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VET ANESTESIA LOCORREGIONAL EM PEQUENOS ANIMAIS

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ANESTESIA 
LOCORREGIONAL 
EM PEQUENOS ANIMAIS 
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Grupo 
Editorial --------------
Nacional 
O GEN 1 Grupo Editorial Nacional reúne as editoras Guanabara Koogan, Santos, Roca, 
AC Farmacêutica, Forense, Método, LTC, E.P.U. e Forense Universitária, que publicam nas 
áreas científica, técnica e profissional. 
Essas empresas, respeitadas no mercado editorial, construíram catálogos inigualáveis, 
com obras que têm sido decisivas na formação acadêmica e no aperfeiçoamento de 
várias gerações de profissionais e de estudantes de Administração, Direito, Enferma-
gem, Engenharia, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Educação Física e muitas outras 
ciências, tendo se tornado sinônimo de seriedade e respeito. 
Nossa missão é prover o melhor conteúdo científico e distribuí-lo de maneira flexível e 
conveniente, a preços justos, gerando benefícios e servindo a autores, docentes, livrei-
ros, funcionários, colaboradores e acionistas. 
Nosso comportamento ético incondicional e nossa responsabilidade social e ambiental 
são reforçados pela natureza educacional de nossa atividade, sem comprometer o cres-
cimento contínuo e a rentabilidade do grupo. 
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LOCORREGIONAL 
EM PEQUENOS ANIMAIS 
CoordenadoreJ 
Paulo Roberto Klaumann7 MP; MSc. 
Graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), 
Curitiba - Brasil, em 1996. Mestre em Ciências Veterinárias pela 
UFPR, em 2008. Chefe do Serviço de Anestesia e Controle da Dor 
do Hospital Veterinário Clinivet, Curitiba - Brasil, desde 1997. 
Pahlo Ezequiel Otero7 Mv; PhD. 
Graduado pela Universidade de Buenos Aires - Argentina, 
, 
em 1988. Doutor en Ciências, Area Farmacología pela 
Universidade de Buenos Aires (UBA) - Argentina, em 2009. 
Professor a cargo da Cadeira de Anestesiologea e Algiologia 
da Faculdade de Ciências Veterinárias da UBA - Argentina. 
ROCA 
APOSTILASMEDICINA@HOTMAIL.COM 
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• O autor e a editora empenharam-se para citar adequadamente e dar o devido crédito 
a todos os detentores dos direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, 
dispondo-se a possíveis acertos caso, inadvertidamente, a identificação de algum 
deles tenha sido omitida. 
Não é responsabilidade da editora nem do autor a ocorrência de eventuais perdas 
ou danos a pessoas ou bens que tenham origem no uso desta publicação. 
• Apesar dos melhores esforços do autor, do editor e dos revisores, é inevitável 
que surjam erros no texto. Assim, são bem-vindas as comunicações de usuários 
sobre correções ou sugestões referentes ao conteúdo ou ao nível pedagógico que 
auxiliem o aprimoramento de edições futuras. Os comentários dos leitores podem 
ser encaminhados à Editora Roca. 
• Anestesia Locorregional em Pequenos Animais 
ISBN 978-85-4120-133-9 
Direitos exclusivos para a língua portuguesa 
Copyright© 2013 pela Editora Roca Ltda. 
Uma editora integrante do GEN 1 Grupo Editorial Nacional 
Rua Dona Brígida, 701 - CEP: 04111-081 - São Paulo - SP 
Tel.: 55(11) 5080-0770 
www.grupogen.com.br 
• Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, 
no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, 
tnecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou outros), sem permissão 
expressa da editora. 
Assessora Editorial: Maria del Pilar Payá Piqueres 
Assistente Editorial: Lilian Sorbo Menilo 
Coordenador de Revisão: Queni Winters 
Revisão de Texto: Carla de Cássia Camargo 
Coordenador de Diagramação: Mareio Barreto 
Capa: Rosangela Bego 
Diagramação: Denise Nogueira Moriama 
Imagens: Rafael Mendonça, Rosangela Bego 
• CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. 
A586 
Anestesia locorregional em pequenos animais / coordenadores Paulo Roberto 
Klaumann, Pablo Ezequiel Otero. - São Paulo: Roca, 2013. 
ISBN 978-85-4120-133-9 
1. Anestesia veterinária. 2. Anestesiologia. I. Klaumann, Paulo Roberto. II. Otero, 
Pablo Ezequiel. 
12-6958. CDD: 636.089796 
CDU: 619:616-089.5 
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' A minha amada esposa Cláudia e 
às minhas queridas filhas Beatriz 
e Valquíria. O amor nos fortalece 
e alimenta nossas almas. 
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Agradecimentos 
A Deus, criador das mais belas obras existentes. 
Aos meus pais Renato e Glacir. A moral e as virtudes que foram ensinadas 
durante minha formação acompanham todos os dias de minha vida. 
' A minha esposa Cláudia e às minhas filhas Valquíria e Beatriz. A família 
é o alicerce para tudo que construímos em nossas vidas. Tenho muito orgulho 
de vocês. 
Ao meu sempre amigo Alexei Bordin Muziol. Obrigado por todas as aven-
turas da infância e da juventude. E pelas de boje também. 
Ao Dr. Marcelus Natal Sanson, médico veterinário e empresário de sucesso , 
responsável direto pelo meu crescimento profissional. Obrigado pela oportuni-
dade e pela confiança em meu trabalho. 
' A equipe de médicos veterinários do Hospital Veterinário Clinivet. Em es-
pecial, aos Drs. Tbiago Sillas, Júlio Nagashima e Luiz Antônio Schenato Junior. 
Profissionais do mais alto nível, com quem divido o estresse da rotina diária. 
' A Dra. Kelly Melo e toda a equipe de funcionários do Hospital Veterinário 
Clinivet, em particular Waldir Palmeira, Luzia Maria da Cruz, Lissandro 
Figueiroa e Lourival Vanolli Junior, sempre dispostos a interromper suas 
atividades para ajudar a tornar possíveis meus projetos pessoais. 
Aos professores Fabiano Montiani-Ferreira, Felipe Wouk e Ricardo Vtlani, por 
todo conhecimento e apoio concedidos e pela amizade consolidada durante o 
período de mestrado. 
Ao professor Pablo Otero , incansável na busca pelo conhecimento, pelo 
apoio e pela amizade consolidada ao longo da confecção desta obra. Obrigado 
pela oportunidade de trabalhar a seu lado e por confiar em meu trabalho. 
Ao Dr. Zalmir Silvino Cubas, seu brilho ilumina a todos que o cercam. 
Responsável pelo start para que este projeto se tornasse realidade. 
Enfim, a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma para que este 
projeto se tornasse realidade. Desculpem se esqueci alguém. 
APOSTILASMEDICINA@HOTMAIL.COM 
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Apresentação 
Ao concluir a graduação, em 1996, pela Universidade Federal do Paraná, a 
medicina veterinária de animais de companhia era praticada de maneira bas-
tante generalista e os profissionais com maior qualificação concentravam-se 
nas universidades . A prestação de serviço médico veterinário à população 
resumia-se a alguns clínicos que exerciam a profissão apenas com a informa-
ção que lhes era transmitida durante a graduação, sem ter acesso a informação 
mais qualificada. As especialidades veterinárias ainda não eram realidade e 
os profissionais obrigavam-se a exercer diversas funções: recepcionista, en-
fermeiro e veterinário, seja ele clínico geral, cirurgião ou dermatologista. A 
anestesiologia não era reconhecida como possível especialidade e o cirurgião 
era responsável por executar o ato operatório propriamente dito e também o 
procedimento anestésico. 
A maioria dos pacientes veterinários que necessitavam de tratamento cirúr-
gico era considerada crítica e com grande possibi]jdade de óbito transopera-
tório, sendo o processo mórbido culpado pelas altas taxas de mortalidade. 
Jamais se admitia que a imperícia era possibilidade em potencial. 
Ao consultar oscolegas da época sobre o interesse em desenvolver um 
trabalho voltado à especialidade de anestesiologia, muitas vezes fui desacre-
ditado, pois, na opinião da grande maioria, esse serviço não era necessário e 
que não haveria interesse em se contratar esse tipo de profissional. 
Foi com o apoio do Hospital Veterinário Clinivet, representado pelo Dr. 
Marcelus Natal Sanson, grande amigo e pessoa com visão muito além de seu 
tempo, que surgiu uma proposta de trabalho com base na ideia de que a me-
dicina veterinária deveria evoluir para a especialização dos profissionais em 
diversas áreas, a exemplo do que já acontecia na medicina. 
Com muito trabalho, estudo e dedicação, montamos o primeiro serviço de 
anestesiologia de prática privada no estado do Paraná. A proposta era oferecer 
serviço diferenciado, que pudesse atender as necessidades do cirurgião, do 
proprietário e do paciente com mais qualidade, e melhorar o índice de sobre-
vivência de cirurgias que , até então, eram consideradas impossíveis de serem 
realizadas. O trabalho gerou bons resultados; aos poucos foi conquistando seu 
espaço e gradativa.mente foi sendo incorporado por outras clínicas e hospitais 
da região, como um diferencial de serviço. 
A incansável busca por conhecimento e equipamentos que agreguem maior 
qualidade de trabalho criou a oportunidade de conhecer o professor Pablo 
Otero, um dos maiores anestesiologistas da atualidade e um ser humano que 
não tenho palavras para descrever. 
