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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE EDUCAÇÃO 
DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
 
FABIANO MARQUES DA COSTA 
JÔNATAS FERREIRA DE LIMA 
 
 
 
 
 
UMA INSERÇÃO TARDIA: 
EDUCAÇÃO BÁSICA E PROBLEMATIZAÇÃO DA HISTÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2012 
 
FABIANO MARQUES DA COSTA 
JÔNATAS FERREIRA DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UMA INSERÇÃO TARDIA: 
EDUCAÇÃO BÁSICA E PROBLEMATIZAÇÃO DA HISTÓRIA 
 
 Relatório final relativo às atividades de Estágio 
Supervisionado de Formação de Professores de História, 
elaborado pelos acadêmicos Fabiano Marques da Costa e 
Jônatas Ferreira da Lima, sob a orientação da Profa. Dra. 
Crislane Azevedo no semestre 2012.1, como parte 
integrante do processo para a obtenção do grau de 
Licenciado em História. 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por trás dos grandes vestígios sensíveis da paisagem, os 
artefatos ou as máquinas, por trás dos escritos aparentemente 
mais insípidos e as instituições aparentemente mais desligadas 
daqueles que a criaram, são os homens que a história quer 
capturar. Quem não conseguir isso será apenas, no máximo, 
um serviçal da erudição. Já o bom historiador se parece com o 
ogro da lenda. Onde fareja carne humana sabe que ali esta sua 
caça. 
Marc Bloch. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
B”H. À professora orientadora Crislane Azevedo, que nos instigou aos planejamentos, 
postura docente, pelas várias sugestões e acompanhamento nas quatro fases desse processo de 
Estágio; Aos historiadores, Marc Bloch Z”L, Lucien Febvre (in memoriam), Fernand Braudel 
(in memoriam), Josep Fontana, ao sociólogo Norbert Elias Z”L e ao educador Paulo Freire (in 
memoriam), dentre muitos outros, que contribuíram na produção deste, por seus estudos, 
publicações e dedicação à profissão; Aos professores ao qual tive contato, por toda a 
informação, orientação, indicações, dadas ao longo destes anos de curso; Aos meus colegas de 
curso, de todas as turmas que me deparei, pelas experiências compartilhadas, atividades 
realizadas, estudos em grupo, em destaque o Fabiano que, apesar das divergências culturais, 
nos aturamos nessas vivências universitárias, na produção deste Relatório e nos tornamos 
colegas; À todos os professores que reencontrei ao longo deste curso, nas experiências do 
estágio no FLOCA e às duas profªs de história, ambas Marluce, que conheci na minha 
infância. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
No decorrer do século XX diversos movimentos historiográficos propuseram reformulações no metiér 
do historiador. Entre esses, os que mais influenciaram na renovação da escrita da história foi o 
movimento dos Annales na França, idealizado por Lucien Febvre e Marc Bloch, e o que se 
convencionou chamar de Escola Social Inglesa, que tem na figura dos historiadores Eric Hobsbawm e 
Edward P. Thompson seus principais representantes. Na historiografia brasileira esses movimentos 
tiveram ecos. Reapropriando-se das metodologias e teorias desenvolvidas e utilizadas por esses 
movimentos, os historiadores brasileiros passaram a estudar e interpretar as realidades pretéritas 
brasileiras, promovendo também uma renovação de temas-fontes-métodos. Contudo, o objetivo do 
presente estudo não é discutir uma “história da historiografia” que levou a esse estreitamento das 
reapropriações brasileiras às proposições desses movimentos, mas elas terminam servindo como “pano 
de fundo” para essa nossa proposta: refletir em que medida uma prática docente que prioriza a 
problematização da História na educação básica contribui para a formação cidadã dos estudantes, 
proposta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e os destinados ao ensino médio (PCN+). Tal 
proposta surgiu a partir das experiências nos estágios supervisionados de formação de professores, em 
que pudemos observar que, mesmo com essas novas discussões no campo da historiografia, o mais 
comum na prática dos professores de História na educação básica das escolas campo de estágio 
observadas, foi a perpetuação do estudo dos conhecimentos históricos a partir dos paradigmas da 
Escola Metódica e de correntes ortodoxas do marxismo. Neste sentido, os estudantes terminam 
construindo um conceito de História em que ideias não mais trabalhadas pela historiografia permeiam 
todas as aulas. Cenário este já apresentado por Josep Fontana, em Introdução ao estudo da Historia 
Geral, para delinear essas realidades: em que os professores das escolas de ensino básico buscam uma 
simplificação teórica e dos conteúdos ao ponto de subestimar a capacidade dos estudantes em aprender 
e se integrarem às discussões propostas atualmente, simplificando ao ponto de se perder 
importantíssimos elementos das temáticas estudadas; limitando-os a aprender, de forma simplista e 
caquética, flashes da história econômica e/ou política. Fontana defende, pelo contrário, que os 
profissionais de história que atuam na educação básica devem apresentar os problemas norteadores da 
historiografia atual aos seus estudantes, partindo de questionamentos complexos e conduzindo-os a 
uma tentativa de criticar, analisar e perceber como esses conhecimentos podem ser utilizados em suas 
vivências sociais. Nessa perspectiva, mesmo que tardia, a inserção da História problema se faz 
necessária para que os estudantes possam ser melhor preparados para as realidades vivenciadas dentro 
e fora dos muros da escola, ou seja, por defendermos que essa História viabiliza uma formação cidadã 
aos estudante, é que ela deve se fazer presente na realidade da educação básica – não de maneira 
provisória ou em curtos planos de ensino propostos por professores-estagiários, mas como práticas 
habituais dos professores efetivos que assumam as turmas desse nível de ensino, inclusive, se for o 
caso, regimentado nos projetos políticos pedagógicos das escolas. Como já mencionado, o presente 
estudo é o resultado das reflexões feitas durante os quatro estágios de formação de professores de 
História, cursados entre os anos de 2010 e 2012. Durante este período tivemos a oportunidade de 
estagiar em duas escolas da rede pública de ensino do Estado do Rio Grande do Norte: E. E. Des. 
Floriano Cavalcanti e E. E. Prof. Anísio Teixeira. Sendo os três primeiros estágios vivenciados apenas 
nessa primeira escola, em que realizamos a observação da prática docente em uma turma da 1ª série do 
ensino médio, a intervenção na escola e o estágio supervisionado no ensino fundamental em uma 
turma de 9º ano. No estágio supervisionado de formação de professores para o ensino médio é que 
inserimos a segunda escola como campo de reflexão para a problemática estudada. 
 
Palavras-chaves: Problematização da História; Prática Docente; Educação Básica. 
. 
 
 
 
 SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 10 
 
CAPÍTULO 1 – OBSERVAÇÃO DA ESCOLA: UM OUTRO MOMENTO DA 
FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................... 15 
 
1.1 ESTRUTURA FÍSICA: CARACTERÍSTICAS E USOS......................................... 17 
 
1.2 RECURSOS HUMANOS ........................................................................................ 22 
 
1.3 ESTRUTURA DE FUNCIONAMENTO ................................................................ 24 
 
1.4 DINÂMICA SOCIO-CULTURAL DA ESCOLA ................................................... 25 
 
1.5 CARACTERIZAÇÃO DA TURMA ....................................................................... 26 
1.5.1 Quanto à atuação de alunos (as) ......................................................................... 27 
1.5.2 Aspectos que constituem dificuldades no fazer pedagógico ............................. 30 
 
1.6 OBSERVAÇÕESDAS AULAS .............................................................................. 31 
1.6.1 Observação nº 1. Data: 02/09/2010 ..................................................................... 31 
1.6.2 Observação nº 2. Data: 02/09/2010 ..................................................................... 33 
1.6.3 Observação nº 3. Data: 09/09/2010 ..................................................................... 34 
1.6.4 Observação nº 4. Data: 14/09/2010 ..................................................................... 35 
1.6.5 Observação nº 5. Data: 14/10/2010 ..................................................................... 36 
1.6.6 Observação nº 6. Data: 21/10/2010 ..................................................................... 37 
 
1.7 CONSIDERAÇÕES: ANÁLISES, DEMANDAS E PERSPECTIVAS .................. 38 
 
CAPÍTULO 2 – UMA INSERÇÃO TARDIA: A HISTÓRIA PROBLEMA NA 
EDUCAÇÃO ESCOLAR ................................................................ 39 
 
2.1 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 41 
 
2.2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................... 42 
 
 
2.3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 42 
 
2.4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 43 
 
2.5 REVISÃO TEÓRICO-BIBLIOGRÁFICA .............................................................. 45 
 
2.6 CRONOGRAMA ..................................................................................................... 49 
 
CAPÍTULO 3 – A PRIMEIRA INTERVENÇÃO NO COTIDIANO ES COLAR......50 
 
3.1 REFLEXÕES SOBRE A DOCÊNCIA EM HISTÓRIA ..............................................52 
3.1.1 História e atuais Propostas Curriculares ...............................................................52 
3.1.2 Aprendizagem em História ......................................................................................54 
3.1.3 Aula expositiva..........................................................................................................55 
3.1.4 Estudo de texto..........................................................................................................55 
3.1.5 Estudo dirigido..........................................................................................................56 
3.1.6 Debate e discussão ....................................................................................................57 
3.1.7 Seminários .................................................................................................................58 
3.1.8 Conteúdos escolares em História ............................................................................58 
3.1.9 A renovação dos conteúdos e métodos no Ensino de História..............................60 
3.1.10 Livros e materiais didáticos em História..............................................................60 
3.1.11 Fontes e diferentes linguagens no ensino..............................................................61 
3.1.12 Transversalidade e ensino de História..................................................................62 
3.1.13 Ensino de História, educação e currículo promotor 
das relações étnico-raciais.....................................................................................63 
 
