Buscar

BIOQUÍMICA CLÍNICA DOS EXAMES LABORATORIAIS DA FUNÇÃO HEPÁTICA E PANCREÁTICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

BIOQUÍMICA CLÍNICA DOS EXAMES LABORATORIAIS DA FUNÇÃO HEPÁTICA E 
PANCREÁTICA 
 
ENZIMAS HEPÁTICAS 
 
As enzimas hepáticas incluem (1) alanina 
aminotransferase (ALT), (2) aspartato 
aminotransferase (AST), (3) γ-
glutamiltransferase, (4) fosfatase alcalina e (5) 
5´-nucleotidase (NTP). 
Clinicamente, as alterações mais comuns na 
atividade de enzimas hepáticas são (1) doença 
hepatocelular (atividades elevadas de 
aminotransaminase) e (2) colestase (atividades 
elevadas de fosfatase alcalina, 5’-nucleotidade 
e γ-glutamiltransferase) 
Os testes laboratoriais responsáveis pela 
avaliação hepática podem ser categorizados 
como: indicadores da integridade celular 
(aspartato aminotransferase, alanina 
aminotransferase, fosfatase alcalina, e gama-
GT) e os indicadores de função hepática 
(fatores de coagulação, bilirrubinas e albumina 
sérica). Vale lembrar que, isoladamente, esses 
exames possuem baixa especificidade, sendo 
necessário que a interpretação seja feita 
analisando também, o contexto clínico do 
paciente. 
AMINOTRANSFERASES 
 
As aminotransferases constituem um grupo de 
enzimas que catalisa a interconversão de 
aminoácidos a 2-oxo-ácidos pela transferência 
de grupos amino. 
A aspartato aminotransferase (AST) (EC 
2.6.1.1; 1-aspartato:2-oxoglutarato 
aminotransferase) e a alanina aminotransferase 
(ALT) (EC 2.6.1.2; l-alanina:2-oxoglutarato 
aminotransferase) são exemplos de 
aminotransferases de interesse clínico. 
A dupla 2-oxoglutarato/l-glutamato serve como 
um par doador em todas as reações de 
transferência de grupo amino. A especificidade 
de cada enzima advém do aminoácido 
específico que serve como o outro doador de 
um grupo amino. 
Assim, a aspartato aminotransferase catalisa 
a seguinte reação: 
 
 
As reações são reversíveis, mas o equilíbrio 
das reações da aspartato aminotransferase e 
da alanina aminotransferase favorece a 
formação de aspartato e alanina, 
respectivamente. 
O piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P) e seu análogo 
amino, piridoxamina-5´-fosfato, funcionam 
como coenzimas nas reações de 
aminotransferência. O piridoxal-5´-fosfato (P-
5´-P) é ligado à apoenzima e serve como um 
grupo prostético verdadeiro. O piridoxal-5´-
fosfato (P-5´-P) ligado à apoenzima aceita o 
grupo amino do primeiro substrato – 
aspartato ou alanina – e forma a 
piridoxamina-5´-fosfato e o primeiro produto 
da reação, oxaloacetato ou piruvato, 
respectivamente. A coenzima, na forma 
amino, então, transfere seu grupo amino ao 
segundo substrato, 2-oxoglutarato, para 
formar um segundo produto, o glutamato. E ai 
o piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P) é, dessa 
maneira, regenerado 
Tanto as apoenzimas deficientes em 
coenzimas quanto as holoenzimas podem 
estar presentes no soro. Então, a adição de 
piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P), em condições 
que permitam a recombinação com as 
enzimas, usualmente, produzem aumento na 
atividade de aminotransferase. De acordo 
com o princípio de que todos os fatores que 
afetam a taxa da reação devem ser 
otimizados e controlados, a adição de 
piridoxal-5´-fosfato (P-5´-P) em métodos de 
aminotransferase assegura a dosagem de 
toda a atividade enzimática. 
BIOQUÍMICA 
 
As aminotransferases estão amplamente 
distribuídas pelo corpo. A aspartato 
aminotransferase é encontrada 
principalmente (1) no coração, (2) no fígado, 
(3) músculo esquelético e (4) no rim, 
enquanto a alanina aminotransferase é 
encontrada principalmente no fígado e no rim, 
em menores quantidades no coração e no 
músculo esquelético (Tabela 19-3). A alanina 
aminotransferase é exclusivamente 
citoplasmática; mas, formas mitocondriais e 
citoplasmáticas de aspartato 
aminotransferase são encontradas nas 
células. Essas são isoenzimas geneticamente 
distintas, com estrutura dimérica composta de 
duas cadeias polipeptídicas idênticas, de 
aproximadamente 400 resíduos de 
aminoácidos. 
 
 
RELEVÂNCIA CLÍNICA 
 
As causas mais importantes do aumento da 
atividade de aminotransaminase no soro são 
as doenças hepáticas. Na maior parte dos 
tipos de doença hepática, a atividade de 
alanina aminotransferase é maior do que a 
atividade de aspartato aminotransferase. 
Exceções podem ser encontradas em (1) 
hepatite alcoólica, (2) cirrose e (3) neoplasia 
hepática. 
Na hepatite viral e em outras formas de 
doenças do fígado associadas à necrose 
hepática aguda, as atividades séricas de 
aspartato aminotransferase e alanina 
aminotransferase estão elevadas mesmo 
antes que sinais clínicos e sintomas da 
doença (como icterícia) apareçam. A 
atividades de ambas as enzimas podem 
chegar a valores tão altos quanto 100 vezes 
o limite superior de referência (URL), mesmo 
que elevações de 10 a 40 vezes serem mais 
frequentemente encontradas. O limiar mais 
eficiente da aminotransferase para 
diagnosticar doença hepática aguda está em 
sete vezes o limite superior de referência 
(URL) (sensibilidade clínica e especificidade 
> 95%). Os valores máximos de atividade de 
aminotransaminase ocorrem entre o 7º e 12º 
dia. As atividades, então, gradualmente 
decrescem, chegando à concentração 
fisiológica normal pela terceira à quinta 
semana, caso a recuperação seja rotineira. 
Os picos das atividades não possuem relação 
com o prognóstico e podem cair com a piora 
da condição do paciente. 
 
 
 
 
 
A persistência de alanina aminotransferase 
aumentada por mais de 6 meses depois de 
um episódio de hepatite aguda é usada para 
o diagnóstico de hepatite crônica. A maioria 
dos pacientes com hepatite crônica possui o 
máximo de alanina aminotransferase menor 
do que sete vezes o limite superior de 
referência (URL). 
A alanina aminotransferase pode estar 
persistentemente normal em 15 a 50% dos 
pacientes com hepatite C crônica, mas a 
probabilidade da alanina aminotransferase 
normal diminui com o aumento do número de 
dosagens. Em pacientes com hepatite C 
aguda, a alanina aminotransferase deve ser 
medida periodicamente durante os próximos 
1 a 2 anos a fim de determinar se voltou a ser 
normal e se mantém assim. 
A situação clínica da hepatite tóxica é 
diferente daquela da hepatite infecciosa. Em 
doença hepática induzida por acetaminofeno, 
o pico da atividade de transaminase é mais 
de 85 vezes o limite superior de referência 
(URL) em 90% dos casos – um valor 
raramente visto na hepatite viral aguda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As atividades de aminotransferases também 
estão elevadas em doença hepática 
gordurosa não alcoólica (DHGNA). Essa 
doença inclui um espectro de patologia do 
fígado de simples esteato-hepatite não 
alcoólica (EHNA), na qual mudanças 
inflamatórias e necrose focal podem progredir 
para (1) fibrose hepática, (2) cirrose e (3) 
falência hepática. A doença hepática 
gordurosa não alcoólica (DHGNA) é 
atualmente considerada uma característica 
adicional da “síndrome metabólica” com 
elevação das atividades séricas da 
aminotransferase associadas a (1) maior 
índice de massa corporal, (2) circunferência 
da cintura aumentada, (3) triglicerídeos 
séricos aumentados, (4) insulina elevada 
durante o jejum e (5) menor concentração de 
colesterol HDL – todos esses aspectos são 
características dessa síndrome. 
As atividades de aminotransferase 
observadas na cirrose variam conforme o 
status do processo cirrótico e aumentam 
quatro a cinco vezes além do limite superior 
de referência (URL), cuja razão aspartato 
aminotransferase/alanina aminotransferase 
(AAR) é maior do que 1. Isso aparentemente 
é atribuível a uma redução na produção de 
alanina aminotransferase no fígado 
danificado, associada a clearance reduzido 
de aspartato aminotransferase na fibrose 
hepática em curso. Uma aspartato 
aminotransferase/alanina aminotransferase 
(AAR) ≥ 1 tem ≈ 90% de valor positivo 
previsível para diagnóstico na presença de 
fibrose avançada, em pacientes com doença 
hepáticacrônica. Além disso, a amplitude da 
elevação de aspartato 
aminotransferase/alanina aminotransferase 
(AAR) sabidamente reflete o grau de fibrose 
nesses pacientes. 
 