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X - Apresentação 
Surgiu, então, a ideia de produzir esta obra científica, para atender a ne-
cessidade de profissionais que, cada vez mais, procuram se especializar e 
adquirir novas ferramentas de trabalho, sejam elas c ientíficas ou práticas, para 
atender as exigências do mercado. 
Contribuir para a consolidação da anestesiologia veterinária no estado do 
Paraná me proporcionou alto grau de satisfação. Sinto-me orgulhoso em poder 
contribuir com este livro, resultado de muito trabalho, que abrangeu a cola-
boração de várias pessoas, direta ou indiretamente envolvidas com a aneste-
siologia veterinária. 
Esta é mais uma etapa profissional alcançada, que nos abastece de energia 
para seguir em frente, desenvolvendo esta belíssima especialidade e ajudando 
os colegas que demonstrem o mesmo interesse em seguir os passos trilhados 
alguns anos atrás. 
PAULO ROBERTO KLAUMANN 
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Prefácio 
Este trabalho é uma obra de grande qualidade científica, com níveis de dis-
cussão e atualização compatíveis com a realidade da medicina veterinária. 
A anestesiologia se desenvolveu enormemente nos últimos anos. O assunto 
abordado, a anestesia locorregional, tem passado por crescimento explosivo 
principalmente com a chegada da neuroestimulação e da ultrassonografia, 
procedimentos "facilitadores" da técnica de neuro localização. Com destreza 
suficiente, o anestesiologista pode ampliar os horizontes da anestesia locorre-
gional ao ponto de permitir contar com seu apoio em quase toda situação 
clínica. 
Este tema é detalhado e mantém a discussão sob vários aspectos. Uma 
profunda e minuciosa revisão da anatomia, apoiada por excelentes ilustrações 
e imagens de preparados, permite obter o fundamento mais importante da disci-
plina, ou seja, o reconhecimento das referências anatômicas. Os capítulos, 
divididos por seção de interesse, analisam, em detalhes, cada técnica, descrevem 
os materiais necessários para sua execução e relatam vantagens e desvantagens 
de cada uma. 
O profissionalismo com que cada um dos autores abordou o desenvolvi-
mento do tema merece destaque. Esta obra se enriqueceu com a experiência 
somada por estarem familiarizados com os diversos procedimentos, que fazem 
parte de suas rotinas de trabalho. 
Sabemos que os conhecimentos científicos são indispensáveis para abordar 
esta disciplina, da mesma maneira que estamos convencidos de que é neces-
sário contar com treinamento suficiente que permita interpretar cada situação 
em particular. Isto se alcança com prática, experiência e, sem dúvida, com a 
aplicação dos métodos científicos mencionados. 
Nosso desejo é que esta obra se converta em um ponto de referência para 
todos aqueles que desejem abordar este capítulo particular da anestesiologia 
veterinária. Esperamos que nossos leitores encontrem neste trabalho inspiração 
para melhorar a atenção aos nossos pacientes, para fazer mais suportável a dor 
que acompanha o árduo período de convalescença e, fundamentalmente, para 
fazer com que nossa querida profissão seja cada vez mais reconhecida. 
PABLO E. Ü TERO 
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Colaboradores 
ADEMIR CASSIANO DA ROSA, MV, MSc. 
Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade do Estado de Santa 
Catarina (UDESC), Lages - SC. Doutorando do Programa de Pós-graduação 
em Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB) da Univer-
sidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu - SP. 
E-mail: cassivetr@hotmail.com 
AURY NUNES DE MORAES, MV, PhD. 
Graduado pela Escola Superior de Medicina Veterinária , em 1978. Pós-dou-
torado na University of Guelph em 2002. Professor da disciplina de Aneste-
siologia Veterinária da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), 
Lages - SC. 
E-mail: a2anm@cav.udesc.br 
DIEGO ANGEL PORTELA, MV, PhD. 
Graduado pela Universidade de Buenos Aires (UBA) - Argentina, em 2002. 
Doutorado pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Pisa 
- Itália, em 2008. Atua em clínica, ensino e pesquisa na área de Anestesiologia 
e Reanimação do Hospital Veterinário "Mario Modenato", da Universidade 
de Pisa - Itália desde 2005. 
E-mail: dportela@vet.unipi.it 
FABIANO MONTIANI-FERREIRA, MV, PhD. 
Graduado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba - PR, em 
1994. Doutorado em Medicina Comparativa "Comparative Medicine & 
Integrative Biology" pela Michigan State University - Estados Unidos em 
2003 . Professor Adjunto 4 da Disciplina de Oftalmologia Veterinária e 
Clínica Médica de Pequenos Animais da UFPR, Curitiba - PR. 
E-mail: montiani@ufpr.br 
GIDLHERME SCHIESS CARDOSO, MV, MSc. 
Graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2007. 
Mestrando em Anestesiologia (Conceito CAPES 5) da Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Botucatu - SP. 
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XIV - Colaboradores 
JOSÉ CARLOS KLOSS FILHO, MV. 
Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), Curitiba - PR, 
em 2004. Especialização em Medicina Veterinária Intensiva pela BVECCS -
Equalis , Rio de Janeiro - RJ em 2009. Médico Veterinário Anestesiologista 
Autônomo desde 2004. Médico Veterinário Intensivista Autônomo desde 2009. 
E-mail: jc_kloss@yahoo.com 
JULIO KEN NAGASHIMA, MV. 
Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de Londrina 
(UEL), Londrina - PR, em 2004. Médico Veterinário Anestesiologista do Hos-
pital Veterinário Clinivet desde 2007. 
E-mail julionagashima@yoahoo.com .br 
, 
LETICIA OLBERTZ, MV. 
Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR), Curitiba - PR, em 2010. Mestranda do Programa de Pós-graduação 
em Ciências Veterinárias da UFPR. 
E-mail: leticia.olbertz@gmail.com 
RICARDO GUILHERME D'OTAVIANO DE CASTRO VILANI, MV, PhD. 
Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR), Curitiba - PR, em 1997. Doutorado em Ciências da Saúde pela 
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), Curitiba - PR, em 2007. 
Professor Adjunto da Disciplina de Anestesiologia da UFPR. 
E-mail: rgvilani@uol.com.br 
RODRIGO LUIZ MARUCIO, MV, MSc. 
Graduado pela Universidade de Marília - SP em 2001. Coordenador dos 
Cursos de Pós-graduação La.tu Sensu, Organizados pela Pós-anestesia Veteri-
nária(PAV), São Paulo - SP. Especialista em Anestesiologia Veterinária 
Reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária. Doutorando em 
Anestesiologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia 
da Universidade de São Paulo. 
E-mail: rodrigo@pos-anestesia.com.br 
SUZANE LILIAN BEIER, MV, PhD. 
Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade do Estado de Santa 
Catarina em 1999. Doutorado em Anestesiologia pela Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho em 2007. Professora da Disciplina de Anes-
tesiologia Veterinária da Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC, 
Lages - SC. 
E-mail: a2slb@cav.udesc.br 
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Índice 
Capítulo 1 
Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico . . . . . . . . . . . . . 1 
Fabiano Montiani-Ferreira 
Letícia Olbertz 
Capítulo 2 
Anestésicos Locais .. .................................. . 23 
Paulo Roberto Klaumann 
José Carlos Kloss Filho 
Julio Ken Nagashima 
Capítulo 3 
Equipamentos e suas Aplicações 
para Anestesia Locorregional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 
Rodrigo Luiz Marucio 
Guilherme Schiess Cardoso 
Diego Angel Portela 
Capítulo 4 
Introdução à Anestesia Locorregional .. . . . . . . . . . . . . . . . 65 
Aury Nunes de Moraes 
Suzane Lilian Beier 
Ademir Cassiano da Rosa 
Capítulo 5 
Anestesia Locorregional de Nervos Cranianos . . . . . . . . 97 
Paulo Roberto Klaumann 
Capítulo 6 
Anestesia Locorregional do Neuroeixo ...... ......... . 135 
Pablo Ezequiel Otero 
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XVI - Índice 
Capítulo 7 
Anestesia Locorregional do Membro Torácico . . . . . . . . . 111 
Paulo Roberto Klaumann 
Diego Angel Portela 
Ricardo Guilherme D 'Otaviano de Castro Vilani 
Pablo Ezequiel Otero 
Capítulo 8 
Anestesia Locorregional do Membro Pélvico . . .. . .... . 213 
Diego Angel Portela 
Índice Remissivo .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 
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1 
Fisiologia do Sistema 
Nervoso Periférico 
Fabiano Montiani-Ferreira • 
Letícia Olbertz 
"Em Curitiba, para variar, em dia chuvoso, concluímos este capítulo 
sobre o sistema nervoso. Nele você descobrirá que com um pouco de 
poesia na neurologia, você pode fazer um bloqueio sem receio, rimando 
fisiologia com anatomia e cirurgia" 
FABlANO MONTIANI-F ERREIRA, OUTUBR0/2011 
"Se esses registros dão uma verdadeira medida da atividade das fibras 
nervosas sensoriais, fica claro que elas podem transmitir suas mensagens 
para o sistema nervoso central de uma maneira bastante simples. 
A mensagem consiste meramente numa série de breves impulsos ... 
Em qualquer fibra as ondas são todas da mesma 
forma ... De fato, as mensagens sensoriais são raramente mais 
complexas do que uma sucessão de pontos no código Morse." 
E.D. ÁDRIAN (1932), NA SUA DESCRIÇÃO SOBRE O PRIMEIRO REGISTRO 
ELETROFISIOLÓGICO DE NEURÔNIOS SENSORIAIS SIMPLES. 