3.2 O CAMPO DA PRÁTICA E O PLANEJAMENTO PARA A INTERVENÇÃO .......65 
3.2.1 A escola campo de estágio: estrutura física e recursos humanos.........................65 
3.2.2 O 9º ano “B”: algumas considerações.....................................................................67 
3.2.3 A monitoria: conhecendo algumas limitações e necessidades do 9º ano “B” ......68 
3.2.4 A História problema na educação básica: uma possibilidade de intervenção ....70 
 
3.3 HISTÓRIA PROBLEMA E EDUCAÇÃO BÁSICA: NARRATIVAS E 
REFLEXÕES ................................................................................................................74 
3.3.1 Uma História problema é possível: narrativas da intervenção ............................75 
 
 
3.4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E OUTRAS REFLEXÕES PERTINETES.............82 
 
CAPÍTULO 4 – NARRATIVAS DE UMA DOCÊNCIA: ENTRE O EN SINO 
 E A PROBLEMATIZAÇÃO DA HISTÓRIA................................... 86 
 
4.1 RELATO DAS AULAS .............................................................................................. 87 
4.1.1 Relato de aula nº 01: Apresentação do plano da unidade (2º bimestre).............88 
4.1.2 Relato de Aula nº 02: Crise da década de 1920 e o “Crash” de 1929 .................90 
4.1.3 Relato de Aula nº 03: Aplicação do Questionário-pesquisa aos estudantes .......92 
4.1.4 Relato de Aula nº 04: A formação dos Totalitarismos (década de 1930)............93 
4.1.5 Relato de Aula nº 05: Grupos totalitários: Nazismo e Fascismo 
 (década de 1930) ......................................................................94 
4.1.6 Relato de Aula nº 06: Não houve aula ....................................................................96 
4.1.7 Relato de Aula nº 07: Segunda Guerra Mundial (1939-1945)..............................96 
4.1.8 Relato de Aula nº 08: Revisão dos conteúdos trabalhados em sala de aula ........97 
4.1.9 Relato de Aula nº 09: Aplicação da Prova Individual Final 
 (valor máx. 5pt).........................................................................................................99 
4.1.10 Relato de Aula nº 10: Entrega das atividades avaliativas..................................100 
4.1.11 Relato de Aula nº 11: Aplicação do instrumento de pesquisa II .......................101 
 
4.2 ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA: 
 MOMENTO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL ...................................................... 102 
4.2.1 Aspectos Relativos ao Manual do Professor...........................................................104 
4.2.2 Aspectos Históricos...................................................................................................109 
4.2.3 Aspectos Pedagógicos ...............................................................................................112 
4.2.4 Aspectos Voltados Para a Promoção da Cidadania ..............................................114 
4.2.5 Aspectos Relativos ao Projeto Gráfico e Editorial da Obra .................................115 
 
CAPÍTULO 5 – EDUCAÇÃO BÁSICA E PROLEMATIZAÇÃO DA HI STÓRIA: 
 EM BUSCA DA AUTONOMIA CIDADÃ .........................................118 
 
5.1 CARACTERIZANDO O ESPAÇO E OS SUJEITOS .................................................122 
 
5.2 EDUCAÇÃO BÁSICA E PROLEMATIZAÇÃO DA HISTÓRIA: 
 REFLEXÕES DE UMA INSERÇÃO TARDIA ..........................................................123 
 
 
5.3 EDUCAÇÃO BÁSICA E PROLEMATIZAÇÃO DA HISTÓRIA: 
 UMA DEFESA NECESSÁRIA .................................................................................. 137 
 
CAPÍTULO 6 – A DOCÊNCIA NO ENSINO MÉDIO: NOVAS EXPE RIÊNCIAS, 
VELHAS IMPRESSÕES .................................................................... 140 
 
6.1 A ESCOLA E SEUS PROGRAMAS: REALIDADES OBSERVADAS.................... 141 
 
6.2 O TEMPO EXPERIENCIADO EM SALA DE AULA: RELATO E ANÁLISE ...... 144 
6.2.1 Aula 01 – 22/03/2012................................................................................................ 145 
6.2.2 Aula 02 – 26/03/2012................................................................................................ 145 
6.2.3 Aula 03 – 29/03/2012................................................................................................ 146 
6.2.4 Aula 04 – 02/04/2012................................................................................................148 
6.2.5 Aula 05 – 05/04/2012................................................................................................ 150 
6.2.6 Aula 06 – 09/04/2012................................................................................................ 150 
6.2.7 Aula 07 – 12/04/2012................................................................................................ 152 
6.2.8 Aula 08 – 16/04/2012................................................................................................ 154 
6.2.9 Aula 09 – 19/04/2012................................................................................................ 156 
6.2.10 Aula 10 – 23/04/2012.............................................................................................. 159 
6.2.11 Aula 11 – 26/04/2012.............................................................................................. 162 
6.2.12 Aula 12 – 30/04/2012.............................................................................................. 164 
6.2.13 Aula 13 – 03/05/2012.............................................................................................. 166 
6.2.14 Aula 14 – 07/05/2012.............................................................................................. 168 
6.2.15 Aula 15 – 10/05/2012.............................................................................................. 170 
 
CAPÍTULO 7 – A DOCÊNCIA NO ENSINO MÉDIO................................................ 173 
 
7.1 AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES ................................................................................. 
 
7.2 O RELATO DE ANÁLISE DAS AULAS................................................................... 
7.2.1 Aula 01 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.2 Aula 02 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.3 Aula 03 – 22/03/2012................................................................................................ 
 
7.2.4 Aula 04 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.5 Aula 05 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.6 Aula 06 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.7 Aula 07 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.8 Aula 08 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.9 Aula 09 – 22/03/2012................................................................................................ 
7.2.10 Aula 10 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.11 Aula 11 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.12 Aula 12 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.13 Aula 13 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.14 Aula 14 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.15 Aula 15 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.13 Aula 16 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.14 Aula 17 – 22/03/2012.............................................................................................. 
7.2.15 Aula 18 – 22/03/2012.............................................................................................. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 174 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 177 
 
ANEXOS ........................................................................................................................... 179 
 10 
INTRODUÇÃO 
 
No decorrer do século XX diversos movimentos historiográficos propuseram 
reformulações no metiér do historiador. Entre esses, os que mais influenciaram na renovação 
da escrita da história foi o movimento dos Annales na França, idealizado por Lucien Febvre e 
Marc Bloch, e o que se convencionou chamar de Escola Social Inglesa, que tem na figura dos 
historiadores Eric Hobsbawm e Edward P. Thompson seus principais representantes. Na 
historiografia brasileira esses movimentos tiveram ecos. Reapropriando-se das metodologias e 
teorias desenvolvidas e utilizadas por esses movimentos, os historiadores brasileiros passaram 
a estudar e interpretar as realidades pretéritas brasileiras, promovendo também uma renovação 
de temas-fontes-métodos. Contudo, o objetivo do presente estudo/relatório não é discutir uma 
“história da historiografia” que levou a esse estreitamento das reapropriações brasileiras às 
proposições desses movimentos, mas elas terminam servindo como “pano de fundo” para essa 
nossa proposta: refletir em que medida uma prática docente que prioriza a problematização da 
História na educação básica contribui para a formação cidadã dos estudantes, proposta pelos 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e os destinados ao ensino médio (PCN+). 
Tal proposta surgiu a partir das experiências nos estágios supervisionados de formação 
de professores, em que pudemos observar que, mesmo com essas novas discussões no campo 
da historiografia, o mais comum na prática dos professores de História na educação básica das 
escolas campo de estágio observadas, foi a perpetuação do estudo dos conhecimentos 
históricos a partir dos paradigmas da Escola Metódica e de correntes ortodoxas do marxismo. 
Neste sentido, os estudantes terminam construindo um conceito de História em que ideias não 
mais trabalhadas pela historiografia permeiam todas as aulas. Cenário este já apresentado por 
Josep Fontana, em Introdução ao estudo da Historia Geral, para delinear essas realidades: em 
que os professores das escolas de ensino básico buscam uma simplificação teórica e dos 
conteúdos ao ponto de subestimar a capacidade dos estudantes em aprender e se integrarem às 
discussões propostas atualmente, simplificando ao ponto de se perder importantíssimos 
elementos das temáticas estudadas; limitando-os a aprender, de forma simplista e caquética, 
flashes da história econômica e/ou política. Fontana defende, pelo contrário, que os 
profissionais de história que atuam na educação básica devem apresentar os problemas 
norteadores da historiografia atual aos seus estudantes, partindo de questionamentos 
complexos e conduzindo-os a uma tentativa de criticar, analisar e perceber como esses 
conhecimentos podem ser utilizados em suas vivências sociais. 
 11 
Nessa perspectiva, mesmo que tardia, a inserção da História problema se faz 
necessária para que os estudantes possam ser melhor preparados para as realidades 
vivenciadas dentro e fora dos muros da escola, ou seja, por defendermos que essa História 
viabiliza uma formação cidadã aos estudante, é que ela deve se fazer presente na realidade da 
educação básica – não de maneira provisória ou em curtos planos de ensino propostos por 
professores-estagiários, mas como práticas habituais dos professores efetivos que assumam as 
turmas desse nível de ensino, inclusive, se for o caso, regimentado nos projetos políticos 
pedagógicos das escolas. 
Como já mencionado, o presente relatório é o resultado das reflexões feitas durante os 
quatro estágios de formação de professores de História, cursados entre os anos de 2010 e 
2012.Durante este período tivemos a oportunidade de estagiar em duas escolas da rede 
pública de ensino do Estado do Rio Grande do Norte: E. E. Des. Floriano Cavalcanti e E. E. 
Prof. Anísio Teixeira. Sendo os três primeiros estágios vivenciados apenas nessa primeira 
escola, em que realizamos a observação da prática docente em uma turma da 1ª série do 
ensino médio, a intervenção na escola e o estágio supervisionado no ensino fundamental em 
uma turma de 9º ano. No estágio supervisionado de formação de professores para o ensino 
médio é que inserimos a segunda escola como campo de reflexão para a problemática 
estudada. 
 
