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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ BRUNA RANDIG DANIELE DALMOLIN MARIA RITA DA SILVA MARIANA PEREIRA KASIN PAULO VITOR DE LIMA CARVALHO PRODUÇÃO DE METANOL CURITIBA 2020 BRUNA RANDIG DANIELE DALMOLIN MARIA RITA DA SILVA MARIANA PEREIRA KASIN PAULO VITOR DE LIMA CARVALHO PRODUÇÃO DE METANOL Trabalho acadêmico apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina de Integração II do curso de graduação de Engenharia Química do Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Profº Dr. Vitor Renan da Silva CURITIBA 2020 RESUMO O projeto apresentado trata-se de um estudo sobre a produção de metanol em escala industrial utilizando um gás de síntese como matéria-prima para formação de metanol a partir de um levantamento de dados acadêmicos e bibliográficos. O objetivo é descrever as etapas do processo, demonstrando os cálculos realizados dos balanços molar e mássico, volumes molares, entalpias e cargas térmicas, efetuados a partir de informações obtidas na literatura. A primeira parte do trabalho contempla a revisão de literatura, onde é realizado uma descrição do histórico do produto, suas aplicações, custos de produção e propriedades físico-químicas. Em seguida, são enumeradas as possíveis matérias-primas utilizadas para produção do gás de síntese e após metanol, justificando a escolha da rota mais adequada. Posteriormente é feito o memorial descritivo da planta. Na segunda parte do trabalho acontecem os cálculos dos balanços molar e mássico, baseados nas condições iniciais dadas e com o objetivo de produção de 10000,0 kg/h de metanol. Na terceira parte do projeto, são calculadas as vazões volumétricas das correntes e suas respectivas densidades, utilizando as equações preestabelecidas para obtenção destes dados. Em seguida, são efetuados os cálculos das entalpias das correntes e a realização do balanço de energia em equipamentos selecionados da planta. Por fim, foram elaboradas análises dos resultados obtidos para cada etapa do projeto levando em consideração os dados existentes na literatura para uma descrição íntegra do projeto apresentado. Palavras-chave: Produção. Metanol. Gás. Planta. Balanço de massa. Vazão. Entalpia. Balanço de energia. Análises. ABSTRACT The project presented is a study about methanol production on an industrial scale using a syngas as feedstock to the manufacturing of the product, based on academic and bibliographic data collection. The objective is to describe the steps of the procedure, demonstrating the calculus from the molar and mass balances to the molar volumes, enthalpies, and heat transference, all based in information previously obtained in literature. The first part of the project concerns a review where a brief history of the product is done in addition to descriptions of its uses in society, production costs and physical-chemical properties. Afterwards, the possible feedstocks are enumerated to be used for the production of the syngas that is going to enter the process in the supply chain, then the choice of the most suitable route among them is made and justified. Following the last step is the process descriptive memorandum. In the second part, the material balance is made, based on the initial conditions given and aiming to produce 10000 kg/h of methanol. In the third part of the project, the volumetric flow and the density are calculated for each chain in the process, using pre-established equations to obtain all the data needed. The enthalpy is also calculated for each chain in the flowchart and the energy balance is done in the required equipments. At last, analyses from the obtained results are made for each step in the process, taking in consideration the existed data in literature for an integrated description of the presented project. Keywords: Production. Methanol. Gas. Process. Material balance. Flow. Enthalpy. Energy balance. Analyses. LISTA DE FIGURAS LISTA DE GRÁFICOS LISTAS DE TABELAS LISTA DE SÍMBOLOS H – entalpia S – valor da análise estequiométrica do gás de síntese cP – centipoise ∑ - somatório �̇� – vazão molar 𝑣𝑖 – coeficiente estequiométrico do componente i na reação 𝑥𝑖 – fração molar do componente i 𝛾 – taxa de conversão da reação �̇� – vazão mássica 𝑀𝑀 – massa molar P – pressão T – temperatura Z – fator de compressibilidade 𝑇𝑟- temperatura reduzida 𝑃𝐶 – pressão crítica 𝑇𝑐 – temperatura crítica 𝑍𝑐 – fator de compressibilidade crítico �̂� – volume molar �̇� – vazão volumétrica 𝜌 – densidade 𝜔 – fator acêntrico 𝑃𝑖 𝑠𝑎𝑡 – pressão de saturação do componente i 𝑦𝑖 – fração molar do componente i na fase gasosa 𝑃𝑣 – pressão de vapor R – constante universal dos gases �̇� – carga térmica 𝐶𝑝 – capacidade calorífica a pressão constante 𝜇 - viscosidade SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................15 2 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................................................16 2.1 REVISÃO HISTÓRICA .............................................................................................................16 2.2 CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES ...................................................................................17 2.3 DADOS DE MERCADO ...........................................................................................................23 2.3.1 Panorama mundial do mercado de metanol...................................................................23 2.3.2 Panorama nacional do mercado de metanol ..................................................................25 2.4 ROTAS DE PRODUÇÃO DE METANOL ................................................................................27 2.4.1 Produção de gás de síntese ............................................................................................28 2.4.1.1 Via Gás Natural........................................................................................................................ 28 2.4.1.1.1 Reforma a Vapor ............................................................................................................. 28 2.4.1.1.2 Oxidação Parcial do Metano ........................................................................................... 29 2.4.1.1.3 Reforma a seca ............................................................................................................... 30 2.4.1.1.4 Reforma Autotérmica ...................................................................................................... 30 2.4.1.2. Preparação do gás de síntese ............................................................................................... 31 2.4.1.2.1 Reforma dos hidrocarbonetos......................................................................................... 31 2.4.1.2.2 Ajuste razão molar H2:CO:CO2 ....................................................................................... 32 2.4.1.3 Via Carvão ............................................................................................................................... 32 2.4.1.3.1 Preparação do gás de síntese ........................................................................................35 2.4.1.3.2 Ajuste razão molar H2:CO:CO2 ....................................................................................... 36 2.4.1.3.3 Retirada de gases ácidos ................................................................................................ 36 2.4.1.4 Via Biomassa ........................................................................................................................... 36 2.4.1.4.1 Pré-tratamento da matéria-prima.................................................................................... 37 2.4.1.4.2 Preparação do gás de síntese ........................................................................................ 38 2.4.1.5 Vias alternativas....................................................................................................................... 38 2.4.1.5.1 Metanol a partir da hidrogenação catalítica do CO2 ...................................................... 38 2.4.1.5.2 Gás de coqueria .............................................................................................................. 39 2.4.1.5.3 Co-gaseificação ............................................................................................................... 39 2.4.1.6 Outros métodos ....................................................................................................................... 