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Hiperplasia Prostática Benigna e Câncer de Próstata 1 – Revisar a anatomia e histologia do sistema genital masculino; Os órgãos do sistema genital masculino incluem os testículos, os epidídimos, os ductos deferentes, a uretra, o pênis e glândulas acessórias como a próstata, as glândulas seminais e as glândulas bulboretrais. O pênis é constituído por 3 corpos cilíndricos longitudinais chamados de corpos cavernosos (2, dorso-laterais) e corpo esponjoso (1, ventral- medial). O corpo esponjoso é o local onde se localiza a uretra, que por sinal tem algumas subdivisões anatômicas. Ela se inicia nas paredes da bexiga, onde se chama de uretra intramural, segue através da próstata, onde será reconhecida como parte prostática da uretra, passa pelos músculos pélvicos, sendo chamada de parte membranácea da uretra e, por fim, cruza o pênis na região do corpo esponjoso, sendo chamada de parte esponjosa da uretra. Na região prostática, a uretra recebe a ampola do ducto deferente e o ducto da glândula seminal, formando o ducto ejaculatório. Falando da próstata, trata- se na maior glândula associada ao sistema genital masculino, tendo o tamanho de uma noz. Ela se localiza posteriormente à base do pênis e inferiormente com relação à bexiga. Sua secreção, o líquido prostático que é ligeiramente alcalino, contém ácido cítrico para a produção de ATP pelo espermatozoide, enzimas proteolíticas que quebrarão proteínas coagulantes das glândulas seminais, além de antibióticos naturais que podem destruir bactérias tanto do sêmen quanto do sistema genital feminino. O parênquima da próstata no adulto é dividido em quatro zonas anatomicamente e clinicamente distintas: A zona central circunda os ductos ejaculatórios que atravessam a próstata. Ela é resistente tanto ao carcinoma quanto à inflamação. A zona periférica compreende cerca de 70% do tecido glandular da próstata, circundando a zona central e ocupando as regiões posterior e lateral da glândula. A maioria dos carcinomas de próstata originam- se em sua zona periférica. Essa região é palpável durante o exame do toque retal e também é mais suscetível à inflamação. A zona de transição circunda a parte prostática da uretra, compreendendo cerca de 5% do tecido glandular prostático, contendo glândulas mucosas. Nos indivíduos idosos, as células parenquimatosas dessa zona frequentemente sofrem divisão extensa (hiperplasia) e formam massas nodulares de células epiteliais, Como a zona de transição é próxima da parte prostática da uretra, esses nódulos podem comprimir essa porção da próstata, causando dificuldade na micção. Essa condição é conhecida como hiperplasia prostática benigna. A zona periuretral contém glândulas mucosas e submucosas. Em estágios avançados de HPB, essa zona pode sofrer crescimento anormal, principalmente dos componentes do estroma. Juntamente com os nódulos glandulares da zona de transição, esse crescimento provoca compressão uretral e maior retenção de urina na bexiga. Em cada zona da próstata o epitélio glandular geralmente é simples colunar, embora possam ser observadas placas constituídas por epitélio simples cuboide, pavimentoso ou, em certas condições, pseudoestratificado. Particularmente em homens idosos, os alvéolos das glândulas prostáticas, contém frequentemente concreções pancreáticas. Ou seja, precipitação de secreção ao redor de fragmentos celulares. Podem se tornar parcialmente calcificados. 2 – Compreender a etiopatogenia do câncer de próstata (Epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia, sinais e sintomas); -EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO No Brasil, estima- se 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2021-2022 (INCA). Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de próstata ocupa a primeira posição no país em todas as regiões brasileiras. Em relação à etiologia, apesar de ser um câncer bastante comum, é relativamente pouco conhecida. Sobre os fatores de risco, o principal é a idade e sua incidência aumenta significativamente a partir dos 50 anos. Além disso, a história familiar, fatores genéticos hereditários (como a síndrome de Lynch e mutações no BRCA 1 e 2), tabagismo, gordura corporal alta, exposição a aminas aromáticas, arsênio e produtos de petróleo (INCA) A incidência do câncer de próstata é incomum entre asiáticos, altíssima entre negros e altas também entre os escandinavos. O ambiente externo, representado pela dieta, hábitos e exposição a fatores também está intimamente relacionado à maior incidência do câncer de próstata. Em imigrantes japoneses no EUA, por exemplo, a incidência da doença aumenta (embora não no nível visto em nativos dos EUA). Além disso, mutações podem levar à ativação da via sinalizadora do oncogene P13k/AKT, entre as quais as mais comuns são as mutações que inativam o gene supressor de tumor PTEN, que atua como um freio à atividade do P13k. -FISIOPATOLOGIA O epitélio glandular é influenciado pelos hormônios sexuais, como testosterona e andrógenos suprarrenais. Esses hormônios entram nas células secretoras do