 
 
Aumento de duas a quatro vezes na atividade 
de ambas as enzimas ocorre em pacientes 
com carcinoma do fígado primário ou 
metastático, com a aspartato 
aminotransferase usualmente maior que a 
alanina aminotransferase, mas seus valores 
estão frequentemente dentro do intervalo de 
referência nos estágios iniciais da infiltração 
maligna no fígado. 
Elevações leves ou moderadas de aspartato 
aminotransferase e alanina aminotransferase 
têm sido observadas depois da administração 
de diversas medicações, como (1) 
medicamentos anti-inflamatórios não 
esteroides, (2) antibióticos, (3) fármacos 
antiepiléticos e (4) estatinas. Medicações não 
restritas e preparações com ervas também 
estão implicadas. 
Em pacientes com (1) atividade de 
aminotransaminase aumentada, (2) 
marcadores virais negativos e (3) histórico 
negativo de uso ou ingestão de álcool, a 
avaliação diagnóstica deve incluir 
investigações de causas menos comuns de 
doença hepática crônica como (1) 
hemocromatose, (2) doença de Wilson, (3) 
hepatite autoimune, (4) cirrose biliar primária, 
(5) colangite esclerótica, (6) doença celíaca e 
(7) deficiência de αlfa-1-antitripsina. 
Embora as atividades séricas de aspartato 
aminotransferase e de alanina 
aminotransferase estejam elevadas quando 
um processo patológico afeta a integridade 
do fígado, a alanina aminotransferase é a 
enzima mais específica do fígado. A elevação 
sérica da atividade de alanina 
aminotransferase é raramente observada em 
condições diversas de doença parenquimal 
hepática. Assim, a determinação de aspartato 
aminotransferase depois da determinação de 
alanina aminotransferase não é informativa. 
 
 
Após o infarto agudo do miocárdio, a 
atividade aumentada de aspartato 
aminotransferase aparece no soro (Tabela 
19-3). A atividade de aspartato 
aminotransferase também está aumentada 
na distrofia muscular e na dermatomiostite, 
apesar de ser usualmente normal em outros 
tipos de doenças musculares, especialmente 
naquelas de origem neurogênica. Elevações 
leves a moderadas de aspartato 
aminotransferase são notadas na doença 
hemolítica. 
Diversos estudos descreveram a aspartato 
aminotransferase ligada a imunoglobulinas, 
ou macro-aspartato aminotransferase. Os 
achados típicos incluem aumento persistente 
da atividade sérica de aspartato 
aminotransferase em um paciente 
assintomático, com ausência de patologia 
demonstrável em órgãos ricos em aspartato 
aminotransferase. A atividade aumentada de 
aspartato aminotransferase reflete clearance 
do complexo anormal do plasma. A macro-
aspartato aminotransferase não possui 
relevância clínica conhecida. Apesar disso, a 
identificação é importante para evitar 
procedimentos diagnósticos desnecessários 
nos pacientes. A dosagem de macro- 
aspartato aminotransferase sérica é obtida 
por precipitação diferencial com polietileno 
glicol (PEG) 6.000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÉTODOS DE ANÁLISE 
 
Métodos de monitoramento contínuo são 
comumente utilizados para dosar a atividade 
da transaminase pelo acoplamento de 
reações de aminotransaminase a reações 
específicas de desidrogenação. Os oxoácidos 
formados na reação de aminotransaminase 
são medidos indiretamente a partir da 
redução aos hidroxiácidos correspondentes e 
a mudança na concentração de NADH é 
monitorada por espectro-fotometria. Assim, o 
oxaloacetato, formado na reação aspartato 
aminotransferase, é reduzido a malato na 
presença de malato desidrogenase (MD). E o 
piruvato formado na reação alanina 
aminotransferase é reduzido a lactato pela 
desidrogenase láctica (LD). 
O substrato, NADH, e as enzimas auxiliares, 
malato desidrogenase ou desidrogenase 
láctica, devem estar presentes em 
quantidades suficientes para que a taxa da 
reação seja limitada apenas pelas 
quantidades de aspartato aminotransferase e 
alanina aminotransferase, respectivamente. À 
medida que as reações acontecem, o NADH 
é oxidado a NAD+ (nicotinamida adenina 
dinucleotídeo). O desaparecimento de NADH 
é seguido pela medida da diminuição de 
absorbância a 340 nanómetro. A mudança 
em absorbância por minuto (∆A/min) é 
proporcional aos micromoles de NADH 
oxidados e, por sua vez, aos micromoles de 
substrato transformados por minuto. Um 
período de incubação preliminar é necessário 
para garantir que a redução NADH-
dependente de oxoácidos endógenos na 
amostra esteja completa antes de o 2-
oxoglutarato ser adicionado para dar início à 
atividade de aminotransaminase. Porque a 
suplementação com piridoxal-5´-fosfato (P-5´-
P) garante que toda a atividade de 
aminotransaminase da amostra seja dosada. 
 
Procedimentos de referência primários da 
IFCC estão disponíveis para a medição da 
concentração da atividade catalítica de 
aspartato aminotransferase e alanina 
aminotransferase a 37°C. A fim de assegurar 
a acuidade e comparabilidade entre os 
laboratórios, os valores do calibrador do 
fabricante e os resultados de dosagem 
obtidos com sistemas comerciais em rotinas 
diárias devem estar de acordo para esses 
procedimentos de dosagem de referência. 
A atividade de aspartato aminotransferase 
sérica é estável por até 48 horas a 4°C. As 
amostras devem ser armazenadas caso 
sejam mantidas por mais tempo. A atividade 
de alanina aminotransferase deve ser dosada 
no dia da coleta da amostra, porque a 
atividade é perdida à temperatura ambiente, 
a 4°C e a -25°C. A estabilidade da alanina 
aminotransferase é mais bem mantida a -
70°C. Amostras hemolisadas não devem ser 
utilizadas, especialmente quando se deseja 
dosar a aspartato aminotransferase, em 
razão da alta quantidade dessa enzima em 
eritrócitos. 
Quando se usam testes confiáveis aos 
procedimentos de referência da IFCC, a limite 
superior de referência (URL) da aspartato 
aminotransferase para adultos é 35 U/L e não 
há diferenças relacionadas ao sexo. De 
maneira contrária, diferença da alanina 
aminotransferase foi notada entre mulheres e 
homens adultos. Limite superior de referência 
(URL) de alanina aminotransferase 
correspondentes são 60 U/L e 42 U/L, 
respecivamente. A alanina aminotransferase 
não revela dependência da idade durante a 
infância, enquanto a atividade sérica da 
aspartato aminotransferase em neonatos e 
crianças mais jovens do que 3 anos é três 
vezes maior do que em adultos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOSFATASE ALCALINA 
 
A fosfatase alcalina (EC 3.1.3.1; hidrolase de 
monoéster ortofosfórico – pH ótimo alcalino) 
catalisa a hidrólise alcalina de uma ampla 
variedade de substratos naturais e sintéticos. 
Íons divalentes, como (1) Mg2+ (cátion 
bivalente), (2) Co2+ (cobalto) e (3) Mn2+ 
(manganês), são ativadores da enzima, e o 
Zn2+ (zinco) é o íon metálico constitutivo. 
Os inibidores da atividade da fosfatase 
alcalina (ALP) incluem (1) fosfato, (2) borato, 
(3) oxalato e (4) íons cianeto. 
Tampões para o ensaio da fosfatase alcalina 
são classificados como (1) inertes (carbonato 
e barbital), (2) inibidores (glicina e 
propilamina) ou (3) ativadores (2-amino-2-
metil-1-propanol [AMP], tris 
(hidroximetil)amonimetano [TRIS] e 
dietanolamina [DEA]). 
BIOQUÍMICA 
 