Introdução 
A fisiologia é a base da prática médica. Para o correto entendimento do que são 
e como funcionam os bloqueios regionais na anestesiologia é imprescindível 
que se tenha sólido conhecimento da rede complexa de sistemas envolvidos 
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2 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
na percepção de estímulos. Neste capítulo serão abordadas as bases desses 
sistemas e suas inter-relações no que tange ao sistema nervoso periférico (SNP), 
o grande responsável pela entrada de informações, sua assimilação no sistema 
nervoso central (SNC) e pela resposta do organismo diante dessas informa-
ções recebidas. 
Inicialmente, é importante conceituar SNC e SNP e, em especial, entender que 
o SNP é anatomicamente, mas não funcionalmente, distinto do SNC. Por esse 
motivo, algumas vezes trataremos de assuntos relacionados ao SNC por questão 
didática, pois não há como separar totalmente os dois assuntos. 
O SNC é formado do encéfalo e da medula espinal, enquanto o SNP é 
todo tecido nervoso fora da caixa craniana ou da coluna vertebral, dividido 
em SNP somático e SNP autônomo. A divisão somática inclui os neurônios 
sensoriais que inervam a pele, os músculos e as articulações. Os corpos 
celulares dos neurônios sensoriais estão no gânglio da raiz dorsal e fibras 
nervosas aferentes desse sistema levam informação sensorial ao SNC sobre 
posição dos membros e sensações na superfície do corpo. A divisão autô-
noma do SNP atua na sensação visceral e no controle motor das vísceras, 
músculos lisos e glândulas exócrinas. Ela consiste nos sistemas simpático, 
parassimpático e entéricol. 
Anatomia e função do 
sistema nervoso periférico 
O SNP é a divisão do sistema nervoso que conecta a periferia do corpo animal 
com o cérebro e a medula espinal. Possui uma divisão eferente, ou motora, e 
uma divisão aferente, ou sensorial . Cada uma dessas divisões é constituída de 
neurônios, células especializadas em receber informação na membrana celular 
e transmiti-la, ao longo de seu corpo celular, para um terminal pré-sináptico no 
axônio e, assim, suceder a transmissão sensorial. Os neurônios são as principais 
unidades funcionais do sistema nervoso. Seu tamanho e forma variam de acordo 
com sua localização e função no SNP2·3 . Para exercer sua função, a maioria 
dos neurônios é dividida basicamente de três partes , descritas na Figura 1.1. 
Os neurônios possuem potencial elétrico de membrana com interior eletri-
camente mais negativo em relação ao meio externo, como nos outros tipos 
celulares, chamado potencial de repouso. Para manutenção do potencial de 
repouso ocorre transporte ativo de sódio para fora do neurônio e transporte 
de potássio para dentro do neurônio , pela bomba Na-K-ATPase, por meio de 
canais voltagem-dependentes. O transporte de sódio para fora da célula é mais 
rápido do que o transporte de potássio , garantindo a eletronegatividade dentro 
da membrana celular. Essa diferença de potencial é utilizada por essas células 
para transmitir sinais elétricos de uma célula para outra, gerando os chamados 
impulsos nervosos4 (Figuras 1.2 e 1.3). 
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VI 
Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 3 
-
Aparelho 
de Golgi 
Corpo neuronal V 
C> 
tJ 
a 
o 
Núcleo tJ 
~ # 
~ 
e::? 
Retículo 
endoplasmático 
Dendrito 
Bainha de 
mielina 
central 
Vesícula 
sináptica Oligodendrócito 
Nó de Ranvier 
B 
Axônio ~ -V 
o 
Bainha de mielina periférica 
Perineuro 
Endoneuro 
Figura 1.1 - (A) Divisão anatômica de um neurônio. A grande maioria dos neurônios 
do sistema nervoso de vertebrados é semelhante entre si. O corpo celular ou pericário 
é a região que dá origem aos dois prolongamentos do nervo: os dendritos e o axônio. Os 
dendritos são prolongamentos especializados em receber estímulos de outros neurônios, 
do meio ambiente e de células epite liais sensoriais. O axônio é um prolongamento 
único que conduz impulsos para emitir informação entre as células, podendo ou não ser 
revestido por bainha de mielina. O final de um axônio (telodendro) culmina na célula 
seguinte, formando a sinapse. O corpo celular é a região na qua l se encontra o núcleo 
da célula, integradora de impulsos e também capaz de receber estímulos. (8) Corte trans-
versal de um nervo periférico. O revestimento externo do nervo é o epineuro, formado 
de tecido conjuntivo. O perineuro reveste os fascículos nervosos e o endoneuro reveste 
uma fibra nervosa isolada. 
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mV Despolarização Potencial de membrana 
Repolarização 
o Na+ 
Hi perpolar ização 
Potencial de repouso 
1---"- - - - - ---------------
o , 2 3 mS 
Figura 1.2 - Representação do primeiro desenho esquemático de potencial de ação. 
Ele foi obtido em 1939 por Hodgkin e Huxley, a partir do axônio de lula. O potencial 
de repouso, aquele no qual não há atividade celular, está entre -70 e -90 mV. Na despo-
larização há influxo de Na+ na célula, tornando seu interior mais positivo, ao passo 
que na repolarização ocorre efluxo de K+, tornando a célula ma is negativa em seu 
interior novamente. Antes de alcançar o potencial de repouso novamente, a célula 
repolariza-se além do necessário, ponto chamado hiperpolarização, até que, finalmente, 
alcança o potencial entre -70 e -90 mV. 
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Figura 1.3 - O potencial de ação: condução do impulso em fibra nervosa não mieli-
nizada, no sistema nervoso periférico (SNP). 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 5 
Quando o estímulo excitatório é recebido por um neurônio, sua membrana 
celular é despolarizada, ou seja, o lado interno fica mais eletropositivo e a fre-
quência de disparo dos neurônios au.menta. Por outro lado, se um estímulo 
inibitório é recebido por um neurônio, sua membrana celular torna-se hiper-
polarizada, isto é, o lado interno da célula fica mais eletronegativo e há 
diminuição da frequência de disparo dos neurônios. Até que aconteça a repo-
larização da fibra nervosa atingindo seu limiar de excitabilidade (-65 mV), 
esta não pode ser estimulada de novo , o que se chama período refratário. 
Transmissão, recepção e integração dos impulsos nervosos são essenciais para 
o processamento das mais complexas informações no sistema nervoso4 . 
O local de comunicação entre dois neurônios, no qual o axônio do neurônio 
entra em contato com os dendrites ou com o pericário de outros neurônios, 
chama-se sinapse. Sinapses são conexões entre células que se constituem de 
um elemento pré-sináptico e um elemento pós-sináptico, e entre eles, a fenda 
sináptica. Atualmente, chama-se também de sinapse a comunicação entre um 
neurônio e uma célula efetora, como as células musculares e as células glan-
dulares. Classificam-se as sinapses em dois tipos básicos: as elétricas e as 
químicas. Nas sinapses elétricas, as correntes iônicas passam entre as células 
por meio de canais voltagem-dependentes em junções comunicantes. Nas 
sinapses químicas , a transmissão é realizada por meio de um mensageiro 
químico (neurotransmissor) que é liberado na fenda sináptica e encaminhado 
para a membrana pós-sináptica2-4 • A principal sinapse química existente é a 
sinapse neuromuscular, na qual um neurônio motor inferior chega à sinapse 
neuromuscular no lado pré-sináptico. A membrana celular pós-sináptica possui 
dobras juncionais para aumentar a área de superfície da membrana. Nessas dobras, 
estão os receptores do neurotransmissor que, neste caso, é a acetilcolina. A 
fenda sináptica nas sinapses neuromusculares é um estreito espaço entre a 
membrana pré e pós-sináptica. Os potenciais de ação, ao chegarem à mem-
brana da célula muscular, fazem com que o músculo se contraia. 
Neurotransmissores 
Os principais neurotransmissores que ocorrem nas sinapses químicas do SNP 
são acetilcolina, catecolaminas, glutamato e neuropeptídios. 
• Acetilcolina: neurotransmissor liberado na junção neuromuscular, de 
músculos esqueléticos. Quando o nervo motor é estimulado, há um influxo 
de íons cálcio que promove a mobilização de vesículas contendo acetil-
colina em direção à membrana celular, ocorrendo imediata liberação 
deste neurotransmissor na fenda sináptica. A acetilcolina alcança seus 
receptores na membrana da fibra muscular e, assim, se dá a despolari-
zação da célula muscular, com consequente contração do músculo. Ainda, 
a acetilcolina é secretada pelo sistema nervoso autônomo e liberada pelas 
fibras nervosas pré-ga.nglionares simpáticas e parassimpáticas. As fibras 
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Tabela 1.1 - Classificação das fibras nervosas de acordo com sua velocidade de condução do impulso nervoso. Adaptado 
de Costanzo7 
Tipo Velocidade de 
Classificação de fibra Mielinização Exemplo Diâmetro condução 
Fibras sensoriais Aa Sim Motoneurônio alfa Maior Rápida 
e fibras motoras 
A~ Sim Tato e pressão Médio Média 
Ay Sim Motoneurônios gama para fusos musculares Médio Média 
Ao Sim Tato, pressão, temperatura e dor Pequeno Média 
B Sim Nervos autônomos pré-ganglionares Pequeno Média 
e Não Dor lenta, neurônios autônomos pós-ganglionares Menor Lenta 
Fibras sensoriais la Sim Fibras aferentes do fuso muscular Maior Rápida 
lb Sim Neurônios aferentes do órgão tendinoso de Golgi Maior Rápida 
li Sim Tato e pressão Médio Média 
111 Sim Tato, pressão, dor rápida e temperatura Pequeno Média 
IV Não Dor, temperatura e olfato Menor Lenta 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 7 
nervosas pós-ganglionares do sistema parassimpático também secretam a 
acetilcolina como neurotransmissor, ao passo que a maioria das fibras 
simpáticas pós-ganglionares secreta a noradrenalina4 . 
