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DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 1 Dermatites Eczematosas Dermatites caracterizadas pela presença de: eritema, edema, vesiculação, secreção, formação de crostas, escamas e liquenificação Prurido: sintoma principal - mínimo, moderado ou intenso Síndrome eczematosa: o Aguda: eritema, edema, vesiculação e secreção ( lesão mais úmida: faz vesículas elas se rompem e forma secreção na superfície da lesão fica úmida- “Paciente fala que fez uma lesão que tinha umas bolinhas e começou a ficar molhado” o Subagudo: eritema e edema menos intensos. Predomínio secreção com formação de crostas; o Crônico: eczema de evolução prolongada com liquenificação Das + frequentes afecções cutâneas Causadas por agentes exógenos ou endógenos Formas de eczema (critério clínico e etiopatogênico) o Eczema ou Dermatite eczematosa de contato (mais abordado na aula) o Eczema ou Dermatite eczematosa atópica o Eczema ou Dermatite Numular (eczema em formato de moeda MMSS em MMII) o Eczema ou Dermatite de estase (paciente com insuficiência venosa crônica) o Eczema disitrótico ou disidrose ( alergia ao suor) o Eczema microbiano ou dermatite eczematóide infecciosa DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 2 Dermatite de contato Definição Causada por substâncias do meio ambiente (origem exógena); Maioria dos casos – eczema na fase aguda, subaguda ou crônica na região que entrou em contato com o agente desencadeante Classificação Classificada em relação a etiopatogenia em: o Dermatite de contato por irritante primário (DCIP) o Dermatite de contato alérgica (DCA) o Dermatite de contato fototóxica o Dermatite de contato fotoalérgica **Clinicamente todos se manifestam como eczema, dai temos que observar a história a evolução para poder classificar 1. Dermatite de contato por irritante primário (DCIP) Agentes com propriedades de provocar danos tecidual (contato direto de uma substância causando danos) Não existe mecanismo imunológico na formação da resposta inflamatória Sabões, detergentes, desinfetantes, xampus, limpadores industriais, solventes, álcalis, ácidos, óleos de corte, agentes oxidantes, plantas, pesticidas Teste de contato é inútil, pois não tem reação (vai dar normal) Subdivisões: a. Irritante primário absoluto b. Irritante primário absoluto de efeito retardado c. Irritante primário relativo Irritante primário absoluto • Ação cáustica de substâncias em contato único com a pele • Surge imediatamente após o contato → ardor e queimação • Surge eritema local, associado ou não a formação bolhas DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 3 • Queimadura por agente químico → contato acidental com ácidos ou substâncias alcalinas Irritante primário absoluto de efeito retardado Manifesta-se 12 a 24 horas após contato Ex: Substâncias utilizadas para tratamento de dermatoses → podofilina e a antralina (tratamento de verruga) Irritante Primário Seletivo • Forma mais frequente (todas as fases da vida) • Substância desencadeante necessita de vários contatos com a pele para agir como irritante; o Surge após dias, semanas, meses ou anos o Depende do tempo e periocidade do contato • Clínica: eritema + liquenificação (sulcos mais evidentes) • Orientação de evitar o contato não resolve quadro imediatamente. Melhora lenta e progressiva • 80% casos dermatite das mãos são por irritação primária 2. Dermatite de contato alérgica (DCA) • Sensibilidade à substância em contato com a pele • Reação imunológica do tipo celular-mediada • Substâncias → ligação proteínas epidérmicas e/ou dérmicas → formação antígeno completo (sensibilização contra a substancia) • Células de Langerhans → apresentação antígenos aos linfócitos T (linfonodos regionais) → proliferação linfócitos sensibilizados → disseminação toda pele • Novo contato substância → ativação linfócitos T memória (previamente sensibilizados) → liberação citocinas → processo inflamatório → dermatite eczematosa • Resolução: liberação citocinas inibidoras reação imunológica (particularmente IL-10)—não vai cobrar isso na prova 3. Dermatite de contato fototóxica • Mecanismo etiopatogênico = DCIP (semelhante ao mecanismo da irritante primária) • Substância se torna irritante quando sua estrutura é modificada pelo sol (não faz resposta imunológica) DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 4 • Exemplo típico: Fitofotodermatose (“queimadura limão”); • Desenvolvida por qualquer indivíduo (depende da substância e quantidade suficiente de luz) • Reação não mediada por processos imunes → surge de minutos a horas • Não requer contato prévio com o agente causador 4. Dermatite de contato fotoalérgica • Mecanismo etiopatogênico = DCA (igual a de contato alérgica) • Modificações estruturais na substância desencadeada pela luz solar → adquire propriedades antigênicas • Reação imunológica tipo IV • Exemplo comum: uso anti-histamínico tópicos (polaramine etc..) o Outros: perfumes, AINES, antimicóticos tópicos... • Localiza-se em áreas fotoexpostas, mas pode comprometer áreas não expostas por contiguidade (sensibilização) Diagnóstico História clínica: início das lesões, história de dermatite de contato, atividades ocupacionais, outras atividades habituais, hobbies e contato com químicos Exame clínico: lesão eczematosa em qualquer fase evolutiva (aguda, subaguda ou crônica). Localização lesão fornece agentes suspeitos (exemplo: nós pés podemos pensar em calçados que causam esse eczema, se é na área foto exposta, se é na mão algum produto que o paciente esteja manipulando etc..) Exame histopatológico se necessário (casos em que estamos em dúvida no dx ; exemplo na biópsia vem escrito dermatite espongiosa ( como descrevem eczema na Histopatologia) DCA e DC foto alérgica: teste de contato DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 5 Observa-se: Bolha, vesículas, área de eritema com crostas , edema em MI Inicio de um eczema – Paciente queixa desse quadro por algumas semanas (1-2 semanas) se for mais que isso já é um quadro crônico DX: Eczema agudo Dx: Eczema crônico Alergia ao sulfato de níquel (da aliança) Se fizer um teste de contato irá ser reagente ao sulfato de níquel Placa eritematosa liqueficada, fazendo fissuras Quando a fissura dói: já chegou na derme (bem vascularizada) Quando não dói: Fissura atingiu só a epiderme DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 6 manipulação de substancia Sulcos mais liquefativos Dx: Eczema Provavelmente alergia a sulfato de níquel Dx: Eczema Eczema no dorso do pé Vesículas mais secas fazendo crosta Eritema Dx: Eczema Alergia a borracha do chinelo Lesão mais liquefativa DX: Eczema DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 7 Lesão mais crônica Provavelmente o paciente escoriou (coçou) – Prurido principal sintoma Descrição: Placa eritematosa com escoriações na superfície Eczema crônico Eczema na região da pálpebra Eczema agudo (mais grave) Fase aguda (edema, eritema, crostas) DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 8 Eczema crônico (liquenificado) Dermatite de contato por micropore Alergia ao couro Placa eritemato escamativas, liquenificadas na superficie Eczema prioritária bilateral DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 9 Teste de contato (Patch test) Utilizados para investigar a causa da DCA (dermatite de contato alérgicas) • Aplicação de substâncias → suspeita induz lesão clínica eczematosa no local • Bateria de testes contém sensibilizantes comuns (30 sensibilizantes) • De acordo com a profissão do paciente e a localização da dermatose,é necessário realizar testes adicionais com elementos relacionados com tal ocupação do paciente • Aplicados no dorso paciente, não pode ter lesão ativa (se tiver lesão ativa tem que tratar antes de fazer o exame) • Após 48 horas → 1ª leitura • Após 96 horas → 2ª leitura • Critérios leitura: o (-) negativo (Quando não tem nada) o (+) discreto eritema com algumas pápulas o (++) eritema, pápulas e vesículas