Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIRÚRGICA III Cicatrização, REMIT, Queimaduras Cicatrização de Feridas (3 fases) Inflamação: exsudato na ferida · Início da hemostasia · ↑ Permeabilidade Vascular: causada por ↑ de histamina e serotonina · Chegam os neutrófilos: “limpeza” local por 24-48h · Depois: macrófagos → quimiotaxia, ativação e transformação de células · Libera o TFG-β, principal fator da cicatrização · Depois do 5º dia chega: linfócito T · Libera IFN-y, que estimula o fibroblasto, dando início à segunda fase Proliferação (regeneração): Tecido de granulação → o fibroblasto é a célula principal desta fase! · Fibroplasia: deposição de colágeno tipo III · Angiogênese · Epitelização Maturação (remodelação): bordas contraindo → o miofibroblasto é a célula principal! · A partir do 5º dia até a 4ª semana · Colágeno tipo III é substituído pelo tipo I Fatores que prejudicam a cicatrização - Infecção: mais comum · Se > 105 bactérias/g ou estreptococo β-hemolítico → “não vai fechar” → desbridamento da lesão! - Idade avançada - Hipóxia: doença vascular, tabagismo, Ht < 15% - Diabetes: prejudica todas as fases - Hipoalbuminemia: < 2g/dL Cicatrização Anormal QUELÓIDE CICATRIZ HIPERTRÓFICA Causa: EXCESSO DE COLÁGENO (↑produção local de fibronectina, elastina e proteoglicanos) LIMITES Ultrapassa os limites da cicatriz Não ultrapassa APARECIMENTO > 3 meses Precoce LOCAL + CLÍNICA Acima das clavículas e dorso Dor e prurido Áreas de tensão / superfícies flexoras Pode ter dor / prurido REGRESSÃO Rara Refratária ao tratamento Espontânea Passível de tratamento REMIT – Resposta Endocrinometabólica e Imunológica ao Trauma O corpo precisa de glicose, água e oxigênio. Para disponibilizar essas coisas, o organismo utiliza do metabolismo intermediário para “correr ou lutar”. Metabolismo Intermediário - Período pós-prandial: ↑glicemia e insulina → glicose para dentro da célula - Sobrou glicose? A insulina inicia o anabolismo (construção de estoque)! - Anabolismo (construção de estoque) de 2 formas: · ↑ Glicogênio → glicogenogênese (em fígado e músculo) · ↑ Gordura → lipogênese (quando fígado/músculos estão lotados) - No jejum ou no trauma: · ↓Glicemia e insulina preciso “correr ou lutar” - Hormônios contra-insulínicos iniciam o catabolismo (destruição de estoque)! - Catabolismo de 2 formas: · Quebra do glicogênio glicogenólise: mantém glicemia por 12-24h (no jejum; no trauma dura menos) · O paciente queimado aumenta seu catabolismo em > 200% (glicemia se mantém por 2-3h)! · Geração de nova glicose gliconeogênese: proteólise e lipólise · Radicais não-glicídicos viram glicose/energia! PROTEÓLISE LIBERA LIPÓLISE LIBERA Glutamina Glicerol Alanina Ácidos graxos Além disso, é liberado lactato! Destes 5 radicais, são transformados pelo fígado em glicose: glutamina, alanina, lactato e glicerol! Os ácidos graxos transformam-se em corpos cetônicos. · Ciclo de Felig: alanina vira glicose · Ciclo de Cori: lactato vira glicose Adaptações do jejum / trauma: · Reduz a proteólise · Prioriza a lipólise · Cérebro começa a consumir corpos cetônicos * Apesar da quebra de músculo ser mais eficaz, para que os músculos sejam poupados, a quebra de proteínas diminui e a quebra de gorduras é priorizada! * O cérebro consome corpos cetônicos para disponibilizar glicose aos músculos (“correr ou lutar”)! Na prática, para sustar o processo de jejum, e assim o paciente realizar a cirurgia com seus estoques intocados, fornecer: 400kcal = 100g de glicose = 2000 mL SG 5% Catabolismo – como é deflagrado e quais são os hormônios? · O principal deflagrador é a dor + lesão! · A informação chega ao hipotálamo, que libera CRF e estimula a hipófise a secretar ACTH, estimulando as adrenais a produzir cortisol, o “grande maestro” do catabolismo, permitindo gliconeogênese e ação de catecolaminas! - Catecolaminas · Broncodilatação- · ↑FC, vasoconstrição · Atonia intestinal (também por ação de opióides endógenos) * As catecolaminas diminuem a circulação esplâncnica e também diminuem sua atividade. É por isso que mesmo uma vítima de trauma torácico pode apresentar íleo adinâmico! - Aldosterona · Retém Na e H2O, liberando K e H+ · Participa da alcalose mista · A vítima de trauma hiperventila e perde CO2, fazendo alcalose respiratória, que junto à alcalose metabólica causa uma alcalose mista! - ADH - Oligúria GH – Lipólise Pâncreas - ↑ Glucagon / ↓ Insulina Resposta Imunológica · IL-1, IL-2 e TNF-alfa · ↑ Temperatura (paciente treme p/ gerar calor) · Anorexia (proteção do intestino atônico) Como modular a REMIT? - Anestesia epidural: ↓ Resposta endócrina - Cirurgia laparoscópica: ↓ Resposta imune QUEIMADURAS Choque do Queimado · ↑ Histamina e Serotonina · ↑ Permeabilidade vascular Perda de líquido p/ 3º espaço · Conduta: evitar coloides nas primeiras 24h! Predisposição a infecções · Causa de morte tardia · Focos: cutâneo e pulmonar antibiótico tópico reduz focos cutâneos, aumentando focos pulmonares Primeiro atendimento – Pré-hospitalar · ABCDE (trauma) “esquecer” a queimadura! · Afastar o paciente da fonte de calor – retirar roupas, joalheria · Resfriar a lesão – água até 15-30min após o trauma (T° ambiente ou > 12°C) · Prevenção de hipotermia – envolver em lençóis ou cobertores secos · Decidir se precisa de CETQ – “grande queimado” necessita de cuidado especializado! Decidir se precisa de CETQ 1 - Estimar a SCQ · Adultos: regra dos nove (Wallace) · 9 (cabeça e MMSS) / 18 (pernas) / 36 (tronco + abdome) · Crianças: Lund e Browder adaptado por Berkow 2 – Definir o “grande queimado” · Segundo grau > 10% SCQ (ABS: > 20% <10 ou > 40a / >25% 10 – 40a) · Terceiro grau qualquer % (ABS > 10%) · Face, mão/pé, grandes articulações · Olhos, períneo/genitália · Lesões por inalação · Química ou elétrica graves · Tem comorbidades ou outros traumas que podem ser piorados pela queimadura * O grande queimado é aquele com grande área queimada, ou que queimou um local especial, ou é um paciente especial! Na sala de emergência · A – Coluna e vias aéreas · Avaliar rouquidão/estridor e nível de consciência · B – Complicações respiratórias · São 4 complicações divididas em 2 cenários Cenário 1: incêndio em recintos fechados com queimadura em face e pescoço – proximidade com fonte de calor, com inalação de fumaça quente (não queima pulmões, apenas VAS) e suja · Lesão Térmica das VAS: queimadura de VAS · Clínica: hiperemia de orofaringe, rouquidão, estridor, insuficiência respiratória imediata · Diagnóstico: clínico, laringoscopia · Tratamento: IOT precoce → grande edema de VAS · PaO2 < 60, PaCO2 > 50 (agudo); PaO2/FiO2 < 200 · Lesão Pulmonar por Inalação: jogou sujeira no pulmão · Clínica: sibilos, escarro carbonáceo, insuficiência respiratória ± 24h · Diagnóstico: broncoscopia (usar tubo ≥ 8 no grande queimado, que permite passar broncoscópio) · Tratamento: NBZ c/ broncodilatadores; NBZ c/ heparina (deixa secreção fluída) Cenário 2: incêndio em recintos fechados com ou sem queimadura em face e pescoço – fumaça menos quente/suja · Intoxicação por Monóxido de Carbono (CO) · Clínica: cefaleia, náusea, vômito, ↓consciência · Diagnóstico: PaO2 e SatO2 não ajudam no diagnóstico! · Solicitar carboxihemoglobina! · Tratamento: ↑ FiO2, medicina hiperbárica · Intoxicação por Cianeto · Clínica: ↓ consciência, pele vermelho-cereja (cianeto impede utilização tecidual de O2) · Diagnóstico: lactato > 90 mg/dL ou 10mmol/L e cianeto > 0,5mg/L · Tratamento: hidroxicobalamina ± tiossulfato de sódio · C – Acesso e Reanimação volêmica · 2 acessos periféricos ou 1 central ou safena · Ringer Lactato aquecido · Primeiras 24h: fórmula de Parkland · 4ml x peso (kg) x SCQ · Metade nas primeiras 8h e a outra metade nas próximas 16h · É um valor inicial, deve ser corrigido caso diurese não adequada! · Avaliar pela diurese · ≥ 0,5ml/kg/h · D – Disfunção neurológica · E - Exposição Queimadura de 1º Grau · · Profundidade: epiderme · Coloração: eritema · Sensibilidade: dor / ardência · Tratamento: limpeza, analgesia, hidratantes· Não entra no cálculo de SCQ! · Resultado estético bom Queimadura de 2º Grau · Profundidade: derme (sup: papilas dérmicas / prof: reticular) · A derme reticular é responsável pela reepitelização! · Coloração: sup – eritema e bolhas / prof: rósea e bolhas · Sensibilidade: sup: muito dolorosa / prof: dor moderada · 2º grau superficial: ao comprimir empalidece e depois volta · Tratamento: limpeza, curativo + ATB tópico · 2º grau profunda: ao comprimir não empalidece · Tratamento: limpeza, curativo + ATB tópico ± enxerto ATB tópicos - Mafenida · Acidose metabólica – dolorosa · Penetra na escara - Sulfadiazina de prata – mais usada · Leucopenia – indolor · Não penetra na escara Queimadura de 3º grau · Profundidade: gordura subcutânea · Coloração: marrom · Sensibilidade: dor · Tratamento: enxertia precoce · Retração da “pele dura” / escara: ↓expansibilidade, compressão vascular · Conduta: escarotomia! Queimadura de 4º grau – geralmente elétricas · Queima de “dentro para fora” · Queima músculo: lesão renal aguda por rabdomiólise · Conduta: forçar diurese > 2ml/kg/h (manitol) + alcalinização (bicarbonato de sódio) · Queima músculo: síndrome compartimental · Dor ao estiramento passivo do músculo · Conduta: fasciotomia Complicações das Queimaduras - Úlcera de Curling (HDA) - Lesão de Marjolin (neoplasia cutânea maligna)
Compartilhar