A atividade da fosfatase alcalina está 
presente na maioria dos órgãos do corpo e 
está localizada na (1) mucosa do intestino 
delgado, (2) nos túbulos proximais 
convoluídos do rim, (3) nos ossos 
(osteoblasto), (4) no fígado e (5) na placenta. 
Apesar de a função metabólica exata da 
enzima não ser ainda compreendida,aparentemente a fosfatase alcalina está 
associada com o transporte de lipídeos no 
intestino e com o processo de calcificação 
óssea. 
A fosfatase alcalina existe em diversas 
formas, algumas das quais são isoenzimas 
verdadeiras codificadas em loci genéticos 
separados (Fig. 19-2). As formas da fosfatase 
alcalina do osso, do fígado e do rim 
compartilham uma estrutura primária comum, 
codificada em um mesmo lócus genético, 
porém diferem no conteúdo de carboidratos. 
A atividade de fosfatase alcalina presente no 
soro de adultos saudáveis origina-se 
principalmente no fígado, com a maioria do 
restante provinda dos ossos. A respectiva 
contribuição dessas duas formas da atividade 
total é dependente da idade. Quantidades 
mínimas de fosfatase alcalina intestinal 
podem também estar presentes, 
particularmente no soro de indivíduos do 
grupo B ou O. Como a atividade sérica da 
fosfatase alcalina intestinal aumenta após a 
refeição, a fosfatase alcalina deve ser dosada 
preferencialmente em amostras de soro de 
pessoas em jejum. 
SIGNIFICADO CLÍNICO 
Clinicamente, as medidas da fosfatase 
alcalina séricas são particularmente valiosas 
na investigação da doença hepatobiliar e na 
doença óssea associada à atividade 
aumentada de osteoblastos. 
DOENÇA HEPATOBILIAR 
 
A resposta do fígado a qualquer forma de 
obstrução da árvore biliar induz a síntese de 
fosfatase alcalina por hepatócitos. Algumas 
das enzimas recém-formadas entram na 
circulação para aumentar a atividade da 
enzima no soro. A elevação tende a ser três 
vezes maior na obstrução extra-hepática (p. 
ex., por pedra, câncer na cabeça do 
pâncreas) que na obstrução intra-hepática e 
é maior quanto mais completa for a 
obstrução. As atividades das enzimas séricas 
podem chegar de 10 a 12 vezes o limite 
superior de referência (URL) e habitualmente 
retornam ao normal após remoção cirúrgica 
da obstrução. 
 
 
 
Um aumento similar é visto em pacientes 
com câncer primário avançado do fígado ou 
metástase hepática primária avançada. As 
doenças hepáticas que afetam principalmente 
células parenquimais, como hepatite 
infecciosa, mostram tipicamente atividades 
de fosfatase alcalina aumentadas 
moderadamente (normalmente menores do 
que três vezes) ou mesmo normais. Os 
aumentos também podem ser consequência 
de uma reação à terapia com fármacos. A 
isoenzima fosfatase alcalina intestinal, uma 
asialoglicoproteína normalmente retirada 
pelos receptores de asialoglicoproteínas 
hepáticos, está frequentemente aumentada 
em pacientes com cirrose hepática. 
DOENÇA ÓSSEA 
 
A fosfatase alcalina óssea é produzida por 
osteoblastos e foi demonstrada em vesículas 
da matriz depositadas como “brotamentos” 
derivados da membrana celular. A enzima é, 
dessa maneira, um excelente indicador da 
formação óssea global. A incapacidade 
genética de produzir uma fosfatase alcalina 
tecido-inespecífica, incluindo a isoforma 
óssea, uma doença hereditária rara 
conhecida como hipofosfatasia, resulta em 
doença óssea rara e crescimento ósseo 
debilitado. 
Entre as doenças ósseas, as concentrações 
mais elevadas de fosfatase alcalina são 
encontradas na doença de Paget (osteíte 
deformante), como resultado da ação de 
células osteoblásticas que tentam reconstruir 
o osso absorvido pela atividade 
descontrolada de osteoclastos. Atividades de 
10 a 25 vezes o limite superior de referência 
(URL) são usuais e o crescimento reflete a 
extensão da doença. 
 
 
Na deficiência de vitamina D (osteomalácia e 
raquitismo), a concentração de duas a quatro 
vezes o limite superior de referência (URL) 
pode ser observada. 
O hiperparatiroidismo primário e o 
hiperparatiroidismo secundário estão 
associados a aumento sérico da fosfatase 
alcalina óssea leve a moderado, com a 
existência e o grau de elevação refletindo a 
presença e a extensão do envolvimento 
esquelético. Concentrações muito elevadas 
de enzima são encontradas em pacientes 
com câncer ósseo osteogênico. 
A fosfatase alcalina óssea está levemente 
aumentada na osteoporose, mas indivíduos 
osteoporóticos não podem ser claramente 
distinguidos de grupos-controles pareados 
pela idade. 
Elevações transientes de fosfatase alcalina 
podem ser encontradas durante a cura de 
fraturas ósseas. O crescimento ósseo 
fisiológico aumenta a fosfatase alcalina óssea 
no soro, que é responsável pelo fato de, no 
soro de crianças em crescimento, a 
concentração de enzima ser de 1,5 a 7 vezes 
maior que no soro saudável do adulto. Os 
valores máximos são atingidos antes nas 
meninas que nos meninos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OUTRAS CONDIÇÕES QUE LEVAM AO 
AUMENTO DA FOSFATASE ALCALINA 
 
De duas a três vezes o limite superior de 
referência (URL) são observadas nas 
mulheres, no terceiro trimestre da gestação, 
com a enzima adicional de origem 
placentária. Existem relatos de elevação 
benigna familiar na atividade sérica de 
fosfatase alcalina em razão da concentração 
aumentada de fosfatase alcalina intestinal. 
Elevações benignas e transientes de 
fosfatase alcalina sérica podem ser 
observadas em bebês e crianças, com 
variações maiores do que 10 vezes o limite 
superior de referência (URL). Aumentos tanto 
na forma hepática quanto na forma óssea são 
vistos. Essas mudanças parecem refletir uma 
redução na remoção da fosfatase alcalina 
sanguínea causada por modificações 
transientes da glicosilação da enzima. 
Formas da fosfatase alcalina essencialmente 
idênticas ao normal placentário ou a 
isoenzimas germinativas aparecem no soro 
de alguns pacientes com doença maligna. 
Essas isoenzimas carcinoplacentárias (p. ex., 
isoenzima de Regan) parecem resultar de 
uma depressão de genes da fosfatase 
alcalina placentários ou similares. A presença 
dessas isoenzimas é prontamente detectável 
no soro por sua estabilidade a 65°C. Os 
tumores têm também sido descritos como 
produtores de fosfatase alcalina, que 
parecem ser formas pós-traducionalmente 
modificadas de isoenzimas não placentárias. 
 
 
 
 
 
