amilase no sangue é fisiologicamente baixa e constante e aumenta muito na pancreatite aguda e na inflamação da glândula salivar. Na pancreatite aguda, um aumento na atividade sérica de alfa-amilase ocorre em 5 a 8 horas do início dos sintomas. As atividades tipicamente retornam ao normal antes do terceiro ou quarto dias. Uma elevação de quatro a seis vezes na atividade da alfa-amilase acima do limite superior de referência é usual, com a concentração máxima atingida entre 12 e 72 horas. A magnitude da elevação da alfa-amilase não está relacionada à severidade do envolvimento pancreático; mas, quanto maior o aumento, maior a probabilidade de pancreatite aguda. A especificidade clínica da alfa-amilase total para o diagnóstico de pancreatite aguda é, baixa porque valores aumentados também são encontrados em diversas enfermidades intra-abdominais e em diversas condições extrapancreáticas A falta de especificidade da medição da alfa- amilase total resultou na medida direta da P- alfa-amilase, em vez da atividade total da enzima para o diagnóstico diferencial de pacientes com dor abdominal aguda. Quando a decisão para limitar uma atividade igual a três vezes o limite superior de referência foi aplicada, a especificidade clínica da P- alfa- amilase para o diagnóstico de pancreatite aguda foi maior que 90%. A sensibilidade para a detecção tardia dessa condição é também notavelmente melhorada com P-alfa- amilase. Os valores de P-alfa-amilase permanecem elevados em 80% dos pacientes com pancreatite descomplicada uma semana depois do começo, quando apenas 30% ainda mostram atividade aumentada de alfa-amilase total. Doenças do trato biliar, como coleocistite, causam elevação de até quatro vezes da atividade sérica de P- alfa-amilase como resultado do envolvimento primário ou secundário do pâncreas. Outros eventos intra-abdominais também levam a um aumento significativo da atividade sérica de P- alfa-amilase. Na insuficiência renal, a atividade sérica da alfa-amilase é aumentada proporcionalmente à extensão do dano renal (usualmente não mais de cinco vezes o limite superior de referência). A hipertalassemia (com mobilidade da isoenzima do tipo S) também pode ocorrer em doenças neoplásicas, com elevações que chegam a 50 vezes o limite superior de referência. Em 1% da população, as macroamilases estão presentes no soro e podem causar hipertalassemia: esses são complexos entre a alfa-amilase normal (usualmente do tipo S) e imunoglobulina (IgG ou IgA). Essas macroamilases não são filtradas por glomérulos dos rins por conta de seu tamanho grande (maior que 200 quilodalton) e são, assim, retidas no plasma, onde sua presença pode aumentar a atividade da alfa- amilase entre aproximadamente duas a oito vezes acima do limite superior de referência. Nenhum sintoma clínico está associado com esse desarranjo. MÉTODOS PARA ANÁLISE DA ATIVIDADE TOTAL E PANCREÁTICA DA AMILASE Quando hidrolisados pela alfa-amilase, pequenos substratos oligossacarídicos resultam em produtos mais bem definidos do que os amidos. O uso de substratos definidos no ensaio da alfa-amilase melhorou a estequiometria do ensaio e levou a condições de hidrólise mais controladas e consistentes. Os substratos utilizados incluem (1) maltoteraose, (2) maltopentaose e (3) 4- nitrofenil (4-NP)-glicosida, que se formam pela ligação de 4-NP à porção redutora de um oligossacarídeo definido. Caso o oligossacarídeo seja a malto-heptaose (G7), o substrato será, então, 4-NP-G7. A alfa- amilase cliva esse substrato, produzindo oligossacarídeos livres (G5, G4 e G3) e 4- NP-G2, 4-NP-G3e 4-NP-G4. A hidrólise combinada por alfa-amilase nessa amostra e pelo reagente α-glucosidase (EC 3.2.1.20; maltase) resulta em produção de NP livre, que é detectada pela absorbância a 405 nanômetro. Historicamente, surgiram problemas com o uso do ensaio de 4-NP-glicosídeo no que se refere à baixa estabilidade da mistura do ensaio reconstituído, em razão da hidrólise lenta do 4-NP-glicosídeo por α-glucosidase. Esse