Entre os meses de setembro e outubro de 2010 foram realizadas as observações 
necessárias para o desenvolvimento do relato de tipo etnográfico solicitado pela disciplina de 
Estágio Supervisionado de Formação de Professores I (História) na Escola Estadual 
Desembargador Floriano Cavalcanti. A partir dessas observações buscamos identificar 
principalmente a metodologia empregada pelo profissional de História que lá estava. O que 
identificamos com essas é que a História ainda é reconhecida segundo os paradigmas da 
Escola Metódica e de correntes marxistas ortodoxas, pois, tanto os estudantes como o 
profissional de História observado, estudavam os conhecimentos históricos a partir das ideias: 
a) de uma verdade “absoluta”, que estava, geralmente, presente no livro didático; b) de que a 
História estuda os grandes nomes, heróis e acontecimentos do passado, para que se possa 
entender o presente e prever o futuro; c) que a sociedade está estratificada em classes sociais 
bem definidas, e que a história é “contada” a partir do continuo enfrentamento entre “os 
dominantes e dominados”; d) de uma utilização anacrônica dos conceitos históricos; entre 
outras visões distorcidas do que é o conhecimento histórico. Assim, este conhecimento 
 12 
termina não sendo utilizado como força motriz para tornar os estudantes capazes de “ler” a 
realidade que os cercam. 
Após esse diagnóstico preocupante de como o conhecimento histórico estava sendo 
“discutido” na escola campo de estágio observada, optou-se por desenvolver um projeto de 
pesquisa (apresentado no Capítulo II) que não se limitasse apenas a inserção de novos 
recursos didáticos às salas de aula da educação básica, mas que visasse discutir a introdução 
das “novas” discussões historiográficas feitas pela academia nesse nível de ensino. Nesta 
perspectiva, por reconhecermos a sala de aula como um espaço privilegiado para a 
sistematização dos conhecimentos históricos, reflexão da eficácia desses no processo de 
formação cidadã dos estudantes e da própria prática profissional dos professores, é que 
estabelecemos como principal objetivo dessa pesquisa a investigação sobre em que medida 
uma prática docente que prioriza a problematização da História na educação básica contribui 
para a formação cidadã dos estudantes. 
No processo de construção do projeto de pesquisa mantivemos sempre como norte a 
afirmativa do Paulo Freire de que “se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, 
tampouco sem ela a sociedade muda”; isso porque, após observarmos a realidade 
experienciada pelos estudantes na disciplina de História, é que a validade dessa frase se faz 
mais sintomática, pois, os mesmos, ao se encontrarem em uma situação que não os desafiam, 
termina por torná-los acomodados e conformados com o nível de ensino que lhes é oferecido, 
não vendo a educação como fator modificador das suas realidades. 
Para justificar tal proposta de pesquisa recorremos aos Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN) e os destinados ao ensino médio (PCN+), pois, no inicio do texto dos PCN-
História (5ª a 8ª série) já nos é apresentado “a necessidade de se construir uma escola voltada 
para a formação de cidadãos” (BRASIL, 1998, p. 5) e entre seus objetivos encontramos a 
compreensão da cidadania como participação social e política, e o posicionamento de maneira 
crítica, responsável e construtiva como sendo fundamentais para a efetivação dessa escola 
voltada para a cidadania. 
Já nos PCN+, destinados para o ensino médio, encontramos a seguinte citação: 
 
Mais do que reproduzir dados, denominar classificações ou identificar 
símbolos, estar formado para a vida, num mundo como o atual, de tão 
rápidas transformações e de tão difíceis contradições, significa saber se 
informar, se comunicar, argumentar, compreender e agir, enfrentar 
problemas de qualquer natureza, participar socialmente, de forma prática e 
solidária, ser capaz de elaborar críticas ou propostas e, especialmente, 
adquirir uma atitude de permanente aprendizado (BRASIL, 2002, p. 9). 
 13 
 
Assim, em consonância com o que os PCN e os PCN+ defendem, em relação à 
formação do cidadão crítico, o nosso projeto de pesquisa se justificou socialmente por buscar 
analisar que contribuições a inserção dessa História problema na educação básica dariam para 
que tais objetivos fossem atingidos. 
Percebermos ainda, que os conhecimentos desenvolvidos na academia terminam não 
sendo apropriados pela educação básica, e com isso, as discussões da abertura da História 
para as novas problemáticas, novos temas, novos objetos e novas fontes não refletem no 
conhecimento escolar de História. Logo, justificamos nossa pesquisa, também, a partir dessa 
perspectiva “científico-histórica”, por discutirmos como a inserção da História Problema 
nesse espaço, já referenciado, contribuirá para que se intensifiquem tais diálogos entre a 
academia e as escolas de educação básica; tornando-se relevante tanto para uma atuação mais 
coerente com o que se discute nas universidades como por contribuir, também, para a 
consolidação da “escola voltada para a formação de cidadãos”, como já foi aqui defendida. 
Essas e outras discussões serão tratadas mais detalhadamente neste relatório final nos 
capítulos I e II, Observação da escola: um outro momento da formação profissional e Uma 
inserção tardia: a história problema na educação escolar, respectivamente. 
 
Já o Capítulo III, A primeira intervenção no cotidiano escolar, consiste na reflexão 
das experiências adquiridas com o Estágio Supervisionado de Formação de Professores II 
(História), que teve, entre outros objetivos, enfocar a importância da participação ativa na 
vida da escola e da comunidade desenvolvendo e promovendo o acompanhamento das 
reuniões pedagógicas e dos conselhos escolares; elaboração e desenvolvimento de projetos de 
integração escola/comunidade, tais como: organização de grupos de estudos com pais, alunos 
e professores; oferta de mini-cursos; organização de eventos culturais e outros. 
Assim como no primeiro estágio, a escola campo de estágio escolhida para 
realizarmos as observações/monitorias e as atividades (intervenção) solicitadas neste 
componente curricular, foi a Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti, mais 
especificamente uma turma de 9º ano do ensino fundamental. 
Após a conclusão da intervenção na escola campo de estágio, algumas reflexões 
precisaram ser feitas, para que pudéssemos iniciar a nossa análise sobre o que percebemos 
com a inserção da História Problema na educação básica. Primeiro: as estratégias empregadas 
foram bem sucedidas? E também: os objetivos foram adequados ao público? Tais reflexões 
são feitas no decorrer desse capítulo III. 
 14 
 
Complementando os dois momentos anteriores, o componente curricular Estágio 
Supervisionado de Formação de Professores para o Ensino Fundamental (História) consistiu 
na orientação ministrada pela docente Crislane Azevedo que se volta para a produção de mais 
dois capítulos a serem acrescentados no Relatório de Estágio. Tais capítulos, IV (Narrativas 
de uma docência: entre o ensino e a problematização da história) e V (Educação básica e 
prolematização da história: em busca da autonomia cidadã), tratam, respectivamente, da 
Experiência docente no ensino fundamental e do Ensaiosobre a aplicação do Projeto na 
escola campo de estágio. 
 
Já a disciplina Estágio Supervisionado de Formação de Professores para o Ensino 
Médio (História), consistiu na docência temporária no ensino médio público. Diferente dos 
Estágios anteriores, nos quais ambos os estagiários atuaram em conjunto na E. E. Des. 
Floriano Cavalcanti – desde a caracterização desta até a aplicação do projeto na docência no 
ensino fundamental –, este foi vivenciado também na E. E. Prof. Anísio Teixeira. Com o 
desenvolvimento das atividades do presente estágio nessas duas instituições de ensino, pode-
se ampliar o campo de aplicação do projeto inicial; por conseguinte, a sua avaliação em 
realidades diferentes para a qual foi planejado, ou a partir do qual foi elaborado. 
Assim como na primeira experiência em sala de aula da educação básica na E. E. Des. 
Floriano Cavalcanti, ainda no Estágio Supervisionado de Formação de Professores I 
(História), deparamo-nos com um cenário semelhante nessa segunda instituição de ensino, E. 
E. Prof. Anísio Teixeira. Tais questões são detalhadas nos capítulos VI e VII do presente 
relatório, sendo o primeiro, A docência no ensino médio: novas experiências, velhas 
impressões, fruto das vivências do professor-estagiário Jonatas Ferreira de Lima na E. E. Prof. 
Anísio Teixeira e o segundo, ..........................................., das do professor-estagiário Fabiano 
Marques da Costa na E. E. Des. Floriano Cavalcanti. 
 