epitélio glandular e são convertidos em di- hidrotestosterona pela enzima 5ALFA-redutase. A DHT estimula o crescimento do epitélio prostático normal e a proliferação e o crescimento da hiperplasia prostática benigna e do câncer de próstata dependente de andrógeno. -SINAIS E SINTOMAS Enquanto que a hiperplasia prostática benigna é mais frequentemente localizada na parte mais interior da próstata, mais especificamente na região periuretral e na região de transição, o câncer de próstata ocorre na zona periférica, motivo pelo qual em seu estágio inicial, o câncer de próstata é menos danoso do que a hiperplasia no que se refere à obstrução uretral. Além disso, essas diferenças de localização esclarecem como o exame do toque retal pode perceber cânceres na próstata Por isso, os sintomas do câncer de próstata somente aparecerão em estágios mais avançados da doença. Em estágios iniciais do câncer de próstata, o paciente não cursa com nenhum sintoma aparente e, quando eles surgem, podem se confundir com uma hiperplasia prostática benigna. Na realidade, os sintomas do câncer de próstata podem aparecer como dificuldade de urinar, dor durante a micção, vontade recorrente de urinar, já que a bexiga não se esvazia efetivamente, interrupção intermitente do fluxo urinário durante a micção, urina com sangue e dores nos ossos, especialmente no esqueleto axial (em estágios mais avançados). Além disso, o paciente também poderá desenvolver uma insuficiência renal devido a uma hidronefrose. Associado a isso, a presença crônica de urina residual no trato urinário pode aumentar o risco de infecções no trato. O tratamento farmacológico do câncer de próstata utiliza bloqueio hormonal ou terapia de privação androgênica, já que a DHT é o mediador definitivo do crescimento prostático e é sintetizada na próstata a partir da testosterona circulante pela ação da enzima 5ALFA-redutase No entanto, mesmo com todas essas potencialidades mórbidas, a quantidade de pessoas que morrem com câncer de próstata é bem maior do que aquela de pessoas que morrem em decorrência da doença. Isso acontece porque o comportamento clínico do câncer de próstata varia de um tumor detectado, assintomático, microscópico e bem diferenciado, que pode nunca se tornar clinicamente significativo a um câncer significativo clinicamente, sintomático, agressivo, que causa metástases, morbidade e morte. Assim, enquanto que alguns homens são indubitavelmente salvos pela detecção precoce e pelo tratamento do seu câncer de próstata, é igualmente certo afirmar que outros estão sendo “curados” de tumores clinicamente inconsequentes. 3 – Diferenciar a hiperplasia prostática benigna e o câncer de próstata; A HPB é caracterizada pela proliferação tanto de elementos estromais quanto epiteliais,com o resultante crescimento da glândula e, em alguns casos, obstrução urinária. *Embora a causa a HPB ainda não seja plenamente compreendida, está claro que o crescimento excessivo (dependente do androgênio) dos elementos glandular e estromal tem papel central. A HPB não acomete homens castrados antes do estabelecimento da puberdade ou homens com doenças genéticas que bloqueiam a atividade do androgênio. A DHT é o mediador definitivo do crescimento prostático e é sintetizada na próstata a partir da testosterona circulante pela ação da enzima 5ALFA-redutase. Os sintomas clínicos da obstrução do trato urinário inferior causada pelo aumento prostático podem ser exacerbados pela contração do músculo prostático liso mediado por receptores alfa- adrenégicos. A HPB ocorre quase sempre na zona transicional interna da próstata e na zona periuretral. A próstata afetada fica aumentada, pesa tipicamente entre 60 e 100 gramas e contém muitos nódulos bem circunscritos que causam protrusão na superfície de corte. A uretra é geralmente comprimida pelos nódulos hiperplásicos, que deixam apenas uma estreita fenda de passagem. Microscopicamente, os nódulos hiperplásicos são compostos por proporções variáveis de elementos glandulares proliferativos e estroma fibromuscular. Como a HPB envolve preferencialmente as porções internas da próstata, as manifestações mais comuns estão relacionadas com a obstrução do trato urinário inferior, frequentemente na forma de dificuldade de iniciar o fluxo de urina (hesitação) e com a interrupção intermitente do fluxo urinário durante a micção. Esses sintomas frequentemente são acompanhados de urgência e frequência urinárias e nictúria, indicadores de irritação da bexiga. Sintomas parecidos também podem surgir como consequência da estenose uretral ou da debilitada contratilidade do músculo detrusor vesical em homens e mulheres. A presença de urina residual na bexiga causada por obstrução crônica aumenta o risco de infecções do trato urinário. Em alguns homens afetados, a HPB leva à completa obstrução uretral e, na falta do tratamento apropriado, à hidronefrose. O tratamento inicial é farmacológico, com uso de agentes terapêuticos direcionados que inibem a formação da DHT (Finestride) ou que relaxam o músculo liso bloqueando os receptores alfa adrenégicos (Flomax). O carcinoma de próstata