efeito foi reduzido pela ligação covalente de um grupo “bloqueador”, como o grupo 4,6-etilideno, à porção terminal não redutora da molécula. Esse substrato é conhecido como substrato protegido por etilideno (EPS). Foi demonstrado que esses substratos possuem padrão de hidrólise mais vantajoso, aumentando, assim, a liberação de 4-NP. Um tipo novo de α-glucosidase também está disponível (enzima recombinante AGH-211) e hidrolisa completamente substratos nitrofenilados. Como resultado, a clivagem de uma ligação α-glucosídica por alfa-amilase resulta na liberação de uma molécula de 4-NP. A IFCC otimizou esse método a 37 °C, recomendando-o como um procedimento de referência para dosagem de alfa-amilase. O intervalo de referência para o método recomendado pela IFCC é 31 a 107 U/L. Excetuando-se a heparina, todos os anticoagulantes comuns inibem a atividade da alfa-amilase porque eles quelam cálcio. Assim, os ensaios de alfa-amilase devem ser feitos apenas no soro ou no plasma heparinizado. A alfa-amilase é bastante estável e a atividade é totalmente mantida durante o acondicionamento por 4 dias à temperatura ambiente, 2 semanas a -4°C, 1 ano a -25°C e 5 anos a -75°C. Apenas os métodos baseados na inibição seletiva de S- alfa-amilase por anticorpos monoclonais mostraram suficiente (1) precisão, (2) confiabilidade, (3) praticabilidade e (4) velocidade analítica para serem clinicamente úteis para a determinação de P- alfa-amilase. Um ensaio utilizando um anticorpo monoclonal duplo, que usa a ação sinergística de dois anticorpos monoclonais imunoinibidores contra S- alfa-amilase, está comercialmente disponível. Após a atividade de S- alfa- amilase ser inibida pela adição de anticorpos, a atividade da P- alfa-amilase não inibida é dosada por EPS-4-NP-G7 como substrato. Resultados falso-positivos de P- alfa-amilase foram reportados em indivíduos com macroamilasemia, nos quais a Ig complexada à alfa-amilase diminui ou impede a ligação de anticorpos monoclonais incluídos no teste para inibir eficientemente a S- alfa-amilase. Após a eletroforese, a macro- alfa-amilase, normalmente, forma uma banda de migração larga, diferente das bandas homogêneas produzidas por isoenzimas de alfa-amilase séricas. Se a separação eletroforética não estiver disponível, a precipitação do macrocomplexo por uma solução de PEG 6.000 (240 g/L) pode ser uma alternativa. A atividade residual de alfa-amilase menor do que 30% no sobrenadante é indicativa de macroamilasemia Em adultos saudáveis, a P- alfa-amilase representa aproximadamente 40 a 50% do total da atividade de alfa-amilase no soro. Quando o método de imunoinibição é utilizado a 37 °C, o intervalo de referência para a atividade de P- alfa-amilase no soro de adultos é de 13 a 53 U/L.5 LIPASE A lipase pancreática humana (LPS – EC 3.1.1.3, triacilglicerol acil-hidrolase) é uma glicoproteína de cadeia única com peso molecular de 40 quilodalton. O gene da lipase pancreática humana está localizado no cromossomo 10. Para atividade catalítica total e maior especificidade, a presença de sais biliares e um cofator chamado colipase, pequena proteína secretada pelo pâncreas, são pedido. BIOQUÍMICA A lipase hidrolisa ésteres de glicerol de ácidos graxos de cadeia longa Apenas ligações éster nos carbonos 1 e 3 (posições α) são atacadas e os produtos da reação incluem 2 moles de ácidos graxos e 1 mol de 2-acilglicerol (β-monoglicerídeo) por mol de substrato. O último é resistente à hidrólise, mas ele é espontaneamente isomerizado à forma alfa (3-acilglicerol), que permite ao terceiro ácido graxo ser clivado a uma velocidade bem reduzida. A lipase pancreática humana age somente quando o substrato está presente em uma forma emulsificada na interface entre a água e o substrato. A velocidade da ação de lipase pancreática humana depende da área de superfície do substrato dispersado. Ácidos biliares garantem que a superfície do substrato disperso permaneça livre de outras proteínas, incluindo enzimas lipolíticas, pelo revestimento