 
MÉTODOS DE ANÁLISE DE ATIVIDADE 
DE FOSFATASE ALCALINA TOTAL E 
CONTEÚDO DE ISOENZIMAS 
 
O substrato cromogênico mais popular para 
fosfatase alcalina é o 4-nitrofenil fosfato 
(usualmente abreviado como 4-NPP ou 
PNPP, do antigo nome p-nitrofenil fosfato). 
Esse éster é incolor, porém o produto final é 
amarelo no pH da reação: 
A reação enzimática é continuamente 
monitorada pela observação da taxa de 
formação dos ânions 4-nitrofenóxido a 405 
nanômetro. Essa reação forma a base dos 
métodos correntes do ensaio da fosfatase 
alcalina. O grupo fosfato liberado é 
transferido à água e a taxa. Essa reação 
forma a base dos métodos correntes do 
ensaio da fosfatase alcalina. O grupo fosfato 
liberado é transferido à água e a taxa da ação 
da fosfatase é aumentada caso certos 
aminoálcoois sejam utilizados como tampões 
aceptores de fosfato. Entre esses ativadores 
estão compostos como (1) AMP, (2) 
dietanolamina (DEA), (3) tris(hidroximetil) 
amonimetano [TRIS] e (4) N-metil-d-
glucamina (MEG). O procedimento 
recomendado pela IFCC utiliza 4-nitrofenil 
fosfato (4-NPP) como substrato e AMP como 
o tampão aceptor de fosfato. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Soro ou plasma heparinizado, livre de 
hemólise, devem ser utilizados. 
Anticoagulantes complexantes – como citrato 
e EDTA – devem ser evitados, em razão de 
sua ligação a cátions, como Mg2+ (cátion 
bivalente) e Zn2+ (zinco), cofatores 
necessários para a medição da atividade da 
fosfatase alcalina. Amostras de soro recém-
coletadas devem ser mantidas à temperatura 
ambiente e ensaiadas assim que possível, 
preferencialmente, em 4 horas após a coleta. 
No soro acondicionado em temperatura 
refrigerada, a atividade da fosfatase alcalina 
aumenta lentamente (2% por dia) – acredita-
se que tenha relação com a reincorporação 
de cátions requeridos paraa atividade total. 
Espécimes congelados devem ser 
descongelados e mantidos à temperatura 
ambiente por 18 a 24 horas antes da medição 
a fim de propiciar a reativação enzimática 
total. 
A atividade da fosfatase alcalina no soro varia 
com a idade. As crianças apresentam maior 
atividade de fosfatase alcalina do que adultos 
saudáveis como resultado do vazamento da 
fosfatase alcalina óssea dos osteoblastos 
durante o crescimento ósseo. 
Os intervalos de referência para fosfatase 
alcalina (resultados dentro do percentil 95º) 
para homens adultos e mulheres em pré-
menopausa foram 43 a 115 U/L e 33 a 98 
U/L, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ensaios para isoenzimas fosfatase alcalina 
são necessários quando (1) a origem de uma 
atividade elevada de fosfatase alcalina sérica 
não é óbvia e deve ser esclarecida, (2) a 
principal questão clínica é a detecção da 
presença do envolvimento hepático ou ósseo 
e (3), no caso de distúrbios ósseos, é 
importante verificar qualquer modificação na 
atividade dos osteoblastos para monitorar a 
atividade da doença e os efeitos das terapias 
apropriadas. 
Os critérios utilizados para diferenciar as 
isoenzimas e outras formas múltiplas de 
fosfatase alcalina incluem (1) mobilidade 
eletroforética, (2) estabilidade à desnaturação 
por calor ou químicos, (3) resposta à 
presença de inibidores selecionados, (4) 
afinidade de lectinas específicas e (5) 
características imunoquímicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a eletroforese, as zonas da fosfatase 
alcalina são visualizadas pela incubação do 
gel em uma solução de substrato tamponado. 
A fosfatase alcalina hepática se move 
tipicamente mais rapidamente para o ânodo. 
A fosfatase alcalina óssea, que tipicamente 
resulta em uma banda mais difusa do que a 
forma hepática, apresenta mobilidade 
anódica ligeiramente diminuída, apesar de as 
duas zonas geralmente possuírem certo grau 
de sobreposição. A fosfatase alcalina 
intestinal migra de maneira mais lenta do que 
a enzima óssea, enquanto a isoenzima 
placentária comumente aparece como uma 
banda discreta sobreposta à fração óssea 
difusa. Uma banda adicional, que está 
frequentemente presente no soro de 
pacientes com diversas doenças hepáticas, 
contém uma forma de fosfatase alcalina de 
alto peso molecular negativamente 
carregada. Dessa forma, ela migra 
lentamente ou pode até não entrar no gel de 
poliacrilamida, porém está localizada mais 
em direção ao anodo do que a principal 
enzima hepática em meio não discriminante, 
como acetato de celulose. Essa forma 
corresponde à principal forma hepática ligada 
à parte da membrana. Complexos entre 
fosfatase alcalina e imunoglobulinas, ou 
macro-fosfatase alcalina, ocorrem 
ocasionalmente no soro, levando à banda 
com migração anormal na zona da γ-
globulina; mas, de acordo com o 
conhecimento atual, elas não oferecem 
diagnóstico específico. 
 
 
 
 
 
 
 
Em geral, a separação eletroforética da 
fosfatase alcalina óssea e hepática é difícil 
pela similaridade estrutural. A fim de melhorar 
a separação, o soro é pré-tratado durante 15 
minutos a 37°C com neuraminidase para 
remover uma parte dos resíduos de ácido 
siálico terminais. Como os resíduos de ácido 
siálico da fosfatase alcalina óssea são mais 
prontamente atacados que aqueles da 
fosfatase alcalina hepática, a mobilidade 
eletroforética da forma óssea é mais reduzida 
do que fosfatase alcalina hepática. A 
separação melhorada permite estimativas 
quantitativas por escaneamento 
densitométrico. 
A medida de γ-glutamil transferase (GGT), 
que está aumentada na doença hepática, 
mas não está na doença óssea, pode ser 
uma ferramenta alternativa rápida e útil para 
distinguir entre as duas doenças como 
explicação para o aumento da fosfatase 
alcalina sérica. 
A incubação overnight da amostra do soro 
com neuraminidase é utilizada para confirmar 
a presença de fosfatase alcalina intestinal. 
Esse tratamento reduz a mobilidade anódica 
de todas as isoenzimas da fosfatase alcalina, 
exceto a de origem intestinal, que é resistente 
à neuraminidase porque os resíduos de ácido 
siálico terminais não estão presentes na 
molécula. Os imunoensaios para a 
determinação direta de fosfatase alcalina 
óssea, que dosam a atividade enzimática ou 
a concentração de massa, estão 
comercialmente disponíveis. A reatividade 
cruzada com a forma hepática varia de 6 a 
20%. E mesmo com a sua falta de 
especificidade completa, o imunoensaios da 
fosfatase alcalina óssea podem oferecer 
alguma vantagem no monitoramento da 
doença óssea e dos efeitos das terapias 
apropriadas uma vez estabelecido o 
diagnóstico do envolvimento do osso. 
 
 
BILIRRUBINA 
 
A bilirrubina é um pigmento derivado da 
hemoglobina. Ela é produzida e 
biotransformada no fígado, depois excretada na 
bile e urina. 
A bilirrubina é transportada para o fígado, 
fracamente ligada à albumina, na sua forma 
nativa, não conjugada. A bilirrubina é 
transportada através da membrana do 
hepatócito e rapidamente conjugada para 
produzir glucuronídeos de bilirrubina, que são 
excretados na bile por um processo 
dependente de energia. 
Este processo é altamente eficiente e 
conjugados de bilirrubina são detectáveis no 
plasma normal apenas através de técnicas 
altamente sensíveis. Na presença de 
monoglucoronídeo de bilirrubina, albumina (e 
outras proteínas) é modificada por ligação 
covalente de bilirrubina a resíduos de lisina, 
produzindo biliproteína ou δ-bilirrubina. 
Aumentos na bilirrubina conjugada ou δ-
bilirrubina são marcadores altamente 
específicos de disfunção hepática (exceto em 
doenças hereditárias raras, como síndrome de 
Dubin-Johnson). 
No trato intestinal, glucuronídeos de bilirrubina 
são hidrolisados e reduzidos por enzimas 
bacterianas para urobilinogênios, que não 
retornam para circulação entero-hepática, e, 
em seguida, são liberados com as fezes como 
pigmentos estercobilina, mesobilina e urobilina. 
 