 15 
CAPÍTULO 1 – OBSERVAÇÃO DA ESCOLA: UM OUTRO MOMENTO DA 
FORMAÇÃO PROFISSIONAL 
 
 
Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, 
tampouco sem ela a sociedade muda. 
Paulo Freire. 
 
A escola campo de estágio escolhida por nós para realizarmos as observações 
solicitadas no componente curricular Estágio Supervisionado de Formação de Professores I 
(História) foi a Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti, localizada na Rua dos 
Manacás, s/n, Conjunto Mirassol, Capim Macio, Natal, sob CEP 59078050, no estado do Rio 
Grande do Norte, CGC/MF nº 0884180410001-94. 
A Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti foi fundada em 8 de fevereiro 
de 1979, pela portaria de autorização de nº 7.548 de mesma data. Nessa época atendia a uma 
capacidade de 1600 estudantes, distribuídos em 19 salas de aula, era oferecido aulas para 
estudantes do 1º grau, 2º grau, e formação profissionalizante básica, com disciplinas 
diversificadas do núcleo comum do 2º grau. Eram acomodados cerca de 30 estudantes por 
sala. Além dessas salas, a estrutura física da Escola era constituída por uma biblioteca, uma 
sala para técnicas industriais, uma sala para técnicas comerciais, uma sala para técnicas 
agrícolas e dois laboratórios de ciências. A primeira diretora foi a Senhora Maria da Salete 
Belo de Vasconcelos. 
Desde a sua fundação a presente escola teve os seguintes diretores: Maria da Salete 
Belo de Vasconcelos (1979-1989), José Nicodemus Filgueira (1990-1994), Terezinha Araújo 
de Farias (1995-2000), José Roberto de Morais (2000-2004), Leila Bezerra da Silva (2004-
2005), José Roberto de Morais (2005-2006), Ohara Tereza da Silva Pacheco (2007-2010). 
Atualmente a escola está passando pelo processo eleitoral, e como a atual diretora não pode 
mais sair candidata, pois já foi eleita por dois mandatos seguidos, a atual vice-diretora, Ana 
Mércia Belo de Carvalho, sairá candidata, além de uma oposição que está se constituindo, 
formada por duas professoras do turno matutino e dois do vespertino. 
Em 1998 a Escola ganhou o Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, 
concedido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação/CONSED, pela União 
Nacional de Dirigentes Municipais/UNDIME e pela Organização das Nações Unidas para a 
Educação, Ciência e Cultura/UNESCO, recebendo o título de Escola Referência Nacional de 
Gestão. 
 16 
Contemporaneamente, a Escola, conhecida como FLOCA, após passar por diversas 
reformas e reestruturações físicas, passou a ter em sua estrutura, 26 salas de aulas, chegando a 
atender uma média de 3400 estudantes, nos três turnos, sendo oferecidas aulas do 6º ano do 
ensino fundamental à 3ª série do ensino médio da educação básica regular, também estudantes 
matriculados no EJA, além dos atendidos pelo Pró-Jovem Urbano. 
A feitura do Projeto Político Pedagógico Institucional da Escola está em andamento. 
Duas pessoas estão coordenando essa elaboração: a integrante da coordenação pedagógica, 
Idalina, e a Profª. Valéria, de educação física. Recentemente essas apresentaram as discussões 
iniciais sobre o PPPI, em uma reunião administrativa; estavam presentes a diretora, Ohara 
Tereza, a vice-diretora, Ana Mércia, alguns professores, entre os quais identificamos: as 
professoras Inês, Catarina, Maria Fidelis, entre outras, e os professores Letácio, João 
Damasceno, Enéas e outros, além de integrantes da coordenação pedagógica, e quatro 
estagiários do curso de História da UFRN, entre os quais os dois que apresentam esse 
relatório etnográfico, e também João Batista de Araújo e Jussier Ribeiro Vieira da Silva. 
Por ser uma Escola com uma boa “reputação” e localização geográfica, com diversas 
opções de transporte coletivo, o FLOCA atrai muitos “candidatos à vaga”, alguns pais 
precisaram dormir na Escola para poder garantir as matrículas dos seus filhos. Neste sentido, 
80% dos seus estudantes, aproximadamente, provem de bairros periféricos; principalmente 
das zonas norte e oeste de Natal, além das cidades próximas à capital, como Parnamirim, 
Macaíba e São Gonçalo do Amarante. 
Em Natal, o conjunto Mirassol é considerado uma localidade privilegiada, pois 
concentra, entre seus moradores, pessoas da classe média, ou classe “B”, como indica 
documento fornecido pela secretaria (em anexo). Na sua maioria, a população dessa área é 
composta por funcionários públicos e trabalhadores autônomos. 
Esse trabalho foi feito a partir da solicitação da professora do componente curricular já 
referenciado. Inicialmente identificamos essa proposta de atividade como algo construtivo 
para a nossa formação profissional, pois nos permitiria ter um maior contato, e “acúmulo” de 
experiências da realidade escolar, em que brevemente atuaremos; porém, no decorrer da 
feitura dessa percebemos que alguns dos pontos de observação são desnecessários ou menos 
importantes para esse processo de aprendizagem. Entre esses, identificamos: “Estrutura 
Física” e “Recursos Humanos”. 
Sobre a Estrutura física, justificamos esse posicionamento por acreditarmos que o 
professor não precisa saber, detalhadamente, sobre todos os espaços físicos da escola; os que 
serão importantes para a sua atuação enquanto professor, serão identificados ao longo de suas 
 17 
experiências escolares, sendo dispensável realizar um levantamento dessa estrutura. Além do 
tempo despendido para tal feitura, o profissional de História em formação perde a 
oportunidade de observar outros pontos da dinâmica escolar, que consideramos mais 
construtivos para a sua futura atuação, como por exemplo, a própria observação da dinâmica 
sócio-cultura da escola, já solicitada pela professora do Estágio Supervisionado I (História), 
mas que não pode ser dado maior relevância devido o curto tempo para a feitura desse relato, 
além de termos outros itens, que consideramos menor importantes, para se preocupar em 
observar. Tais argumentos podem ser utilizados também para o item Recursos Humanos. 
Outra sugestão que deixamos, é a observação, na Secretaria de Educação do Estado e na 
Escola Campo de Estágio, de como se deve proceder para solicitar a implantação de projetos 
educacionais financiados/fomentados por essa secretaria de estado; além da identificação dos 
cursos de formação continuada oferecidos pela mesma secretaria. 
Aproveitamos esse momento para deixar registrado que as experiências 
proporcionadas pela feitura dos itens: “Observação das Aulas”, “Caracterização da Turma”, 
“DinâmicaSócio-Cultural da Escola” e “Estrutura de Funcionamento”, respectivamente nessa 
ordem, foram bastante significativas na nossa formação profissional. 
 
 
1.1 ESTRUTURA FÍSICA: CARACTERÍSTICAS E USOS 
 
 
A Escola Estadual Desembargador Floriano Cavalcanti é uma das maiores escolas 
públicas do Estado, tanto em extensão territorial, ocupando todo um quarteirão do Conjunto 
Mirassol, como em área construída, e também número de estudantes matriculados, chegando a 
cerca de 2400 estudantes. Agora, apresentaremos o espaço físico que compõe estrutura dessa 
instituição de ensino básico. O que descreveremos aqui são os espaços que encontramos 
atualmente na Escola, mas lembramos que essa está passando por uma reforma, que visa 
reestruturar seus dependências físicas, para potencializá-las; quando identificado, tentaremos 
apresentar também quais os projetos e planos para utilização dos espaços descritos. 
 Para facilitar a identificação e descrição da estrutura físicos do FLOCA, optamos por 
apresentá-las em dez espaços distintos: estacionamento; bloco administrativo; pátio, quadra 
poliesportiva; bloco pedagógico e blocos A, B, C, D, E de aulas. 
O que estamos chamando de estacionamento é um espaço que fica entre o portão de 
entrada da Escola e o portão que dá acesso ao bloco administrativo, e às outras dependências 
 18 
dessa instituição. O chamamos assim, pois os professores e funcionários da Escola o utilizam 
como tal. Esse espaço é amplo, mas, atualmente, está passando por uma reestruturação, para 
torná-lo realmente um estacionamento. 
Já o Bloco Administrativo corresponde ao primeiro corredor, acessado pelo primeiro 
portão após o “estacionamento” da Escola. Ao passarmos pelo referido portão, contando 
sempre com a presença de um segurança (guarda patrimonial do Estado ou de empresa 
terceirizada), entrando no primeiro corredor a direita encontramos a Direção, o banheiro dos 
professores e funcionários, o almoxarifado, o arquivo dos estudantes, a Secretaria, a 
Biblioteca e o arquivo da escola. 
O espaço destinado à sala da direção tem um tamanho aparentemente suficiente para 
atender às demandas da comunidade escolar. Nela encontramos: a) duas mesas grandes, 
utilizadas pela diretora e vice-diretora para suas atividades cotidianas; b) duas cadeiras junto 
às mesas já citadas; c) uma mesa redonda, utilizada, nas vezes que fomos à direção, para 
acomodar materiais de expediente; d) três cadeiras para atendimento, e uma que fica junto à 
mesa redonda; e) uma mesa de computador, um micro-computador; f) uma estante metálica, 
na qual fica um televisor, utilizado para acompanhar, através de câmeras, os acontecimentos 
da Escola; g) três armários, para guarda de material de expediente; h) prateleiras, nas quais 
ficam os troféus conquistados pelos estudantes da Escola, em competições esportivas. 
Segundo informações coletadas na Escola, o horário de funcionamento da direção é das 7h às 
22h, havendo um revezamento entre a diretora e a vice-diretora para cumprir esse horário. 
Porém, em alguns momentos que fomos à essa sala a encontramos fechada.1 As funções 
desempenhadas pela diretoria é gerir a escola, funcionando como poder executor dessa 
instituição. Percebemos que há uma preocupação, por parte dessas gestoras, que haja uma 
participação da comunidade escolar no direcionamento das verbas, e na própria gestão 
escolar. Ligada a direção há uma antesala, na qual funciona a coordenação da escola. Nesta há 
três mesas, um microcomputador e alguns armários de aço esmaltado contendo documentos 
administrativos. 
Da sala de espera da direção temos acesso ao banheiro2 e ao almoxarifado, neste 
estão acomodados os livros didáticos que serão distribuídos aos estudantes, ou os que já 
 