• Catecolaminas: são produzidas pelas células cromafins da medular da adrenal 
e fibras pós-ganglionares do sistema nervoso simpático. Os efeitos excitatórios 
são, por exemplo, sobre células do músculo liso de vasos sanguíneos da pele 
e das membranas mucosas e sobre a frequência e a contratilidade cardíaca4 . 
• Glutamato: é o neurotransmissor liberado por fibras sensoriais Aõ e C, 
causando rápida excitação pós-sináptica na condução de estímulos nervosos. 
Um estudo sugere que receptores periféricos de glutamato atuam em um 
componente da hiperalgesia e podem ser usados terapeuticamente para 
prevenir e tratar a dor5. 
Neuromoduladores 
São substâncias que aumentam o tempo de excitabilidade na membrana neu-
ronal , podendo modificar a função dos neurotransmissores. No SNP podemos 
citar os neuropeptídios, que são neuromoduladores de diversas respostas somá-
ticas, como sensibilidade às emoções, à dor e ao estresse. Podem ser tanto 
excitatórios, como inibitórios, e também são liberados por fibras C 1• 
Fibras nervosas 
As fibras nervosas no SNP são caracterizadas de acordo com sua velocidade de 
condução do impulso nervoso, que está diretamente relacionada ao diâmetro das 
fibras e ao seu grau de mielinização. Quanto maior o calibre da fibra nervosa, 
maior é a velocidade de condução do impulso nervoso. A relação também é 
diretamente proporcional quando se avalia o grau de mielinização de uma 
fibra nervosa. Quanto mais mielinizada for a fibra, maior será a velocidade 
de condução6,7. Quadro esquemático exemplificando a velocidade de condução 
das fibras nervosas é apresentado na Tabela 1.1. 
Subdivisões do sistema nervoso periférico 
Como citado anteriormente, o SNP possui subdivisão motora e sensorial. O sis-
tema motor encaminhainformações de dentro do SNC para o SNP. Utiliza-se 
de neurônios motores somáticos, que conduzem potenciais de ação do SNC 
para junções sinápticas nos músculos esqueléticos, e de neurônios motores do 
sistema nervoso autônomo, que conduzem potenciais de ação para sinapses 
com os músculos liso e cardíaco, além de algumas glândulas exócrinas, por 
meio de sinapse intermediária7,8 . 
Por sua vez, o sistema sensorial traz informações dos receptores do SNP, do 
ambiente e do organismo, para dentro do SNC9 . Como exemplo citam-se os neu-
rônios olfatórios primários, que recebem estímulos químicos odoríferos do ar 
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8 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
e os transformam em impulsos elétricos, encaminhados ao córtex cerebral 
no SNC. 
A maior parte da comunicação entre neurônios se faz na medula espinal de 
forma segmenta!; cada segmento da medula possui um par de nervos espinais 
(Figura 1.4). 
Em algumas regiões da medula há aglomerados desses neurônios do SNP 
formando conexões com neurônios de nível superior, as chamadas intumes-
cências braquial (cervical) e lombossacra 1º. 
A maior via de comunicação entre o SNC e o SNP está na medula espinal. 
Problemas tanto na coluna vertebral, quanto na medula espinal, constituem 
as apresentações neurológicas clínicas mais comuns em cães11 • Exame neu-
rológico breve e eficiente é obtido levando-se em consideração seis tópicos: 
1. Avaliação do estado mental do paciente. 
2. Avaliação da postura e da locomoção. 
3. Avaliação dos nervos cranianos. 
4. A vali ação das reações posturais. 
5. Avaliação dos reflexos segmentares. 
6. Avaliação da dor espinal e, em pacientes paralisados , avaliação da dor 
profunda (nocicepção) 11 . 
IV VI 
V 
111 
Figura 1.4 - Organização segmentai da medula espinal, com seus pares de nervos es-
pinais. As lesões na medula espinal originam sinais clínicos em neurônios motores 
inferiores da seguinte maneira: I = as cinco vértebras cervicais: sinais de lesão em neu-
rônio motor superior; li = sexta vértebra cervical até a segunda vértebra torácica: sinal 
de lesões em neurônio motor inferior, como ataxia, tetraparesia ou tetraplegia, mani-
festada no membro torácico. Os membros torácicos apresentarão reflexos diminuídos ou 
ausentes, enquanto os membros pélvicos exibirão reflexos normais ou aumentados, 
apresentando sinais de lesão no neurônio motor superior; Ili= terceira vértebra torácica 
até a terceira vértebra lombar. sinais de lesão em neurônio motor superior, como ataxia, 
paraparesia ou paraplegia, manifestada nos membros pélvicos, os quais evidenciam re-
flexos normais ou elevados; IV= quarta vértebra lombar até a segunda vértebra sacra!: 
sinal de lesão em neurônio motor inferior, manifestada nos membros pélvicos; V= pri-
meira vértebra sacra/ até a terceira vértebra sacra!: sinal de lesão em neurônio motor 
inferior, mostrada parcialmente nos membros pélvicos, na ausência de reflexo perineal 
e na observância de atonia de bexiga; VI= sinal de lesão em nervos caudais, manifestada 
pela presença de cauda atônica. Adaptado de Lorenz e Kornegay10. 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 9 
Neste capítulo trataremos brevemente dos itens 2, 4, 5 e 6, pois é sempre 
importante realizar exame neurológico completo, mesmo que o paciente 
apresente-se apenas com sinais motores. 
Algumas anormalidades na postura e na locomoção do paciente podem 
decorrer de ataxia, que não será discutida neste capítulo, ou lesão em algum 
local da coluna vertebral em que não há medula espinal, ou em algum com-
ponente do neurônio motor inferior, que será estudado adiante11.l2 . Embora 
não discutiremos a ataxia, é fundamental apenas citar que sua presença é um 
ponto-chave na avaliação neurológica, indicando que muito provavelmente a 
lesão esteja na medula espinal11 • 
As reações posturais são eficientemente avaliadas por meio de dois testes: 
posicionamento proprioceptivo (propriocepção) e salto/saltitar. Se o posicio-
namento proprioceptivo estiver retardado pode haver lesão em qualquer parte 
da via ascendente ou descendente da transmissão nervosa (nervo periférico, 
nervo espinal, medula espinal, tronco encefálico, tálamo ou córtex cerebral). 
Portanto , propriocepção retardada não significa, necessariamente, lesão neu-
rológica, não se podendo excluir a possibilidade de problema ortopédico, 
sendo importante o exame neurológico completo para se tentar elucidar a 
origem do problema. É interessante se ter em mente que problemas ortopédicos 
crônicos podem retardar a propriocepção, bem como, pacientes com mielo-
patia crônica podem apresentar propriocepção intacta. O exame da locomoção 
ajuda na diferenciação entre lesão neurológica e problema ortopédico11 . 
Reflexos segmentares normais ou aumentados indicam lesão cranial à região 
de origem do nervo testado, o que não faz muita diferença, visto que ambas 
as situações indicam lesão em neurônio motor superior. A ausência de reflexo 
é sinal de lesão em neurônio motor inferior e será discutida adiante nos sis-
temas motores. 
A avaliação da dor espinal por meio da palpação da musculatura epaxial pode 
elucidar locais de dor e sugerir locais a serem avaliados radiograficamente. A 
avaliação da dor profunda (nocicepção), mediante pinçamento dos dígitos dos 
membros, pode ser realizada somente se o paciente estiver completamente pa-
ralisado. Animais apresentando paraparesia devem possuir nocicepção intacta12 . 
Sistema motor 
O sistema motor é responsável pela normalidade da postura e da locomoção dos 
animais, j untamente com a junção neuromuscular e o próprio músculo esque-
lético. O sistema motor está organizado em unidades motoras. Uma unidade 
motora corresponde a um motoneurônio e as fibras musculares inervadas por 
ele. Naquelas regiões do corpo em que movimentos delicados são executados, 
como nos olhos, poucas fibras musculares são inervadas por um motoneurônio. 
Já nas regiões do corpo que exigem movimentos amplos, os motoneurônios iner-
vam grande quantidade de fibras musculares 7 . 
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10 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
A força de contração do músculo é graduada pelo número de unidades moto-
ras requeridas. Os neurônios motores pequenos inervam pequena quantidade de 
fibras, ao passo que neurônios motores grandes inervam muitas fibras e, por 
consequência, geram maior quantidade de força. Os neurônios motores podem 
ser do tipo alfa, que inervam fibras musculares esqueléticas extrafusais, ou do 
tipo gama, que inervam fibras musculares intrafusais. A maioria das fibras mus-
culares do corpo é extrafusal e usada para gerar força. As fibras musculares 
intrafusais são encontradas nos músculos efetores de movimentos finos, nos 
quais se apresentam encapsuladas em bainhas, formando os fusos musculares. 