39 2.4.2 Síntese do metanol bruto .................................................................................................40 2.4.3. Purificação do metanol....................................................................................................41 2.5 ANÁLISE DAS ROTAS.............................................................................................................41 3 PRODUÇÃO DE METANOL COM GÁS DE SÍNTESE OBTIDO A PARTIR DA BIOMASSA .43 3.1 MEMORIAL DESCRITIVO DA PLANTA .................................................................................44 3.1.1 Preparação do gás de síntese .........................................................................................44 3.1.2 Síntese do metanol...........................................................................................................45 3.1.3 Purificação do metanol .....................................................................................................45 3.2 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DAS SUBSTÂNCIAS E COMPOSTOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO ..............................................................................................................47 4 MEMORIAL DESCRITIVO DO BALANÇO DE MASSA ..............................................................49 4.1 SISTEMA DE PREPARAÇÃO (UP STREAM) ........................................................................49 4.2 REATOR ...................................................................................................................................53 4.3 VASO SEPARADOR 1 (VS-1) .................................................................................................55 4.4 VASO SEPARADOR 2 (VS-2) .................................................................................................59 4.5 DESTILADORA ........................................................................................................................61 4.6 RESULTADOS BALANÇO DE MASSA ..................................................................................65 4.7 RECICLO ..................................................................................................................................65 5 MEMORIAL DESCRITIVO DO BALANÇO DE ENERGIA ..........................................................70 5.1 PROPRIEDADES FÍSICAS .....................................................................................................70 5.2 DETERMINAÇÃO DAS TEMPERATURAS DA DESTILADORA ..........................................70 5.2.1 Temperatura da corrente de fundo (10) ..........................................................................72 5.2.2 Temperatura da corrente de topo (T1)............................................................................72 5.2.3 Temperatura da corrente T-2...........................................................................................73 5.3 DETERMINAÇÃO DOS ESTADOS FÍSICOS DAS CORRENTES SELECIONADAS .........73 5.3.1 Corrente 2 .........................................................................................................................74 5.3.2 Corrente 2A .......................................................................................................................75 5.3.3 Corrente 2B .......................................................................................................................76 5.3.4 Corrente 3 .........................................................................................................................77 5.3.5 Corrente 3A .......................................................................................................................77 5.3.6 Corrente 3B .......................................................................................................................78 5.3.7 Corrente 4 .........................................................................................................................79 5.3.8 Corrente 5 .........................................................................................................................79 5.3.9 Corrente 8 .........................................................................................................................79 5.3.10 Corrente 10 .....................................................................................................................80 5.3.11 Corrente T1 .....................................................................................................................81 5.3.12 Corrente T2 .....................................................................................................................81 5.3.13 Corrente 12 .....................................................................................................................82 5.3.14 Corrente 13 .....................................................................................................................82 5.3.15 Corrente 11 .....................................................................................................................82 5.4 PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS ......................................................................................83 5.4.1 Propriedades volumétricas das correntes gasosas .......................................................83 5.4.2 Propriedades volumétricas das correntes líquidas ........................................................85 5.4.3.1 Corrente 2 ................................................................................................................................ 86 5.4.3.2 Corrente 2A .............................................................................................................................. 87 5.4.3.3 Corrente 2B .............................................................................................................................. 88 5.4.3.4 Corrente 3 ................................................................................................................................ 89 5.4.3.5 Corrente 3A .............................................................................................................................. 90 5.4.3.6 Corrente 3B .............................................................................................................................. 92 5.4.3.7 Corrente 4 ................................................................................................................................ 93 5.4.3.8 Corrente 5 ................................................................................................................................94 5.4.3.9 Corrente 8 ................................................................................................................................ 95 5.4.3.10 Corrente T1 ............................................................................................................................ 96 5.4.3.11 Corrente T2 ............................................................................................................................ 97 5.4.3.12 Corrente 10 ............................................................................................................................ 99 5.4.3.13 Corrente 11 ............................................................................................................................ 99 5.4.3.14 Corrente 12 .......................................................................................................................... 100 5.4.3.15 Corrente 13 .......................................................................................................................... 101 5.4.4 Resultados obtidos para as propriedades volumétricas .............................................. 102 5.5 ENTALPIAS ............................................................................................................................ 102 5.5.1 Variação de entalpia de gás ideal ................................................................................. 102 5.5.2 Variação da entalpia de vaporização ............................................................................ 103 5.5.3 Variação de entalpia de líquidos ................................................................................... 104 5.5.4 Entalpia residual de gases ............................................................................................. 107 5.5.5 Variação de entalpia de aquecimento de líquido ......................................................... 108 5.5.6 Cálculo das variações de entalpias ............................................................................... 110 5.5.6.1 Corrente 1 .............................................................................................................................. 110 5.5.6.2 Corrente 2 .............................................................................................................................. 112 5.5.6.3 Corrente 6A ............................................................................................................................ 115 5.5.6.4 Corrente 3 .............................................................................................................................. 116 5.5.6.5 Corrente 3A ............................................................................................................................ 120 5.5.6.6 Corrente 3B ............................................................................................................................ 123 5.5.6.7 Corrente 4 .............................................................................................................................. 126 5.5.6.8 Corrente 5 .............................................................................................................................. 129 5.5.6.9 Corrente 8 .............................................................................................................................. 132 5.5.6.10 Corrente T1 .......................................................................................................................... 135 5.5.6.11 Corrente T2 .......................................................................................................................... 137 5.5.6.12 Corrente 12 .......................................................................................................................... 140 5.5.6.13 Corrente 10 .......................................................................................................................... 141 5.5.6.14 Corrente 11 .......................................................................................................................... 143 5.5.6.15 Corrente 13 .......................................................................................................................... 