 
 
 
 
 
 
O aumento da bilirrubina plasmática é 
classificado como não conjugada (indireta: uma 
aproximação da bilirrubina não conjugada) ou 
conjugada (direta: uma aproximação da 
bilirrubina conjugada e biliproteína). 
O aumento da bilirrubina não conjugada indica 
excesso de produção de bilirrubina, geralmente 
causado por (1) hemólise, (2) diminuição da 
entrada de bilirrubina no fígado (hipertensão 
portal) ou (3) redução do metabolismo pelo 
fígado (defeitos congênitos envolvendo a 
enzima uridina 5’-fosfato [UDP]-glucuronil 
transferase). Com lesão hepática grave, a 
doença hepática pode causar principalmente 
hiperbilirrubinemia não conjugada. 
O aumento da bilirrubina conjugada geralmente 
é causado por hepatite aguda ou colestase 
(supressão do fluxo biliar); a porcentagem de 
bilirrubina conjugada é semelhante em ambos 
os tipos de doenças do fígado. A bilirrubina 
conjugada é, muitas vezes, ligeiramente 
elevada em formas avançadas de hepatite 
crônica ou colestase crônica, e, muitas vezes, é 
a única evidência de disfunção do fígado. 
Bilirrubina na urina é tipicamente elevada na 
presença de aumento da bilirrubina conjugada. 
Com a resolução de doença hepática, a 
bilirrubina conjugada é rapidamente eliminada 
e a biliproteína se torna a única forma. O 
aumento da bilirrubina conjugada também é 
raramente observado em defeitos congênitos 
da excreção de bilirrubina (Síndrome Dubin-
Johnson) e com excreção de bilirrubina 
prejudicada (como ocorre em sépsia ou outra 
doença aguda). 
Aumentos isolados da bilirrubina plasmática 
geralmente indicam síndrome de Gilbert. As 
concentrações são abaixo de 100 micromol por 
litro e, normalmente, estão na faixa de 20 a 50 
micromol por litro. Essa hiperbilirubinemia é 
não conjugada e outros testes da função 
hepática padrão são normais. A medição da 
hemoglobina, a contagem dereticulócitos e, se 
necessário, da haptoglobina, eliminarão a 
hemólise como uma causa. Testes genéticos 
estão disponíveis. 
BILIRRUBINA PLASMÁTICA 
 
A dosagem seriada de bilirrubina é útil para 
medir a gravidade da doença hepática aguda 
e crônica. Os pacientes apresentam 
elevações isoladas na concentração de 
bilirrubina. Na maioria dos casos, isso ocorre 
nas doenças hereditárias do metabolismo da 
bilirrubina, ou hemólise. Não é difícil de 
distinguir hemólise grave que causa 
hiperbilirrubinemia, porque o paciente com 
hemólise apresenta anemia e outras 
manifestações da doença. 
BILIRRUBINA DIRETA 
 
Bilirrubina monoconjugada e biconjugada 
(principalmente glucuronídeos) e δ- 
bilirrubina, porque são hidrossolúveis, 
reagem com os reagentes diazo na ausência 
de aceleradores. 
Um método confiável para bilirrubina direta 
não deve medir a bilirrubina não conjugada. 
Para impedir que a concentração de 
bilirrubina não conjugada reaja, é necessário 
manter o pH da mistura de reação perto de 
1.10 
Existe um método manual preferido para a 
bilirrubina direta: a Ditaurobilirrubina 
(bilirrubina conjugada com taurina está 
disponível na forma de sal dissódico), um 
material sintético solúvel em água, é utilizada 
por fabricantes de instrumentos para 
calibração de métodos de bilirrubina direta; 
ela também está presente nos materiais 
utilizados para controle de qualidade e para o 
teste de proficiência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ENZIMAS PANCREÁTICAS 
 
Os biomarcadores de soro mais comuns para 
a investigação de doença pancreática, mais 
especificamente de pancreatite aguda, são 
as enzimas digestivas (do tipo P) amilase e 
lipase 
AMILASE 
 
A alfa-amilase (AMY – EC 3.2.1.1; 1,4-α-d 
glucan glucano hidrolase) catalisa a hidrólise 
de ligações 1,4-α-glicosídicas em 
polissacarídeos. Ambos os poliglucanos, 
lineares (amilose) e ramificados (amilopectina 
e glicogênio), são hidrolisados, porém em 
velocidades diferentes. A enzima não ataca a 
ligação α-1,6 nos pontos de ramificação. 
As alfa-amilases são metaloenzimas 
dependentes de cálcio, componente 
essencial para a integridade funcional. Mas, a 
sua atividade total é mostrada apenas na 
presença de vários ânions, sendo o cloreto e 
o brometo os ativadores mais eficientes. 
A alfa-amilase no soro humano possui pH 
ótimo moderadamente estreito, ente 6,9 e 7. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOQUÍMICA 
 
Alfa-amilase que ocorrem normalmente no 
plasma humano são pequenas moléculas de 
peso molecular variando entre 54 e 62 
quilodalton. A enzima é pequena o suficiente 
para passar através dos glomérulos dos rins 
e a alfa-amilase é a única enzima plasmática 
encontrada fisiologicamente na urina. A alfa-
amilase está presente em diversos órgãos e 
tecidos. A maior concentração está presente 
nas glândulas salivares, que secretam uma 
alfa-amilase potente (do tipo S) para iniciar a 
hidrólise de amidos enquanto a comida ainda 
está na boca e no esôfago. No pâncreas, a 
enzima (do tipo P) é sintetizada por células 
acinares e, então, é secretada no trato 
intestinal por meio do sistema do duto 
pancreático. 
A atividade da alfa-amilase é também 
encontrada em extratos de (1) ovários, (2) 
tubos falopianos, (3) pulmões e (4) tecido 
adiposo. Alguns tumores de pulmão e ovário 
também podem conter atividade considerável 
de alfa-amilase (usualmente do tipo S). 
Fluidos ascíticos e pleurais podem conter 
alfa-amilase como resultado da presença de 
um tumor ou de pancreatite. 
A enzima presente no soro normal e na urina 
é predominantemente de origem pancreática 
(P- alfa-amilase) e da glândula salivar (S- 
alfa-amilase). Essas isoenzimas são produtos 
de dois loci genômicos de interação próxima 
no cromossomo. A isoenzima alfa-amilase 
também sofre modificação pós-translacional 
de (1) deaminação, (2) glicosilação e (3) 
deglicosilação para formar diversas 
isoformas, que foram separadas tanto no 
soro quanto na urina com o uso de 
focalização isoelétrica ou eletroforese. 
 
 
 
SIGNIFICADO CLÍNICO 
 
A atividade total de alfa-amilase no sangue é 
fisiologicamente baixa e constante e aumenta 
muito na pancreatite aguda e na inflamação 
da glândula salivar. 
Na pancreatite aguda, um aumento na 
atividade sérica de alfa-amilase ocorre em 5 
a 8 horas do início dos sintomas. As 
atividades tipicamente retornam ao normal 
antes do terceiro ou quarto dias. Uma 
elevação de quatro a seis vezes na atividade 
da alfa-amilase acima do limite superior de 
referência é usual, com a concentração 
máxima atingida entre 12 e 72 horas. A 
magnitude da elevação da alfa-amilase não 
está relacionada à severidade do 
envolvimento pancreático; mas, quanto maior 
o aumento, maior a probabilidade de 
pancreatite aguda. A especificidade clínica da 
alfa-amilase total para o diagnóstico de 
pancreatite aguda é, baixa porque valores 
aumentados também são encontrados em 
diversas enfermidades intra-abdominais e em 
diversas condições extrapancreáticas 
A falta de especificidade da medição da alfa-
amilase total resultou na medida direta da P- 
alfa-amilase, em vez da atividade total da 
enzima para o diagnóstico diferencial de 
pacientes com dor abdominal aguda. Quando 
a decisão para limitar uma atividade igual a 
três vezes o limite superior de referência foi 
aplicada, a especificidade clínica da P- alfa-
amilase para o diagnóstico de pancreatite 
aguda foi maior que 90%. A sensibilidade 
para a detecção tardia dessa condição é 
também notavelmente melhorada com P-alfa-
amilase. Os valores de P-alfa-amilase 
permanecem elevados em 80% dos 
pacientes com pancreatite descomplicada 
uma semana depois do começo, quando 
apenas 30% ainda mostram atividade 
aumentada de alfa-amilase total. 
 