o (+++) intenso eritema, pápulas e vesículas confluentes (faz até bolhas) Mais famosas: -Bicromato de potássio: representa o couro -Katon CG: tem em muitos cosméticos -Prometazina: Cremes (antihistaminico tópico) DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 10 Patch test clássico patch test nos EUA – mais baterias de exames Da esquerda para direita : (+++); (++); (+) ; (-) DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 11 Tratamento • Evitar o contato com substância desencadeante • Eczema agudo: compressas água boricada, permanganato de potássio(substancias secativas e antissépticas) • Corticoide tópico: casos leves e moderados o Creme: agudo o Pomada: crônico • Corticoide oral: 1mg/kg/dia, casos graves • Imunomoduladores (tacrolimus e pimecrolimo): Poupadores de corticóides. Ideal para áreas risco efeitos colaterais corticóide • Ciclosporina: eczemas crônicos de difícil controle, dose de 2 a 3 mg/kg/dia (Efeito coloateral lembrar da hipertensão) • Metotrexato: 15mg/sem, em casos de eczema crônico com tendência generalização (anemia e hepatotoxicidade) • Fototerapia: PUVA ou UVB Dermatites de contato não eczematosas • Dermatite de contato tipo eritema multiforme • Dermatite de contato purpúrica • Dermatite de contato hipocromiante • Dermatite de contato hipercromiante • Dermatite de contato Liquenóide • Urticária de contato **Mais raro (não precisa se atentar) Dermatite atópica • Manifestação eczematosa • Frequentemente associada à asma e/ou rinite alérgica (30%), e eventualmente a urticária (15%) • Curso crônico – períodos de crise e acalmia de surtos de eczema • 70% → antecedentes familiares de atopia DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 12 • Patogenia: multifatorial (fatores genéticos, imunológicos e não imunológicos) Complexas alterações imunológicas e não imunológicas, que determinam que o indivíduo predisposto geneticamente reaja anormalmente a múltiplos estímulos Fatores genéticos: o Pais atópicos → 79% (ambos), 58% (um deles); o Mutações genes filagrina e loricrina (alteração barreira epidermica → diminuição nível lipídico de ceramidas, aumento enzimas proteolíticas e maior perda de água transepidérmica) piora a barreira epidérmica o Consequência: maior penetração de proteínas ambientais e favorece estafilococos Fatores não imunológicos: 1. Alterações metabólicas (fenilcetonúria) 2. Alterações fisiológicas: - Fenômenos psicológicos - Prurido (limiar mais baixo) - Sudorese - Xerose cutânea - Reatividade vascular cutânea anômala - Bloqueio beta-adrenérgico parcial Fatores imunológicos: 1. Imunidade Humoral – níveis séricos de IgE elevados 2. Imunidade celular – infiltrados cutâneos com predomínio células T (CD4) • Lesões agudas: Desvio TH2 (predomínio IL-4) – Imunidade humoral • Lesões crônicas: Desvio TH1 (predomínio interferon) – Imunidade celular • Disfunção mielóide → alterações na quimiotaxia neutrófilos, monócitos e macrógafos. Diminuição da capacidade fagocitária neutrófilos. Esses fenômenos favorecem à colonização pelos estafilococos DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 13 Aguda: Alérgenos apresentado pelas moléculas apresentadoras de antígeno → produção principalmente de IL-4→ desvia o TH2→ Produção de IgE produção humoral Começa a coçar a lesão vai ficando crônica Crônica→ Desvia o TH1 → produção de IFN gama → recrutamento de eosinófilo, proliferação de linfócito fazendo infiltrado de célula T Quadro Clinico Manifestações clínicas em 3 períodos evolutivos: o Infância; o Pré-puberal; o Idade adulta Critérios absolutos diagnóstico: 1. Prurido 2. Morfotopografia → Na criança: acometimento facial (lesões agudas ou subagudas fronte e malar) DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 14 → No adulto: liquenificação nas áreas flexurais, dobras anticubitais, poplíteas e região cervical 3. Tendência à cronicidade ou recidivas frequentes ** O que difere da dermatite de contato: a topografia das lesões, HF ( pq prurido as 2 tem) **Saber o