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W BA 02 35 _V 2. 0 COMUNICAÇÃO E MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 2 Kamila Cristina Gaino São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2021 COMUNICAÇÃO E MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 1ª edição 3 2021 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Diretor Presidente Platos Soluções Educacionais S.A Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Turchetti Bacan Gabiatti Camila Braga de Oliveira Higa Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Kênia Cristina Gonçalves dos Santos Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Gaino, Kamila Cristina G142c Comunicação e motivação nas organizações / Kamila Cristina Gaino, – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A. 2021. 40 p. ISBN 978-65-89881-21-6 1. Comunicação nas organizações. 2. Motivação no trabalho. 3. Falando consigo mesmo. I. Título. CDD 658.45 ____________________________________________________________________________________________ Evelyn Moraes - CRB: 010289/O © 2021 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Introdução à Comunicação ___________________________________ 05 Comunicação Interpessoal ___________________________________ 18 Inteligência Emocional _______________________________________ 30 Motivação nas Organizações _________________________________ 42 COMUNICAÇÃO E MOTIVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES 5 Introdução à Comunicação Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Kênia Cristina Gonçalves dos Santos Objetivos • Apresentar o conceito de comunicação. • Compreender os avanços para a comunicação, oriundos da era digital. • Conhecer o processo de comunicação. • Apresentar a comunicação organizacional. • Entender os tipos de comunicação organizacional 6 1. Comunicação Você já se deu conta do quanto a comunicação está presente no seu dia a dia? De alguma forma, você se comunica desde o momento em que se levanta até o momento em que vai descansar, seja com familiares, amigos, vizinhos, no trânsito, no supermercado, no ambiente de trabalho, e em todos os lugares que frequenta. Nesta leitura digital, conheceremos um pouco mais sobre essa importante competência. Você poderá aprender sobre a comunicação na era digital, os tipos de comunicação, qual é o processo de comunicação, e o que pode acarretar uma boa comunicação. 1.1 Comunicação: noções básicas É perceptível o quão importante é a comunicação para a atualidade. Chiavenato (2014, p. 206) elucida que a palavra comunicação vem do latim communis e quer dizer tornar comum, e entende “como sendo transmissão de informação e compreensão mediante o uso de símbolos comuns. Os símbolos comuns podem ser verbais ou não verbais”. Em outras palavras: [...] comunicação é a transferência de informação e significado de uma pessoa para outra. É o processo de passar informação e compreensão entre duas ou mais pessoas ou de se relacionar com outras pessoas a partir de ideias, fatos, pensamentos, valores e mensagem. A comunicação é o ponto que liga as pessoas para que compartilhem sentimentos, ideias, práticas e conhecimentos. (CHIAVENATO, 2014, p. 206) Para iniciar os estudos sobre o tema, é imprescindivel que conhecer três conceitos introdutórios da comunicação, conforme indicados por Chiavenato (2016, p. 142): 7 • Dado: trata apenas de um registro de um evento, ocorrência ou mesmo pessoa. Quando se observa um dado isoladamente, não possui tanta relevância. • Informação: é um conjunto de dados que têm um significado, ao qual se permite maior conhecimento a respeito de algo. Pode-se dizer que a informação é o processamento dos dados. • Comunicação: acontece quando uma informação é transmitida a alguém e compartilhada. Segundo o autor, para que haja efetivamente a comunicação, é preciso que o receptor a receba e a compreenda. Menciona, ainda, que se a informação foi somente transmitida, mas não recebida, então, não foi comunicada. Vista a diferença entre dado, informação e comunicação, seguiremos adiante com o tópico Comunicação na Era Digital. 1.2 Comunicação na Era Digital Pimentel (2017, p. 27) pontua que a partir do ano 2000 iniciou-se uma nova forma de relacionamento das organizações com seus stakeholders. Com a chegada da Internet, suas redes sociais, os gadgets (smartphones, tablets, smartwatches), a comunicação se tornou mais rápida, assim como a opinião dos stakeholders pode ser compartilhada com todos. A partir disso, a sociedade, que antes era apenas a receptora de conteúdo, tem a oportunidade de também criá-lo. Com as transformações tecnológicas que tem ocorrido, houve um incremento nos meios de comunicação. Atualmente, não existem barreiras para o processo de comunicação, é possível enviar e receber mensagens instantâneas com vídeo, áudio, foto e realizar conferências e reuniões com participantes remotamente, em qualquer lugar do mundo. Os benefícios, redução de tempo e despesas com deslocamento, otimizam o tempo e aproxima as pessoas. Em linhas gerais, a Internet 8 democratizou a forma de se comunicar tanto com os próprios colaboradores, como com seu público em geral, segundo Rahme (2017). Assim, pode-se observar que as tecnologias digitais estão causando uma verdadeira transformação das sociedades e da economia. Muda-se a forma como os indivíduos, empresa e o governo interagem. De acordo a pesquisa do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC), no ano de 2019, aproximadamente 71% dos domicílios, do Brasil, possuíam acesso à Internet, o que equivale a cerca de 134 milhões de usuários de Internet. Desses, 58% acessam a Internet somente pelo celular. Outro dado interessante dessa pesquisa é que 73% utilizam a Internet para atividades relacionadas a comunicação, sendo as chamadas de voz ou vídeo as mais comuns (CETIC, 2019). Cada um desses milhões de usuários são consumidores e clientes em algum momento e, na Era Digital, qualquer insatisfação pode ser compartilhada instantaneamente com milhares de pessoas, podendo causar danos à imagem da marca, segundo Rahme (2017). Todo esse contexto trouxe para a realidade situações que antes eram impensáveis, como, por exemplo, os influenciadores digitais. Qualquer um pode ser um influenciador digital, basta que caia nas graças do consumidor. Pessoas comuns, com ou sem expertise, tornaram-se produtores de conteúdo digital, ficando famosas e ganhando dinheiro, se comunicando pelas redes sociais. Também trouxe um fenômeno de perfeição, com o uso de filtros para melhorar a imagem das fotos postadas, bem como a demonstração de vida perfeita, o que não existe. É importante ressaltar que o ambiente digital traz inúmeras oportunidades, porém, é necessário conhecimento. Por exemplo, a comunicação dever ser feita considerando a melhor linguagem. É preciso se posicionar. Não adianta a empresa ter conta no Instagram, Facebook e LinkedIn, e simplesmente copiar e colar a mensagem em suas três contas, é necessário adequar a linguagem para cada uma delas 9 ecomunicar de forma adequada o que o cliente busca em cada uma das plataformas digitais utilizadas. 1.3 Processo de comunicação Chiavenato (2014, p. 208) aponta que o modelo de processo de comunicação mais utilizado é o proposto a partir dos estudos realizados pelos pesquisadores Shannon e Weaver e de Schramm. Esse modelo descreve o processo geral da comunicação e pode ser utilizado em todas as situações. Segundo os pesquisadores, a comunicação pode ser entendida como um processo que segue um fluxo muito bem definido e quando acontece algum problema de comunicação, certamente houve algum desvio ou bloqueio nesse fluxo. Na Figura 1, você poderá visualizar o processo de comunicação: Figura 1 - Processo de comunicação Fonte: Chiavenato (2014, p. 208). Segue abaixo o que representa cada um dos elementos que compõe o processo de comunicação: • Fonte: é quem inicia a comunicação, também conhecido como emissor, que pode ser uma pessoa, coisa ou processo, que emite um sinal ou uma mensagem a alguém, que pode ser a fala, um 10 texto escrito, um quadro, uma música, as expressões faciais. Cada uma das mensagens precisa ter um conteúdo e um código para que possa, assim, ser transmitida. • Codificação: essa é a etapa onde transformará a ideia em símbolos ou linguagem. Quais palavras serão utilizadas, em qual sequência serão apresentadas, o tom de voz e também as expressões faciais. • Canal: é por onde a mensagem será enviada ao receptor. É decidida pelo emissor. • Decodificação: é a interpretação da mensagem que está sendo transmitida. O ouvir o que está sendo transmitido, observar os gestos e as expressões faciais do emissor. • Receptor: é a quem a mensagem está sendo transmitida. É o destinatário da mensagem. • Retroação: também chamado de feedback, é o final do processo de comunicação. É a fase em que se confirma se a compreensão da mensagem foi alcançada ou não. • Ruído: são os fatores, tanto internos quanto externos, que podem interferir no entendimento correto da mensagem transmitida. Pode acontecer em qualquer uma das etapas do processo de comunicação, dificultando, assim, a transmissão e o entendimento da mensagem. O boato pode ser considerado um exemplo de comunicação distorcida, um ruído. 