144 5.6.1 Ponto de mistura............................................................................................................. 146 5.6.2 TC-1 ................................................................................................................................. 147 5.5.3 Forno ............................................................................................................................... 148 5.5.4 Reator .............................................................................................................................. 149 5.5.5 TC-2 ................................................................................................................................. 152 5.5.6 TC-4 ................................................................................................................................. 154 5.5.7 TC-5 ................................................................................................................................. 156 REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 164 15 1 INTRODUÇÃO O metanol, também denominado álcool metílico é um composto orgânico de formula molecular CH3OH, sendo ele um dos mais importantes na indústria química, devido estar entre as matérias primas mais consumidas atualmente, em especial ao emprego como fonte de energia. Os principais usos da matéria-prima do metanol são relacionados a produção de: formaldeído, ácido acético, metil-terc-butil-éter (MTBE), eteno, propeno e hidrocarbonetos combustíveis. (NETO, 2009). O processo de produção de metanol em base é constituído por três etapas básicas: produção de gás de síntese, conversão do gás de síntese em metanol e purificação do produto (BROWN et al., 2001). Em termos de variáveis existentes no processo, estão relacionadas as questões operacionais da síntese de metanol, como a razão de reciclo que estipula a quantidade necessária de alimentação virgem do processo, as temperaturas das correntes de processo, que determinam a energia necessária para planta, e a pressão que implica nas mudanças de fase ocorridas. No Brasil utiliza-se aproximadamente 2500 toneladas por dia de metanol, seu consumo se dá principalmente para a produção de biodiesel, contudo, desde o ano de 2016, devido à baixa disponibilidade das principais matérias primas para sua produção, em território nacional, que seriam o gás natural e o carvão, o metanol se tornou um produto totalmente importado, o que tem efeitos negativos sobre a economia do país (EPE, 2019). Tendo em vista que em âmbito nacional, destaca-se o crescente mercado de metanol para a produção de biodiesel, o objetivo desta dissertação é desenvolver uma planta economicamente viável para a produção 10.000 kg/h de metanol puro, analisando as condições operacionais estabelecidas, e assim elaborar melhorias integrando conceitos de termodinâmica, mecânica dos fluidos e processos químicos. 16 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 REVISÃO HISTÓRICA Atualmente o Metanol é um dos compostos orgânicos mais importantes da indústria química, destaca-se pelo o seu amplo leque de atuação seja como matéria- prima para outras substâncias ou atuando como solvente e co-solvente. (KHADZHIEV et al., 2016). Também conhecido como álcool metílico, o metanol foi sintetizado com alto teor de pureza pela primeira vez por Robert Boyle em 1661. (STILES, 1977). O processo desenvolvido por Boyle consistia nadestilação da madeira com purificação por meio de uma suspensão aquosa de Hidróxido de Cálcio (𝐶𝑎𝑂𝐻2) ou como é popularmente conhecido leite de cálcio. (BASILE; DALENA, 2018). Apesar dos avanços obtidos na síntese do metanol nos séculos anteriores a produção em larga escala só ocorreu no início da década de 20 com a empresa Alemã Badische Anilin & Sodafabrik (BASF). (SHELDON, 2017). O processo desenvolvido consistia na hidrogenação catalítica a base de zinco e crômio do monóxido de carbono sob altas pressões e baixas temperaturas, em torno de 300 atm e de 300~400 ºC. (BASILE; DALENA, 2018). O processo BASF como ficou conhecido foi a principal meio de obtenção do metanol por mais de 40 anos até 1966 quando a Imperial Chemical Industries (ICI) desenvolveu um processo mais eficiente, operando em temperatura e pressão mais baixa, aproximadamente 300 ºC e 100 bar, do que a do processo criado pela empresa alemã. (SHELDON, 2017). Essa melhoria no processo de produção se deu pela inovação britânica que a partir da reforma a vapor obteve um de gás síntese mais puro, contendo apenas 𝐻2, 𝐶𝑂 e 𝐶𝑂2, e utilizando catalisadores de óxido de cobre e zinco permitiu a consolidação de um processo com seletividade superior a 99,5% para a síntese do metanol. (BASILE; DALENA, 2018). Desde do início da produção em larga escala no início do século XX a principal aplicação do metanol está relacionada com a produção de formaldeído e ácido acético. (SHELDON, 2017). Hoje o consumo médio passa das 92 mt por ano, com destaque para a crescente demanda e o desenvolvimento de novas tecnologias para 17 a produção a partir biomassa e 𝐶𝑂2 recuperado em substituição a fontes não renováveis como carvão e gás naturais. (KHADZHIEV et al., 2016). 2.2 CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES O metanol, ou álcool metílico, é um composto orgânico, de formula molecular CH3OH, com peso molecular igual a 32,042 g/mol. (SOLOMONS; FRYHLE, 2001). O metanol é um líquido incolor a temperatura ambiente com odor característico de álcool. É miscível em água, outros álcoois, ésteres, cetonas e na maioria dos solventes orgânicos (KIRK-OTHMER, 2004). O metanol é altamente tóxico, já que no organismo sofre biotransformação em ácido fórmico, que pode causar acidose metabólica, cegueira e morte dependendo de sua concentração. O álcool, se ingerido, em doses de 30 a 240 mL, pode ser fatal e a sua dose tóxica mínima é de cerca de 100 mg/kg (HERNANDEZ; RODRIGUES; TORRES, 2017, p. 273-274). Na TABELA 2.1 estão expostas as propriedades físico-químicas do composto. TABELA 2.1 – PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DO METANOL Calor de formação a 298 K (kJ/mol) - 234,030 Condutividade térmica a 298 K (W/(m.K)) 0,0140 Densidade a 298 K (g/cm3) 0,787 Energia livre de formação a 298 K (kJ/mol) - 166,810 Fator acêntrico ω 0,011 Limite inferior de inflamabilidade no ar (%) 6,0 Limite superior de inflamabilidade no ar (%) 36,0 Massa molar (g/mol) 32,042 Massa monoisotópica (g/mol) 32,023 Ponto de fulgor (vaso fechado, oC) 12 Pressão crítica (bar) 46,0 Temperatura crítica (K) 190,4 Temperatura de autoignição (K) 743 Temperatura de ebulição (K) 175,47 Temperatura de fusão (K) 337,85 Viscosidade a 298 K (cP) 0,541 FONTE: Adaptada de KIRK-OTHMER (2004); REID, R. C.; PRAUSNITZ, J. M.; POLING (1987) e UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (2020). 18 O metanol é uma molécula simples de álcool alifático que está entre uma das matérias-primas mais consumidas atualmente, pois permite a existência de um conjunto diversificado de bens de consumo que vão desde solventes até combustíveis, consequentemente é um produto de suma importância e indispensável para a indústria química (MMSA, 2019). A principal demanda está relacionada diretamente ao setor químico e ao emprego como fonte de energia. (ORNELAS, 2007). Os principais usos da matéria-prima do metanol são para a produção de: formaldeído (componente de fertilizantes, fluidos para embalsamento, biocidas, desinfetantes, desodorantes, corantes, tintas, adesivos, gelatina, sucos, preservador de borracha, acelerador no processo de vulcanização, inibidor da corrosão nos poços petrolíferos, tratamento de couro), ácido acético (presente em produtos químicos, indústria têxtil, extração de antibióticos, adesivos, filmes fotográficos, inseticidas, herbicidas, etc), metil-terc-butil-éter (MTBE), eteno, propeno, hidrocarbonetos combustíveis e célula a combustível (NETO, 2009). E também, pode ser usado para produzir dimetiléter (DME), ser convertido em gasolina por meio do processo MTG (Methanol to Gasoline), utilizado na obtenção de olefinas leves através do processo MTO (Methanol to Olefins) e na fabricação de Biodiesel. (MMSA,2019). Por diminuir a temperatura dos hidratos de gás natural, pode ser usado ainda como anticongelante em tubulações (KIRK-OTHMER, 2004). O GRÁFICO 2.1 expressa algumas dessas aplicações do metanol como matéria prima no ano de 2019. GRÁFICO 2.1 – APLICAÇÕES DO METANOL COMO MATÉRIA PRIMA EM 2019 FONTE: Adaptado de METHANOL INSTITUTE (2020). 19 O uso predominante do metanol como matéria-prima continua para a fabricação de formaldeído e a obtenção de olefinas leves, como etileno e propileno. O setor em amplo crescimento do metanol está no desenvolvimento de combustíveis alternativos (MMSA, 2019). Em relação aos principais derivados do metanol, têm-se: I. Formaldeído O Formaldeído, também conhecido como Metanal ou Aldeído Fórmico, é um aldeído de fórmula molecular CH2O, que possui um amplo leque de aplicações que varia desde fabricação de resinas, adesivos, têxteis até intermediário de outros produtos químicos como o poliuretano, poliéster e óleos lubrificantes. (MMSA, 2019) A obtenção do formaldeído a partir do metanol ocorre por meio de uma oxidação catalítica (equação 2.1). (VOLHARDT; SCHORE, 2013, p.267-310). 2 𝐶𝐻3𝑂𝐻 + 𝑂2 → 2 𝐶𝐻2𝑂 + 2 𝐻2𝑂 (2.1) O principal processo de produção em escala industrial é o Processo Formox, registrada pela companhia Johnson Matthey, nesse processo em especifico o Formaldeído é produzido a partir do metanol e ar catalisados por um catalisador de óxido de ferro e molibdénio e/ou vanádio, produzindo uma solução aquosa contendo de 25~56% de formaldeído em peso e com rendimento de 90% a 92% (MMSA, 2019). II. Ácido Acético O Ácido Acético é um intermediário químico e solvente com grande diversificação de aplicações que incluem têxteis, tinturaria, adesivos, farmacêutica e papelaria. (ORNELAS, 2007). Atualmente a carbonilação do metanol é principal processo de produção do ácido acético (equação 2.2), correspondendo a mais de 65% da produção mundial (MMSA,2019). 