critério maior é o que interessa , o menor temos que ter em mente Eczema atópico infantil • A partir do 3º mês de vida; • Lesões vésico-secretantes-crostosas, localizadas nas regiões malares (bilateral) • Localizado ou generalizado • Prurido variável (agitação) • Complicação → infecção secundária (+ grave é eczema herpético) • Evolução em surtos nos 2 primeiros anos de vida. DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 15 Eczema atópico pré-puberal • Continuação eczema infantil ou surge alguns anos após • Forma + comum: acometimento das regiões de dobras como poplítea, pré-cubital e regiões como face, punho, dorso das mãos e dos pés • Quadro clínico: áreas de liquenificação com escoriações (dermatite crônica) • Prurido variável Eczema atópico do adulto • Atinge preferencialmente: áreas de flexão como pescoço, antecubital, poplítea e a face, particularmente, região periorbital (mais comum) • Quadro clínico: Liquenificação e escoriações / xerose cutânea; • Evolução em surtos • Quadro pode generalizar-se → sd eritrodérmica (70% da pele vermelha e descamando) Diagnóstico • Diagnóstico clínico: (anamnese + morfotopografia lesões + prurido + cronicidade) Diagnóstico diferencial • Diferencial: outras dermatites eczematosas o Infância: dermatite seborreica o Adultos: dermatite seborreica, liquen simples crônico, dermatite de contato. Região malar bilateral (mais comum), as vezes pega o corpo inteiro Pré puberal: poplítea (mais comum), antecubital, região cervical e facial Adulto: mãos, região ervical, dobras... DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 16 Região malar bilateral , cervical Disseminada Caso de na região da fralda temos que perguntar para mãe se alguma vez apareceu no rosto porque se já apareceu é eczema atópico e se não dai fazemos dx diferencial com dermatite de contato Eczema atópico pré puberal Placa eritematosa, descamativa, liquenificada, com crosta e escoriação em região cervical Mais disseminada pega o braço todo DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 17 Adulto DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 18 Hiperlinearidade palmar Dupla prega (Pregas de Dennie-morgan) Dupla prega (Pregas de Dennie-morgan) DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 19 Sinal de hertog- amadarose do terço distal da sobrancelha (de tanto que a criança coça a sobrancelha fica sem os pelos) Tratamento • Lembrar: Afecção crônica e recidivante (vai voltar mesmo com o tratamento) • Objetivo: controle / pode ocorrer involução espontânea • Visa diminuir inflamação e a sintomatologia • Afastar ou excluir fatores agravantes (pelo de cachorro, poeira etc..) Cuidados gerais: • Explicar aos pais: predisposição familiar / causa desconhecida / possibilidade controle afecção / com crescimento tendem a melhorar • Orientações de banho (água morna / banho rápido / sabonete neutro / não friccionar com esponjas) • Hidratação e lubrificação •Vestuário (algodão e folgadas / lavagem com sabão) • Corte de unhas • Ambiente (afastar alérgenos) • Alimentos (controverso – ovos, leite vaca e derivados) Medicamentos tópicos: • Corticoesteróides • Imunomoduladores tópicos (pimecrolimo, tacrolimo) • Alcatrões (não usa, mas tem na literatura) • Antibióticos tópicos: se infecção secundária (mupirocina, ácido fusídico, gentamicina) • Antissépticos (permanganato de potássio, água boricada) Medicações sistêmicas: • Corticóides: devem ser evitados / possibilidade rebote (quando tira volta) • Antibióticos (colonização S. aureus)- cefalosporina de 1ª geração DERMATOLOGIA VIII Lorena Igawa Souza 20 • Anti-histamínicos (controle prurido)- não sedativo de manhã : loratadina, alegra • Imunomoduladores sistêmicos (talidomida, teofilina, interferon) • Fototerapia (PUVA ou UVB) • Sedativos • Psicoterapia Imunossupressores 4 opções: • Ciclosporina: 3 a 5mg/Kg/dia; • Metotrexato: 15mg/sem • Azatioprina: 100/200mg/dia • Micofenolato de mofetil: 1,5 a 2,0g/dia
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