Os neurônios motores são divididos de acordo com a sua localização no sis-
tema nervoso. Neurônio motor superior (NMS) tem corpo celular no córtex 
cerebral e axônios na substância branca medular, ao passo que neurônio motor 
inferior (NMI) tem corpo celular no como anterior do H medular e axônios que 
se estendem por meio dos nervos periféricos e fazem sinapses com células 
musculares e glandulares. Esses nervos estão organizados, de forma segmentar, 
ao longo da medula espinal por meio de um par de nervos espinais. A raiz 
dorsal de cada nervo espinal é sensorial e a raiz ventral é motora 10• 
Lesão no NMI é sinalizada por sinais clínicos, como atrofia muscular esque-
lética rápida e distal à lesão deste neurônio, perda dos reflexos segmentares 
e intersegmentares, paralisia flácida, fraqueza muscular e marcha em passadas 
curtas 1º·13. Bloqueio anestésico nesses neurônios insensibiliza a região distal 
a eles e faz com que perda de reflexos, paralisia e fraquezamuscular sejam 
utilizados em imobilização e perda da percepção dolorosa de animais subme-
tidos às cirurgias. 
O NMS é todo neurônio que possui sua porção efetora no SNC, influencia o 
NMI e é responsável por estimular ou inibir função motora voluntária. Geral-
mente, inicia-se no cérebro e envia seus axônios para a medula espinal ou 
para o tronco cerebral, em que faz sinapse com os neurônios motores inferio-
res. Sinais clínicos de lesão em NMS incluem atrofia muscular esquelética 
retardada ou ausência de atrofia, manutenção dos reflexos segmentares, para-
lisia espástica, movimentação inadequada (se na medula espinal, há fraqueza 
distal à lesão; se no cérebro , ocorrem convulsões, rigidez, marcha em círculos 
e déficit proprioceptivo), marcha em passada espasmódica rígida e prolongada, 
prostração retardada, além de ataxia digna de nota. Assim como os neurônios 
motores inferiores, os neurônios motores superiores também podem ser blo-
queados em procedimentos anestésicos, com os mesmos propósitos13• 
Determinar a origem de anormalidades no sistema motor, se sinal em neurônio 
motor superior ou inferior, é de extrema importância para localizar a área da medu-
la espinal ou do tronco cerebral lesada. Os sinais de NMS ajudam a localizar 
lesões nas regiões da medula espinal, enquanto os sinais do NMI localizam le-
sões em nervos específicos, sua raiz nervosa ou segmentos medulares 1º. 
Outra doença de apresentação clínica bastante importante na prática veteriná-
ria de pequenos animais é a miastenia grave. A miastenia grave decorre de falha 
na transmissão ao nível da sinapse neuromuscular (estudada anteriormente) 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 11 
consequente da produção de anticorpos contra receptores de acetilcolina na 
fenda sináptica. Sob a ação desses anticorpos não há despolarização da mem-
brana pós-sináptica. Os sinais clínicos comumente observados são aumento do 
músculo esquelético do esôfago em razão da sua paralisia, vômitos em forma 
de massas cilíndricas logo após a ingestão do alimento e fraqueza e a fadiga, 
anormalmente rápidas, dos músculos voluntários8. 
Reflexos 
São respostas estereotipadas, involuntárias e qualitativamente invariáveis para 
determinados estímulos, como o estiramento do músculo. São utilizados 
para avaliar o sistema nervoso no exame clínico. Arco-reflexo é o nome do 
4 
5 
Figura 1.5 - Os cinco componentes do arco-reflexo: 1 = receptor sensorial; 2 = fibra 
nervosa aferente sensorial; 3 = uma ou mais sinapses no sistema nervoso central; 4 = 
neurônio motor; 5 = órgão-alvo (músculo). Adaptado de Cunningham8. 
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12 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
circuito neuronal que conduz as respostas motoras a esse músculo. Basica-
mente, o caminho da informação constitui-se de cinco componentes: recep-
tores sensoriais (1) estimulam fibras nervosas aferentes sensoriais (2), que 
conduzem o estímulo nervoso à medula espinal, na qual fazem sinapses (3) com 
intemeurônios e, então, com neurônios motores (4), que conduzem a infor-
mação para o músculo (5), em contrair-se ou relaxar8 (Figura 1.5). 
Os reflexos podem ser segmentares, quando se originam de um segmento 
no SNC, ou intersegmentares, quando se originam de múltiplos segmentos do 
SNC. Exemplo de reflexo segmentar é o reflexo pupilar, e do reflexo inter-
segmentar é a resposta de propriocepção8. 
Na anestesiologia é essencial avaliar alguns reflexos para que se tenha ideia 
da condição geral do animal íntegro, para que à medida que se apliquem os 
anestésicos, se tenha ideia de quais alterações estão sendo produzidas nos 
membros. Os principais reflexos avaliados na anestesia de pequenos animais 
são palpebral, corneano , pupilar, interdigital, laringotraqueal, cardíaco, respi-
ratório e anal 14. 
Sistema sensorial 
O sistema sensorial está relacionado às sensações sentidas por pele, articulações 
e músculos. As sensações comumente se iniciam com a ativação de neurônios 
chamados receptores primários. 
Receptores sensoriais 
Os receptores são diferentes ao longo dos sistemas sensoriais. Em termos de 
morfologia e processos celulares utilizados para detectar estímulos, existem 
cinco tipos de receptores: mecanorreceptores, fotorreceptores, quimiorrecepto-
res , termorreceptores e nociceptores. Tipicamente, há um estímulo para qual 
cada tipo de receptor é mais responsivo, o que é chamado estímulo adequado15.t6. 
Na superfície da pele, os receptores são chamados exteroceptores e classi-
ficados de acordo com o estímulo que provoca a maior resposta nervosa. As 
sensações da pele podem ser classificadas em tato, pressão, frio, calor e dor. 
Prurido, textura e consistência são exemplos de sensações subjetivas, uma vez 
que não existem receptores específicos para essas formas sensoriais. Os ex-
teroceptores da pele podem ser de três tipos: mecanorreceptores (para tato, 
pressão e propriocepção), termorreceptores (para frio e calor) e nociceptores 
(para dor e estímulos nocivos) 15,16. 
Os nociceptores são responsáveis por conduzir estímulos dolorosos e podem 
ser térmicos, mecânicos ou polimodais. Os nociceptores térmicos possuem fibras 
nervosas Aõ e fibras C, que são fibras finas e pouco mielinizadas, e são ativados 
a temperaturas superiores a 45ºC e inferiores a 5ºC. Os nociceptores mecânicos 
possuem fibras do tipo Aõ e detectam pressões intensas ou estímulos mecânicos, 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 13 
como dor aguda e pontual. Os nociceptores polimodais são ativados tanto por 
estímulos de pressão intensa, quanto por estímulos químicos e térmicos, e são 
supridos por fibras do tipo e não mielinizadas1. 
Os proprioceptores são receptores de músculos, tendões, ligamentos e 
cápsulas articulares. Os proprioceptores musculares podem ser de dois tipos: 
fuso muscular e órgão tendinoso t 7. 
O fuso muscular é receptor de estiramento , formado por grupo de fibras 
musculares especializadas que enviam ao SNC informações sobre o compri-
mento do músculo. O órgão tendinoso de Golgi é também receptor de 
estiramento, localizado nos tendões de músculos, dando informação ao SNC 
sobre a tensão no tendão IS. 
Código sensorial 
A conversão de um estímulo detectado por um receptor em energia eletroquími-
ca (ou seja, uma mudança no potencial de membrana) é chamada transdução. 
Tal estímulo produz mudança no potencial de membrana local, gerando po-
tenciais de ação que se comunicarão com o SNC a longa distância, por meio 
da transmissão do impulso 1•4• 
A transmissão de informações é a habilidade do sistema nervoso em represen-
tar atributos diferentes de um estímulo sensorial complexo. As informações 
sensoriais podem ser codificadas conforme modalidade, quantidade, localiza-
ção e tempo de duração do estímulo , culminando em uma sensação1,4 ,1.1s. 
• A modalidade do estímulo é codificada por vias neuronais sensoriais dedi-
cadas a determinada modalidade. Por exemplo, a via neuronal da visão tem 
origem nos fotorreceptores da retina e não pode ser ativada por estímulos 
diferentes, como o tato. 
• A quantidade, ou intensidade do estímulo, é codificada pela frequência, ou 
taxa, de codificação, na qual a frequência de disparo dos receptores é propor-
cional à intensidade do estímulo. Em outras palavras , quanto mais intenso o 
estímulo, mais receptores serão ativados. Esse princípio de codificação foi 
descoberto por E. D. Adrian, motivo pelo qual ele ganhou o prêmio Nobel 
em 1932, juntamente com Charles Sherrington. Outra maneira de se codi-
ficar a intensidade do estímulo é pela ativação de diferentes receptores. Por 
exemplo, um toque sobre a pele pode ativar mecanorreceptores, ao passo 
que um estímulo forte e danoso na pele pode ativar mecanorreceptores e 
nociceptores. Dessa maneira,o estímulo não seria detectado apenas como 
mais forte, mas, ainda, como modalidade diferente. 
• A localização é codificada pela distribuição espacial dos neurônios senso-
riais ativados por um estímulo (Figura 1.6). O campo receptivo de um 
neurônio sensorial é a região na qual, quando há um estímulo, são ativados 
potenciais de ação na célula. O tamanho e o local dos campos receptivos 
são determinados por localização e distribuição dos dendritos terminais do 
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14 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
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Figura 1.6 - Distribuição espacial do campo receptivo de um neurônio sensorial esti-
mulado pelo toque. Adaptado de Kendel et a/.1• 
receptor. O tamanho do campo de recepção varia de maneira inversamente 
proporcional à densidade da inervação. A densidade dos receptores, em 
uma parte do corpo, determina quão precisamente o sistema sensorial pode 
resolver detalhes de estímulos nessa área. Na pele, as diferenças na reso-
lução espacial dos receptores podem ser mensuradas clinicamente por meio 
da determinação da distância mínima entre dois estímulos detectáveis (dois 
pontos que disparam limiares de ação) . 