𝐶𝐻3𝑂𝐻 + 𝐶𝑂 → 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 (2.2) 20 O desenvolvimento da obtenção do ácido acético é datado de 1920 com BASF que desenvolveu um processo que operava em altas temperaturas, aproximadamente 250 ºC, e pressões, em torno de 70 atm; mas somente em 1970, Monsanto desenvolveu um processo com condições mais favoráveis, com menor custo e maior rendimento, que a produção acelerou chegando a bater a marca de 50 mil toneladas. O novo processo operava em pressão atmosférica, temperatura de aproximadamente 150 ºC e utilizava iodeto de carbonila e ródio como catalisadores, esse processo ficou conhecido como processo de ácido acético da Monsanto (MMSA, 2019). III. Metil-Terc-Butil-Éter (MBTE) O principal uso do metil-terc-butil-éter é para aumentar a octanagem da gasolina em substituição ao chumbo tetraetila, o MTBE também permite uma combustão mais eficiente e por consequência diminuir a liberação de monóxido de carbono e hidrocarbonetos não queimados. O éter metil terc-butílico como também é conhecido apresenta grande aceitação do seu uso como componente da gasolina na Ásia e Oriente Médio, porém o seu uso na América do Norte é proibido (MMSA,2019). Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) o aditivo tem efeitos prejudiciais ao meio ambiente e principalmente à saúde humana. A proibição se dá devido a sua alta solubilidade em água, o MTBE apresenta enorme potencial de contaminar fontes de água em caso de vazamentos, visto que o principal local de armazenamento dos combustíveis são tanques subterrâneos (USEPA, 1999). O MTBE é produzido usando o metanol e isubutileno como descrito na equação abaixo. (MMSA,2019). FIGURA 2.1 – PRODUÇÃO DE MTBE FONTE: Os autores (2020). 21 O processo de síntese do MTBE é um processo realizado em fase predominantemente líquida, em baixas temperaturas e utilizando catalisador ácido. (NOBREGA, 1998). IV. Dimetiléter (DME) O éter dimetílico, também conhecido por Metóximetano, ou Dimetiléter (DME) é um gás incolor e transparente em condições ambiente, de fórmula molecular CH3OCH3 (MÉNDES, 2016). Em razão da sua baixa toxicidade e alta solubilidade o DME apresenta inúmeros usos industriais relacionados a combustíveis, a gás liquefeito de petróleo (GPL), a aerossóis atuando como solvente e/ou propelente e, também, é utilizado para a síntese de ácido acético e acetato de metila. (MMSA. 2019). Comercialmente a maior parte do DME produzido atualmente é pelo método tradicional de desidratação intermolecular do metanol (equação 2.3) (MÉNDEZ, 2016). 2 𝐶𝐻3𝑂𝐻 → 𝐶𝐻3𝑂𝐶𝐻3 + 𝐻2𝑂 (2.3) O processo descrito anteriormente é realizado na presença de catalisador de Ni/α-alumina (MÉNDEZ, 2016). Atualmente, as principais empresas detentoras da tecnologia para a produção de DME são Haldor Topsoe, Lurgi, Mitsubishi Gas Chemical Company, China Southwestern Research Insitute of Chemical Industry, Toyo Engineering Corporation and China Energy (MMSA, 2019). V. Metanol para gasolina (MTG) O processo de conversão do metanol em gasolina foi desenvolvido por pesquisadores da empresa ExxonMobil no início da década de 1970. Nesta concepção, o metanol é desidratado, na presença de catalisador de alumina, para formar uma mistura de dimetil-éter (DME), metanol e água. Em seguida a mistura é submetida a um reator MTG, de leito fixo, onde o DME e o metanol são completamente desidratados em um processo catalítico que resulta na formação de olefinas leves e água. Nas condições do processo descrito, as olefinas leves oligomerizam em olefinas 22 maiores, que por sua vez reagem formando parafinas, naftenos e aromáticos. (EXXONMOBIL, 2020). O processo de conversão MTG desenvolvido pela ExxonMobil limita a síntese de hidrocarbonetos a cerca de 11 átomos de carbono, obtendo um produto similar a gasolina convencional praticamente sem enxofre e com baixo teor de benzeno. (EXXONMOBIL, 2020). VI. Metanol para Oleofinas (MTO) O processo de conversão do metanol em olefinas foi desenvolvido na década de 1990 pelas empresas Universal Oil Products (UOP) e a Norsk Hydro. Esse processo deriva do processo MTG implantado pela ExxonMobil. No processo, o metanol é convertido em DME e, em seguida, a hidrocarbonetos. (MMSA, 2019). No processo UOP/HYDRO etileno e propileno são as principais olefinas produzidas, sendo destinadas prioritariamente para a produção de polímeros, o polietileno e o polipropileno respectivamente (MMSA, 2019). VII. Biodiesel O biodiesel é um combustível renovável obtido a partir do óleo vegetal ou gordura animal que é reagido quimicamente com um álcool em processo denominado transesterificação (ANP, 2020). Quimicamente, o biodiesel é definido como éster mono-alquil de ácido graxo derivado de óleo vegetal. (MMSA, 2019) Normalmente, o triglicerídeo contido no óleo vegetal reage com o metanol, produzindo dois produtos: éster e a glicerina, como demonstrado na FIGURA 2.2. Após a purificação, somente o primeiro pode ser comercializado como biodiesel (ANP, 2020). 23 FIGURA 2.2 – REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO FONTE: ANP (2019). O uso do metanol na transesterificação é mais vantajoso que o etanol, pois quando comparados é necessária uma menor quantidade de metanol por unidade de biodiesel produzido se comparado ao etanol. Adicionalmente temos as condições de reação que são mais favoráveis para o metanol, pois para a reação metílica a temperatura é de aproximadamente 60 ºC e com tempo de duração de cerca 45 minutos, já a reação etílica é necessária uma temperatura de 85 ºC com duração de 90 minutos. (MMSA, 2019). 2.3 DADOS DE MERCADO 2.3.1 Panorama mundial do mercado de metanol Nos últimos anos, a demanda global por metanol aumentou devido à sua competitividade em aplicações que substituem produtos refinados de alto custo, principalmente gasolina, nafta, GLP e diesel (MMSA, 2019). Analisando os dados de mercado da última década estima-se uma taxa de crescimento aproximada de 4% ao ano, que corresponde a um acréscimo na produção de aproximadamente 4 milhões de toneladas por ano (EPE, 2019). 24 GRÁFICO 2.2 - TAXA DE CRESCIMENTO DA PRODUÇÃO DE METANOL FONTE: Adaptado de METHANOL INSTITUTE (2020). Atualmente a produção de metanol é de aproximadamente 80 milhões por ano, com capacidade de produção de produção instalada de aproximadamente de 128 milhões de toneladas (MMSA, 2019). Analisando os principais produtores temos o mercado asiático, sendo responsável por aproximadamente 70% da produção mundial como podemos ver no gráfico comparativo de produção de metanol por região (EPE, 2019). GRÁFICO 2.3 – PRODUÇÃO DE METANOL POR REGIÃO EM 2018 FONTE: Adaptado de EPE (2019). 1% 1% EUROPA 7% AMÉRICA DO NORTE 16% AMÉRICA DO SUL E CENTRAL ORIENTE MÉDIO 4% 2% RUSSIA 69% SUDESTE ASIÁTICO NORTE ASIAÁTICO 25 No cenário mundial a China destaca-se como o principal produtor e consumidor, o mercado chinês é responsável por mais de 50% da demanda global por metanol como podemos observar no gráfico a seguir. EPE (2019). GRÁFICO 2.4 – MERCADOS CONSUMIDORES POR REGIÕES EM 2018 FONTE: Adaptado de EPE (2019). De fato, a China, como país, tem mais de 5 vezes a demanda de metanol em comparação ao segundo maior mercado consumidor (MMSA, 2019). A importância do mercado chinês na produção de metanol pode ser vista ao comparar os dados dos principais processos de produção, considerando a China 50% do metanol produzido é proveniente do gás natural via gás de síntese, porém ao excluí-la esse número sobe para 97%, pois a produção chinesa utiliza o carvão como fonte carbonácea (EPE, 2019). A China tem sido e continuará a ser o motor da demanda global de metanol (MMSA, 2019). 2.3.2 Panorama nacional do mercado de metanol No Brasil desde do ano de 2016 não se registra produção nacional de metanol, toda a demanda é importada de países como Chile, Venezuela, Trinidad e Tobago. A disponibilidade de matéria prima em território nacional, gás natural e carvão, e a 26 viabilidade econômica são alguns dos fatores que levaram a descontinuação da produção em território brasileiro (EPE, 2019). A figura a seguir ilustra a relação entre a demanda e produção e importação. FIGURA 2.3 - HISTÓRICO DO MERCADO NACIONAL DE METANOL FONTE: EPE (2019). Apesar de não ser produtor, o Brasil tem uma demanda de aproximadamente 2500 toneladas por dia de metanol (EPE, 2019). A produção de biodiesel é a principal aplicação, correspondendo a 35% consumo nacional (ANP, 2019). Em uma análise regional, o maior consumidor é o Centro-Oeste, com uma demanda de 253,6 mil m3 de metanol, seguido pela região sul, com 248,2 mil m3, destacam-se nessas regiões os estados de Rio Grade do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraná, respectivamente, em ordem de maiores consumidores. As demais regiões, sudeste, nordeste e norte juntos consumiram 57,2 mil m3 (ANP, 2019). O GRÁFICO 2.5 detalha a consumo regional de metanol.27 GRÁFICO 2.5 - CONSUMO DE METANOL POR REGIÃO FONTE: Adaptado de ANP (2019). Apesar de a atual produção nacional ser nula, a demanda por metanol vem crescendo em um ritmo considerável nos últimos, impulsionado pelo crescimento da produção de biodiesel (EPE, 2019). 