Doenças do trato biliar, como coleocistite, 
causam elevação de até quatro vezes da 
atividade sérica de P- alfa-amilase como 
resultado do envolvimento primário ou 
secundário do pâncreas. Outros eventos 
intra-abdominais também levam a um 
aumento significativo da atividade sérica de 
P- alfa-amilase. 
Na insuficiência renal, a atividade sérica da 
alfa-amilase é aumentada proporcionalmente 
à extensão do dano renal (usualmente não 
mais de cinco vezes o limite superior de 
referência). A hipertalassemia (com 
mobilidade da isoenzima do tipo S) também 
pode ocorrer em doenças neoplásicas, com 
elevações que chegam a 50 vezes o limite 
superior de referência. 
Em 1% da população, as macroamilases 
estão presentes no soro e podem causar 
hipertalassemia: esses são complexos entre 
a alfa-amilase normal (usualmente do tipo S) 
e imunoglobulina (IgG ou IgA). Essas 
macroamilases não são filtradas por 
glomérulos dos rins por conta de seu 
tamanho grande (maior que 200 quilodalton) 
e são, assim, retidas no plasma, onde sua 
presença pode aumentar a atividade da alfa-
amilase entre aproximadamente duas a oito 
vezes acima do limite superior de referência. 
Nenhum sintoma clínico está associado com 
esse desarranjo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÉTODOS PARA ANÁLISE DA 
ATIVIDADE TOTAL E PANCREÁTICA 
DA AMILASE 
 
Quando hidrolisados pela alfa-amilase, 
pequenos substratos oligossacarídicos 
resultam em produtos mais bem definidos do 
que os amidos. O uso de substratos definidos 
no ensaio da alfa-amilase melhorou a 
estequiometria do ensaio e levou a condições 
de hidrólise mais controladas e consistentes. 
Os substratos utilizados incluem (1) 
maltoteraose, (2) maltopentaose e (3) 4-
nitrofenil (4-NP)-glicosida, que se formam 
pela ligação de 4-NP à porção redutora de 
um oligossacarídeo definido. Caso o 
oligossacarídeo seja a malto-heptaose (G7), 
o substrato será, então, 4-NP-G7. A alfa-
amilase cliva esse substrato, produzindo 
oligossacarídeos livres (G5, G4 e G3) e 4-
NP-G2, 4-NP-G3e 4-NP-G4. A hidrólise 
combinada por alfa-amilase nessa amostra e 
pelo reagente α-glucosidase (EC 3.2.1.20; 
maltase) resulta em produção de NP livre, 
que é detectada pela absorbância a 405 
nanômetro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Historicamente, surgiram problemas com o 
uso do ensaio de 4-NP-glicosídeo no que se 
refere à baixa estabilidade da mistura do 
ensaio reconstituído, em razão da hidrólise 
lenta do 4-NP-glicosídeo por α-glucosidase. 
Esse efeito foi reduzido pela ligação 
covalente de um grupo “bloqueador”, como o 
grupo 4,6-etilideno, à porção terminal não 
redutora da molécula. Esse substrato é 
conhecido como substrato protegido por 
etilideno (EPS). Foi demonstrado que esses 
substratos possuem padrão de hidrólise mais 
vantajoso, aumentando, assim, a liberação de 
4-NP. Um tipo novo de α-glucosidase 
também está disponível (enzima 
recombinante AGH-211) e hidrolisa 
completamente substratos nitrofenilados. 
Como resultado, a clivagem de uma ligação 
α-glucosídica por alfa-amilase resulta na 
liberação de uma molécula de 4-NP. A IFCC 
otimizou esse método a 37 °C, 
recomendando-o como um procedimento de 
referência para dosagem de alfa-amilase. O 
intervalo de referência para o método 
recomendado pela IFCC é 31 a 107 U/L. 
Excetuando-se a heparina, todos os 
anticoagulantes comuns inibem a atividade 
da alfa-amilase porque eles quelam cálcio. 
Assim, os ensaios de alfa-amilase devem ser 
feitos apenas no soro ou no plasma 
heparinizado. A alfa-amilase é bastante 
estável e a atividade é totalmente mantida 
durante o acondicionamento por 4 dias à 
temperatura ambiente, 2 semanas a -4°C, 1 
ano a -25°C e 5 anos a -75°C. 
 
 
 
 
 
 
Apenas os métodos baseados na inibição 
seletiva de S- alfa-amilase por anticorpos 
monoclonais mostraram suficiente (1) 
precisão, (2) confiabilidade, (3) 
praticabilidade e (4) velocidade analítica para 
serem clinicamente úteis para a 
determinação de P- alfa-amilase. Um ensaio 
utilizando um anticorpo monoclonal duplo, 
que usa a ação sinergística de dois 
anticorpos monoclonais imunoinibidores 
contra S- alfa-amilase, está comercialmente 
disponível. Após a atividade de S- alfa-
amilase ser inibida pela adição de anticorpos, 
a atividade da P- alfa-amilase não inibida é 
dosada por EPS-4-NP-G7 como substrato. 
Resultados falso-positivos de P- alfa-amilase 
foram reportados em indivíduos com 
macroamilasemia, nos quais a Ig complexada 
à alfa-amilase diminui ou impede a ligação de 
anticorpos monoclonais incluídos no teste 
para inibir eficientemente a S- alfa-amilase. 
Após a eletroforese, a macro- alfa-amilase, 
normalmente, forma uma banda de migração 
larga, diferente das bandas homogêneas 
produzidas por isoenzimas de alfa-amilase 
séricas. Se a separação eletroforética não 
estiver disponível, a precipitação do 
macrocomplexo por uma solução de PEG 
6.000 (240 g/L) pode ser uma alternativa. A 
atividade residual de alfa-amilase menor do 
que 30% no sobrenadante é indicativa de 
macroamilasemia 
Em adultos saudáveis, a P- alfa-amilase 
representa aproximadamente 40 a 50% do 
total da atividade de alfa-amilase no soro. 
Quando o método de imunoinibição é 
utilizado a 37 °C, o intervalo de referência 
para a atividade de P- alfa-amilase no soro 
de adultos é de 13 a 53 U/L.5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIPASE 
 
A lipase pancreática humana (LPS – EC 
3.1.1.3, triacilglicerol acil-hidrolase) é uma 
glicoproteína de cadeia única com peso 
molecular de 40 quilodalton. O gene da lipase 
pancreática humana está localizado no 
cromossomo 10. Para atividade catalítica 
total e maior especificidade, a presença de 
sais biliares e um cofator chamado colipase, 
pequena proteína secretada pelo pâncreas, 
são pedido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIOQUÍMICA 
A lipase hidrolisa ésteres de glicerol de 
ácidos graxos de cadeia longa 
Apenas ligações éster nos carbonos 1 e 3 
(posições α) são atacadas e os produtos da 
reação incluem 2 moles de ácidos graxos e 1 
mol de 2-acilglicerol (β-monoglicerídeo) por 
mol de substrato. O último é resistente à 
hidrólise, mas ele é espontaneamente 
isomerizado à forma alfa (3-acilglicerol), que 
permite ao terceiro ácido graxo ser clivado a 
uma velocidade bem reduzida. 
A lipase pancreática humana age somente 
quando o substrato está presente em uma 
forma emulsificada na interface entre a água 
e o substrato. A velocidade da ação de lipase 
pancreática humana depende da área de 
superfície do substrato dispersado. Ácidos 
biliares garantem que a superfície do 
substrato disperso permaneça livre de outras 
proteínas, incluindo enzimas lipolíticas, pelo 
revestimento da superfície do substrato 
insolúvel e pelo meio aquoso. 
A maior parte da atividade da lipase 
pancreática humana achada no soro deriva 
do pâncreas, mas uma parte é secretada 
pelas mucosas gástrica e intestinal. A 
concentração de lipase pancreática humana 
no pâncreas é aproximadamente 5.000 vezes 
maior do que em outros tecidos e o gradiente 
de concentração entre o pâncreas e o soro é 
≈20.000 vezes. A lipase pancreática humana 
é uma molécula pequena o suficiente para 
ser filtrada pelos glomérulos, mas por ela ser 
totalmente reabsorvida pelos túbulos renais 
e, por isso, não é fisiologicamente detectada 
na urina 
 
 
 
 
SIGNIFICADO CLÍNICO 
 
A dosagem de lipase pancreática humana 
sérica é utilizada para diagnosticar pancreatite 
aguda. A sensibilidade clínica é 80 a 100%, 
dependendo do limite de corte diagnóstico 
selecionado, e a especificidade clínica é 80 a 
100%, dependendo da mistura da população 
de pacientes estudada. 
Após um ataque de pancreatite aguda, a 
atividade sérica de lipase pancreática humana 
aumenta em 4 a 8 horas, chega ao pico após 
24 horas e decresce entre 7 e 14 dias. 
Elevações entre 2 e 50 vezes o limite superior 
de referência foram reportadas. 
A pancreatite aguda é, às vezes, difícil de 
diagnosticar, porque precisa ser diferenciada 
de outras doenças agudas abdominais com 
achados clínicos similares, como (1) úlcera 
perfurante gástrica ou duodenal, (2) obstrução 
intestinal ou (3) obstrução mesentérica 
vascular. Em um diagnóstico diferencial, a 
elevação da atividade de lipase pancreática 
humana no soro é maior do que 3 vezes o 
limite superior de referência; na ausência de 
falência renal, é um achado diagnóstico mais 
específico do que o aumento da atividade de 
alfa-amilase no soro. 
Além disso, as concentrações de lipase 
pancreática humana permanecem elevadas 
durante maior tempo do que aquelas da alfa-
amilase, que é outra vantagem sobre a medida 
de alfa-amilase em pacientes com 
apresentação atrasada (Fig. 19-4). Assim, é 
recomendável, em emergência, que a lipase 
pancreática humana substitua a alfa-amilase no 
teste diagnóstico inicial para pancreatite aguda. 
Obter ambas as atividades séricas, tanto para 
alfa-amilase quanto para lipase pancreática 
humana, não é garantido. 
Em pacientes com taxa de filtração glomerular 
reduzida, a atividade sérica da lipase 
pancreática humana está aumentada. 
 