1 Ao questionarmos sobre essa questão dos horários as diretoras justificaram esse “não cumprimento” por 
estarem envolvidas em outras atividades administrativas que não podem ser na direção da escola, como 
participar de reuniões na DIRED e no próprio FLOCA, inspecionar a obra de reestruturação da escola e da 
construção do ginásio, além da própria rotina escolar. Apesar de concordarmos que o trabalho de gestão da 
escola se dê para além do espaço da diretoria, acreditamos que seria mais interessante elaborar uma tabela de 
horários para atendimento da comunidade escolar. 
 
 19 
foram recolhidos desses; como são muitos livros para um espaço reduzido, aqueles terminam 
sendo colocados no chão, ou empilhados desordenadamente, dificultando o acesso aos 
mesmos. 
Saindo do corredor que direciona para as salas acima, e direcionando-nos para a 
próxima entrada, isto é, a segunda porta após a entrada pelo portão de acesso ao bloco 
administrativo, acessamos a Secretaria. Sendo dividida, por um grande balcão em forma de 
“L”, por onde os funcionários atendem às demandas da comunidade escolar. Nesse espaço 
encontramos: a) seis mesas e cadeiras utilizadas pelos funcionários; b) três cadeiras para 
espera de atendimento; c) três mesas na qual fica um micro computador em cada, 
acompanhada de cadeira para acomodar o usuário designado; d) dois armários grandes e um 
pequeno, nos quais são acomodados documentos emitidos ou recebidos pela Secretaria; e) um 
ventilador de teto. O horário de funcionamento dessa Secretaria é, assim como a direção, das 
7h às 22h, tendo como principal finalidade a emissão de documentos, tais como: matriculas, 
transferências, declarações, históricos escolares, entre outros documentos que dizem respeito 
a administração da escola. Ligada à Secretaria está o arquivo dos estudantes, esse espaço é 
dividido com uma espécie de copa, utilizada pelos funcionários que trabalham na secretaria da 
Escola para lancharem, ou tomar o “cafezinho”. Lá encontramos fichas de estudantes que 
ainda estão matriculados na Escola, mas em séries diferentes. A principal finalidade desse 
espaço é proporcionar um rápido acesso às informações dos estudantes matriculados – os 
funcionários dessa secretaria tratam esse espaço como sendo o “arquivo morto dos alunos”. 
 Saindo da Secretaria, a sala seguinte é a Biblioteca, nela encontramos um acervo de 
13993 livros catalogados e organizados, estando acomodados em cerca de 12 estantes de aço 
esmaltado; além do acervo bibliográfico, esta biblioteca conta com um acervo de jornais 
antigos. Todo este acervo está disponível para o acesso e consulta da comunidade escolar; 
além dessas funções a biblioteca é utilizada para a realização de estudos em grupo, aulas das 
disciplinas e reuniões no geral. Esse espaço deveria funcionar das 7h às 22h, mas devido a 
falta de uma bibliotecária ou funcionário disponível, a mesma é mantida fechada sendo aberta 
apenas para a realização de reuniões extraordinárias – segundo informações da própria 
direção da escola, que reclamou da limitação dos recursos humanos da escola. Além das ditas 
12 estantes, encontramos nesse espaço: a) uma mesa grande e retangular com uma cadeira; b) 
uma mesa retangular pequena e uma cadeira; c) onze mesas redondas pequenas, cada 
acompanhada com quatro cadeiras; dois ventiladores de teto e um computador. 
 
² Das vezes que o observamos estava limpo, e é bem conservado, ao contrário dos destinados aos estudantes; 
acreditamos que isso se deve ao fato dele ser utilizado apenas pelos professores e funcionários. 
 20 
O Arquivo da Escola é a quarta sala após a entrada no bloco administrativo. Embora 
não tenhamos tido acesso a esse espaço, foi-nos informado que era um local onde se mantinha 
acomodado e armazenado o Arquivo Permanente da escola, composto por fixas funcionas de 
funcionários e professores, ou seja, folhas de ponto, atas de reuniões, cadernetas de turma, 
atestados médicos dos professores e funcionários, entre outros. Nãosabemos informar que 
equipamentos estão nesta sala ou como esse acervo possa estar acomodado. 
Após o “bloco administrativo” segue uma escada que dá acesso ao Pátio. Este é 
coberto e amplo com alguns bancos em suas extremidades, possui bebedouros em má 
conservação e um telefone público. Através desse Pátio temos acesso ao Grêmio estudantil, 
que nos dias em que estivemos na escola para realizar as observações de caracterização, o 
referido espaço encontrava-se fechado, a Sala de cópias que encontra-se desativada, dois 
vestiários, masculino e femininos, de acesso aos alunos, encontram-se em estado deploráveis 
de conservação, sujos, altos graus de amônia gasosa e instalações de encanamento 
comprometidas.3 
Através do Pátio temos acesso também à Cozinha da escola, este espaço esta dividido 
em três cômodos: a) no primeiro, é distribuída a merenda escolar através de uma grande 
“janela”, encontramos ainda dois grandes balcões de alvenaria e algumas cadeiras; b) ao 
passarmos por esse, chegamos à cozinha propriamente dita, onde encontramos duas pias 
grandes de Inox, uma mesa, um fogão industrial, duas geladeiras e dois freezers; c) a direita 
da cozinha há uma dispensa na qual são armazenados os mantimentos. 
Atualmente, a quadra poliesportiva foi demolida para dar lugar a um ginásio, duas 
quadras para prática de voleibol de praia e futebol de areia. Antes de chegarmos a esse espaço 
encontramos uma cigarreira e uma lanchonete, nas quais os estudantes lancham, e se 
sociabilizam. 
Encontra-se ao lado esquerdo do Pátio o bloco pedagógico, neste espaço encontramos 
a sala dos professores; a coordenação pedagógica e a coordenação de esportes. A Sala dos 
professores está dividida em dois cômodos: a) no primeiro encontramos armários metálicos 
utilizado pelos professores para guardarem seus pertences e uma mesa redonda acompanhada 
geralmente de cinco cadeiras; b) este segundo espaço é composto de duas grandes mesas, 
cercadas por cadeiras, um “gelágua”, uma mesa com microcomputador e acesso à Internet, 
uma pia com espelho e toalha, uma mesa para servir os professores com merendas, nas 
extremidades encontramos cadeiras e dois sofás. 
 