2.4 ROTAS DE PRODUÇÃO DE METANOL O metanol pode ser produzido em pequena e larga escala a partir de diversos tipos de matérias-primas que possuem carbono em sua composição, entre eles o gás natural, o carvão e a biomassa. Cada um possui reações e tecnologias diferentes envolvidas na produção do composto, mas todos os processos seguem as mesmas três etapas (BASILE; DALENA, 2017): a) Produção e preparação do gás de síntese; b) Síntese do metanol bruto; c) Purificação do metanol. A segunda e a terceira etapas ocorrem de forma similar para todas as matérias-primas, já a primeira possui uma grande variedade de alternativas que serão descritas. 28 2.4.1 Produção de gás de síntese O gás de síntese (syngas) é composto por uma mistura de diversas quantidades de monóxido de carbono (CO) e hidrogênio (H2) predominantemente e traços de dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N2) e metano (CH4). Esse gás ganhou importância no cenário mundial devido à sua ampla aplicação em processos industriais sendo fonte de calor para fornos industriais, caldeiras e turbinas além de ser facilmente transformado em combustíveis líquidos (SALES, 2013). 2.4.1.1 Via Gás Natural Um combustível fóssil é considerado uma das maiores fontes de energia do mundo, o gás natural pode ser dito como qualquer hidrocarboneto extraído de ambientes petrolíferos que se mantém gasoso em condições atmosféricas normais. Por ser uma mistura de hidrocarbonetos, seu componente principal é o metano (CH4) (TBG, 2015). É a matéria-prima mais utilizada na produção de metanol, correspondendo a cerca de 90 % de toda a produção mundial (BLUG et al., 2014). Para obter o gás de síntese a partir do gás natural existem vários processos pelos quais ocorrem reações químicas com diferentes reagentes, esses processos serão explicados a seguir. 2.4.1.1.1 Reforma a Vapor Constitui o principal processo industrial de produção de hidrogênio e de produção do gás de síntese pois seu resultado final apresenta uma proporção H2/CO igual a 3:1. Na presença de catalisadores de níquel (Ni) ou óxido de alumínio (Al2O3), metano e água em estados gasosos são misturados formando monóxido de carbono e hidrogênio em excesso, excedente pode ser queimado e aproveitado na forma de calor para esse processo (RIBEIRO, 2017). As reações da reforma a vapor do gás natural são: 𝐶𝐻4 + 𝐻2𝑂 ⇌ CO + 3𝐻2 ∆𝐻298𝐾 = +206 𝑘𝐽 / 𝑚𝑜𝑙 (2.4) 𝐶𝑂 + 𝐻2𝑂 ⇌ C𝑂2 + 𝐻2 ∆𝐻298𝐾 = −41 𝑘𝐽 / 𝑚𝑜𝑙 (2.5) 𝐶𝑂2 + 4𝐻2 ⇌ C𝐻4 + 2𝐻2𝑂 ∆𝐻298𝐾 = −165 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.6) 29 A principal reação do processo de reforma a vapor do gás natural é a equação (2.1) enquanto as demais são apenas secundárias, nota-se pelo valor da sua entalpia que esse processo é altamente endotérmico, ou seja, é necessário que ocorra absorção de calor para a reação acontecer. Esse calor pode ser reaproveitado da própria planta de produção de metanol, pode ser proveniente da queima de uma parcela do gás natural ou do excedente de hidrogênio produzido (RIBEIRO, 2017). Nesse processo, primeiramente, o gás natural é submetido à uma etapa de dessulfurização em coluna de carvão ativado. Em seguida a corrente contendo majoritariamente metano e a corrente de vapor de água são encaminhadas para um reator à alta temperatura, visto que a reação é extremamente endotérmica. Após isso, a corrente proveniente do reator é encaminhada para um reformador onde o metano residual será oxidado (PELEGRIN, 2017). 2.4.1.1.2 Oxidação Parcial do Metano Desenvolvido pela Shell nos meados de 1950, esse processo origina o gás de síntese a partir da mistura do gás natural e oxigênio ambos na forma de gás via radical livre, a reação ocorre na presença de catalisadores de Platina (Pt) ou de óxido de alumínio (Al2O3) (RIBEIRO, 2017). As principais reações desse processo são: 𝐶𝐻4 + 0,5𝑂2 ⇌ CO + 2𝐻2 ∆𝐻298𝐾 = −35𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.7) 𝐶𝑂 + 0,5𝑂2 ⇌ C𝑂2 ∆𝐻298𝐾 = −284 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.8) 𝐻2 + 0,5𝑂2 ⇌ 𝐻2𝑂 ∆𝐻298𝐾 = −242𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.9) Ao analisar essas equações nota-se que uma pequena parcela de oxigênio misturada ao gás natural é necessária para a formação do gás de síntese que apresentará a razão molar H2/CO aproximadamente igual a 2:1. A equação (2.7) é a principal reação desse processo enquanto as demais são secundárias, ou seja, geram produtos em menores quantidades. Além disso, nota-se que a reação é levemente exotérmica, o que resulta em um processo com baixo gasto energético (PELEGRIN, 2017). 30 Por ser uma reação de oxidação, esse processo pode ocorrer em único reator, já que reações dessa categoria são rápidas. Além disso, é válido ressaltar que esse processo pode requerer uma planta de oxigênio puro dependendo da aplicação do gás de síntese resultante desse processo (CORTEZ, 2008). 2.4.1.1.3 Reforma a seca Através de catalisadores de Níquel (Ni) ou óxido de alumínio (Al2O3), a reforma seca do gás natural utiliza um dos principais gases causadores do efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2). Esses dois gases são misturados e em diversas etapas ocorrem transferências de prótons e elétrons (PELEGRIN, 2017). A reação desse processo é a seguinte: 𝐶𝐻4 + 𝐶𝑂2 ⇌ 2CO + 2𝐻2 ∆𝐻298𝐾 = +247𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.10) O principal fator a ser observado na equação (2.7) é o seu alto valor entálpico, mostrando a necessidade de a operação acontecer em temperaturas altíssimas o que ocasiona um grande gasto energético. A reação mostrada acima é a principal, mas podem haver produtos resultantes do gás natural em quantidades menores que as de monóxido de carbono e hidrogênio. Além disso, esta reação produz gás de síntese com uma razão H2/CO igual 1:1 (MACIEL, 2012). Dois processos atuais são usados para a reforma a seca do gás natural que originará o gás de síntese, são eles: o Calcor e o SPARG, ambos baseados no processo de reforma a vapor já discutido nos tópicos anteriores. No processo SPARG, apenas uma parte do vapor de água usado no outro tipo de processo de reforma do gás natural é substituído pelo monóxido de carbono; já no Calcor, todo o vapor de água é substituído pelo CO2 (PELEGRIN, 2017). 2.4.1.1.4 Reforma Autotérmica Sendo uma combinação dos processos de oxidação parcial e reforma a vapor do gás natural, a reforma autotérmica aconteceu pela primeira vez na década de 70. Esse processo ocorre com via catalisadores de Níquel ou em suportes refratários, a 31 adição de gás oxigênio à reforma a vapor origina um gás de síntese deficiente em hidrogênio (RIBEIRO, 2017). As principais reações desse processo são: 𝐶𝐻4 + 2𝑂2 ⇌ C𝑂2 + 2𝐻2𝑂 (2.11) 𝐶𝐻4 + 𝐻2𝑂 ⇌ CO + 3𝐻2 (2.12) 𝐶𝑂2 + 𝐻2 ⇌ CO + 𝐻2𝑂 (2.13) Esse processo ocorre em um reformador a temperaturas elevadas. Na zona de combustão, no topo do reformador, é onde acontece a oxidação misturando metano, água e gás oxigênio. Já a reforma a vapor acontece no leito catalítico. A razão molar do gás síntese resultante pode ser ajustada variando as composições de produtos na corrente de entrada (PELEGRIN, 2017). 2.4.1.2. Preparação do gás de síntese O gás que sai de todos os processos anteriores contém algumas partículas sólidas de impurezas que dificultam as próximas etapas dos processos, além de que podem danificar equipamentos e comprometer a ação dos catalisadores. O gás pode ser limpo à altas temperaturas através de filtros de cerâmica ou à baixas temperaturas com processos de lavagem com água ou filtros convencionais descritos (RENÓ;LORA; VENTURINI, 2012). 2.4.1.2.1 Reforma dos hidrocarbonetos A corrente de gás limpo é encaminhada para um reformador que irá operar em pressões na faixa de 1,0 – 3,5 Pa e temperatura entre 830 – 1000 °C. Neste processo, os hidrocarbonetos pesados são convertidos mediante vapor em uma mistura de hidrogênio, óxidos de carbono e metano, sobre um catalisador a base de níquel (RENÓ; LORA; VENTURINI, 2012). As reações desse processo são: 𝐶𝐻4 + 𝐻2𝑂 → 𝐶𝑂 + 3𝐻2 (2.14) 𝐶2𝐻4 + 2𝐻2𝑂 → 2𝐶𝑂 + 5𝐻2 (2.15) 𝐶2𝐻6 + 2𝐻2𝑂 → 2𝐶𝑂 + 5𝐻2 (2.16) 32 2.4.1.2.2 Ajuste razão molar H2:CO:CO2 Para que o gás de síntese esteja pronto para ser usado na síntese do metanol, é necessário que haja um ajuste na proporção de hidrogênio e monóxido de carbono. Essa avaliação pode ser realizada através da estequiometria do número S definida através da equação 2.17 (BOZZANO; MANENTI, 2016): 𝑆 = 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝐻2−𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝐶𝑂2 𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝐶𝑂2+𝑚𝑜𝑙𝑒𝑠 𝐶𝑂 (2.17) O valor de S usualmente obtido para gás de síntese produzido através de gás natural está ente 2,8-3,0. Idealmente, o valor de S para produção de metanol seria 2,0 (BOZZANO; MANENTI, 2016). Se necessário, esse processo é ajustado pela equação 2.18 (RENÓ; LORA; VENTURINI, 2012): 𝐶𝑂 + 𝐻2𝑂 → 𝐶𝑂2 + 𝐻2 (2.18) 2.4.1.3 Via Carvão Assim como outros combustíveis fósseis, o carvão é composto basicamente por carbono e hidrogênio, mas também possui oxigênio, nitrogênio, enxofre e minerais em menor quantidade na sua constituição (BROWN; HARGREAVES, 1979). O carvão apresenta uma demanda geral menos expressiva que a do gás natural na produção do metanol e não possui uma tendência de crescimento como a biomassa. O aumento do seu uso acontece eventualmente devido ao acréscimo no preço do gás natural principalmente em regiões da Ásia e África (BRESL; BRUCHOF, 2010). A obtenção do gás de síntese tendo o carvão como matéria-prima ocorre em um processo conhecido como gaseificação. É uma tecnologia de conversão que utiliza de processos termoquímicos para transformação do carvão em produtos como biogases (CH4 e CO2), gás de síntese (H2, CO2 e CO), hidrogênio puro e gases alcalinos (BOZZANO; MANENTI, 2016). A quantidade e rendimento atingidos depende muito da composição do carvão utilizado, do tipo de gaseificador e das condições de temperatura e pressão durante o procedimento. Este processo também pode ser