• As propriedades temporais (duração, taxa de variação da intensidade ao 
longo do tempo) de estímulos são codificadas como mudanças na frequên-
cia da atividade neuronal sensorial. Todos os receptores diminuem sua 
ativação durante estímulos constantes, por um processo chamado adaptação. 
Os receptores podem se adaptar aos estímulos de maneira rápida ou lenta. 
Receptores de adaptação lenta (receptores tônicos) sinalizam a duração 
de seu estímulo por meio da despolarização persistente e pela geração de 
potenciais de ação durante todo o período de estimulação. 
- Receptores de adaptação rápida (receptores fásicos) respondem somente 
ao início e ao final do estímulo, sinalizando a taxa na qual o estímulo é 
ampliado ou cessadol ,4,7 ,18 . 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 15 
A capacidade de um receptor simples carregar a informação de um evento 
sensorial complexo é pequena, ao passo que a quantidade de informação que 
precisa ser transmitida é grande . Esse problema é resolvido pelo sistema 
sensorial por meio da divisão de um estímulo grande em estímulos menores, 
que podem ser facilmente analisados por neurônios centrais 1. 
Fisiologia da dor 
A dor é a percepção de sensação e emoção desagradável que se origina de uma 
região específica do corpo, sinalizando lesão tecidual ou potencial lesão. Estí-
mulo doloroso pode gerar reações diferentes em razão do componente emo-
cional da dor, pois o componente sensitivo (a intensidade de despolarização 
do neurônio) é o mesmo. A dor é um mecanismo de defesa do organismo, 
ativado quando é chegada a hora de "parar" com o estímulo que a gerou 1• 
A dor é o principal motivo pelo qual as pessoas consultam um médico. Os 
gregos antigos pensavam que a dor era uma emoção, o que não está de toda a 
forma errado. O ópio (originalmente derivado do suco da semente da papoula) 
vem sendo usado há milhares de anos para diminuir a dor e produzir euforia 
nos seres humanos. O exame dos restos do esqueleto de uma mulher que mor-
reu durante o parto há 1.600 anos resultou na especulação de que a Cannabis 
sativa (maconha) havia sido usada para diminuir a sua dor na hora do parto6. 
O problema em se sentir dor é que ela afeta diversos sistemas do organismo, 
o que pode ser observado nas respostas autônomas geradas (midríase, aumen-
to da taxa cardiorrespiratória, diurese, aumento da secreção do cortisol e 
catecolaminas, dentre outras) e nas respostas emocionais (como medo, me-
mória de agressões antigas, perda de sono, incapacidade de pensar, dentre 
outras). Resposta prolongada à dor pode ocasionar estresse crônico, que acar-
reta aumento de glicose e lactato séricos, além de elevar o metabolismo e o 
consumo de oxigênio 1.4. 
Para entender a fisiologia da dor é importante que se esclareçam alguns 
conceitos. 
Conceitos importantes 
• Nociceptor: receptor especializado que provê informação sobre lesão teci-
dual ou sobre potencial lesão tecidual. Trata-se de terminação nervosa livre. 
• Nocicepção: é o recebimento dos sinais nervosos encaminhados por meio 
de nociceptores estimulados ao SNC. 
• Dor: percepção de sensação desagradável. Experiência sensorial e emocio-
nal associada ao dano tecidual real ou potencial e/ou, ainda, cornumente 
descrita em termos relacionados a tal dano. A sensação da dor possui três 
componentes: reconhecimento (ai!), localização (meu pé!) e aversão (pare! 
Isto machuca!). 
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16 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
• Dor aguda, nociceptiva ou fásica: resposta fisiológica do organismo como 
defesa a um estímulo. Tem curta duração e desaparece quando o estímulo 
é cessado ou enquanto o tecido se regenera. 
• Dor crônica, patológica ou neuropática: ocorre quando a resposta fisiológica 
do organismo ante estímulo continua, mesmo após o estímulo ter cessado 
e persistindo por longos períodos. Ela acontece por perda da inibição central 
no corno dorsal, por exemplo, câncer, diabetes, neuralgia do trigêmeo e dor 
em membro fantasma (memória da dor). Algumas das causas já estudadas, 
que explicam a fisiopatologia da dor neuropática, são: sensibilização de 
fibras nociceptivas aferentes primárias; sensibilização de neurônios no 
corno dorsal da medula espinal ou que fazem sinapse no como dorsal; 
geração de picos ectópicos em ramificações de fibras aferentes; perda do 
controle inibitório de neurônios do como dorsal da medula espinal; em 
alguns casos, a simpatectomia alivia a dor e tem papel em certos tipos de 
dor neuropática no sistema nervoso simpático. 
• Hiperalgesia: sensibilidade aumentada ou exagerada aos estímulos dolorosos. 
• Hipoalgesia: sensibilidade diminuída aos estímulos dolorosos. 
• Alodinia: resposta ou reação dolorosa ao estímulo não doloroso, como o toque. 
• Limiar à dor: menor intensidade de estímulo que pode gerar a percepção 
da dor. 
• Nível de tolerância à dor: maior intensidade de estímulo que um indivíduo 
pode suportar. 
Via nervosa da dor 
A sensação do estímulo doloroso envolve quatro vias: transdução, transmissão, 
modulação e percepção. A transdução é a transformação da energia física ou 
mecânica recebida em atividade elétrica, que é conduzida por meio dos neurô-
nios ao SNC, processo chamado transmissão. A modulação é a modificação 
da transmissão por sistemas analgésicos endógenos. A sensação e a consciên-
cia da dor são as vias nervosas finais, chamadas percepção da dor l7,t9. 
Os estímulos dolorosos físicos são transmitidos pelas vias aferentes até o 
tálamo e depois ao córtex cerebral (Figura 1. 7). Os estímulos dolorosos emo-
cionais são encaminhados pelas vias aferentes até o sistema límbico 1•17 • 
Os bloqueios nervosos por meio de anestésicos podem atuar nas vias de 
transmissão e de modulação de estímulos nervosos. O bloqueio anestésico 
de plexos, nervos periféricos, e também nas anestesias epidural e raquidiana, 
atua na via da transmissão do impulso nervoso. Adicionalmente, a modulação 
da dor também é afetada nos bloqueios epidural e raquidiano. A saber: anes-
tesia raquidiana, também chamada raquianestesia, anestesia intratecal e 
anestesia subaracnóidea, baseia-se na administração de anestésico local di -
retamente no liquor; anestesia epidural, também chamada anestesia peridural , 
baseia-se na aplicação de anestésico em um espaço virtual entre o ligamento 
amarelo e a dura-máter. 
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Figura 1. 7 - Representação simplificada 
do processamento nociceptivo. Estímulo 
nocivo na periferia ativa fibra aferenteprimária, que transmite a informação 
para o corno dorsal da medula espinal. 
Aqui, um neurônio secundário recebe o 
impulso e o encaminha ao tálamo. Fi-
nalmente, o neurônio secundário faz 
sinapse com um neurônio terciário que 
transmite o estímulo para os centros 
cerebrais superiores (córtex cerebral) 
para que se dê a percepção. Adaptado 
de Lamont et a/.19. 
Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 17 
Cérebro 
Neurônio de 3! ordem 
Projeçào para centros 
cerebrais superiores 
>---Neurônio de 2• ordem 
Trato espinal 
Medula espinal 
+--- Neurônio de 1• ordem 
Fibra aferente primária 
Periferia 
Dor rápida (aguda) e dor lenta 
Tipicamente, as fibras Ao são responsáveis pelo primeiro sinal de dor, que é 
muitas vezes descrito como sensação aguda ou como picadas. A "dor rápida" 
é bem localizada e transitória, durando apenas enquanto o estímulo de dor 
aguda ativar o nociceptor. Em contraste, se um estímulo é de magnitude su-
ficiente, fibras C (ou polimodais) são estimuladas a mediar a dor lenta, que é 
caracterizada por sensação de queimação mais difusa e persistente, que se 
estende para além da cessação de um estímulo de dor aguda. 
Sistemas somatossensoriais 
A via do sistema da coluna dorsal-leminisco medial e a via do sistema ante-
rolateral formam os dois sistemas somatossensoriais. Basicamente, o caminho 
da informação até o SNC é recebido por mecanorreceptores, termorreceptores 
e nociceptores, e organizado de forma hierárquica, da seguinte maneira7 : 
l ll) Neurônios aferentes de primeira ordem, no SNP, recebem o impulso e o 
encaminham para seu gânglio na sua raiz dorsal da medula espinal. Em 
algumas situações, o receptor sensorial não é um neurônio primário e, 
sim, uma célula epitelial especializada, a qual faz sinapse com neurônios 
sensoriais aferentes de primeira ordem. 
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18 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
2º) Neurônios de segunda ordem fazem sinapse com os neurônios aferentes 
de primeira ordem e, após mudarem de lado na medula (fenômeno tam-
bém denominado decussação), projetam-se para o tálamo. 
3°) Nos núcleos talâmicos, neurônios de segunda ordem fazem sinapse com 
neurônios de terceira ordem, que recebem o impulso. Nesse momento , 
pode ocorrer a modulação do estímulo. 