MÉTODOS DE ANÁLISE 
 
Muitos métodos para análise de lipase 
pancreática têm sido usados tanto com 
substratos triglicerídeos quanto com não 
triglicerídeos e técnicas (1) titriméricas, (2) 
turbidimétricas, (3) espectrofotométricas, (4) 
fluorimétricas e (5) imunológicas. Em geral, 
triglicerídeos de cadeia longa (e alguns 
substratos diglicerídeos) demonstraram 
correlação dos resultados com o estado 
clínico superior àquele observado utilizando 
outros substratos. 
Vários substratos e sistemas complexos 
auxiliares e indicadores têm sido utilizados 
em métodos espectrofluorimétricos. 
Particularmente, o ácido 1,2-O-dilauril-rac-
glicero-3-glutárico-(4-metil-resourfina)-éster,consistindo de duas ligações glicerol e uma 
ligação éster, foi proposto e ensaios 
baseados em seu uso estão atualmente se 
expandindo. 
A lipase pancreática humana hidrolisa a 
ligação éster em meio alcalino a um ácido 
éster dicarbônico que hidrolisa 
espontaneamente, resultando em ácido 
glutárico e metilresorufina, que é um 
cromóforo roxo-azulado, com pico de 
absorção em 580 nanômetro. 
A velocidade de formação de metilresorufina 
é diretamente proporcional à atividade da 
lipase pancreática humana na amostra. O 
limite superior de referência é 28 U/L a 37 °C 
e nenhuma diferença relacionada ao sexo ou 
à idade foi notada. 
A atividade de lipase pancreática humana no 
soro é estável à temperatura ambiente 
durante uma semana. O soro pode ser 
acondicionado por 3 semanas em geladeira e 
diversos anos caso congelado. 
 
 
TEMPO DE PROTROMBINA 
 
Avaliações em série de tempo de protrombina 
são utilizadas para determinar a função 
hepática. Elas são mais confiáveis que a 
avaliação da concentração de albumina 
porque menos condições (diferentes da 
administração de varfarina) afetam o tempo 
de protrombina que a albumina. O tempo de 
protrombina é o marcador de prognóstico 
mais importante na doença hepática aguda e 
normalmente o primeiro teste de função 
anormal de hepatite crônica que evolui para 
cirrose. 
O tempo de protrombina é também um dos 
parâmetros utilizados no cálculo do escore 
MELD, utilizado para prever necessidade de 
transplante de fígado na cirrose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALBUMINA 
 
A albumina é uma proteína não glicosilada, 
formada por 585 aminoácidos. Trata-se da 
proteína plasmática mais abundante desde a 
metade da gestação até a morte e 
geralmente representa um pouco mais do 
que a metade da massa de proteína do 
plasma. Em razão de sua elevada 
concentração de plasma e médio porte, a 
albumina é o principal contribuinte para 
pressão oncótica coloidal (COP) no espaço 
vascular. A pressão oncótica coloidal ajuda a 
reter o fluido no espaço vascular e as 
soluções de albumina, por vezes, têm sido 
administradas para ajudar na manutenção do 
volume intravascular. Quando as 
concentrações de albumina são diminuídas, 
eleva-se a tendência para que fluido ocupe 
os espaços extravasculares e produza 
edema. A albumina é o principal componente 
proteico da maioria dos fluidos corporais 
extravasculares, incluindo (1) o líquido 
cefalorraquidiano (LCR), (2) fluido intersticial, 
(3) urina e (4) líquido amniótico. 
Aproximadamente 60% da albumina total do 
corpo encontram-se no espaço extravascular, 
embora a concentração seja maior no espaço 
vascular (concentração plasmática). 
A albumina é muito solúvel em água por 
conta da sua grande quantidade de 
aminoácidos com carga, que apresentam 
carga líquida de cerca de -12 em pH neutro. 
Em concentrações normais, a albumina 
contribui com cerca de 6 a 10 milimol por litro 
no intervalo aniônico. Baixas concentrações 
de albumina, entretanto, levam à redução do 
intervalo aniônico. 
 
 
 
 
BIOQUÍMICA E FUNÇÃO 
 
A albumina é sintetizada pelas células 
parenquemais hepáticas. A reserva sintética 
do fígado é substancial; na síndrome 
nefrótica, por exemplo, a taxa de síntese 
aumenta o triplo do normal. A síntese de 
albumina é controlada principalmente pela 
pressão oncótica coloidal e pelo consumo de 
proteínas. 
O catabolismo ocorre, principalmente, por 
pinocitose em todos os tecidos, mas a 
albumina, em conjunto com a IgG, tem meia-
vida estendida em cerca de duas a quatro 
vezes por causa da ação do receptor IgG 
neonatal, que recicla seletivamente essas 
duas proteínas a partir de fluidos pinocitados. 
A meia-vida normal da albumina no plasma é 
de 15 a 19 dias. A maioria das outras 
proteínas plasmáticas tem meia-vida de 7 
dias ou menos. 
A albumina tem múltiplas funções, incluindo a 
manutenção da pressão oncótica coloidal, 
além da ligação e do transporte de vários 
compostos, como (1) ácidos graxos livres, (2) 
bilirrubina, (3) cálcio, (4) hormônios 
esteroides tireoidianos, (5) fármacos e (6) 
compostos contendo tiol. 
Mais de 80 variantes genéticas de albumina 
já foram relatadas. Muitas apresentam 
padrão de migração eletroforética alterado, 
resultando na chamada bisalbuminemia 
(duas bandas de albumina), para os 
heterozigotos. 
Fármacos e metabólitos ligados, também 
podem alterar a migração eletroforética da 
albumina. Algumas variantes apresentaram 
afinidades de ligação para tiroxina (T4). Os 
indivíduos afetados têm T4 sérica 
aumentada, são eutireoideos, mas 
apresentam concentrações normais de 
tirotropina. 
 
IMPORTÂNCIA CLÍNICA 
 
Concentrações aumentadas de albumina 
podem ser percebidas em casos de 
desidratação, tempo prolongado de 
torniquete ou em amostra, com evaporação 
antes da análise. Então, concentrações 
elevadas de albumina sugerem problemas 
com a hidratação do paciente ou o manuseio 
de amostras. 
ANALBUMINEMIA 
Apenas cerca de 20 famílias com essa rara 
deficiência genética têm sido descritas. 
Indivíduos com essa condição apresentam 
concentrações de albumina plasmática 
inferiores a 0,5 gramas por litro. Muitas 
vezes, não há sintomas e as manifestações 
clínicas consistem em edema leve e 
dislipidemia. 
INFLAMAÇÃO 
A albumina é uma proteína de fase aguda 
(APP) negativa. As inflamações aguda e 
crônica são causas comuns de 
hipoalbuminemia. Os processos inflamatórios 
diminuem a albumina plasmática em razão 
(1) do aumento da permeabilidade capilar, 
permitindo a entrada de mais albumina no 
espaço extravascular, (2) da diminuição da 
síntese hepática de albumina em resposta a 
fatores como IL-6, (3) do estímulo do 
catabolismo e (4) da diminuição da síntese 
em resposta à pressão oncótica coloidal, 
contribuindo com proteínas de fase aguda 
(APPs) positivas. 
 