3 A diretora justificou esta situação de quase inutilização destes vestiários pela limitação de recursos humanos, 
não havendo ASGs e técnicos suficientes para a manutenção e da higiene dos mesmos. 
 21 
Na segunda sala à direita encontra-se a Coordenação pedagógica. Esta sala também é 
dividida em dois espaços: a) a sala principal, onde essa equipe realiza suas atividades e atende 
às demandas da comunidade escolar, contém uma grande mesa no centro, com horários 
afixados das turmas matutinas e vespertinas e acompanhada de cadeiras e nas paredes 
observa-se os horários das turmas do turno matutino; b) a sala secundária comporta armários, 
estantes com livros, uma mesa, uma cadeira, uma mesa com microcomputador e diversos 
mapas. Esta coordenação funciona das 7h às 22h e tem por finalidade orientar e acompanhar 
os professores nas fases de planejamento e execução dos planos anuais de ensino, apóia os 
projetos e avalia o processo pedagógico na busca de um ensino eficiente viabilizando a 
formação integral dos estudantes. 
Não tivemos acesso à sala da Coordenação de esportes, porém nos foi informado que 
se trata de uma sala pequena, inadequada para receber equipes de atletas. 
O Bloco “A” de aulas encontra-se no corredor em frente à sala dos professores. À 
esquerda deste corredor, temos dois banheiros, masculino e feminino, para os estudantes, uma 
sala de vídeos e um laboratório de informática; à direita uma outra sala de vídeos; e em ambos 
lados salas de aula. Os banheiros são pequenos, sendo que no masculino há um sanitário, 
dois mictórios e uma pia, já o feminino é composto por dois sanitários e uma pia pequena. 
Neste bloco, encontramos quatro salas de aula, estruturadas com uma média trinta e cinco 
carteiras, um birô e uma cadeira para o professor, ventiladores, grupos de lâmpadas 
florescentes e um quadro branco com uma pequena parte para giz. No turno vespertino são 
acomodados os estudantes da primeira série do ensino médio. Já a sala de vídeo esta equipada 
uma TV de 29p, um Retroprojetor Digital, popularmente chamado de “data show”, uma tela 
para projeção, um aparelho de DVD, um aparelho de som, um microcomputador, um quadro 
branco e trinta e seis carteiras. Esta sala é utilizada pelos professores que necessitem de 
recursos áudios-visuais, e estes devem marcar horários para utilizá-la. Esta sala também é 
utilizada para reuniões administrativas. No Laboratório de Informática há 
aproximadamente vinte e cinco microcomputadores, sendo que nem todos estão em condições 
de uso. Ainda há nessa, um quadro branco para orientação. Há um micro central que gerencia 
todas as atividades e acessos dos outros computadores da rede, promovendo o controle da 
atividade dos estudantes. 
Após descer uma escada seguindo a entrada do “bloco pedagógico”, acessamos o 
Bloco “B” de aulas, que corresponde ao corredor da esquerda. Este é composto por banheiros 
semelhantes aos do Bloco A e seis salas de aulas com uma média de quarenta carteiras por 
turma. No turno vespertino, as salas são usadas pelos estudantes da 1º e 2º series do ensino 
 22 
médio. A direita deste mesmo corredor situa-se o Bloco “C” de aulas, que é composto por 
nove salas de aula, sendo o maior da escola. Dessas nove, oito são destinadas para a 1º série 
do ensino médio e uma para os da 3º série. Ao final do corredor, à direita do Bloco C, segue o 
Bloco “D” de aulas, sendo o menor dentre os da escola, composto apenas por, duas salas de 
aula, que são as maiores da escola, comportando cerca de cinquenta carteiras. Correspondem 
à salas da 3º série do ensino médio. Além dessas salas de aula o Bloco “D” é composto 
também pelo auditório da escola, que possui tamanho médio com cem cadeiras acolchoadas, 
um pequeno palco com um camarim por traz e um banheiro, hoje se encontra desativado. 
Seguindo a direita do bloco C, passando pelo D, subindo uma escada, temos o Bloco 
“E” de aulas. Neste corredor encontramos cinco salas de aula utilizadas para ministrar aulas 
para turmas de terceira serie do ensino médio. Entre estas salas, três já foram laboratórios de 
ciências. No final desse corredor observa-se dois banheiros sem identificação dos gêneros; 
estes, assim como os outros banheiros destinados ao uso dos estudantes se encontram em 
péssimo estado de conservação. 
 
 
1.2 RECURSOS HUMANOS 
 
 
 Dividimos os Recursos Humanos da escola em cinco grandes grupos: corpo docente, 
pessoal técnico-administrativo, pessoal de apoio, gestão da escola e corpo discente. O corpo 
docente da escola é constituído por 90 professores distribuídos nos três turnos: matutino são 
33, vespertino são 35 e noturno são 22. Dentre estes, a grande maioria são licenciados em suas 
respectivas áreas de atuação, porém, encontramos casos em que professores ministram aulas 
nas áreas onde não possuem formação superior e também algumas turmas tem como 
professor, estagiários, contratados pela Secretaria Estadual de Educação, que assumem as 
turmas sem nenhum tipo de supervisão. 
O quadro de funcionários técnico-administrativos é composto por: cinco auxiliares 
de secretaria, no turno vespertino, que alguns desses foram remanejados de outros cargos na 
escola. Não nos foi informado que cargos eram esses. Todos possuem ensino médio completo. 
Não identificamos também, a quantidade de auxiliares de secretaria nos demais turnos. Já a 
coordenação pedagógica é composta por: a) no matutino: dois funcionários com formação 
superior em Pedagogia; b) no vespertino: duas funcionarias com formação superior em 
 23 
Pedagogia e uma licenciada em Letras com habilitação em Língua Portuguesa; c) no noturno: 
não identificamos quem compõe a correspondente coordenação. 
Além desses, compondoos Recursos Humanos da escola há o pessoal de apoio, 
integrado por: três merendeiras, cinco ASGs e quatro porteiros de empresa terceirizada 
contratados pelo Estado. Todos esses desempenham suas funções de maneira satisfatória, 
exceto os ASGs, pois devido às grandes dimensões da escola não conseguem mantê-la limpa, 
principalmente os banheiros. Não procuramos saber a escolaridade desses funcionários. Há 
também, dois policiais militares da Guarda Patrimonial, exercendo a função de porteiro, um 
inspetor de corredor, contratado pelo Estado – acreditamos que este tenha ensino médio 
completo. Vinculado a escola existe um parceiro do “amigos da escola”, executando diversas 
atividades de apoio. 
A escola é gerida por uma diretora, uma vice-diretora, um coordenador administrativo 
financeiro e um secretário geral, além do conselho escolar que tem poder deliberativo. Este é 
composto por: dois professores do matutino, vespertino e noturno, sendo um titular e um 
suplente, dois estudantes de cada turma, dois funcionários de cada turno, dois pais de aluno de 
cada turno, a diretora e a vice-diretora; todos estes exercem função representativa de cada 
grupo, no qual todos tem poder de voz nas reuniões e apenas um representante de cada tem 
direito a voto. 
A partir de uma conversa informal com uma das pedagogas da coordenação 
pedagógica obtivemos informações sobre o corpo discente, nos foi informado que a maioria 
dos alunos são provenientes de zonas periféricas da cidade, em sua maioria da Zona Norte e 
Zona Oeste. A escola atende aos estudantes do sexto nível ao nono ano no turno matutino, 
primeira à terceira série do ensino médio no vespertino, primeira à terceira série do ensino 
médio além vários níveis da EJA no turno noturno. A origem social/econômica desses 
estudantes gira entorno da “classe média baixa”. É uma escola destinada a ambos os gêneros, 
apesar disso percebemos uma sutil maioria de pessoas de gênero feminino. Como a escola 
atente aos estudantes do sexto ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio e 
também da EJA, a faixa etária torna-se bastante diversificada, sendo sua maioria dos dez aos 
dezenove anos, mas também encontramos estudantes acima dos vinte anos, e alguns da 
terceira idade. Não questionamos o pessoal da equipe técnica quanto ao índice correspondente 
a evasões e repetências dos estudantes, contudo, tomando a sala observada como parâmetro, o 
índice de evasão gira em torno de 7% à 9% no total, assim como o índice de alunos 
repetentes. Ratificamos que estas afirmações estão baseadas na sala observada e estendidas 
por indução ao todo da escola. 
 24 
1.3 ESTRUTURA DE FUNCIONAMENTO 
 
 
Esta instituição atende a comunidade escolar nos três turnos: matutino, vespertino e 
noturno. No turno matutino são oferecidas aulas em 26 turmas, sedo estas: cinco turmas de 6º 
ano; seis turmas de 7º ano; sete turmas de 8º ano; e oito turmas de 9º ano. Assim como esse 
turno, no vespertino também são oferecidas aulas em 26 turmas, sendo: 11 turmas para a 1ª 
série do ensino médio; 8 turmas para 2ª série do ensino médio; e 7 turmas para a 3ª serie do 
ensino médio. Já no Noturno são oferecidas tanto para o ensino médio regular quanto para o 
EJA, sendo distribuídos em: 3 turmas de 1ª série do ensino médio; 3 turmas de 2ª série do 
ensino médio; 4 turmas de 3ª série do ensino médio; 2 turmas de 4º nível do EJA; 1 turma de 
5º nível de EJA. Logo, o FLOCA oferece aulas aos estudantes de ensino fundamental, médio 
e EJA; indo desde o 6º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio, no ensino 
regular, e aos estudantes de 4º e 5º nível de EJA. 
Por decisão do conselho escolar, desde o ano de 2007 as turmas só poderão ter, no 
máximo, quarenta estudantes, e esta deliberação vem sendo respeitada até o presente 
momento. Na turma em que realizamos as observações – 1º série do ensino médio, do ensino 
regular, no turno vespertino – foram matriculados 38 estudantes no inicio do ano, sendo que 
destes, dois foram transferidos para outras escolas e três estão evadidos nas aulas de História. 
Respeitando a legislação vigente, foram planejados, pelo corpo docente, coordenação 
pedagógica e direção, 200 dias letivos de aula; não nos foi possível vermos como esses 
estavam distribuídos ao longo dos bimestres, pois essa informação não estava muito clara para 
a coordenação pedagógica. 
Segundo foi informado pela direção da escola, a mesma fica aberta das 7h às 
22h20min, sendo que alguns setores funcionam das 7h às 22h, como é o caso da direção, da 
coordenação pedagógica, da secretaria e de outros. 
Quanto ao número de aulas ofertadas, nos turnos matutino e vespertino são cinco aulas por 
dia: no matutino o horário letivo vai das 7h às 11h30min, com um intervalo de 20min que vai 
das 9h30min às 9h50min; no vespertino, o horário de aula vai das 13h às 17h30min, com um 
intervalo de 20mim das 15h30min às 15h50min; e no turno noturno as aulas são realizadas 
das 19h às 22h20min com um intervalo de 10min que vai das 20h20min às 20h30min. A 
turma em que realizamos as observações tem quatro aulas de História semanais, sendo duas 
realizada nas terças-feiras no horário das 15h50min às 17h30min, e mais duas nas quintas-
feiras de 13h50min às 15h30min. 
 25 
1.4 DINÂMICA SOCIO-CULTURAL DA ESCOLA 
 