4Q) Dos núcleos talâmicos a informação é transmitida ao córtex cerebral, no 
qual é recebida pelos neurônios de quarta ordem e há a percepção do 
estímulo1•7 •17 • 
Sistema da coluna dorsal, via das 
sensibilidades gerais ou via do toque 
O sistema da coluna dorsal-leminisco medial transmite informações soma-
tossensoriais sobre tato, pressão, vibração, discriminação entre dois pontos e 
propriocepção. Fibras aferentes de primeira ordem e de grande diâmetro, dos 
tipos I e II, são estimuladas por mecanorreceptores. Tais fibras encaminharão 
o estímulo para a coluna dorsal, nos fascículos cuneiforme (membros supe-
riores) e grácil (membros inferiores). Após sofrer decussação (cruzar a linha 
média) e fazer sinapse com neurônios de segunda ordem, a informação as-
cende via leminisco medial para o tálamo contralateral, no qual os neurônios 
de segunda ordem fazem sinapse com neurônios de terceira ordem, que en-
caminham a informação para o córtex somatossensorial, no qual acontecem 
as sinapses com os neurônios de quarta ordem 1 •4 . 
Sistema anterolateral (espinotalâmico) ou via da dor 
O sistema anterolateral transmite informações somatossensoriais sobre toque, 
dor e temperatura. Esse sistema contém principalmente fibras aferentes primá-
rias Aô (dos tipos II e III) e fibras C (do tipo IV), que são estimuladas por 
nociceptores e termorreceptores da pele. Tais fibras encaminharão o impulso 
nervoso para os corpos celulares na medula espinal , na qual fazem sinapse 
com fibras nervosas de segunda ordem. A informação, então, cruza a linha 
média (as fibras sofrem decussação) e ascende para o tálamo contralateral. 
Aqui, os neurônios de segunda ordem fazem sinapse com neurônios de ter-
ceira ordem, que finalmente ascendem ao córtex somatossensorial, no qual 
fazem sinapses com os neurônios de quarta ordem. Nessa via, há pouca sen-
sibilidade tátil 1 •4 • 
Os dois tipos de fibra utilizados no sistema anterolateral diferem na con-
dução de impulsos nervosos de dores rápidas e dores lentas. Dores rápidas, 
que começam e terminam abruptamente, com localização precisa, como uma 
picada de alfinete, são conduzidas pelas fibras Aô. Dores lentas, que não 
possuem localização precisa, são conduzidas por fibras C. Exemplo de dor 
lenta é queimadura cutânea1•4 . A Figura 1.8 ilustra a organização dos sistemas 
somatossensoriais. 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 19 
Figura 1.8 - A organização hierárquica e paralela dos sistemas sensoriais é demons-
trada por duas vias somatossensoriais paralelas ascendentes. O sistema da coluna 
dorsal-leminisco medial (linha contínua) é a principal via para obter informações táteis. 
O sistema anterolateral (linha pontilhada) medeia a dor e, em menor grau, sensações 
táteis. Somente quando o caminho do sistema da coluna dorsal-leminisco medial torna-se 
lesado, como em certas doenças neurológicas degenerativas, o caminho anterolateral 
assume papel importante na mediação de sensações táteis. 
Fica claro, portanto, que a dor não é resultado de um toque intenso, pois 
possui receptores e vias nervosas diferentes, bem como as células que respon-
dem aos estímulos são diferentes. Porém, como ocorrem algumas sobreposições 
nas vias , pode-se dizer que as duas vias não são totalmente independentes. 
Em algumas situações, a dor pode ter origem em vísceras ou estruturas 
profundas e ser sentida como dor na superfície do corpo, o que se chama, 
clinicamente, dor referida. Como exemplo, tem-se a dor cardíaca por oclusão 
da artéria coronária nos seres humanos, que é sentida no braço e no ombro 
esquerdo. Outro exemplo é a dor da colelitíase, a qual é sentida na muscula-
tura esquelética da região abdominal. Isto acontece porque o local da sinapse 
das fibras nervosas sensoriais dessas regiões é no mesmo segmento da medula 
espinal (Figura 1.9), "confundindo" os neurônios sobre a determinação da 
origem do estímulo doloroso, o que se chama teoria da projeção convergente6·17 . 
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20 - Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico 
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Pele 
Intestino 
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Trato axonal anterolateral 
Figura 1.9 - Apresentação esquemática do recebimento de impulsos nervosos da pele 
e do intestino na medula espinal. A região da medula que recebe esses impulsos é a 
mesma, ocasionando a chamada dor referida. 
Síndrome de Brown-Séquard 
ou síndrome de hemissecção medular 
Esta síndrome sucede após hemissecção medular e gera sinais clínicos espe-
cíficos. Uma vez que neurônios motores descendentes e neurônios sensoriais 
ascendentes estão na medula espinal e que eles podem sofrer decussações, 
lesão em apenas um lado da medula causará sinais clínicos observáveis nos 
dois lados do corpo. 
No lado lesado há comprometimento motor, ou seja, perda da sensibilidade 
ao toque ipsilateral, e perda da sensibilidade à dor e à temperatura contralateral 1•6. 
Opioides endógenos e o controle da dor 
Naloxona, antagonista opioide, bloqueia a estimulação da analgesia, enquanto 
a morfina induz a analgesia. Essas informações sugerem receptores específicos 
para opioides no SNC. A morfina é um agonista potente dos receptores µ . De 
fato, no receptor opiáceo µhá alta correlação entre a potência de analgesia e 
a afinidade da droga em ligar-se ao receptor. De acordo com essa ideia, veri-
ficou-se que camundongos com o gene do receptor opioide µ deletado exibiam 
insensibilização à morfina e a outros agonistasde receptor opiáceo µ. A naloxona 
também se Liga aos receptoresµ, porém, antagoniza os efeitos da morfina por 
"retirá-la" de sua ligação nestes receptores e por não ser capaz de ativá-los 1. 
Algumas pesquisas revelaram que receptores de substâncias endógenas 
estão no assoalho do quarto ventrículo e na substância cinzenta periaquedutal, 
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Fisiologia do Sistema Nervoso Periférico - 21 
nos quais possuem papel importante no controle fisiológico da dor. Tais re-
ceptores também estão em muitos outros locais do SNC e do SNP, bem como 
os outros receptores opiáceos. A larga distribuição desses receptores explica o 
fato de que a administração sistemática de morfina afeta muitos processos 
fisiológicos do corpo animal 1• 
O corno dorsal da medula espinal possui alta concentração para receptores 
opiáceos e a administração da morfina inibe estímulos nociceptivos nos neu-
rônios nessa região. De fato, a injeção intratectal ou epidural de morfina 
produz analgesia profunda e prolongada. Outra vantagem dessa técnica de 
administração de fármacos é que ela age localmente, causando mínimos efei-
tos adversos sistêmicos1• 
Opioides, como a morfina, regulam a transmissão nociceptiva por meio de 
duas ações inibitórias: inibição pós-sináptica, produzida parcialmente pelo 
aumento da condutância do potássio e inibição pré-sináptica da liberação do 
glutamato, da substância P, e de outros transmissores, de seus terminais nos 
neurônios sensoriais. Os opioides causam diminuição na transmissão de estí-
mulos sensoriais resultante indiretamente do decréscimo do cálcio que entra 
nos terminais sensoriais (mediante a redução da condutância do potássio) ou 
diretamente do decréscimo da condutância do cálcio) 1. 
Receptores opioides não estão apenas nos terminais das fibras aferentes 
primárias, mas também, nos terminais periféricos da pele, das articulações e 
dos músculos. Por exemplo , em cirurgia por meio de artroscopia, o alívio 
prolongado da dor é resultante da injeção local de morfina na articulação em 
doses que são inócuas se administradas sistematicamente. A fonte dos opioi-
des que quase sempre ativam os receptores endógenos ainda não está clara. 
Duas possibilidades para esse efeito são a liberação pelas células cromafins 
da medular adrenal e/ou pelas várias células imunes que migram ao local da 
lesão como parte do processo inflamatório e lá sinalizam opioides endógenos 1. 
Classificação da dor de acordo com 
sintomas em pacientes humanos 
• Dor cutânea (somática): descrita como formigamento ou queimação. 
• Dor proveniente de estruturas profundas (somática): descrita como lateja-
mento de uma estrutura, como uma articulação. 
• Dor visceral: é a dor, proveniente das vísceras, descrita como cãibra ou 
como cólica6 . 
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2 
Anestésicos Locais 
Paulo Roberto Klaumann • José Carlos 
Kloss Filho • Julio Ken Nagashima 
Introdução 
O primeiro relato de um anestésico local foi feito em 1858 pelo alemão Albert 
Niemann, que extraiu a cocaína das folhas de Erythroxylon coca. Porém, sua 
utilização ocorreu somente em 1884, quando o vienense Carl Koller aplicou 
em seus próprios olhos e notou que o fármaco produzia insensibilidade ao 
toque e às lesões. Halsted reconheceu a capacidade de a droga interromper a 
condução nervosa, resultando em introdução da anestesia em nervos periféricos 
e espinais. Mais tarde, verificou-se a capacidade de produzir vasoconstrição, 
tornando-a útil em procedimentos rinolaringológicos e na anestesia tópica 
para intubação orotraqueal 1•3• 
A identificação da cocaína como um derivado do ácido benzoico permitiu 
a síntese da benzocaína e, posteriormente, movido pela necessidade de se 
produzir substâncias químicas menos tóxicas, a síntese da procaína em 1904, 
por Einborn, sendo os primeiros anestésicos locais sintetizados pelo homem. 