utilizado em outras indústrias para produção de amônia, gás natural e principalmente 33 combustíveis líquidos por meio da síntese de Fisher-Tropsch, conhecido como processo CLT (coal to liquid) (XIANG et al., 2020). O processo da gaseificação é dividido em duas etapas: a pirólise e a gaseificação em si (HIGMAN; BURGT, 2008). A primeira consiste em uma série de reações termoquímicas que alteram a estrutura original do carvão, como reações de desidratação e decomposição química. A temperatura média da câmara onde acontece o processo da pirólise é de 400 °C em um ambiente anaeróbio, portanto as substâncias mais voláteis que compõem o carvão como hidrocarbonetos, H2, CO, CO2 e vapor de água passam ao estado gasoso. Níveis baixos de hidrocarbonetos insaturados como acetilenos, compostos aromáticos e alcatrão também podem ser encontrados (RAMOS et al., 2011). Durante esta primeira etapa ainda há a formação do char, um sólido com alta concentração de carbono formado por materiais orgânicos e inorgânicos durante as reações de decomposição químicas que acontecem na pirólise. O char será gaseificado posteriormente (COLLAZZO, 2013). O esquema 2.19 representa de forma simplificada o que ocorre na primeira etapa: 𝑐𝑎𝑟𝑣ã𝑜 + 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 → 𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 + 𝑔𝑎𝑠𝑒𝑠 + 𝑐ℎ𝑎𝑟 (2.19) A segunda etapa é a gaseificação propriamente dita, onde o char obtido na etapa anterior reage com um chamado agente gaseificante. Este agente pode ser o ar, o oxigênio, o vapor de água, o dióxido de carbono ou até uma mistura destes gases (RAMOS et al., 2011). Existem algumas condições para a ocorrência destas reações como uma temperatura mínima de 700 °C e o controle da quantidade de oxigênio presente com aproximadamente 35 % da quantidade usualmente requerida para uma combustão completa (BRESL; BRUCHOF, 2010). As principais reações que acontecem na etapa da gaseificação estão representadas abaixo e os dados de entalpia (∆𝐻) são para a temperatura de 298 K e a pressão de 1 bar (HIGMAN; BURT, 2008): Oxidação parcial 𝐶 + 1 2 𝑂2 → 𝐶𝑂 ∆𝐻 = −123,0 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.20) Oxidação completa 𝐶𝑂 + 1 2 𝑂2 → 𝐶𝑂2 ∆𝐻 = −406,0 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.21) 34 Reação de Boudouard 𝐶 + 𝐶𝑂2 → 2𝐶𝑂 ∆𝐻 = +162,0 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.22) Reação heterogênea gás-água 𝐶 + 𝐻2𝑂 → 𝐶𝑂 + 𝐻2 ∆𝐻 = +119,0 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.23) Reação de hidrogenação 𝐶 + 2𝐻2 → 𝐶𝐻4 ∆𝐻 = −87,0 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.24) Reação Water Gas Shift (WGS) 𝐶𝑂 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝐶𝑂2 + 𝐻2 ∆𝐻 = −42,0 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.25) Reação de metanização 𝐶𝑂 + 3𝐻2 → 𝐶𝐻4 + 𝐻2𝑂 ∆𝐻 = −206,0 𝐾𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.26) Todas as reações de gaseificação representadas são reversíveis (HIGMAN; BURT, 2008). Existem alguns tipos de gaseificadores onde este processo descrito ocorre. Eles são escolhidos de acordo com o comportamento e condições do material que entra no reator. Existem três tipos principais (COLLAZZO, 2013): a) Gaseificadores de leito móvel Os gases se deslocam lentamente através do leite de alimentação. O fluxo de gases pode ser contracorrente ou não em relação ao material carbonoso que entra no equipamento, como o char (COLLAZZO, 2013). O processo industrial associado com este reator é o LURGI (SUPP, 1990). b) Gaseificadores de leito fluidizado A velocidade dos gases é tão rápida que causa o arraste das partículas sólidas do material carbonoso que entra na corrente de alimentação. Há formação de ciclones em pequena escala que promovem a circulação constante das partículas suspensas nos gases. Se o leito fluidizado for do tipo circulante, este processo de movimento é bem intenso, mas se o leito fluidizado for do tipo borbulhante, as reações ocorrem sem uma movimentação tão intensa das partículas (COLLAZZO, 2013). O processo industrial associado a este equipamento é o Winkler (SUPP, 1990). 35 c) Gaseificadores de fluxo de arraste Este último é o mais utilizado na indústria para gaseificação do carvão e pode ser classificado como de estágio único ou duplo. Tanto as partículas que compõe o material carbonoso quanto os gases estão em alta velocidade e mantêm um fluxo constante (COLLAZZO, 2013). Este equipamento faz parte de alguns processos como o Koppers-Totzek, Shell e Texaco (SUPP, 1990). Na figura 4, é possível observar como as variáveis pressão no gaseificador (eixo vertical) e velocidade das partículas (eixo horizontal) se relacionam com cada processo: FIGURA 4 – PROCESSOS DE GASEIFICAÇÃO DO CARVÃO FONTE: Adaptado de Stupp (1990). Onde a VL representa a velocidade mínima de movimentação do fluído e VS a velocidade de estabilização dos fluídos presentes nos equipamentos (SUPP, 1990). É possível observar que os dados expostos pelo gráfico representam exatamente o movimento esperado das correntes em cada tipo de gaseificador. 2.4.1.3.1 Preparação do gás de síntese Após a conclusão da segunda etapa de gaseificação, o gás de síntese deve passar por um processo de condicionamento para ajustar a estequiometria do número S. Além deste ajuste, o gás também possui algumas impurezas e deve passar por um 36 processo de purificação antes de seguir para a etapa de síntese do metanol. (BASILE; DALENA, 2017). 2.4.1.3.2 Ajuste razão molar H2:CO:CO2 Inicialmente, para obter-se o valor de S mais próximo o possível do ideal 2, deve-se ajustar a proporção de CO2:CO:H2, pois o gásde síntese produzido por este processo possui uma deficiência grande de gás hidrogênio. Isto pode ser realizado através da reação WGS (equação 2.22) onde o excesso de CO será convertido em CO2 e H2 (BOZZANO; MANENTI, 2016). Após a reação, o CO2 obtido deve ser retirado para o ajuste da proporção requerida na etapa de limpeza seguinte. 2.4.1.3.3 Retirada de gases ácidos Alguns componentes presentes em grandes quantidades, como compostos com enxofre também devem ser retirados do gás de síntese, pois podem desativar a catálise do processo de produção de metanol na etapa seguinte. Este processo de limpeza é conhecido como retirada de gases ácidos (XIANG et al., 2020). Existem vários métodos para retirada destes gases ácidos e as duas principais tecnologias utilizadas são o processo sulfinol e o rectisol. Ambos utilizam a equação (2.27) como base (BASILE; DALENA, 2017). 2𝐻2𝑆 + 𝐶𝑂2 → 𝐻2 + 𝐶𝑂 + 𝑆2 + 𝐻2𝑂 (2.27) Dentre os dois processos, o rectisol é o mais predominante quando o assunto é purificação de gás de síntese (XIANG et al., 2020). O método utiliza o próprio metanol resfriado como solvente físico e o calor liberado durante as etapas ainda pode ser reaproveitado onde se fizer necessário (BASILE; DALENA, 2017). 2.4.1.4 Via Biomassa Uma proposta industrial para substituir os combustíveis fósseis na produção do gás de síntese para o metanol é o uso da biomassa. Biomassa é compreendida como 37 qualquer matéria orgânica que possa ser transformada em energia como madeira, rejeitos urbanos e industrias e alimentos agrícolas (ANEEL, 2018). Para a produção do gás de síntese a ser usado na produção de metanol, a biomassa passa por processos até que se torne um gás com os requisitos necessários para o metanol. A primeira etapa do processo consiste no pré-tratamento da matéria prima, em seguida a biomassa passa por uma etapa de gaseificação, após isso esse gás segue para um processo de tratamento e por último esse gás é submetido à uma etapa de preparação com o ajuste da sua proporção de hidrogênio e monóxido de carbono. Essas etapas serão abordadas nos próximos tópicos (RENÓ; LORA; VENTURINI, 2012). 2.4.1.4.1 Pré-tratamento da matéria-prima Para o processo de produção do metanol, as fontes de biomassa mais indicadas são madeira e resíduos de madeira. Nessa etapa acontece uma redução granulométrica e, também, a biomassa é submetida a um processo de secagem para que possa estar em condições para ser gaseificada (JOVELINO et al., 2015). a) Gaseificação da biomassa Essa etapa do processo é similar ao da produção do gás de síntese a partir do carvão. As etapas de pirólise e a gaseificação em si também ocorrem, mas com algumas pequenas diferenças. Em primeiro lugar, a quantidade de biomassa necessária para a realização do processo é enorme, pois a quantidade de energia contida nesta matéria-prima é muito menor que a contida no carvão ou no gás natural (RIBEIRO, 2017). Este empecilho está sendo resolvido através da técnica da torrefação, que além de aumentar a moagem da biomassa também é considerado um processo ambientalmente sustentável (TROP et al., 2014). Durante a pirólise, há formação de alcatrão em uma parcela muito maior que durante a etapa via carvão. Se conduzido para a etapa da gaseificação, o alcatrão pode causar a polimerização de estruturas mais complexas que dificultem a produção de gás hidrogênio, por isso vários estudos buscam alternativas para solucionar este problema. Algumas das sugestões que vêm trazendo resultados satisfatórios envolvem o craqueamento térmico do alcatrão em temperaturas acima de 1000 °C e o 38 uso de aditivos como a dolomita, que auxiliam na diminuição da emissão do composto indesejado (BOZZANO; MANENTI, 2016). Outra maneira de produzir gás de síntese de fontes renováveis é através do licor preto, que resulta da mistura de produtos químicos (licor branco) com a polpa da madeira, esse é um estágio inicial da produção de papel. Esse licor pode ser gaseificado e seguir as mesmas etapas mencionadas acima para produzir o gás de síntese. O licor branco pode ser recuperado e reutilizado (RIBEIRO, 2017). 