1.4 Barreiras à comunicação As chamadas barreiras à comunicação são fatores que interferem na qualidade do processo de comunicação. Chiavenato (2014, p. 214-215) ensina que as barreiras à comunicação humana podem ser: 11 • Pessoais: é quando as limitações envolvem as emoções e valores de cada um. Por exemplo, quando o receptor não está prestando muita atenção no emissor ou quando tem alguma limitação pessoal. • Físicas: que representam qualquer interferência ocorrida no ambiente onde está acontecendo o processo de comunicação. Como exemplo, pode-se mencionar o barulho excessivo quando se tenta falar com um cliente ao telefone ou a distância física entre as pessoas envolvidas. • Semânticas: são distorções que acontecem devido aos símbolos com os quais a comunicação é feita. As palavras ou mesmo os gestos e sinais podem ser entendidos de formas diferentes. Como exemplo, tem-se o idioma que não se conhece, significado das palavras ou mesmo uma gíria e expressão popular de alguma região específica. Além das barreiras apresentadas acima, o autor menciona que, no ambiente organizacional, podem existir outras barreiras que podem prejudicar a comunicação do grupo ou mesmo da empresa, a saber: ideias preconcebidas, motivação e interesse, credibilidade da fonte, clima organizacional, problemas e conflitos pessoais, inabilidade de ouvir, dentre outros. 1.5 Comunicação organizacional Organização é “um sistema social e histórico, formal, que obrigatoriamente se comunica e se relaciona, de forma endógena, com os seus integrantes e, de forma exógena, com outros sistemas sociais e com a sociedade”, segundo Kunsch (2019, p. 62). Como característica comum a todas as organizações, pode-se citar a complexidade a ser constituída pelo relacionamento entre as pessoas, os colaboradores, e também dizer que a comunicação tem um papel fundamental diante desse sistema. 12 Chiavenato (2014, p. 216) ensina que “a comunicação organizacional constitui o processo pelo qual a informação se movimenta e é intercambiada entre pessoas dentro de uma organização”. Basicamente, da década de 1970 até meados da década de 1990, a comunicação organizacional se concentrava apenas em realizar propagandas, boletins internos ou organizar as confraternizações de final de ano entre os funcionários, sendo considerada algo secundário. Com o fim da ditadura militar e a redemocratização do país, a comunicação organizacional pode concentrar-se mais na opinião pública e abrir-se para a imprensa. Isso fez com que a comunicação passasse a focar na construção de uma imagem positiva diante dos públicos, favorecendo o diálogo e a transparência, de acordo com Kunsch (2016, p. 257). No Brasil, a comunicação organizacional foi idealizada a partir da década de 1960, porém, o desenvolvimento da comunicação organizacional como estratégia deu seus primeiros sinais somente na década de 1980, segundo Pimentel (2017, p. 22–27). No ano de 1985, segundo Kunsch (2016, p. 257), o “plano de comunicação social da Rhodia adotava uma estrutura de comunicação que, administrada por uma gerência de comunicação social, delineava o que poderia ser considerado o início de uma ‘comunicação integrada’ nas empresas”. A comunicação organizacional é direcionada aos stakeholders (colaboradores, governo, sociedade de modo geral, consumidores, fornecedores, imprensa e parceiros). Dependendo de sua estratégia, segundo Pimentel (2017, p. 22-27), a comunicação pode se apresentar de diferentes formas, como: campanhas publicitárias, releases de assessoria de imprensa, e-mails, reuniões, jornais, murais, informativos, entre outras. De acordo a Aguiar (2019, p. 40), é preciso entender quem são os stakeholders da organização, que podem ser internos ou externos, a saber: internos, são aqueles que fazem parte do microambiente no qual 13 a organização está inserida, como, por exemplo: os colaboradores, suas lideranças e os acionistas; já os externos, são aqueles que se relacionam ao macroambiente organizacional, como exemplo: fornecedores, clientes, consumidores, sindicatos, formadores de opinião, governo e consumidores. No Quadro 1 será possível visualizar os canais de comunicação mais adequados a cada um dos stakeholders: Quadro 1–Canais de comunicação por stakeholders Stakeholders Canais de comunicação Colaboradores. Ouvidoria, blogs, intranet, quadro de avisos, mural, memorandos, documentos internos e as redes sociais corporativas. Clientes e consumidores. Redes sociais, e-mail marketing, campanhas diversas, assessoria de imprensa. Fornecedores. E-mail organizacional, e-mail marketing, redes sociais corporativas, videoconferências, eventos, feiras, palestras, reuniões, relatórios e contato pessoal. Comunidade e entidade de classe. Envio de releases, reuniões, palestras, sites, ações e eventos, apoio e patrocínio de atividades, doações, e-mails. Acionistas e investidores. Sites, press-releases, videoconferências, reuniões, palestras, e-mail, relatórios tanto impressos quanto digitais, coletivas de imprensa, revistas e jornais especializados. Fonte: adaptado de Aguiar (2019, p. 44-50). A comunicação organizacional pode ter uma estrutura formal ou informal, assim como pode acontecer de forma lateral ou horizontal, segundo Chiavenato (2014, p. 216). Segundo Aguiar (2019, p. 40), a rede informal são as manifestações espontâneas do grupo e inclui-se os boatos e a rádio peão, como é popularmente conhecida nas organizações. Com a popularização das redes sociais, possibilita a formação de novas redes que atuam de forma paralela aos canais formais da organização. 14 Chiavenato (2014, p. 216-218) mostra que os canais de comunicação formal são aqueles que acontecem “dentroda cadeia de comando ou responsabilidade da tarefa definida pela organização” e podem ser: • Comunicações descendentes: são as mensagens e informações originadas da alta liderança para os subordinados, ou seja, de cima para baixo. Podem acontecer em forma de reuniões gerais, e-mails, vídeos, seminários, cartas e manuais de políticas e procedimentos. Normalmente, tratam os seguintes assuntos: implementação de objetivos e estratégias organizacionais, orientações sobre como fazer o trabalho, definição de políticas, regras ou regulamentos, mensagens de motivação para promover maior engajamento dos colaboradores. • Comunicações ascendentes: são as comunicações originadas de níveis hierárquicos mais baixos para os níveis mais altos da organização, por exemplo, de um analista para um gerente ou diretor. Os tipos de informações ascendentes são: relatar algum problema relacionado ao desempenho normal de alguma operação, sugestões de melhoria de algum processo, relatórios de desempenho para informar sobre o desempenho tanto dos colaboradores quanto da empresa no geral, como, por exemplo, os relatórios financeiros e de rotatividade de pessoal, bem como queixas ou reclamações. • Comunicações horizontais: é a troca lateral ou diagonal de mensagens entre colegas ou pares, podendo ser: para a solução de problemas intradepartamentais, quando colaboradores do mesmo departamento trocam mensagens a respeito de alguma tarefa do próprio departamento; coordenação interdepartamental, que ocorre quando colaboradores de diferentes departamentos trocam mensagens a respeito de projetos ou atividades comuns a ambos; ou assessoria de staff, que ocorre quando troca-se mensagem com 15 os colaboradores responsáveis pelo suporte ao departamento, que, normalmente, possuem algum conhecimento específico sobre a operação ou a tarefa. O objetivo é de informar e de requisitar atividades de suporte ou coordenação. 1.5.1 Tipos de comunicação organizacional É importante ressaltar que a comunicação organizacional precisa ser integrada e envolver todas as formas de comunicação de uma organização, seja pública ou privada, sendo: comunicação institucional, comunicação interna, comunicação administrativa e comunicação mercadológica, segundo Pimentel (2017, p. 54). Esse conjunto, na visão de Kunsch (2019, p. 112), compõe o que classifica como a Comunicação Organizacional Integrada. Na Figura 2, apresenta-se o diagrama proposto pela autora: Figura 2 – Comunicação Organizacional Integrada Fonte: adaptado de Kunsch (2019, p. 113). 