da superfície do substrato insolúvel e pelo meio aquoso. A maior parte da atividade da lipase pancreática humana achada no soro deriva do pâncreas, mas uma parte é secretada pelas mucosas gástrica e intestinal. A concentração de lipase pancreática humana no pâncreas é aproximadamente 5.000 vezes maior do que em outros tecidos e o gradiente de concentração entre o pâncreas e o soro é ≈20.000 vezes. A lipase pancreática humana é uma molécula pequena o suficiente para ser filtrada pelos glomérulos, mas por ela ser totalmente reabsorvida pelos túbulos renais e, por isso, não é fisiologicamente detectada na urina SIGNIFICADO CLÍNICO A dosagem de lipase pancreática humana sérica é utilizada para diagnosticar pancreatite aguda. A sensibilidade clínica é 80 a 100%, dependendo do limite de corte diagnóstico selecionado, e a especificidade clínica é 80 a 100%, dependendo da mistura da população de pacientes estudada. Após um ataque de pancreatite aguda, a atividade sérica de lipase pancreática humana aumenta em 4 a 8 horas, chega ao pico após 24 horas e decresce entre 7 e 14 dias. Elevações entre 2 e 50 vezes o limite superior de referência foram reportadas. A pancreatite aguda é, às vezes, difícil de diagnosticar, porque precisa ser diferenciada de outras doenças agudas abdominais com achados clínicos similares, como (1) úlcera perfurante gástrica ou duodenal, (2) obstrução intestinal ou (3) obstrução mesentérica vascular. Em um diagnóstico diferencial, a elevação da atividade de lipase pancreática humana no soro é maior do que 3 vezes o limite superior de referência; na ausência de falência renal, é um achado diagnóstico mais específico do que o aumento da atividade de alfa-amilase no soro. Além disso, as concentrações de lipase pancreática humana permanecem elevadas durante maior tempo do que aquelas da alfa- amilase, que é outra vantagem sobre a medida de alfa-amilase em pacientes com apresentação atrasada (Fig. 19-4). Assim, é recomendável, em emergência, que a lipase pancreática humana substitua a alfa-amilase no teste diagnóstico inicial para pancreatite aguda. Obter ambas as atividades séricas, tanto para alfa-amilase quanto para lipase pancreática humana, não é garantido. Em pacientes com taxa de filtração glomerular reduzida, a atividade sérica da lipase pancreática humana está aumentada. MÉTODOS DE ANÁLISE Muitos métodos para análise de lipase pancreática têm sido usados tanto com substratos triglicerídeos quanto com não triglicerídeos e técnicas (1) titriméricas, (2) turbidimétricas, (3) espectrofotométricas, (4) fluorimétricas e (5) imunológicas. Em geral, triglicerídeos de cadeia longa (e alguns substratos diglicerídeos) demonstraram correlação dos resultados com o estado clínico superior àquele observado utilizando outros substratos. Vários substratos e sistemas complexos auxiliares e indicadores têm sido utilizados em métodos espectrofluorimétricos. Particularmente, o ácido 1,2-O-dilauril-rac- glicero-3-glutárico-(4-metil-resourfina)-éster,consistindo de duas ligações glicerol e uma ligação éster, foi proposto e ensaios baseados em seu uso estão atualmente se expandindo. A lipase pancreática humana hidrolisa a ligação éster em meio alcalino a um ácido éster dicarbônico que hidrolisa espontaneamente, resultando em ácido glutárico e metilresorufina, que é um cromóforo roxo-azulado, com pico de absorção em 580 nanômetro. A velocidade de formação de metilresorufina é diretamente proporcional à atividade da lipase pancreática humana na amostra. O limite superior de referência é 28 U/L a 37 °C e nenhuma diferença relacionada ao sexo ou à idade foi notada. A atividade de lipase pancreática humana no soro é estável à temperatura ambiente durante uma semana. O soro pode ser acondicionado por 3 semanas em geladeira e diversos anos caso congelado. TEMPO DE PROTROMBINA Avaliações em série de tempo de protrombina são utilizadas para determinar a função hepática. Elas são mais confiáveis que a avaliação da concentração de albumina