 
Tal dinâmica sócio-cultural que será aqui narrada por nós é fruto das nossas 
observações no FLOCA, referentes a seis dias de aula, um dia de observação da escola, uma 
reunião do conselho escolar, uma reunião administrativa, além da pesquisa que fizemos na 
secretaria da escola. 
Assim como na sociedade, as relações sociais na escola se dão através de interesses, 
disputas, escolhas e articulação de grupos. Entre os professores percebemos tais 
características de forma bastante explícitas, principalmente pelo fato da escola estar passando 
pelo processo eleitoral da nova direção. Assim, os professores estão se dividindo em três 
grandes grupos: um que apóia a atual gestão e que consequentemente apóia a candidata 
indicada por essa; outro que tem divergências com esta gestão e que propõe mudanças na 
estrutura administrativa da escola; e um terceiro grupo que procura não se indispor com os 
outros dois, não participando ativamente das discussões eleitorais. 
Alguns alunos acabam optando por “apoiar” o posicionamento do primeiro ou do 
segundo grupo, mas a grande maioria mostra-se indiferente ao que está acontecendo na 
escola, assistindo suas aulas e voltando para casa. Acreditamos que os professores devem 
estimular e orientar a participação dos estudantes na dinâmica escolar, contribuindo assim 
para uma formação cidadã. 
Percebemos uma grande diversidade de relações entre professores e alunos em sala de 
aula: há professores que procuram manter uma relação de afinidade com os alunos; há os que 
buscam fazer com que esses o temam; há ainda os que procuram seduzir os estudantes; os que 
não preparam suas aulas, mostrando não ser comprometidos com a educação dos estudantes; 
percebe-se também os que tratam alunos como “tabulas rasas”, reconhecendo o estudante 
como alguém a quem vai simplesmente transmitir o conhecimento; e diversos outros tipos já 
conhecidos. 
Assim como na sociedade, percebemos diversos grupos de estudantes na realidade 
dessa escola. Iremos apresentar alguns desses grupos, mas, não é nossa intenção generalizar 
ou reduzir as escolhas individuais pelo simples pertencimento a esses grupos. Identificamos 
os seguintes grupos de estudantes: emocores (emos), adeptos do forró (forrozeiros), adeptos 
da banda Grafith (grafiteiros), pop roqueiros, os gospels. Estes grupos apresentados fazem 
 26 
referências às preferências musicais, mas, como afirma Stuart Hall4, as identidades de grupo 
são compostas de elementos diversos, assim a identidade é múltipla e às vezes até 
contraditória. Nesta perspectiva, indivíduos podem participar de um grupo, mas gostarem de 
algunselementos de outro, como estilos de roupas, símbolos específicos, gírias, gostos 
musicais, entre outros. Então, a divisão que apresentamos acima é uma tentativa limitada e 
superficial de representar a realidade identitária dos estudantes do FLOCA, constituindo-se 
como uma possibilidade de representação dessa, a partir do olhar de um agente estranho à 
dinâmica sócio-cultural da escola. 
Tendo em vista que limitamos nossas observações ao espaço escolar, não podemos 
apresentar as relações estabelecidas entre os estudantes em dois shoppings e uma 
praça/quadra que ficam próximos a escola, eleita pelos estudantes como principal espaço de 
sociabilidade, e interação desses indivíduos. É no Pátio da escola onde os estudantes mais 
interagem entre si e estabelecem trocas de experiências, se alimentam e se divertem juntos, 
tanto nos intervalos, horários vagos, principalmente. 
 
 
1.5 CARACTERIZAÇÃO DA TURMA 
 
 
Realizamos uma pesquisa na documentação dos estudantes da turma observada que 
estão sob guarda da secretaria, autorizados pela direção da escola, para levantarmos 
informações sobre esses estudantes (ver anexo). 
A turma observada é de 1ª série de ensino médio, turma “C”, do turno vespertino, e 
possui 38 estudantes matriculados; desses, 18 são indivíduos do gênero masculino e 20 do 
gênero feminino. Quanto a divisão por idade, encontramos: dois estudantes de 16 anos de 
idade; três estudantes de 14 anos de idade; e 33 estudante de 15 anos de idade; identificou-se 
ainda a presença de 12 novatos, 3 repetentes, 2 transferidos e um evadido. Embora tenhamos 
buscamos obter informações junto à secretaria da escola e à coordenação pedagógica, sobre as 
profissões e/ou outras ocupações exercidas pelos estudantes, nenhum desses setores souberam 
responder a tais questionamentos, devido a uma não sistematização dessas informações. 
Cogitamos a possibilidade de realizar entrevistas individuais com os estudantes, mas, devido 
ao longo tempo que demandaria tal estratégia, optamos por não fazer tal levantamento. 
 
4 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP &A. 2003. 
 27 
1.5.1 Quanto à atuação de alunos (as) 
 
Percebemos, através das observações realizadas, que os momentos em que são 
solicitadas atividades em classe são os que os estudantes mais se empenham e ficam atentos. 
Porém, identificamos também, que este “empenho” se dá devido a uma demasiada 
preocupação que esses tem com suas notas5, além do fato da professora liberar os estudantes 
que concluam os exercícios.6 
Reconhecendo a sala de aula como um espaço privilegiado para a sistematização do 
conhecimento de diversas áreas, acreditamos que deva haver um “nível harmonioso” de 
respeito entre os sujeito que atuam neste espaço. Identificamos que isso não acontece na sala 
de aula observada. A professora não consegue a atenção em quase todas as vezes que expõe o 
conteúdo; a sala é extremamente barulhenta, desorganizada, inquieta e devido a estes fatores 
não atingem um bom rendimento. 
Sobre a relação entre alunos e professora, podemos afirmar que não há o respeito à 
presença desta, pois, como já mencionado, os estudantes não fazem silencio quando ela tenta 
expor o conteúdo; independente dela estar em sala ou não, os alunos ficam transitando no 
espaço da sala interrompendo o andamento da aula. Algumas alunas chegaram a afirmar que 
fazem isso porque “com a professora agente tem uma relação mais íntima”. Acreditamos que 
deva existir uma relação de proximidade entre os estudantes e os professores das disciplinas, 
porém o professor deve ter um cuidado metodológico para que tal relação não influencie de 
forma negativa o desenvolvimento das aulas; tal relacionamento deve ser explorado pelo 
professor de maneira a contribuir para a construção do conhecimento em sala de aula, sendo 
mais um facilitador do desenvolvimento escolar dos estudantes. 
Além desses problemas com a professora, identificamos uma série de atitudes 
problemáticas nas relações dos estudantes na sala observada. Dentre elas destacamos as 
 
5 Ao questionarmos os estudantes sobre essa atitude diversas justificativas foram apresentadas, dentre as quais 
destacamos: a demasiada preocupação com notas somente até 3º Bimestre, uma vez que atingindo uma média 
satisfatória o deixará tranquilo para as avaliações do 4º Bimestre, e como em nossas observações acompanhamos 
o 2º e o início do 3º Bimestre ainda percebemos essa preocupação, a partir dessa justificativa; outra identificada 
remete à pressão dos familiares para se atingir boas notas, já que os mesmos “não fazem nada além de estudar”; 
a mais frequente foi a que relacionou as notas obtidas com a aprovação no fim do ano. 
 