ocorre principalmente em homens acima dos 50 anos de idade. É o tipo de câncer mais comum nos homens, responsável por 25% dos cânceres em homens nos EUA, em 2009. *A quantidade de pessoas que morrem com câncer de próstata é bem maior do que aquela de pessoas que morrem em decorrência da doença. Enquanto que alguns homens são indubitavelmente salvos pela detecção precoce e pelo tratamento do seu câncer de próstata, é igualmente certo afirmar que outros estão sendo “curados” de tumores clinicamente inconsequentes. Observações clínicas e experimentais sugerem que os androgênios, a hereditariedade, os fatores ambientais e as mutações somáticas adquiridas desempenham papéis na patogenia do câncer de próstata. Eles dependem, assim como a hiperplasia prostática benigna, de androgênios. Essa dependência dos androgênios se estende aos cânceres já estabelecidos, que tendem a regredir durante um tempo em resposta à castração química. No entanto, os tumores resistentes à terapia antiandrogênica frequentemente adquirem mutações que permitem que os receptores de androgênio ativem a expressão dos seus genes-alvo, mesmo na ausência de hormônios. As lesões mais avançadas se apresentam como lesões firmes e branco- acinzentadas, com margens mal definidas que se infiltram na glândula adjacente. As glândulas malignas são tipicamente menores que as benignas e são revestidas por uma única camada uniforme de epitélio cúbico ou colunar baixo, sem as células basais vistas nas glândulas benignas. Além disso, as glândulas malignas são amontoadas e caracteristicamente não apresentam ramificação e projeção papilar. *O câncer de próstata é classificado pelo sistema de Gleason* Cerca de 70% dos cânceres de próstata surgem nas glândulas externas, na zona periférica e, por isso, podem ser percebidos como nódulos irregulares e duros no exame de toque retal. Contudo, muitos dos cânceres da próstata são lesões pequenas, assintomáticas e não palpáveis, descobertas por biópsia aspirativa com agulha que tem o propósito de investigar o nível elevado de antígeno sérico prostático específico (PSA). *Devido à sua localização periférica, o câncer da próstata, em seu estágio inicial, é menos danoso que a HPB no que tange à obstrução uretral. Os cânceres avançados localmente se infiltram nas vesículas seminais e nas zonas periuretrais da próstata e podem invadir os tecidos moles adjacentes, as paredes da bexiga urinária ou, menos comumente, o reto. Metástases nos ossos, particularmente no esqueleto axial, são frequentes nos estágios avançados da doença e tipicamente causam lesões osteoblásticas. *A baixa sensibilidade e especificidade dos estudos de imagem da próstata limitam sua utilidade diagnóstica para a detecção precoce do câncer. 4 – Estudar os principais exames preventivos e os exames de diagnósticos; O rastreamento do câncer de próstata é a avaliação periódica e sistemática de uma população do sexo masculina saudável de uma determinada faixa etária, com objetivo de detectar doença curável, em homens com boa expectativa de vida. O teste de PSA pode identificar o câncer de próstata localizado. Porém existem limitações que dificultam a sua utilização como marcador desse câncer. Suas principais limitações são: O PSA é tecido-específico, mas não tumor-específico. Logo, outras condições como o aumento benigno da próstata, prostatite e infecções do trato urinário inferior podem elevar o nível de PSA. Cerca de 2/3 dos homens com PSA elevado não têm câncer de próstata detectado na biópsia; Até 20% de todos os homens com câncer de próstata clinicamente significativo tem PSA normal; O valor preditivo positivo desse teste é de 33%, o que significa dizer que 67% dos homens com PSA positivo serão submetidos desnecessariamente à biópsia para confirmação do diagnóstico; O teste de PSA leva à identificação de cânceres de próstata que não teriam se tornado clinicamente evidentes durante a vida do paciente. O teste de PSA não vai, sozinho, distinguir entre tumores agressivos que estejam em fase inicial (e que se desenvolvem rapidamente) e aqueles não agressivos; Dessa forma, homens que demandam espontaneamente a realização do exame de rastreamento devem ser informados por seus médicos sobre oss riscos e benefícios associados a essa prática e posteriormente definirem em conjunto com a equipe de saúde pela realização ou não do rastreamento. *O diagnóstico e o tratamento de um câncer que não ameaça a vida pode causar ansiedade e resultar em incontinência urinária e impotência sexual A maioria dos cânceres de próstata estão localizados na zona periférica e pode ser detectado por meio de exame de toque com um volume maior ou igual a 0,2 ml. Cerca de 18% dos casos são detectados a partir de um exame de toque sugestivo de câncer, independentemente do valor do PSA. O diagnóstico de câncer de próstata definitivo reuqer uma biópsia (diagnóstico tecidual). Para partir para a biópsia os resultados dos testes de PSA e/ou de toque retal devem estar alterados.. 5 – Descrever os métodos de conscientização e os aspectos psicológicos (tabu) acerca da importância do toque retal.