Em 1943 , Lõfgren introduz nova linha de anestésicos locais , os do tipo amida, 
com a lidocaína, derivada do ácido acetilaminoacético1.2,4 . 
Com a evolução do uso de anestésicos locais houve grande expansão no 
conhecimento desses agentes e em técnicas de administração. Apesar das pe-
quenas alterações estruturais, os novos fármacos apresentavam propriedades 
clínicas bem diferentes, quando comparados entre si. Novas substâncias do tipo 
amida foram, então , desenvolvidas: mepivacaína em 1956; bupivacaína em 1957; 
prilocaína em 1959; etidocaína em 1971; e articaína em 1974. Com o avanço 
dos estudos sobre toxicidade e com o desenvolvimento da estereoquímica, 
surgem os S-enantiômeros ropivacaína em 1989 e levobupivacaína em 19991.5 . 
Os anestésicos locais mais modernos são mais seguros que seus precursores, 
mas os riscos de efeitos colaterais ainda existem, e mesmo o profissional mais 
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24 - Anestésicos Locais 
experiente pode provocar reação indesejada. A prática adequada requer o 
perfeito entendimento da farmacologia e da toxicidade dos agentes utilizados 
e, em particular, doses, concentrações, velocidade e tempo de ação2•6. 
Existem diversos usos clínicos, sendo comum sua utilização para anestesia 
regional e analgesia: anestesia subaracnóidea, peridural, bloqueios periféricos 
de membros, anestesias regionais por infusão contínua; a aplicação tópica 
para manipulação de vias respiratórias, do bulbo ocular e da pele e administra-
ção por via intravenosa. A lidocaína é frequentemente usada para o controle 
de arritmias cardíacas; também apresenta resultados positivos em casos de 
epilepsia e síndromes álgicas neuropáticas refratárias a outros tratamentos6•7 . 
Outros fármacos são administrados em associação aos anestésicos locais, 
por evidenciarem também propriedade de bloquear a transdução, transmissão 
e modulação da informação nociceptiva, mostrando efeitos sinérgicos entre si. 
Os fármacos adjuvantes, muitas vezes, podem ser considerados analgésicos 
fracos quando utilizados de forma isolada, mas quando usados em combinação 
com anestésico local, promovem controle analgésico mais eficiente e de maior 
duração, tornando-se combinação interessante para o controle preemptivo dos 
processos dolorosos de qualquer natureza. 
Mecanismo de ação 
Os anestésicos locais bloqueiam a geração e a condução do impulso nervoso 
de forma reversível, impedindo a entrada rápida de sódio para o interior dos 
axônios, responsável pela despolarização da membrana celular. Os fármacos 
ligam-se ao local hidrofi1ico do canal de sódio presente na superfície interna 
da membrana celular, bloqueando a ativação do canal. O fármaco precisa 
atravessar o epineuro e a membrana celular na forma não ionizada, para atingir 
o espaço intracelular ou axoplasma. Uma vez no interior da célula, a forma 
não ionizada é, então, transformada na forma ionizada, que se liga ao recep-
tor (Figura 2.1)8-10 . 
A sensibilidade da fibra nervosa está intimamente relacionada à sua espes-
sura e à presença ou não da bainha de mielina. As fibras nervosas menores 
tendem a ser mais sensíveis e por isso são bloqueadas antes que as fibras 
maiores. A espessura das fibras nervosas explica o fato de alguns fármacos, 
como bupivacaína e ropivacaína, apresentarem maior seletividade para bloqueio 
sensorial do que bloqueio motor, fenômeno conhecido por bloqueio nervoso 
diferencial. As fibras não mielinizadas também são bloqueadas mais rapida-
mente que fibras mielinizadas. As fibras mielinizadas exibem dupla camada 
lipídica que produz isolamento do espaço intersticial, impedindo a absorção 
do agente anestésico. Por isso, o fármaco atinge o interior celular por meio dos 
nódulos de Ranvier, que é o espaço em que as fibras entram em contato com 
o interstício. Sabe-se que, para que haja bloqueio efetivo de uma fibra nervosa 
mielinizada, é necessário o bloqueio de três nódulos de Ranvier consecutivos. 
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-
Epineuro 
Axoplasma 
Anestésicos Locais - 25 
CH3 O+ C2H5 
CH3 o 
o li o li I -NH-C-CH2-N- H -NH-C-CH2-N \ 
C2Hs 
CH3 EJ CH3 0 
BH+@ B + H+ 
Na+ Na+ 
Na+ 
Na• 
Na• Na• 
Na+ Na• 
mi 
.____o_es_p_o_la_riz_a_çã_o__,I B + H + ~ B H + 
C2Hs 
C2Hs 
Figura 2.1 - Mecanismo de ação dos anestésicos locais. O agente injetado apresenta 
as formas ionizada (BH+) e não ionizada (B + H+). A proporção de cada uma depende 
do pKa do fármaco e do pH do tecido. A forma não ionizada é responsável pela pe-
netração por epineuro e membrana neuronal. Ao atingir o axoplasma, o grupamento 
amina recebe um íon hidrogênio e essa forma ionizada (BH+) é a responsável pelo 
bloqueio do canal de sódio. 
Com base nas informações descritas, as fibras autônomas C e B, bem corno 
as fibras nociceptivas C e Aõ, são bloqueadas antes que as fibras sensoriais e 
motoras Ay, A~ e Aa9. 
O mecanismo pelo qual os anestésicos locais produzem analgesia epidural 
e espinal está relacionado à ligação com canais de sódio e também com canais 
de potássio presentes nos cornos dorsal e ventral da medula espinal, assim 
como à ligação com canais de cálcio. A variação na concentração citosólica 
de íons cálcio é responsável pela formação de um estado de hiperpolarização 
da membrana neuronal, gerando potenciais de longa duração, alterando a 
transmissão dos impulsos nervosos4 • 
São agentes extremamente efetivos para o controle da dor aguda ou crônica, 
de origem somática, visceral e neuropática, por atuarem sobre os processos de 
transdução, transmissão e modulação da informação nociceptiva na medula 
espinal LJ. 
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26 - Anestésicos Locais 
Estrutura química e classificação 
Os anestésicos locais possuem estruturas semelhantes: basicamente compõem-se 
de um anel benzênico, que forma a porção lipossolúvel e também responsável 
pela maioria das reações de hipersensibi lidade; um grupamento amina, quase 
sempre álcool etílico ou ácido acético, de caráter hidrossolúvel, sendo esta a 
porção ionizável, ou seja, sofre influências do pH do meio e a única passível 
de manipulação pelo anestesista. Entre essas duas estruturas existe uma cadeia 
intermediária que representa o esqueleto da molécula. Suas variações implicam 
mudanças na potência e na toxicidade (Figura 2.2). A variação da estrutura 
química dos fármacos pode ser usada para classificá-los, uma vez que ela é 
formada por uma ligação éster ou amida. Sendo assim, benzocaína, procaína, 
cloroprocaína e tetracaína são fármacos representantes da família aminoéster, 
enquanto prilocaína, dibucaína, etidocaína, lidocaína, articaína, mepivacaína, 
bupivacaína e ropivacaína representam a família aminoamida12 . A Figu-
ra 2.3 mostra as fórmulas estruturais de alguns anestésicos locais. 
Os anestésicos locais, assim como outras moléculas orgânicas , podem 
existir sob formas estruturais que são como imagens em um espelho. Essas 
duas formas são chamadas estereoisômeros, sendo a forma S(-) ou levógira e a 
forma R( +) ou dextrógira. Suas propriedades físico-químicas podem ser idên-
ticas, porém seus efeitos sobre as membranas biológicas podem ser muito 
diferentes. A maioria das formulações é comercializada como uma mistura 
racêmica de ambas as formas em concentrações iguais, com a exceção da 
ropivacaína e da levobupivacaína, que apresentam apenas a forma levógira, 
manifestando menor toxicidade quando comparadas à bupivacaína2 . 
Anel aromático 
R 
R 
R 
Cadeia intermediária 
Q Éster 
11 
-C-0-C 
o 
Amida 11 
-NH-C-C 
Terminal amina 
R 
+ 
/ 
-N ---H 
\,r-... 
R 
Figura 2.2 - Estrutura dos anestésicos locais. Todos os anestésicos locais são compostos 
por três principais componentes: um anel aromático, uma terminação amina e uma 
cadeia intermediária que pode ser éster ou amida. Cada componente confere diferentes 
propriedades ao fármaco. 
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NH 
Lidocaína 
o 
H 
o 
Tetracaí na o 
o ~ 
o 
Benzocaína 
Bupivacalna 
H2N 
Procaína 
Ropivacaína 
Anestésicos Locais - 27 
H 
Ny N 
CH3 O ~ CH 3 
H 
N 
r 
o 
o 
o 
) 
Figura 2.3 - Estrutura química de diferentes anestésicos locais. 
Propriedades físico-químicas 
Por suas características físico-químicas, os anestésicos locais diferem em ter-
mos de potência, duração, velocidade de ação e bloqueio diferencial sensório-
-motor, conforme resumido na Tabela 2.113,14 . 
Pode-se perceber que a alteração da estrutura química produz efeitos far-
macológicos diferentes. As gerações mais atuais de anestésicos locais vêm 
surgindo de pequenas mudanças estruturais, que podem produzir grandes 
alterações farmacológicas. Esse é o caso da tetracaína, que surge a partir da 
procaína, pela transferência do grupo

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