16 • Comunicação institucional: é responsável pela construção da imagem e da identidade corporativa da organização, bem como comunicá-las aos stakeholders. É aqui que a organização mostra sua missão, visão e valores aos stakeholders, fazendo com que tenham uma imagem positiva da organização. • Comunicação mercadológica: é incumbida dos assuntos relacionados a promoção (não se deve entender somente a promoção de vendas, que são os incentivos para aumentar a venda de determinado produto, como, por exemplo, as ações pague 1, leve 2), mas no sentido de promover os produtos e serviços da organização para os consumidores e clientes. • Comunicação interna: deve viabilizar o diálogo entre a organização e os seus colaboradores. Pode utilizar ferramentas de marketing para uma comunicação mais assertiva. É fundamental para que cultive um bom clima organizacional. Não se pode esquecer que a comunicação interna se refere à comunicação entre as pessoas e para as pessoas, portanto, deve ser transparente, clara e com respeito a diversidade tanto de ideias quanto de opiniões. Aguiar (2019, p. 17) ensina que dentre os objetivos da comunicação interna, estão: incentivar o desenvolvimento pessoal e a perspectiva de crescimento na organização; estimular os colaboradores a se tornarem embaixadores da marca na sociedade; estipular os critérios que para a utilização da marca corporativa; incrementar os hábitos e rotinas dos colaboradores, a fim de obter mais produtividade e integração. • Comunicação administrativa: é encarregada de transmitir os dados e informações administrativas relevantes aos setores. É funcional e instrumental, já que precisa difundir de forma clara e objetiva todos os processos e procedimentos da empresa para os respectivos colaboradores e setores. Como exemplo, têm-se os manuais e os documentos internos. 17 A comunicação é indiscutivelmente fundamental para os indivíduos e organizações. No âmbito profissional, é uma das soft skills mais requisitadas no mercado. Falaremos mais sobre o assunto nas leituras subsequentes. A cada dia que passa fica mais claro que é preciso se adequar às novas tecnologias, fazendo bom uso delas para, dessa forma, conseguir um bom ambiente de trabalho, bem como para conseguir a atenção dos consumidores. Referências AGUIAR, Fernanda Rocha de. Comunicação interna. Proto Alegre: Sagah, 2019. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos. 8. ed., rev. e atual. Barueri: Manole, 2016. CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Comunicação organizacional estratégica: aportes conceituais e aplicados. São Paulo: Summus, 2016. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Gestão estratégica em comunicação organizacional e relações públicas. São Caetano do Sul: Difusão, 2019. CENTRO REGIONAL DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO (CETIC). Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros: TIC Domicílios 2019. 1. ed. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2020. Disponível em: https://cetic.br/media/ docs/publicacoes/2/20201123121817/tic_dom_2019_livro_eletronico.pdf. Acesso em: 13 abril 2021. PIMENTEL, Marina de Oliveira. Em pauta: manual prático de comunicação organizacional. Curitiba: InterSaberes, 2017. RAHME, Lucia Helena. Comunicação, marketing e novas tecnologias na gestão de pessoas. Curitiba: InterSaberes, 2017. https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123121817/tic_dom_2019_livro_eletronico.pdf https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123121817/tic_dom_2019_livro_eletronico.pdf 18 Comunicação Interpessoal Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Kênia Cristina Gonçalves dos Santos Objetivos • Apresentar o conceito de comunicação interpessoal. • Entender a diferença entre comunicação verbal e não verbal. • Introduzir a comunicação assertiva. • Mostrar os quatro tipos de comportamentos. • Explicar a Comunicação não Violenta (CNV). 19 1. Comunicação interpessoal Para Kunsch (2019, p. 56) a “comunicação interpessoal ocorre quando as pessoas tratam as outras como indivíduos sigulares, independentemente do contexto em que a interação ocorre ou o número de pessoas envolvidas”, ou seja, de forma mais simples, a comunicação interpessoal se configura como sendo a troca de infomacões entre duas ou mais pessoas. Com base na mensagem a ser transmitida, a comunicação pode ser classificada em verbal ou não verbal. Nesta leitura digital, você poderá aprender sobre a comunicação interpessoal, comunicação verbal e não verbal, e também sobre a Comunicação Não Violenta, a CNV, temas de grande relevância atualmente. 1.1 Comunicação verbal A comunicação verbal se refere a toda expressão que seja transmitida de forma falada ou escrita. É importante ressaltar que não é possível padronizar a fala, ou seja, usar as mesmas palavras em todos os contextos. É posspivel pensar, nesse momento, que somos responsáveis pelo que falamos e não pelo que o outro entende, entretanto, somos responsáveis pelo que o outro entende ou não de nossa mensagem. Dessa forma, cabe a um escolher a melhor forma de transmitir a mensagem. Quem fala, definirá as melhores palavras a serem utilizadas, o tom de voz, a entonação, os gestos e o meio pelo qual a mensagem será transmitida, essadecisão está diretamente relacionada ao público que receberá sua mensagem Por exemplo, um gestor não vai, ou não deveria, chamar sua secretária de meu amor, mas os pais ou responsáveis podem chamar seus filha 20 dessa forma. Bahiense (2018) ensina que existe os registros linguísticos, a saber: Formal: é aquele que tem normas e padrões. Normalmente, utilizado nas empresas. Por exemplo, algumas empresas possuem um padrão de atendimento e tem um script a ser seguido para que o atendimento seja efetivo. Outras, tem um padrão até para o atendimento telefônico, por exemplo, usar o seguinte ao atender uma ligação telefônica: bom dia (boa tarde), nome da empresa, nome do colaborador, e perguntar em que pode ajudar. Coloquial: é uma linguagem mais informal, não existem regras ou padrão. Normalmente, é utilizado nas empresas também com os pares de mesmo nível hierárquico. Afetivo: é relacionado a sua vida particular. É como você fala com seu cônjuge, por exemplo. Familiar: é a forma como você se comunica com seus familiares. Bahiense (2018) lembra que quando falamos sobre comunicação verbal é importante lembrar do regionalismo, já que, no Brasil, temos uma variedade linguística enorme. Há variação geográfica, de gênero, de nível de instrução, cultural e socioeconômicas, que, consequentemente, influencia como nos expressamos. Por exemplo, alguém que more no Rio de Janeiro se expressa de forma totalmente diferente de outra que vive no Rio Grande do Sul. É importante lembrar das gírias, consideradas um problema de comunicação oral e não recomendadas para serem utilizadas no ambiente profissional, na linguagem formal. 1.1.1 Vícios de linguagem Segundo Bahiense (2018), vícios de linguagens representam o uso da língua que foge das normas consideradas corretas. 21 Antes de mais nada, é fundamental identificá-los. Abaixo seguem os mais comuns: • Plebeísmo: quando se utiliza termos informais, como, por exemplo: gírias e palavras de baixo calão. • Pleonasmo: é um recurso linguístico, usado na língua portuguesa, com objetivo de dar ênfase ou maior clareza a algo, porém, dependendo do contexto e mesmo da intenção do emissor, é considerado uma figura de linguagem. No exemplo subir para cima, subir já indica que é para cima, não é necessário mencionar novamente (a menos que exista um contexto para isso). • Gerundismo: quando o emissor usa com muita frequência verbos no gerúndio. Por exemplo: vou estar anotando sua sugestão para que possa estar encaminhando para a gerência para que possam estar tomando as devidas providências. Logo mais, vão estar entrando em contato com o senhor. • Concordância verbal e nominal: quando se ouve nós vai, a gente vamos, nesses casos, trata-se de concordância verbal, já que o sujeito (nós/ a gente) não concorda com o verbo (ir – vai/ vamos). A concordância nominal é quando os artigos precisam concordar com o substantivo, por exemplo: os aluno precisam fazer as lição de casa. Outra forma pode ser quando se repete uma mesma palavra ou expressão muitas vezes, por exemplo: então, né, tá, certo, na verdade. Segundo Bahiense (2018, p. 102), é sabido que “se o tom de voz não é adequado, se o ritmo da fala estiver lento ou rápido demais, se a respiração estiver ofegante, se as palavras não estiverem claramente articuladas”, pode haver ruídos na comunicação, o que pode prejudicar o entendimento da mensagem. 22 Bahiense (2018, p. 102) comenta sobre os famosos exercícios chamados de trava-língua, muito utilizados para melhorar a dicção e ajudar no desenvolvimento da linguagem, bem como no ritmo, pausa e entonação de voz, veja abaixo alguns exemplos: • Um papo de pata num prato de prata. • O peito do pé do Pedro é preto. • O tigre de Pedro não come trigo de pedra. • Um tigre, dois tigres, três tigres. • O princípio principal do príncipe principiava, principalmente, no princípio principesco da princesa. 