porque menos condições (diferentes da administração de varfarina) afetam o tempo de protrombina que a albumina. O tempo de protrombina é o marcador de prognóstico mais importante na doença hepática aguda e normalmente o primeiro teste de função anormal de hepatite crônica que evolui para cirrose. O tempo de protrombina é também um dos parâmetros utilizados no cálculo do escore MELD, utilizado para prever necessidade de transplante de fígado na cirrose. ALBUMINA A albumina é uma proteína não glicosilada, formada por 585 aminoácidos. Trata-se da proteína plasmática mais abundante desde a metade da gestação até a morte e geralmente representa um pouco mais do que a metade da massa de proteína do plasma. Em razão de sua elevada concentração de plasma e médio porte, a albumina é o principal contribuinte para pressão oncótica coloidal (COP) no espaço vascular. A pressão oncótica coloidal ajuda a reter o fluido no espaço vascular e as soluções de albumina, por vezes, têm sido administradas para ajudar na manutenção do volume intravascular. Quando as concentrações de albumina são diminuídas, eleva-se a tendência para que fluido ocupe os espaços extravasculares e produza edema. A albumina é o principal componente proteico da maioria dos fluidos corporais extravasculares, incluindo (1) o líquido cefalorraquidiano (LCR), (2) fluido intersticial, (3) urina e (4) líquido amniótico. Aproximadamente 60% da albumina total do corpo encontram-se no espaço extravascular, embora a concentração seja maior no espaço vascular (concentração plasmática). A albumina é muito solúvel em água por conta da sua grande quantidade de aminoácidos com carga, que apresentam carga líquida de cerca de -12 em pH neutro. Em concentrações normais, a albumina contribui com cerca de 6 a 10 milimol por litro no intervalo aniônico. Baixas concentrações de albumina, entretanto, levam à redução do intervalo aniônico. BIOQUÍMICA E FUNÇÃO A albumina é sintetizada pelas células parenquemais hepáticas. A reserva sintética do fígado é substancial; na síndrome nefrótica, por exemplo, a taxa de síntese aumenta o triplo do normal. A síntese de albumina é controlada principalmente pela pressão oncótica coloidal e pelo consumo de proteínas. O catabolismo ocorre, principalmente, por pinocitose em todos os tecidos, mas a albumina, em conjunto com a IgG, tem meia- vida estendida em cerca de duas a quatro vezes por causa da ação do receptor IgG neonatal, que recicla seletivamente essas duas proteínas a partir de fluidos pinocitados. A meia-vida normal da albumina no plasma é de 15 a 19 dias. A maioria das outras proteínas plasmáticas tem meia-vida de 7 dias ou menos. A albumina tem múltiplas funções, incluindo a manutenção da pressão oncótica coloidal, além da ligação e do transporte de vários compostos, como (1) ácidos graxos livres, (2) bilirrubina, (3) cálcio, (4) hormônios esteroides tireoidianos, (5) fármacos e (6) compostos contendo tiol. Mais de 80 variantes genéticas de albumina já foram relatadas. Muitas apresentam padrão de migração eletroforética alterado, resultando na chamada bisalbuminemia (duas bandas de albumina), para os heterozigotos. Fármacos e metabólitos ligados, também podem alterar a migração eletroforética da albumina. Algumas variantes apresentaram afinidades de ligação para tiroxina (T4). Os indivíduos afetados têm T4 sérica aumentada, são eutireoideos, mas apresentam concentrações normais de tirotropina. IMPORTÂNCIA CLÍNICA Concentrações aumentadas de albumina podem ser percebidas em casos de desidratação, tempo prolongado de torniquete ou em amostra, com evaporação antes da análise. Então, concentrações elevadas de albumina sugerem problemas com a hidratação do paciente ou o manuseio de amostras. ANALBUMINEMIA Apenas cerca de 20 famílias com essa rara deficiência genética têm sido descritas. Indivíduos com essa condição apresentam concentrações de albumina plasmática inferiores a 0,5 gramas por litro. Muitas vezes, não há sintomas e as manifestações