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Distribuição de Competência no Sistema Judiciário

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Dados referentes à causa
1. Exige a lei que toda demanda apresentada em juízo contenha os seguintes elementos identificadores:
· Partes
· Pedido: que traduz a pretensão do autor da demanda;
· Fatos
· Fundamentos jurídicos: ou seja, as regras de direito pertinentes ao caso e das quais o demandante extrai a sua conclusão. 
2. O legislador leva em conta o modo como se apresenta em concreto cada um desses elementos em cada demanda, valendo-se deles em seu trabalho de elaboração de grupos de causas para fim de determinação da competência.
3. Das pessoas em litígio, ou seja, das partes, considera a lei ao traçar as regras de competência:
· Sua qualidade: por exemplo, competência do Supremo para processar o Presidente da república nos crimes comuns; competência da Justiça Federal para os processos em que for parte a União, etc. 
· Sua sede: domicílio do réu para fins de competência territorial civil, por exemplo.
4. No tocante aos fatos e fundamentos jurídicos do pedido são levados em conta:
· Em primeiro lugar a natureza da relação jurídica controvertida, ou seja, o setor do direito material. Assim, varia a competência conforme se trate de causa penal ou não; tratando-se de demanda penal (denúncia, queixa crime), varia a competência segundo se trate de infração penal de menor potencial ofensivo ou não. A competência também varia conforme a pretensão jurídico-material seja ou não seja referente a uma relação de trabalho; varia também conforme se trate ou não de pretensão fundada em direito de família (Vara da Família e Sucessões) etc. 
· Depois, em alguns casos, o lugar em que se deu o fato do qual resulta a pretensão apresentada. 
5. Do pedido (objeto da demanda, ou “da lide”) o legislador leva em conta, para fixação da competência, os seguintes dados:
· Natureza do bem (móvel ou imóvel)
· Seu valor (competência dos juizados especiais cíveis para conflitos civis de valor patrimonial não excedente a quarenta salários mínimos, LJE, art. 3°);
· Sua situação (o foro da situação do imóvel, CPC, art. 47).
Atribuição de causas aos órgãos
1. A competência de jurisdição é distribuída na forma dos arts. 109, 114, 121, 124 e 125, §§ 3° e 4°, da Constituição Federal.
2. A competência inicial para os processos em geral é, em regra, dos órgãos inferiores (órgãos judiciários de primeiro grau de jurisdição, ou de primeira instância). Só excepcionalmente essa competência pertence ao STF.
3. Competência de foro: desprezando os casos excepcionais (foros especiais), vejamos as regras básicas, ou seja, aquelas que constituem o chamado foro comum: 
a) no processo civil prevalece o foro do domicílio do réu (CPC, art. 46); 
b) no processo penal, o foro da consumação do delito (CPP, art. 70); 
c) no processo trabalhista, o foro da prestação dos serviços ao empregador (CLT, art. 651). 
4. Foro é o território dentro de cujos limites o juiz exerce a jurisdição. Nas Justiças dos Estados o foro de cada juiz de primeiro grau é o que se chama comarca; na Justiça Federal é a subseção judiciária (p. ex., a da cidade de Porto Alegre, a de Belo Horizonte, a de Guaratinguetá etc.). O foro do Tribunal de Justiça de um Estado é todo o Estado; o dos Tribunais Regionais é a sua Região, definida em lei (Const., art. 107, par.), ou seja, o conjunto de unidades da Federação sobre as quais cada um deles exerce jurisdição; o do STF, o do STJ e de todos os demais Tribunais Superiores é todo o território nacional. Competência de foro é, portanto, competência territorial.
5. A competência de juízo resulta da distribuição dos processos entre órgãos judiciários do mesmo foro. Juízo é sinônimo de órgão judiciário e em primeiro grau de jurisdição corresponde às varas. Em um só foro há frequentemente mais de um juízo, ou vara. 
6. A competência de juízo é determinada precipuamente: 
a) pela natureza da relação jurídica controvertida, ou seja, pelo fundamento jurídico-material da demanda (varas criminais ou civis – varas de acidentes de trabalho, da família e sucessões, de registros públicos etc.); 
b) pela condição das pessoas (varas privativas da Fazenda Pública).