1.2 Comunicação não verbal A comunicação não verbal nos acompanha em praticamente todo o tempo, já que vai desde a nossavestimenta até gestos corriqueiros utilizados para transmitir nossaideia, nossamensagem, segundo Godoi (2020). Segundo Matos (2014), de aconrdo com a teoria apresentada pelo professor Albert Mehrabian, no ano de 1967, cerca de 93% da efetividade do discurso tem referência a comunicação não verbal. Essa informação está baseada no conceito dos 7-38-55, que quer dizer que a comunicação verbal (as palavras) representa apenas 7% do como as pessoas interpretam sua comunicação, 38% tom de voz e entonação, já os outros 55% estão nos gestos, expressão facial. Ainda que não haja um consenso sobre essa informação, fato é que a comunicação não se baseia única e exclusivamente pela fala. Durante a comunicação interpessoal é comum haver informações exibidas na forma de sinais não verbais. A comunicação não verbal 23 ocorre quando ao invés do uso das palavras, da fala, são enviados sinais de comunicação, como, por exemplo: expressões faciais e o contato visual, a postura, gestos, aparência corporal, como roupas e acessórios, uso dos espaços, entre outros, ou seja, é tudo que não faz uso das palavras para emitir a mensagem. É importante que haja o alinhamento estratégico, que é quando as mensagens orais e não verbais são compatíveis, ou seja, o que você está falando condiz com sua expressão facial, por exemplo, segundo Walker (2015). Matos (2015) apresenta alguns exemplos de linguagem corporal e seu significado: Quadro 1 – Exemplos de linguagem corporal e significados Linguagem corporal Significado Braços cruzados. Resistente ou fechada para com as ideias dos outros. Postura defensiva. Mãos no bolso e olhar cabisbaixo. Inibição, insegurança. Coçar o queixo. Reflexão, avaliação. Puxar ou coçar a orelha. Indecisão. Roer unhas. Ansiedade, desconfiança. Balançar pernas e pés. Ansiedade, impaciência com o assunto abordado. Sentar-se de forma descuidada e olhar desatento. Desinteresse, indiferença, descaso. Pupilas dilatadas. Interesse, felicidade, entusiasmo. Fonte: adaptado de Matos (2015, p. 7-8). É importante ressaltar que gestos, posturas e expressões não devem ser analisados e considerados de forma isolada, é preciso observar todo o contexto no qual a situação se apresenta. 1.3 Comunicação assertiva Para Walker (2015, p. 267), a assertividade pode ser definida como “a comunicação expressiva, de autoafirmação, que leva em conta 24 as necessidades do comunicador e das pessoas com quem ele se comunica”. O autor ensina também que assertividade significa se comunicar de forma clara, e direta, mas sem ataque e sem culpar a outra pessoa. Em uma boa conversa, tanto a assertividade quanto a escuta ativa devem ser valorizados, pois indicam que as pessoas podem mostrar suas ideias e percepções, mas também são capazes de observar e compreender as percepções e ideias dos outros, segundo Walker (2015, p. 269). 1.3.1 Tipos de comportamentos Godoi (2020) enfatiza que as habilidades sociais compreendem os diferentes tipos de comportamentos que fazem parte das relações interpessoais. Ressalta-se que a educação pode fazer uma enorme diferença no nosso comportamento. Imagine que uma criança que foi criada em um ambiente harmonioso poderá ter maior habilidade social do que uma criança que viveu em um ambiente hostil e agressivo. Gillen (2001) e Godoi (2020) apontam que existe alguns tipos de comportamentos, a saber: • Passivo: caracteriza-se por pessoas que apresentam muita preocupação com a opinião dos outros. Normalmente, tem baixa autoestima e dificuldades em dizer não. Por não se considerarem capazes de tomar decisões, podem deixar as responsabilidades nas mãos dos outros. São pessoas que dificilmente terão conflitos com as pessoas com quem convivem. São considerados excelentes funcionários, pois fazem tudo o que mandam, sem grandes questionamentos. Não tem autonomia e podem ter tendência ao vitimismo. Sabe aquela pessoa que reclama que tudo poderia ser melhor, masque, não faz nada para melhorar?! Pois bem, essas são pessoas com comportamento passivo. 25 • Agressivo: é caracterizado por estar mais preocupado com seus desejos e vontades do que com o dos outros. Faz uso de expressões autoritárias e acaba por intimidar os demais. Em um feedback, por exemplo, costuma fazer críticas a pessoa e não a alguma situação ou comportamento, também costuma interromper os outros com frequência. • Assertivo: reflete o tipo de pessoa que sabe fazer bom uso das palavras, e que acaba levando o outro à reflexão. Defende seus direitos, mas também aceita que as outras pessoas também tenham os seus. Está aberto ao diálogo, procura entender a situação, vai direto ao ponto, porém, sem ser rude ou agressivo. • Passivo/ agressivo: alguns autores, como é o caso de Gillen (2001), trazem o comportamento, que representa o comportamento misto, que variam entre a agressividade e a passividade. É importante que fazer uma autoavaliação para verificar qual é seu tipo de comportamento predominante e pensar em ações de melhoria. 1.4 Comunicação Não Violenta (CNV) A Comunicação Não Violenta, também conhecida como CNV, teve início na década de 1960, e foi trazida pelo psicólogo Marshall Rosenberg. Trata-se de uma ferramenta de comunicação na qual se faz uso de algumas técnicas que possibilitam uma comunicação mais empática, de modo que os sentimentos e as necessidades sejam atendidos, de acordo com Rosenber (2006). Para usar a CNV, as pessoas com quem estamos nos comunicando não precisam conhecê-la, basta que somente uma das pessoas que participam da conversa tenha conhecimento e faça uso dos princípios da CNV. 26 1.4.1 Componentes da Comunicação Não Violenta (CNV) Para Rosenberg (2006), o processo da CNV é composto por quatro componentes, ou passos, a saber: Figura 1 – Componentes da CNV Fonte: adaptado de Rosenberg (2006). • Observação: a ideia é observar as ações ou falas sem fazer avaliações e julgamentos. Quando se faz algum juízo de valores frente ao comportamento do outro, isso pode ser percebido como uma crítica e talvez se encaminhe para um conflito. O melhor é expressar somente comprovação dos fatos. Não se deve fazer generalizações, ao contrário, as observações devem ser o mais específicas possíveis e baseadas em fatos. Por exemplo, ao invés de dizer Ana está sempre atrasada, dizer Na última semana, Ana chegou quatro dias atrasada no trabalho. Uma dica é não usar palavras como: sempre, nunca. • Sentimento: representa expressar como nos sentimos. É preciso estar atento, pois, em muitos momentos, não se fala sobre sentimentos, mas sobre pensamentos que se tem sobre você ou de julgamentos que acredita que os outros tenham sobre você. Para esses casos, o autor sugere a troca do verbo sentir por palavras como acredito, acho e penso. Imagine, em uma situação hipotética, alguém dizendo: eu acho que não fiz um bom trabalho. Isso não representa um sentimento. É necessário investigar mais um pouco, o ideal seria fazer a seguinte pergunta a essa pessoa: por que você acha que não fez um 27 bom trabalho? Imagine que a resposta tenha sido: porque o meu chefe disse que ficou faltando um gráfico no relatório; e a pergunta que ajudará verdadeiramente identificar o sentimento desta pessoa seria: ok, e como você se sente (ou se sentiu) quando seu chefe deu esse feedback?. Provavelmente, a próxima resposta será um sentimento. Por exemplo, poderia dizer que se sentiu triste, aborrecida. • Necessidade: depois de conseguir reconhecer os sentimentos, é possível identificar as necessidades não atendidas. Por exemplo, se você está se sentindo triste, precisa se perguntar qual foi a necessidade que não foi atendida e que deixou triste. • Pedido: essa é a última etapa para a Comunicação Não Violenta. Trata-se de fazer o pedido claro sobre as necessidades que não foram atendidas. Por exemplo: eu gostaria que você fizesse o trabalho de acordo com o que combinamos, e caso haja algum imprevisto, que você me sinalize. Essa etapa, muitas vezes, é difícil, pois se as etapas anteriores não foram realizadas de forma assertiva, pode ser que você não saiba o que quer, além do receio de receber um não como resposta. Entretanto, é preciso sempre ter em mente que para que seja construída uma relação de confiança, é preciso comunicar quais são as necessidades que precisam ser atendidas. 1.4.2 Dificuldades na implementação da CNV Há algumas formas de comunicação que podem contribuir para um comportamento violento, conosco e com os outros. É o que Rosenberg (2006) classifica como comunicação alienante da vida e que conheceremos agora: 28 • Julgamentos moralizadores: quando os outros não agem de acordo com nossos valores, podemos pensar que estão completamente errados ou são maus, ou seja, acontece quando o outro está falando e você está ouvindo com um senso crítico mais apurado, fazendo julgamento da situação apresentada com base nos seus valores, no que acha que é certo ou errado. O autor alerta para a não confusão entre juízo de valores com julgamentos moralizadores, uma vez que todos, em algum momento, fazemos uso do juízo de valores, que retrata o que cada um acredita ser melhor para a vida. Faz-se julgamentos moralizadores de pessoas e de comportamentos que são discrepantes dos nossos juízos de valores. • Comparações: de certa forma, quando fazemos algum tipo de comparação, podemos fazer um julgamento. • Negação das responsabilidades: não adianta fugir das responsabilidades, isso não ajudará em nada na comunicação. Cada um precisa estar ciente de que é responsável pelos pensamentos, sentimentos e pelos atos. A comunicação apresenta inúmeras possibilidades de aprendizado. É fundamental enxergar a comunicação assertiva e a Comunicação Não Violenta como desenvolvimento para a vida. É importante praticar os conceitos aprendidos na aula, a fim de melhorar os relacionamentos de cada um. Referências BAHIENSE. Raquel. Falar bem para entender melhor. São Paulo: Senac São Paulo, 2018. GILLEN, Terry. Assertividade. São Paulo: Nobel, 2001. 