2.4.1.4.2 Preparação do gás de síntese Assim como na preparação via carvão, também é necessário haver um ajuste nos coeficientes H2:CO:CO2 e realizar uma limpeza dos componentes indesejados ao gás de síntese (BASILE; DALENA, 2017). A principal diferença com relação à via anterior é que não há tanto enxofre na composição da biomassa e consequentemente a quantidade de compostos com este elemento a serem retirados nesta etapa é menor (RIBEIRO, 2017). 2.4.1.5 Vias alternativas A maioria dos métodos alternativos de produção do metanol buscam evitar a “pegada de carbono” pulando a etapa de produção do gás de síntese para não emitirem dióxido de carbono. Na realidade, estes métodos consistem na captura de CO2 da atmosfera ou de emissões industriais e sua consequente utilização em uma determinada reação para sintetizar o metanol (MEUNIER et al., 2019). 2.4.1.5.1 Metanol a partir da hidrogenação catalítica do CO2 O composto metanol pode ser obtido através da equação 2.28: 𝐶𝑂2 + 3𝐻2 → 𝐶𝐻3 + 𝐻2𝑂 (2.28) A reação acima é reversível e a entalpia dada é referente a temperatura de 298 K e a pressão de 1 bar. O reagente H2 necessário para a equação pode ser obtido através da eletrólise da água usando energias renováveis (solar, eólica, térmica) como fonte de eletricidade para a ocorrência de 2.29 (BASILE; DALENA, 2017): 39 2𝐻2𝑂 → 2𝐻2 + 𝑂2 (2.29) Já existem algumas plantas piloto de produção industrial do metanol no mundo que fazem uso deste método. As projeções são de expansão destas plantas e aumento das suas produções (CARBON RECYCLING INTERNATIONAL, 2017). 2.4.1.5.2 Gás de coqueria É um tipo de combustível obtido a partir do carvão. Ainda está em fase de pesquisa, mas a síntese de metanol a partir desta matéria-prima possui potencial para uso industrial. O processo de produção do gás de síntese é muito similar ao do gás natural, no entanto requer menos energia e emite menos CO2 (BERMÚDEZ et al., 2013). 2.4.1.5.3 Co-gaseificação O uso combinado do carvão e da biomassa como matérias-primas para produção do gás de síntese permite economizar na produção, ter estabilidade operacional, diminuir o impacto ambiental e aumentar a eficiência térmica para o processo (CHMIELNIAK; SCIAZKO, 2003). Algumas indústrias já fazem uso da combinação destes combustíveis (RODRIGUES; MUNIZ; MARCILIO, 2016). 2.4.1.6 Outros métodos Novas alternativas para a produção de metanol estão em constante processo de evolução e descobertas. Duas delas que demonstram a possibilidade de serem aplicadas em um futuro próximo são o processo Carnol e a oxidação direta de metano a metanol. No primeiro caso, utiliza-se a captura do dióxido de carbono e de hidrogênio (obtido a partir da decomposição do metano) como reagentes para síntese de metanol. Ainda se busca uma forma de fazer este processo tornar-se financeiramente viável. Já no segundo método, a matéria prima para produção do metanol é o próprio metano como demonstrado na equação reversível 2.30, a 198 K e 1 bar (RIBEIRO, 2017): 𝐶𝐻4 + 1 2 𝑂2 → 𝐶𝐻3𝑂𝐻 ∆𝐻 = −126,4 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.30) 40 Ainda é preciso encontrar um catalisador que viabilize a reação, devido a alta reatividade do produto que pode se oxidar, formando água e dióxido de carbono (RIBEIRO, 2017). 2.4.2 Síntese do metanol bruto O primeiro processo industrial de síntese de metanol no mundo foi operado em 1923 sob a catálise de óxido de zinco (Zn2O3) e óxido de cromo (Cr2O3), em uma unidade industrial construída pela BASF, na Alemanha. O metanol era manipulado em altas pressões e temperaturas (RIBEIRO, 2017). O processo usado atualmente é em baixas pressões e temperaturas,se comparado com as condições da primeira planta industrial. Esse processo com condições de baixas temperaturas e pressões foi desenvolvido em 1966 pela Imperial Chemical Industries (ICI) e isso deve-se à alta atividade catalítica de Cu/ZnO/Al2O3. Esse processo exige controles eficientes de temperatura e pressão pois em temperaturas elevadas o catalisador é desativado (RIBEIRO, 2017). A partir do gás de síntese, o metanol é sintetizado em um reator, esse reator pode ser: adiabático, steam-rasing, quench e tube-cooled. Cada um desses tipos de reatores apresenta configurações diferentes que irão depender do tamanho da indústria, quantidade de produção e outras características (RIBEIRO, 2017). As reações desse processo são a hidrogenação do monóxido de carbono (2.31) e a hidrogenação do dióxido de carbono (2.32) (KLIER, 1982): 𝐶𝑂 + 2𝐻2 → 𝐶𝐻3𝑂𝐻 ∆𝐻298𝐾 = −100,46 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.31) 𝐶𝑂2 + 3𝐻2 → 𝐶𝐻3𝑂𝐻 + 𝐻2𝑂 ∆𝐻298𝐾 = −61,59 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 (2.32) O rendimento de metanol obtido é de 61% nesse processo e, além disso, há alguns produtos advindos do gás de síntese com baixas proporções como o nitrogênio (AQUINO, 2008). Por esta baixa taxa de conversão, faz-se necessário o reciclo da corrente de saída do reator, o que aumenta os custos de produção, assim como a necessidade de resfriamento do metanol bruto após a saída do reator (BASILE; DALENA, 2017). 41 2.4.3. Purificação do metanol Independente da rota pela qual o metanol foi sintetizado, é necessário que a corrente advinda do reator da síntese desse álcool seja submetida à uma etapa de purificação que envolvem equipamentos como vasos de separação e destiladoras. Em um primeiro momento, essa corrente passa por um equipamento purificador para que subprodutos leves saiam pelo topo e em segundo momento, a corrente contendo majoritariamente água e metanol é levada até uma coluna, onde o metanol sairá pelo topo enquanto a água é que sai desse processo é submetida à uma etapa de tratamento (RIBEIRO, 2017). 2.5 ANÁLISE DAS ROTAS Qualquer matéria que tenha grande fonte de carbono pode ser convertida em gás síntese e esse em metanol. Com isto, a biomassa devido as suas características pode se tornar fonte de metanol no futuro, já que é um meio alterativo com menos danos ao meio ambiente (RIBEIRO, 2017). Comparado ao carvão, a biomassa possui menos enxofre, mas apresenta desafios operacionais. Desta forma, há necessidade de uma estratégia de controle de acordo com a sua composição (RIBEIRO, 2017). Além do mais devido ao Brasil estar localizado em uma zona intertropical, é favorável ao cultivo em quase todo território nacional de plantas com grande potêncial energético em todas as épocas do ano, oque favorece a utilização da biomassa. (EICHLER, 2015). A síntese do Metanol a partir de gás natural pode ser obtida por reforma a vapor, oxidação parcial, reforma autotérmica e a reforma seca. Seu processo consiste em reagir o metano com água para obter os gases de síntese que são o monóxido de carbono e o hidrogênio, em seguida esses gases realizam uma nova reação entre si para obter o metanol (PELEGRIN, 2017). Há desvantagens no emprego do gás natural para a produção do gás síntese, já que o mesmo é uma fonte não-renovável que apresenta contaminantes tóxicos. Deste modo, no decorrer dos anos seu uso vem se tornando um empecilho 42 econômico. Além do mais, existem vários problemas no seu processo de produção, desde a exploração, processamento até o transporte que pode gerar grandes impactos no ambientais (LYRA, 2014). A fabricação de gás síntese que ocorre através do carvão é muito utilizada para produções em larga escala no meio industrial, devido ao alto custo do sistema de produção. Sendo esse método empregado para a obtenção do metanol em vários países, a China em especial tem ênfase nesse processo. Porém sua utilização sofre graves problemas com emissão de CO2, e outros gases poluentes causadores do efeito estufa, além do aumento do desmatamento (RIBEIRO, 2017; XIANG et al., 2020). Através dos anos aumento da geração de CO2 e sua influência no clima mundial, torna-se necessário a busca por fontes renováveis para combustíveis. Deste modo, levando em consideração que o Brasil é um país com grande potencial para produção de biomassa, a rota com maior vantagem para síntese do metanol se dá a partir da biomassa. 43 3 PRODUÇÃO DE METANOL COM GÁS DE SÍNTESE OBTIDO A PARTIR DA BIOMASSA A seção a seguir tem como objetivo principal analisar a planta de produção de metanol descrita pelo fluxograma a seguir. F IG U R A 3 – F L U X O G R A M A D A P L A N T A D E P R O D U Ç Ã O D E M E T A N O L F O N T E : A d a p ta d o d a p la n ta d e p ro d u ç ã o d e m e ta n o l, 2 0 2 0 . 44 3.1 MEMORIAL DESCRITIVO DA PLANTA O gás de síntese oriundo da biomassa, para que seja transformado em metanol, precisa primeiramente passar por um processo de preparação, conhecido como up stream, em seguida por uma etapa reacional que é considerada o centro da planta e por último, por uma etapa de purificação, conhecida como down stream, essas três fases do processo constituem o sistema produtivo do metanol. Nessa planta iremos considerar o processo de produção de metanol a partir do gás de síntese pronto, não sendo exposto nesse memorial descritivo o processo produtivo desse gás pois, independente da rota que ele foi produzido, o processo de preparação, reação e purificação na produção de metanol terão as mesmas bases. 