6 A professora justificou esta ação pela impaciência dos alunos, pois os que terminavam a atividade primeiro 
“não sabem esperar o restante da turma terminar”, com isso, por não ter o domínio da turma, a mesma termina 
por liberá-los. Consideramos aceitável a possibilidade de liberar estudantes mais cedo por terem concluído suas 
atividades mais cedo, porém, o profissional de história que atua em sala de aula deve ter a preocupação de 
planejar suas aulas, pois houve casos em que estudantes saiam com 1h30min para o término do horário; 
pensando na nossa futura atuação profissional, não repetiríamos essas ações, primeiro por contribuir 
minimamente para a formação escolar dos estudantes, e segundo, por explicitar o não comprometimento deste 
profissional, contribuindo para uma gradativa perda da credibilidade. 
 28 
seguintes: desrespeito verbal, escrito, físico que incidem diretamente na integridade moral do 
individuo, sejam em suas escolhas sexuais ou até religiosas. Apesar disso, os estudantes 
aparentemente tem uma boa convivência, mas as atitudes destacadas acima terminam por 
atrapalhar o desenvolvimento das aulas. 
Nos dias em que fomos às aulas, não houve uma ação efetiva da professora que 
questionasse tais atitudes, e acreditamos que uma das funções do professor é contribuir para 
uma formação crítica, valorizando o respeito às diversidades e a um convívio social, além da 
formação especifica da área. O professor, diante dessas questões, deveria fomentar e mediar 
uma discussão construtiva na qual os estudantes percebessem a construção desses valores ao 
longo das ações humanas no tempo. 
Não observamos na sala nenhum estudante com necessidades educacionais especiais, 
mas são oferecidas aulas de LIBRAS aos estudantes dessa. Tais aulas foram ministradas por 
um professor que não fazia parte do quadro da escola e vinha nas quintas-feiras, utilizando 
parte da aula de História. 
Quanto aos conteúdos ministrados pela professora, aparentemente, não instigava o 
interesse dos alunos, mas percebemos que as questões religiosas eram alvos de constantes 
discussões em sala; mas não havia uma preocupação da professora em integrar tais discussões 
aos conteúdos da disciplina, acreditamos que isso seria possível, já que os conteúdos das aulas 
referentes à história antiga, período em que a maioria das religiões populares se originaram. 
Antes de falarmos do rendimento dos estudantes, faz-se necessário apresentar 
minimamente o método avaliativo a qual esses são submetidos. Este se constitui em quatro 
momentos distintos: a) responder atividades que a professora copia no quadro; b) responder 
“memorandos” presentes no livro didático utilizado; c) Apresentar “seminários” a partir de 
temas definidos pela professora; d) prova escrita. Além desses a professora também realiza 
chamadas orais e indica estudantes para fazerem leituras em sala, tais atividades se constituem 
como avaliação complementar, e valem pontuação. 
 No primeiro bimestre, os alunos obtiveram o seguinte rendimento: Três estudantes 
tiveram notas acima de 8,0pt; Onze estudantes tiveram notas entre 7,9,0pt e 6,0pt; Nove 
estudantestiveram notas entre 5,9pt e 4,5pt; Doze estudantes tiveram notas abaixo de 4,4pt. 
Assim, 21 estudantes não atingiram a média e 14 ficaram entre a média e/ou acima dela. Dos 
38 estudantes matriculados, dois foram transferidos e um evadido. 
 No segundo bimestre, os alunos obtiveram o seguinte rendimento: Dezessete 
estudantes tiveram notas acima de 8,0pt; Oito estudantes tiveram notas entre 7,9,0pt e 6,0pt; 
 29 
Nove estudantes ainda não tem sua nota definida por não terem realizado alguma das 
atividades propostas. O terceiro bimestre encontra-se em andamento. 
 A partir de nossas experiências estudantis, acreditamos que a professora deva reavaliar 
sua metodologia de avaliação, pois a utilizada permite, no máximo, acompanhar a capacidade 
dos estudantes de sintetizar informações contida no livro didático e nos textos copiados no 
quadro pela professora. E, partindo das ideias presentes no PCN-História, diversas outras 
habilidades devem ser desenvolvidas ao longo do ensino médio, tais como: a) Criticar, 
analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das 
diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em 
sua produção (BRASIL/MEC/SEMTEC, 2002, p. 74); b) Relativizar as diversas concepções 
de tempo e as diversas formas de periodização do tempo cronológico, reconhecendo-as como 
construções culturais e históricas (BRASIL/MEC/SEMTEC, 2002, p. 74-75.); c) Construir a 
identidade pessoal e social na dimensão histórica, a partir do reconhecimento do papel do 
indivíduo nos processos históricos, simultaneamente, como sujeito e como produto dos 
mesmos (BRASIL/MEC/SEMTEC, 2002, p. 75); d) Comparar problemáticas atuais e de 
outros momentos históricos (BRASIL/ MEC/SEMTEC, 2002, p. 76). Para avaliarmos o 
desenvolvimento de tais habilidades a resolução escrita de exercícios e as provas tradicionais 
não são meios adequados para tal, mas limitadores da própria experiência escolar dos 
estudantes. 
Quanto aos conteúdos em que os estudantes apresentam mais facilidade de 
aprendizagem e/ou dificuldade de apreensão, supomos que esses se interessem mais pelos 
conteúdos que fazem referência às sociedades “mais próximas” do nosso tempo, que 
perpetuaram alguma herança cultural dieta em nossa sociedade. Mas, segundo a professora, os 
alunos tem dificuldades de aprendizado em todos os conteúdos, pois não sabem interpretar os 
textos e contextualizar as palavras. Desde o início do semestre até o fim de nossas 
observações a professora trabalhou os seguintes conteúdos: a) 1º Bimestre: “Refletindo sobre 
a História”: Cap. 1 – Tempo e História; “Pré-história”: Cap. 2 – Origem humana, Cap. 3 – As 
primeiras sociedades; b) 2º Bimestre: “Pré-história”: Cap. 4 – Primeiros povos da América; 
“Antiguidade oriental”: Cap. 5 – Povos da Mesopotâmia, Cap. 6 – Egípcios; c) 3º Bimestre: 
“Antiguidade oriental”: Cap. 7 – Hebreus, fenícios e persas; “Antiguidade clássica”: Cap. 8 – 
Gregos, Cap. 9 – Romanos. 
Sobre os diálogos em sala de aula, referentes aos conteúdos ministrados, esses giraram 
em torno de duvidas gramaticais, ou termos curiosos ao conhecimento dos estudantes e até 
referente a assuntos que emergem de um ponto descontextualizado do conteúdo ministrado, 
 30 
como por exemplo, em uma aula sobre a sociedade egípcia, a professora discorreu sobre as 
estratégias utilizadas por governos europeus para o aumento populacional, não estabelecendo 
relação entre ambos os temas. 
Em conversas informais que tivemos com alguns estudantes, ao questioná-los quanto 
ao seus hábitos de estudo, esses comentaram que só estudavam para as disciplina quando 
havia alguma atividade avaliativa, valendo nota, ou prova marcada; isso para disciplinas que o 
professor mostra-se exigente, para as avaliações de “professores bonzinhos” os estudantes 
“dão uma olhada no livro antes de entrar na sala”, ou mesmo na própria sala, quando o 
professor permite. 
 
1.5.2 Aspectos que constituem dificuldades no fazer pedagógico 
 
Sobre as dificuldades do fazer pedagógico identificadas pela professora, nos 
limitaremos a, através dos discursos da mesma, apresentá-las: 
 
• Uma das reclamações da professora é a quantidade excessiva de alunos por sala, 
retirando dez alunos, ou seja, mantendo apenas 30 alunos em sala, poderia “trabalhar 
melhor”. 
• Outro problema é o barulho excessivo dos estudantes, sejam em sala ou no 
corredor, afirmando que uma sala de “alunos mudos” seria um “paraíso”. 
• A interpretação dos textos e contextos é um ponto mencionado pela professora, 
como fraqueza dos estudantes e que termina por atrapalhar suas aulas. 
• A professora mencionou também que o trabalho com estagiários, pode vir a 
atrapalhar a sua pratica docente, se não houver diálogo com a mesma, pois esses vem 
sem saber preencher uma Caderneta e ela tem de refazer todo o trabalho após a saída 
desses. 
 
Observamos que o desinteresse de alguns alunos pela disciplina, também se constitui 
como uma dificuldade para o fazer pedagógico do professor. Já quanto aos problemas 
observados que terminam por atrapalhar no desenvolvimento escolar dos estudantes, listamos 
os seguintes: 
 
 31 
• Falta de carteiras em sala. Foi observado que em alguns dias os estudantes 
precisaram procurar carteiras sobrando em outra sala; 
• O quadro está muito sujo. Em algumas partes torna-se ilegível o que a professora 
escreve; 
• O excessivo número de alunos no corredor acaba tirando a atenção do aluno em sala; 
• As carteiras são de péssima qualidade e estão em má conservação; 
• Ausência de aulas expositivas para sistematizar os conteúdos das atividades; 
• Limitação do método avaliativo empregado, não havendo uma diversidade de meios 
para acompanhar o desenvolvimento escolar dos estudantes; 
• Uso limitado do livro didático por parte da professora: seguindo a sequência de 
conteúdos apresentados pelo autor do livro sem que haja escolha por parte do 
professor; insistência de crítica ao material de didático, reproduzindo as informações 
neste contido, como verdades absolutas; 
 
Apesar de identificarmos tais problemas na prática docente da professora, alguns 
estudantes afirmaram preferir esta a outros mais rigorosos, ou, segundo falas dos próprios 
estudantes, “mais chatos”. 
 
 
1.6 OBSERVAÇÕES DAS AULAS 
 
1.6.1 Observação nº 1. Data: 02/09/2010 
 
Essa primeira observação foi realizada na aula de História na turma “C” de 1ª série de 
ensino médio entre 13h50min e 15h30min, estando presentes 28 estudantes, segundo a nossa 
contagem, mas segundo a caderneta da professora 35 estudantes estavam presentes.7 
Para apresentar o conteúdo de Egito Antigo a professora copiou uma atividade no 
quadro (que está no anexo “Observação Nº 1. Data: 02/09/2010: Apontamentos do Estagiário 
Fabiano Marques”) e solicitou que os estudantes lessem textos do livro didático, em voz alta, 
valendo um ponto na nota do bimestre; utilizando-se do quadro branco, pincel para o mesmo e 
 
7 Essa divergência da quantidade de estudantes em sala estará presente um praticamente em todas as observações 
que realizamos, acreditamos que isso se deve ao fato da professora delegar a um aluno a feitura da chamada, 
assim, mesmo algum aluno não estando presente, o mesmo marcava sua presença. Pelo que observamos a 
professora realiza esta prática para ganhar tempo na aula, pois enquanto esse realiza a chamada, a professora 
inicia a cópia de questões no quadro. 
 32 
o Livro didático como recursos. Quanto à comunicabilidade da professora com os estudantes, 
não pudemos avaliar este quesito, pois a mesma só copiou a atividade, já com as respostas, e 
encaminhou as leituras do livro pelos estudantes, sendo quase nula a comunicação entre esses 
sujeitos. Essa atividade, escrita com um vocabulário simples e objetivo, valia 1,5 pontos para 
quem a copiasse, mesmo que já estivesse com

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