29 GODOI, Lucélia Silveira dos Santos. Neurocomunicação e comunicação não verbal aplicada à gestão de pessoas. Curitiba: Contentus, 2020. KUNSCH, Margarida Maria Krohling. A comunicação como fator de humanização das organizações. 1. ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2019. MATOS, Gustavo Gomes de. Comunicação aberta: desenvolvendo a cultura do diálogo. Barueri: Manole, 2015. ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. WALKER, Robyn. Gerenciamento estratégico de comunicação para líderes. São Paulo: Cengage Learning, 2015. 30 Inteligência Emocional Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Kênia Cristina Gonçalves dos Santos Objetivos • Apresentar o conceito de Inteligência Emocional (IE). • Compreender os pilares da IE. • Conhecer a importância da liderança inspiracional no processo de comunicação. • Assimilar o que é significa conflitos, as principais características e fatores desencadeadores. • Entender o que é o feedback. 31 1. Inteligência Emocional Segundo o relatório Future of Jobs Survey, divulgado pela World Economic Forum (2020) a inteligência emocional faz parte do ranking das quinze soft skills (competências comportamentais) que serão demandas até o ano de 2025. Goleman (2012) ensina que a inteligência emocional é a forma como gerenciamos a nós mesmos, e como lidamos com nossos relacionamentos. Nesta leitura digital, você aprenderá sobre os pilares da Inteligência Emocional (IE), liderança consciente, mediação de conflitos e feedback. 1.1 Pilares da Inteligência Emocional Goleman (2018) apresenta quatro pilares da IE: Figura 1 – Pilares da IE Fonte: adaptado de Goleman (2018). A autoconsciência e a autogestão fazem parte da competência pessoal, que são fatores intrínsecos do indivíduo, ou seja, é o como nos conduzimos. É a capacidadede olhar para si e administrar as próprias emoções. Já a consciência social e a gestão de relacionamentos têm relação com como administramos nossas relações, ou seja, é a compreensão de como nos relacionamos com as demais pessoas. 32 Agora, veremos um pouco mais de cada pilar: • Autoconsciência: todos os pilares são importantes, masesse é o mais importante, pois trata também de autoconhecimento. Se não nos conhecemos, como podemos conhecer o outro? Além disso, influencia nas demais competências ou pilares. Autoconsciência é ter a consciência de que as emoções impactarão. Algumas emoções podem nos ajudam, outras não. É preciso perceber o que está sentindo e como isso impacta em nosso comportamento. Imagina se está em um momento de raiva e precisa dar um feedback corretivo a um colaborador. Talvez não seja o melhor momento para esse feedback. • Autogestão: administrar suas próprias emoções. É a capacidade de manter as emoções sob controle e não agir por impulso. Procuram ver o lado bom dos acontecimentos, se adaptar facilmente a novas situações ou obstáculos, buscando sempre superá-los. Facilidade para aprender. Gera mais confiança perante os pares. • Consciência social: capacidade de saber o que as outras pessoas estão sentindo, é compreender e se interessar efetivamente pelas pessoas, bem como reconhecer e buscar atender as necessidades dos pares e clientes. Também está relacionada a interpretação do ambiente organizacional, qual a missão, visão e valores, qual a política organizacional. • Gestão de relacionamentos: de modo simplificado, é a habilidade de lidar com as emoções dos outros. Aqui, concentra-se de forma mais aparente características da liderança, como a persuasão, gerenciamento de conflitos, trabalho em equipe, ou seja, é imprescíndivel que o líder tenha claro sobre suas emoções e como lidar com elas, assim como ter empatia com seus liderados. Ter um bom relacionamento, ser autêntico. 33 Cada um desses pilares se desmembra em algumas competências/ aptidões, que são muito importantes no trabalho do líder, conforme Figura 2: Figura 2 – Competências/ aptidões da IE Fonte: adaptado de Goleman (2018). Agora, veremos detalhadamente cada uma das doze aptidões: 1. Autoconsciência: capacidade de saber com clareza sobre quais são seus valores, suas forças e também conseguir discernir quais são suas fraquezas e busca por desenvolvê-las. Quando temos percepção de nossas fraquezas, é possível ser um pouco mais tolerante com os demais, afinal, todos temos pontos a serem melhorados. Goleman (2018) traz em muitos momentos a questão do mindfulness como forma de minimizar o stress. 2. Autoregulação/ autocontrole: capacidade de controlar suas emoções. É quando mesmo sob forte estresse, conseguimos permanecer calmos, sem sair aos gritos com os pares. 3. Adaptabilidade: capacidade de se adaptar a novas situações. Significa saber lidar com surpresas e mudanças conforme ocorrem, estar, dentro do possível, confortável com as incertezas. 34 4. Conquista: significa ter objetivos e trabalhar neles, de forma sistemática até alcança-los. Pessoas que são fortes nessa habilidade, gostam de feedback, pois querem saber como estão se saindo e desejam sempre melhorar. Ainda, essas pessoas usam o feedback como forma de medida de progresso ou como forma de saber quando mudar a estratégia. Então, procuram novas formas de melhorar, estabelecem novos desafios e correm riscos inteligentes. 5. Positividade: habilidade de procurar enxergar o melhor em si, nas pessoas, nas situações, em eventos, quando se consegue recuperar facilmente de algum imprevisto, porque o entende como uma boa oportunidade. Por exemplo, pessoas que têm facilidade em esperar o melhor dos outros, esperar que tudo será melhor no futuro. Dewek (2017) traz isso como mindset de crescimento e mindset fixo. O mindset de crescimento é representado por aquelas pessoas que têm mais disposição para aceitar desafios e dificuldades, aceitar os erros, aprender como evitá-los no futuro. São as pessoas que buscam a melhoria contínua, estão sempre em movimento. Ao contrário das pessoas com o mindset fixo, que são aquelas que possuem o pensamento mais rígido, são mais conformistas em relação aos erros e dificuldades, têm tendência a se manter sempre da mesma forma em relação aos desafios, tem quase que aversão a mudanças. Pessoas com habilidade de positividade são aquelas que possuem um mindset de crescimento e, dessa forma, estão mais propensa a realizações. 6. Empatia: é uma função natural do ser humano. Há pesquisas que comprovam isso por meio dos neurônios-espelho. Ressalta-se que as pessoas que desenvolvem melhor a empatia são aquelas que têm um alto nível de autoconsciência e de autogestão. De qualquer modo, há três tipos de empatia: 35 a. Empatia cognitiva: significa que eu entendo o que você quer dizer, como você pensa, entendo a sua perspectiva, entendo quais são os modelos mentais que você usa. Sendo assim, eu posso me comunicar com você de maneira eficiente. Posso me expressar de maneira que você entenderá. b. Empatia emocional ou afetiva: essa é a mais conhecida. Significa que entendo como você se sente, pois eu também consigo sentir o que você está sentindo. Você tem essa sensação imediata no seu corpo do que está acontecendo com a outra pessoa. Isso cria uma proximidade e é muito importante em qualquer relacionamento. A comunicação é mais harmoniosa e efetiva em qualquer coisa que fizer. É possível que me conecte com a outra pessoa, com a dor da outra pessoa. c. Consideração empática: significa que eu me importo com você, mas a questão principal aqui é o que eu posso fazer por você? Para um gestor, o ideal é trabalhar com esse tipo de empatia, pois, incentiva que se busque uma saída para o problema, por exemplo. 7. Consciência organizacional: experiência para entender como as coisas funcionam na instituição, na empresa etc. Quem toma as principais decisões? Como são definidas as normas? Quais são as normas? Quais são os valores da organização? 8. Influência: se você sabe como as decisões são tomadas (consciência organizacional), você pode usar a influência para persuadir as pessoas certas, que garantirão e convencerão as pessoas que tomam as decisões. Influência significa que sei como mostrar meus argumentos de forma assertiva. 9. Coach e mentor: habilidade em ajudar as pessoas a desenvolver os seus pontos fortes. Como coach, você pode ajudar a pessoa a chegar aonde almeja. A questão seria: para onde você quer ir e como posso ajudá-lo a chegar até lá. 36 10. Gestão de conflitos: capacidade de reconhecer todos os sentimentos e emoções envolvidos, a fim de buscar encontrar a melhor saída para todos. 11. Trabalho em equipe: habilidade para trabalhar com os pares, buscando os melhores resultados. 12. Liderança inspiradora: capacidade de inspirar e mobilizar as pessoas, a equipe, por meio das emoções positivas, de modo que os melhores resultados sejam alcançados. Quando se tem um líder inspirador, a equipe se sente mais confiante, sendo mais criativa, assume riscos calculados e é mais engajada, unida. 