clínicas consistem em edema leve e dislipidemia. INFLAMAÇÃO A albumina é uma proteína de fase aguda (APP) negativa. As inflamações aguda e crônica são causas comuns de hipoalbuminemia. Os processos inflamatórios diminuem a albumina plasmática em razão (1) do aumento da permeabilidade capilar, permitindo a entrada de mais albumina no espaço extravascular, (2) da diminuição da síntese hepática de albumina em resposta a fatores como IL-6, (3) do estímulo do catabolismo e (4) da diminuição da síntese em resposta à pressão oncótica coloidal, contribuindo com proteínas de fase aguda (APPs) positivas. DOENÇA HEPÁTICA O fígado possui uma capacidade sintética de manter a concentração de albumina até que a lesão parenquimatosa resulte em perda superior a 50% da sua função. Mecanismos adicionais podem contribuir para a diminuição das concentrações de albumina em muitos casos de doença hepática, incluindo (1) deficiência nutricional, (2) aumento da distribuição para o espaço extravascular e (3) inibição da síntese direta pelas toxinas, como o álcool. PERDA URINÁRIA Normalmente, a barreira de filtração glomerular impede de modo eficiente a entrada de proteínas do tamanho da albumina ou maiores no ultrafiltrado do sistema urinário. Normalmente, apenas 1 a 2 grama por deci de albumina ultrapassam a barreira glomerular e 99,9% da albumina do ultrafiltrado glomerular retornam pelos túbulos proximais do rim, onde são degradadas. Apenas cerca de 10mg/d de albumina é normalmente excretada na urina. Aumentos ínfimos na excreção de albumina de >30 mg/d indicam estágios iniciais da lesão glomerular ou tubular e risco de progressão para doença renal mais grave, o que se denomina microalbuminúria. (Nota: “micro” refere-se à excreção de pequenas quantidades, e não a uma forma menor de albumina). Aumentos não patológicos na excreção de albumina na urina são, por vezes, observados em alterações posturais, prática de exercícios intensos e febre. A amostra da primeira e da segunda urina da manhã pode minimizar os efeitos posturais. A lesão glomerular grave produz a síndrome nefrótica, a qual é caracterizada pela excreção de > 3,5 gramas por deci de proteína, constituída principalmente de albumina. Na síndrome nefrótica, o rim mantém certa dimensão de seletividade. Concentrações de proteína inferiores a 200 quilodalton, como a albumina, via de regra, são substancialmente diminuídas,embora a produção hepática esteja aumentada. As concentrações de algumas proteínas muito grandes, como a α2-macroglobulina (AMG) e a apolipoproteína B, estão elevadas. PERDA GASTRINTESTINAL A doença inflamatória do trato gastrintestinal (GI) está associada à perda elevada de albumina. Essas perdas de albumina são semelhantes às observadas na síndrome nefrótica. DESNUTRIÇÃO PROTEICO- ENERGÉTICA (MARASMO) As concentrações de albumina ajudam a detectar e monitorar o estado nutricional proteico. As respostas ao consumo alimentar, porém, são lentas por causa da longa meia- vida de albumina. A proteína de fase aguda, muitas vezes, deve ser considerada um complicador potencial em pacientes com baixa concentração de albumina. FERIMENTO DE QUEIMADURA Observou-se que pacientes com queimaduras enfrentam perda grave de albumina em feridas. Reduções severas das concentrações de albumina com queimaduras maciças estão, provavelmente, relacionadas a efeitos combinados de perdas epiteliais e do catabolismo acelerado, além da proteína de fase aguda. EDEMA E ASCITE Edema e ascite geralmente são secundários ao aumento da permeabilidade vascular, em vez de hipoalbuminemia. As concentrações plasmáticas de albumina estão reduzidas como resultado de sua redistribuição em espaços extravasculares. CONSIDERAÇÕES LABORATORIAIS A maioria dos laboratórios clínicos analisam a albumina por meio de ensaios com amostras de plasma ou de soro, utilizando métodos de ligação a corantes, que dependem de uma mudança no espectro de absorção de corantes, como o verde de bromocresol (BCG) ou roxo de bromocresol (BCP) com