 
 
 
 
 
DOENÇA HEPÁTICA 
O fígado possui uma capacidade sintética de 
manter a concentração de albumina até que a 
lesão parenquimatosa resulte em perda 
superior a 50% da sua função. Mecanismos 
adicionais podem contribuir para a diminuição 
das concentrações de albumina em muitos 
casos de doença hepática, incluindo (1) 
deficiência nutricional, (2) aumento da 
distribuição para o espaço extravascular e (3) 
inibição da síntese direta pelas toxinas, como 
o álcool. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERDA URINÁRIA 
Normalmente, a barreira de filtração 
glomerular impede de modo eficiente a 
entrada de proteínas do tamanho da 
albumina ou maiores no ultrafiltrado do 
sistema urinário. Normalmente, apenas 1 a 2 
grama por deci de albumina ultrapassam a 
barreira glomerular e 99,9% da albumina do 
ultrafiltrado glomerular retornam pelos túbulos 
proximais do rim, onde são degradadas. 
Apenas cerca de 10mg/d de albumina é 
normalmente excretada na urina. Aumentos 
ínfimos na excreção de albumina de >30 
mg/d indicam estágios iniciais da lesão 
glomerular ou tubular e risco de progressão 
para doença renal mais grave, o que se 
denomina microalbuminúria. (Nota: “micro” 
refere-se à excreção de pequenas 
quantidades, e não a uma forma menor de 
albumina). Aumentos não patológicos na 
excreção de albumina na urina são, por 
vezes, observados em alterações posturais, 
prática de exercícios intensos e febre. A 
amostra da primeira e da segunda urina da 
manhã pode minimizar os efeitos posturais. A 
lesão glomerular grave produz a síndrome 
nefrótica, a qual é caracterizada pela 
excreção de > 3,5 gramas por deci de 
proteína, constituída principalmente de 
albumina. Na síndrome nefrótica, o rim 
mantém certa dimensão de seletividade. 
Concentrações de proteína inferiores a 200 
quilodalton, como a albumina, via de regra, 
são substancialmente diminuídas,embora a 
produção hepática esteja aumentada. As 
concentrações de algumas proteínas muito 
grandes, como a α2-macroglobulina (AMG) e 
a apolipoproteína B, estão elevadas. 
PERDA GASTRINTESTINAL 
A doença inflamatória do trato gastrintestinal 
(GI) está associada à perda elevada de 
albumina. Essas perdas de albumina são 
semelhantes às observadas na síndrome 
nefrótica. 
DESNUTRIÇÃO PROTEICO-
ENERGÉTICA (MARASMO) 
As concentrações de albumina ajudam a 
detectar e monitorar o estado nutricional 
proteico. As respostas ao consumo alimentar, 
porém, são lentas por causa da longa meia-
vida de albumina. A proteína de fase aguda, 
muitas vezes, deve ser considerada um 
complicador potencial em pacientes com 
baixa concentração de albumina. 
FERIMENTO DE QUEIMADURA 
Observou-se que pacientes com 
queimaduras enfrentam perda grave de 
albumina em feridas. Reduções severas das 
concentrações de albumina com 
queimaduras maciças estão, provavelmente, 
relacionadas a efeitos combinados de perdas 
epiteliais e do catabolismo acelerado, além 
da proteína de fase aguda. 
EDEMA E ASCITE 
Edema e ascite geralmente são secundários 
ao aumento da permeabilidade vascular, em 
vez de hipoalbuminemia. As concentrações 
plasmáticas de albumina estão reduzidas 
como resultado de sua redistribuição em 
espaços extravasculares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES LABORATORIAIS 
 
A maioria dos laboratórios clínicos analisam a 
albumina por meio de ensaios com amostras 
de plasma ou de soro, utilizando métodos de 
ligação a corantes, que dependem de uma 
mudança no espectro de absorção de 
corantes, como o verde de bromocresol 
(BCG) ou roxo de bromocresol (BCP) com a 
ligação à albumina. Esses corantes têm 
maior afinidade à albumina em relação a 
outras proteínas e a especificidade parcial é 
proporcionada pela albumina. O roxo de 
bromocresol, em geral, é ligeiramente mais 
específico para a albumina e produz valores 
inferiores do que o verde de bromocresol, 
particularmente em pacientes com doença 
renal. 
A concentração de albumina é considerada 
indicador importante de nutrição adequada 
em doentes com insuficiência renal. A 
suplementação nutricional de albumina 
geralmente é recomendada em < 4 grama por 
decilitro para pacientes com insuficiência 
renal, conforme determinado pelo método de 
verde de bromocresol. 
Os ensaios de ligação com corantes tendem 
a não ser tão exatos quando o padrão de 
proteína sérica é anormal. As técnicas 
imunoturbidimetria e nefelometria 
proporcionam maior especificidade e 
precisão para a medição da albumina, 
juntamente com os limites reduzidos de 
detecção necessários para os espécimes 
com baixas concentrações de albumina, 
como urina e o líquido cefalorraquidiano 
(LCR). 
As concentrações de albumina podem ser 
calculadas a partir do varrimento 
densitométrico de padrões eletroforéticos, em 
conjunto com mensurações de proteína total, 
porém essa abordagem está normalmente 
associada a menores exatidão e precisão.. 
 
ALBUMINA SÉRICA 
 
Medições de albumina sérica são úteis na 
avaliação da cronicidade e gravidade da 
doença hepática. Por exemplo, a 
concentração de albumina do soro é 
diminuída na doença crônica do fígado. Mas, 
a sua utilidade para este fim é limitada, pois a 
concentração de albumina no soro é 
diminuída em (1) doença aguda grave do 
fígado, (2) desordens inflamatórias, (3) 
desnutrição e (4) síndrome nefrótica. 
Avaliações seriadas da albumina no soro são 
também utilizadas para avaliar a gravidade 
da doença hepática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCENTRAÇÃO DE GLICOSE 
PLASMÁTICA EM JEJUM 
 
Concentrações de Glicose Plasmática em 
Jejum (FPG) de 126 miligramas por decilitro 
(7,0 milimol por litro) ou superior em mais de 
uma ocasião são diagnósticos de diabetes 
melito. O diagnóstico da maioria dos casos 
de diabetes é estabelecido com esse critério. 
Mas, alguns investigadores acreditam que a 
hiperglicemia de jejum pode se desenvolver 
relativamente tarde no decurso do diabetes 
de tipo 2, retardando o diagnóstico e levando 
à subestimação da prevalência do diabetes 
na população. 
As complicações de diabetes, tais como: (1) 
retinopatia, (2) proteinúria e (3) doença 
neuromuscular, estão presentes em cerca de 
30% dos pacientes no momento do 
diagnóstico clínico de diabetes tipo 2 e o 
aparecimento do diabetes tipo 2 ocorre, 
provavelmente, pelo menos de quatro a sete 
anos antes do diagnóstico clínico. 
Agora é recomendado o rastreio dos 
indivíduos de alto risco para o diabetes. 
Glicemia de jejum (ou HbA1C ) deve ser 
medida em todas as pessoas assintomáticas 
aos 45 anos (ou mais jovens em pacientes 
com risco aumentado), com teste de 
acompanhamento a cada 3 anos. Mas, 
nenhuma evidência publicada indica que o 
tratamento baseado na triagem seja eficaz. 
 
 
 
 
 
 
 
TESTE ORAL DE TOLERÂNCIA À 
GLICOSE 
 
Medição de glicose no plasma em série antes 
e depois de uma quantidade específica de 
glicose administrada por via oral deve 
fornecer um método padrão pelo qual se 
avaliam indivíduos e se estabelecem valores 
para indivíduos saudáveis e doentes. Embora 
mais sensíveis do que as determinações de a 
glicose no plasma em jejum o teste de 
tolerância à glicose é afetado por múltiplos 
fatores que resultam em fraca 
reprodutibilidade (Quadro 33-3). Além disso, 
aproximadamente 20% dos testes orais de 
tolerância á glicose caem na categoria sem 
diagnóstico (p. ex., apenas uma amostra de 
sangue apresenta o aumento da 
concentração de glicose). A menos que os 
resultados se manifestem de forma anormal 
inicialmente, o teste oral de tolerância á 
glicose deve ser realizado em duas ocasiões 
separadas para estabelecer o diagnóstico de 
diabetes.

Continue navegando