1.2 Mediação de conflitos O conflito pode ser definido “como um processo ou estado em que duas ou mais pessoas divergem em razão de metas, interesses ou objetivos individuais percebidos como mutuamente incompatíveis”, segundo Santos (2020, p. 34). Os conflitos aparecem quando há divergências de opinião, bem como perspectivas diferentes entre instituições sociais (que são as pessoas, grupos ou mesmo as organizações), segundo Garbelini (2016) e mesmo por algum ruído na comunicação. Santos (2020) apresenta as possíveis causas de um conflito: • Experiência de frustração: quando não é possível alcançar uma meta ou satisfazer algum desejo devido a uma intervenção ou limitação técnica, pessoal ou comportamental. • Diferenças de personalidade: quando a outra parte envolvida tem algum comportamento ou características indesejáveis.• Diferentes metas: quando minhas metas/ objetivos, ou do meu departamento, são diferentes das de outras pessoas ou departamentos. 37 • Diferença de informações ou percepções: quando a outra parte possui um entendimento divergente do meu. Aqui, pode se considerar os valores pessoais, como exemplo. Segundo Santos (2020), há também que os conflitos acontecem devido a convivência social e podem ser divididos em: • Conflitos de valores: quando há alguma divergência de opinião, relacionadas à religião, ideologia, mora.; • Conflitos de informações: quando há distorção em alguma informação, ou a informação está incompleta ou quando há uma conotação pejorativa. • Conflitos estruturais: acontece quando há divergências relacionadas às questões sociais, econômicas ou políticas. • Conflitos de interesse: quando há alguma reivindicação de bens ou diretos, interesses contraditórios dentro da organização. Garbelini (2016) apresenta mais algumas classificações de conflitos, podendo ser: • Conflito de tarefa: quando há divergência no entendimento do grupo em relação à execução de alguma tarefa. • Conflito de relacionamento: quando há incompatibilidades interpessoais, discordância de ideias, briga pelo poder. • Conflito de processo: esse pode ocorrer por diversos fatores, entre eles: regras mal definidas e com diferentes entendimentos relacionados à cultura da empresa, quando há escassez de algum recurso, mudança organizacional. Garbelini (2016) aponta que há também os tipos de conflitos, que podem ser: latente, percebido, sentido, manifesto. Por níveis de conflito, 38 podem ser: organizacional, intergrupal, interpessoal, intragrupal. Além disso, ensina que o conflito pode ser positivo e relevante, isso quando incentivam novos pensamentos, podem trazer novas ideias, levar a inovação, mostra indicadores do que precisa ser melhorado, ajuda no crescimento da organização, favorece o atingimento das metas e objetivos da organização. Entretanto, são extremamente negativos quando: trazem uma grande tensão e desacordo entre os envolvidos, ocasiona desmotivação e incertezas, podendo até mesmo impactar na produtividade, causam desperdício de tempo e de outros recursos. Quando um conflito não é gerenciado, pode acarretar muitos prejuízos para o líder, para todos os envolvidos e para a organização de um modo geral. Para a boa gestão de conflitos, é importante que o líder esteja atento ao que originou esse conflito, qual sua causa, atitudes que o geraram ou que ajudaram a piorá-lo. Entretanto, nem sempre é possível a resolução do conflito de forma tranquila. Dessa forma, Garbelini (2016) mostra que há algumas possibilidades para a resolução dos conflitos: • Negociação: é quando os próprios envolvidos no conflito tentam a resolução do problema. Sendo assim, a negociação pode ser considerada a melhor forma para a resolução de conflitos, pois os próprios envolvidos solucionam o problema em si. • Conciliação: normalmente, há a presença de um mediador que tem como objetivo ajudar a desfazer os pontos de maior embate. Aqui, o mediador poderá fazer sugestões, oferecer conselhos, interferir se for necessário. • Mediação: nesse caso, os envolvidos irão expor o que aconteceu, qual é o conflito em si para uma terceira pessoa, que também é classificada como mediador e que ajudará os envolvidos a chegar a um desfecho do conflito. Deve ser uma pessoa imparcial e conhecedora acerca do tema do conflito. Ressalta-se que, não 39 será o mediador que resolverá o conflito, ajudará que as partes envolvidas cheguem a essa definição. 1.3 Feedback O feedback faz parte do processo de comunicação e é extremamente importante para o desenvolvimento individual e nas relações interpessoais. Consiste na retroalimentação do processo de comunicação, ou seja, será que a mensagem transmitida foi efetivamente compreendida? (CZAJKOWSKI; MULLER; OLIVEIRA, 2020). Na Figura 3 é possível relembrar o processo de comunicação: Figura 3 – Processo de comunicação Fonte: Chiavenato (2014, p. 208). O feedback pode ser visto de duas formas: uma como vimos no parágrafo anterior, como resposta do receptor para o emissor da mensagem, e também como uma ferramenta de comunicação e avaliação, que é utilizada nas organizações com o intuito de melhoria no desempenho dos colaboradores (CZAJKOWSKI; MULLER; OLIVEIRA, 2020). 40 1.3.1 Feedback como ferramenta para o desenvolvimento O feedback é uma ferramenta primordial no processo de desenvolvimento, podendo entendê-lo como sendo um retorno ao colaborador sobre alguma situação, e que pode ser recebido de seus gestores, pares, subordinados, clientes, sem ter em conta o cargo que ocupa. Pode ajudar no direcionamento ao colaborador. Imagine que seu colaborador esteja fazendo o trabalho de forma inadequada. Nesse momento, é relevante que você tenha uma conversa com ele para o direcionamento do trabalho a ser realizado. Atenha-se para o fato de que o feedback não deve ser um julgamento ou sobre sua opinião pessoal, mas deve apresentar fatos concretos, que devem nortear o processo. O feedback mais assertivo é aquele que dá um retorno, uma devolutiva a respeito de alguma situação ou resultado e a partir disso, se analisa os acertos e os erros acontecidos. É, portanto, importante ser imparcial, praticar a comunicação não violenta e trazer exemplos que ilustre o ocorrido, além de ser específico, independente se for um feedback positivo ou negativo. Por exemplo, ao invés de dizer apenas excelente trabalho, é importante que você seja mais específico e diga, por exemplo: quando você me trouxe as informações atualizadas no último relatório, fiquei bastante aliviada, isso me ajudou muito. O feedback deve ser contínuo para que tenha melhores resultados. Não adianta você esperar, por exemplo, seis meses e ir acumulando tudo o que você precisa alinhar ou parabenizar o colaborador. O mais adequado é que as situações pontuais sejam conversadas e alinhadas o quanto antes. É adequado que se faça também um acompanhamento do feedback. De repente, já é possível traçar, em conjunto com o colaborador, seu plano de desenvolvimento individual, que costuma ser chamado nas 41 organizações de PDI, no qual desenvolve-se o plano de ação para melhorar ou alcançar determinada situação no futuro, e os feedbacks podem ajudar e muito nessa construção. É importante deixar agendada uma nova data para que seja verificado se houve alguma melhoria ou se é preciso traçar novas rotas para o desenvolvimento do colaborador. Entretanto, é preciso relembrar que tanto as críticas quanto os elogios, acabam por influenciar nos relacionamentos organizacionais. Deve-se elogiar sempre que possível (e cabível), e criticar de maneira construtiva quando houver necessidade (CZAJKOWSKI; MULLER; OLIVEIRA, 2020), lembrando que, quando for alguma crítica, deve ser sempre realizada diretamente ao colaborador e individualmente, jamais na presença de outros colaboradores ou da equipe de forma geral. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. CZAJKOWSKI, Adriana; MULLER, Rodrigo; OLIVEIRA, Vanderleia Stece de. Construindo relacionamentos no contexto organizacional. Curitiba: InterSaberes, 2020. DWECK, Carol. Mindset: a nova psicologia do sucesso. 1. ed. São Paulo: Objetiva, 2017. GARBELINI, Viviane Maria Penteado. Negociação e conflitos. Curitiba: InterSaberes, 2016. GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. GOLEMAN, Daniel. O poder da inteligência emocional: como liderar com sensibilidade e eficiência. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2018. SANTOS, Mayta Lobos dos. Resolução de conflitos: dialogando com a cultura de paz e o modelo multiportas. Curitiba: InterSaberes, 2020. WORLD ECONOMIC FORUM. Future of Jobs Survey. 2020. Disponível em: http:// www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2020.pdf.Acesso em: 15 abril 2021. http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2020.pdf http://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_2020.pdf 42 Motivação nas Organizações Autoria: Kamila Cristina Gaino Leitura crítica: Kênia Cristina Gonçalves dos Santos Objetivos • Assimilar o conceito de motivação e as principais teorias. • Entender a hierarquia das necessidades de Maslow. • Identificar a teoria das necessidades de McClelland. • Conhecer a teoria X e Y. • Aprender sobre a teoria dos dois fatores, de Herzberg. • Compreender a teoria motivacional de Vroom. • Saber sobre a teoria da equidade. • Destacar a importância da comunicação para a motivação dos colaboradores e o papel da liderança. 