a ligação à albumina. Esses corantes têm maior afinidade à albumina em relação a outras proteínas e a especificidade parcial é proporcionada pela albumina. O roxo de bromocresol, em geral, é ligeiramente mais específico para a albumina e produz valores inferiores do que o verde de bromocresol, particularmente em pacientes com doença renal. A concentração de albumina é considerada indicador importante de nutrição adequada em doentes com insuficiência renal. A suplementação nutricional de albumina geralmente é recomendada em < 4 grama por decilitro para pacientes com insuficiência renal, conforme determinado pelo método de verde de bromocresol. Os ensaios de ligação com corantes tendem a não ser tão exatos quando o padrão de proteína sérica é anormal. As técnicas imunoturbidimetria e nefelometria proporcionam maior especificidade e precisão para a medição da albumina, juntamente com os limites reduzidos de detecção necessários para os espécimes com baixas concentrações de albumina, como urina e o líquido cefalorraquidiano (LCR). As concentrações de albumina podem ser calculadas a partir do varrimento densitométrico de padrões eletroforéticos, em conjunto com mensurações de proteína total, porém essa abordagem está normalmente associada a menores exatidão e precisão.. ALBUMINA SÉRICA Medições de albumina sérica são úteis na avaliação da cronicidade e gravidade da doença hepática. Por exemplo, a concentração de albumina do soro é diminuída na doença crônica do fígado. Mas, a sua utilidade para este fim é limitada, pois a concentração de albumina no soro é diminuída em (1) doença aguda grave do fígado, (2) desordens inflamatórias, (3) desnutrição e (4) síndrome nefrótica. Avaliações seriadas da albumina no soro são também utilizadas para avaliar a gravidade da doença hepática. CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE PLASMÁTICA EM JEJUM Concentrações de Glicose Plasmática em Jejum (FPG) de 126 miligramas por decilitro (7,0 milimol por litro) ou superior em mais de uma ocasião são diagnósticos de diabetes melito. O diagnóstico da maioria dos casos de diabetes é estabelecido com esse critério. Mas, alguns investigadores acreditam que a hiperglicemia de jejum pode se desenvolver relativamente tarde no decurso do diabetes de tipo 2, retardando o diagnóstico e levando à subestimação da prevalência do diabetes na população. As complicações de diabetes, tais como: (1) retinopatia, (2) proteinúria e (3) doença neuromuscular, estão presentes em cerca de 30% dos pacientes no momento do diagnóstico clínico de diabetes tipo 2 e o aparecimento do diabetes tipo 2 ocorre, provavelmente, pelo menos de quatro a sete anos antes do diagnóstico clínico. Agora é recomendado o rastreio dos indivíduos de alto risco para o diabetes. Glicemia de jejum (ou HbA1C ) deve ser medida em todas as pessoas assintomáticas aos 45 anos (ou mais jovens em pacientes com risco aumentado), com teste de acompanhamento a cada 3 anos. Mas, nenhuma evidência publicada indica que o tratamento baseado na triagem seja eficaz. TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À GLICOSE Medição de glicose no plasma em série antes e depois de uma quantidade específica de glicose administrada por via oral deve fornecer um método padrão pelo qual se avaliam indivíduos e se estabelecem valores para indivíduos saudáveis e doentes. Embora mais sensíveis do que as determinações de a glicose no plasma em jejum o teste de tolerância à glicose é afetado por múltiplos fatores que resultam em fraca reprodutibilidade (Quadro 33-3). Além disso, aproximadamente 20% dos testes orais de tolerância á glicose caem na categoria sem diagnóstico (p. ex., apenas uma amostra de sangue apresenta o aumento da concentração de glicose). A menos que os resultados se manifestem de forma anormal inicialmente, o teste oral de tolerância á glicose deve ser realizado em duas ocasiões separadas para estabelecer o diagnóstico de diabetes.
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