3.1.1 Preparação do gás de síntese Anteriormente à reação do gás de síntese que originará o metanol, o syngas precisa passar por processos de ajustes de temperatura e pressão para que chegue ao reator com características ideais que renderão um processo eficiente. Essa estapa de preparação é constituída por um compressor, um trocador de calor e um forno. Na alimentação dessa planta temos a corrente 1 composta pela mistura de monóxido e dióxido de carbono, hidrogênio e nitrogênio, esses compostos formam o gás de síntese, como explicitado em tópicos anteriores. Essa corrente é submetida a um compressor (CP1) que irá aumentar a pressão da mesma de 40 bar para 52 bar e também a temperatura de 120 °C para 183 °C. Em seguida, a corrente 1 se junta com a corrente 6, onde acontece uma diminuição de temperatura até 54 °C devido ao equílibrio termodinâmico, originando a corrente 2 que será conduzida até um trocador de calor com o objetivo de aumentar a temperatura até 220 °C, o calor que irá aquecer essa corrente é originado do fluido que sai do reator, que é usado como fluido de aquecimento. Com ajuda do fluido de aquecimento diminui-se a quantidade de carga térmica necessária na utilização do forno, a corrente advinda do trocador de calor é direcionada ao forno com o intuito de aumenta sua temperatura de 220 °C até 240 °C, sua é pressão mantida a 52 bar. Finalizando assim etapa denominada up stream (sistema de preparação). 45 3.1.2 Síntese do metanol A síntese do Metanol ocorre no reator, por meio das seguintes reações entre o gás síntese, Hidrogênio (H2) com Óxidos de carbono (CO e CO2), provenientes da corrente de corrente de alimentação previamente aquecida no forno. Ambas as reações de síntese do Metanol, 3.1 e 3.2, são exotérmicas, assim o processo é favorecido com a diminuição da temperatura do reator e aumento da pressão. Para aumentar o rendimento o gás de síntese é reciclado após a remoção do produto e dos subprodutos na unidade de purificação. O princípio do processo de síntese do Metanol é demonstrado na FIGURA 3.1: FIGURA 3.1 - DIAGRAMA DE BLOCOS DO PROCESSO DE SÍNTESE FONTE: Adaptado de ORNELAS (2007). A temperatura do reator é cuidadosamente controlada para manter a melhores condições de equilíbrio químico, temperaturade operação é comumente de 200 a 300 ºC e pressão de 45 a 100 bar, dependendo do catalisador. Após a reação os produtos de ambas as reações, CH3OH e H2O, junto com reagentes que não foram totalmente consumidos, CO e H2,e N2 que se mantém inerte durante a reação são direcionados a corrente 3 para iniciar a etapa de purificação. 3.1.3 Purificação do metanol 46 Após o término da reação, os produtos advindos do reator são encaminhados até uma unidade de purificação para que o metanol seja separado dos demais compostos, obtendo assim um produto puro pronto para ser comercializável. A unidade dessa planta é composta por dois vasos separadores e uma torre de destilação que irão remover os compostos indesejados. A corrente 3, que sai do reator com uma temperatura de 260 °C, precisa ser resfriada para que possa ser encaminhada para o primeiro vaso separador (VS-1). Para isso, essa corrente passa por um primeiro trocador de calor (TC-1) que utiliza o fluido da corrente 3 como fluido de aquecimento para a corrente 2, com isso, a temperatura da corrente 3 diminui para aproximadamente 107 °C. E por fim, essa corrente passa por mais um trocador de calor (TC-2) que diminui a temperatura para 4 °C. A corrente 3, que agora está a 4 °C, contendo metanol e água em estados líquidos e nitrogênio, monóxido de carbono e hidrogênio em estados gasosos, é encaminhada para o primeiro vaso separador (VS-1) bifásico que irá separar os gases dos líquidos, no topo sairá a corrente gasosa e no fundo a líquida, com as mesmas temperaturas da entrada. No topo desse vaso sai a corrente 5 que é composta pelos gases reagentes e uma pequena fração de metanol e água que não são recuperados; uma parte dessa corrente volta como reciclo para a alimentação, constituindo a corrente 6, e a outra vai para um processo de purga formando a corrente 7. A corrente 4, que sai no fundo do vaso, é líquida e contém majoritariamente metanol e água, com pequenas frações de monóxido de carbono, hidrogênio e nitrogênio. Em seguida, essa corrente passa por um outro trocador de calor (TC-3) que irá aumentar a temperatura da corrente de 4°C para 40°C, para que seja direcionada até um segundo vaso separador. O segundo vaso separador dessa planta (VS-2) também tem por objetivo diminuir a concentração dos gases de hidrogênio, monóxido de carbono e nitrogênio na mistura líquida de metanol e água advindas do vaso separador anterior. Nessa unidade, a corrente líquida também sairá no fundo, enquanto a gasosa sairá no topo, ambas com pressões e temperaturas diferentes da corrente de entrada. Na corrente de topo, marcada como 9 nessa planta, prevalece a presença dos gases de hidrogênio, monóxido de carbono e de nitrogênio com apenas uma pequena parcela de água e metanol que não são recuperados. Já a corrente 8 sai pelo fundo 47 no estado líquido contendo metanol e água na maior parte de sua composição com traços dos gases reagentes que não condensaram para o topo do separador. Essa corrente é encaminhada para uma destiladora que irá separar o metanol da água e da parcela de gases de reagentes que não foram eliminados nos vasos separadores. Pelo princípio de diferenças de temperaturas de ebulição e pelas condições do processo, a corrente de fundo é líquida e a de topo é gasosa. A corrente gasosa 12 que sai do topo da destiladora, composta por metanol, hidrogênio, monóxido de carbono e nitrogênio, passa por um trocador de calor (TC-4) que tem por objetivo condensar o metanol para que esse seja separado dos demais gases, que são incondensáveis nessa temperatura e pressão, essa mistura é encaminhada para um tanque de separação (TS), que irá desagregar o metanol líquido dos gases. O metanol já puro, compondo a corrente 13, é bombeado pela bomba B1 para o seu tanque de armazenamento (TQ-2), e também atua no refluxo da destiladora. Já os gases de hidrogênio, monóxido de carbono e nitrogênio seguem pela corrente 12 até o tanque TQ-1. No fundo da destiladora sai a corrente 10 composta majoritariamente por água e apenas uma pequena parcela de metanol que é perdido no processo, essa corrente é bombeada pela bomba B2 até o tanque TQ-3. 3.2 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DAS SUBSTÂNCIAS E COMPOSTOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO As principais propriedades físico-químicas de todos os componentes do processo além do metanol são pontuadas nas TABELAS 3.1 e 3.2 a seguir. TABELA 3.1 – PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS COMPOSTOS (contínua) Composto CO CO2 H2O Calor de formação a 273 K (kJ/mol) -110,53 393,7 285,890 Condutividade térmica a 298 K (W/(m.K)) 2,48 x 10-2 1,69 x 10-2 1,79 x 10-2 Densidade a 273 K (g/cm3) - - 0,9979751 Densidade a 273 K e 101,3 kPa (g/L) 1,2501 1,976 - Fator acêntrico ω 0,066 0,239 0,344 48 TABELA 3.1 – PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS COMPOSTOS (conclusão) Composto CO CO2 H2O Limite inferior de inflamabilidade no ar (%) 12,5 - - Limite superior de inflamabilidade no ar (%) 74,2 - - Massa molar (g/mol) 28,01 44,009 18,015 Massa monoisotópica (g/mol) 27,994915 43,989829 18,010565 Pressão crítica (bar) 35 73,8 221,2 Solubilidade em metanol a 298 K e 101,3 kPa 3,76 - - Temperatura crítica (K) 132,9 304,1 647,3 Temperatura de autoignição (K) 882 - - Temperatura de ebulição (K) 81,65 194,5 373 Temperatura de fusão (K) 68,09 - 273 Viscosidade a 298 K (cP) - 0,015 0,8949 Viscosidade a 73 K (cP) 0,21 - - Volume crítico (cm³/mol) 93,2 93,9 57,1 FONTE: Adaptada de KIRK-OTHMER (2004); REID, R. C.; PRAUSNITZ, J. M.; POLING (1987) e UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (2020). TABELA 3.2 – PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DAS SUBSTÂNCIAS Substância H2 N2 Condutividade térmica a 298 K e 1 bar (W/(m.K)) 1,75 x 10-1 2,55 x 10-2 Densidade a 273 K (mol/cm3) x 103 0,04460 - Fator acêntrico ω -0,216 0,039 Massa molar (g/mol) 2,016 28,014 Massa monoisotópica (g/mol) 2,01565 28,006148 Pressão crítica (bar) 12,9 33,9 Temperatura crítica (K) 33,0 126,2 Temperatura de ebulição (K) 20,39 77,35 Temperatura de fusão (K) 14,05 63,25 Viscosidade a 273 K (cP) 7749,2 - Viscosidade dinâmica K (cP) - 15,9 x 10⁻³ Volume crítico (cm³/mol) 64,3 89,8 FONTE: Adaptada de KIRK-OTHMER (2004); REID, R. C.; PRAUSNITZ, J. M.; POLING (1987) e UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY (2020). 49 4 MEMORIAL DESCRITIVO DO BALANÇO DE MASSA Essa seção dedica-se aos cálculos do balanço de massa da planta de produção de metanol. 4.1 SISTEMA DE PREPARAÇÃO (UP STREAM) O presente balanço de massa foi desenvolvido respeitando a “Lei de conservação da massa”, que estabelece que massa não pode ser destruída e nem criada. Assim para o desenvolvimento dos cálculos adotou-se a equação geral descrita a seguir, que considera a entrada, a saída, a presença de reação química e o acúmulo (FELDER, 2005): ∑𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 + ∑ 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜 − ∑𝑆𝑎í𝑑𝑎 − ∑𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜 = 𝐴𝑐ú𝑚𝑢𝑙𝑜 (4.1) Como o processo químico abordado nesse memorial de cálculo é contínuo, as entradas e saídas fluem continuamente, não havendo acúmulo (FELDER, 2005), assim obtemos a equação para cálculo de massa em sistemas com reação: ∑𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 + ∑𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜 − ∑𝑆𝑎í𝑑𝑎 − ∑𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑖𝑑𝑜 = 0 (4.2) Para sistemas de operação em que não há reação química e acúmulo temos que: ∑𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = ∑𝑆𝑎í𝑑𝑎 (4.3) A partir das equações descritas foi desenvolvido um balanço de massa para a produção de 10.000 kg de metanol de acordo com os dados fornecidos e as condições impostas pelo processo em questão. Analisando os dados da corrente 1 (corrente de alimentação da planta), composta unicamente por reagentes, temos fixadas as frações molares do dióxido de carbono (CO2) e do nitrogênio (N2), iguais a 0,01 e 0,02, respectivamente. Dessa forma, iniciaram-se os cálculos do balanço de massa na corrente 2 (corrente
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