43 1. Motivação: introdução Um dos grandes desafios das organizações e dos líderes, atualmente, é manter seus colaboradores motivados. Langhi (2017, p. 128) comenta que “a motivação não é visualizável em si, mas apenas observada por meio do comportamento das pessoas”. Nesta leitura digital, você poderá aprender sobre: motivação; teorias da motivação: hierarquia das necessidades de Maslow; teoria dos dois fatores, de Herzberg; teoria motivacional, de Vroom; e, para finalizar, qual a importância da comunicação para a motivação dos colaboradores. 1.1 Conceito Langhi (2017, p. 128) ensina que a palavra motivação vem do latim movere e significa mover. Já Maximiano (2018) aponta que a palavra tem origem na palavra latina motivus e representa o que movimenta, faz andar. Em síntese, motivação aponta para as causas e motivos que ocasionam determinado comportamento. Sendo assim, pode-se dizer que é a motivação que faz com que as pessoas se movimentem em direção aos seus objetivos e mantenham-se perseverantes até alcançá-los, segundo Wagner (2014). Motivação é um motivo para agir. O estudo da motivação é um dos temas centrais quando se analisa o enfoque comportamental dentro da Administração, pois é de suma importância que se conheça o que faz com que as pessoas tenham ou busquem comportamentos de alto desempenho, ajam com indiferença ou falta de produtividade, ou estejam contra ou a favor dos interesses da empresa ou do grupo de trabalho, segundo Maximiano 2018). 44 Ressalta-se ainda que, embora haja diversas teorias que estudem o comportamento humano, em específico sobre a motivação, não existe um padrão que vá funcionar com todas as pessoas. Isso porque os motivos de cada pessoa podem ser diferentes ou nem existir. Por exemplo, há pessoas que são motivadas para trabalhar, mas não são para estudar. Não existe um estado geral de motivação que faça com que as pessoas estejam sempre dispostas a fazer tudo, de acordo com Maximiano (2018). Walger (2014) comenta que foi a partir da década de 1950 que a conceituação de motivação do trabalhador começou a surgir. Nesse período, três teorias foram criadas: a teoria da hierarquia das necessidades; teoria X e Y; e a teoria dos dois fatores. Essas teorias motivacionais surgem com uma maneira de tentar distinguir as fontes de prazer que o trabalhador encontra ou pode encontrar no seu local de trabalho. Conclui-se que essas fontes podem ser encontradas no próprio trabalhador, no ambiente de trabalho e também na interação entre os dois. Você conhecerá cada uma dessas teorias nas próximas páginas. 2. Teoria da hierarquia das necessidades O psicólogo Abraham Maslow (1908-1970) ficou conhecido por seus estudos relacionados às necessidades humanas. Ele acreditava que todos temos necessidades que precisam ser atendidas. O autor dividiu em cinco grupos, que, comumente, são apresentados em forma de pirâmide, como mostrado na Figura 1. 45 Figura 1 – Pirâmide de Maslow Fonte: adaptado de Maximiano (2018). Agora, veremos um pouco mais sobre cada uma dessas necessidades humanas apresentadas por Maslow: • Necessidades fisiológicas ou básicas: são as necessidades básicas de todo ser humano, são aquelas que garantirão a sobrevivência do ser humano, como, por exemplo: ar, água, alimentos, roupa, abrigo, repouso, exercício. Trazendo para um contexto profissional, Ferreira (2017) apresenta alguns exemplos: os horários de trabalho, os intervalos para descanso, disponibilização de água para consumo, condições adequadas de ventilação, entre outros. • Necessidades de segurança: tudo que se relaciona a proteção contra qualquer tipo de perigo ou ameaça, como, por exemplo, a perda do emprego ou qualquer risco à integridade física e mesmo à sobrevivência. Surge logo após as necessidades fisiológicas estarem satisfeitas. • No ambiente de trabalho, podem ser representadas por condições seguras de trabalho, pelo salário e os benefícios, permanência no emprego (estabilidade, segurança). 46 • Necessidades sociais: se relacionam a ter amizades, pertencer ao grupo e a sociedade. Ferreira (2017) acrescenta, ainda, que exprimem a necessidade de participação e aceitação por parte dos colegas, de amizades. Essas necessidades surgem apenas quando as mais baixas (fisiológicas e de segurança) encontram- se ao menos parcialmente atendidas. Observa-se que quando não estão suficientemente satisfeitas, a pessoa pode se mostrar resistente e hostil com as pessoas de seu convívio. Ensina ainda que, no ambiente de trabalho, se refere a ter um bom ambiente de trabalho, que possibilite a amizade com os colegas, um chefe amigável, boas interações com os clientes e oportunidades de ter momentos de feedback. • Necessidades de estima: estão relacionadas ao jeito com que a pessoa se enxerga e se avalia. Abrange a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de reconhecimento, de status e consideração. Quando essas necessidades não são atendidas, pode haver a frustração, causando sentimentos de inferioridade, fraqueza e desamparo. Ferreira (2017) ensina que, no ambiente de trabalho, são exemplos: a possibilidade de promoção provimento de reconhecimentos, como premiação, bonificação ou simplesmente um elogio. • Necessidades de autorrealização: essas são as necessidades mais elevadas da hierarquia e ficam no topo da pirâmide. Estão relacionadas ao autodesenvolvimento e a realização pessoal. Ferreira (2017) mostra que, no ambiente de trabalho, significa ter um trabalho que seja desafiador, com diversidade de tarefas, que haja autonomia e possibilidade de crescimento. Maximiano (2018) aponta que Maslow, em sua teoria, acreditava que existe uma sequência lógica para a satisfação das necessidades. 47 Primeiro, as pessoas buscam atender suas necessidades básicas, para que, depois, possam pensar sobre as necessidades de segurança. Posteriormente, pensarão sobre como satisfazer as necessidades sociais e assim por diante. Segundo essa teoria, se uma pessoa não atendeu suas necessidades de segurança, por exemplo, não atenderá suas necessidades de autorrealização, pois ainda faltaria satisfazer as necessidades sociais e de estima, antes de pensar nas necessidades de autorrealização. Quando uma necessidade é satisfeita, extingue a motivação. Dessa forma, é preciso identificar em qual nível de satisfação a pessoa está para, somente assim, conseguir oferecer estímulos para motivar alguém. Em sua teoria, Maslow classificou as necessidades em patamares mais altos e mais baixos. Os mais baixos se referem às necessidades fisiológicas e de segurança; já as demais, estão no nível de necessidades mais alto. Ressaltando, ainda, que as necessidades de nível mais alto são satisfeitas internamente (dentro do indivíduo), em contrapartida, as de nível mais baixo são atendidas quase sempre externamente (por meio de remuneração, benefícios, permanência no trabalho), segundo Walger (2014). 3. Teoria das necessidades, de McClelland Criada por David McClelland e um pouco parecida com a teoria da hierarquia das necessidades, de Maslow. Para McClelland, as necessidades são adquiridas socialmente e divididas em três necessidades básicas: realização, poder e afiliação. Segundo McClelland, a intensidade de influênciadessas necessidades no comportamento varia de acordo com a situação e é a vivência de cada pessoa que determinará qual a tendência dominante na busca da 48 realização de cada uma das necessidades. Na Figura 2, é possível ver algumas das características de cada uma das necessidades. Figura 2 – Características das necessidades, de McClelland Fonte: adaptado de Ferreira (2017, p. 23). 4. Teoria X e Y Foi em 1960, que Douglas McGregor trouxe duas visões distintas divergentes do ser humano: uma negativa, que é a teoria X, e outra positiva, que é a teoria Y. Para o estudioso, os funcionários são classificados no grupo X ou no grupo Y, segundo Walger (2014). No quadro abaixo, conheceremos as premissas de cada uma delas: 49 Quadro 1 – Premissas das teorias X e Y Teoria X Teoria Y Os funcionários não gostam de trabalhar, além de serem indolentes e preguiçosos. O trabalho pode ser uma fonte de prazer. Evitam o trabalho ou trabalham o mínimo necessário. Se incentivado e motivado, o funcionário poderá desenvolver todo seu potencial criativo, alcançando, assim, seu máximo desempenho. Precisam ser cobrados, coagidos e até mesmo ameaçados de serem punidos a todo momento, a fim de que alcancem as metas propostas. Os funcionários aceitam e até procuram mais responsabilidades e desafios. Evitam a todo custo as responsabilidades. Sentem-se mais seguros quando são controlados. São funcionários criativos e competentes. Não tem ambição e sempre procuram para não serem colocados em risco. Evitam mudanças. A capacidade de tomar boas decisões. Fonte: adaptado de Walger (2014, p. 60). De fato, a visão da teoria Y é a que deveria ser predominante nas organizações, pois, além de propiciar maior motivação, participação e engajamento dos trabalhadores para com os objetivos organizacionais, ainda ocasiona a descentralização na tomada de decisões, delegação e uma gestão consultiva, onde os trabalhadores são consultados antes da tomada de decisão, segundo Walger (2014). 