7. Competência interna: existe uma pluralidade de órgãos dentro de um mesmo tribunal, como câmaras, grupos de câmaras, turmas, seções, a Presidência do Tribunal e o próprio Plenário (ou Órgão Especial). A competência interna será determinada pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional. 
8. Competência recursal: pertence, em regra, aos tribunais.
Competência absoluta e relativa e Prorrogação de competência
1. A competência é absoluta quando é improrrogável, ou seja, quando não comporta modificação. A competência é relativa quando comporta modificação (prorrogação). 
2. É o interesse público que prevalece na distribuição da competência entre justiças diferentes (competência de jurisdição), entre juízes superiores e inferiores (competência hierárquica), entre varas especializadas (competência de juízo) e entre juízes do mesmo órgão judiciário (competência interna). 
3. É o interesse das partes que prevalece (em princípio) quando se trata da distribuição territorial de competência (competência de foro).
4. Nos casos de competência determinada segundo o interesse público (competência de jurisdição, hierárquica, de juízo, interna) o sistema jurídico processual não tolera modificações. Trata-se da competência absoluta.
5. Nos casos de competência determinada segundo a vontade das partes (que no caso é a competência de foro) o legislador pensa preponderantemente no interesse de uma das partes em defender-se melhor: no processo civil, interesse do réu (CPC, art. 46); no trabalhista, daquele que se presume ser economicamente mais fraco (CLT, art. 651). A competência, nesse caso, é relativa. 
Causas de prorrogação de competência
1. Nos casos em que se admite a prorrogação de competência, esta se prorroga às vezes em decorrência de disposição da própria lei (prorrogação legal) e outras vezes, por ato de vontade das partes (prorrogação voluntária).
2. Dá-se a prorrogação legal nos casos em que entre duas demandas haja relação de conexidade ou continência (CPC, arts. 54-57); CPP, arts. 76-77), de modo a evitar o risco de serem proferidas decisões contraditórias em dois processos distintos (e também para atender ao princípio da econômica processual).
3. Conexidade: Em caso de mera conexidade, se uma das causas for da competência territorial de um órgão e para outra for competente outro, prorroga-se a competência de um deles para que possa conhecer de ambas as causas. Ocorre nesse caso o que se chama prevenção e qualquer um deles se reputa potencialmente competente, de modo que aquele ao qual tiver sido distribuída uma das causas em primeiro lugar conhecerá também de outra (as causas, nessa hipótese, são reunidas em um só processo – CPC, art. 59; CPP, art. 79).
4. Continência: Havendo continência entre duas demandas do CPC figura hipóteses e dita duas soluções diferentes e muito racionais: a) se a demanda de maior extensão tiver sido proposta em primeiro lugar, a demanda de menor extensão não comportará julgamento de mérito e seu processo será extinto sem esse julgamento; b) se a demanda menor houver sido distribuída antes da de maior amplitude, a competência de foro daquela será prorrogada, para que ali se processem as duas, reunidas em um só processo (CPC, art. 57).
5. A prorrogação voluntária de competência dá-se em virtude de acordo expressamente formulado pelos titulares da relação jurídica controvertida, antes da instauração do processo. Trata-se da eleição de foro, admitida apenas no processo civil (CPC, art. 63).
6. Desaforamento: pode ocorrer em processos afetos ao julgamento pelo júri, o qual é determinado pelo tribunal superior a requerimento do acusado ou do promotor de justiça, ou mesmo mediante representação oficiosa do juiz, nos seguintes casos: a) interesse da ordem pública; b) dúvida sobre a imparcialidade do júri; c) risco à segurança pessoal do acusado (CPP, art. 427). O desaforamento também será cabível em razão do comprovado excesso de serviço, se o julgamento não puderser realizado no prazo de seis meses contado do trânsito em julgado da decisão da pronúncia (CPP, art. 428). 
Prevenção
1. Prevenção significa “chegar primeiro”. Juiz prevento é o nome que se dá àquele que em primeiro lugar tiver recebido a causa. 
Referências:
DINAMARCO, Cândido Rangel. BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. LOPES, Bruno Vasconcelos Carrilho. Teoria Geral do Processo. 33ª ed. São Paulo: Malheiros, 2021.

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