5. Teoria dos dois fatores, de Herzberg Essa teoria, conhecida também como teoria da higiene-motivação, foi criada pelo psicólogo Frederick Irving Herzberg, em meados de 1950. Teve como base uma pesquisa realizada com cerca de duzentos indivíduos, onde questionou sobre situações em que se sentiam muito bem no trabalho e sobre os momentos em que não se sentiram bem. Com esse estudo, pretendia identificar os fatores que geravam 50 motivação e insatisfação dos funcionários no ambiente de trabalho, de acordo com Walger (2014). Observa-se, ainda, que mesmo com a eliminação das características de insatisfação, o trabalho não se tornaria necessariamente satisfatório. Então, o oposto da insatisfação, não seria a satisfação e assim, vice- versa. Dessa forma, segundo Walger (2014),Herzberg agrupou em satisfação-não satisfação e insatisfação-não insatisfação em dois grupos, classificados em: fatores higiênicos, que são extrínsecos e os motivacionais, que são intrínsecos. Figura 3 – Intensidade de fatores motivacionais e higiênicos Fonte: adaptado Walger (2014, p. 65). • Fatores higiênicos (ou fatores extrínsecos): são fatores do ambiente dos quais os indivíduos não têm controle, como, por exemplo: salários, benefícios, a chefia, condições físicas e ambientais do trabalho, políticas e diretrizes da organização, clima organizacional, regulamentos internos. Observe que, de acordo a outras teorias estudadas, esses fatores deveriam ser trabalhados para motivar os funcionários. Entretanto, Herzberg demonstrou que ainda que esses fatores estejam excelentes, apenas evitarão a insatisfação dos indivíduos, mas não irão sozinhos atrair ou reter os talentos da organização, essas são condições necessárias e básicas para um trabalho digno. 51 • Fatores motivacionais (ou fatores intrínsecos): esses são os que estão sob o controle de cada indivíduo. Representam os sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e a autorrealização. Quando são excelentes, levam a motivação. Quadro 2 – Fatores motivacionais e higiênicos Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos Diz respeito a como a pessoa se sente com relação ao cargo. Relaciona-se a como a pessoa se sente em relação à empresa. Trabalho em si. Condições de trabalho. Realização. Administração da empresa. Reconhecimento. Salários. Progresso profissional. Relação com a gestão (líderes). Responsabilidade. Benefícios. Fonte: adaptado de Walger (2014, p. 66). Herzberg aposta no enriquecimento de tarefas ou enriquecimento dos cargos para promover a motivação contínua no trabalho, que consiste em acompanhar o nível de dificuldade das tarefas exercidas pelos funcionários e o crescimento individual de cada um deles, oferecer um desafio e, por fim, motivá-los. De acordo a Walger (2014), tanto a teoria de Maslow quanto a de Herzberg trazem discordâncias, de qualquer modo, se fizermos um comparativo, perceberemos que os fatores higienicos estão relacionados às necessidades primárias (fisiológicas e segurança), enquanto que os fatores motivacionais se relacionam com as necessidades secundárias (sociais, estima e autorrealização). 6. Teoria motivacional, de Vroom Conhecida também como teoria da expectativa, criada pelo Victor Vroom, sugere que as pessoas se empenham para alcançar resultados 52 e recompensas que são importantes para si, ao passo que evitam os resultados indesejáveis. Em suma, a teoria da expectativa demonstra a cadeia de causas e efeitos do esforço inicial ao resultado, recompensa final, de acordo com Maximiano (2018). Robbins, Decenzo, Wolter (2014) explicam que as pessoas analisam as relações de: esforço-desempenho, desempenho por recompensa e recompensas metas-pessoais. Em suma, o colaborador estará motivado a realizar um alto nível de esforço quando acreditar que esse esforço resultará em uma boa avaliação, que, por sua vez, levará a uma recompensa organizacional, como, por exemplo, um aumento de salário, um bônus ou uma promoção, e que essas recompensas ajudarão a satisfazer seus objetivos pessoais. Essa teoria pode ajudar a entender a razão de alguns colaboradores não estarem motivados no trabalho e realizarem somente o mínimo para manter o emprego. Robbins, Decenzo, Wolter (2014) demonstram a teoria em três perguntas, que precisam ser respondidas positivamente pelos colaboradores: 1. Se eu der o meu máximo, meu chefe reconhecerá isso em minha avaliação de desempenho? 2. Se eu tiver uma boa avaliação de desempenho, isso me trará recompensas organizacionais? 3. Se eu tiver recompensas, eu as considero atrativas? 7. Teoria da equidade Essa teoria também é chamada de teoria do equilíbrio e aborda sobre a crença de que toda recompensa deve ser proporcional ao esforço realizado e deve ser igual para todos, ou seja, deve haver equilíbrio. É dizer que se duas pessoas realizam o mesmo esforço, logo, ambas devem ter exatamente a mesma recompensa. O argumento dessa 53 teoria é que as pessoas sempre fazem comparações de seus esforços e recompensas com os esforços e recompensas dos outros, sobretudo, quando há algum tipo de proximidade. Além disso, uma pessoa pode se comparar consigo mesma em algum emprego anterior ou posição na mesma empresa, pode se comparar com pessoas na mesma organização ou fora. Justifica-se, pois, quando há uma sensação de falta de equilíbrio ou equidade, por exemplo, quando se tem a percepção que alguém tenha tido menos esforço e uma recompensa melhor. Essa sensação pode resultar em frustração, prejuízos no desempenho, baixa autoestima e até mesmo desprezo pelos colegas, segundo Maximiano (2018). Diante de uma situação de inequidade, o trabalhador pode seguir por uma dessas seis alternativas: 1. Modificar suas contribuições: reduzir seu esforço no trabalho. 2. Modificar seus resultados (recompensas recebidas): manter a quantidade de produção, reduzindo a qualidade do trabalho. 3. Distorcer sua autoimagem: perceber que trabalha mais ou menosdo que os outros colegas. 4. Mudar a imagem dos outros: observando que o trabalho dos colegas não é tão relevante assim para uma comparação. 5. Procurar outro ponto de referência: para que se obtenha um certo equilíbrio, compara-se com outro colega que ganhe mais ou que ganhe menos, procurando maneiras de fazer com que a situação pareça melhor. 6. Deixar a situação: saindo da organização, buscando outro emprego. 8. Motivação nas organizações Mais do que nunca, as empresas estão trabalhando para garantir uma boa experiência de trabalho aos colaboradores. Cclaro que ainda 54 existem empresas que não ligam, mas já é possível ver inúmeras organizações oferecendo uma excelente lista de benefícios para os colaboradores. Ações assim favorecem o bom desempenho e a produtividade do colaborador, uma vez que o mesmo se sente valorizado e parte integrante e importante da organização. Segundo Walger (2014), há quatro fatores que influenciam a relação entre o trabalho e a produtividade: 1. O significado do trabalho para quem o está realizando. a. Quando percebe que as atividades exigem variedade de habilidades pessoais. b. Quando há identificação com as atividades a serem realizadas. c. Quando não consegue observar a importância da atividade, bem como não vê propósito no que realiza. d. Quando tem a liberdade para tomada de decisão, tanto no planejamento quanto na execução, ou seja, autonomia. e. Quando existe feedback sobre o desempenho individual. 2. O sistema de recompensas e de punições. 3. O estilo da gestão e a qualidade do ambiente de trabalho, de modo geral. 4. Convergência entre valores pessoais e da organizacionais. A motivação no trabalho envolve não apenas o indivíduo e suas motivações individuais, mas também o trabalho desenvolvido e a organização onde se trabalha, assim como seu clima organizacional, suas regras. Ressalta-se também que a motivação é um fator importante ao comportamento humano, mas não é o único. Deve-se somar a motivação outros elementos do comportamento humano, como as percepções, a personalidade, o aprendizado e as atitudes. Tudo isso compõe quem você é, sua identidade psicológica e isso tudo contribuirá com seu nível de comprometimento com a empresa, segundo Walger (2014). 55 Referências CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. FERREIRA, Patricia Ítala. Clima organizacional e qualidade de vida no trabalho. Rio de Janeiro: LTC, 2017. LANGHI. Celi. Gestão de pessoas e comportamento organizacional. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2017. MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. WALGER, Carolina. Motivação e satisfação no trabalho: em busca do bem-estar de indivíduos e organizações. Curitiba: InterSaberes, 2014. ROBBINS, Stephen; DECENZO, David A.; WOLTER, Robert. A nova Administração. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 56 BONS ESTUDOS! Sumário Introdução à Comunicação Objetivos 1. Comunicação Referências Comunicação Interpessoal Objetivos 1. Comunicação interpessoal Referências Inteligência Emocional Objetivos 1. Inteligência Emocional Referências Motivação nas Organizações Objetivos 1. Motivação: introdução 2. Teoria da hierarquia das necessidades 3. Teoria das necessidades, de McClelland 4. Teoria X e Y 5. Teoria dos dois fatores, de Herzberg 6. Teoria motivacional, de Vroom 7. Teoria da equidade 8. Motivação nas organizações Referências
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